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1.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES - CONTINUAÇÃO


1.1. - Quanto ap elemento objetivo – prestação
a- Obrigações líquidas e ilíquidas.

1.2. – Quanto ao elemento acidental


a- Obrigações condicionais
b- Obrigação a termo
c- Obrigações modais

1.3 – Quanto ao conteúdo


a- Obrigações de meio
b- Obrigações de resultado

2. - OBRIGAÇÃO NATURAL

Conceito
Fundamentos e natureza jurídica
Previsão legal
Classificação das obrigações naturais

3. -TRANSMISSÃO DA OBRIGAÇÃO
3.1. - Cessão de crédito
Previsão legal: art. 286 e ss. do Código Civil
Nome iuris
Conceito
Objeto
Restrições
Formas
Notificação de devedor
Responsabilidade do cedente
Características
Diferenças
3.2. - Assunção de dívida
Previsão legal: art. 299 e ss. do Código Civil
Conceito
Requisitos
Características
Diferenças
3.3. - Cessão de Contrato
Conceito
Natureza jurídica
Características da cessão contratual
Efeitos da cessão
Cessão da posição contratual
OBRIGAÇOES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS

Líquida: certa quanto existência. Determinada quanto ao objeto.


É uma obrigação individualizada. Ex: obrigação de pagar R$. 10,00.

Ilíquida: certa na existência. Não está determinada quanto ao objeto. Carece de


especificação do quantum. Ex. fixação do dano moral.

Apuração do valor dá-se por meio do procedimento de liquidação (tornar fluído,


evidente) previsto no artigo 475-A e ss. do CPC.

Liquidação: conjunto de atos que visam à quantificação dos valores devidos,


por força de sentença. É fase incidental e preparatória da fase executiva.

Modalidades de liquidação:
- Arbitramento: perícia
- artigos: ampla produção probatória (procedimento ordinário)
cálculos (não mais realizado pelo contador e sim da parte interessada) – posição Pablo
Stolze.

OBRIGAÇOES CONDICIONAIS, A TERMO E MODAIS – art. 121 e ss. do CC

Obrigações puras e simples: são aquelas sob as quais não pesa nenhum ônus
(exemplo: doação).

Obrigações condicionais: aquelas cuja eficácia está subordinada a um evento


futuro e incerto, geralmente aparecem com a partícula se.
Dois tipos:
-suspensiva: subordina não só sua exigibilidade como a própria aquisição do
direito. Ex. doarei um veículo se obtiver aprovação no vestibular.
-resolutiva: resolve (extingue) a obrigação. Ex. prestarei uma ajuda de custo até
obtenção de aprovação no vestibular.

Obrigações a termo: aquelas cuja eficácia está subordinada a um evento futuro


e certo, que subordina o início ou o término da eficácia do ato jurídico.
O termo não subordina a aquisição do direito, somente seu exercício
(exigibilidade).

Obrigações com encargo: (modais) aquelas sob as quais pesa um determinado


encargo. Verifica-se nas doações e nos testamentos, que são chamados atos de
liberalidade.
O encargo não poderá ser maior que o benefício experimentado.
O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito. Significa que
seu descumprimento não gera invalidade do negócio, mas apenas a possibilidade de
cobrança ou revogação quando for doação.
OBRIGAÇOES DE MEIO E RESULTADO

Obrigações de meio: a obrigação é de meio quando o devedor não se


responsabiliza pelo resultado e se obriga apenas a empregar todos os meios ao seu
alcance para consegui-lo.
Se não alcançar o resultado, mas for diligente nos meios, o devedor não será
considerado inadimplente (exemplo: obrigações dos advogados, obrigações dos
médicos, em regra).

Obrigação de resultado: a obrigação é de resultado quando o devedor se


responsabiliza por esse. Se o resultado não for obtido, o devedor será considerado
inadimplente.

OBRIGAÇOES NATURAIS

Conceito: A obrigação natural é um dever jurídico cujo cumprimento não pode


ser exigido judicialmente, mas cuja execução voluntária tem o mesmo valor e produz os
mesmos efeitos de uma obrigação civil, ou seja, não caracterizará pagamento indevido.

As obrigações são civis ou naturais, conforme o fundamento.

Obrigação natural e obrigação civil: A obrigação natural, conforme


verificamos acima, é aquela da qual não se pode exigir o cumprimento, enquanto a
obrigação civil é aquela cujo cumprimento pode ser exigido, porque encontra respaldo
no direito positivo.

Elementos: quatro elementos para cumprimento da obrigação natural:


. - Não são obrigações morais: os efeitos são jurídicos (obrigação imperfeita pois lhe
falta exigibilidade).
· -Sanção não plena: ao contrário das obrigações civis, a sanção não tem caráter
pleno.
· - Previsão no sistema positivo: a obrigação natural, para ter tal característica, tem
que ter expressa previsão no sistema jurídico.
· -Previsão pelo direito costumeiro: a obrigação natural pode ser prevista pelo
direito costumeiro, espécie de direito positivo.
OBS. A obrigação natural por ser originário (já nasce natural: jogo aposta) ou
deriva (nasce civil e torna-se natural: dívida prescrita).

Previsão legal: O Código Civil não dispensou uma disciplina própria ao instituto.
Existe em previsões esparsas no CC.
Os artigos 882 e 883, ao tratarem do pagamento indevido, dispõem: não se pode repetir
o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente
inexigível.
O artigo 564, inciso III, do Código Civil, ao tratar da doação, diz que não se revogam
por ingratidão as doações que se fizerem em cumprimento de obrigação natural.
O artigo 814 do Código Civil, quando trata do jogo de aposta determina: "Não obriga a
pagamento; mas não se pode recobrar a quantia que voluntariamente se pagou, salvo se
foi ganha por dolo, ou quem perdeu é menor, ou interdito”. Aqui a obrigação natural
tem o caráter de sanção.
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

Tipos
Cessão de crédito
Cessão de débito = Assunção de dívida
Cessão de contrato

A. Cessão de crédito

Previsão legal: art. 286 e ss. do Código Civil

Nome iuris: Cedente = credor originário. Cessionário = novo credor. Cedido = devedor.

Conceito: Carlos Roberto Gonçalves define como “negócio jurídico bilateral, pelo
qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional”.

A cessão de crédito consiste em um negócio jurídico por meio do qual o cedente


transmite seu crédito vencido ou não a um terceiro, mantendo-se a relação jurídica
original.

Objeto: Todos os créditos podem ser objeto de cessão.

Pode ser total ou parcial. Abrangem os acessórios e garantias.

Restrições: Todos os créditos, em regra, podem ser cedidos, salvo proibições


decorrentes da natureza do crédito (ex. relação jurídica de caráter personalíssimo,
alimentos), da lei (ex. tutor) ou contrato (obs. Deve conter cls. contratual expressa).

Formas: Não exige em regra forma específica para surtir efeitos entre as partes, salvo
quando a lei exigir forma pública. (ex. crédito hipotecário).
Para produzir efeitos erga omnes deve ser o negócio registrado no Cartório de
Títulos e Documentos (art. 221).

Notificação de devedor: A notificação de devedor sobre a cessão é obrigatória –


condição de eficácia para cessão. Observância do princípio da boa-fé.

Forma da notificação: judicial ou extrajudicial.

Obrigação solidária: todos os devedores serão notificados.

Responsabilidade do cedente: A cessão pode ser gratuita ou onerosa.

Gratuita: não responde nem pela existência do crédito, salvo má-fé.


Onerosa: responde pela existência do débito no momento da cessão, não pela solvência.

Cessão pro soluto =/= Cessão pro solvendo

OBS. Pode haver previsão contratual em sentido contrário.


Características: O devedor poderá opor as exceções pessoais que teria contra o cedente
(antigo credor) no ato da notificação da cessão, sob pena de não mais fazê-lo.
Exceções contra cessionário (novo credor) poderão ser argüidas a qualquer tempo.

Diferença para novação e sub-rogação legal: Na cessão de crédito a obrigação


permanece a mesma com mudança do devedor. Contrato com mesmas cláusulas e
prazos.

Na novação há animus solvendi, extingue-se a obrigação jurídica anterior criando-se


uma nova.

Sub-rogação o sub-rogado não pode exercer seu direito além de que desembolsou. Já a
cessão pode ter caráter especulativo.

B. Assunção de dívida

Previsão legal: art. 299 e ss. do Código Civil

Conceito: Segundo Maria Helena Diniz “é o negócio jurídico pelo qual o novo devedor,
com anuência do credor, transfere a um terceiro os encargos obrigacionais, de modo que
este assume sua posição na relação obrigacional substituindo-o”.

Trata-se de um negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a terceiro sua


posição na relação jurídica.

Requisitos
-Existência de uma relação jurídica
-Substituição do devedor originário
-Anuência expressa do credor

Características:

Consentimento é expresso.

Não há prazo para aceite do credor cabendo a parte interessada fixá-lo.

O silêncio do credor será interpretado como recusa.

Com a assunção da dívida por terceiro extingue-se a garantia prestada pelo devedor
originário, salvo convenção em contrário.

Anulada a substituição do devedor restaura-se a obrigação anterior, salvo se o credor


conhecia o vício que maculava a obrigação (Ex: novo devedor insolvente).

O novo devedor não poderá opor exceções pessoais que o antigo devedor teria contra o
credor.
Diferença para novação

Na assunção de dívida a obrigação permanece a mesma com mudança do


devedor. Contrato com mesmas cláusulas e prazos.

Na novação há animus solvendi, extingue-se a obrigação jurídica anterior


criando-se uma nova.

C - Cessão de Contrato

Personagens: cedente (cede), cessionário (assume) e cedido (parte contrária).

Conceito: Negócio jurídico atípico, tendo em vista não ter previsão expressa no
ordenamento. Nos dizeres de Silvio Rodrigues “consiste na transferência da inteira
posição ativa e passivo do conjunto de direito e obrigações de que é titular uma pessoa,
derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução não concluída”. Ex:
Cessão do compromisso de compra e venda.

Natureza Jurídica: Teoria unitária: a transmissão é considerada como negócio jurídico


independente, em que se transfere em único ato todos os direitos e deveres.

Características:

O que na verdade é cedido é a posição contratual não o contrato!

Tem incidência nos contratos bilaterais (sinalagmático) de execução diferida ou de trato


sucessivo.

Diferença para as outras cessões: Cessão da posição contratual. Transmite-se


transmite direitos e deveres (crédito e o débito).

Pela cessão não se desfaz o contrato. Torna possível a circulação do contrato.

É indispensável a concordância do cedido. Exceção: Lei Loteamento, art. 31.

Efeitos:

Entre cedente e cedido:

A cessão da posição pode se dar com ou sem liberação do cedente.


No silêncio do contrato a cessão libera o cedente.
Se ficar vinculado o cedente ficará juntamente com o cessionário responsável
pela obrigação, sem preferência de ordem. (Carlos R. Gonçalves e Antunes Varela).
Sentido contrário: Silvio S. Venosa.
Deve sempre ter a anuência do cedido. Pode ser prévia ou concomitante a
cessão.
=/= para contrato derivado (subcontrato) porque neste o contratante não cede sua
posição, criando-se novo contrato.
Entre cedente e cessionário:

-Perda dos créditos.


-Exoneração dos deveres.

Entre cessionário e cedido:

Não pode o cedido invocar defesas que não tenham pertinência com o contrato.
Cessionário não pode alegar contra cedido defesas estranhas a relação contratual.

Aqui diferente do que ocorre na cessão de crédito o devedor não pode opor
contra o cessionário as exceções pessoais que teria contra o cedente.

Título II
Da Transmissão das Obrigações

Da Cessão de Crédito

Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não
poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os
seus acessórios.
Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não
celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das
solenidades do § 1o do art. 654.
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no
registro do imóvel.
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a
este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou
particular, se declarou ciente da cessão feita.
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar
com a tradição do título do crédito cedido.
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao
credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário
que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito
constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.
Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o
cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem
como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o
cedente.
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica
responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a
mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de
má-fé.
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do
devedor.
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não
responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de
ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que
tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela,
fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.
Da Assunção de Dívida
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele (novo
devedor), ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na
assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a
partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao
credor.
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com
todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este
conhecia o vício que inquinava a obrigação.
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam
ao devedor primitivo.
Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do
crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do
débito, entender-se-á dado o assentimento.

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