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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

PARTE I – INTRODUÇÃO
Professor Paulo Toledo
DIREITO PRIVADO

DIREITOS NÃO PATRIMONIAIS

DIREITOS PATRIMONIAIS:
DIREITOS REAIS: cuidam das relações imediatas entre os sujeitos de
direito e seus bens.
DIREITOS PESSOAIS: cuidam das relações jurídicas de cunho
patrimonial entre as pessoas.
DIREITOS PESSOAIS DIREITOS REAIS

relação entre dois sujeitos relação sujeito – objeto

eficácia INTER PARTES eficácia ERGA OMNES (sujeição


passiva universal)
numerus apertus numerus clausus

não dá direito de seqüela direito de seqüela

não necessita de publicidade exige publicidade


SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO
CREDOR DEVEDOR

PRESTAÇÃO
Dar/Fazer/Não Fazer

OBJETO
Conteúdo da prestação
CONCEITO DE OBRIGAÇÃO
VÍNCULO JURÍDICO, patrimonial, pelo qual alguém (SUJEITO PASSIVO) assume o dever de
DAR, FAZER ou NÃO FAZER (PRESTAÇÃO) alguma coisa (OBJETO) em favor de outrem
(SUJEITO ATIVO).

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
SUBJETIVO – SUJEITOS: credor e devedor (determinados/determináveis - ex: promessa de
recompensa, título ao portador)
OBJETIVOS: PRESTAÇÃO/OBJETO compromisso de DAR, FAZER ou NÃO FAZER alguma
coisa (OBJETO da prestação).
IMATERIAL: VÍNCULO JURÍDICO: elo que obriga o devedor a desempenhar a prestação sob
pena de sanção.
FONTES DAS OBRIGAÇÕES

FONTE PRIMÁRIA ou IMEDIATA: LEI

FONTES SECUNDÁRIAS ou MEDIATAS:


contratos, declarações unilaterais de vontade e atos ilícitos.
(são os fatos jurídicos que a lei considera aptos a gerar obrigações)

IMPORTANTE: obrigações que nascem diretamente da lei (responsabilidade objetiva,


alimentos, obrigações propter rem etc).
Obrigação propter rem: por ser titular de um direito sobre a coisa a LEI obrigado a uma
prestação em favor de terceiros. Não tem natureza real porque não vale erga omnes.
Quanto ao Vínculo

Civil Moral Natural

CIVIL: Jurídica (tem origem em uma das fontes das obrigações)


Exigível em Juízo e seu cumprimento é pagamento.
NATURAL Jurídica (tem origem em uma das fontes das obrigações).
Não exigível em Juízo e seu cumprimento é pagamento.
MORAL Não é jurídica (origem em dever de consciência).
Não exigível e seu cumprimento é mera liberalidade
Quanto à Prestação

Dar Não Fazer Fazer

Dar pp. Dita /


Coisa Certa /
Entregar / Fungível Infungível
Coisa Incerta
Restituir
OBRIGAÇÃO DE DAR

CONCEITO: objeto da prestação é a entrega/transferência de alguma coisa (material ou


imaterial) pelo devedor ao credor.
ESPÉCIES
DAR COISA CERTA: objeto é certo e determinado (art.313 CC).
DAR COISA INCERTA: objeto definido por gênero e quantidade, mas precisa passar por escolha
(concentração)´que salvo disposição em contrário compete ao devedor.
IMPORTANTE:
- Credor não é obrigado a receber coisa diversa, mesmo mais valiosa, ou por partes o que se
ajustou por inteiro.
- A coisa certa abrange os acessórios (233 CC), se o contrário não resultar da lei (pertenças –
art.94), da natureza ou das circunstâncias do negócio jurídico.
OBRIGAÇÕES DE DAR

ESPÉCIES:
DAR PP. DITA: devedor assume a obrigação de entregar e transferir o domínio.
ENTREGAR: devedor assume a obrigação de entregar sem a obrigação de transferir o domínio.
RESTITUIR: devedor assume obrigação de devolver o que lhe fora entregue.
EFEITOS DA CLASSIFICAÇÃO:
1) Res perit domino: os riscos de perecimento/deterioração do objeto correm em regra por
conta do proprietário, respondendo por culpa aquele que der causa à perda do objeto.
2) Os melhoramentos e acrescidos pertencem ao proprietário da coisa. (artigos 237, 241 e
242 do CC) que, a princípio, pode pedir aumento da contraprestação (preço).
3) Os frutos pendentes no momento da entrega pertencem ao credor. Quanto aos frutos
percebidos aplicam-se as regras atinentes ao possuidor de boa e má-fé.
OBRIGAÇÕES DE FAZER
CONCEITO: obriga a comportamento positivo, fato material, imaterial, próprio ou de terceiro, ou
manifestação de vontade (deve ser lícito, possível, determinado ou determinável).

DIFERENÇA DAR/FAZER: se o dar é conseqüência do fazer, é obrigação de fazer.

ESPÉCIES:
Infungível: só executável por certa e determinada pessoa (247 CC).
Fungível: executável por qualquer pessoa, inclusive por terceiros às custas do devedor.
IMPORTANTE: Declaração de vontade pode ser exigia em Juízo, salvo a natureza (ex
casamento), a lei (promessa de testamento) ou pelas circunstâncias (ccv). A decisão judicial
substitui a declaração omitida (artigos 463-464 do CC e 466-A, B e C do CPC).
OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER

CONCEITO: devedor assume o compromisso de abster-se de um ato ou


comportamento.
IMPORTANTE: É lícita enquanto não envolver injustificada restrição à liberdade individual.

EFEITOS:

- descumprida sem culpa, credor pode providenciar o desfazimento, se possível.


- se houve culpa e for possível, pode exigir desfazimento às custas do devedor;
- Se houve culpa e impossível, pode exigir multa porventura fixada (astreintes) e perdas
e danos, se for o caso.
Quanto à Multiplicidade dos Elementos

Simples Complexas Mistas

Objetivamente Complexas Subjetivamente Complexas

Solidária /
Cumulativa Alternativa ou Facultativa Divisível / Não
ou Conjuntiva Disjuntiva Indivisível Solidária
OBRIGAÇÕES OBJETIVAMENTE COMPLEXAS

CUMULATIVAS OU CONJUNTIVAS: mais de um objeto e credor pode exigir todos.


ALTERNATIVAS OU DISJUNTIVAS: mais de um objeto e devedor se exonera
cumprindo um deles. Exige escolha que, no silêncio, compete ao devedor.
FACULTATIVAS: o objeto é um só, porém a lei ou o contrato facultam ao devedor, se
presentes certas condições, substituí-lo por outro previamente determinado.
IMPORTANTE:
- Na facultativa a escolha é sempre do devedor e se o objeto principal se tornar
impossível sem culpa, ela não se concentra no remanescente, como ocorre nas
alternativas.
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
DIVISÍVEIS

CONCEITO: São divisíveis aquelas que o objeto for divisível (258 CC).

EFEITOS:
- obrigação se divide em tantas obrigações independentes quantos forem as partes;
- se não houver solidariedade, cada devedor se libera cumprindo a sua parte;
- se não houver solidariedade, o credor, sozinho, somente pode exigir a parte que lhe
cabe;
- a interrupção da prescrição por um dos credores não aproveita aos demais e a feita
em relação a um devedor não prejudica os demais.
INDIVISÍVEIS
CONCEITO: prestação só pode ser cumprida por inteiro porque o objeto é indivisível (não
interessa a razão da indivisibilidade).

EFEITOS:
- credor pode exigir de qualquer devedor a obrigação por inteiro e quem a cumprir fica
sub-rogado nos direitos do credor e pode exigir dos demais a cota de cada um;
- credor sozinho pode exigir o todo, mas devedor só se exonera pagando a todos conjuntamente
ou exigindo caução de ratificação aos demais;
IMPORTANTE: indivisibilidade desaparece se a obrigação se converter em perdas e danos
(263 CC). Neste caso, cada um responderá pela sua cota e o eventual culpado pelas perdas e
danos acrescidas
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
REGRA GERAL:
Não se presume, decorre da lei ou da vontade das partes.
Não depende da natureza do objeto (se divisível ou indivisível)

ESPÉCIES
Ativa: há mais de um credor e qualquer deles pode exigir a obrigação por inteiro.

Passiva: há mais de um devedor e credor pode exigir de qualquer deles, por


inteiro, a obrigação.
EFEITOS DA SOLIDARIEDADE ATIVA

1) O pagamento, direto ou indireto a qualquer credor exonera o devedor.

2) Interrupção da prescrição por um credor aproveita aos demais;

4) Devedor pode opor compensação que teria em face do outro credor

5) O julgamento contrário a um dos credores solidários não prejudica os


demais e o favorável beneficia (274CC)
EFEITOS DA SOLIDARIEDADE PASSIVA

1) Pagamento por qualquer devedor extingue a obrigação, com sub-rogação legal;


2) Interrupção da prescrição em face de um devedor alcança os demais;
3) Devedor pode opor defesas pessoais suas (erro, dolo, coação etc.) e comuns (objeto
ilícito, pagamento direito ou indireto) (273). Não pode usar defesas pessoais dos demais
co-devedores (281CC).
4) Devedor por invocar compensação de crédito seu até a totalidade da dívida e de
crédito de codevedor até a cota deste na dívida comum.
5) Não desaparece com conversão em perdas e danos (271 e 279). Todos respondem
pelo principal e pelo acrescido (multa, lucros cessantes) responde o causador.
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DAS OBRIGAÇÕES

LIQUIDAS / ILÍQUIDAS

EXECUÇÃO INSTANTÂNEA (ou momentânea)/ DIFERIDA/


CONTINUADA (ou de trato sucessivo ou periódico)

OBRIGAÇÕES DE MEIO / DE RESULTADO

PRINCIPAL / ACESSÓRIA
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
CESSÃO DE CRÉDITO
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
CESSÃO DE CONTRATO
CESSÃO DE CRÉDITO

CONCEITO: credor (CEDENTE) transfere para terceiros (CESSIONÁRIO), sua posição


na relação obrigacional.

IMPORTANTE: Pode abranger qualquer crédito, salvo se a natureza (alimentos de direito


de família), a lei (herança de pessoa viva) ou a vontade das partes impedir – art.286 CC

FORMA: livre, para valer contra terceiros deve ser feita por instrumento púbico ou
particular (288 CC);
EFEITOS DA CESSÃO DE CRÉDITO

1.Cessionário passa a ter os mesmos direitos do cedente, inclusive quanto às garantias


e acessórios;
2.Em regra cedente só responde pela EXISTÊNCIA do crédito e garantias e não pela
SOLVÊNCIA/PAGAMENTO do devedor (297 CC)
IMPORTANTE: O devedor (CEDIDO) não é parte na cessão. Ele precisa ser notificado
para:
a) não pagar ao cedente;
b) apresentar exceções pessoais que possua contra o cedente (ex: pagamento,
compensação, confusão).
AJUSTES ENVOLVENDO CESSÃO DE CRÉDITO
Fomento mercantil (factoring): lei 9.249/95, envolve gestão dos créditos do cedente e
planejamento. Faturizadora adquire com deságio créditos do faturizado. É nula cláusula que
imputa ao cedente responsabilidade pelo inadimplemento do cedido ou o obrigue à recompra
dos títulos.
Securitização de crédito: instituição financeira (sociedade de propósito específico de
securitização de créditos) antecipa o pagamento dos títulos que servem de lastro para a
emissão de valores mobiliários por ela negociados. Maioria: cedente pode ser responsabilizado
pelo inadimplemento do cedido se convencionado.
Desconto de títulos: instituição financeira antecipa o pagamento dos títulos ao cedente, com
dedução dos juros pelo tempo entre a antecipação e o efetivo pagamento. É “empréstimo”
garantido pelos títulos, recebidos pro solvendo e financiador pode cobrar do contratante da
operação de desconto.
CESSÃO DE DÉBITO (ASSUNÇÃO DE DÍVIDA) – 299 CC
CONCEITO: terceiro assume a obrigação e a posição do devedor perante o credor.

FORMA:
Expromissão: negócio entre o EXPROMITENTE e o CREDOR.
Delegação: negócio entre devedor (DELEGANTE) e terceiro (DELEGADO), com anuência do
credor.

EFEITOS:
1. Terceiros garantidores ficam desobrigados se não consentirem.
2. Devedor originário a princípio se desliga da obrigação anterior;
IMPORTANTE: o artigo 303 do CC prevê que o adquirente do imóvel hipotecado pode assumir a
dívida e neste caso, se o credor notificado não se manifestar, presume-se aceitação.
CESSÃO DE CONTRATO

CONCEITO: opera a transmissão da posição ATIVA e PASSIVA de contrato bilateral


(sinalagmático).
REQUISITOS:
- anuência do cedido, salvo se ele a houver dispensado;
- anuência de terceiros garantidores do CEDENTE porque do contrário eles estarão
desobrigados;
EFEITOS
- CEDENTE se desvincula da obrigação principal, ativa e passiva; Em
- Em regra cedente só responde pela EXISTÊNCIA do crédito e garantias e não pela
SOLVÊNCIA/PAGAMENTO do devedor (297 CC)
PAGAMENTO DIRETO

CONCEITO
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
VÍNCULO
ACCIPIENS
SOLVENS
OBJETO
ANIMUS SOLVENDI

LUGAR DO PAGAMENTO
TEMPO DO PAGAMENTO
PROVA DO PAGAMENTO
PAGAMENTO DIRETO
CONCEITO: Execução voluntária e exata da prestação pelo devedor (SOLVENS) ao
credor (ACCIPIENS), na forma, prazo e local devidos.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS:
Vínculo jurídico
Accipiens: Quem paga a terceiros, que não o accipiens, corre o risco de pagar.
Solvens: O pagamento realizado por terceiros, interessados juridicamente ou não, não
é pagamento direto.
Objeto: Coisa diversa não é pagamento direto, poderá eventualmente ser dação em
pagamento.
Animus solvendi.
ACCIPIENS

REGRA GERAL: o pagamento deve ser feito ao credor, a seu representante ou a seus
sucessores.
EXCEÇÕES
Ineficácia do pagamento feito ao credor
Art. 310: voluntariamente ao credor incapaz
Art.312: feito ao credor impedido de receber (crédito penhorado ou impugnado).
Eficácia do pagamento feito a terceiros:
- Art.311: portador da quitação.
- Art.308: ratificado pelo credor ou que o aproveita.
- Art.309: de boa fé ao credor putativo.
SOLVENS
REGRA GERAL: realizado pelo devedor ou seus sucessores.
PAGAMENTO POR TERCEIRO JURIDICAMENTE INTERESSADO
- credor e devedor não podem se opor ao pagamento (pode consignar);
- sub-rogação legal (efeito extintivo apenas em face do credor);
PAGAMENTO POR TERCEIRO NÃO INTERESSADO
Em nome e por conta do devedor
- pode consignar;
- é liberalidade, não se sub-roga e libera o devedor.
Em nome próprio
- credor pode se recusar a receber (não cabe consignação);
- não sub-roga automaticamente, mas tem direito ao reembolso do que pagou;
- credor pode conceder sub-rogação convencional.
OBJETO DO PAGAMENTO
ABRANGÊNCIA: É o conteúdo da prestação. Despesas com o pagamento correm por conta do
devedor, salvo CDC e culpa do credor (325 CC).

LUGAR DO PAGAMENTO
OBRIGAÇÕES QUESÍVEIS (quérable): domicílio do devedor (é a REGRA 327CC)
PORTÁVEIS (portable/levável): domicílio do credor.

REGRAS ESPECIAIS
- 329CC: motivo grave;
- 330CC: mudança do local em razão da praxe das partes;
- 328CC: entrega do imóvel e prestações a ele relativas. IMPORTANTE: não abrange
obrigações pessoais, como aluguel e financiamento.
TEMPO DO PAGAMENTO

OBRIGAÇÕES A TERMO (mora ex re): vencimento no termo (dies interpellat pro homine).
Importante: No silêncio o termo é benefício do devedor que pode antecipar o cumprimento da
obrigação (133 do CC).
No CDC consumidor pode liquidar débitos antecipadamente, com redução de encargos (art.52, p.2º.
CDC).
OBRIGAÇÕES SEM TERMO (mora ex persona):prestação exigível desde logo. Devedor deve ser
constituído em mora pelo credor.
Importante: Ajustes em que a mora é sempre ex persona: contratos de alienação fiduciária,
compromisso de venda e compra de imóveis, compra e venda com reserva de domínio.

OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS (art.332 CC).


VENCIMENTO ANTECIPADO DAS OBRIGAÇÕES 333 CC.
PROVA DO PAGAMENTO

QUITAÇÃO: Documento emitido pelo ACCIPIENS em que este reconhece o


pagamento.

FORMA: Escrita e com conteúdo mínimo (art.320 – quem pagou, o que foi pago,
data, local etc.).

OUTRAS PROVAS DE PAGAMENTO


Quitação pela devolução do título (321/324 CC.
Prestações sucessivas (322CC)
Quitação do capital sem reserva de juros (323).
FORMAS DE PAGAMENTO INDIRETO

PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO


PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
DAÇÃO EM PAGAMENTO
NOVAÇÃO
COMPENSAÇÃO
CONFUSÃO
REMISSÃO
PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO
(artigos 334 a 345 do CC e 539 a 549 do CPC)
CONCEITO pagamento indireto feito em Juízo ou estabelecimento bancário (art.539 CC).

OBJETO Obrigações de DAR e de FAZER, quando houver obrigação de dar dela decorrente.

HIPOTESES (rol não taxativo – ARTIGO 335 CC)


a) recusa do credor em receber ou em dar quitação;
b) ausência de cobrança do credor quando se tratar de obrigação quesível;
c) credor desconhecido, ausente, em local incerto, perigoso ou de acesso;
d) dúvida acerca de quem deva receber;
e) pender litígio sobre o objeto do pagamento ou concurso de credores;
f) incapacidade do credor e não for possível pagar ao representante;
QUEM PODE CONSIGNAR (304CC)

SOLVENS (devedor, representante ou sucessor)


TERCEIRO JURIDICAMENTE INTERESSADO
TERCEIRO NÃO INTERESSADO (em nome e por conta do devedor)

FINALIDADES
Afastar a mora do devedor / fixar a mora do credor;
Extinguir a obrigação em relação ao credor.
Pode ou não liberar o devedor.

IMPORTANTE: Admite-se para discutir cláusula contratual e evitar a mora enquanto a


questão não é decidida (caráter declaratório da decisão - declara satisfeita a obrigação).
PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
(artigos 346/351 do CC)

CONCEITO Forma de pagamento indireto em que terceiro providencia a satisfação do credor.

SUBROGAÇÃO LEGAL: Decorre da lei, independe da vontade dos envolvidos (credor, devedor,
garantidores) - Hipóteses: (346 CC)

SUBROGAÇÃO CONVENCIONAL: acordo de vontades entre credor e terceiro ou


credor/devedor e terceiro. - Hipóteses: art.347 CC.
EFEITOS
Transfere ao terceiro a posição jurídica do credor, inclusive garantias e acessórios.
Na legal terceiro somente pode cobrar o que desembolsou e se convencional pode cobrar a
totalidade da dívida.
IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
CONCEITO Forma de atribuição do pagamento se houver vários débitos entre o mesmo credor e o
mesmo devedor este não puder satisfazê-los todos. Para qual irá o pagamento?

IMPUTAÇÃO PELO DEVEDOR: no silêncio do negócio jurídico ou da lei, no ato do pagamento.


- se houver capital e juros ele não pode imputar no capital;
- só pode imputar em dívida não vencida se prazo a seu favor;

IMPUTAÇÃO PELO CREDOR: na quitação.

IMPUTAÇÃO LEGAL: aplica-se na omissão das partes: dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar e,
após, dívida mais onerosa para o devedor.
IMPORTANTE: exige dívidas líquidas e fungibilidade entre os objetos devidos
DAÇÃO EM PAGAMENTO (356 a 359 CC)

CONCEITO devedor, com a anuência do credor, realiza o pagamento com


prestação/objeto diverso.

EFEITOS
- extintivo e liberatório;
- se fixado preço, aplica-se regras da compra e venda;

Importante: se ocorrer a EVICÇÃO a obrigação anterior renasce com todos os acessórios e


garantias, salvo a fiança (838, III, CC) e direitos de terceiros de boa fé (ex: adquirentes de bem
que havia sido dado em garantia)
NOVAÇÃO (art.360 a 367 CC)

CONCEITO criação de obrigação nova, diferente da anterior, para extingui-la.

REQUISITOS
Existência de obrigação anterior não seja nula
(a anulável pode ser novada se o vício for conhecido da parte prejudicada);

Criação de obrigação nova, com elemento novo (vínculo, objeto ou as partes);

Intenção de novar (animus novandi): novação não se presume, sem clara intenção de
novar ela apenas confirma e ratifica a obrigação anterior
ESPÉCIES DE NOVAÇÃO
OBJETIVA elemento novo é o vínculo ou o objeto;
SUBJETIVA ATIVA: elemento novo é o credor. Exige anuência do credor e do devedor,
que contrata com terceiro a nova obrigação, extinguindo a anterior.
SUBJETIVA PASSIVA: elemento novo é o devedor. Depende da concordância do
credor, que contrata com o terceiro a obrigação nova, extinguindo a anterior.
MISTA:

EFEITOS DA NOVAÇÃO
Extingue a obrigação anterior com todos os acessórios e cria uma obrigação nova.
COMPENSAÇÃO

CONCEITO encontro de créditos e débitos recíprocos, que se extinguem até onde se


encontrarem.
Importante: adotamos o sistema legal de compensação, que se opera automaticamente, sem
necessidade de acordo entre as partes, basta encontro de débitos e créditos recíprocos
compensáveis.
ESPÉCIES
Legal: decorre da lei, independentemente da vontade das partes, se presentes os requisitos
legais.
Convencional: decorre da vontade das partes, que podem dispensar requisitos.
Judicial: decidida pelo julgador, que pode dispensar o requisito da liquidação.
REQUISITOS DA COMPENSAÇÃO LEGAL
a) Reciprocidade, liquidez e exigibilidade das prestações (dívidas vencidas);
b) fungibilidade entre as prestações;
c) dívidas compensáveis (art. 373)

EFEITOS
1) Extintivo e liberatório da obrigação.
2) Na solidariedade ativa o devedor cobrado pode alegar compensação que teria em
face de qualquer dos credores.
3) Na solidariedade passiva pode compensar crédito seu com o credor, até o valor total
da dívida, ou crédito de coobrigado até a cota dele na obrigação comum.
CONFUSÃO (381 a 384 CC)
CONCEITO reunião, na mesma pessoa, das condições de credor e devedor.
EFEITOS Extintivo e liberatório. Se desfeita por ter origem em relação transitória ou
ineficaz a obrigação se restabelece com todos os seus acessórios.

REMISSÃO (385 a 388 CC)

CONCEITO liberalidade do credor que dispensa o devedor do cumprimento da


obrigação.
Importante: somente produzirá efeitos se for aceita pelo devedor.
EFEITOS: Extintivo e liberatório.
INADIMPLEMENTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

ESPÉCIES DE INADIMPLEMENTO
Inadimplemento absoluto
Inadimplemento relativo – mora
PERDAS E DANOS
Danos emergentes
Lucros cessantes
Danos morais
Correção monetária e juros
ARRAS OU SINAL
CLÁUSULA PENAL
INADIMPLEMENTO ABSOLUTO
CONCEITO descumprimento de obrigação, que não pode mais ser cumprida de forma proveitosa para o
credor.
ESPÉCIES
Voluntário ou culposo: decorre de culpa ou dolo do devedor (389 CC).
Involuntário: decorre de caso fortuito, força maior ou fato de terceiro (393 CC).

EFEITOS
Credor pode postular resolução contratual por inadimplemento.
Dever de indenizar se houve culpa ou se decorreu de fato de terceiro ou fortuito interno parte do risco da
atividade do devedor.
Nos contratos benéficos, beneficiado responde por simples culpa e o não beneficiado apenas por dolo. Já
nos onerosos ambos respondem por simples culpa (392CC).
INADIMPLEMENTO RELATIVO (mora)
CONCEITO cumprimento imperfeito ou descumprimento da obrigação, que ainda pode
ser cumprida em proveito do credor (394 CC) – purgação ou emenda da mora.

ESPÉCIES
Mora solvendi: mora do devedor que, por CULPA, não cumpriu a obrigação.
Mora accipiendi: mora do credor que, sem justa causa, não recebe ou não dá
quitação.
Importante: ônus da prova do pagamento e da excludente de responsabilidade é do
devedor que, para caracterizar a mora do credor precisa CONSIGNAR a prestação
(art.337 do CC - cessam os juros da dívida e os riscos, assim que o depósito se efetua).
EFEITOS DA MORA

MORA DO DEVEDOR
a) deve cumprir a prestação e responderá por perdas e danos;
b) responde pela impossibilidade superveniente da prestação, ainda que decorrente do fortuito ou força
maior, salvo se provar que os danos ocorreriam de qualquer forma (399 CC).

MORA DO CREDOR
a) devedor não responderá pela perda ou deterioração supervenientes, salvo se agiu com dolo (400CC).
b) devedor tem direito ao ressarcimento por eventuais despesas e prejuízos adicionais;
c) credor deverá receber a prestação pela variação de valor mais favorável ao devedor (400 CC);
d) devedor pode consignar a prestação.
Tanto a mora do credor quanto a do devedor podem ser purgadas (emendadas).
PERDAS E DANOS

DANO EMERGENTE: desfalque real no patrimônio do credor. Aquilo que ele perdeu (402).
Importante: indenização se mede pelo dano e não pelo grau de culpa salvo:
a) culpa concorrente (945 CC);
b) excessiva desproporção entre o grau de culpa e o dano (944 p.único);
c) situações de prejuízo presumido:
- 416 CC: para exigir cláusula penal;
- 407/404CC: juros de mora, correção monetária;
- 418 CC: arras ou sinal.
LUCROS CESSANTES: privação de ganho previsto (o que razoavelmente deixou de lucrar - 403 CC).

DANOS MORAIS: indenização por danos extrapatrimoniais decorrentes do inadimplemento da obrigação.


DOS JUROS/ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA
JUROS MORATÓRIOS
- Indenização pelo inadimplemento culposo da obrigação em dinheiro nele ou convertida;
- Independe de previsão contratual;
- Limitado a 1% ao mês, não capitalizado (407/406 CC).

JUROS REMUNERATÓRIOS (COMPENSATÓRIOS)


- fruto do dinheiro, pago por quem utiliza capital alheio em decorrência de mútuo.
- Independe do inadimplemento e exigem previsão contratual ou legal (ex: mútuos para fins econômicos –
591 CC);
- quando pactuados com instituição financeira não estão sujeitos ao limite legal.

ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA correção em face da inflação, paga em todas as obrigações em dinheiro ou


nela convertidas, independentemente de expressa previsão contratual (404 CC).
ARRAS OU SINAL (417 A 420 CC).

CONCEITO direito ou coisa dada para firmar presunção de acordo definitivo

FUNÇÕES
Confirmatória: todas tem, decorre da sua natureza.
Princípio de pagamento: Exige: a) fungibilidade entre a prestação e as arras; b) contrato
cumprido.
Pré-fixação de perdas e danos: Terão esta função se o contrato não for executado (418 CC).

Importante:
Não estipulado o direito de arrependimento, cabe indenização suplementar provado prejuízo
maior (419/420 CC).
CLÁUSULA PENAL (408 A 416 CC)
CONCEITO penalidade para o descumprimento culposo da obrigação, total ou parcial.

FINALIDADE
a) coerção do devedor a cumprir obrigação;
b) préfixação de perdas e danos

ESPÉCIES
Moratória: é a “multa” em caso de mora ou para cláusula específica (art. 409 CC). ,
pode ser exigida com o cumprimento da obrigação. (411 CC).
Compensatória: para caso de inadimplemento absoluto. Alternativa do credor.
EFEITOS DA CLÁUSULA PENAL

1. CREDOR pode escolher:


a) exigir o cumprimento (e eventual cláusula moratória);
b) cobrar a multa como pré-fixação de perdas e danos, dando por resolvido o ajuste;
c) cobrar a multa e perdas e danos (se provar prejuízo maior e o contrato autorizar - 416 p.único).
2) Valor não pode exceder o da obrigação principal (nula no excesso - 412 CC).
3) Pode ser reduzida por cumprimento parcial ou se excessiva (413 CC).

Importante
Mesmo se houver solidariedade:
Nas obrigações indivisíveis pode ser exigida por inteiro do codevedor culpado e os demais respondem
proporcionalmente, com ação regressiva (414 CC).
Nas obrigações divisíveis só responde pela pena o culpado e na proporção da sua cota (415).

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