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DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES I e II – RESUMO

1. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO

Relação Jurídica Obrigacional = vínculo jurídico feito em razão da exigibilidade de uma prestação

Consagra-se pela:

 Tradição -> bens móveis – 1.267


 Registro do título -> bens imóveis – 1.245

Formação bilateral

 DEVE haver presença simultânea de 2 sujeitos

Efeitos unilaterais ou bilaterais

 Bilateral – compra e venda


 Unilateral – empréstimo gratuito (comodato)

FLAVIO TARTUCE – Obrigação

“Relação jurídica transitória, existente entre um sujeito ativo, denominado credor, e outro sujeito passivo, o
devedor, e cujo objeto consiste em uma prestação situada no âmbito dos direitos pessoais, positiva ou negativa.
Havendo o descumprimento ou inadimplemento obrigacional, poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do
devedor”

1.1 RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL

Formação – plano da existência

 Inicia-se pela VONTADE


 Unilaterais
o 1 declaração de vontade (testamento)
 Bilaterais
o 2 declarações de vontade (contratos em geral)

Efeitos – plano da eficácia

 Bilaterais
o Reciprocidade de créditos e obrigações
o credor/devedor ↔ devedor/credor
o ex.: compra e venda
 Unilaterais
o Há apenas um credor e apenas um devedor
o devedor → credor
o ex.: depósito

Estrutura credor devedor


 Partes
 Prestação prestação
 Vínculo

Crédito: direito de exigir a prestação


Pretensão: exigibilidade da prestação – art. 186

Ação: exercício da pretensão (sentido material)

Crédito ≠ Dívida: obrigação ainda inexigível

Dívida -> obrigação - exceção (ainda inexigível)

Obrigação -> dívida exigível

Crédito -> pretensão - ação

1.2 DIFERENÇAS ENTRE OBRIGAÇÃO, DEVER JURÍDICO, ÔNUS JURÍDICO E ESTADO DE SUJEIÇÃO

Obrigação

 Sentido estrito: Dever oriundo da relação jurídica creditória

Dever Jurídico

 Conduta exigível, sob pena de uma sanção


 Imposto pelo direito objetivo
 Satisfação de interesse do titular do direito subjetivo

Ônus Jurídico

 Age-se de certo modo para a satisfação de interesses próprios

Estado de Sujeição – Direito Potestativo

 Poder que alguém tem de operar na esfera jurídica de outrem, este tem que se sujeitar à situação, não há
escolha.
 Sujeição inafastável
 Não é sanção, pois houve um preestabelecimento anterior
 Exemplos: quem ajusta o contrato por prazo indeterminado está sujeito a vê-lo denunciado a qualquer
momento pelo outro contratante.

1.3 CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO: TRANSITORIEDADE, PESSOALIDADE, GLOBALIDADE

Transitoriedade

 Havendo a satisfação do interesse do credor, extingue-se a obrigação.

Pessoalidade

 Há 2 sujeitos: credor e devedor


 Podem ser identificados desde logo, ou a certa altura da relação

Globalidade

1.4 DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS OBRIGACIONAIS E DIREITOS REAIS

Direito de Crédito ≠ Direito Real

Direito De Crédito

 Relação Jurídica Pessoal ( c -> d )


 Pessoalidade: credor tem direito a um fato prestado pelo devedor
 Relativo: só é eficaz entre as partes
 Transitório (instrumento): havendo a satisfação do interesse do credor, extingue-se a obrigação
 Modificabilidade

Direito Real

 É direito sobre a coisa (não existe relação jurídica)


 Sequela: a coisa pode ser reivindicada pelo proprietário de quem ilegitimamente a detenha
 Absoluto: oponível erga omnes – é um direito exclusivo do titular e excludente dos demais
 Atemporalidade: pode perpetuar-se no tempo
 Estabilidade: não se modifica, exceto nos casos de transição

REAL OBRIGACIONAL
Actio in rem Actio in persona
Pessoa -> coisa Pessoa -> pessoa
É necessário ação do
Direto e imediato
devedor
Coisa corpórea ou
Coisa corpórea (tangível) incorpórea (direitos e
serviços)
Eficácia: são absolutos
Eficácia: relativos
(erga omnes)
Direito de sequela Não há sequela

1.5 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA OBRIGAÇÃO: SUJEITOS, OBJETO, VÍNCULO

 Subjetivos; sujeitos: credor (ativo) e devedor (passivo)


 Objetivo imediato: prestação (objeto)
 Imaterial: vínculo

SUJEITOS

 Credor – sujeito ativo


o Beneficiário
o Pessoa natural ou jurídica ou um ente despersonalizado
o Tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação
 Devedor – sujeito passivo
o Assume o dever de cumprir o conteúdo da obrigação, sob pena de responder com seu patrimônio
 Sinalagma: é a proporcionalidade presente quando as partes são, ao mesmo tempo, credoras e devedoras
entre si. Ex.: compra e venda
o Quebra -> geradora de onerosidade excessiva, do desequilíbrio negocial

OBJETO

 Conteúdo da obrigação

Imediato

 Prestação
o Positiva – obrigação de dar ou fazer
o Negativa – obrigação de não fazer

Mediato
 Coisa ou tarefa a ser desempenhada
 Bem jurídico tutelado; o próprio bem da vida posto em circulação
 Objeto imediato da prestação

VÍNCULO

 Elo que sujeita o devedor à determinada prestação em favor do credor


 Liame legal que une as partes
 Responsabilidade patrimonial do devedor – art. 391, CC

1.6 FONTES DAS OBRIGAÇÕES

Atos humanos VOLUNTÁRIOS.

VONTADE  ATO  OBRIGAÇÃO

 Negócios jurídicos
o Unilaterais
o Bilaterais
o Multilaterais
 Atos lícitos
o Fixação de domicílio
o Reconhecimento de filho; etc.
 Atos unilaterais
o Promessa de recompensa
o Gestão de negócios
o Pagamento indevido
o Enriquecimento sem causa
 Atos ilícitos – responsabilidade civil
o Culposos
o Não culposos

NEGÓCIOS JURÍDICOS

Espécie de fato jurídico no qual uma ou mais pessoas declaram vontade com o propósito de conformar determinado
objeto a produzir efeitos jurídicos.

São expressão da autonomia privada.

Contrato

1.7 OBRIGAÇÕES DERIVADAS DE ATOS UNILATERAIS


Forma-se a obrigação a partir da declaração de vontade de apenas um dos sujeitos da obrigação, que define as
condições em que terceiros podem integrar os negócios.

 Receptícios – declaração de vontade deve ser destinada ou comunicada a determinada pessoa, que deve
recebê-la.
 Não receptícios – efeitos se produzem independentemente de que a declaração seja conhecida e recebida
por outra pessoa.

 Uma vez emitida ela é plenamente exigível quando chegar ao conhecimento a quem foi direcionada.

Tipos:

 Promessa de recompensa – arts. 854 a 860, CC


 Instituição de fundação – art. 64, CC
 Gestão de negócios – arts. 861 a 875, CC
 Pagamento indevido – arts. 876 a 883, CC
 Enriquecimento sem causa – arts. 884 a 886, CC

2. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

 Dar (coisa certa ou incerta)


 Fazer (serviço)
 Não Fazer (abster-se)
 Alternativas
 Divisíveis e Indivisíveis
 Solidárias (ativa ou passiva)

2.1 OBRIGAÇÕES DE DAR

COISA CERTA – arts. 233 a 242, CC

Sujeito passivo compromete-se a entregar alguma coisa com características já determinadas pelas partes.

Há uma causa que justifica a atribuição patrimonial, a transmissão.

Causa -> indica a finalidade que indicará a natureza da prestação

O credor não é obrigado a receber outra coisa, mesmo que mais valiosa – art. 313, CC

Art. 233 – princípio da gravitação jurídica (art. 94)

 Os acessórios seguem o principal

Art. 234 – “a coisa perece para o dono” (res perit domino)

COISA INCERTA – arts. 243 a 246, CC

Características inicialmente indeterminadas.

Obrigação genérica.

Art. 245 – coisa foi determinada -> obrigação certa

O devedor deverá cumprir a prestação adquirindo com terceiros o objeto devido, se necessário.

INADIMPLEMENTO
Culposo -> responsabilidade por perdas e danos

Não culposo -> devedor exonerado

Definido quanto ao grau e ao tempo:

 Grau: absoluto ou relativo


 Tempo: inicial ou superveniente

INICIAL E ABSOLUTO

 Art. 166, II

INICIAL E RELATIVO

 Se superada não afeta a eficácia

SUPERVENIENTE E ABSOLUTO

 Culpa: perdas e danos


 Sem culpa: exonera-se o devedor

SUPERVENIENTE E RELATIVO

 Culpa: adimplemento parcial + reparação


 Sem culpa: adimplemento parcial

Perda da coisa devida – art. 234

 Superveniente absoluta

Deterioração da coisa, sem culpa – art. 235

 Superveniente relativa
 Direito potestativo

Deterioração da coisa, com culpa – art. 236

 Superveniente relativa
2.2 OBRIGAÇÕES DE FAZER – arts. 247 a 249

 Fungível – pode ser realizada por terceiro


o Inadimplemento não incorre em perdas e danos
 Infungível – aquele que se obrigou não pode ser substituído por outro que exerça atividade equivalente
o Inadimplemento incorre em perdas e danos
o Personalíssima – prestação autoral
o Infungibilidade convencional – personalidade contratada como mediadora de um talk show

Art. 247 – trata da infungível

Art. 248 – Inadimplemento e responsabilidade

 Com culpa -> responde (art. 399)

Art. 538, CPC – Executabilidade das obrigações

Art. 463 e 464 – Vontade e coerção

 Na compra e venda há uma obrigação futura, ex.: apartamento que ainda não está concluído
 Se obrigam a realizar o contrato de compra e venda = declarar vontade de comprar e vender
 Contrato preliminar – supõe a existência de um contrato principal
 “assinando prazo” – ex.: 72h p/ assinar o contrato

Art. 249 – fungível

 Obrigação substituível, pode ser cumprida por terceiro às custas do devedor originário
 Há tal opção ao credor, antes da conversão da obrigação em perdas e danos
 Se o terceiro que for cumprir a obrigação cobrar um preço maior daquele que foi acordado entre o credor e
o devedor inadimplente, o credor cobrirá a diferença.
 É autorizado que, além da remuneração do terceiro, o devedor inadimplente pague a indenização das perdas
e danos que provocou, mas com cautela, para que não ocorra enriquecimento do credor à custa do
inadimplente – haveria enriquecimento se ele recebesse de volta o que pagou e ainda obrigasse o
inadimplente a pagar a terceiro o adimplemento da obrigação.
 Perdas e danos -> dos danos efetivos, não os eventuais (art. 403)
 Princípio da conservação negocial: o credor poderá pleitear do devedor originário que cumpra a obrigação,
inclusive com a fixação de astreintes.
o Astreintes = mecanismo de execução indireta -> finalidade: coagir o devedor ao cumprimento da
obrigação mediante a imposição de multa pecuniária

Art. 249, par. ún. – a autotutela

 Requisitos:
a) Que o caso justifique urgência;
b) Que o credor se utilize apenas dos meios necessários indispensáveis para evitar o dano decorrente
do inadimplemento do devedor; e
c) Que não haja condições de obter a intervenção judicial.
 Autotutela – excesso no exercício: o devedor prejudicado poderá pleitear perdas e danos – pois haverá
abuso de direito, art. 187 CC.

Art. 815 – 817, CPC – obrigação de fazer fungível e satisfação do credor

Art. 536, CPC – medidas coercitivas para obtenção da tutela específica da obrigação

 Multa cominatória: o devedor pagará uma multa diária enquanto não cumprir a obrigação

2.3 OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER – arts. 250 e 251

É quase sempre infungível, personalíssima e predominantemente indivisível pela sua natureza, nos termos do art.
258.

Art. 250 – inadimplemento e suas consequências

 Inadimplemento sem culpa, ou que ocorreu por força maior ou caso fortuito
 Pode ser legal ou convencional

Art. 251 – desfazimento do ato (art. 822 e 823, CPC)

 Inadimplemento culposo
 Credor pode exigir que o devedor desfaça o ato, ou desfazê-lo a sua custa, + perdas e danos
 Art. 390, CC – inadimplente a partir do dia em que o ato foi praticado
Art. 251, § 1º

 O credor que agir sem autorização judicial e que posteriormente for declarado como não credor da
obrigação deverá indenizar o devedor, em razão de ter agido com infração ao dever contratual de respeito
ao outro contratante, oriundo da boa-fé objetiva (art. 422, CC) ou com abuso de direito (art. 187, CC)
 Havendo irregularidades ou abuso no exercício do direito -> art. 187 -> imputa-se ao credor responsabilidade
objetiva

2.4 OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS – arts. 252 a 256

Trata-se de obrigação composta objetiva em razão da multiplicidade de conteúdo ou prestação.

Normalmente é identificada pela conjunção ou.

 Obrigação única
 2 prestações – UMA será exigida

A concentração da prestação depende exclusivamente de um ato de vontade na escolha da prestação.

Art. 252

§ 1º - arts. 313 e 314

 Prevalece a identidade física e material das prestações


 Exceção: contrato estimatório -> é da natureza dele a possibilidade de cumprimento em partes da obrigação

§ 2º - execução continuada ou trato sucessivo

 Contrato sob forma não instantânea


 Não deve gerar enriquecimento sem causa de um sujeito sobre o outro
 A periodicidade é tratada de forma genérica, podendo ser anual, semestral, mensal etc. ou mesmo utilizar
outros critérios temporais.

§ 3º - princípio da operabilidade, no sentido de efetividade (ontognoseologia jurídica de Miguel Reale)

§ 4º - tende a afastar qualquer possibilidade de enriquecimento sem causa, buscando o equilíbrio das prestações

Art. 253 – redução do objeto obrigacional, converte a obrigação composta objetiva alternativa em obrigação simples

Art. 254 e 255 – inadimplemento, culpa e indenizações

Art. 256 – inadimplemento sem culpa

 Há algumas situações, no entanto, em que a parte responde por caso fortuito e força maior (devedor em
mora, previsão contratual ou previsão legal)

É diferente da obrigação facultativa (entendida pelo Flavio Tartuce, por analogia, estando na segunda parte do art.
234, CC/02), em que a obrigação inicial se torna impossível e então é cumprida com algo equivalente, se por culpa
do devedor, caso não haja culpa a obrigação se resolve.

2.5 OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS

O objeto da prestação que define:

 Divisível – objeto é fracionável sem perda da substância.


 Indivisível – objeto se descaracteriza se fracionado.

Na obrigação divisível, é permitido que, em casos em que haja dois devedores ou dois credores, o objeto seja
dividido entre eles, tanto para o pagamento quanto para o recebimento.
Na obrigação indivisível, não há a possibilidade de dividir o objeto, por isso o devedor pode entregar o objeto a
qualquer um dos credores, eles se resolvendo depois quanto ao valor do objeto que seria para cada um.

Para o efeito de pagamento, as obrigações indivisíveis, funcionam como se fossem solidárias.

Solidariedade em obrigações divisíveis e indivisíveis

Todos os devedores têm a obrigação de pagar e todos os credores têm o direito a receber.

Há pluralidade em um ou em ambos os polos e a relação interna de cada polo não afeta ao outro.

Objeto indivisível – qualquer devedor pode pagar e qualquer credor pode receber

Objeto divisível – todos os devedores devem pagar e todos os credores têm o direito de receber

Art. 259, § único – sub-rogação do solvens

Art. 260 – há cautelas que o devedor deve seguir para se exonerar da obrigação

 caução de ratificação: garantia de que o credor que recebeu repassará a parte dos demais. Garantia que o
devedor pede de que não será cobrado pelo credor ausente.

Art. 263 – perdas e danos

 Perde a qualidade de indivisível porque perdas e danos se pagam em dinheiro que pode ser divisível em
tantas partes quantos forem os credores.
 § 1º - desaparece a indivisibilidade e a divergência nas cotas de cada devedor.

2.6 OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS – 264 a 285

Os sujeitos da obrigação que define.

2 características importantes:

1. Unidade da prestação – qualquer que seja o número de credores ou devedores, o débito é sempre único
2. Pluralidade e independência do vínculo

Disposições Gerais

Art. 264 – definição de solidariedade

 O crédito é de todos; a dívida é de todos.


 Essência: unidade do crédito e da dívida
 Qualquer credor pode cobrar e receber todo o crédito.
 Qualquer devedor pode ser demandado a pagar toda a dívida.
 Havendo solidariedade é como se apenas um dos devedores ou um dos credores existisse.
 Ex.: posso cobrar 100%, mesmo me sendo de direito apenas 70%.

Art. 257 ≠ Art. 264

 Art. 257: cotas separadas, cada um recebe ou paga o que é de direito ou devido.
 Art. 264: cada um pode receber a totalidade e se resolver depois.

Art. 266

 Admite distinção de tratamento aos devedores ou credores solidários, sem que isso comprometa a própria
solidariedade.

Da Solidariedade Ativa
Art. 267 – direito à integralidade do crédito

 Cada um dos credores, individualmente, é titular da pretensão.

Art. 268

 O devedor poderá pagar a qualquer um dos credores, enquanto nenhum deles postular o cumprimento.
 O pagamento extingue o débito.
 Não precisa se atentar para as cautelas do art. 260.
 Porém, não pode agir com negligência ou imprudência e prejudicar os demais, pois, nesse caso, violará o
princípio da boa-fé objetiva e caracterizará abuso de direito (art. 187)

Art. 269 – extinção na dívida do valor do pagamento parcial

 Ex.: devia 100, pagou 40; continua devendo 60.

Art. 270 – sucessão de um credor solidário

 Obrigação divisível:
a) Os herdeiros herdam a cota do credor falecido;
b) Havendo mais de um herdeiro, a cota será dividida entre eles.
 Obrigação indivisível:
a) Segue-se o disposto no art. 260.

Art. 271 – conversão do crédito solidário em perdas e danos

 Perdas e danos = dinheiro = obrigação divisível


 A solidariedade persiste – as razões que determinaram a fixação da solidariedade, legal ou convencional,
ainda permanecem e justificam sua subsistência.

Art. 272 –

 O credor que receber o pagamento deverá dividir entre os cocredores.


 Se um credor concedeu remissão ao devedor, a cota dos demais credores não poderá ser reduzida.

Art. 273 – exceções pessoais não afetam os cocredores

 Exceção: meio de defesa do devedor para resistir à pretensão do credor


 Exceção pessoal: se contrapõe a apenas um dos credores solidários, não alcançando os demais
 Exceção comum: pode ser alegada perante qualquer dos credores solidários
 Exemplos:
a) Compensação: o devedor tem créditos e débitos recíprocos com um dos credores solidários, de
modo que pagaria menos ou nada a ele.
b) Remissão: um dos credores perdoa a sua parte no crédito.
c) Novação: em relação a um dos credores, a dívida teria sido substituída por outra obrigação.

Art. 274 – litígio entre o devedor e um dos credores solidários

 A decisão judicial:
a) Favorável ao devedor/contrário ao credor não afeta a cota dos demais credores solidários
b) Contrária ao devedor/favorável ao credor consolida o crédito a favor de todos, embora não exclua
que o devedor argua em relação a algum credor a exceção pessoal que contra ele tiver.

Solidariedade passiva

Art. 275 – conceito de solidariedade passiva

 O credor poderá postular o valor da dívida do modo que desejar, sem restrições.
 § único: mesmo se um dos devedores paga sua cota-parte do débito ao credor, nem por isso deixa de ser
solidariamente responsável pelo restante da dívida ainda não saldada. A solidariedade continua até a total
extinção do débito.

Art. 276 – solidariedade legal

 Pela parte do débito de responsabilidade do devedor falecido todos os herdeiros respondem.


 Art. 1792: limita a responsabilidade do herdeiro ao valor da herança

Art. 277

 Um dos devedores paga parte da dívida


a) O montante é abatido da dívida de todos
 O credor perdoa a dívida de um dos devedores
a) Os codevedores continuam devendo, abatendo-se do total a cota remida.

Art. 278 – estipulações unilaterais

 Princípio da força obrigatória e da relatividade contratual: não obriga os que não participaram

Art. 279 - + Art. 942

Art. 280 – juros de mora

 A obrigação pode ter sido adimplida, mas não da forma e do modo devidos, incidindo juros de mora.
 Juros de mora são acessórios da dívida, por isso a solidariedade a eles se estende.

Art. 282 – renúncia

 Renúncia é diferente de remissão.


 Significa que o devedor ou os devedores favorecidos responderão por suas cotas individuais, de modo que o
restante continuará a responder pela dívida integral.

Art. 283

 Só poderá cobrar de cada um a cota correspondente e não a dívida integral


 Insolvente: cria situação de desequilíbrio no polo interno. É o sujeito que tem mais dívidas do que
patrimônio

Art. 284 – os desonerados participam na conta do insolvente

Art. 285

 E tira empréstimo em um banco, sendo R e F seus avalistas. R e F são devedores solidários.


 A dívida, porém, só interessa a E.
 Se R pagar ao banco, não poderá pedir reembolso a F; apenas a E.
2.7 DIVERSAS CLASSIFICAÇÕES DAS OBRIGAÇÕES

PRINCIPAL E ACESSÓRIA

Principal

 Independe de outra.

Acessória

 Adere a outra.
 Convencional: vontade das partes (contrato de locação -> contrato de fiança)
 Legal: art. 447
JUROS COMO PRESTAÇÃO ACESSÓRIA

Convencional – art. 406

Legal – art. 407

OBRIGAÇÃO LÍQUIDA E OBRIGAÇÃO ILÍQUIDA

Líquida

 Prestação individuada: genérica, alternativa


 Valor definido.
 Certa quanto à existência.
 Determinadas quanto ao objeto.

Ilíquida

 Prestação indeterminada
 Valor precisa ser liquidado

OBRIGAÇÕES QUANTO À EFICÁCIA NO TEMPO

Puras

 Não dependem de outros fatores para produzirem efeitos imediatos.


 Art. 134

A Termo

 Depende de acontecimento futuro, em tempo certo ou incerto. Pode ser inicial ou final.
 Tempo certo: data definida.
 Tempo incerto: a morte do segurado no seguro de vida.

Condicionadas

 Eficácia submetida a acontecimento futuro e incerto.


 Arts. 121, 125 e 127

Modais

 Exige-se do credor determinado comportamento não prestacional (encargo) para a eficácia do crédito.
 Ex.: doação – exige-se que o credor mantenha as características originais do imóvel enquanto o doador viver.
 Art. 553 e 136

Tempo de Execução das Obrigações

Executadas no momento imediato à


Instantâneas sua constituição (compras de
balcão)
Pagamento único postergado no
Diferidas
tempo (pagamento em 30 dias)
Pagamento parcelado por
Continuadas determinado período (pagamento
em 5 prestações mensais
Pagamento a longo prazo (plano de
Duradouras
saúde)
OBRIGAÇÕES REAIS (PROPTER REM)

 Aderem à coisa e se transmitem com a propriedade (obrigações ambulatórias)


 Oponível erga omnes

OBRIGAÇÕES CONFORME A INTENSIDADE DO VÍNCULO

De Meios

 Não há como assegurar a satisfação de interesse do credor.


 Devedor assume o dever de agir com diligência, prudência e com a melhor técnica disponível.
 Credor que deve provar o contrário
 Médico não pode prometer cura do paciente
 Exceções: cirurgia plástica estética, anestesia, aplicação de vacinas

De Resultado

 Devedor assegura a satisfação do interesse do credor, pois ordinariamente a finalidade poderá ser alcançada
pelo seu agir comum.
 Ex.: contrato de transporte
 Efeito: inversão do ônus da prova
 Prova da impossibilidade absoluta (caso fortuito ou força maior) compete ao devedor.

3. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES


3.1 CESSÃO DE CRÉDITO

Cessão: alienação de bens imateriais

Substituição do credor.

Transfere o crédito integral, incluindo os acessórios e garantias, salvo disposição em contrário.

Independe da anuência do devedor, devendo este ser apenas notificado.

Não há a extinção do vínculo obrigacional.

Ex.: descontos bancários

Cessão pro soluto e cessão pro solvendo

Pode constituir fraude contra credores ou simulação.

 Art. 167 e 158

Vantagens

 É negócio especulativo, visa o lucro.

Espécies

 Voluntária
o Negócio jurídico
o Natureza contratual
 Judicial
o Determinada por sentença
o Adjudicação, partilha
 Necessária
o Decorre de lei
o Restituições ao locador de pagamentos antecipados pelo locatário

Sujeitos

 Cedente
 Cessionário
 “Cedido”

Restrições

 Natureza da obrigação (personalíssima, alimentos)


 Lei (art. 298)
 Contrato

Art. 286

 Regra geral: liberdade de cessão


 Cláusula proibitiva (pacto de non cedendo)
o Deve constar no contrato
o Não pode ser imposta ao cessionário que dela não teve conhecimento – boa-fé subjetiva

Art. 287 – acessórios do crédito

 Juros, garantias, direito de escolha

Art. 288 – erga omnes, requisitos para ser eficaz em relação a terceiros

Art. 289 – crédito hipotecário

 Crédito hipotecário: garantia real que recai sobre o imóvel adquirido com financiamento
 Se o devedor não pagar, o credor poderá executar a hipoteca.
 A averbação garante ao cessionário a primazia para a execução hipotecária e, ao mesmo tempo, informa a
terceiros que o imóvel está garantindo o cumprimento da obrigação.

Art. 290 – notificação ao devedor

 O devedor precisa saber a quem pagar


 O cessionário deve notificar

Art. 291 – cessões sucessivas

 O mesmo crédito pode ser cedido mais de uma vez.


 O título materializa o crédito, por isso paga-se àquele que apresentar o título (documento original que
representa a dívida).
 Cessão – obrigação de dar, se completa com a tradição.
 Se ocorreu cessão duas vezes aquele que não recebeu o título poderá desfazer o negócio e obrigar o cedente
por perdas e danos.

Art. 292 – desoneração do devedor

 Boa-fé do devedor
 Para invalidar depende do cessionário comprovar a ciência da cessão pelo devedor.

Art. 293 – atos conservatórios do direito de crédito

 Atos conservatórios: providências jurídicas acautelatórias que visam a integridade dos direitos do credor
 Ex.: cessionário pode ajuizar ação cautelar de arresto para conservar o patrimônio do devedor que pretenda
cair em situação de insolvência.

Art. 294 – exceções do devedor

 Conserva exceções pessoais que tinha contra o cedente, desde que o faça quando notificado da cessão, não
poderá apresentá-las mais tarde.
 Além das que poderá ter contra o cessionário.
 O devedor não pode ter sua posição agravada em decorrência da cessão.

Art. 295 – responsabilidade do cedente pela existência do crédito no momento da cessão

Art. 296 – cessão pro soluto

 O cessionário assume o risco do inadimplemento ou da insolvência do devedor – cessão pro soluto


 Pro solvendo depende de estipulação especial.

Art. 297 – cessão pro solvendo

 Visa evitar a usura e o enriquecimento sem causa do cessionário

Art. 298 – proibido ceder crédito penhorado

3.2 ASSUNÇÃO DE DÍVIDA

Substituição do devedor, não do débito.

Exige concordância do credor, pois a ele interessa a idoneidade do devedor. (art. 299)

Não significa a substituição do crédito originário, mas sim que o mesmo débito é exigível de outro devedor.

Espécies

 Delegação: devedor e terceiro


 Expromissão: credor e terceiro

Efeitos

 Liberatória: art. 299 – novo devedor, exoneração antigo


 Cumulativa: antigo devedor + novo devedor

Art. 299

 Insolvência do novo devedor: ineficácia da assunção


o Insolvência preexistente
o Desconhecimento do credor

Art. 300 – as garantias são acessórios da dívida

4. PAGAMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES


4.1 CONCEITO DE PAGAMENTO

Pagamento: cumprimento pontual da prestação

QUEM PAGA? SOLVENS

QUEM RECEBE? ACCIPIENS

O QUE PAGA? OBJETO DEVIDO – art. 313


COMO PAGA? MODO CONVENCIONADO – art. 314

ONDE PAGA?

QUANDO PAGA?

Solvens: paga

Accipiens: recebe

Natureza jurídica do pagamento

4.2 QUEM DEVE (OU PODE) PAGAR – solvens

Art. 304

 Caput – Efeito: sub-rogação nos direitos do credor


 Par. ún. – Efeito: liberalidade

Art. 306

 Ilidir: razão para não pagar

EFEITOS DO PAGAMENTO PARA TERCEIRO QUE PAGA

3º INTERESSADO (teria Subrogação nos direitos


que responder pela do credor
dívida. Ex.: fiador)
3º NÃO INTERESSADO Liberalidade do devedor
paga em nome do
devedor
3º NÃO INTERESSADO Reembolso
paga em próprio nome

4.3 A QUEM SE DEVE PAGAR – accipiens

Pode ser recebido pelo:

a. Credor
b. Representante do credor
c. Credor aparente (credor putativo)
d. Portador da quitação

Art. 308 – representação:

 Legal: pai, tutor


 Voluntária: contrato de mandato

Art. 309 – credor putativo

 Teoria da Aparência
 Solvens acreditava estar pagando ao verdadeiro credor

Art. 310 – Quem paga mal, paga duas vezes

Art. 311 – presunção relativa da existência de autorização para receber o pagamento

4.4 DO OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA


Art. 315 – Art. 318

Art. 317 – teoria da imprevisão

Art. 320 – requisitos formais da quitação (recibo)

Art. 324 – não é necessário recibo; § ún.: relatividade da presunção

5. MEIOS INDIRETOS DE PAGAMENTO

O que são? Mecanismos que permitem a extinção das obrigações mesmo quando o pagamento não é feito ao credor
na forma como estava previsto.

5.1 PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO – 334 a 345

O devedor quer pagar, mas alguma circunstância o impede de fazê-lo. É faculdade do devedor que pretende desde
logo a libertação.

Art. 335 – ex.: credor entende que o crédito é maior do que a oferta de pagamento.

 Art. 319 – quitação

II - + Art. 341.

 Depósito simbólico: despesas as custas do credor

V - + Art. 344 e 345

 Os dois pretensos credores disputam em juízo a titularidade do crédito.

Art. 338 – a aceitação pelo credor extingue a obrigação

 Impugnar: apresentar ao juiz as razões para não aceitar o pagamento

5.2 PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO – 346 a 351

Uma pessoa substitui a outra.

 Ativa: substitui credor


 Passiva: substitui devedor

Art. 346 – sub-rogação legal, automática

Art. 349 – nada muda para o devedor, exceto que passa a dever para outro credor.

Art. 350 – terceiro paga ao credor apenas uma parte da dívida; poderá cobrar do devedor somente a parte que
pagou, não podendo ser a dívida toda.

5.3 IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO – 352 a 355

Art. 355 – imputação legal

5.4 DAÇÃO EM PAGAMENTO – 356 a 359

Art. 356 – datio in solutio

 Espécie de sub-rogação objetiva


 Confirma art. 313

Art. 359
 Evicção: perda de um bem pelo adquirente, em consequência de reivindicação feita pelo verdadeiro dono
 Art. 307

5.5 NOVAÇÃO – 360 a 367

Art. 360

I – novação objetiva

II – novação subjetiva passiva

III – novação subjetiva ativa

Dação em pagamento ≠ Novação

 Na dação a obrigação se extingue, não surge uma nova.

Art. 361

 Não existe novação por força de lei, automática.


 É negócio jurídico, exige manifestação de vontade
 NÃO SIGNIFICAM NOVAÇÃO:
o Modificação do prazo do pagamento
o Troca do título da dívida (substituição de um cheque por nota promissória)
 Importância atual: instrumento de circulação de crédito.
 Perdeu importância para as formas modernas de transmissão: cessão de crédito, assunção de dívida, títulos
de crédito.

Art. 362 – expromissão

 Art. 304, 306

Art. 365 – rompimento da solidariedade daqueles devedores que não consentiram

Art. 367 – a dívida antiga tem que ser válida para que nova também seja.

5.6 COMPENSAÇÃO – 368 a 380

Art. 368

 Opera-se por força da lei

Art. 372 – prazo de favor

 Prazo de favor é a tolerância do credor em receber o pagamento após o vencimento sem considerar o
devedor em mora.

Art. 373 – I, II e III – causas impeditivas de compensação

I – o produto não pertence ao detentor

 Art. 307

II – comodato e depósito têm como objeto coisas alheias. Alimentos são necessidades existenciais.

III – a lei protege bens de família, portanto não podem entrar em compensação, pois não podem ser penhorados.

Art. 376 – art. 371, 436

Se alguém se obriga a pagar débito de terceiro, não pode compensá-lo com um débito de que seja credor contra o
credor do terceiro. Nesse caso, o devedor assume uma obrigação que não é sua, de maneira que o dispositivo veda-
lhe que faça isso com o intuito de não pagar seu débito, compensando-o. A regra implica que o devedor só pode
compensar com o credor o que este lhe dever diretamente.

Art. 380 – art. 312

 Osvaldo deve para Felipe.


 Alexandre, credor de Felipe, penhora o crédito.
 Depois da penhora, Osvaldo torna-se credor de Felipe.
 A penhora, que garante o crédito de Alexandre, impede a compensação entre Osvaldo e Felipe.

5.7 DA CONFUSÃO – 381 a 384


5.8 DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS – 385 a 388

Remitir = perdoar

Exercício do poder de disposição.

Aceita pelo devedor.

 Negócio jurídico bilateral.


 ≠ renúncia (unilateral)

Art. 385 – art. 158

6. INADIMPLEMENTO

Requisitos necessários ao reconhecimento da obrigação do inadimplente em indenizar o credor:

a) Obrigação violada
b) Nexo de causalidade entre o fato e o dano produzido
c) Culpa
d) Prejuízo ao credor

Em sentido estrito

 Descumprimento dos deveres da prestação

Pode ser:

 Absoluto
 Relativo (mora)

Critério: persistência da utilidade da prestação para o credor

Em sentido amplo

 Inclui o descumprimento de deveres de conduta laterais à prestação (violação positiva do contrato)


 Art. 422

Pode ser:

 Absoluto
o Impossibilidade
o Inexigibilidade da prestação
o Perda do interesse do credor
 Mora
 Violação positiva do crédito
Aspecto subjetivo

 Decorrente de ação ou omissão do devedor


 Efeito: responsabilidade
 Art. 389

Aspecto objetivo

 Independente de ato do devedor (fato da natureza ou fato do princípe)


 Efeito: fica isento o devedor, a menos que tenha assumido o risco (responsabilidade objetiva pelo
inadimplemento)
 Art. 393

6.1 INADIMPLEMENTO ABSOLUTO


A) Impossibilidade
B) Inexigibilidade
C) Perda de interesse do credor

IMPOSSIBILIDADE

O que é:

 Obstáculo invencível ao cumprimento da obrigação. (Ruy Rosado de Aguiar Júnior)


 A prestação não é cumprida, nem poderá ser. (Jorge Cesa Ferreira da Silva)

Tipos:

 Natureza
o Jurídica ou física
 Sujeito
o Absoluta: para qualquer pessoa
o Relativa: só para o devedor
 Necessidade
o Total ou parcial
 Momento em que ocorre
o Inicial ou superveniente
 Duração
o Definitiva ou temporária

NATUREZA

IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA

 Art. 373
 Art. 426

IMPOSSIBILIDADE FÍSICA

 Deve ser possível a realização da prestação de um ponto de vista fático.


 No momento do cumprimento o objeto deve existir.

MOMENTO

IMPOSSIBILIDADE INICIAL

Definitiva -> invalidade


 Art. 166
 Art. 167

Temporária -> (in)eficácia

 Não há inadimplemento
 A coisa deve existir no momento da entrega

IMPOSSIBILIDADE SUPERVENIENTE

 Casos citados nas obrigações de dar e de fazer.


 Art. 234
 Art. 235
 Art. 248

NECESSIDADE

IMPOSSIBILIDADE TOTAL

 Perda do objeto
 Art. 234

IMPOSSIBILIDADE PARCIAL

 Deterioração do objeto
 Art. 235 – culpa
 Art. 236 – sem culpa

INEXIGIBILIDADE

 Trata-se de uma impossibilidade ECONÔMICA.


 A prestação se torna TÃO onerosa que é praticamente impossível cumpri-la.
 Art. 478

PERDA DO INTERESSE DO CREDOR

 Critério: utilidade da prestação para o credor


 Art. 395

6.2 MORA – 394 a 401

É o atraso no pagamento da prestação, que ainda é útil e possível.

SUJEITO

 Do devedor – mora debitoris


 Do credor – mora creditoris

EXTENSÃO

 Parcial – prestação realizada em parte


 Total – prestação não realizada

CARACTERIZAÇÃO

 Ex re – automática
 Ex persona – depende de notificação

Art. 394 – extensão do conceito de mora


 A prestação não foi cumprida no tempo predeterminado;
 Se, embora cumprida no tempo certo, a prestação foi realizada em lugar indevido, ao ser cumprida no lugar
devido, estará atrasada;
 Se, embora cumprida no tempo e no lugar previstos, a prestação não foi executada da forma como deveria
sê-lo, quando a forma de prestar vier a ser corrigida, a prestação estará atrasada.

Art. 395, par. ún. – critério diferencial da utilidade da prestação: direito formativo do credor

Art. 396 – art. 393

Termo Inicial da Mora

Art. 397, caput – mora automática (ex re)

Art. 397, par. ún. – mora depende de notificação (ex persona)

Art. 398 – art. 186 e 927 (princípio neminen leadere)

Art. 399 – perpetuatio obligationis

 Mora + caso fortuito/força maior = responsabilidade do devedor


 Exceções:
a) Não teve culpa pela mora (art. 396)
b) O credor sofreria o dano mesmo que não houvesse mora.

Art. 401

 Purgar ou emendar a mora: sujeitar-se aos seus efeitos

I – mora solvendi

 Art. 395: prejuízos + juros + corr. mon. + hon. adv.

II – mora credendi

 Art. 400: riscos de conservação + despesas + variação de preço

6.3 VIOLAÇÃO POSITIVA DO CRÉDITO

Deveres de proteção da pessoa e dos interesses patrimoniais do credor.

Deveres de prestação

 Fonte: o contrato

Deveres de conduta (laterais à prestação, de ocorrência acidental).

 Fonte: a boa-fé

CARACTERÍSTICAS

Negativas

 Não é caso de impossibilidade


o A prestação é cumprida
 Não há vício redibitório (cumprimento imperfeito ou adimplemento ruim)
o Art. 441

Positivas

 Prestação cumprida ao tempo, no lugar e na forma devida.


 O devedor causa danos à PESSOA ou ao seu PATRIMÔNIO por descumprir deveres de PROTEÇÃO.
o Art. 422

Exemplos

 O advogado defende adequadamente o cliente e ganha a causa, mas revela segredos de que tomou
conhecimento em razão do exercício do mandato.
 O instalador dos móveis executa seu trabalho corretamente, mas quebra um objeto valioso na casa do
cliente.

Aplicação da boa-fé objetiva para assegurar tratamento em UTI a recém-nascida

 Recurso Especial nº 1.941.917-SP (3ª Turma do STJ, 29/3/2022).


 Recém-nascida em situação de risco, que necessitava ser mantida em UTI por mais de 30 dias.
 Recusa da operadora de plano de saúde, alegando que a neta não pode ser incluída como dependente.
 Mostra-se indevida a recusa da operadora de inscrever a recém-nascida como beneficiária do plano de
saúde por ela ser neta do titular, filha de dependente e, por consequência, configura-se abusiva a limitação
da cobertura assistencial aos primeiros trinta dias de vida da recém-nascida.
 Fundada na dignidade da pessoa humana e em homenagem aos princípios da boa-fé́ objetiva, da função
social do contrato e da segurança jurídica, deve ser resguardado o direito daqueles beneficiários que
estejam internados ou em pleno tratamento médico.

6.4 PERDAS E DANOS – 402 a 405

DANO

Lesão a bens ou a interesses juridicamente protegidos.

 Bens jurídicos: tudo o que é passível de adjudicação a uma pessoa, de natureza material ou suscetível de
avaliação patrimonial (coisas, serviços) ou imaterial (direitos autorais, atributos da personalidade)
 Interesses jurídicos: a relação existente entre um bem jurídico e uma pessoa (seguros, chances)

Art. 402

 O que deixou de lucrar: lucros cessantes


 Exceções previstas em lei:
o Cláusula penal
o Cláusulas limitativas de responsabilidade
 “Danos” e “perdas e danos”
o Dano: lesão a bens ou a interesses juridicamente protegidos (materiais ou imateriais)
o Perdas e danos: prejuízo material atual (dano emergente) ou futuro (lucro cessante) causado pelo
fato danoso.

ESPÉCIES

 Patrimonial: material
 Extrapatrimonial: moral
 Atual: dano emergente, “o que efetivamente perdeu”
 Futuro: lucro cessante, “o que razoavelmente deixou de lucrar”
o Lucro cessante
 Base atual
 Previsibilidade
o Proveito esperado
 Causa provável
 Previsibilidade
 Súmula 491 STF: é indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não
que não exerça trabalho remunerado.

REPARAÇÃO

Art. 947

 Reparação “in natura” – espécie ajustada


 Indenização – substituição pelo valor

FORMAS DE REPARAÇÃO

Reparação “in natura”

 Art. 536, CPC

Indenização

 In-dene (sem dano)


 Reparação pecuniária

Art. 404 – LIQUIDAÇÃO

CAUSALIDADE

Art. 403

 Nexo causal
 Consequências (diretas e imediatas) da inexecução: perdas e danos
 Dano indenizável: dano emergente + lucros cessantes

TEORIAS DA CAUSALIDADE

Equivalência das Condições

 Tudo o que concorre para o dano é causa (conditio sine qua non)
 Regressão ao infinito
 Incompatibilidade com o art. 403 (efeito direto e imediato)

Causalidade adequada

 Só é causa o fato sem o qual o dano não existiria


 Interrupção do nexo causal (lesado que morre em acidente de trânsito a caminho do hospital)
 Subteoria da necessidade (causalidade direta e imediata)

6.5 JUROS LEGAIS – 406 a 407

Fruto civil do capital.

A reparação integral, não executada imediatamente, exige atualização do seu valor. – art. 331

6.6 CLÁUSULA PENAL – 408 a 416

A cláusula penal trata-se de uma pena convencional, do contrato ou de outro negócio jurídico. Possui natureza
negocial.

 Multa pelo descumprimento da obrigação.


 Instrumento coercitivo.
 Obrigação acessória.
 Espécies
o Moratória
o Compensatória

Art. 408

 Culposamente – elemento subjetivo


 Deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora – inadimplemento ou mora.
 Ex.: multa do jogador de futebol por se transferir de clube antes do vencimento do contrato (Lei Pelé)

Art. 409 – espécies

 Estipulação coletânea ou posterior

Cláusula Penal Compensatória

 “inexecução completa da obrigação [...] cláusula especial”


 Prefixação de perdas e danos
 Natureza satisfativa: substitui a obrigação

Cláusula Penal Moratória

 “mora”
 Natureza cumulativa: soma-se à obrigação

Art. 410 – Cláusula Penal Compensatória

 “total inadimplemento da obrigação”


 “alternativa”: opção do credor
o Pode exigir o cumprimento específico da obrigação ou cobrar a multa (direito facultativo ou
potestativo)

Art. 411 – cumulação com a obrigação principal

 A multa sobre cláusula especial pode ter caráter cumulativo


o Ex.: especificação técnica de qualidade da embalagem
 A exigência de cumprimento da obrigação principal dependerá da persistência do interesse do credor
o Direito facultativo ou potestativo

Art. 412 – valor da cláusula penal

 O limite é para evitar o enriquecimento sem causa – art. 884

Art. 413 – redução equitativa da cláusula penal

 Controle judicial do enriquecimento sem causa

Art. 414 – cláusula penal em obrigações indivisíveis

 A cláusula penal é obrigação pecuniária, portanto, é divisível entre todos os devedores

Art. 415 – cláusula penal em obrigações divisíveis

 Os outros devedores continuam devendo a obrigação sem maior encargo.

Art. 416 – indenização suplementar

 Uma vez que a função da cláusula penal é tornar automática a indenização

Par. ún.
 Prejuízo excedente: indenização suplementar depende de convenção
 O valor da cláusula penal será a indenização mínima.

6.7 ARRAS ou SINAL – 417 a 420

Sinal de seriedade no negócio, intenção firme de cumprir as obrigações assumidas.

Pacto acessório.

ESPÉCIES

Confirmatórias: primeiro pagamento

Penitenciais: indenização em caso de arrependimento

Art. 417 – arras confirmatória: execução do contrato

 “uma parte der a outra”


o Natureza real
o Der = entregar (definitiva ou provisoriamente)
 “dinheiro ou outro bem móvel [...] restituídas ou computadas na prestação devida”
o Objeto das arras
o Pode ser diferente do objeto da prestação

Art. 418 – arras confirmatória: inexecução do contrato

 Inexecução de quem deu: direito de retenção de quem recebeu


 Inexecução de quem recebeu: quem deu terá direito de exigir a devolução em dobro

Art. 419 – arras e indenização suplementar

 Direito potestativo da parte inocente: demandar a execução do contrato ou resolvê-lo (direito de resolução
= direito formativo extintivo)

Art. 420 – arras penitenciais (direito de arrependimento)

Arras confirmatórias Arras penitenciais


São o preço do
Sancionam o arrependimento.
inadimplemento Não se trata de
inadimplemento

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