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Professora Cristina Stringari Pasqual

Direito das Obrigações – Direito Civil II

DIREITO CIVIL II

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Sumário:

1. Conceito
2. Elementos
2.1 Elemento Subjetivo
2.2 Elemento Objetivo
2.2.1 Dar
2.2.2 Fazer
2.2.3 Não Fazer
2.2.4 Vínculo Jurídico
2.2.5 Teoria Dualista do Vínculo Jurídico
2.2.6 Obrigação Imperfeita ou Natural
2.2.7 Obrigação Sem Débito e com Responsabilidade
3. Diferenças entre Direito Obrigacional e Direito Real
3.1 Direito Obrigacional
3.2 Direito Real
4. Princípios Jurídicos na Relação Obrigacional
4.1 Socialidade
4.2 Eticidade
4.3 Concretude ou Operabilidade
4.4 Autonomia Privada
4.5 Boa-fé Objetiva
4.6 Responsabilidade Patrimonial
4.7 Equidade
5. Classificação das Obrigações
5.1 Dar, Fazer e Não Fazer
5.2 Simples, Cumulativa, Alternativa ou Facultativa
5.3 Principal e Acessória
5.4 Divisível e Indivisível
5.5 Solidária

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5.5.1 Responsabilidade Solidária ou Solidariedade Imperfeita


5.5.2 Responsabilidade Subsidiária
5.6 De Meio e de Resultado
5.7 De Execução Imediata, Diferida e Continuada
6. Fontes das Obrigações
6.1 Conceito
6.2 Classificação
6.3 Negócio Jurídico
6.4 Enriquecimento Sem Causa: pressupostos e efeitos
7. Transmissões das Obrigações
7.1 Conceito
7.2 Espécies:
7.2.1 Cessão de Crédito
7.2.2 Assunção de Dívida
7.2.3 Cessão da Posição Contratual
7.2.4 Cessão e Existência de Crédito
7.2.5 Cessão e Responsabilidade pela Solvência do Devedor
8. Adimplemento das Obrigações
8.1 Conceito
8.2 Princípios Orientadores
8.2.1 Pontualidade
8.2.2 Exatidão
8.2.3 Integralidade
8.2.4 Boa-fé
8.3 Elementos
8.3.1 Subjetivo
8.3.2 Objetivo
8.4 Lugar do Adimplemento
8.5 Tempo
8.6 Quitação
9. Formas de Pagamento
9.1 Consignação em Pagamento
9.1.1 Espécies

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9.1.2 Causas de Consignação

9.2 Pagamentos em sub-rogação

9.2.1 Espécies

9.2.2 Hipóteses de sub-rogação legal

9.2.3 Hipóteses de sub-rogação Convencional

9.2.4 Sub-rogação e obtenção de lucro

9.3 Dações em Pagamento

9.3.1 Noções Gerais

9.3.2 Requisitos

9.4 Imputações do Pagamento

9.4.1 Pressupostos

9.4.2 Direito de Imputar

9.4.3 Imputação e Juros

9.4.4 Imputação e Ausência de Indicação

9.5 Compensação

9.5.1 Pressupostos

9.5.2 Espécies

9.5.3 Hipóteses de Vedação de Compensação

9.5.4 Invalidade do Negócio Jurídico na Compensação

9.6 Novação

9.6.1 Conceito

9.6.2 Pressupostos

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9.6.3 Espécies

9.7 Confusão

9.7.1 Conceito

9.7.2 Requisitos

9.7.3 Efeitos

10. Remissão das Dívidas

11. Teoria do Inadimplemento


11.1 Conceito
11.2 Espécies
11.3 Efeitos
11.4 Perdas e Danos
11.4.1 Correção Monetária
11.4.2 Juros Moratórios: decorrem da lei
11.4.3 Cláusula Penal
11.4.3.1 Espécies
11.4.3.2 Valor

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1. Conceito das Obrigações


• “Obrigação é um vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa fica
adstrita a satisfazer uma prestação em proveito de outra.” (GOMES,
Orlando, 2009, p.15).
• A relação obrigacional consiste na relação travada entre pessoas para
satisfazer um interesse.
• Existência de polo ativo e passivo.
• Prestação como objeto da relação obrigacional
2. Elementos das Obrigações
2.1 Elemento Subjetivo: os sujeitos da relação obrigacional devem
cumprir os requisitos do campo da validade.
Art. 104 do CCB. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
2.2 Elemento Objetivo: quanto à prestação
• A prestação deve ser:
➢ Lícita;
➢ Possível;
➢ Determinada ou determinável;
➢ Passível de valoração econômica.
• Objeto da Prestação: são três os modos da conduta humana que
podem constituir objeto da prestação
2.2.1 Dar: restituir/entregar coisa certa ou incerta.
➢ Dar Coisa Certa: quando a obrigação se constitui já está
determinado o gênero, a quantidade e a espécie/ qualidade.
Art. 233 do CCB. A obrigação de dar coisa certa abrange
os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

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➢ Dar Coisa Incerta: quando a obrigação se constitui está


determinado o gênero e a quantidade da coisa, porém não
a qualidade/espécie (coisa determinável).
Art. 243 do CCB. A coisa incerta será indicada, ao menos,
pelo gênero e pela quantidade.
2.2.2 Fazer: art. 247 ao 249 do CCB
Fazer Pessoal: vinculada a pessoa do devedor.
Fazer Impessoal: foco na execução da atividade.
Art. 247 do CCB. Incorre na obrigação de indenizar perdas
e danos o devedor que recusar a prestação a ele só
imposta, ou só por ele exeqüível.
Art. 248 do CCB. Se a prestação do fato tornar-se
impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e
danos.
Art. 249 do CBB. Se o fato puder ser executado porterceiro,
será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor,
havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da
indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor,
independentemente de autorização judicial, executar ou
mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
2.2.3 Não Fazer: devedor abstém-se de determinada conduta.
Art. 250 do CCB. Extingue-se a obrigação de não fazer,
desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível
abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Art. 251 do CCB. Praticado pelo devedor o ato, a cuja
abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o
desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo
o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor
desfazer ou mandar desfazer, independentemente de
autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

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2.2.4 Vínculo Jurídico: o que liga o credor ao devedor, ou seja,


possibilidade de cobrança e cumprimento da obrigação.
2.2.5 Teoria Dualista do Vínculo Jurídico: quando temos uma
relação obrigacional, pressupõem-se vínculo jurídico, o qual é
composto por dois elementos: débito e responsabilidade.
➢ Débito (schuld): a própria prestação, ou seja, o que o
devedor deve cumprir.
➢ Responsabilidade (haftung): possibilidade que o credor tem
de buscar tutela jurisdicional, afetando assim o patrimônio
do devedor.
2.2.6 Obrigação Imperfeita ou Natural: vínculo jurídico composto
apenas pelo débito. O credor não tem a possibilidade de buscar
tutela jurisdicional caso o devedor não quite à prestação.
Exemplo: cobrança de apostas que são legais, porém não são
regulamentadas.
Art. 814 do CCB. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam
a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que
voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o
perdente é menor ou interdito.
§ 1º Estende-se esta disposição a qualquer contrato que
encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de
dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta
ao terceiro de boa-fé.
§ 2° O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que
se trate de jogo não proibido, só se excetuando os jogos e
apostas legalmente permitidos.

§ 3° Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou


prometidos para o vencedor em competição de natureza
esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados
se submetam às prescrições legais e regulamentares.

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2.2.7 Obrigação Sem Débito e com Responsabilidade: a


obrigação sem débito traduz-se no vínculo que não consta
prestação, porém existe responsabilidade entre credor e
devedor.
Exemplo: compra de aparelho telefônico – quitação de débito,
porém existência de garantia → responsabilidade da empresa
para com o comprador durante o período de garantia, mesmo
que a prestação já tenha sido quitada. Caso o aparelho
apresente defeitos, no período de garantia, estará a loja que
vendeu o telefone, bem como a empresa que o fabrica,
responsável pela reparação de danos.
3. Diferenças entre Direito Obrigacional e Direito Real
3.1 Direito Obrigacional: a relação obrigacional se dá somente entre os
sujeitos que participam do vínculo jurídico estabelecido entre credor
e devedor.
3.2 Direito Real: se pode exigir a cobrança da dívida de pessoas que não
têm vínculo com a relação jurídica estabelecida entre credor e
devedor. Contudo, existe um rol taxativo acerca dos contratos em que
tal situação pode ocorrer.
4. Princípios Jurídicos na Relação Obrigacional
4.1 Socialidade: superação do individualismo do Código Civil de 1916,
portanto, fazendo prevalecer os valores coletivos sobre os individuais.
4.2 Eticidade: as relações obrigacionais devem seguir um padrão ético
de comportamento.
4.3 Concretude ou Operabilidade: por meio de cláusulas gerais e maior
abertura ao intérprete do direito, tente-se melhorar a operabilidade do
código. Aumenta-se o poder de interpretação do juiz para a
aplicação do caso concreto.
4.4 Autonomia Privada: a autonomia privada, presente nos negócios
jurídicos, limita-se pela ordem pública. “A autonomia privada limita- se
pela ordem pública, pelos bons costumes e pela boa-fé. A ordem
pública como conjunto de normas que regulam e protegem os

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interesses fundamentais da sociedade e do Estado... intervindo na


economia, criando mecanismos de proteção ao consumidor e
regulamentando determinadas espécies contratuais.”
4.5 Boa-fé Objetiva: modelo de comportamento ético estabelecido nas
relações obrigacionais, sendo assim, tal princípio cria deveres,
dividindo-se em:
➢ Boa-fé interpretativa integrativa: a interpretação dos negócios
jurídicos e relações obrigacionais devem ser interpretadas de
acordo com a boa-fé objetiva.
Art. 113 do CCB. Os negócios jurídicos devem ser interpretados
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
➢ Boa-fé limitadora: a boa-fé objetiva deve limitar o exercício do
direito subjetivo.
➢ Boa-fé criadora de deveres: boa- fé como um dever a ser seguido
nos negócios jurídicos e relações obrigacionais.
Art. 187 do CCB. Também comete ato ilícito o titular de umdireito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 422 do CCB. Os contratantes são obrigados a guardar,assim
na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios
de probidade e boa-fé.
4.6 Responsabilidade Patrimonial: pelo inadimplemento das
obrigações, respondem todos os bens do devedor, logo, os bens do
devedor funcionam como garantia do cumprimento da obrigação.
Contudo, existem duas exceções quanto à responsabilidade
patrimonial, sendo elas:
➢ Perda da liberdade do devedor: Em casos excepcionais, como o
não pagamento de pensão alimentícia, pode-se retirar a liberdade
do devedor e prende-lo.
➢ Bens impenhoráveis: caso o devedor possua somente bens
impenhoráveis, será considerado inadimplente.
4.7 Equidade: proporcionar uma solução justa ao caso concreto.

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5. Classificação das Obrigações


5.1 Dar, Fazer e Não fazer:
➢ Dar: devedor obriga-se a dar ou restituir coisa certa.
➢ Fazer: devedor deve prestar algum serviço.
Fazer Pessoal
Fazer Impessoal
➢ Não Fazer: refere-se a uma obrigação negativa, logo, o devedor
abstém-se de uma conduta.
5.2 Simples, Cumulativa, Alternativa e Facultativa:
➢ Simples: vínculo jurídico constituído por uma única obrigação.
➢ Cumulativa: obrigação composta por duas ou mais prestações,
estando o devedor obrigado a cumprir todas elas, assim sendo,
ideia de adição. Exemplo: entregar um bem + fazer a manutenção
do mesmo.
➢ Alternativa: pluralidade de prestações. Cabe ao devedor escolher
quais das prestações serão cumpridas, caso não haja nenhuma
estipulação, desse modo, o devedor exerce seu direito de escolha
perante qual das prestações irá quitar. A obrigação deixa de ser
alternativa no momento da execução, pois é escolhida qual
prestação será cumprida.
Exemplo: pagar a prestação com dinheiro ou com algum bem.
Art. 252 do CCB. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao
devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em
uma prestação e parte em outra.
§ 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a
faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3° No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo
unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado
para a deliberação.
§ 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não
puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo
entre as partes.

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➢ Facultativa: pluralidade de prestações. Existe uma prestação


principal e uma segunda opção já estipulada, caso a dívida
principal não possa ser quitada, está o devedor autorizado a
substituir a primeira pela segunda, logo, a obrigação facultativa
substitui a principal.
5.3 Principal e Acessória:
➢ Principal: é a obrigação que existe por si só, sendo assim, é a
essência da relação obrigacional. Está descrita em lei ou firmada
em contrato.
➢ Acessória: existe na dependência ou vinculação da obrigação
principal, ou ao descumprimento da mesma. Decorre de lei ou
contrato.
Exemplo: casos de indenização ocorrem devido ao
descumprimento da obrigação principal.
5.4 Divisível e Indivisível: é importante salientar que se trata da análise
da obrigação e sua prestação no momento do seu nascimento para
avaliar se é divisível ou indivisível. Art. 257 e seguintes do CCB.
➢ Divisível: prestação passível de divisão = dinheiro.
➢ Indivisível: prestação indivisível = piano.
➢ Pluralidade de Sujeitos:
Obrigação Divisível: se nada está estipulado, vigora a
proporcionalidade na quitação da prestação para cada credor,
caso a obrigação seja divisível.
Exemplo: um devedor e dois credores – prestação = R$
10.000,00 – valor a ser entregue para cada credor: R$ 5.000,00.
Art. 257 do CCB. Havendo mais de um devedor ou mais de um
credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em
tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores.
Obrigação Indivisível:
Art. 258 do CCB. A obrigação é indivisível quando a prestação
tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão,

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por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a


razão determinante do negócio jurídico.
Art. 259 do CCB. Se, havendo dois ou mais devedores, a
prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida
toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no
direito do credor em relação aos outros coobrigados.
Art. 260 do CCB. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada
um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se
desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
+ caução de ratificação: garantia de confirmação; devedor está
seguro patrimonialmente.
Art. 263 do CCB. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que
se resolver em perdas e danos.
§ 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos
os devedores, responderão todos por partes iguais.

§ 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros,


respondendo só esse pelas perdas e danos.
5.5 Solidária: para a existência de uma obrigação solidária é necessária
estar em evidência dois pressupostos na relação, sendo eles:
- pluralidade de sujeitos tanto no polo passivo, tanto no polo ativo.
- determinação por lei ou em contrato jurídico de obrigação solidária.
A obrigação solidária pode ser ativa, passiva ou mista:
➢ Ativa: pluralidade de credores.
Art. 267 do CCB. Cada um dos credores solidários tem direito a
exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.
Art. 268 do CCB. Enquanto alguns dos credores solidários não
demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderáeste
pagar.

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Art. 269 do CCB. O pagamento feito a um dos credores solidários


extingue a dívida até o montante do que foi pago. → Extingue-se
o vínculo externo, do devedor com os demais credores.
Regras especiais da Solidariedade Ativa:
Art. 270 do CCB. Se um dos credores solidários falecer deixando
herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota
do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se
a obrigação for indivisível.
Art. 271 do CCB. Convertendo-se a prestação em perdas edanos,
subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.
Art. 272 do CCB. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido
o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. →
Existe uma relação interna entre os co-credores, na qual cada um
deles tem direito a uma parte do todo da prestação. A divisão
interna será proporcional entre os co-credores, caso nada tenha
sido acordado anteriormente no processo.
➢ Passiva: pluralidade de devedores. Quando ha pluralidade de
sujeitos nas relações obrigacionais, ou seja, em todas as relações
solidárias, haverá um vínculo externo e outro interno. Na obrigação
solidária passiva, o vínculo externo ocorre entre o credor e os
demais devedores, extinguindo-se no momento de quitação da
dívida. O vínculo interno ocorre entre os demais co- devedores,
sendo cada um deles responsável pelo pagamento de sua parte da
prestação.
Art. 275 do CCB. O credor tem direito a exigir e receber de um
ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida
comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais
devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a
propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos
devedores. → Cada um dos devedores é obrigado pelo todo.

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Vencida a obrigação, o credor pode exigir a quitação da prestação


de um, de alguns ou de todos os devedores.
Art. 283 do CCB. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem
direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota,
dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver,
presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-
devedores. → Direito de Regresso: o devedor que quitar adívida
sozinho, pode exigir dos demais co-devedores o reembolso da
prestação, mantendo assim o vínculo interno da obrigação
solidária passiva.
Regras especiais da Solidariedade Passiva:
Art. 276 do CCB. Se um dos devedores solidários falecer
deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão
a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a
obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados
como um devedor solidário em relação aos demais devedores. →
O credor acionando conjuntamente os herdeiros poderá exigir até
a totalidade da dívida. Porém, se o credor acionar individualmente
os herdeiros devedores, só poderá exigir o que cada um possui
proporcionalmente como dívida. Caso a obrigação seja indivisível
o credor poderá acionar só um dos herdeiros exigindo, se quiser
toda prestação.
Art. 279 do CCB. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um
dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar
o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
→ Os demais devedores pagarão a obrigação não cumprida por
um dos devedores, porém, em caso de perdas e danos o credor
só poderá cobrar do devedor que a causou.
Art. 280 do CCB. Todos os devedores respondem pelos juros da
mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um;
mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. →
Quando houver descumprimento de uma obrigação por parte dos
devedores, ocasionando juros, o valor acrescido poderá ser

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exigido de qualquer um dos devedores, por parte do credor.


Contudo, o devedor que deu causa ao acréscimo responderá
perante os demais devedores, mantendo o vínculo interno entre
eles. Caso um dos devedores quite a dívida acrescida dos juros,
não sendo ele o causador dos acréscimos, poderá exercer seu
direito de regresso para com os demais devedores.
Art. 282 do CCB. O credor pode renunciar à solidariedade em
favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou
mais devedores, subsistirá a dos demais. → Renúncia. O credor
que possui mais de um devedor em uma obrigação pode renunciar
a solidariedade de um dos devedores, não podendo exigir deste a
integralidade da prestação. Assim sendo, o devedor que tiver
sofrido renúncia só poderá ser cobrado pela sua fração. O
devedor que tiver sua solidariedade renunciada não sai da
obrigação, só não se aplicam a ele os efeitos da solidariedade.
Art. 283 do CCB. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem
direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota,
dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver,
presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-
devedores. → Pela parte dos insolventes, respondem os
solventes. A parte do insolvente será dividida entre os demais
credores proporcionalmente. Caso um dos devedores pagar a
mais quanto ao valor referente ao insolvente, esse pode exigir a
parte proporcional aos outros devedores solventes.
Art. 284 do CCB. No caso de rateio entre os co-devedores,
contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor,
pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. →
Exoneração/ Remissão. O credor escolhe “perdoar” um dos
devedores, diminuindo a obrigação, pois a parcela da dívida que
era referente ao devedor remissivo some da obrigação.
➢ Mista: pluralidade de ambos.

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5.5.1 Responsabilidade Solidária ou Solidariedade Imperfeita: é


importante salientar que a responsabilidade solidária NÃO É
obrigação solidária, uma vez que decorre de imposição legal,
há pluralidade no polo passivo e pluralidade de vínculos.
Portanto, não há um único vínculo ligando o polo ativo ao
passivo, e sim a existência de um vínculo entre o credor com
cada devedor. Sendo assim, um vínculo entre o credor e o
devedor A, outro vínculo entre o credor e o devedor B e assim
sucessivamente. Deste modo, todos são responsáveis.
Ademais, não são todos os devedores titulares de débito, ou
seja, não são todos responsáveis pela criação do vício,
contudo, todos os devedores respondem solidariamente. Caso
um dos devedores quitar o débito e que não seja este ocriador
do vício, pode então esse devedor cobrar integralmente o valor
do débito ao causador e não aos demais. O débito não será
dividido com os demais devedores, a não ser aquele que
ocasionou o vício.
Exemplo: o motorista de uma empresa de ônibus gera um
acidente, causando vítimas. As vítimas entram com uma ação
contra a empresa e outra contra o motorista. Caso a empresa
quite a dívida, pode a mesma cobrar do motorista o valor
integral do débito ao motorista, tendo em vista que é somente
o motorista o causador do vício.
Art. 285 do CCB. Se a dívida solidária interessar
exclusivamente a um dos devedores, responderá este portoda
ela para com aquele que pagar.
5.5.2 Responsabilidade Subsidiária: decorre de lei. Foco no polo
passivo. A lei determinará que haverá um sujeito responsável
e obrigado direto, e outros sujeitos responsáveis, mas que só
poderão ser acionados e ter seu patrimônio atingido depois
que o credor exaurir todos os meios para obter satisfação do
devedor principal.
5.6 De Meio e de Resultado: ambas são obrigações de fazer.

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➢ De Meio: o devedor obriga-se a executar determinada atividade


utilizando-se de todos os meios necessários para atingir a
finalidade esperada pelo credor. Logo, o devedor obriga-se a ser
diligente.
Exemplo: ao realizar uma cirurgia o médico obriga-se a utilizar de
todos os meios necessários para cumprir com sua obrigação de
salvar a vida do paciente.
➢ De Resultado: não basta ao devedor ser diligente, pois o mesmo
obriga-se a atingir o resultado útil da obrigação.
Exemplo: engenheiro compromete-se a atingir o resultado útil da
obrigação ao assumir o prazo com uma obra. Logo, sua obrigação
não é apenas com o prazo, mas também com a entrega em estado
perfeito da obra que se comprometeu a realizar.
5.7 De Execução Imediata, Diferida e Continuada:
➢ Imediata: quando a obrigação nasce, constitui-se e deve ser
cumprida imediatamente, tal como o pagamento à vista.
➢ Diferida: a obrigação nasce, mas seu cumprimento deve ser
realizado em um único ato no futuro, ou de forma fracionada no
tempo. A obrigação será paulatinamente reduzida, tal como o
pagamento parcelado.
➢ Continuada: obrigação que se repete e renova-se no tempo, tal
como o aluguel.
6. Fontes das Obrigações
6.1 Conceito: estudo das origens das relações obrigacionais, dessa
forma, o que faz nascer as obrigações, como as leis por exemplo.
6.2 Classificação:
6.3 Negócio Jurídico: correspondem aos contratos, os negócios
unilaterais, as promessas unilaterais e os atos coletivos. Quando a
obrigação provém de um negócio jurídico, há de corresponder à
vontade do devedor. A obrigação proveniente do negócio jurídico é
querida pelo obrigado, logo, ele a contrai intencionalmente, agindo
na esfera de sua autonomia privada.

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➢ Unilateral: menor importância que o contrato, como o testamento,


por exemplo.
➢ Bilateral: contrato.
➢ Responsabilidade Civil: obrigações provenientes de atos ilícitos.
Art. 186 do CCB. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
6.4 Enriquecimento Sem Causa: pressupostos e efeitos
É uma fonte autônoma e diverge de enriquecimento ilícito, o qual está
inserido na responsabilidade civil. A diferença existente entre
enriquecimento sem causa e enriquecimento ilícito é quanto ao dano
e a lesão a outrem. O enriquecimento ilícito causa dano e lesão a
outrem, enquanto o sem causa não. É proibido o aumento
patrimonial sem fundamento.
Pressupostos para o enriquecimento sem causa:

➢ Enriquecimento de uma parte


➢ Empobrecimento de outra
➢ Nexo causal
➢ Inexistência de causa que gere o empobrecimento ou
enriquecimento
➢ Subsidiariedade: fonte de aplicação subsidiária → se o
enriquecimento ou empobrecimento advém de negócio jurídico
ou responsabilidade civil não será enriquecimento sem causa.

Art. 884 do CCB. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa
de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa
determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa
não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época
em que foi exigido.

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Art. 885 do CCB. A restituição é devida, não só quando não tenha


havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta
deixou de existir.
Art. 886 do CCB. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a
lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo
sofrido.
Exceções ao enriquecimento sem causa: possibilidades que são
permitidas
7. Transmissões das Obrigações
7.1 Conceito: ocorre toda vez que um credor ou devedor transferir suas
posições a um terceiro, assumindo este os reflexos do sujeito original.
➢ Credor que transmite a obrigação a um terceiro = CEDENTE
➢ Terceiro = CESSIONÁRIO
7.2 Espécies
7.2.1 Cessão de Crédito: cedente transfere o crédito ao cessionário.
A cessão de crédito é via instrumento público ou particular,
contudo, se for por meio de instrumento particular deve conter
os mesmos elementos da procuração.
➢ Cessão de Crédito Gratuita: cedente transfere o crédito ao
cessionário sem receber nenhum tipo de oneração, logo,
não há obrigação do credor em garantir a existência do
crédito.
➢ Cessão de Crédito Onerosa: cedente fica obrigado pela
existência do crédito. Portanto, fica estabelecida uma
remuneração.
Art. 295 do CCB. Na cessão por título oneroso, o cedente,
ainda que não se responsabilize, fica responsável ao
cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe
cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por
título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
➢ Cessão de Crédito Pró Soluto: é a regra, pois o cedente
não se responsabilizará pela insolvência do devedor.

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➢ Cessão de Crédito Pró Solvendo: é a exceção, pois o


credor estará comprometendo-se com a insolvência do
devedor.
7.2.2 Assunção de Dívida: o devedor irá transferir sua dívida para
um terceiro, o qual se torna novo devedor. A transferência da
dívida para um terceiro só ocorre mediante a aprovação do
credor, desta maneira o credor deve se manifestar, não sendo
aprovado seu silêncio como forma de concordância. O credor
só pode recorrer novamente ao devedor originário, caso o
terceiro fosse insolvente na época da assunção (na época da
assunção = no ato da assunção e o credor não terconhecimento
da insolvência do terceiro devedor). Caso o terceiro devedor
tenha se tornado insolvente, após a assunção, o credor não
poderá recorrer ao devedor originário. O patrimônio do devedor
garante o fim do crédito ao credor. Contudo, na assunção as
garantias reais (bens) e pessoais (fiança e aval) do devedor
desaparecem, tendo em vista que o devedor é substituído por
um terceiro. As garantias não desaparecem se o garantidor
(fiador) concordar com a assunção.
Art. 299 do CCB. É facultado a terceiro assumir a obrigação do
devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando
exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da
assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao
credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-
se o seu silêncio como recusa.
7.2.3 Cessão da Posição Contratual: transmissão de um dos
polos da relação por um terceiro, sendo este titular de débitos
e créditos. As regras de cessão de crédito e assunção de
dívida serão aplicadas na cessão de posição contratual.
Exemplo: relação jurídica estabelecida entre um vendedor e
um comprador. O vendedor será o devedor da entrega do

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produto comprado e credor quanto ao recebimento daprestação


($). O comprador será credor da coisa comprada e devedor da
prestação a ser paga. Quando o credor ou devedor transfere
sua obrigação para um terceiro, ocorrerá a cessão de posição
contratual.
7.2.4 Cessão e Existência de Crédito
7.2.5 Cessão e Responsabilidade pela Solvência do Devedor
8. Adimplemento das Obrigações
8.1 Conceito: estudo do cumprimento das obrigações, portanto,
adimplemento é a extinção normal da obrigação.
8.2 Princípios Orientadores: premissas que sempre deverão ser
analisadas no momento do adimplemento.
8.2.1 Pontualidade: ideia de cumprimento perfeito e completo da
obrigação. Só é atingido o adimplemento quando o sujeito ativo
do pagamento cumprir com a integralidade da prestação
perante o sujeito passivo e cumprir no tempo, no lugar e na
forma.
8.2.2 Exatidão: só ocorrerá o adimplemento quando o sujeito ativo
do pagamento cumprir com a prestação que prometeu. Não se
admite a imposição ao credor de aceitação de prestação
diferente da prestação exata acordada.
Art. 313 do CCB. O credor não é obrigado a receber prestação
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
8.2.3 Integralidade: independentemente de a obrigação ser divisível
ou indivisível, o cumprimento da mesma deve ser forma integral
e na data combinada.
Art. 314 do CCB. Ainda que a obrigação tenha por objeto
prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber,
nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
8.2.4 Boa-fé: modelo de comportamento ético a ser seguido pelos
partícipes da relação obrigacional. Esse princípio cria os
deveres anexos, ou seja, os padrões de comportamento

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estabelecidos aos credores e devedores. O descumprimento


da boa-fé objetiva pode significar inadimplemento.
8.3 Elementos
8.3.1 Subjetivo: com relação aos sujeitos. No adimplemento a lógica
é reversa, pois se analisa a extinção da obrigação.
➢ Polo ativo: devedor → quem faz o pagamento. Nem sempre
o pagamento da dívida será feito pelo devedor, podendo ser
feito por:
Terceiro interessado: interesse jurídico no pagamento da
prestação, pois sofre os reflexos em sua esfera patrimonial.
Terceiro não interessado: não tem interesse jurídico no
pagamento da prestação. Normalmente o terceiro não
interessado tem interesse altruístico, como uma relação de
afeição para com o devedor. Esse sujeito jamais será
acionado pelo credor, sendo que o credor não é obrigado a
aceitar o pagamento do terceiro não interessado. O terceiro
interessado pode realizar o pagamento da dívida em nome
próprio ou em nome do devedor. Se o mesmo realizar o
pagamento em nome próprio, constará no recibo judicial
seu nome → extingue-se o vínculo com o credor, porém
cria-se um novo vínculo com o devedor, podendo o
terceiro não interessado exigir seu direito de regresso.
Entretanto, se o pagamento da dívida for realizado em nome
do devedor, constará no recibo judicial seu nome, como se
o terceiro estivesse realizando uma doação, e este não
poderá exigir direito de regresso sobreo valor pago.
Sub-rogação: decorre de lei. É uma exceção.
Fiador: satisfazer o credor mediante a presença de um
fiador.

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➢ Polo passivo: credor → quem recebe o pagamento. O credor


pode estar representado, tendo o devedor à obrigação de
dar a quitação integral da prestação.
Credor putativo: credor aparente. Sujeito que tem aparência
de credor ou representante, mas na verdade não é fazendo
com que o devedor confie nele para o pagamento da dívida.
Exemplo: funcionário que foi demitido e mesmo assim
continua a exercer seu papel de cobrar dos inquilinos da
empresa que trabalhava. Os inquilinos não tinham como
saber que estavam sendo enganados por esse sujeito,
tendo em vista que é umcredor aparente/ putativo.
Art. 309 do CCB. O pagamento feito de boa-fé ao credor
putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.
8.3.2 Objetivo: quanto ao objeto do pagamento, ou seja, prestação
de dar, fazer e não fazer. Devemos analisar o elemento objetivo
sob o prisma dos princípios de exatidão e integralidade.
➢ Dívidas pecuniárias: mediante a entrega de dinheiro →
desde a origem da obrigação já está estabelecido o valor
numérico.
➢ Dívidas em valor: no seu nascimento não está estabelecido
o valor certo da prestação, pois irão exigir esse valor exato
no momento da liquidação da obrigação. Existe um índice
que demonstra que o pagamento será em dinheiro no
momento da liquidação. Exemplo: valor de ações de danos
morais; sacas de arroz; quilos de boi...
➢ Cláusula de escala móvel legítima: é o aumento
progressivo de prestações de obrigações sucessivas, ou
seja, continuadas que nascem e se extinguem
periodicamente. A escala móvel é aplicada em obrigações
continuadas, sobre dívida pecuniária e será acordada entre
as partes.

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Direito das Obrigações – Direito Civil II

Art. 316 do CCB. É lícito convencionar o aumento


progressivo de prestações sucessivas.
8.4 Lugar do Adimplemento: onde o pagamento será realizado.
➢ Regra geral: o credor despenderá esforços para que a obrigação
seja cumprida. Contudo, essa regra geral sofre algumas exceções,
nem sempre o credor se deslocará para a extinção da dívida:
casos de determinação legal; convenção entre as partes; em
decorrência da própria natureza da ação; dívida quesível:
aquelas que devem ser pagas no domicílio do devedor; dívida
portável: pagamento da dívida no domicílio do credor.
8.5 Tempo: momento adequado para o cumprimento da obrigação, ou
seja, o instante da exigibilidade da prestação.
➢ Obrigações puras: obrigações desprovidas de termo e condição,
sendo assim, não tem prazo e podem ser imediatamente
exequíveis, o credor pode exigir seu cumprimento de imediato.
Para as obrigações puras aplica-se a regra geral:se não há
termo nem condição estabelecidos no contrato, o credor pode
exigir de imediato o cumprimento da obrigação.
Art. 134 do CCB. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo,
são exeqüíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita
em lugar diverso ou depender de tempo.
➢ Termo: evento futuro e certo. Quando o vencimento coincide com
a exigibilidade da prestação, pois existe um prazo para oseu
cumprimento. Logo, vencido o termo, nasce a possibilidade do
credor em exigir o cumprimento da obrigação. Exemplo: o
vencimento da obrigação é dia 30 de maio de 2017.
➢ Condição suspensiva: evento futuro e incerto. Tendo em vista
que o prazo para o cumprimento da prestação depende de evento
incerto, a obrigação torna-se condicional. Exemplo: se você for
aprovado na disciplina de Dir. Civil II lhe darei uma quantia de R$
10.000,00.
➢ Vencimento antecipado: são obrigações que mesmas atreladas
a um termo têm seu vencimento antecipado, visto que causas

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geradoras de antecipação do vencimento da prestação “revogam”


a data de vencimento estabelecida pelo termo. O vencimento
antecipado pode decorrer de lei ou convenção. Exemplo: 10
prestações de R$ 1.000,00. O credor incluiu uma cláusula de
vencimento antecipado, estipulando que se o devedor atrasar uma
das parcelas, aquele atraso irá resultar no vencimento antecipado
das outras parcelas que ainda não foram quitadas, adiantando o
prazo para o pagamento. Sendo assim, se o devedor pagou as 3
primeiras, mas inadimpliu com a 4 parcela,as demais restantes
consideram-se vencidas no momento devencimento da 4 parcela
que não foi cumprida.
Art. 333 do CCB. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida
antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste
Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados
em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do
débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a
reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito,
solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros
devedores solventes.
8.6 Quitação: é imprescindível para o adimplemento da obrigação a
prova do pagamento, devendo ser todos seus elementos respeitados.
O instrumento de quitação deve ser capaz de demonstrar todos os
elementos do pagamento.
➢ Recibo da quitação: é direito do devedor ou do terceiro que paga
receber o recibo de quitação da obrigação. Caso o credor negar-
se a entregar o recibo do pagamento, o devedor ou terceiro que
pagou poderão reter o pagamento, sendo tal retenção legítima.
Portanto, sem a entrega do recibo, por parte do credor, o devedor
não está obrigado a realizar o pagamento.

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Direito das Obrigações – Direito Civil II

Art. 320 do CCB. A quitação, que sempre poderá ser dada por
instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida
quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e
o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu
representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste
artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias
resultar haver sido paga a dívida.
➢ Regras especiais em matéria de quitação: presunções legais
do pagamento
➢ Execução diferida: nos pagamentos em prestações sucessivas
ou periódicas, a quitação conferida a última delas gera a
presunção do adimplemento das anteriores. Contudo, a presunção
é relativa.
Art. 322 do CCB. Quando o pagamento for em quotasperiódicas,
a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a
presunção de estarem solvidas as anteriores.
➢ Se a obrigação for composta por um valor principal + juros, uma
quitação geral abrange a obrigação principal e acessória. Sendo
assim, se a quitação se deu sem reservas de juros, presumem-se
estes pagos. Em outras palavras, se o credor exonerou o devedor
do principal, sem menção ao acessório, isso importa reconhecer o
completo adimplemento da obrigação, pois só se quita o capital
quando os juros já estiverem pagos. Caso o devedor queira excluir
os juros para que fique demostrado que apenas foi pago o valor
principal (capital), deve estar expresso no recibo da quitação.
Art. 323 do CCB. Sendo a quitação do capital sem reserva dos
juros, estes presumem-se pagos.
➢ Presunção do pagamento, derivada da entrega do título ao
devedor → O título é a prova viva da realidade da obrigação, a sua
devolução supre a quitação exigida pelo art. 320 do CCB. Com a
devolução do título de crédito, o credor perde a

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possibilidade de se beneficiar de sua literalidade e das pretensões


decorrentes do princípio da abstração da causa. Ao efetuar a
tradição do título ao devedor, o credor estará admitindo a sua
satisfação pelo pagamento, pois é o título que prova a própria
existência da obrigação. Se no prazo decadencial de 60 dias, a
contar da quitação, o credor demonstrar que não houve o
pagamento, tendo o devedor recebido o título por meios não
idôneos, ou antes, de quitada a obrigação, poderá exercer o direito
potestativo de destituir a eficácia da quitação.
Art. 324 do CCB. A entrega do título ao devedor firma a presunção
do pagamento.
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o
credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.
➢ Regra geral demanda que todas as despesas relacionadas com o
pagamento e quitação correm por conta do devedor, como maior
interessado em sua liberação.
Art. 325 do CCB. Presumem-se a cargo do devedor as despesas
com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do
credor, suportará este a despesa acrescida.
9. Formas de Pagamento
9.1 Consignação em Pagamento: é uma das sete formas de pagamento
indireto que são reconhecidas pela doutrina, que não segue a forma
de adimplemento comum, mas que tem como objetivoa quitação da
obrigação. A consignação pode ser conceituada como o meio judicial
ou extrajudicial adotado pelo devedor – ou terceiro – para liberar-se
da obrigação, depositando a coisa devida nos casose formas legais.
É um mecanismo técnico de facilitação do cumprimento posto à
disposição do devedor para efetuar o pagamento, quando a direta
realização da prestação se torna impossível ou extremamente difícil
em decorrência de fato vinculado ao credor. Logo, consignação em
pagamento nada mais é que o depósito da prestação devida (art. 334
do CCB). A consignação de pagamento se realiza apenas nas
obrigações de dar, podendo ser:

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dar coisa certa; restituir coisa certa; dar coisa incerta e dívida
pecuniária. A consignação do pagamento possui natureza mista,posto
que é regulamentada no Código Civil e no Código de Processo Civil.
Art. 334 do CCB. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação,
o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida,
nos casos e forma legais.
9.1.1 Espécies:
➢ Consignação extrajudicial ou consignação em
estabelecimento bancário: exigirá que a obrigação seja
pecuniária, ou seja, tratando-se exclusivamente de dívida em
dinheiro. Sendo assim, terá o credor a faculdade de optar pelo
depósito em estabelecimento bancário, ao invés de diretamente
propor a demanda consignatória. Quando a obrigação é
extrajudicial, o depósito deverá ser realizado em estabelecimento
bancário oficial. Não são todos os bancos que autorizam a
realização da consignação, visto que não é apenas depositar na
conta do credor, deve-se seguir um procedimento próprio, sendo
assim, tais regras estão postas no Código de Processo Civil, um
exemplo delas é a criação de uma conta específica para o
depósito extrajudicial.
Quem pode realizar a consignação extrajudicial?
Consignante, podendo ser esse o próprio devedor, terceiro ou
terceiro não interessado. Caso o depósito seja efetuado por
terceiro não interessado, o mesmo deverá realizar em nome do
devedor. O credor é chamado de consignatário, e por meio de
uma carta de recebimento (AR) lhe é informado que foi realizado
depósito na conta específica. A partir do momento que o aviso é
recebido, passa a correr um prazo de 10 dias. Esse prazo tem a
finalidade de o credor aceitar o valor que foi depositado,
extinguindo a obrigação, ou não aceitar o montante depositado;
não havendo manifestação da parte credora, será considerada
paga a dívida.

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➢ Consignação judicial: obrigações não pecuniárias são


obrigatoriamente judiciais. Exige a presença de advogado e irá
seguir procedimento próprio, com propositura da ação e
requerimento de autorização do depósito. A consignação judicial
pode ser em dinheiro, nesses casos: se o devedor tiver feito a
consignação em estabelecimento bancário, terá prazo de 30 dias
para ingressar com a consignação judicial e entre os pedidos
requerer o depósito da prestação na petição inicial, indicando
uma conta para a prestação ser depositada. Se a consignação
não for em dinheiro: pode ser coisa móvel ouimóvel.
Bem imóvel: se forem bens como casa, escritório, apartamento,
são consignadas as chaves desses bens. Se for um terreno, por
exemplo, a consignação será fictícia e o juiz nomeará um
depositário.
Bem móvel: nesses casos é requerido um depósito judicial.
Contudo, o juiz acaba nomeando um depositário, que geralmente
é o próprio consignante, o qual é o guardião dobem. O
consignante ou será o terceiro interessado ou o devedor, não
tendo o terceiro interessado legitimidade processual. A obrigação
pode ser de dar coisa certa, incerta ou dívida pecuniária.
9.1.2 Causas de Consignação:
Art. 335 do CCB. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber
o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar,
tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido,
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso
perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber
o objeto do pagamento;

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Direito das Obrigações – Direito Civil II

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

9.2 Pagamentos em sub-rogação: Um terceiro cumpre com a obrigação


perante o credor e ao satisfazer esse credor, o terceiro passa a ocupar a posição
desse credor. O sub-rogado assume a posição do credor, adquirindo todos seus
direitos e garantias. Diverge do direito de regresso. O objetivo da sub-rogação é
o pagamento da prestação. Logo, a sub-rogação ocorre quando na relação
jurídica se verifica a substituição de uma pessoa por outra, ou deum objeto
por outro, dando a ideia de substituição.

9.2.1 Espécies:

9.2.2 Hipóteses de sub-rogação legal: Exemplo: A tem uma


relação obrigacional com B, tendo como objeto do negócio um
imóvel hipotecado. B constitui outra relação obrigacional com um
terceiro, contudo, o imóvel hipotecado da relação que tinha com A
também constitui objeto dessa relação. Ocorre que o terceiro pode
quitar a dívida com A e “acabar com a hipoteca”, passando C a
ocupar o lugar de A na relação obrigacional

Art. 346 do CCB. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em


favor:

I - do credor que paga a dívida do devedor comum;

II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor


hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para
não ser privado de direito sobre imóvel.

III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou


podia ser obrigado, no todo ou em parte.

9.2.3 Hipóteses de sub-rogação Convencional: Prévio acordo,


ou seja, convenção prévia entre as partes para o pagamento
ocorrer.

Art. 347 do CCB. A sub-rogação é convencional:

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Direito das Obrigações – Direito Civil II

I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e


expressamente lhe transfere todos os seus direitos;

II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa


para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante
sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

9.2.4 Sub-rogação e obtenção de lucro: exemplo - em uma


relação obrigacional, o devedor possui um fiador, que figura como
terceiro interessado. O valor da prestação é de R$ 10.000,00 e está
próximo do vencimento. O devedor aciona o fiador, o qual paga R$
7.000,00 ao credor. Nesse momento, o fiador sub-roga- se e
assume o lugar do credor, podendo cobrar do devedor apenas o
valor que embolsou.

9.3 Dações em Pagamento (troca da prestação): dação em


pagamento é uma causa extintiva das obrigações em que o credor
consente em receber objeto diverso ao da prestação originariamente
pactuada. Trata-se de uma modalidade de adimplemento indireto. Por
exemplo, A deveria para R$ 10.000,00 para B e, na data do pagamento,
as partes ajustam emsubstituir a prestação originária por um imóvel.

9.3.1 Noções Gerais:

Art. 356 do CCB. O credor pode consentir em receber prestação


diversa da que lhe é devida.

Art. 357 do CCB. Determinado o preço da coisa dada em


pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas
normas do contrato de compra e venda.

9.3.2 Requisitos:

➢ Preexistência de um vínculo obrigacional entre as partes


➢ Acordo entre credor e devedor
➢ Diversidade entre a prestação devida e a oferecida em
substituição

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Direito das Obrigações – Direito Civil II

9.4 Imputações do Pagamento:

Art. 352 do CCB. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos damesma
natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece
pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.

9.4.1 Pressupostos: na falta de um dos pressupostos não há


imputação.

➢ Deve existir entre mesmo credor e devedor pluralidade de dívidas/


vínculos.
➢ Os débitos devem estar todos vencidos. O vencimento dos débitos
pode ser em momentos diferentes ou no mesmo momento.
➢ Todas as dívidas devem ser líquidas → Considera-se líquida a
obrigação certa, quanto à sua existência, e determinada, quanto
ao seu objeto. Essa modalidade é expressa por uma cifra, por
um algarismo, quando se trata de dívida em dinheiro. Mas pode
também ter por objeto a entrega ou restituição de outro objeto
certo, como, por exemplo, um veículo ou determinada quantidade
de cereal. (Ilíquida é quando a obrigação é incerta quanto a seu
valor).
➢ Todas as obrigações devem ser da mesma natureza.

9.4.2 Direito de Imputar: direito do devedor de indicar qual débito será


quitado. A regra é ser um direito do devedor, entretanto, podeser
convencionado entre as partes.

Art. 353 do CCB. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas
líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de
uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo
credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.

9.4.3 Imputação e Juros: a imputação vai atingir primeiro os juros e


depois o capital.

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Direito das Obrigações – Direito Civil II

Art. 354 do CCB. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á


primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em
contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.

9.4.4 Imputação e Ausência de Indicação: quando há ausência de


indicação e o pagamento não for do todo, considerar-se-á, a quitação
seguindo a ordem de vencimento. Todavia, quando todas as dívidas
vencerem juntas, a quitação ocorrerá da mais onerosa para a menos
onerosa.

Art. 355 do CCB. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a


quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas
e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e
vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.

9.5 Compensação:

Art. 368 do CCB. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e


devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se
compensarem.

Compensação é quando duas pessoas são, reciprocamente, credoras e


devedoras uma da outra. Dois débitos compensados são contrapostos
com o objetivo de se alcançar o adimplemento.

• Credor 1 (Luiz) – Devedor 2 (Roberta)

• Credor 1 (Roberta) – Devedor 2 (Luiz)

9.5.1 Pressupostos: é preciso a presença de todos os pressupostos


para a compensação se configurar.

➢ Sujeitos em posições opostas em diferentes relações


obrigacionais.
➢ As obrigações devem ser líquidas.
➢ Ambas as obrigações devem ser vencidas e de coisas
fungíveis (podem ser substituídos).

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Art. 369 do CCB. A compensação efetua-se entre dívidas


líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
9.5.2 Espécies:
➢ Convencional: resulta da autonomia privada das partes, em que
os contratantes deliberam por reciprocamente extinguir os
créditos. Portanto, as partes acordam a compensação.
➢ Judicial: especificidade que reside na questão da liquidez dos
créditos envolvidos. O juiz acerta que o crédito é pronto e
facilmente liquidável, embora, originalmente, esteja ausente a
liquidez.
➢ Legal: a compensação legal opera-se automaticamente,
independentemente da oposição de qualquer um dos
interessados.
9.5.3 Hipóteses de Vedação de Compensação:
A regra geral é a admissibilidade da compensação quando as
dívidas tenham reciprocidade, liquidez, exigibilidade e
fungibilidade entre si.
Contudo, existem algumas hipóteses que a lei proíbe a
compensação:
➢ Atos ilícitos – inciso I
➢ Depósito de alimentos: o alimentante se propõe a sustentar
uma vida digna ao alimentado, não podendo haver compensação
em tal obrigação.
➢ Comodato: comodante entrega ao comodatário um bem
infungível (que não pode ser substituído), logo, se a obrigação é
restituir um bem insubstituível é inviável ocorrer a compensação,
visto que não é possível compensar com outra obrigação, já que
irá contra a natureza docontrato.
➢ Bens impenhoráveis: visto que não podem sofrer restrição
judicial não serão objetos de compensação.

Art. 373 do CCB. A diferença de causa nas dívidas não impede


a compensação, exceto:

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I - se provier de esbulho, furto ou roubo;


II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
9.5.4 Invalidade do Negócio Jurídico na Compensação:
➢ Obrigações Nulas: apesar dessas obrigações existirem elas são
inválidas, não podendo ser compensadas.
➢ Anuláveis: podem ser compensadas, uma vez que o negócio
jurídico anulável pode ser sanado.
➢ Prescritas: poderá ser compensada.

9.6 Novação

9.6.1 Conceito: novação é a constituição de uma nova obrigação que


venha a ocupar o lugar da primitiva. Nessa espécie de pagamento
indireto, uma nova dívida assume a posição da outra, que desaparece.
Mediante acordo, as partes cessam o vínculo anterior cm a aquisição
de novo direito de crédito. Logo, a novação quita a obrigação anterior,
via novo crédito. Existe, assim, o nascimento de um novo vínculo,
instaurando uma nova forma de pagamento. Ao comparar a nova
obrigação com a extinta, pelo menos um dos elementos (subjetivos ou
objetivos) deverá ser diferente da originária.

Art. 360 do CCB. Dá-se a novação:

I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir


e substituir a anterior;

II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o


credor;

III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído


ao antigo, ficando o devedor quite com este.

9.6.2 Pressupostos:

➢ Novo vínculo obrigacional, em que nele exista pelo menos um


novo sujeito ou um novo objeto.

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➢ Intenção de novar, ou seja, vontade de quitar a obrigação original


via novo vínculo.
Art. 361 do CCB. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito
mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a
primeira.
Art. 362 do CCB. A novação por substituição do devedor pode ser
efetuada independentemente de consentimento deste.

9.6.3 Espécies:

➢ Subjetiva: os sujeitos são alterados, podendo haver mudança


tanto no polo passivo tanto no polo ativo.
➢ Objetiva: a mudança ocorre no objeto da prestação.
➢ Mista: alteração nos sujeitos e objeto da obrigação.

9.7 Confusão

9.7.1 Conceito: se confundem em um único sujeito as características


de credor e devedor da dívida. A confusão consiste na união, na
mesma pessoa, das qualidades opostas de credor e devedor da
obrigação, desaparecendo a pluralidade de situações jurídicas, o que
inviabiliza a obrigação no tocante à sua exigência. Se ocorrer a
identificação de ambas as características em uma mesma pessoa, tal
relação termina.

Exemplo: pai e filho firmam contrato de empréstimo, e o filho assume


a posição de devedor. O pai morre e deixa como seu herdeiro seu filho,
transferindo seus patrimônios para o mesmo, inclusive os créditos.
Nessa situação, o filho era devedor do pai, porém com o seu
falecimento, torna-se credor de si mesmo. Sendo assim, a obrigação
extingue-se até a confusão operar-se.

Art. 381 do CCB. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma


pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.

9.7.2 Requisitos:

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➢ Unidade da relação obrigacional, pressupondo a existência de


uma mesma obrigação.
➢ Identificação, na mesma pessoa, das qualidades de credora e
devedora.
➢ Reunião efetiva dos patrimônios.

9.7.3 Efeitos:

➢ Confusão Total: a obrigação se extingue totalmente.


➢ Confusão Parcial: a obrigação será extinta em parte.
Art. 382 do CCB. A confusão pode verificar-se a respeito de toda
a dívida, ou só de parte dela.
10. Remissão das Dívidas:
A remissão das dívidas não é uma forma de pagamento indireto, mas sim
a extinção de uma obrigação sem pagamento. Remissão é sinônimo de
perdão, logo, extingue-se a obrigação mesmo sem haver pagamento. A
remissão pode ser total ou parcial.
Art. 388 do CCB. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue
a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando
o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito
sem dedução da parte remitida.
11. Teoria do Inadimplemento
11.1 Conceito: o inadimplemento é o fato patológico mais comum do
não cumprimento das obrigações, ou seja, é o não pagamento, logo,
o descumprimento das obrigações.
11.2 Espécies:
➢ Inadimplemento Absoluto: o devedor não cumpre com a
obrigação que se comprometeu, posto que tornou-se
impossível seu cumprimento, ou mesmo sendo possível seu
cumprimento, não foi realizado no tempo certo (princípio da
pontualidade) e seu cumprimento tardio é inútil. Nesse último
caso, o credor deve comprovar que o pagamento tardio da
obrigação é inútil, visto que o devedor tem o direito de purga

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Direito das Obrigações – Direito Civil II

da mora, ou seja, de quitar a obrigação mesmo após o


vencimento.
Nos casos de inadimplemento absoluto a obrigação não terá
sido cumprida por inteiro. Sendo assim, o inadimplemento
configura-se absoluto quando não é possível cumprir a mora,
extinguindo a obrigação.
As obrigações de não fazer configuram inadimplemento
absoluto.
O inadimplemento absoluto pode ser:
Total: quando o inadimplemento atinge toda a obrigação.
Parcial: quando o inadimplemento atinge parcialmente a
obrigação.
➢ Inadimplemento Relativo ou Mora: no inadimplementorelativo
será possível a purga da mora, ou seja, o pagamento tardio da
obrigação. O pagamento será acrescido de juros ou correção.

Questões:

1. Antônio assumiu perante Paulo a obrigação de pagar-lhe, dentro de 30


dias, o valor de R$ 5.000,00. Além disso, obrigou-se a entregarum
computador para que o mesmo utilizasse na viagem que faria no dia
seguinte ao vencimento da obrigação. Diante da situação pergunta-se:

A) Se Antônio não efetuar o pagamento na data aprazada e alegue que


perdeu seu emprego e por isso restou inviável o cumprimento, estará
caracterizado inadimplemento absoluto ou relativo? Explique.

Nesse caso, estará caracterizado inadimplemento relativo, pois


Antônio pode exercer seu direito de purga da mora.

B) Se não entregar Antônio o computador na data estipulada, deverá


ser reconhecido a ele o direito de purgar a mora?

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Nesse caso, será reconhecido o inadimplemento absoluto, posto que


não é mais útil para o credor o cumprimento da obrigação.

2. A turma de formandos do curso de direito decide contratar empresa


especializada para a filmagem da solenidade de formatura. No dia do
evento, a empresa contata o presidente da comissão da formatura
informando-lhe que o caminhão que transportava os equipamentos
tombou na estrada e em razão disso a filmagem terá que ser realizada
por outra empresa. Ocorre que tal empresa não possui os mesmos
equipamentos que a empresa contratada utilizaria. Frente à situação
em concreto, pode-se afirmar que o inadimplemento é absoluto?
Explique.

O inadimplemento é absoluto, tendo em vista que cumprimento após


o vencimento da obrigação não é útil para os credores.

11.3 Efeitos
➢ Teoria dos Riscos:
A teoria dos riscos implica nos efeitos do inadimplemento.Dessa
forma, é preciso analisar o tipo de obrigação para verificar qual
efeito irá ocorrer. Na teoria dos riscos, A COISA PERECE PARA
O DONO.

Obrigação de restituir coisa certa: o credor é quem sofrerá o


dano patrimonial, caso ocorra o inadimplemento, tendo emvista
que é ele o dono do patrimônio.

Art. 238 do CCB. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e


esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição,sofrerá
o credor a perda, e a obrigação se resolverão, ressalvados os
seus direitos até o dia da perda.

Art. 239 do CCB. Se a coisa se perder por culpa do devedor,


responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.

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Direito das Obrigações – Direito Civil II

Art. 240 do CCB. Se a coisa restituível se deteriorar sem


culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem
direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o
disposto no art. 239.

Obrigação de entregar coisa certa: torna-se impossível


entregar a coisa certa, antes de seu vencimento, posto que a
coisa se deteriorou ou pereceu. Nesse caso, o sujeito que
sofre o prejuízo patrimonial é o devedor, visto que a coisa
perece para o dono, o qual é o devedor antes do cumprimento
da obrigação.

Art. 234 do CCB. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se


perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente
a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas
as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá
este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Quando há ausência de culpa, as partes retornam ao estado
original, como se o vínculo não tivesse existido, pois o sujeito
que não cumpriu com a obrigação não foi quem deu causa.

Quando há presença de culpa, o credor pode optar pela


resolução, mas tem direito a perdas e danos. Logo, o
perecimento por fato imputável ao devedor gera resolução do
vínculo mais perdas e danos.

Art. 235 do CCB. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor


culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a
coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

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Direito das Obrigações – Direito Civil II

Se a deterioração decorre de fato não imputável ao devedor, o


credor poderá optar por resolução, ou por manter o vínculo com
o respectivo abatimento do preço.
Art. 236 do CCB. Sendo culpado o devedor, poderá o credor
exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se
acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso,
indenização das perdas e danos.

Obrigação de fazer:
Fazer Pessoal: aquela obrigação que o devedor deveexecutar
pessoalmente a prestação, sob pena de inadimplemento.
Fazer Impessoal: o foco está na atividade, não importando o
executor da mesma.

Art. 248 do CCB. Se a prestação do fato tornar-se impossível


sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa
dele, responderá por perdas e danos.

Art. 249 do CCB. Se o fato puder ser executado por terceiro,


será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor,
havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização
cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor,
independentemente de autorização judicial, executar ou
mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
O credor pode designar a um terceiro realizar a prestação. Se
o devedor não puder cumprir, o credor terá que contratar outro
devedor, e poderá cobrar o inadimplemento do devedor inicial.
Exemplo: o credor faz três orçamentos para a limpeza de sua
piscina para o dia 31 de maio, e contrata a empresa mais barata.
O devedor contratado não compareceu e o credorchama a outra
empresa. O devedor que não compareceu pode

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sofrer uma ação do credor, que pode cobrar a diferença de


preço – restituição.

Obrigação de não fazer: uma vez não cumprida, sempre irá


caracterizar inadimplemento absoluto.

Art. 250 do CCB. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde


que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se
do ato, que se obrigou a não praticar.

Art. 251 do CCB. Praticado pelo devedor o ato, a cuja


abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça,
sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado
perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor
desfazer ou mandar desfazer, independentemente de
autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

11.4 Perdas e Danos


11.4.1 Correção Monetária: perdas e danos originam a obrigação de
pecúnia.
Art. 389 do CCB. Não cumprida a obrigação, responde o
devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
honorários de advogado.

Art. 404 do CCB. As perdas e danos, nas obrigações de


pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de
advogado, sem prejuízo da pena convencional.

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Direito das Obrigações – Direito Civil II

11.4.2 Juros Moratórios: decorrem da lei


Incidem nas hipóteses de inadimplemento imputável e
absoluto.
➢ Juros Compensatórios: compensam o sujeito toda vez que ele
cede seu patrimônio de forma antecipada. O credor tem direito
que incidam os juros moratórios, pois o pagamento da
prestação é posterior.
Exemplo: juros que incidem nas parcelas posteriores a entrega
do apartamento que foi comprado e entregue. Assim que o
apartamento é entregue, o devedor ainda irá continuar pagando
as parcelas, mas o credor pode exigir que incida juros
compensatórios.
➢ Juros Remuneratórios: incidem apenas em contratos de múto
feneratício, ou seja, em empréstimos de dinheiro. O objetivo
desses juros é remunerar a parte que emprestou o dinheiro.
Art. 591 do CCB. Destinando-se o mútuo a fins econômicos,
presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução,
não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida
a capitalização anual.
➢ Taxa de Juros Moratórios:
Art. 406 do CCB. Quando os juros moratórios não forem
convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando
provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa
que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos
devidos à Fazenda Nacional.

Existem duas linhas interpretativas do artigo 406:


Linha Literal: a linha literal interpreta ao “pé da letra” o art.
406 do CCB, sendo assim, essa interpretação admite a taxa
legal, a qual é expressa em lei, ou a taxa convencional, que
decorre de acordo entre as partes. Recai sobre a taxa
convencional uma duplicidade de posições. Ou as partes

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podem convencionar a taxa que quiserem, respeitando os


princípios da boa-fé objetiva e a função social do contrato; ou
a taxa convencional será estabelecida pela lei de usura
(22.626/1933). Contudo, essa mesma linha interpretativaexpõe
que caso não haja taxa legal ou convencional irá incidir sobre
os juros a taxa SELIC. A taxa Selic (sistema especial de
liquidação e custódia), é referente as dívidas de impostos
devidos perante a Fazenda Nacional. No entanto, a doutrina,
apresentou uma série de argumentos contrários a utilização
dessa taxa, uma vez que:

É uma taxa flutuante que ocasiona insegurança jurídica;

É uma taxa mista que traz correção monetária, ou seja, sua


aplicação corrige o valor e traz juros;

Sua aplicação contraria o art. 591 do CCB (a taxa de juros


remuneratório não pode exceder o art. 406 do CCB). Contudo
a taxa Selic tem sua capitalização mensal, enquanto o art. 591
prevê a capitalização anual.

Referência ao Código Tributário: essa linha interpretativa


expõe que o art. 406 do CCB está fazendo referência ao art.
161, parágrafo 1° do Código Tributário Nacional, o qual
menciona a taxa de 1% de juros. Em suma, não há
concordância quanto o uso das linhas interpretativas, mas na
pratica acaba-se utilizando a taxa de juros moratórios de 1%
ao mês.
11.4.3 Cláusula Penal: a cláusula penal tem como objetivo indenizar
a parte credora da obrigação frente a um inadimplemento
culpável do devedor. Tal clausula exige a convenção entre as
partes, visto que é uma prefixação de perdas e danos. É
importante salientar que essa clausula não exclui os juros.

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11.4.3.1. Espécies
➢ Moratória: para as ocasiões que ocorrer a purga da
mora. Portanto, o credor, quando existir a pactuação da
cláusula penal moratória, pode exigir o valor da cláusula
penal que será adicionado ao valor da obrigação, mais
os juros. O inadimplemento é relativo, sempre.
➢ Compensatória: inexecução completa da obrigação
(art. 409 CCB) gera a exigibilidade do valor da cláusula
penal fixada entre as partes (art. 410 CCB). Ocorre
quando há inadimplemento absoluto e o credor optar
pela resolução.

Art. 409 do CCB. A cláusula penal estipulada


conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior,
pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à
de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.

Art. 410 CCB. Quando se estipular a cláusula penal para


o caso de total inadimplemento da obrigação, esta
converter-se-á em alternativa a benefício do credor.

11.4.3.2 Valor:
Art. 412 do CCB. O valor da cominação imposta na cláusula
penal não pode exceder o da obrigação principal.
➢ Possibilidade de redução: princípio da equidade e
intervenção estatal
Art. 413 do CCB. A penalidade deve ser reduzida
eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for
manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza
e a finalidade do negócio.
➢ Possibilidade de indenização suplementar: aumento
do valor da clausula penal

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Deve constar no contrato que a cláusula penal não exclui


o direito de indenização suplementar. O credor deve
provar que seu prejuízo foi maior que a cláusula penal.
Porém, deve estar pactuada no contrato a possibilidade de
indenização suplementar

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