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PARTE I – INTRODUÇÃO
Professor Paulo Toledo
DIREITO PRIVADO
DIREITOS PATRIMONIAIS:
DIREITOS REAIS: cuidam das relações imediatas entre os sujeitos de
direito e seus bens.
DIREITOS PESSOAIS: cuidam das relações jurídicas de cunho
patrimonial entre as pessoas.
DIREITOS PESSOAIS DIREITOS REAIS
PRESTAÇÃO
Dar/Fazer/Não Fazer
OBJETO
Conteúdo da prestação
CONCEITO DE OBRIGAÇÃO
VÍNCULO JURÍDICO, patrimonial, pelo qual alguém (SUJEITO PASSIVO) assume o dever de
DAR, FAZER ou NÃO FAZER (PRESTAÇÃO) alguma coisa (OBJETO) em favor de outrem
(SUJEITO ATIVO).
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
SUBJETIVO – SUJEITOS: credor e devedor (determinados/determináveis - ex: promessa de
recompensa, título ao portador)
OBJETIVOS: PRESTAÇÃO/OBJETO compromisso de DAR, FAZER ou NÃO FAZER alguma
coisa (OBJETO da prestação).
IMATERIAL: VÍNCULO JURÍDICO: elo que obriga o devedor a desempenhar a prestação sob
pena de sanção.
FONTES DAS OBRIGAÇÕES
ESPÉCIES:
DAR PP. DITA: devedor assume a obrigação de entregar e transferir o domínio.
ENTREGAR: devedor assume a obrigação de entregar sem a obrigação de transferir o domínio.
RESTITUIR: devedor assume obrigação de devolver o que lhe fora entregue.
EFEITOS DA CLASSIFICAÇÃO:
1) Res perit domino: os riscos de perecimento/deterioração do objeto correm em regra por
conta do proprietário, respondendo por culpa aquele que der causa à perda do objeto.
2) Os melhoramentos e acrescidos pertencem ao proprietário da coisa. (artigos 237, 241 e
242 do CC) que, a princípio, pode pedir aumento da contraprestação (preço).
3) Os frutos pendentes no momento da entrega pertencem ao credor. Quanto aos frutos
percebidos aplicam-se as regras atinentes ao possuidor de boa e má-fé.
OBRIGAÇÕES DE FAZER
CONCEITO: obriga a comportamento positivo, fato material, imaterial, próprio ou de terceiro, ou
manifestação de vontade (deve ser lícito, possível, determinado ou determinável).
ESPÉCIES:
Infungível: só executável por certa e determinada pessoa (247 CC).
Fungível: executável por qualquer pessoa, inclusive por terceiros às custas do devedor.
IMPORTANTE: Declaração de vontade pode ser exigia em Juízo, salvo a natureza (ex
casamento), a lei (promessa de testamento) ou pelas circunstâncias (ccv). A decisão judicial
substitui a declaração omitida (artigos 463-464 do CC e 466-A, B e C do CPC).
OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER
EFEITOS:
Solidária /
Cumulativa Alternativa ou Facultativa Divisível / Não
ou Conjuntiva Disjuntiva Indivisível Solidária
OBRIGAÇÕES OBJETIVAMENTE COMPLEXAS
CONCEITO: São divisíveis aquelas que o objeto for divisível (258 CC).
EFEITOS:
- obrigação se divide em tantas obrigações independentes quantos forem as partes;
- se não houver solidariedade, cada devedor se libera cumprindo a sua parte;
- se não houver solidariedade, o credor, sozinho, somente pode exigir a parte que lhe
cabe;
- a interrupção da prescrição por um dos credores não aproveita aos demais e a feita
em relação a um devedor não prejudica os demais.
INDIVISÍVEIS
CONCEITO: prestação só pode ser cumprida por inteiro porque o objeto é indivisível (não
interessa a razão da indivisibilidade).
EFEITOS:
- credor pode exigir de qualquer devedor a obrigação por inteiro e quem a cumprir fica
sub-rogado nos direitos do credor e pode exigir dos demais a cota de cada um;
- credor sozinho pode exigir o todo, mas devedor só se exonera pagando a todos conjuntamente
ou exigindo caução de ratificação aos demais;
IMPORTANTE: indivisibilidade desaparece se a obrigação se converter em perdas e danos
(263 CC). Neste caso, cada um responderá pela sua cota e o eventual culpado pelas perdas e
danos acrescidas
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
REGRA GERAL:
Não se presume, decorre da lei ou da vontade das partes.
Não depende da natureza do objeto (se divisível ou indivisível)
ESPÉCIES
Ativa: há mais de um credor e qualquer deles pode exigir a obrigação por inteiro.
LIQUIDAS / ILÍQUIDAS
PRINCIPAL / ACESSÓRIA
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
CESSÃO DE CRÉDITO
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
CESSÃO DE CONTRATO
CESSÃO DE CRÉDITO
FORMA: livre, para valer contra terceiros deve ser feita por instrumento púbico ou
particular (288 CC);
EFEITOS DA CESSÃO DE CRÉDITO
FORMA:
Expromissão: negócio entre o EXPROMITENTE e o CREDOR.
Delegação: negócio entre devedor (DELEGANTE) e terceiro (DELEGADO), com anuência do
credor.
EFEITOS:
1. Terceiros garantidores ficam desobrigados se não consentirem.
2. Devedor originário a princípio se desliga da obrigação anterior;
IMPORTANTE: o artigo 303 do CC prevê que o adquirente do imóvel hipotecado pode assumir a
dívida e neste caso, se o credor notificado não se manifestar, presume-se aceitação.
CESSÃO DE CONTRATO
CONCEITO
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
VÍNCULO
ACCIPIENS
SOLVENS
OBJETO
ANIMUS SOLVENDI
LUGAR DO PAGAMENTO
TEMPO DO PAGAMENTO
PROVA DO PAGAMENTO
PAGAMENTO DIRETO
CONCEITO: Execução voluntária e exata da prestação pelo devedor (SOLVENS) ao
credor (ACCIPIENS), na forma, prazo e local devidos.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS:
Vínculo jurídico
Accipiens: Quem paga a terceiros, que não o accipiens, corre o risco de pagar.
Solvens: O pagamento realizado por terceiros, interessados juridicamente ou não, não
é pagamento direto.
Objeto: Coisa diversa não é pagamento direto, poderá eventualmente ser dação em
pagamento.
Animus solvendi.
ACCIPIENS
REGRA GERAL: o pagamento deve ser feito ao credor, a seu representante ou a seus
sucessores.
EXCEÇÕES
Ineficácia do pagamento feito ao credor
Art. 310: voluntariamente ao credor incapaz
Art.312: feito ao credor impedido de receber (crédito penhorado ou impugnado).
Eficácia do pagamento feito a terceiros:
- Art.311: portador da quitação.
- Art.308: ratificado pelo credor ou que o aproveita.
- Art.309: de boa fé ao credor putativo.
SOLVENS
REGRA GERAL: realizado pelo devedor ou seus sucessores.
PAGAMENTO POR TERCEIRO JURIDICAMENTE INTERESSADO
- credor e devedor não podem se opor ao pagamento (pode consignar);
- sub-rogação legal (efeito extintivo apenas em face do credor);
PAGAMENTO POR TERCEIRO NÃO INTERESSADO
Em nome e por conta do devedor
- pode consignar;
- é liberalidade, não se sub-roga e libera o devedor.
Em nome próprio
- credor pode se recusar a receber (não cabe consignação);
- não sub-roga automaticamente, mas tem direito ao reembolso do que pagou;
- credor pode conceder sub-rogação convencional.
OBJETO DO PAGAMENTO
ABRANGÊNCIA: É o conteúdo da prestação. Despesas com o pagamento correm por conta do
devedor, salvo CDC e culpa do credor (325 CC).
LUGAR DO PAGAMENTO
OBRIGAÇÕES QUESÍVEIS (quérable): domicílio do devedor (é a REGRA 327CC)
PORTÁVEIS (portable/levável): domicílio do credor.
REGRAS ESPECIAIS
- 329CC: motivo grave;
- 330CC: mudança do local em razão da praxe das partes;
- 328CC: entrega do imóvel e prestações a ele relativas. IMPORTANTE: não abrange
obrigações pessoais, como aluguel e financiamento.
TEMPO DO PAGAMENTO
OBRIGAÇÕES A TERMO (mora ex re): vencimento no termo (dies interpellat pro homine).
Importante: No silêncio o termo é benefício do devedor que pode antecipar o cumprimento da
obrigação (133 do CC).
No CDC consumidor pode liquidar débitos antecipadamente, com redução de encargos (art.52, p.2º.
CDC).
OBRIGAÇÕES SEM TERMO (mora ex persona):prestação exigível desde logo. Devedor deve ser
constituído em mora pelo credor.
Importante: Ajustes em que a mora é sempre ex persona: contratos de alienação fiduciária,
compromisso de venda e compra de imóveis, compra e venda com reserva de domínio.
FORMA: Escrita e com conteúdo mínimo (art.320 – quem pagou, o que foi pago,
data, local etc.).
OBJETO Obrigações de DAR e de FAZER, quando houver obrigação de dar dela decorrente.
FINALIDADES
Afastar a mora do devedor / fixar a mora do credor;
Extinguir a obrigação em relação ao credor.
Pode ou não liberar o devedor.
SUBROGAÇÃO LEGAL: Decorre da lei, independe da vontade dos envolvidos (credor, devedor,
garantidores) - Hipóteses: (346 CC)
IMPUTAÇÃO LEGAL: aplica-se na omissão das partes: dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar e,
após, dívida mais onerosa para o devedor.
IMPORTANTE: exige dívidas líquidas e fungibilidade entre os objetos devidos
DAÇÃO EM PAGAMENTO (356 a 359 CC)
EFEITOS
- extintivo e liberatório;
- se fixado preço, aplica-se regras da compra e venda;
REQUISITOS
Existência de obrigação anterior não seja nula
(a anulável pode ser novada se o vício for conhecido da parte prejudicada);
Intenção de novar (animus novandi): novação não se presume, sem clara intenção de
novar ela apenas confirma e ratifica a obrigação anterior
ESPÉCIES DE NOVAÇÃO
OBJETIVA elemento novo é o vínculo ou o objeto;
SUBJETIVA ATIVA: elemento novo é o credor. Exige anuência do credor e do devedor,
que contrata com terceiro a nova obrigação, extinguindo a anterior.
SUBJETIVA PASSIVA: elemento novo é o devedor. Depende da concordância do
credor, que contrata com o terceiro a obrigação nova, extinguindo a anterior.
MISTA:
EFEITOS DA NOVAÇÃO
Extingue a obrigação anterior com todos os acessórios e cria uma obrigação nova.
COMPENSAÇÃO
EFEITOS
1) Extintivo e liberatório da obrigação.
2) Na solidariedade ativa o devedor cobrado pode alegar compensação que teria em
face de qualquer dos credores.
3) Na solidariedade passiva pode compensar crédito seu com o credor, até o valor total
da dívida, ou crédito de coobrigado até a cota dele na obrigação comum.
CONFUSÃO (381 a 384 CC)
CONCEITO reunião, na mesma pessoa, das condições de credor e devedor.
EFEITOS Extintivo e liberatório. Se desfeita por ter origem em relação transitória ou
ineficaz a obrigação se restabelece com todos os seus acessórios.
ESPÉCIES DE INADIMPLEMENTO
Inadimplemento absoluto
Inadimplemento relativo – mora
PERDAS E DANOS
Danos emergentes
Lucros cessantes
Danos morais
Correção monetária e juros
ARRAS OU SINAL
CLÁUSULA PENAL
INADIMPLEMENTO ABSOLUTO
CONCEITO descumprimento de obrigação, que não pode mais ser cumprida de forma proveitosa para o
credor.
ESPÉCIES
Voluntário ou culposo: decorre de culpa ou dolo do devedor (389 CC).
Involuntário: decorre de caso fortuito, força maior ou fato de terceiro (393 CC).
EFEITOS
Credor pode postular resolução contratual por inadimplemento.
Dever de indenizar se houve culpa ou se decorreu de fato de terceiro ou fortuito interno parte do risco da
atividade do devedor.
Nos contratos benéficos, beneficiado responde por simples culpa e o não beneficiado apenas por dolo. Já
nos onerosos ambos respondem por simples culpa (392CC).
INADIMPLEMENTO RELATIVO (mora)
CONCEITO cumprimento imperfeito ou descumprimento da obrigação, que ainda pode
ser cumprida em proveito do credor (394 CC) – purgação ou emenda da mora.
ESPÉCIES
Mora solvendi: mora do devedor que, por CULPA, não cumpriu a obrigação.
Mora accipiendi: mora do credor que, sem justa causa, não recebe ou não dá
quitação.
Importante: ônus da prova do pagamento e da excludente de responsabilidade é do
devedor que, para caracterizar a mora do credor precisa CONSIGNAR a prestação
(art.337 do CC - cessam os juros da dívida e os riscos, assim que o depósito se efetua).
EFEITOS DA MORA
MORA DO DEVEDOR
a) deve cumprir a prestação e responderá por perdas e danos;
b) responde pela impossibilidade superveniente da prestação, ainda que decorrente do fortuito ou força
maior, salvo se provar que os danos ocorreriam de qualquer forma (399 CC).
MORA DO CREDOR
a) devedor não responderá pela perda ou deterioração supervenientes, salvo se agiu com dolo (400CC).
b) devedor tem direito ao ressarcimento por eventuais despesas e prejuízos adicionais;
c) credor deverá receber a prestação pela variação de valor mais favorável ao devedor (400 CC);
d) devedor pode consignar a prestação.
Tanto a mora do credor quanto a do devedor podem ser purgadas (emendadas).
PERDAS E DANOS
DANO EMERGENTE: desfalque real no patrimônio do credor. Aquilo que ele perdeu (402).
Importante: indenização se mede pelo dano e não pelo grau de culpa salvo:
a) culpa concorrente (945 CC);
b) excessiva desproporção entre o grau de culpa e o dano (944 p.único);
c) situações de prejuízo presumido:
- 416 CC: para exigir cláusula penal;
- 407/404CC: juros de mora, correção monetária;
- 418 CC: arras ou sinal.
LUCROS CESSANTES: privação de ganho previsto (o que razoavelmente deixou de lucrar - 403 CC).
FUNÇÕES
Confirmatória: todas tem, decorre da sua natureza.
Princípio de pagamento: Exige: a) fungibilidade entre a prestação e as arras; b) contrato
cumprido.
Pré-fixação de perdas e danos: Terão esta função se o contrato não for executado (418 CC).
Importante:
Não estipulado o direito de arrependimento, cabe indenização suplementar provado prejuízo
maior (419/420 CC).
CLÁUSULA PENAL (408 A 416 CC)
CONCEITO penalidade para o descumprimento culposo da obrigação, total ou parcial.
FINALIDADE
a) coerção do devedor a cumprir obrigação;
b) préfixação de perdas e danos
ESPÉCIES
Moratória: é a “multa” em caso de mora ou para cláusula específica (art. 409 CC). ,
pode ser exigida com o cumprimento da obrigação. (411 CC).
Compensatória: para caso de inadimplemento absoluto. Alternativa do credor.
EFEITOS DA CLÁUSULA PENAL
Importante
Mesmo se houver solidariedade:
Nas obrigações indivisíveis pode ser exigida por inteiro do codevedor culpado e os demais respondem
proporcionalmente, com ação regressiva (414 CC).
Nas obrigações divisíveis só responde pela pena o culpado e na proporção da sua cota (415).