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Resumo das aulas de Direitos das

obrigações e responsabilidade civil


Prof. Júlio Moraes Oliveira
Publicado por Júlio Moraes Oliveira
há 3 anos

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Ramos do Direito : (Público e privado)

Não patrimoniais /família/direitos não envolve patrimônio, honra,


etc.

Patrimoniais : -> Reais (coisas)

-> Obrigacionais ou pessoas

- O procedimento do concurso de credores no império romano con-


sistia em conduzir o desafortunado devedor às margens do rio Tibre e
fragmentar seu corpo. Mas com o tempo perceberam que isto não pa-
gava a dívida, e o credor ainda continuava com a dívida do credor.
:
- Lex Poetelia Papira: A responsabilidade passou de corporal a patri-
monial.

Características dos Direitos das Obrigações:

Direito das Obrigações

Direitos Reais

Relativo – Acontece inter partes, tem que ter pelo menos duas pesso-
as

Absoluto (erga omnes) – o indivíduo é absoluto, proprietário absolu-


to. Não é necessário segunda pessoa.

Cooperativo – precisa das partes conjugando suas vontades.

Atributivo – 1 sujeito – basta realizar o registro do bem pertencente.

Mediatividade

Imediatividade

Transitório – em regra os contratos têm prazo determinado, mas po-


dem ser renovados.

Permanente – se não houver nenhuma situação em torno do negócio,


ele é permanente.
:
Patrimônio do devedor – pode atingir patrimônio do devedor, mesmo
ele sendo indefinido

Direito de Sequela – Vai atrás do bem onde quer que ele esteja.

Numerus apertus – as obrigações do contrato são enumerativas,


pode criar contratos, mesclar contratos de locação com compra e ven-
da.

Numerus clausus – taxativo. Só pode ser o que a lei determina, o que


está positivado em artigo. Se é direito real previsto em lei, se a mesma
não enumerar como direito real, não é direito real.

Objeto – prestação

Objeto – coisas móveis ou imóveis; materiais ou não materiais.

- Obrigação vem de obrigare ob+ligatio

expressão plurívoca ou polissêmica atar/ligar/unir

Ônus Reais

- São obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade constituin-


do gravames ou direitos oponíveis erga omnes.

Alguns consideram os direitos materiais.

Obrigação com Eficácia Real


:
- São as obrigações que transmitem-se e são oponíveis a terceiro que
adquira direito sobre determinado bem.

Ex: Compromisso de compra e venda registrado: Num deter-


minado momento da obrigação a pessoa registra em cartório. A pes-
soa estipula cláusula de não arrependimento, e, se a pessoa se arre-
pende da venda, o comprador pode ajuizar uma ação de adjudicação
compulsória e o vendedor é obrigado a cumprir a venda. Só se torna
dono a partir do registro.

Contrato de locação registrado: Quando se tem registro de loca-


ção a pessoa que comprar a casa tem de respeitar o fim do contrato
de locação com o inquilino. São duas obrigações que passam a ser de
direito real.

Conceito de Obrigação

-É o vínculo que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir


do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada presta-
ção.

Devedor

Credor

Sujeito ativo Sujeito passivo

Vínculo
:
Elementos da Obrigação

Elemento subjetivo

- O credor é o sujeito ativo, aquele em favor de quem o devedor pro-


meteu determinada prestação

- O devedor é o sujeito passivo, a pessoa sobre a qual recai o dever de


cumprir a prestação convencionada

- Os sujeitos podem ser pessoa natural ou jurídica

Elemento objetivo

- É sempre uma conduta humana de dar/fazer/não fazer É qualquer


conduta humana praticada.

- Chama-se prestação Dar/fazer: + Positiva: Deve-se entregar/dar


algo ou fazer/prestar algum serviço.

Não fazer: - Negativa: Nada se pode fazer e nada se deve entregar.

- A prestação (objeto imediato) da obrigação deve ser:

• Lícita; civilmente, e não penalmente.

• Possível (fisicamente e juridicamente);

• Determinado ou determinável;
:
• Economicamente aplicável – Pode ser transformada em dinheiro.
Alguns autores não reconhecem este requisito.

Elemento abstrato

- É o vínculo jurídico, liame que liga um sujeito a outro. Todo contra-


to tem vínculo jurídico (liame)

- Possui 2 elementos:

• Débito (shuld) honrar pontualmente a obrigação assumida; É o de-


ver de cumprir aquela prestação da forma estipulada.

• Responsabilidade (haftung) dá ao credor o direito de exigir judicial-


mente o cumprimento da obrigação.

Fontes da Obrigação

• Lei Pai paga pensão para filho porque lei determina.

• Contrato Todo contrato é fonte de obrigação.

• Ato unilateral de vontade

• Ato ilícito (Art 186)

Obrigações civis/naturais

Obrigação civil: É a obrigação comum, ou seja, é aquela em que não


:
havendo cumprimento voluntário do devedor surge para o credor o
direito de exigir judicialmente o cumprimento da prestação. São to-
dos os tipos de obrigações que conhecemos. Há o haftung e o shuld.

Obrigação natural: Ao contrário da obrigação civil, se o devedor não


cumprir voluntariamente o avençado, o credor não dispõe de ação
alguma para exigir judicialmente o seu cumprimento. Se o devedor
cumprir voluntariamente o credor goza de soluti retentio. Não existe
a responsabilidade. Direito de retenção – o devedor paga voluntaria-
mente sem o direito de cobrar e o credor retém o pagamento.

- É uma obrigação sem haftung, responsabilidade. Ex: Dívida de jogo


e dívida prescrita.

- Art. 882 (dívida prescrita) e Art. 814 (dívidas de jogo)

Obrigação sem shuld (débito)

- É uma obrigação em que não há o dever de cumprimento. Ex: fian-


ça.

Modalidade das obrigações:

Dar (entregar)

Coisa certa Restituir

QUANTO Dar Coisa incerta


:
AO Fazer

OBJETO Não fazer

QUANTO Simples Cumulativas

AOS SEUS Multiplicidade Alternativas

ELEMENTOS Compostas de objetos Facultativas

Multiplicidade Divisíveis

de sujeitos Indivisíveis

Solidárias

Das obrigações de dar coisa certa

- A coisa certa é aquela individualizada; agrega valores, objeto único

- Na obrigação de dar coisa certa o credor não é obrigado a receber


prestação diversa ainda que mais valiosa. Art. 313 Em regra o credor
não é obrigado a receber coisa diversa, mesmo esta sendo melhor.

- A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios (Princípio da


Gravitação – o acessório segue o principal e, no caso contrário, deve-
rá está estipulado em contrato), salvo se o contrário resultar do título
ou das circunstâncias. Art. 233.
:
Tradição como transferência nominal – 3 formas de entre-
ga da coisa:

-Real: entrega efetiva Entregar a coisa efetivamente

-Simbólica: entrega apenas o objeto que traduz a alienação (o objeto


representa o bem por completo) – EX: chave da casa simboliza a ven-
da da casa.

-Ficta: constituto possessório *** Espécie de cláusula contratual

Acréscimos da coisa: Art. 237.

- Melhoramento: É tudo que opera mudança para melhor em valor e


utilidade no estado físico da coisa. Aumenta o valor na forma física do
objeto.

- Acrescido: Tudo acrescentado à coisa aumentando valor – não ne-


cessariamente físico

- Frutos: Utilidades que a coisa periodicamente produz. (Aluguel).

Obrigação de dar/entregar

A obrigação de dar se divide em obrigação de DAR - entregar e de


RESTITUIR. Res=coisa.

- Princípio do Rest Perit Domino, a coisa perece para o dono. Art. 492
A coisa se perde para o dono, se há negociação em princípio, quem
:
responde por qualquer prejuízo é quem ainda é o dono.

- Perecimento ≠ Deterioração

- Perecimento é a perda total da coisa e deterioração é a perda parcial

Perecimento sem culpa do devedor

- Em caso de perecimento de coisa certa (Art. 234, 1ª parte), antes da


tradição sem culpa do devedor, fica resolvida a obrigação, ambos vol-
tam ao estado anterior. Se o devedor já recebeu o preço da coisa, deve
devolvê-lo. Volta-se ao estado em que o negócio ainda não foi realiza-
do. Devolve o dinheiro para quem já pagou.

Perecimento da coisa com culpa do devedor

Culpa lato sensu: dolo ou negligência/imperícia/imprudência

- A culpa acarreta responsabilidade pelo pagamento (Art. 234, 2ª par-


te). O credor tem o direito a receber o seu equivalente em dinheiro
(valor da coisa) mais perdas (dano emergente – aquilo que efetiva-
mente perdeu) e danos (lucro cessante – aquilo que deixou de lucrar).

Deterioração sem culpa do devedor

- O credor pode optar por resolver a obrigação, ou aceitá-lo no estado


em que se encontra, com abatimento proporcional do preço. Art. 235.
Pode-se extinguir a obrigação ou o credor pode aceitá-la no estado
em que se encontra e ter o abatimento proporcional do preço ao
:
dano.

Deterioração com culpa do devedor

- O credor pode resolver a obrigação, ou aceitá-lo no estado em que se


encontra, mas com direito à indenização das perdas e danos num e
noutro caso. Art. 236. Recebe perdas e danos nos dois casos.

Obrigação de restituir

- A obrigação de restituir é uma espécie da obrigação de dar. Caracte-


riza-se pela existência de coisa alheia em poder do devedor que deve
ser resolvida (comodato/depósito). É devolver aquilo que não lhe
pertence. Subespécie da obrigação de dar, mas neste caso devolve à
pessoa.

-> Perecimento sem culpa do devedor

- Se a obrigação é de restituir coisa certa e se perde sem culpa do de-


vedor, resolve-se a obrigação que não terá de pagar perdas e danos,
exceto se estiver em mora. Art. 238. Se há ausência de culpa, não há
responsabilidade. Exceção: se estiver em mora com a entrega (atra-
so), responde por perdas e danos.

-> Perecimento com culpa do devedor

- Se a coisa se perde por culpa do devedor responderá este pelo equi-


valente ($) mais perdas e danos. O devedor tem a obrigação de con-
servar/zelar a coisa. Art. 239. Valor da coisa + Dano emergente e lu-
:
cro cessante.

-> Deterioração sem culpa do devedor

- Se deteriorar sem culpa do devedor o credor irá recebê-la no estado


em que se encontra sem direito à indenização.

-> Deterioração com culpa do devedor

- Quando há culpa do devedor responderá este pelo equivalente, mais


perdas e danos. Art. 239.

Obrigação de dar coisa incerta

- A coisa incerta será indicada ao menos pelo gênero e quantidade, na


verdade é a qualidade coisa que você não sabe o que é, mas é determi-
nado pelo CC., é aquela que irá posteriormente definir a qualidade.
(Ex: vai pegar 10 cabeças de gado, não sabe qual raça, etc..)

- O ato de escolha chama-se concentração. Art. 245 é um ato unilate-


ral

- A escolha pertence ao devedor, mas o contrato pode estipular modo


diverso.

- O devedor não poderá dar coisa pior, nem será obrigado a entregar
a melhor. Art. 244. Entrega-se um “meio termo”

- Podem as partes convencionar que a escolha será feita por terceiro.


:
Art. 1930.

-Quando a escolha é atribuída ao credor será ele citado para esse fim,
sob pena de transmitir o direito ao devedor. Art. 342/629 do CPC. Se
o devedor não se apresentar para escolher, a iniciativa passará para o
devedor.

- O gênero nunca perece (genus nunquan perit) isso implica em dizer


o devedor, antes da escolha não pode alegar perda ou deterioração.
Art. 246.

- Realizada a escolha, a obrigação de dar coisa incerta rege-se pelos


termos da obrigação de dar coisa certa. A partir do momento da esco-
lha, a obrigação de dar passa a ser de coisa incerta para coisa certa.

Das obrigações de fazer

- Obligatio facienoi: consiste num serviço humano, material ou ima-


terial. Praticar qualquer ato ou prestar qualquer serviço.

Três espécies:

- Infungível/personalíssima/intuitu personae Insubstituível – a pes-


soa escolhida é insubstituível

- Fungível ou impessoal – qualquer pessoa pode cumprir.

- Emitir declaração de vontade – obrigação de firmar aquilo que tinha


falado anteriormente.
:
Inadimplemento

- Inexistência de culpa do devedor – não havendo culpa do devedor


fica afastada a responsabilidade. Art. 248 1ª parte. Não há necessida-
de de ressarcimento.

- Incumprimento da prestação por culpa do devedor – seja a obriga-


ção fungível ou infungível, a obrigação resolve-se em perdas e danos.
Art. 248 2ª parte. Quando se descumpre a obrigação, responde por
perdas e danos.

Recusa do devedor em cumprir a prestação

- Obrigação infungível – Somente a pessoa escolhida pode cumprir a


obrigação.

- Tradicionalmente as obrigações infungíveis em que o devedor se


recusa resolve-se em perdas e danos. Se a pessoa se recusar a cum-
prir, resolve em perdas e danos Art. 247.

- A recusa voluntária induz culpa – É agir com dolo.

- Atualmente admite-se a execução específica das obrigações. Art.


287/461/644 do CPC. Com obrigação de astreintes no caso de des-
cumprimento. Hoje a execução específica é o poder judiciário “forçar
a pessoa” a cumprir tal obrigação com a obrigação astreintes (multa
pecuniária) – o juiz que irá determinar o valor ou o tipo da multa.

- Obrigações fungíveis – qualquer pessoa pode cumprir com a obriga-


:
ção. Se um contrato é frustrado e um novo é feito com outra pessoa, a
pessoa paga e depois pede o ressarcimento para aquele que não cum-
priu inicialmente. Se não for urgente, deve procurar o judiciário e
ajuizar procedimento (como licitação) para que o juiz decida. Se não
tiver urgência precisa da ação judicial, caso contrário pode procurar
outra pessoa e posteriormente cobrar do primeiro devedor da presta-
ção.

- Nas obrigações fungíveis o que interessa é o cumprimento. Art. 249


– se o fato puder ser executado às custas do devedor.

- Art. 634 do CPC: se o fato puder ser realizado Por terceiro é lícito
juiz autorizar.

-Em caso de urgência não há necessidade de autorização judicial, po-


dendo o credor procurar o terceiro e posteriormente cobrar do deve-
dor. Art. 249 parágrafo único.

Obrigação de emitir declaração de vontade

- Quando o devedor em contrato preliminar ou pré-contrato promete


emitir declaração de vontade para a celebração de contrato definitivo.
Ex: compromisso de compra e venda de imóvel assume-se compro-
misso de não arrependimento, e, no fim da prestação resolve não
cumprir com a obrigação. Essa obrigação serve para este contrato de
declaração de vontade. Vai-se ao poder judiciário emitir declaração
de vontade em nome da pessoa (como se assinasse por ela). Chamado
ação de adjudicação compulsória.
:
- Os Arts. 446 a/b/c do CPC cuidam da obrigação

- A sentença produzirá todos os efeitos da declaração não emitida

- Ver Arts. 463/464

- Ação de adjudicação compulsória

Obrigação de não fazer

- Impõe ao devedor uma abstenção; o dever de não praticar determi-


nado ato que livremente assumiu sob pena de responder se fizer. É
uma obrigação assumida de Não fazer.

- A obrigação de não fazer impõe ao devedor um dever de abstenção;


um não fazer

- Quando um devedor pratica o ato do qual se comprometeu a não


fazer há o inadimplemento da obrigação. Descumprimento da obriga-
ção.

- Caso se torne impossível abster-se de praticar ato, sem culpa do de-


vedor, extingue-se a obrigação. Art. 250 Se o devedor não tiver culpa,
extingue a obrigação de não fazer.

- Se houver culpa do devedor, Praticado o ato pelo devedor, o credor


pode exigir o seu desfazimento, sob pena de se desfazer à sua custa
mais perdas e danos. O desfazimento, só poderá acontecer quando for
possível. Se não tiver como desfazer, responde por perdas e danos.
:
Obrigações alternativas (lato sensu)

- Cumulativa (1 e 2 – liga uma coisa à outra) / alternativas (1 ou 2 –


escolhe uma ou outra) / facultativa (faculdade de entregar 1 ou outro;
obrigação de entregar 1, mas pode entregar 2)

- Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor (princípio


do favor debitoris), mas o contrato pode estipular o contrário (Art.
252) (em regra, a escolha é do devedor)

- Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma pres-


tação e parte em outra (20 sacas de café ou 50.000,00 -> 10 sacas +
25.000,00: NÃO é obrigado a receber!)

- Quando a prestação for periódica (paga todo mês), a faculdade de


opção poderá ser exercida em cada período. (escolha do devedor –
pode pagar um mês de um; um mês de outro)

- Quando não há acordo entre eles o juiz decide (pluralidade de op-


tantes)

- Terceiro também pode escolher (concentração) pode colocar tercei-


ro para escolher

- Se uma das duas prestações não puder ser objeto de entrega de obri-
gação o débito subsistirá quanto à outra. Art. 253 Vai continuar de-
vendo o 2º objeto – Subsiste um débito sobre a outra – Numa obriga-
ção, se eu não puder entregar item 1 (pela perda, por ex.), deverei ain-
da sim entregar o item 2.
:
Escolha do devedor – se por culpa do devedor nenhuma puder ser
cumprida, ficará o devedor obrigado à que por última se impossibili-
tou mais perdas e danos. Art. 254 (fica obrigado a pagar o valor da
última que se impossibilitou mais perdas e danos). Tem que entregar
o Civic (janeiro), o Corolla (fevereiro) e o Cruze (março), quando for
entregar o cruze em março e ele se perde, ele então deverá pagar o
valor referente ao Corolla (que foi o último antes de se perder) mais
perdas e danos.

---Art. 254 e 255!!

Escolha do credor – Se uma das prestações se tornou impossível por


culpa do devedor, o credor pode exigir a prestação subsistente (ante-
rior) ou o valor da outra mais perdas e danos. Art. 251, 1ª parte.

- Se ambas se perdem (tornam-se impossíveis) por culpa do devedor,


o credor pode cobrar o valor da outra mais perdas e danos. Art. 255,
2ª parte.

- Se todas se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extingue-se


a obrigação. Art. 256.

Obrigações divisíveis/indivisíveis

- Obrigações simples/compostas Simples = 1 devedor, 1 credor e 1


prestação. Composta = mais de um credor ou mais de um devedor.

- A obrigação divisível é aquela que tem por objetivo uma prestação


suscetível de divisão. Tem uma obrigação ou as partes divisíveis entre
:
si.

Indivisibilidade:

-- natural = objeto da entrega não é passível de divisão. Ex: Vaca.

-- legal – a lei determina os objetos que são indivisíveis.

-- convencional – a parte determina que a coisa é indivisível. Ex: cole-


cionador só vende a coleção toda.

Obrigações indivisíveis

- Art. 258. A obrigação é indivisível quando (...) traz o conceito de


obrigação indivisível.

- É divisível quando cada devedor só deve a sua quota parte

Pluralidade de devedores (indivisível)

- Quando há dois ou mais devedores, cada um será obrigado pela dí-


vida toda.

- O devedor que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em


relação aos outros coobrigados. Art. 259. (o devedor que paga a dívi-
da toda substitui o credor – torna-se credor- dos outros coobrigados)

Pluralidade de credores
:
- Quando a pluralidade é de credores, o devedor só se desobriga
quando:

-> Paga a todos conjuntamente

-> Paga a um, dando este caução de ratificação (autorização dos ou-
tros credores para receber em nome deles)

- Se um dos credores receber a prestação por inteiro, os outros têm


direito em dinheiro à parte de cada um. Art. 261. Os outros tem direi-
to de cobrar sua parte em dinheiro daquele que recebeu sozinho.

Remissão da dívida por um dos credores

- Remissão é perdão O credor que remite é o credor que perdoa.

- Se um dos credores perdoar a dívida, a obrigação não se extingue


com relação aos demais, mas os demais só poderão exigir a dívida
descontada a quota parte do credor remitente. Art. 262. Quando há a
remissão de apenas um devedor, a obrigação não se extingue aos de-
mais, mais estes deverão exigir o desconto da quota parte do devedor
remitente.

Perda de indivisibilidade

- Quando a obrigação indivisível se converte em perdas e danos, ela


perde a qualidade de indivisível.

- Se houver culpa de todos, todos respondem. Art. 263.


:
- Se a culpa for só de um, só este responde pelas perdas e danos.

Das obrigações solidárias

- Existe a solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre mais


de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito à dívida
toda. Também entra o fiador e o avalista.

Características

- Pluralidade de sujeitos; Mais de um credor ou devedor

- Multiplicidade de vínculos;

- Unidade de prestação; prestações que podem ser cobradas de qual-


quer um.

- Corresponsabilidade dos interessados

Espécies de solidariedade

- Ativa ou de credores

- Passiva ou de devedores

- Recíproca

Art. 265 – A solidariedade decorre da lei ou da vontade das partes.


Não se presume, ou está na lei ou as partes convencionam no contra-
:
to.

Diferença entre solidariedade e indivisibilidade

Solidariedade

Indivisibilidade

- Cada devedor solidário pode ser compelido a pagar sozinho, a dívida


inteira, por ser devedor do todo.

- O devedor só deve a sua quota parte e pode ser compelido ao paga-


mento da totalidade porque é impossível fracioná-lo.

- Mesmo que a obrigação se converta em perdas e danos, continuará


solidária. A solidariedade decorre da lei ou da vontade das partes.

- Perde a qualidade de indivisível quando se converte em perdas e


danos.

- Caracteriza-se pelo caráter subjetivo. Recais sobre as pessoas.

- Tem caráter objetivo, pois a indivisibilidade da coisa.

- Reforça o direito do credor em parte como garantia, em parte como


satisfação do crédito.

- Destina-se a tornar-se possível a realização unitária da obrigação.


:
Toda vez que você tem que responder por uma situação que não é
sua, você está assumindo uma obrigação solidária.

Solidariedade ativa - Ativa porque é pelo do credor.

- É a relação jurídica entre credores de uma só obrigação e o devedor


comum, em virtude do qual cada um tem o direito de exigir deste o
cumprimento da prestação por inteiro.

Características

- Cada credor pode individualmente cobrar a dívida toda / o devedor


comum pode pagar a qualquer credor.

Falecimento de um dos credores solidários*

- Se um falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito de


exigir a quota que corresponder ao seu quinhão, hereditário, salvo se
a obrigação for indivisível (Refração no crédito – é a refração do qui-
nhão hereditário). Só não ocorre se:

-> Se o credor falecido só deixou um herdeiro

-> Se todos os herdeiros agem conjuntamente

-> Se indivisível a prestação. Art. 270.

Conversão da prestação em perdas e danos


:
No caso da solidariedade, se a prestação se converte em perdas e da-
nos, ela continua solidária.

- Subsiste para todos os efeitos a solidariedade

- O devedor não pode opor à um dos credores as exceções pessoais. –


qualquer oposição que você tenha à outra pessoa.

- O julgamento contrário à um dos credores não atinge os demais,


mas o favorável aproveita aos demais. O que for desfavorável não di-
vide. O que for favorável sim.

Extinção da obrigação solidária

- O pagamento feito a um dos credores extingue a dívida até o mon-


tante daquilo que foi pago. Art. 261 O valor já pago abate no montan-
te.

Direito de regresso

- O credor que tiver remetido a dívida ou recebido o pagamento res-


ponderá perante os outros. Art. 272. O credor que tiver perdoado a
dívida ou tiver recebido o pagamento por inteiro deverá dar satisfa-
ção aos demais.

Solidariedade passiva

Toda vez que uma pessoa é condenada com outra a pagar uma dívida,
esta obrigação é solidária. A passiva é do lado do devedor.
:
- Consiste na concorrência de dois ou mais devedores, cada um com o
dever de prestar a dívida toda.

Características

- O credor pode dirigir sua vontade contra qualquer um dos devedo-


res e pedir toda a prestação.

- O devedor escolhido, estando obrigado pessoalmente pela totalida-


de, não pode invocar o beneficium divisionis. Não pode invocar o be-
nefício da divisão, pois quando assume obrigação solidária sabe que
poderá assumir a dívida toda.

- Uma vez quitada toda a prestação, todos os outros se liberam.

Direito do credor

- O credor tem direito de exigir e receber de um ou de alguns dos de-


vedores, parcial ou totalmente a dívida.

- Se o pagamento for parcial, todos os demais continuam obrigados


pelo resto.

- Não implica em renúncia a propositiva de ação pelo credor contra


um ou alguns devedores. Mesmo cobrando de um devedor, não en-
tende-se a renúncia à solidariedade dos outros.

Chamamento ao processo
:
- O devedor demandado pela prestação integral pode chamar os ou-
tros para auxiliarem na defesa ou para uma eventual sentença conde-
natória. Art. 77 CPC. (Intervenção de terceiro)

Efeitos da morte de um dos devedores

- Se um dos devedores falece deixando herdeiros, eles só serão obri-


gados à quota parte de seu quinhão hereditário (só a parte do pai),
salvo se a obrigação for indivisível.

- OBS.: o herdeiro não responde por encargos superiores à força da


herança. Art. 1791. (os herdeiros só pagam até o limite da herança. O
que ficar faltando deixa de existir.)

- O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão não


aproveita aos demais, senão até à concorrência da quantia paga. Deve
ser descontada a quantia já paga ou a quota parte do remitido.

Cláusula, condição ou obrigação adicional

- Qualquer situação desta, estipulada entre um dos devedores e o cre-


dor, não altera a situação dos demais, sem o consentimento destes.

Renúncia da solidariedade

- Pode renunciar em favor de um, de alguns ou de todos.

-> Absoluta – todos ambas podem Tácita simplesmente concordou


:
-> Relativa – alguns ser: Expressa está escrito no contrato

|-> Os contemplados continuam devedores, porém cada um por sua


quota.

Renuncia a solidariedade, e não a dívida. (A dívida seria dividida no


momento da cobrança) – no caso, não fica cada um responsável pela
dívida toda, e sim cada um fica responsável pela sua parte.

Impossibilidade da prestação da obrigação solidária

- Quando a prestação se impossibilita por culpa dos devedores solidá-


rios, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente, mas pelas
perdas e danos só responde o culpado. Art. 279.

Responsabilidade pelos juros

- Todos os devedores respondem pelos juros da mora, mas o culpado


responde aos outros pela obrigação acrescida. Art. 280

Meio de defesa dos devedores

- Exceções pessoais são fundamentos pelos quais o demandado pode


repelir a pretensão do credor (por exemplo, prescrição/nulidade/ex-
tinção) que vai beneficiar apenas 1.

- Exceções comuns são aquelas que vão beneficiar todos os devedo-


res. Art. 281.
:
- O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir a
cada um dos coodevedores a sua quota.

- Há uma presunção de que as quotas são iguais. Art. 289.


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Direito de cobrar dos outros devedores por ter pago a dívida só.

- É uma hipótese de sub-rogação legal prevista no Art. 364, III.

- Ação regressiva – actio in REM verso

O devedor que paga a dívida toda e cobra dos outros devedores passa
a ficar no lugar do credor.

Insolvência de um dos devedores

- Se um dos devedores se tornar insolvente, a parte do insolvente será


rateada entre os demais. Art. 283

Insolvente é a pessoa que tem mais dívida que patrimônio, é procedi-


mento judicial, é a quebra da pessoa natural. Se um dos devedores
torna-se insolvente a parte deste será dividida entre os outros deve-
dores.

Obrigação propter REM/OB REM/MISTA/HÍBRIDA/AMBU-


LATÓRIA
:
- É a obrigação que recai sobre uma pessoa em função de uma coisa
acompanhada à coisa.

- É uma mistura de direito real e obrigacional Exs: obrigação impos-


ta ao condômino para as despesas de conservação da coisa. Art. 1315
(taxa condomínio)

- Art. 1335, III – não alterar fachada de edifício. Art. 1297.

Obrigação de meio

- É quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios


e técnicas para obtenção de determinado resultado, sem, no entanto,
responsabilizar-se por ele.

Obrigação de resultado

- É quando o devedor dela se exonera somente quando o fim prometi-


do é alcançado.

Obrigação de execução instantânea

- Consuma-se em um só ato.

Se realiza em um só ato. Compra e venda à vista.

Obrigação de execução deferida

- O cumprimento deve ser em um só ato, mas no futuro.


:
Obrigação de execução continuada

- É que se prolongam no tempo, prestações periódicas.

Elementos acidentais da obrigação*

- Consistem em estipulações acessórias que as tarefas podem faculta-


tivamente adicionar ao negócio para modificar alguma de suas con-
sequências naturais.

Condição

- É a cláusula acessória cujo efeito está subordinado a um evento fu-


turo e incerto.

Termo

- É a cláusula acessória que as partes subordinam os efeitos do negó-


cio jurídico a um evento futuro e certo.

Obrigações modais ou com encargo

- É a cláusula acessória que impõe um ônus ao beneficiário de deter-


minada relação jurídica.

- São lícitas em geral todas as condições não contrárias à lei, à ordem


pública ou aos bons costumes. Art. 122.

Obrigações líquidas/ilíquidas*
:
Líquida – é a obrigação certa quanto à sua existência e determinada
quanto ao seu objeto.

Ilíquida – é a obrigação que depende de apuração prévia, pois o valor


ou o montante apresenta-se incerto.

Espécies de liquidação

Apresentação de memória discriminada de cláusula – Art. 475-A do


CPC. Sempre que o débito depender de simples cálculo aritmético, o
credor instituirá o pedido com memória discriminada e atualizada do
cálculo.

Por arbitramento – Art. 475-C do CPC. É aquela realizada por meio


de um perito nomeado pelo juiz.

Por artigos – Art. 475-E do CPC. É aquela que ocorre quando há ne-
cessidade de alegar e provar fato novo para apurar o valor da conde-
nação.

Transmissão das obrigações

Cessão de crédito

- É o negócio jurídico bilateral pelo qual o credor transfere a outrem


seus direitos na obrigação.

- Pode ser onerosa/gratuita


:
Partes:

• Cedente: o credor que transfere seus direitos

• Cessionário: É o terceiro a quem o credor transfere sua posição na


relação obrigacional. Independe da anuência do devedor.

• Cedido: É o devedor. Deve ser comunicado da cessão.

Obrigações que não podem ser cedidas

- Pela sua natureza – relações jurídicas de caráter personalíssimo e as


de direito de família.

- Em virtude de lei – direito de preempção ou preferência (Art. 520).


Benefício da jurisdição gratuita (Lei 1.060/50) indenização derivada
de acidente do trabalho.

- Por convenção das partes

Espécies de cessão de crédito

- Convencional / legal (obrigação solidária/fiança) / Judicial: Total


ou parcial

Pro soluto: O cedente apenas garante a existência do crédito sem


responder pela solvência do cedido.

Pro solvendo: O cedente garante a existência do crédito e responde


:
pela solvência do crédito.

- A cessão para valer contra terceiros deve:

Art. 288: É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um cré-


dito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumen-
to particular revestido das solenidades do § 1º do art. 654.

Art. 654: Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração me-
diante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatu-
ra do outorgante.

§ 1º - O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde


foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o
objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes confe-
ridos.

§ 2º - O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a


procuração traga a firma reconhecida.

Notificação do devedor

- A cessão de crédito só terá eficácia com relação ao devedor quando a


este for notificada. Art. 290. A notificação pode ser judicial/extrajudi-
cial – Expressa/tácita.

- A citação inicial em ação de cobrança equivale à notificação. Alguns


créditos dispensam notificação: títulos ao portador / ações nominati-
vas / títulos transferíveis por endosso.
:
Responsabilidade do cedente

- A responsabilidade do cedente na lei é pro soluto, como regra geral,


mas as partes podem convencionar o contrário e assumir a responsa-
bilidade pro solvendo. Art. 296.

- O crédito penhorado (Penhora – ato de constrição judicial) pode ser


cedido. Art. 298.

Assunção de dívida

- Não existia no CC/1916. É um negócio jurídico bilateral pelo qual o


devedor, com anuência expressa do credor, transfere a terceiro a dívi-
da responsabilizando-se por ela.

Ex.: Venda de fundo de comércio

Cessão de financiamento de casa própria.

- Art. 299: É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor,


com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o deve-
dor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e
o credor o ignorava.

Parágrafo único: Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor


para que consinta na assunção de dívida, interpretando-se seu silên-
cio como recusa.

Ex.2.: Cessão de crédito:


:
FAPAM – cedente

Santander – cessionário

“Tadinho do aluno” – cedido

Características da assunção de dívida

- Concordância expressa do credor – Art. 259 1ª parte

- Hipótese excepcional do consentimento tácito – Art. 303

Espécies de assunção de dívida

- Expromissão: É a assunção de dívida sem a concordância do deve-


dor. Sem a participação do devedor primitivo/quando ele não permi-
te.

- Liberatória: quando o devedor primitivo fica exonerado da dívida.

- Cumulativa: Quando o novo devedor passar a responder pelo débito


juntamente com o devedor primitivo.

- Detegação: é a assunção de dívida com a concordância do devedor.


Devedor primitivo concorda. Ex: pai assume dívida de filho.

Efeitos da assunção de dívida

- Substituição do devedor na relação obrigacional. Não pode opor às


:
exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.

- Extinção das garantias especiais. As garantias fiança/aval são extin-


tas com o novo devedor, salvo se houver concordância expressa dos
terceiros.

- Anulação da substituição do devedor – se a substituição do novo


devedor vier a (autorização) ser anulada, restaura-se o débito com
todas as garantias, salvo aquelas prestadas por terceiros.

Cessão de contrato

- O Código Civil não regulamentou.

- O contrato como bem jurídico possui valor material e integra o pa-


trimônio dos contratantes.

- A cessão de contrato pode ser liberatória ou não.

(cessão de crédito + assunção de dívida)

Do adimplemento e extinção das obrigações

- A extinção da obrigação dá-se, em regra, pelo seu cumprimento, que


o Código Civil denomina de pagamento (Solutio).

- Pagamento é qualquer espécie de cumprimento da obrigação. É a


realização voluntária da prestação.
:
Princípios aplicáveis ao cumprimento

- Princípio da boa-fé: exige que as partes se comportem de forma cor-


reta não só durante as tratativas como na formação do contrato. É
regra de comportamento. Art. 422/113 do CC.

- Princípio da pontualidade: A prestação deve ser cumprida no tem-


po, lugar e da forma que foi convencionado.

- Espécies de pagamento:

Direto / indireto / voluntário / de execução forçada

Requisitos do pagamento

- A existência de um vínculo obrigacional

- A intenção de solvê-lo (Animus Solvendi)

- O cumprimento da prestação

- A pessoa que efetua o pagamento (solvers)

- A pessoa que recebe (accipiens)

De quem deve pagar

- Pagamento efetuado por terceiro interessado: é a pessoa que possui


interesse jurídico (fiador/avalista devedor solidário)
:
- O terceiro interessado que paga a dívida sub-roga-se nos direitos do
credor com todas as garantias e privilégios. Art. 346, III.

- Obrigação intuitu personae – somente ele (devedor) pode cumprir a


prestação. O credor não é obrigado a receber de outrem a prestação
imposta somente a ele. Art. 247 / Art. 304.

Pagamento efetuado por terceiro não interessado

- Neste caso o terceiro tem outro interesse, mas não o jurídico.

- O terceiro não interessado que paga a dívida em seu próprio nome


tem direito a reembolso, mas não sub-roga.

- O devedor pode se opor ao pagamento feito por terceiro não interes-


sado.

Ação in REM verso. Art. 305.

- O terceiro não interessado que paga em nome e à custa o devedor


pratica uma liberalidade (doação) não tem direito a reembolso.

- O pagamento que importe transmissão de propriedade só pode ser


feito por pessoa que possa alienar.

Daquela a quem se deve pagar

- O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem o represente.


:
- O credor pode ser:

Herdeiro/legatário

Cessionário/sub-rogado

Pagamento efetuado ao representante do credor

- Legal – pais tutores/curadores

- Judicial – inventariante, administrador, judicial da falência

- Convencional – É o que recebe mandato outorgado pelo credor com


poderes especiais para dar quitação.

Validade do pagamento efetuado a terceiro que não o cre-


dor

- Art. 308

Se for ratificado pelo credor

Se o pagamento se reverter em seu proveito

Pagamento efetuado ao credor putativo

- Credor putativo é aquele que parece o credor mas não necessaria-


mente o é.
:
- O pagamento feito ao credor putativo, se for feito de boa-fé, será
válido.

- Mas o erro deve ser escusável. (desculpável)

Pagamento ao credor incapaz

- O pagamento feito ao credor absolutamente incapaz é nulo e o paga-


mento feito ao relativamente incapaz pode ser confirmado. Art. 172.

- O pagamento só será válido se o devedor mostrar que o pagamento


se reverteu em favor dele. Art. 310.

Pagamento efetuado ao credor cujo crédito foi penhorado

- O devedor será notificado da penhora e deverá pagar em juízo.

- Se mesmo assim o devedor pagar ao credor, esse pagamento não


valerá contra o exeqüente ou embargante, que podem exigir novo pa-
gamento.

Do objeto do pagamento

- O objeto do pagamento é o conteúdo da prestação. Ver Art.


313/314.

Pagamento em dinheiro e o princípio do nominalismo

Dívida de dinheiro: é a apresentada pela moeda em valor nominal.


:
Dívida de valor: O dinheiro não constitui o objeto da prestação, mas
representa o seu valor.

Moeda de curso legal: É a moeda admitida como pagamento.


CC/1916.

Moeda de curso forçado: É a única admitida no país. Dec. 23.501/33.


Dec. Lei 857/69.

Princípio do nominalismo: o valor nominal da moeda é o valor que o


Estado lhe atribuiu.

A cláusula de escala móvel

- Permite a atualização monetária através dos índices.

Da prova do pagamento

- O pagamento não se presume, salvo nos casos expressos em lei.

- Quitação é a declaração unilateral escrita emitida pelo credor (Reci-


bo)

Requisitos da quitação

- Art. 320.

- Verbas expressamente mencionadas.


:
As presunções de pagamento

- Quando a dívida é representada por título de crédito e este se en-


contra na posse do devedor. Art. 324.

- Pagamento feito em cotas sucessivas presume-se a quitação na últi-


ma. Art. 322.

- Quitação do capital. Art. 323.

Do lugar do pagamento

- O pagamento deve ser efetuado no domicílio do devedor salvo se as


partes convencionarem de forma contrária, resultar da lei, da nature-
za ou das circunstâncias.

- A regra geral é que o pagamento é qurable (quesível).

- Quando se estipular o local do pagamento no domicílio do credor,


diz que a dívida é portable. (portável).

Do tempo do pagamento

- As obrigações puras com data de pagamento – regra do dies inter-


pellat pro homine. Não há necessidade de notificação ou interpela-
ção.

- Nas obrigações condicionais – Art. 332.


:
- Obrigações que podem ser cumpridas antes do vencimento:

Falência

Bens hipotecados ou penhorados

Se as garantias se tornarem insuficientes.

Princípio da satisfação imediata – Se não se ajustou época para


o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente. Art. 331.

Pagamentos especiais ou indiretos

Pagamento em consignação

- Consiste no depósito, pelo devedor, da coisa devida, com o objetivo


de liberar-se da obrigação.

- O sujeito passivo tem não apenas o dever de pagar, mas também o


direito de pagar.

- Podem ser bens móveis ou imóveis e só pode ocorrer em obrigações


de dar (entregar / restituir)

Fatos que autorizam a consignação

- Se o credor não puder, ou sem justa causa, recusar receber o paga-


mento ou dar a quitação da forma devida.
:
- Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e
condição.

- Se o credor for incapaz/desconhecido/ausente ou residir em lugar


de difícil acesso ou perigoso.

- Quando ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber.

- Se pender litígio sobre a coisa.

Validade do pagamento

- Agente capaz

- Integralidade do depósito, com correção monetária.

Procedimento

- Art. 890 do CPC

- Ação de consignação em pagamento

- Procedimento especial de jurisdição contenciosa. Livro IV.

Do pagamento da sub-rogação

- Sub-rogação pessoal: É a substituição da pessoa que paga no lugar


do devedor
:
- Sub-rogação real: É a substituição de uma coisa por outra na relação
jurídica.

- Sub-rogação legal: É a que decorre da lei e se opera de pleno direito


(fiador/avalista)

- Sub-rogação convencional: É a que deriva da vontade das partes e


deve ser expressa.

Hipóteses de sub-rogação legal

- Na sub-rogação legal a lei determina a substituição que ocorre de


pleno direito. Basta a realização do ato. Hipóteses. Art. 346 do CC.

Hipóteses de sub-rogação convencional

- Art. 347.

Efeitos da sub-rogação

- Liberatório = exonera o devedor ante o credor originário

- Translativo = transmite ao terceiro que satisfez o crédito todos os


acessórios, ônus e encargos.

Sub-rogação parcial = o crédito fica dividido entre o credor originário


e devedor atual. Art. 351.

Da imputação do pagamento*
:
- Consiste na indicação ou determinação da dívida a ser quitada
quando uma pessoa se encontra obrigada, por dois ou mais débitos,
da mesma natureza, a um só credor e efetua o pagamento não sufici-
ente para saldar todas elas. Art. 352.

Requisitos

- Pluralidade de débitos

- Identidade de partes

- Igual natureza das dívidas

- Possibilidade de o pagamento resgatar mais de um débito.

Espécies

Por indicação do devedor – Art. 352.

Por vontade do credor – Art. 353.

Imputação em virtude da lei

- Quando o devedor não indicar ou a quitação for omissa.

capitação e juros = imputa se os juros

dívidas vencidas e vincendas – a imputação far-se-á nas vencidas


:
Líquidas/ilíquidas – imputa-se nas primeiras de acordo com o venci-
mento

Se todas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a mais Onerosa

Dação em pagamento

- É um acordo de vontades entre credor e devedor, por meio do qual o


primeiro concorda em receber do segundo prestação diversa da
que lhe é devida para exonerá-lo da obrigação.

- O credor não é obrigado a receber coisa diversa ainda que mais vali-
osa. Art. 313.

Elemento

- Existência de uma dívida ou obrigação.

- Animus solvendi

- Concordância do credor, verbal ou escrita, tácita ou expressa.

- Não se exige coincidência entre o valor da coisa recebida e o quan-


tum da dívida. Pode o credor receber objeto de valor inferior ou supe-
rior.

- É uma forma indireta de pagamento

- Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre


:
as partes regular-se-ão pelo contrato de compra e venda.

Da novação

- É a criação de obrigação nova para extinguir uma anterior. É a subs-


tituição de uma dívida por outra, extinguiu-se a primeira.

Duplo conteúdo: um extintivo referente à obrigação antiga e outra


gerador, relativo à obrigação nova.

Requisitos

- Existência de obrigação anterior (obligatio novanda)

- A constituição de nova obrigação (aliquid novi)

- Animus novandi (intenção de novar)

- Não podem ser objeto de novação as obrigações nulas ou extintas.


Art. 367

- Obrigações naturais – Doutrina diverge

- Dívida prescrita (???)

Espécies de novação

Objetiva: altera-se o objeto da prestação.


:
- alteração no objeto principal da obrigação

- alteração na sua natureza (obrigação de dar-> obrigação de fazer)

- alteração na causa jurídica (adquirente-> mutuário)

Novação subjetiva

- Por substituição do devedor

- expromissão (independente do consentimento do devedor)

- delegação (por ordem ou consentimento do devedor)

Novação subjetiva por substituição do credor: altera a pessoa do cre-


dor.

Novação mista

- altera-se o objeto da prestação e as pessoas.

* O que é a novação cumulativa?

Efeito

- Extinção da obrigação primitiva que é substituída por outra.

Novo devedor insolvente


:
- Corre por conta e risco de credor, a não ser que ocorra má-fé.

Exoneração do fiador

- Art. 366.

Compensação

- É o meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mes-


mo tempo, credor e devedor uma da outra. Art. 368.

- Pode ser total/parcial.

Compensação legal

- Baseada nos pressupostos legais. Opera-se ipsu iure – de pleno di-


reito.

Requisitos da compensação legal

- Reciprocidade dos créditos.

- Liquidez das dívidas. Art. 369

- Exigibilidade das prestações.

- Fungibilidade dos débitos (homogeneidade das prestações devidas)

Compensação convencional
:
- É a que resulta do acordo de vontades. Não há necessidade de que
as dívidas sejam de mesma natureza.

Compensação judicial

- É a determinada pelo juiz no curso de uma ação judicial.

Dívidas não compensáveis

- Convencional

- Se provier de esbulho, furto e roubo. Art. 373, I.

- Decorrente de contrato de comodato e mútuo.

- As dívidas alimentares não podem ser compensadas.

- As coisas insuscetíveis de penhora.

Da confusão

- A confusão ocorre quando o credor e devedor se tornam a mesma


pessoa. Art. 381.

- Pode ser total/parcial

- A confusão extingue a obrigação principal e todos os acessórios e


garantias.
:
- Cessando a confusão, restabelecidas serão todas as garantias.

Remissão

- É a liberalidade praticada pelo credor em exonerar o devedor do


cumprimento da obrigação. É o perdão da dívida.

Requisitos

- Capacidade do credor de alienar e adquirir

- Aceitação tácita ou expressa do devedor – Pode haver perdão de di-


reitos patrimoniais/disponíveis

- Pode ser total/parcial/tácita/expressa.

Presunções legais

- Entrega voluntária do título. Art. 386.

- Entrega do objeto empenhado. Art. 387.

Remissão na solidariedade passiva

- O credor só pode exigir dos demais coodevedores o restante do cré-


dito deduzida a quota do remetido. Art. 277.

Inadimplemento das obrigações


:
- Pacta sunt servanda – o contrato é lei entre as partes.

- A vontade obriga o contratante.

- Revisão de contratos.

- Revolução Francesa Igualdade/Liberdade/Fraternidade

- De ato culposo – culpa lato sensu

culpa stricto sensu (negligência/imperícia/imprudência)

- Dolo

- De fato a ele não imputável – caso fortuito ou força maior. Art. 393.

Espécies de inadimplemento

- Absoluto – total

- parcial

- Relativo – cumprimento imperfeito

Violação positiva

Inadimplemento absoluto

- Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos


:
mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais. Art. 389.

- No inadimplemento absoluto, a obrigação não será mais útil ao cre-


dor.

- O Art. 389 é fundamento legal da responsabilidade civil contratual.

- A responsabilidade civil extra-contratual decorre do Art. 186.

Perdas e danos

- Dano emergente + lucro cessante – função de recompor a situação


patrimonial da parte lesada pelo inadimplemento contratual. Art.
402.

Responsabilidade patrimonial

- A responsabilidade civil é patrimonial. Pelo inadimplemento das


obrigações respondem todos os bens do devedor. Art. 391. *Cuidado!!

Execução forçada: penhora – Ato de constrição judicial.

Contratos benefícios

- São aqueles em que apenas um dos contratantes aufere benefício ou


vantagens. A quem o contrato não beneficia responde por dolo.

- E quem o contrato beneficia responde por culpa. Art. 392.


:
- Nos contratos onerosos ambos respondem por culpa ou dolo.

Inadimplemento fortuito da obrigação

- Esta hipótese decorre de uma causa que não pode ser imputada ao
devedor.

Por terceiro

Por credor

Pelo caso fortuito ou força maior

- Caso fortuito ou força maior são excludentes de responsabilidade


civil contratual ou extracontratual.

- Rompem o nexo de causalidade.

Caso fortuito: Fato ou ato alheio à vontade das partes, ligado ao


comportamento humano.

Força maior: Acontecimentos externos ligados a fenômenos natu-


rais.

- É lícito as partes convencionar que a indenização será devida ainda


que seja decorrente de caso fortuito ou força maior. Art. 393.

Da mora
:
- Mora é o retardamento ou o imperfeito cumprimento da obrigação.
Art. 394.

- Diz-se que ocorre a mora quando a obrigação não foi cumprida no


tempo e forma convencionados, mas ainda poderá ser aproveitada
pelo credor.

Espécies de mora

- Do devedor – mora solvendi ou debitoris

- Do credor – mora accipiendi ou creditoris

Mora do devedor

- Configura-se a mora do devedor quando se dá o descumprimento ou


o cumprimento imperfeito da obrigação.

- Pode ser de duas hipóteses:

Mora ex re: O devedor nela incorre automaticamente sem necessida-


de de qualquer ação por parte do credor.

Ocorre em três hipóteses:

• Quando a prestação deve realizar-se em um termo prefixado e se


trata de dívida portável. Dies interpellat pro homine. Art. 397 ipsu
iure;
:
• Nos débitos derivados de ilícito extra-contratual, a mora começa no
exato momento do ato. Art. 398;

• Quando o devedor houver declarado por escrito que não pretende


cumprir a prestação.

Mora ex persona: Quando não há termo ou data a mora se constitui


mediante interpelação judicial ou extrajudicial.

Pressupostos da mora solvendi (devedor)

- Exigibilidade da prestação – dívida líquida e certa

- Inexecução culposa – por fato imputável é essencial que haja culpa


do devedor.

Efeitos

- Responsabilização por todos os prejuízos causados ao devedor. Art.


395.

Juros/correção/cláusula penal.

- Se estiver em atraso responde até por caso fortuito e força maior


salvo se provar isenção de culpa. Art. 399.

Mora do credor

- Configura-se quando o credor se recusa a receber o pagamento no


:
tempo e lugar indicados no título.

- Falta de cooperação.

Requisitos

- Vencimento da obrigação, pois antes do vencimento não é exigível.

- Oferta da prestação e recusa injustificada.

Mora de ambos os contratantes

(atraso, cumprimento imperfeito)

- Quando há a mora de ambos os contratantes, uma elimina a outra


pela compensação. (Devem ser parecidas)

Moras sucessivas

- Permanecem os efeitos pretéritos de cada uma e cada um responde-


rá pelos ocorridos nos períodos em que a mora foi sua. (cada um res-
ponde pela sua mora)

Purgação da mora

(neutralizar a mora)

- Purgar ou emendar a mora é neutralizar os seus efeitos, sanar a sua


falta adimplando a obrigação.
:
- A purgação só pode ser feita se a prestação ainda for proveitosa ao
credor.

Purgação da mora do devedor

- Concretiza-se mediante a oferta da prestação atrasada mais os pre-


juízos decorrentes até o dia da oferta.

Purgação da mora do credor

- Purga-se a mora oferecendo-se este a receber o pagamento sujeitan-


do-se aos efeitos da mora até a mesma data. Deve-se ressarcir as des-
pesas gastas na conservação da coisa.

- A purgação da mora pode ocorrer a qualquer tempo. (??)

Dos juros legais

- Juros são os rendimentos do capital; são considerados frutos civis.

Espécies de juros

Juros compensatórios: também chamados de remuneratórios. São os


devidos como compensação pela utilização de capital pertencente a
outrem. (Dinheiro emprestado)

Juros moratórios: São os incidentes em casos de retardamento na sua


restituição.
:
Juros convencionados: São os ajustados pelas partes de comum acor-
do.

Juros legais: São os previstos ou impostos pela lei.

Juros simples: São sempre calculados sobre o capital.

Juros compostos: São os juros sobre juros. Lei de usura. Decreto nº


22.626/33 o anatocismo

Código Civil – 1% ao mês

Código de Defesa do Consumidor – 1% ao mês

Código Tributário Nacional

Decreto nº 22.626/33

Conselho Monetário Nacional (CMN)

Taxa SELIC (juros de mercado) – Sistema Especial de Liquidação e


de Custódia. Lei nº 9.259/95

Lei nº 4.595/64

- A abusividade só pode ser declarada caso a caso e haja divergência


da média do mercado.

Da cláusula penal
:
- É uma obrigação acessória (o contrato estipulado é o principal) pela
qual se estipula pena ou multa destinada a evitar o inadimplemento
principal ou o retardamento de seu cumprimento. Pode ser estipula-
do no momento que é assinado o contrato.

- Pena convencional/multa contratual

- Pode ser estipulada juntamente com a obrigação principal (no mo-


mento da assinatura) ou em ato posterior sob forma de adendo. – de-
pois.

- Pode ser fixada em dinheiro ou outra forma de prestação.

Funções

- Meio de coerção (intimidação a cumprir a obrigação/contrato) para


compelir o devedor a obrigação como prefixação das perdas e danos
já estipulados (ressarcimento) devidos em razão do inadimplemento.

Valor da cláusula penal

- A simples alegação de que a cláusula penal é elevada não autoriza o


juiz a reduzi-la:

O limite da cláusula penal é o valor da obrigação principal. Art. 412.

Algumas a lei as limitam – Dec. 58/37/Lei de usura/CDC Se perceber


que a cláusula penal é excessiva, pode-se ajuizar uma ação. Vida prá-
tica: o judiciário tem percebido que é injusto o pagamento total.
:
- Redução equitativa da penalidade – se a obrigação principal tiver
sido cumprida em parte, o juiz pode reduzi-la ou se for manifesta-
mente excessiva. (A depender de cada caso concreto) Ex: Financia-
mento de casa: 60-já pagou 48. O que pode é cobrar taxas adminis-
trativas – 10% a 20%.

Cláusula penal – adimplemento substancial: 68 parcelas pagas de


70; 54/60; 48/50: ao invés de pedir as parcelas, pede o imóvel.

Espécies

Cláusula penal compensatória: É estipulada para a hipótese de ina-


dimplemento da obrigação. Art. 410.

• Na compensatória (pelo inadimplemento), o credor pode:

• Pleitear a pena compensatória (pelo inadimplemento)

• Postular ressarcimento das perdas e danos (ônus da prova). Tem


que provar

• Exigir o cumprimento da prestação.

Cláusula penal moratória: Pelo atraso. Destinada a assegurar o cum-


primento de outra cláusula destinada a evitar o retardamento. Art.
411.

• Na moratória (pelo atraso), o credor pode cobrá-la cumulativa-


mente com a prestação não satisfeita.
:
Das arras (valor que você paga para começo de contrato.
“entrada”) ou sinal (sinal de que você não vai desistir. Evi-
tar a desistência)

- É a quantia ou casa entregue por um dos contraentes do outro como


confirmação do acordo de vontade e princípio de pagamento.

- Natureza jurídica de cláusula acessória. A cláusula acessória é aque-


la que acompanha o contrato. Se a cláusula principal (contrato) for
anulada, anula-se cláusula acessória, mas, se anulada a acessória, não
necessariamente anula-se a principal.

- Tem natureza real pois se aperfeiçoam com a entrega do dinheiro ou


da coisa.

Espécies

Confirmatória: função de confirmar o contrato que se torna obrigató-


rio. (Pacta sunt servanda).

Penitenciais: Direito de arrependimento. Atuam como pena conven-


cional, sanção. Art. 420.

- Perda do sinal ou a sua restituição em dobro. Art. 420.

Função:

Confirmar o contrato
:
Fixação de perdas e danos

Começo de pagamento

RESPONSABILIDADE CIVIL

- Lei de Talião – olho por olho, dente por dente (corporal) – Código
de Hamurabi (Antes de Roma)

- Lex Poetelia Papira – estipulou a responsabilidade patrimonial.


(Passou de corporal patrimonial)

- Lex Aquilia de Damno – surge a ideia de culpa.

- Neminen Laedere – não lesar ninguém. Todos têm dever legal de


não lesar ninguém.

Fonte das obrigações

- O contrato, que gera obrigação.

- A declaração unilateral de vontade (testamento/mandato...) – gera


obrigação para a pessoa.

- Ato ilícito ≠ ilicitude criminal – surge obrigação de indenizar (stato


quo ante)

Aquele que, por ação ou omissão (conduta) voluntária (quando não


há conduta voluntária, não responde), negligência ou imprudência e
:
imperícia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusiva-
mente moral comete ato ilícito. Art. 186. O abuso do direito também
configura ato ilícito.

- Ato ilícito é fonte de obrigação. – indenizar – stato quo ante.

- Também comete ato ilícito o titular de um direito que, o exercê-lo,


excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico
ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Não constituem ilícito:

- Os atos praticados em legítima defesa/exercício regular do direito


(mesmo que não ganhe) (ação de cobrança).

- Destruição da coisa alheia ou lesão a pessoa a fim de remover perigo


iminente.

Responsabilidade contratual

- O inadimplemento contratual decorre da quebra da obrigação/con-


trato e acarreta responsabilidade de indenizar as perdas e danos. Art.
389.

Responsabilidade extracontratual – sem que haja responsa-


bilidade civil das partes – discute a culpa

- Neminen Laedere (ninguém pode lesar ninguém) – Responsabilida-


de Aquiliana. Art. 186/187/927.
:
- Deve provar a culpa Lato Sensu.

Responsabilidade subjetiva (Regra geral - C.C) Decorre do


sujeito. Depende da atitude do sujeito.

- Teoria Clássica – sem culpa não há responsabilidade e, portanto,


não há o dever de reparar. Deve se provar a culpa Lato Sensu.

Responsabilidade objetiva (evolução) – Regra geral - CDC

- Não se exige a prova da culpa. Teoria do risco criado/proveito.

Essa é a diferença em relação à subjetiva.

Basta mostrar em dano com nexo de causalidade.

Pressupostos da responsabilidade civil

Requisitos que as partes deverão provar para as partes requererem


responsabilidade de outra pessoa.

- Ato de vontade:

- Ação ou omissão – conduta. Para se responsabilizar alguém é neces-


sário ter conduta.

- Culpa (Stricto sensu) ou dolo (Lato sensu) do agente.

- Relação de causalidade (nexo causal) – liame/ligação entre a condu-


:
ta da pessoa e o dano.

- Dano – prejuízo que a parte teve com determinada situação.

Conduta – ação ou omissão

- A conduta (ato do ser humano) pode ser comissiva (positiva – prati-


car o ato) ou omissiva (negativa – deixou de praticar o ato)

- Pode derivar de ato próprio. A própria pessoa pratica.

- De ato de terceiro que esteja sob sua guarda. Art. 932 (menor inca-
paz...)

- Ou de coisas (vaso na janela) ou animais. 936/937 (cão que ataca


uma pessoa – esta demanda o dono.

- Na omissão é necessário que exista o dever jurídico de não se omitir.

Pode ser imposto por lei (omissão de socorro) – profissões

Convenção das partes. (Contrato)

Criação de situação de perigo. (Cria situação de perigo e se omite. Ex:


aluno de medicina afogado)

Culpa ou dolo

- Dolo e a violação deliberada, internacional, do dever jurídico.


:
- A culpa consiste na falta de deligência (cuidado) que se exige do ho-
mem médio.

- A culpa Envolve a negligência/imprudência/imperícia.

- O CC estabelece responsabilidade subjetiva (geral) sem culpa. Art.


927, Parágrafo único. – Responsabilidade objetiva.

Teoria subjetiva da culpa

- Culpa Lata ou Grave – se avizinha do dolo (dolo eventual – assume


o risco embora não querer o resultado)

- Culpa Leve – falta evitável com atenção ordinária.

- Culpa Levíssima – falta só evitável com atenção extraordinária.

In eligendo – decorre da má escolha do representante, preposto. –


Súmula 341 STF (se empregado causa dano, responde patrão)

In vigilando – decorre da ausência de fiscalização.

In comittendo – decorre do ato positivo. Da ação que a pessoa prati-


ca.

In omittendo – decorre da omissão que a pessoa pratica.

In custo diendo – decorre da falta de cuidados na guarda de um ani-


mal ou objeto. Súmula 492 STF
:
Relação de causalidade

- É a ligação entre a conduta (ação ou omissão) e o dano causado à


pessoa. Sem ele não existe obrigação de indenizar. Teoria da causali-
dade. Investiga o causador imediato – responsável. Observa também
o in eligendo.

- As excludentes da responsabilidade rompem o nexo causal. (causa o


dano mas não gera o dever de indenizar)

Dano – requisito mais complexo

- É o prejuízo sofrido pela vítima. Pode ser patrimonial (material) ou


extrapatrimonial (moral). Súmula 387 do STJ. Não tem critério obje-
tivo na fixação de dano moral.

- Súmula 403 do STJ .

- A inexistência de dano torna sem objeto a pretensão de reparar.

Atos não considerados ilícitos (excludentes de responsabili-


dade civil)

Legítima defesa: Art. 188, I.

- Se o fato foi praticado pelo próprio agressor em legítima defesa, o


agente não pode ser responsabilizado. Não há dever de indenizar.

- Se por erro, outra pessoa for atingida, o agente deve reparar o dano,
:
mas terá ação regressiva contra o agressor. A Legítima Defesa deve
ser praticada somente contra o agressor.

- O excesso na L.D. gera dever de indenizar.

Exercício Regular de Direito: Direito subjetivo (dentro do que a lei


permite)

- Se a pessoa exerce seu direito dentro do que a lei lhe permite.

- Art. 187 – Abuso de direito. (!!)

Estado de necessidade:

- É a necessidade de destruição ou deterioração de coisa alheia ou le-


são à pessoa a fim de remover perigo eminente. (Se causa dano a ter-
ceiro que não tem nada a ver com a história, então pode ter de repa-
rar o dano, mas pode ajuizar:)

- Ação regressiva contra o verdadeiro causador do dano.

Consentimento do ofendido: – Francisco Amaral

Tira o dever de indenizar (geralmente danos patrimoniais e direitos


disponíveis), mas não pode ser direito indisponível, mesmo que a
pessoa peça.

- Cuidado, pois alguns direitos são indisponíveis.*


:
Caso fortuito ou força maior:

- Doutrina diverge. Com relação à isenção de indenização por danos


causados por caso fortuito ou força maior dependerá de cada situação
concreta.

Do abuso do direito decorre do:

Princípio da boa-fé objetiva

- É um princípio basilar (base) do direito privado (Civil, CDC, Traba-


lho, Empresas...), previsto em alguns dispositivos do CC, Art. 113, Art.
422 e do CDC, Art. 4º,III. (boa-fé objetiva) Negócios, costumes, boa-
fé e análise de contrato.

- O princípio da boa-fé objetiva implica a exigência nas relações jurí-


dicas do respeito e da lealdade com o outro sujeito da relação, impon-
do um dever de correção e fidelidade (traz critérios para que as pes-
soas que não agiram com boa-fé possa corrigi-las), assim como o res-
peito às expectativas (fidelidade) legítimas geradas no outro.

Funções da boa-fé objetiva: 3 funções principais:

- Fonte autônoma de deveres jurídicos (deveres anexos):

• Cuidado

• Segurança
:
• Informação

• Cooperação

• Etc.

Deveres anexos: o juiz pode julgar através da boa-fé objetiva mesmo


que não tenha dispositivo para isso.

- Cláusula Geral/aberta

- Ativismo judicial (usurpação do poder legislativo) – o juiz decide


fora do que a lei regulamenta, de acordo com o princípio da boa-fé.
Casos em que o judiciário legisla.

Problema: falta de controle

Vantagem: preenche lacunas.

- Limite ao exercício de direitos subjetivos – direitos previstos em lei


– a boa-fé vai ser limite dessas situações

- Critério de interpretação e integração dos negócios jurídicos e do


próprio direito.

Teoria do abuso do direito

- O Leading Case – 1912 (caso chave) – Caso Clement Bayand, julga-


do pela Corte de Amiens.
:
Situação em que a pessoa age simplesmente para prejudicar a ou-
trem.

- Art. 187 do CC.

- Construído pela doutrina e jurisprudência tendo como base os atos


emulativos.

- Enunciado 37.

- A responsabilidade no abuso do direito independe de culpa (não im-


porta se que prejudicar ou não, basta prejudicar). Art. 187. (A pessoa
que abusa do direito fere o princípio da boa-fé).

- Alguns entendem que o Princípio é cláusula geral e matéria de or-


dem pública, portanto, pode ser conhecido ex-offício pelo juiz.

- Pode se dar em conduta comissiva (positiva) ou omissiva (negativa).

Modalidades específicas de atos abusivos

A proibição de comportamento contraditório (Venire con-


tra factum proprium)

A pessoa é proibida de ter comportamento contraditório.

- Obsta que alguém possa contradizer o seu próprio comportamento


após ter produzido em outra pessoa, uma determinada expectativa
(vedação de incoerência).
:
Elementos essenciais

- Uma conduta inicial; positiva (Boa-fé) “dentro da lei”, e, logo depois


tem um comportamento contraditório.

- A legítima confiança despertada por conta dessa conduta inicial;

- Um comportamento contraditório em relação à conduta inicial;

- Um prejuízo concreto ou potencial decorrente da contradição.

Enunciado 362: “A vedação do comportamento contraditório (venire


contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal
como extrai dos Art. 187 e 422 do CC.”

O Tu quoque – surpreende a outra pessoa com comporta-


mento inesperado.

- Tu quoque, brutos, Tu quoque fili mili. – É a indagação que se atri-


bui a Júlio César, em 44 a.C., ao reconhecer Marco Junio Brutos.

- O Tu quoque refere-se à aplicação de critérios valorativos distintos


para reger situações jurídicas substancialmente distintas.

- Seria quando alguém viola uma determinada norma jurídica e, pos-


teriormente, tenta tirar proveito da situação com o fito de se benefici-
ar. Conduta inicial negativa.

- Exemplo de Tu quoque: exceptio non adimplenti contractus (exce-


:
ção do contrato não cumprido) Pessoa não cumpre contrato a partir
do não cumprimento da outra pessoa.

Supressio (Verwikung) e a Surrectio (Erwirkung)

- Derivados do sistema jurídico alemão, são expressões consagradas


no direito lusitano.

- É fenômeno jurídico da supressão de situações jurídicas específicas


pelo discurso do tempo. Situações em que há supressão ou ganho de
situação jurídica pela ação ou omissão da outra parte.

- 1923 um tribunal germânico reconheceu a perda do direito à corre-


ção monetária por parte de um empreiteiro que havia retardado o pa-
gamento.

- A supressio é o fenômeno da perda do poder de questionar.

- A surrectio é o surgimento de uma situação de vantagem para al-


guém em razão do não exercício.

- Cria para a outra parte a confiança de que aquele direito não mais
seria exercido.

- Art. 330 do CC. Supressio.

O Duty to mitigate the loss

- O dever do credor de mitigar as próprias perdas.


:
O credor “ferra” o devedor da pior maneira – proibido!!

- Enunciado 169.

- Dever de cooperação e lealdade – dever do credor de impedir o au-


mento da dívida do seu devedor.

- Superendividamento no CDC.

- Astreintes – multa cominatória – juiz fixa pelo descumprimento de


ordem judicial.

- Se o credor se comporta de maneira excessiva, comprometendo a


situação jurídica do devedor.

Se o credor tem a possibilidade de impedir o prejuízo do devedor,


deve fazê-lo.

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Júlio Moraes Oliveira

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