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DIREITO CIVIL

Juliano Miranda
Olá pessoal!

Certo é que, se você está lendo esta mensagem agora é porque já


decidiu a sua aprovação na prova da OAB e tomou a decisão acertada de
contar com o apoio da família EMD. Trata-se apenas de uma questão de
tempo. E se depender de nós, de pouquíssimo tempo! Mantenha o seu foco,
desfrute deste material, invista na sua preparação o máximo que puder e
esteja certo que, em breve, comemoraremos juntos a sua vitória! Um
grande abraço!
AULA 2. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

SUMÁRIO
01. Das modalidades das obrigações................................................................................................ 3
02. Do pagamento em consignação ................................................................................................. 8
03. Do Pagamento em SUB-ROGAÇÃO .........................................................................................13
04. Da Imputação do Pagamento ......................................................................................................15
05. Da Dação em Pagamento.............................................................................................................. 16
06. Da Novação.............................................................................................................................................. 18
07. Da Compensação ............................................................................................................................... 20

01. Das modalidades das obrigações


ATENÇÃO: TEMA DE ALTA INCIDÊNCIA

Obrigação nada mais é que uma relação jurídica pessoal que vincula
duas pessoas (credor e devedor), e uma pessoa fica obrigada a cumprir uma
prestação de cunho patrimonial de interesse da outra. Assim, ab initio, cabe
fazer a diferenciação de uma relação jurídica obrigacional e uma relação
jurídica real. Vejamos:

Relação jurídica obrigacional

Relação
Sujeito
Sujeito ativo jurídica
passivo
obrigacional

Nesta, a relação se dá entre duas pessoas, cujo objeto é uma obrigação.


Relação jurídica real

Relação
Titular do
jurídica Coisa/bem
direito real
real

Nesta, a relação se dá entre uma pessoa e uma coisa.

De maneira elementar/básica, as obrigações são classificadas em:

Positivas

Obrigações de dar coisa certa

• Coisa claramente especificada, caracterizada. Exemplo: carro da marca, cor, modelo,


ano, potência definidos.

Obrigações de dar coisa incerta

• A qualidade ainda não está definida. Apenas o gênero e quantidade. Exemplo: dar 20
sacas de café. Mas não se sabe se o café é do tipo X ou Y, se é de qualidade A ou B.

Obrigações de fazer

• Uma prestação de serviços, a execução de uma tarefa. Exemplo: pintar um quadro;


proferir uma palestra; construir um muro.

Negativas
Obrigações de não fazer
Implicam numa abstenção, no compromisso de não realizar algo.
Exemplo: sujeito se obriga a não construir além do 3º andar; Fulano se
compromete a não comercializar os seus produtos em determinada região;
Beltrano se compromete a não trabalhar para o concorrente nos próximos
dois anos.

Regra clássica da Teoria Geral das Obrigações e que merece ser


revisitada, encontra-se no artigo 234 do CC/2002 que assim diz:
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa
do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica
resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa
do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

PODE CAIR NA PROVA DA OAB


Logo, quando a coisa se perder, antes da tradição:

Sem culpa do Resolve-se a


devedor obrigação
Responderá este por
Com culpa do devedor perdas e danos + o
equivalente

Apenas relembrando que tradição significa a “entrega” do bem. Isto


quando se estiver tratando de bens móveis. Já a tradição de bem imóvel
apenas ocorre com o efetivo registro do mesmo no Cartório de Imóveis,
não bastando a simples lavratura da escritura ou simples entrega das
chaves.

Ainda no tocante à classificação das obrigações, tem-se:


Quanto à prestação:
a) Obrigações solidárias (solidariedade ativa e passiva)
b) Obrigações alternativas ou disjuntivas (devedor paga X ou Y)
c) Obrigações cumulativas ou conjuntivas (devedor paga X e Y)
d) Obrigações divisíveis e indivisíveis
e) Obrigações líquidas e ilíquidas
Quanto ao elemento acidental:
a) Obrigações condicionais
b) Obrigações a termo
c) Obrigações modais

Quanto ao conteúdo:
a) Obrigações de meio
b) Obrigações de resultado

Ainda no tocante à Teoria Geral das Obrigações, merecem destaque


alguns artigos:

De quem deve pagar...


Art. 304 – Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la,
usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do
devedor.
Parágrafo único: Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer
em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.

Comentário: “qualquer interessado” nos termos do caput do presente


artigo, refere-se a qualquer interessado juridicamente no negócio, a
exemplo do fiador, do avalista, do devedor solidário, do sócio. Não se trata
aqui de interesse por amizade, solidariedade, entre familiares etc.

Daqueles a quem se deve pagar...


Art. 309 – O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda
provado depois que não era credor.
Comentário: credor putativo, como sabido, é aquele que apresenta
todas as características de um verdadeiro credor, ao ponto do devedor não
hesitar em efetuar o pagamento em seu favor. Logo, será válido o
pagamento, se feito de boa-fé.

XXXI EXAME – TIPO 1 – BRANCA – RESPOSTA

CORRETA: LETRA B

Do lugar do pagamento
Art. 327 – Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as
partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei,
da natureza da obrigação ou das circunstâncias.

Comentário: trata da dívida quesível ou “quérable” que é aquela dívida


que deve ser cobrada pelo credor no domicílio do devedor. E também trata
da dívida portável ou “portable” em que ao devedor incumbe buscar o
credor para fazer o pagamento. O pagamento se dará no domicílio do
credor.

Do tempo do pagamento
Art. 332 – As obrigações condicionais cumprem-se na data do
implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve
ciência o devedor.

Comentário: o implemento da condição se dará quando o evento, que


até então era futuro e incerto se realizar. Exemplo: Cassiano prometeu a sua
sobrinha Marina que, se passar no concurso público para Juiz, pagará todas
as despesas da faculdade da sobrinha. Cassiano sendo aprovado no
concurso e Marina formalizando ao tio a aprovação no concurso, estando
todos cientes, eis o implemento da condição.

02. Do pagamento em consignação


ATENÇÃO: TEMA DE ALTA INCIDÊNCIA

DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
Também chamado pela doutrina como “pagamento indireto”, produz
os mesmos efeitos extintivos de uma obrigação. Aliás, em regra, o devedor
quando pretende efetuar o pagamento da obrigação, pretende, na
realidade, é extingui-la.
E se por algum motivo, caso não consiga efetuar o pagamento a tempo
e modo, poderá se valer da consignação em pagamento, atendidos os
requisitos legais para tal.
Assim, vejamos o que diz o artigo 334 do CC/2002:
Art. 334 - Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito
judicial ou em estabelecimento bancário, nos casos e forma legais.

Inicialmente, por mera questão de ordem, façamos alguns


questionamentos:

Quais as hipóteses de cabimento da consignação?

Quais os requisitos para que a consignação tenha força e valha como


pagamento?

Poderá ser realizada uma consignação em pagamento pela via extrajudicial?

As hipóteses de cabimento da consignação estão previstas no artigo


335 do CC, que assim revela:

Art. 335. A consignação tem lugar:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou
dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou
residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Diferentemente do que se possa acreditar, existem inúmeras


circunstâncias em que o devedor quer e pretende efetuar o pagamento, a
tempo e modo, visando a extinção da obrigação e, por algum ou alguns dos
motivos previstos no artigo 335, acima descrito, o pagamento não pode ser
efetivado.

Alguns desses motivos causados pelo próprio credor, que obstaculiza


e impede o pagamento. Nesse caso, deverá se valer o devedor da
consignação em pagamento. Lembrando que o rol acima, contido no artigo
335, não é taxativo, segundo entendimentos da maciça doutrina.

Importante salientar que, para que a consignação tenha força de


pagamento e tenha validade, será necessário manter os mesmos
elementos originários da dívida, como lugar, objeto, tempo, devedor e
credor, sob pena da consignação e pagamento não lograr êxito, como reza
o artigo 336 do CC/2002:

Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister
concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos
sem os quais não é válido o pagamento.

Logo, a título meramente exemplificativo: se a dívida devia ser paga em


Maringá/PR, a consignação lá deve ser feita, na mesma cidade; se o objeto
do pagamento era 200 sacas de café, a consignação deve ter o mesmo
objeto e não outra coisa; e se o credor era Otaviano que, por algum motivo
não recebeu, a consignação deve ser proposta pelo devedor em face de
Otaviano e não em face de outra pessoa.

E como bem salientou o artigo 334 do CC acima reproduzido, a


consignação poderá ser feita pela via extrajudicial (depósito em
estabelecimento bancário) ou ainda pela via judicial.
A consignação em pagamento extrajudicial (efetuada nos bancos
oficiais), opera-se essencialmente quando o objeto da consignação é
dinheiro (admitindo-se também joias e papeis de valor). Em se tratando de
quaisquer outros bens/coisas, a consignação deverá essencialmente ser
efetuada pela via judicial, a qual também admite a consignação de dinheiro,
por óbvio. Saliente-se, porém, que não é necessário esgotar-se
primeiramente a via extrajudicial para, somente depois, efetuar-se a
consignação pela via judicial, podendo esta ser utilizada de imediato.

A consignação extrajudicial tem como lastro legal o artigo 539 do CPC,


que assim revela:

Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com
efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo
de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem
a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação,
ficando à disposição do credor a quantia depositada.
§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário,
poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-
se a inicial com a prova do depósito e da recusa.
§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo
levantá-lo o depositante.
Questiona-se ainda: realizado o depósito com o intuito de extinguir a
obrigação, poderá ele ser levantado/resgatado pelo
consignante/devedor? E sabidamente a resposta é SIM, nos termos dos
artigos 338, 339 e 340 do CC/2002 abaixo destacados.

1. Antes da aceitação ou impugnação do depósito (art. 338)


Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o
impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas
despesas, e subsistindo a obrigação para todas as consequências de direito.

2. Julgado procedente o depósito, sentença favorável ao consignante


(art. 339)
Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo,
embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.

3. Depois da aceitação ou impugnação do depósito (art. 340)


Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer
no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com
respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores e
fiadores que não tenham anuído.

Evidente que, resgatado/levantado o depósito pelo devedor


consignante, a dívida retorna ao seu status quo ante, ou seja, retorna ao seu
estado anterior, como se nunca tivesse sido efetuado qualquer pagamento
e incorrendo o devedor em todas as penalidades previstas no contrato ou na
lei, como juros, multas, atualizações etc.
PODE CAIR NA PROVA DA OAB
Correta ou incorreta a frase? A consignação em pagamento somente
pode ser feita pelo devedor.
Incorreta. Apesar de exceção à regra, tem-se que até mesmo o credor
pode requerer a consignação em pagamento, nos termos do artigo 345 do
CC/2002.

Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem
mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.

03. Do Pagamento em SUB-ROGAÇÃO

A Sub-rogação consiste na substituição de uma coisa ou de uma


pessoa, por outra. Daí a subdivisão em sub-rogação real (de coisa) e sub-
rogação pessoal (de pessoa).

No entanto, a sub-rogação objeto deste estudo é a chamada sub-


rogação pessoal, que nada mais é que a substituição de sujeitos na relação
jurídica, notadamente a substituição do credor.

A chamada sub-rogação legal está prevista no artigo 346 do CC/2002


que assim diz:
Art. 346 – A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor de:
I – do credor que paga a dívida do devedor comum;
II – do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem
como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre
imóvel;
III – do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser
obrigado no todo ou em parte.
Chamam à atenção e merecem destaque, os artigos abaixo
reproduzidos:
Art. 349 – A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor
principal e os fiadores.

Comentário: Marinoni é amigo e fiador de Estelvânio no contrato de


locação de uma casa. Não sendo pago o aluguel, o fiador poderá ser
chamado a assim fazê-lo e, de fato, Marinoni paga a dívida do amigo. Logo,
o credor originário (imobiliária) já está satisfeito, eis que recebeu o que lhe
era de direito. Agora, o fiador que pagou a dívida tornou-se o credor sub-
rogado. Estelvânio que antes devia para a imobiliária, passou a dever para
Marinoni agora. E todos os direitos que o credor originário (imobiliária) tinha,
agora o credor sub-rogado também tem.

Art. 350 – Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as


ações do credor, senão até a soma que tiver desembolsado para desobrigar o
devedor.

Comentário: Mantendo-se o mesmo exemplo e personagens do artigo


anterior, tem-se que Marinoni vai até a imobiliária para pagar a dívida do
amigo, que perfaz a monta de R$ 10 mil. Lá chegando, Marinoni negocia a
dívida e consegue um desconto de R$ 1 mil, pagando somente R$ 9 mil.
Agora, tornou-se um credor sub-rogado e poderá cobrar o seu amigo
Estelvânio. Mas somente poderá cobrar do amigo afiançado o que
efetivamente gastou, ou seja, R$ 9 mil, nada mais, em que pese a dívida
originariamente ser de R$ 10 mil. Só poderá cobrar o que tiver
desembolsado.
04. Da Imputação do Pagamento
ATENÇÃO: TEMA DE MÉDIA INCIDÊNCIA

Ulpiano disse:
“O devedor, quando paga, tem o direito de declarar qual é a dívida
que está pagando, dentre todas as que ele tem. ”

Logo, de tão elucidativo conceito de Ulpiano, já é possível compreender


a finalidade da imputação, trazida pelo próprio artigo 352 do CC/2002, que
assevera:
Art. 352 – A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um
só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos
forem líquidos e vencidos.

Assim, vejamos os requisitos da imputação:


a) dois ou mais débitos da mesma natureza;
b) um só devedor para um só credor;
c) dívidas líquidas e vencidas.

Vejamos o exemplo de Olívia, que deve:

Referente
Para o
R$ 500,00 cheque Débito dia 10
Banco ABC
especial
Referente
Para o
R$ 500,00 carro Débito dia 10
Banco ABC
financiado
Referente
Para o
R$ 500,00 crédito Débito dia 10
Banco ABC
reforma
Perceba que são dois ou mais débitos da mesma natureza (todos:
dinheiro); para o mesmo credor (Banco ABC); as dívidas devem ser líquidas
(todas são: R$ 500,00) e devem estar vencidas.

Tem-se ainda, que a regra geral da imputação é:


a) a imputação será feita pelo devedor;
b) se o devedor não indicar qual dívida será paga, o credor fará a
imputação como bem entender, na dívida que quiser;
c) se o credor também não fizer a indicação (dando quitação omissa, não
dizendo em qual dívida foi aplicado o pagamento), segue-se a regra do
artigo 355 do CC.

Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa
quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro
lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a
imputação far-se-á na mais onerosa.

Merece também destaque o art. 354/CC:


Art. 354 – Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor
passar a quitação por conta do capital.

05. Da Dação em Pagamento


ATENÇÃO: TEMA DE MÉDIA INCIDÊNCIA

Consiste no pagamento de uma obrigação diferente do que


originariamente foi pactuado. O credor aceita receber uma prestação
diversa daquela que foi inicialmente combinada, conforme artigo 356 do
CC/2002. Vejamos.
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é
devida.

Regra geral da dação em pagamento


a) uma dívida vencida;
b) aceitação do credor (o credor deve anuir, eis que ele não está obrigado
a receber prestação diversa, como reza o art. 313/CC);
c) ânimo de solver (animus solvendi), ou seja, a intenção de extinguir a
obrigação.

A dação pode ter por objeto qualquer tipo de prestação:


a) Positiva: dar coisa certa, dar coisa incerta e fazer;
b) Negativa: de não fazer;
c) Bens móveis, imóveis, direitos reais ou pessoais, créditos etc.

Concluindo: o importante é que a prestação ofertada seja diversa


daquela originariamente devida e o credor consinta em receber prestação
diversa.

Merece destaque o artigo 359/CC:


Art. 359 – Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-
se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os
direitos de terceiro.

Comentário: evidente que se o credor recebe, a título de pagamento,


algum bem (diverso do que originariamente estava pactuado entre as
partes) e, eventualmente, o credor se tornar evicto de tal coisa dada em
pagamento (perdeu o bem por uma questão jurídica anterior), não há que
se falar na validade do pagamento, retornando a dívida ao seu estado inicial,
como se nunca tivesse sido paga.
06. Da Novação
ATENÇÃO: TEMA DE MÉDIA INCIDÊNCIA

Soriano Neto disse:


“É a extinção de uma obrigação porque outra a substitui, devendo-se
distinguir a posterior da anterior pela mudança das pessoas (devedor ou
credor) ou da substância, isto é, da causa debendi. ”
Logo, percebe-se, pela clareza do conceito citado, que na novação a
dívida originária será extinta, quitada. E uma outra dívida será criada para
substituir aquela que foi extinta. Todavia, nesta nova dívida, será diferente
alguma pessoa (credor ou devedor) ou será diferente o seu objeto.

Logo, figuram como requisitos da novação:


a) existência de uma obrigação anterior;
b) a criação de uma nova obrigação, diversa da primeira (novas pessoas
ou novo objeto);
c) ânimo de novar (animus novandi).

E a doutrina apresenta, fundamentalmente, três espécies de


novação:
a) a novação objetiva (a dívida nova apresenta novo objeto);
b) a novação subjetiva ativa ou passiva (a dívida nova apresenta nova
pessoa, podendo ser novo credor ou novo devedor);
c) a novação mista (a dívida nova apresenta novo objeto e também
alguma nova pessoa).

E o próprio artigo 360 do CC/2002 revela os tipos de novação:


Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir
a anterior (NOVAÇÃO OBJETIVA);
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor
(NOVAÇÃO SUBJETIVA PASSIVA);
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo,
ficando o devedor quite com este (NOVAÇÃO SUBJETIVA ATIVA).

Alguns artigos que merecem destaque:


Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada
independentemente do consentimento deste.

Comentário: na novação subjetiva passiva, quando se muda o devedor,


tal mudança pode ocorrer mesmo sem a anuência do devedor originário. Ou
seja, um novo devedor pode assumir tal posição na nova dívida, sem que o
devedor da dívida anterior seja sequer consultado ou mesmo tenha que
anuir acerca.

Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não
houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar
o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem
a terceiro que não foi parte na novação.

Comentário: quando há a novação, a dívida anterior é extinta, é dada


por quitada. E a nova dívida, se nada for pactuado de modo diverso, não
arrasta automaticamente para si todas as garantias e privilégios que
estavam atrelados à dívida anterior. Logo, se na dívida anterior havia um
fiador ou uma hipoteca (garantias) e agora houve a novação, não significa
que na dívida novada tais garantias a acompanharão, salvo se assim for
pactuado entre as partes.

Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o
devedor principal.
Comentário: evidente que o fiador, para que haja a novação, precisa
ser consultado. Afinal, ele aceitou ser fiador para uma dívida com um objeto
X e não significa que também aceitará assim continuar para uma dívida
novada cujo objeto será Y. Caso não seja consultado e não dê sua anuência,
estará exonerado de tal obrigação o fiador.

07. Da Compensação
ATENÇÃO: TEMA DE MÉDIA INCIDÊNCIA

É um encontro de créditos entre duas pessoas ao mesmo tempo


credoras e devedoras, uma da outra, a fim de extinguir total ou parcialmente
as dívidas.
Logo, se Iolanda deve R$ 100 para Marina e Marina deve R$ 100 para
Iolanda, tem-se que tais partes são ao mesmo tempo credoras e devedoras,
uma da outra, e as dívidas de ambas podem ser extintas pela compensação,
se assim restar pactuado entre elas.

São requisitos da compensação, previstos nos artigos 369 e 370 do


CC/2002:
a) dívidas recíprocas;
b) liquidez das dívidas;
c) dívidas vencidas/exigíveis;
d) fungibilidade dos débitos (mesma natureza: café com café; dinheiro
com dinheiro; gado com gado).

Vejamos os aludidos artigos 369 e 370 do CC:


Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas
prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade,
quando especificada no contrato.

Comentário: todavia, não se poderá compensar, mesmo que sejam da


mesma natureza, café do tipo A com café do tipo B, por exemplo, eis que
suas qualidades são diferentes.

Algumas situações em que não é possível aplicar a compensação,


por força do art. 373 do CC/2002:
a) Dívidas provenientes de esbulho, furto ou roubo (inc. I, 373);
b) Se uma das dívidas se originar de comodato, depósito ou alimentos
(inc. II, 373);
c) Se uma das dívidas for de coisa não suscetível de penhora (inc. III, 373).

Alguns artigos que merecem destaque:


Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever,
mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo a
excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas.

Comentário: a compensação não se opera automaticamente, apenas


pelo fato de existirem pessoas que são ao mesmo tempo credoras e
devedoras, uma da outra. Podem as partes optar pela não compensação de
suas dívidas.

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