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CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1

Assuntos de Direito das Obrigações

TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES

Ramo que abrange parte de nossas ações cotidianas relacionadas ao Direito Civil.
- Teoria Geral das Obrigações (estudado atualmente)
- Teoria Geral dos Contratos

A Teoria Geral das Obrigações e Direitos Reais tratam de questões patrimoniais.


A grande parte das questões de Direitos das Obrigações trata de patrimônio.
Negócios jurídicos são fonte para o estudo do Direito das Obrigações.
As coisas que não podem ser revertidas em valor pecuniário não podem ser objeto do Direito
das Obrigações.
Na relação obrigacional há uma pessoa que tem o direito de exigir uma prestação de outra.
As obrigações se referem a duas situações: crédito e débito.

Débito – Quando se está obrigado a pagar;


Crédito – Quando se recebe o crédito.

A obrigação é uma prestação de dar, fazer ou não-fazer.


Na obrigação há a relação de crédito e débito.

CREDOR – Sujeito ativo;


DEVEDOR – Sujeito passivo, possui débito, obrigação de realizar conduta que vai satisfazer o
credor.

“No Direito Civil, a parte relativa aos vínculos jurídicos, de natureza patrimonial, que se
formam entre sujeitos determinados para a satisfação de interesses tutelados pela lei, se acha
sistematizada num conjunto de noções, princípios e regras a que se denomina, com mais
frequência, Direito das Obrigações” (Orlando Gomes).

RELAÇÃO SIMPLES: “As partes correspondem a duas pessoas, figurando cada qual,
unicamente, na qualidade de credor e de devedor, ou seja, tendo uma exclusivamente direito
e outra dever. Essas relações são as que derivam de contratos unilaterais. Não são as mais
frequentes, por importarem gratuidade. Falta-lhes o objetivo da troca de vantagens ou
utilidades, que norteia a vida econômica”. (Orlando Gomes).
RELAÇÃO COMPLEXA: “As duas posições, de credor e de devedor, são ocupadas, ao
mesmo tempo, pelos sujeitos da mesma relação obrigacional. Um deles é o credor e também
devedor do outro em condições de reciprocidade próprias dos contratos bilaterais ou
signalamáticos”. (Orlando Gomes).

Toda e qualquer relação obrigacional, seja tributária, trabalhista, empresarial ou civil, é


constituída pelos seguintes elementos: a) Objetivo ou objetos que compõem a relação
obrigacional; b) Subjetivos ou sujeitos da obrigação e c) Vínculo jurídico ou o liame, o elo
entre os sujeitos que obriga à satisfação do interesse do credor.
O elemento objetivo da obrigação é o seu objeto, que se subdivide, para fins didáticos, em
objeto obrigacional e objeto prestacional. O objeto obrigacional consiste no direito do credor
de exigir do devedor. Tal elemento sempre irá resumir-se em dar, fazer ou não-fazer.
O elemento subjetivo de uma obrigação são os sujeitos. Toda e qualquer obrigação comporta
dois sujeitos: o credor e o devedor. Podem ser sujeitos da relação obrigacional pessoas
físicas ou jurídicas, seja qual for a sua natureza, e também sociedades de fato.

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O credor, que também pode ser chamado de sujeito ativo ou accipiens, é aquele que tem um
interesse a ser satisfeito e o direito subjetivo de exigir um comportamento certo e determinado
de outrem, que é o devedor. Portanto, o devedor, também designado como sujeito passivo ou
solvens, é aquele que tem o dever da prestação, o dever de um comportamento certo e
determinado para com o credor. O devedor deve dar, fazer ou não fazer algo a alguém, no
caso, ao credor.
O vínculo jurídico resulta de diversas fontes e sujeita o devedor a determinada prestação em
favor da satisfação do interesse do credor. O vínculo jurídico perfaz-se em débito e
responsabilidade. O débito é o vínculo pessoal que forma o liame entre o credor e o devedor.
A responsabilidade corresponde diretamente à facultas agendi.
As prestações, que constituem o objeto direto da obrigação, poderão ser:

Obrigações

Positivas Negativas

De dar De fazer De não-fazer

Coisa Certa

Coisa Incerta

A obrigação pode ser vista a partir do ponto de vista do objeto direto ou imediato (a prestação)
ou do objeto indireto ou mediato (o bem da vida).

DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS DAS PESSOAS


Existem posicionamentos – minoritários – que não reconhecem os direitos reais, não havendo
bipartição, sendo todos obrigacionais. Também há aqueles que somente reconhecem os
direitos reais.
- “Hipoteca é um direito real em coisa alheia”;
- Os direitos reais acompanham a coisa e os direitos obrigacionais acompanham as pessoas;
- Todos os direitos reais são direitos vinculados à coisa;
- “A alienação fiduciária e a hipoteca são muito parecidas”;

DISTINÇÃO ENTRE DÉBITO E RESPONSABILIDADE


O vínculo jurídico resulta de diversas fontes e sujeita o devedor a determinada prestação em
favor da satisfação dos interesses do credor. O vínculo jurídico perfaz-se em débito e
responsabilidade. O débito é o vínculo pessoal que forma o liame entre o credor e o devedor.

OBRIGAÇÕES NATURAIS – São aquelas que não são exigíveis judicialmente. Os créditos
cujas pretensões prescreveram, por exemplo, constituem obrigação natural. Outro exemplo
são as dívidas de jogo e aposta (a não ser das legalizadas, a exemplo dos jogos da Mega
Sena).
Obrigação natural é a expressão, por vezes utilizada para nomear prestações não-acionáveis
e, outras vezes, para designar deveres sociais ou convencionais.

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MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

Obrigações – Dar, Fazer (faccere), Não-fazer (non-faccere)

OBRIGAÇÃO DE DAR
- Não é sinônimo de “doar”, mas de entregar determinada coisa a uma pessoa.
- A obrigação de dar pode consistir na entrega ou restituição de algo a alguém. É, portanto,
uma obrigação positiva.
- Coisa certa – Prestação determinada;
- Coisa incerta – Prestação determinável;
- Não existe prestação totalmente indeterminada;
- A obrigação de dar transmite-se por sucessão;
- A entrega consiste em dar originalmente algo, ou seja, se José comprou a moto de João,
este tem de cumprir sua obrigação através da entrega.

OBRIGAÇÃO DE FAZER
- Existe a possibilidade de duas modalidades estarem na mesma ocasião: Por exemplo,
contratar um artesão para fazer uma bolsa exatamente igual a uma pré-determinada,
artesanalmente.
- As obrigações de dar e fazer são positivas, ao contrário as obrigações de não-fazer, que são
negativas;
- A obrigação de fazer é uma obrigação positiva que se perfaz com atos executados pelo
devedor.
- Quando a obrigação de fazer só puder ser executada por pessoa certa e determinada, com
características essenciais ou peculiares, diz-se que se está diante de uma obrigação
infungível ou personalíssima. Por outro lado, quando a obrigação de fazer pode ser cumprida
por terceiro, chama-se fungível ou não-personalíssima.

OBRIGAÇÃO DE NÃO-FAZER
A obrigação de não-fazer consiste em obrigação negativa pela qual o devedor se obriga à
abstenção de determinado ato. Tem por objeto uma prestação negativa, um comportamento
omissivo do devedor.

As prestações são os objetos das obrigações


OBRIGAÇÕES DE FAZER FUNGÍVEIS – Será fungível quando não houver restrição negocial
no sentido de que o serviço seja realizado por outrem. Diz-se que a obrigação não foi
pactuada em atenção à pessoa do devedor. O Código Civil de 2002 admite a possibilidade de
o fato ser executado por terceiro, havendo recusa ou mora do devedor.
OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEIS – Trata-se das chamadas obrigações
personalíssimas (intuito personae), cujo adimplemento não poderá ser realizado por qualquer
pessoa, em atenção às qualidades especiais daquele que se contratou. Tais pessoas não
poderão, sem prévia anuência do credor, indicar substitutos.
Classificação conforme o modo de execução:
INSTANTÂNEA OU TRANSEUNTE – Aquela em que a prestação e a contraprestação
ocorrem num único momento, extinguindo-se a correspondente obrigação com esse único ato
isolado de satisfação do interesse do credor. Por exemplo, Carlos compra um livro de João e
paga à vista.
CONTÍNUA OU PERIÓDICA – Também podem ser chamadas de “trato sucessivo” ou
“execução continuada”. O pagamento se protrai no tempo, por exemplo, uma compra e venda
a prazo ou uma doação em forma de subvenção periódica.
Conforme os elementos constitutivos:

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SIMPLES;
COMPLEXAS;

PRESTAÇÃO ÚNICA (OU SIMPLES);


PRESTAÇÃO MÚLTIPLA (OU CONJUNTA).

OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA


O devedor só cumpre a obrigação se entregar objetivamente o contratado. Se entregar outra
ele não está cumprindo a obrigação. O devedor deve entregar exatamente o que foi
contratado, sendo que, mesmo que dê algo mais valioso, compete ao credor aceitar ou não.

- “Os direitos do consumidor são irrenunciáveis”;


OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR

OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA


- Será indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade;
- Concentração – Ato de escolha, dentro do gênero, para que se escolha qual especificidade
será entregue.

OBRIGAÇÃO DE FAZER
- Por exemplo, um advogado para fazer um exercício de assessoria. Roberto Carlos para
fazer um show;
- Não há aceitação que a pessoa seja instada à força para realizar algo;
- Se a obrigação for descumprida o devedor deverá responder civilmente;
- Deve-se observar se é obrigação de fazer fungível ou obrigação de fazer infungível;
- Se a obrigação for infungível o devedor não pode exigir que o credor aceite,
obrigatoriamente, um substituto em seu lugar;
- Caso a obrigação não seja cumprida por culpa do devedor, ele deve ressarcir a quantia
(caso já a tenha recebido) e indenizar perdas e danos. Há casos em que a quantia é
estipulada já no contrato;
- Caso a obrigação não seja cumprida sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação por
perdas e danos;
- Art. 247 do Código Civil de 2002

Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que


recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.

- Art. 248 do Código Civil de 2002.

Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor,


resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.

- Mora é o inadimplemento relativo: entregar uma parte somente (indevidamente), entregar


em local errado, entregar atrasadamente. A mora não é somente “demora”.

Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o


credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a
convenção estabelecer.

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OBRIGAÇÃO DE NÃO-FAZER

- Por exemplo, um vizinho que não quer que seja construído um edifício de três andares ao
lado de seu domicílio com dois andares porque senão perderá sua vista ao mar. Então cria
uma obrigação solicitando que o vizinho não exerça seu direito de construir.

Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor
pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa,
ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar
desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do
ressarcimento devido.

- O que é Servidão?
Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o
prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante
declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente
registro no Cartório de Registro de Imóveis.

- A obrigação de não-fazer pode ter cunho gratuito ou oneroso;


- As obrigações de não-fazer costumam aparecer em âmbito de contratos nos quais haja a
discussão de várias obrigações;
- Por exemplo, não divulgar que certa relação de fusão está sendo desenvolvida; certa
celebridade não fazer propaganda a outras empresas;

OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

- É quando o objeto da obrigação recai sobre mais de uma obrigação, mas basta a realização
de uma única;
- Pode combinar de diversas formas: Dar X ou fazer Y; Dar X ou dar Y; não-fazer X ou dar Y.
São disjuntivas (ou uma ou outra);
- Se a obrigação se tornar impossível, por culpa ou não-culpa do devedor, se o devedor deve
escolher, não precisará indenizar perdas e danos, bastando dar a outra parte da obrigação.
Ou seja, se não satisfazer com uma, satisfaz com outra.
- “Ou realiza a prestação ou indeniza perdas e danos” – Isso não é prestação alternativa;
- Quando a escolha cabe ao credor ou a terceiro, se ele já escolheu e comunicou a escolha
ao devedor, ela deixa de ser alternativa e passa a ser obrigação simples. Se uma delas não
puder ser paga por culpa do devedor (e for justamente a que o credor escolheu), deverá
indenizar o credor por perdas e danos (e ressarcir o dinheiro, se for o caso). Ou o credor pode
escolher a outra.
- A sistemática do Código Civil de 2002 é para facilitar a exoneração do devedor, finalizar a
obrigação.
- O que é compensação?
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da
outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.

- O que é sub-rogação?
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor
principal e os fiadores.

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SOLIDARIEDADE

ATIVA – Mais de um credor solidário da mesma obrigação;


PASSIVA – Mais de um devedor solidário da mesma obrigação. Codevedores solidários.
Cada um deles é obrigado pela dívida toda.
A solidariedade não é presumida, pois decorre de contrato.
O que é caução de ratificação?

Relevância da diferença entre obrigação indivisível e obrigação solidária: No caso de não-


cumprimento por impossibilidade, quando ela gera mora, por exemplo, as relações se
mostram distintas;
Diferenciar obrigação INDIVISÍVEL de obrigação SOLIDÁRIA (ver p. 76-78 Obriga. F. V.
Figueiredo). Caso uma obrigação indivisível seja convertida em perdas e danos, ela perde seu
caráter de indivisibilidade, pois o objeto passa a ser a devolução dos valores eventualmente já
pagos acrescidos das perdas e danos e esse valor deixa de ser indivisível. Por outro lado, se
uma obrigação solidária se converte em perdas e danos, ela mantém o seu caráter de
solidariedade, uma vez que o aspecto subjetivo continua o mesmo. O vínculo de solidariedade
numa obrigação solidária se dá por uma razão subjetiva. No obrigação indivisível a causa é
objetiva, ou seja, a indivisibilidade se dá pela natureza do objeto, pela disposição legal ou pela
vontade das partes.
- A solidariedade não se presume. Resulta da lei ou da vontade das partes. A solidariedade
ativa só surge por vontade das partes, segundo a doutrina, enquanto a solidariedade passiva
pode surgir de duas maneiras.
- Recomendação: Pesquisar e estudar as várias causas que suspendem ou interrompem a
prescrição.
- É mais comum aparecer solidariedade passiva do que solidariedade ativa;
- Não se pode ver “fiança „pura‟” como solidariedade passiva;
- Renúncia de solidariedade não é remissão de dívida;
- A renúncia da solidariedade de ser expressa (quando uma parte decide não mais receber a
sua parte);
- As obrigações se transmitem. Pode ser “inter vivos” ou “mortis causa”;
- O que é espólio? É o patrimônio de alguém que já faleceu;
- O que é devedor insolvente?
- Na solidariedade passiva, presume-se que as cotas a serem pagas são iguais,
proporcionalmente divididas
- Distinção entre PERDAS E DANOS e JUROS DE MORA. As perdas e danos não se incluem
na solidariedade e os juros de mora se incluem na solidariedade;
- Leitura dos Arts. 264 a 285 do Código Civil de 2002:

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um


credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.

Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das


partes.

Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores
ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para
o outro.

Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro.

Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor
comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.

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Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o
montante do que foi pago.

Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um


destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao
seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.

Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos


os efeitos, a solidariedade.

Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento


responderá aos outros pela parte que lhes caiba.

Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções
pessoais oponíveis aos outros.

Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os


demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em
exceção pessoal ao credor que o obteve.

Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos


devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido
parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo
resto.

Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação


pelo credor contra um ou alguns dos devedores.

Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum


destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão
considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.

Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da
quantia paga ou relevada.

Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre


um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos
outros sem consentimento destes.

Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores


solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas
perdas e danos só responde o culpado.

Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação
tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros
pela obrigação acrescida.

Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a
outro co-devedor.

Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou


de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores,
subsistirá a dos demais.

Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada
um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do

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insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os


co-devedores.

Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os


exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia
ao insolvente.

Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores,


responderá este por toda ela para com aquele que pagar.

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

CESSÃO DE CRÉDITO – Pode ser gratuita ou onerosa. Normalmente será onerosa. É


negócio jurídico bilateral, de caráter especulativo e, portanto, presumido como oneroso, pelo
qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional.
CEDENTE – É o titular originário do crédito, ou seja, aquele que transfere seu crédito;
CESSIONÁRIO – Aquele que recebe o crédito e passa a ser o sujeito ativo da relação
obrigacional;
CEDIDO – Ele é o devedor. A sua anuência é prescindível, mas ele deve ser comunicado.

OBRIGAÇÃO AMBULATÓRIA – Obrigação que segue a coisa, que está sempre anexada a
algo.

CESSÃO DE DÉBITO – Enquanto a cessão de crédito é mais comum, a cessão de débito é


mais rara. Pode ser também denominada “assunção de dívida”. Para que haja substituição do
devedor, o credor tem que anuir.
EXPROMISSÃO – Sem consentimento do devedor. Pode ser liberatória, situação em que
haverá uma perfeita sucessão no débito, restando, portanto, exonerado da dívida o devedor
exprometido; ou cumulativa, em que o novo devedor passa a ser codevedor solidário.
DELEGAÇÃO – Com o consentimento do devedor. Se dá por um contrato entre o devedor e
terceiro, com o consentimento do credor, poderá ser privativa – se o delegante se desonerar
da dívida –, ou cumulativa – se o devedor delegante restar subsidiariamente responsável pelo
débito;

SUB-ROGAÇÃO – Para a ciência jurídica, sub-rogação traduz a ideia de “substituição” de


sujeitos ou de objeto em uma determinada relação jurídica. O pagamento com sub-rogação,
modo especial de extinção das obrigações disciplinado pelos art. 236 a 351 do Código Civil de
2002, traduz a ideia de cumprimento da dívida por terceiro, com a consequente substituição
de sujeitos na relação jurídica obrigacional originária.
- Situação do fiador na cessão de crédito;
- Situação do fiador na cessão de débito;

SUBLOCAÇÃO;

CESSÃO DE CONTRATO – Diferentemente do que ocorre na cessão de crédito ou de débito,


neste caso o cedente transfere a sua própria posição contratual (compreendendo créditos e
débitos) a um terceiro (cessionário), que passará a substituí-lo na relação jurídica originária.

- Recomendação – Revisar os requisitos de validade do Negócio Jurídico;


- Titular de Créditos Alimentícios – Personalíssima.
- Quando a lei e a doutrina falam em pagamento válido, na verdade refere-se a pagamento
eficaz;
- O crédito penhorado não pode ser cedido.

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- O que é crédito penhorado?

ADIMPLEMENTO

1. Nomenclatura;
2. Natureza Jurídica;
2.1 Negócio Jurídico;
2.2 Ato Jurídico;
2.3 Corrente Mista;
3. Pressupostos;
4. Elementos;
4.1 Sujeitos;
4.1.1 Solvens;
4.1.2 Accipiens;
4.2 Objeto;
4.3 Prova;
4.4 Lugar;
4.5 Tempo;
5. Adimplemento substancial.

Arts. 304 a 323 do Código Civil de 2002:

Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o


credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.

Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em


nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.

Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome,
tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do
credor.

Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao


reembolso no vencimento.

Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do


devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios
para ilidir a ação.

Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade,


quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu.

Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais


reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente
não tivesse o direito de aliená-la.

Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o


represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto
reverter em seu proveito.

Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado
depois que não era credor.

Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se
o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.

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Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação,


salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.

Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita


sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não
valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo,
ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.

Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa.

Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o
credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não
se ajustou.

Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda


corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.

Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.

Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta


entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o
juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor
real da prestação.

Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda


estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da
moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.

Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o
pagamento, enquanto não lhe seja dada.

Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular,
designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem
por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou
do seu representante.

Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a


quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a
dívida.

Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este,
poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize
o título desaparecido.

Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última


estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as
anteriores.

Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se
pagos.

- Recomendação de leitura: Obrigações, de Orlando Gomes;

- ADIMPLEMENTO STRICTO SENSU;


- ADIMPLEMENTO LATO SENSU;
- FORMAS EXTINTIVAS ANÔMALAS;
- O que significa “sinalagma”? Existência de deveres recíprocos;
- Segundo Pontes de Miranda, há um filtro no qual há Existência, Validade e Eficácia (nesta
ordem) e o inadimplemento se situa no campo da eficácia;

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- Os elementos do adimplemento estão no art. 304 do Código Civil de 2002;


- SOLVENS – Aquele que cumpre a obrigação. Normalmente é o devedor;
- ACCIPIENS – Aquele que recebe o crédito. Normalmente será o credor. Pode ser também
alguém que represente o credor, o qual poderá ser legal, judicial ou convencional;
- REPRESENTANTE LEGAL – Por exemplo, o tutor e o curador;
- REPRESENTANTE JUDICIAL – Por exemplo, o síndico, representante da massa falida;
- REPRESENTANTE CONVENCIONAL;
- Teoria da Aparência - Em determinadas situações, a simples aparência de uma qualidade ou
de um direito poderá gerar efeitos na órbita jurídica. São acontecimentos supervenientes que
alteram profundamente a economia do contrato, por tal forma perturbando o seu equilíbrio,
como inicialmente estava fixado, que se torna certo que as partes jamais contratariam se
pudessem ter podido antes antever esses fatos;
- Fraude contra credores – O devedor se desfaz dolosamente do seu patrimônio para evitar o
pagamento ao credor;
- Elemento objetivo do pagamento;
- Prova do Pagamento – Ou pela quitação ou pela devolução do título. É um direito subjetivo
do devedor. A quitação produz efeito iuris tantum que o pagamento foi realizado através de
RECIBO.
- Consignação em Pagamento.

- Quem tem direito a sub-rogação é o terceiro interessado. O terceiro não-interessado tem


direito a reembolso;
- Na sub-rogação existe a substituição da titularidade do crédito. Reembolso é o simples
direito de receber a quantia novamente;
- VALOR NOMINAL;
- CLÁUSULA DE ESCALA MÓVEL – É lícito convencionar o aumento progressivo de
prestações sucessivas. Ela não é previsão de juros;
- A correção monetária é para atualizar o valor da dívida, uma exceção ao princípio do
nominalismo;
- Juros moratórios – Se não se paga no vencimento, os juros alteram sempre para mais;
- Juros remuneratórios;
- A correção monetária incide sobre o princípio do nominalismo;
- Escala móvel – Atualização da dívida;
- Art. 317 – Teoria da Imprevisão – Pressupõe-se que haja uma dívida feita hoje para ser
paga posteriormente, mas acontece algo que acarreta uma alteração que a torna de
desproporção manifesta;
- Ação Revisional de Contrato;

ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (continuação)


- Prova do pagamento;
- Lugar do pagamento;
- Tempo do pagamento;
- Adimplemento substancial;

- Leitura do art. 323 do Código Civil de 2002 – Se dão por quitados primeiro os juros e depois
o capital. Tem como enfoque as instituições financeiras;
- A mera devolução do título ao devedor (título de crédito) já consubstancia o pagamento;
- Em caso de perda do título do crédito por culpa do credor poderá o devedor exigir, retendo o
pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido (art. 321 do Código Civil
de 2002);

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- Princípio da Cartularidade do Título de Crédito – A existência material é que é representativa


do título de crédito;
- Art. 326 do Código Civil de 2002 – Invoca uma “regionalidade”. As medidas variam conforme
o lugar. Os pesos e medidas serão padronizados de acordo com o local;
- Leitura da Seção IV – Do lugar do pagamento;

Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes


convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da
obrigação ou das circunstâncias.

Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher


entre eles.

Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações


relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.

Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar
determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.

Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia
do credor relativamente ao previsto no contrato.

- Art. 327 do Código Civil de 2002 – A regra é que o local do pagamento é o domicílio do
devedor;
- A competência que versa sobre obrigação vinculada a direito real (propter rem) é efetuar o
pagamento onde se encontra o imóvel. Por exemplo, o IPTU deve ser pago no local onde se
situa o imóvel;
- Em relação ao local do pagamento as dívidas podem ser:
QUERABLES – Terminologia francesa. “Quesível”. O ônus relativo à localização da perda
para a localização do pagamento é do credor. É a regra. O domicílio do devedor funciona
como local do pagamento;
PORTABLES – O devedor deve entregar no domicílio do credor;
TEORIA DA IMPREVISÃO;
- Lei 8.2435/1991 – Lei do Inquilinato.
- Art. 330 do Código Civil de 2002 – Princípio da Confiança – É um dispositivo novo que não
tem correspondência no Código Civil de 1916 (Código anterior);
- Leitura da Seção V – Do tempo do pagamento;

Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época
para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.

Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da


condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.

Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo
estipulado no contrato ou marcado neste Código:

I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;

II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução


por outro credor;

III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito,


fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade


passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.

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Revisão: Modo, termo e encargo


MODO – É sinônimo de encargo. Determinação acessória acidental do negócio jurídico que
impõe ao beneficiário um ônus a ser cumprido, em prol de uma liberalidade maior;
TERMO – Espécie de determinação acessória, o termo é o acontecimento futuro e certo que
subordina o início ou o término da eficácia jurídica de determinado ato negocial;
ENCARGO – Sinônimo de modo;
CONDIÇÃO – É a determinação acessória que faz a eficácia da vontade declarada
dependente de algum acontecimento futuro e incerto.

- Leitura do art. 333 do Código Civil de 2002 – Uma exceção às condições da sistemática do
pagamento;
- Leitura do art. 939 do Código Civil de 2002 – Não se trata efetivamente de antecipação de
tutela. Aqui ocorre que o credor apressado cobra a dívida antes da data estipulada. Então o
credor terá que pagar as custas do processo em dobro:

Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos
casos em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para
o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a
pagar as custas em dobro.

- Leitura do art. 940 do Código Civil de 2002:

Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado
a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no
segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.

- Art. 333, alínea I – Tem correspondência com a Lei 11.101/05;


- Qual a diferença de hipoteca para penhor? Hipoteca é aplicável para bens imóveis e penhor
para bens móveis. Elas têm prioridade em relação ao pagamento dos credores devendo ser
executados primeiramente;
- O que são créditos quirografários?
- Diferencie garantias fidejussórias de garantias reais.

ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL

- Recomendação de obra: “Obrigação como Processo” – Clóvis de Couto e Silva;


- O que é adimplemento substancial? É o reconhecimento da adimplência de grande parte da
dívida.
- Advinda dos países de common Law, sendo ali denominada substancial performance;
- O adimplemento substancial não desonera o devedor do pagamento do restante da dívida;
- Leitura do art. 763 do Código Civil de 2002:

Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no
pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.

- Decreto-Lei 911/1969;
- Função Social do Contrato.

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MODALIDADES ESPECIAIS DE PAGAMENTO

Pagamento em consignação – Não é uma forma de pagamento strictu sensu. Ocorre nas
situações de mora accipiendi ou quando houver dúvida causada pelo credor quanto aos
elementos do pagamento;
- Leitura do art. 334 do Código Civil de 2002:

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou


em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

- Procedimento (CPC, 890-900) – Extrajudicialmente ou Judicial;


- O pagamento não é só um dever do devedor, mas também um direito;
- Requisitos do pagamento em consignação;
- Quais são os requisitos para que o pagamento em consignação seja válido?

COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS

Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou
dar quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou


residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do


pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em
relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o
pagamento.
- Art. 335, I – Ocorrem casos nos quais o credor tem o intuito de retomar para si a posse do
imóvel e elabora, de má-fé, maneiras pelas quais o devedor não consiga efetuar o
pagamento. Consequentemente, poderia haver ação de despejo. Aqui cabe ação de
pagamento em consignação.
- Lei 8.245 de 1991 – Lei do Inquilinato – Descreve sanções para o caso de não-pagamento
do aluguel por parte do inquilino;
- Nenhum devedor deve pagar se o credor não apresenta a quitação (uma prova documental
que houve aquele pagamento). É complicado provar só com testemunha;
- Art. 335, III – Se o credor for incapaz de receber seu representante poderá; se for
desconhecido pode ajuizar ação de consignação em pagamento, publicando edital; se for
declarado ausente pode ser pago aos bens do curador dos bens do ausente; se residir em
lugar incerto publica-se edital através de ajuizamento de ação de consignação em
pagamento; se o acesso for perigoso ou difícil e o devedor quer pagar não é necessário que
ele ponha em risco sua integridade física.
- Art. 336 – Fala-se na consignação extrajudicial e judicial.

- A fiança é uma garantia fidejussória;

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- A consignação de pagamento será feita no lugar do imóvel. Admite-se, mas é simbólico o


depósito;

PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO

Ele é pagamento só para uma das partes da relação obrigacional. Satisfaz o credor, mas não
libera o devedor.
SUBROGAÇÃO REAL – Uma coisa substitui a outra com a mesma qualificação jurídica;
SUBROGAÇÃO PESSOAL – Pode ser de causa legal ou de causa convencional;
Lei 8.009/1990 – Proteção aos bens de família;

NOVAÇÃO

- Cria-se uma nova obrigação para ficar no lugar anterior;

Art. 360. Dá-se a novação:

I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir
a anterior;

II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;

III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo,


ficando o devedor quite com este.

Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a
segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.

Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada


independentemente de consentimento deste.

Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação
regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.

Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que


não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor
ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia
pertencerem a terceiro que não foi parte na novação.

Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários,


somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as
preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam
por esse fato exonerados.

Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o
devedor principal.

Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de
novação obrigações nulas ou extintas.

- animus novandi;
- Na dúvida, há a interpretação de que não é novação. Ela não se presume;
- A novação pode estar tácita;
- NOVAÇÃO OBJETIVA (REAL) – Acontece quando na relação obrigacional continua a
mesma em relação às partes, mas o objetivo é extinguir a primeira e substituir essa primeira;
- NOVAÇÃO SUBJETIVA (PESSOAL) – Muito parecida com assunção de dívida. Existe
alteração das partes (credor ou devedor). Acontece muito em famílias;

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- NOVAÇÃO MISTA;
- Uma simples alteração na taxa de juros não é novação. Alterações secundárias não é
novação. A alteração tem que ser substancial para que haja novação;
- Qual a relação da novação com a nulibilidade e anulabilidade?
- Pode-se novar obrigação prescrita? A obrigação em si continua existindo (apenas não era
mais exigível). Pode sim haver novação de dívida prescrita;
- O Código Civil de 2002 também permite renúncia à prescrição;
- Nada impede que uma obrigação que seja objeto de lide judicial seja objeto de novação;
- Não se pode novar obrigação nula. A obrigação que decorre de um negócio nulo não existe;
- O que é confissão de dívida?
- Pode-se novar obrigação natural? A maioria da doutrina entende que não pode. A doutrina
minoritária entende que pode;
- Obrigação condicional admite novação. A nova obrigação criada pode ser convencional ou
não;
- Diferença entre Novação Subjetiva e a Assunção de Dívida – Na novação subjetiva
extingue-se a outra obrigação e inicia-se outra;
- A novação subjetiva pode acontecer com ou sem o consentimento do devedor;

CESSÃO DE CRÉDITO

A obrigação integra o patrimônio da pessoa. Logo, é transmissível. O credor pode transferir o


seu crédito para terceiro. Isso pode se dar devido a decisão judicial, por exemplo;

Cessão
Cessionário

O consentimento do devedor não


tem relevância
Credor Devedor
Cedente Cedido

O conteúdo da obrigação não é modificado. A alteração é apenas subjetiva. O devedor não


participa. Ele é terceiro em relação ao negócio entre o cedente e o cessionário (antigo credor
e novo credor, respectivamente);
O devedor também é chamado de cedido. Deve ser comunicado da cessão.
A cessão pode ser onerosa ou gratuita;
O consentimento do devedor não tem relevância.

ASSUNÇÃO DE DÍVIDA OU CESSÃO DE DÉBITO


É negócio feito entre devedor e terceiro, com o consentimento do credor. Esse terceiro
assume a obrigação de pagar a dívida do devedor.
A importância do consentimento reside no interesse no patrimônio do devedor, objeto da
obrigação.
OBS. 1: A relação jurídica de fiança é entre o credor e fiador, não é o caso aqui.
OBS. 2: Expromissão é quando terceiro faz acordo com credor para assumir dívida.

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Delegação
Expromissão

Credor Devedor

Fiador
CESSÃO DE CONTRATO – O contrato inteiro é cedido a terceiro.

Posse / uso

Locatário
Locação

Locador Locatário

Aluguel (R$)

OBS.: Há alguns créditos intransmissíveis. Restringe-se a cessão, por lei, por exemplo: títulos
de crédito alimentício; por exemplo, obrigação personalíssima. O crédito penhorado também
não pode ser cedido.

ADIMPLEMENTO

- A corrente mista só era tratada em Orlando Gomes. Fala da dificuldade de definição


imediata;
- Cristiano Chaves: Prestação voluntária; obedece à forma, tempo e lugar; e prestação lícita
(conceito amplo). São 03 os pressupostos do adimplemento;
- Art. 304 – Sub-rogação de terceiro / direitos do credor;
- Art. 306 é uma exceção;
- Art. 309 – Aplicabilidade da teoria da aparência (Em determinadas situações, a simples
aparência de uma qualidade ou de um direito poderá gerar efeitos na órbita jurídica). O
pagamento é válido.
- A PROVA é por quitação ou devolução do título. Não sendo dada tal prova, direito subjetivo
do devedor, o credor fica em mora. Daí o direito de retenção do devedor.

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TEORIA GERAL DO PAGAMENTO

Art. 304 – Fala do interessado que paga. Sub-roga-se aos interesses do credor, tornando-se
credor, então;
Terceiro não-interessado pode pagar. Contudo, não se sub-roga;
Art. 305 – Fala do reembolso, mas sem sub-rogação (ocupar o lugar do credor). Reembolso é
simples direito à devolução. Tal é feito pelo devedor. Se este não o faz, ressalve-se por via da
lei.

R$
Terceiro

Devedor Credor

Arts. 315 e 317 – Dívida em dinheiro é diferente de dívida de valor. A primeira está no artigo
315. A dívida de valor não segue o nominalismo. Apena-se o valor da nominal mais seus
aumentos em decorrência do tempo, se ocorrer. É o valor da coisa e este valor pode variar;
Art. 316 – Cláusula de Escala Móvel – Muito comum, principalmente na época de inflações;
A correção monetária é uma exceção ao princípio do nominalismo (em época de inflação seria
fonte de injustiça);

TEORIA DA IMPREVISÃO – Acontecimentos imprevisíveis que acabam alterando de forma


desproporcional a obrigação anteriormente contraída. Esse “imprescindível” vai ser analisado
pelo juiz. Se exige uma cautela comum de uma pessoa comum. Tem que haver uma
razoabilidade.

Art. 323 – Quando o objeto for capital (dinheiro), quitam-se primeiro os juros. Só depois o
principal (obrigação de dar dinheiro). A finalidade é a venda do bem por dinheiro.
Art. 324 – A mera devolução do título induz à prova do pagamento. Se o título se perde, o
devedor tem o direito de exigir o pagamento de volta. O credor deve provar que perdeu-o de
boa-fé.
Art. 325 – Despesas por conta do credor.
Art. 326 – Invoca regionalidade. Presumem-se pesos e medidas do local de execução do
contrato em caso de omissão no mesmo.

LUGAR
Art. 327 – O Código Civil de 2002 não expunha nesse sentido. Falava do domicílio do
devedor. Aqui, consideram-se eventualidades de acordo com a boa-fé subjetiva e função dos
contratos. Exemplo: pagamento de pensão alimentícia – ver casos dos parágrafos.
Art. 329 – Teoria da imprevisão;
OBS.: Obrigações quesíveis – Paga no domicílio do devedor;
Obrigações portáveis – Paga no domicílio do credor;
A regra do Código Civil de 2002 é a primeira, como dito (Seu Barriga vai à procura de Seu
Madruga). Hoje a maioria das obrigações são bancárias, o que facilita muito;
Art. 330 – Princípio da confiança – Presume-se o local como aquele em que foi efetuado o
pagamento.

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TEMPO
Art. 331 – Se não for fixado, deve-se pagar imediatamente. É raro. Deve ser à vista;
Art. 332 – Correlação entre modo, tempo e lugar. O credor deve provar o implemento. Notifica
o devedor da condição especial, impelindo-o a pagar;
Art. 333 – Exceção à sistemática do pagamento. Oportunizar ao credor cobrar uma dívida
ainda não vencida;
Art. 334 – Compensação do devedor (relação com o Código de Defesa do Consumidor). Freia
recebimento indevido;
OBS.: Contrato de locação: Em caso de silêncio, 6 dias úteis após o dia do vencimento.

ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL

Termo novo no Brasil. Não é citado nos manuais. Consiste num reconhecimento da
adimplência de grande parte da dívida por parte do devedor visando evitar a rescisão do
contrato quando se está muito próximo de obter a quitação da dívida (o devedor, no caso).
Exemplo: contratos de seguro. Se já se quitou 11 das 12 parcelas, por exemplo. Aproxima-se
do total cumprimento. Visa suspender a incidência de juros (art. 763).
Vem trazer a questão da função social dos contratos (constitucionalização dos direitos),
evitando a punição de quem não pagou uma ou duas parcelas. Não exonera o devedor do
pagamento. Busca é evitar a dissolução do contrato, fazendo valer a sua função social.

MODALIDADES ESPECIAIS DO PAGAMENTO

1. Pagamento em consignação.
Não possui o requisito da voluntariedade. Situações: “mora accipiendi” de dívida, causada
pelo credor, quanto aos elementos do pagamento (a quem se deve pagar, quem deve pagar,
prova, tempo e lugar do pagamento).
Art. 334 – O procedimento pode ser judicial ou extrajudicial. CPC, arts. 340 a 400;
Art. 335 – Fora da primeira situação citada, de mora.

Na consignação há um obstáculo por parte do credor. Está no Código do Processo Civil. Não
é depósito extrajudicial, mas ação mesmo. Fala da obrigação de dar.
O depósito extrajudicial é mais raro, aceito em algumas hipóteses, como em caso de
impossibilidade de quitar a ação de consignação em pagamento.
É muito comum em casos de locação de imóveis. Para se evitar ação do credor, o inquilino ou
curador pode ajuizar uma ação de consignação. A recusa em receber o pagamento pode ser
indício de má-fé e é esta que se busca suprimir. Se a recusa for justa, contudo, a ação é tida
como improcedente. O réu, que é o credor, ganha a ação. O devedor está em mora, correndo
juros e correção monetária até este momento. Tem de haver um cuidado com isto.
Verifica-se quem tem a razão. Muitas vezes busca-se uma atitude intermediária, regulando o
valor a ser pago.
Se o credor for incapaz de receber, paga-se ao representante legal. Não se entra logo com
ação de consignação. A ação se aplica ao credor incapaz ou desconhecido. Em caso de
credor falecido também. Busca-se porque se quer pagar. Pede-se ao juiz cite os interessados
por Edital nos últimos dois casos.

Art. 337 – Infere-se o conteúdo do artigo 336. Durante o intervalo em que já venceu a
obrigação e o depósito, caso o juiz julgue procedente, só correm os juros e moras nesse
período. Contudo, se ação for julgada improcedente, o devedor pagará juros e mora durante
todo o período.
O levantamento do depósito pelo credor é possível em alguns casos, como dispõe o art. 338;

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Art. 338 – Quando o credor nada disser de não impugnar o depósito, o devedor poderá fazer
o levantamento do mesmo. Se o credor se manifestar e deixar o devedor levantar o depósito,
extinguem-se as garantias reais e fidejussórias (caso do fiador). Ou seja, os terceiros
coobrigados exoneram-se da obrigação.
Art. 339 – Quando a ação de consignação é julgada procedente e o devedor pede o
levantamento do depósito e o credor autoriza. Se os terceiros não autorizam, não há
levantamento do depósito.
CONSIGNAÇÃO DE IMÓVEL – É simbólico. Refere-se à consignação das chaves.
Art. 342 – A ação de consignação pode ser usada para quem o credor efetue a escolha. Após
a escolha, realiza-se o depósito.
Art. 344 – Duas ou mais pessoas brigam judicialmente por algo. O devedor deverá depositar e
aguardar a decisão judicial.

PAGAMENTO COM SUBROGAÇÃO

Art. 346 – É um pagamento que satisfaz o credor, mas não exonera o devedor da dívida
propriamente, pois o mesmo passa a dever para uma outra pessoa.
SUBROGAÇÃO PESSOAL X SUBROGAÇÃO REAL – A primeira pode ser de causa legal ou
convencional.
Terceiro interessado ou codevedor – Subrogação pessoal de causa legal, expressa por lei.
Terceiro não-interessado – Subrogação convencional.

Subrogação Legal: Art. 346 – Traz hipóteses taxativas dela.


Exemplo I:

Credor 1
R$
Devedor Credor 2
Credor 3

O devedor não pode ser opor. O credor 2 paga ao credor 1 por livre e espontânea vontade,
por achar melhor e evitar ação judicial ou extrajudicial do devedor. Libera-se o credor 1. O
credor 2 subroga-se ao credor 1.

Exemplo II:

(R$) (R$)
Caixa Econômica
Federal
Não há prejuízo
Mútuo para ela
CEF

Mutuário Mutuante
Devedor Credora (quem empresta)

(R$)

O devedor é terceiro qualquer, terceiro adquirente, no contrato. Teria que haver cessão de
contrato, mas com o conhecimento da Caixa Econômica Federal. A Caixa não conhece o
sujeito. Tem-se que ter cuidado com a má-fé do devedor, que pode não repassar o dinheiro. A

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Caixa só toma ciência se faz-se a cessão. Essa situação ocorre porque o devedor não quitou
a sua dívida. Portanto, o sujeito paga ao devedor o que o mesmo já gastou e paga o resto à
Caixa. A Caixa pode recusar a cessão.

Exemplo III: Terceiro interessando, já visto, se sub-roga aos direitos do credor.


Art. 347: Sub-rogação convencional por duas hipóteses contratuais ou negociais. Uma parte
transmite os seus interesses à outra. Decorre de um pagamento que foi feito (diferente da
cessão de crédito, que não inclui obrigatoriamente o pagamento).
Ex.:

Terceiro
Empréstimo
R$

Terceiro
Devedor Credor

Art. 348 – Aplicação das regras à cessão de crédito.


Art. 349 – Sub-rogação é pessoal. Mais vantajosa que a cessão. Substitui o lugar do credor.
Art. 350 – Não há, na sub-rogação convencional, a limitação característica da sub-rogação
legal.
Art. 351;

IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO

Entre o credor e o devedor há mais de um crédito. Não se pagou nada ainda. Todos têm a
mesma natureza e objeto (créditos fungíveis entre si).
Escolhe-se uma ou algumas pessoas para se pagar primeiro. O devedor indica o que está
pagando. É direito seu tal imputação. Com R$400,00 ele pode pagar a dívida de R$300,00 e
de R$100,00 ou a de R$400,00, por exemplo:
R$ 300,00 R$ 400,00

R 01 R 02

Devedor Credor Devedor Credor

R$ 100,00

R 03

Devedor Credor

Excepcionalmente, o direito pode ser do credor, quando o devedor não indica o que está
pagando. O credor decide na quitação. Se não o fizer, ocorre imputação legal.

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O credor não pode se opor à imputação do devedor. Não pode cobrar dívida não vencida
também. Raríssimas são as exceções, estabelecidas em contrato, geralmente.
Para se haver pagamento parcial, o credor tem que aceitar. Se não aceitar, restitui o
pagamento ao devedor.
Art. 354 – Presume-se primeiro o pagamento dos juros e não do capital, senão acarreta
prejuízo ao credor.
Art. 352 – Dívida líquida: certa quanto à existência e determinada quanto ao objeto.
Art. 355 – Imputação legal. Tem critérios da ordem de quitação. Na dívida líquida não pode
fazer imputação. A dívida mais onerosa é aquela que impõe maior prejuízo ao credor ou
aquela que tem garantia.
Quando todos são de mesma onerosidade, o que fazer? O Código não responde. A doutrina
sugere que se quite todas as dívidas, de forma parcial sobre cada uma (imputação parcial).

DAÇÃO EM PAGAMENTO

O credor acha mais interessante, devido à situação do devedor, receber um bem no lugar
daquilo que ele realmente tem direito (o dinheiro). Gera o efeito do pagamento este negócio
jurídico bilateral. A dação extingue a obrigação.
Alguns a entendem apenas como uma forma especial de pagamento, indireto, e não como um
negócio. Contudo, o devedor não pode impor ao credor. Este tem que aceitar, tacitamente
mesmo.
Se o devedor entregar e não diz nada, o credor pode entender como uma doação.
Comprovando que não foi, o credor vai escolher ficar ou não com a coisa recebida.
DAÇÃO EM FUNÇÃO DO PAGAMENTO – Não extingue a dívida, a obrigação. Na entrega de
título de crédito, o devedor continuaria como tal até que este título de crédito seja pago.
A dação pode se dar por meio de ação ou entrega de um bem.
Quando o objeto for um imóvel deve ser feito por escritura pública com o registro no cartório
de imóveis.
Há casos de dação em que o pagamento será inválido.
Ex.: Não pode entregar todos os seus bens ou de ascendente sem o consentimento dos
outros, etc. Outro exemplo é sobre bem que o devedor não pode dispor, como bens
penhorados.

COMPENSAÇÃO

São obrigações líquidas e vencidas, ambas exigíveis. Extinguem-se os créditos. As duas


obrigações se resolvem. É a compensação legal. Objetos fungíveis entre si (mesma
natureza).

R$ 10.000,00 R$ 10.000,00

R 01 R 02

João Pedro João Pedro

Há compensação parcial quando, por exemplo, os valores devidos não são os mesmos.
Exemplo: R1 de R$10.000,00 e R2 de R$13.000,00. A R1 se resolve e o devedor da R2 só paga
R$3.000,00. É legal também. Não depende de acordo entre as partes.
A compensação convencional pode ocorrer quando os requisitos para a legal não estão
presentes. Faz-se isso expressamente, de comum acordo.

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OBS.: Dar coisa esbulhada em realidade é uma obrigação de restituir. Comodato também.

CONFUSÃO E REMISSÃO

CONFUSÃO – Acontece sobre a mesma obrigação e objeto o débito e o crédito recai sobre a
mesma pessoa.

Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam


as qualidades de credor e devedor.

Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte


dela.

Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só


extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na
dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.

Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus
acessórios, a obrigação anterior.

Ex.: Situação de herança – Filho deve R$100,00 ao pai e quando o pai morre herda sozinho
os bens. Torna-se credor e devedor das obrigações.
Trata-se com este exemplo de causa extintiva obrigação.
A confusão transitória não extingue a dívida.
Exemplo: Processo de ausência. Herda o devedor o patrimônio do ausente. Passa a ser
credor e devedor da mesma obrigação. Contudo, com o aparecimento do ausente retorna a
obrigação. Trata-se de uma confusão ineficaz.
A confusão opera-se em todos os casos automaticamente.
Art. 381 – Pessoa jurídica (A) comprou pessoa jurídica (B) que devia. Não há mais dívida.
Confusão;
Art. 382 – Confusão de dívida solidária;
Art. 384 – Casos de confusão temporária;

REMISSÃO – Ato pelo qual o credor exonera por liberalidade o devedor. Necessita de
aprovação do devedor (expressa ou tácita, inequívoca). Ato bilateral, embora seja espécie do
gênero. Renúncia (ato unilateral);

Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas
sem prejuízo de terceiro.

Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito


particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for
capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.

Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do


credor à garantia real, não a extinção da dívida.

Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na


parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a
solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da
parte remitida.

Remitente – Capacidade para alienar, dispor;


Remitido – Capacidade para manifestar vontade;
OBS.: A remissão poderá ser expressa ou tácita (rasgar, com consciência, uma promissória
em frente ao devedor, num ato voluntário).
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OBRIGAÇÕES COM GARANTIAS REAIS – Penhor: Remissão do penhor não implica na


extinção da obrigação, há somente extinção de uma garantia. Art. 385 a 389 do Código Civil
de 2002.

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES - QUESTÕES RESOLVIDAS


Capítulo VII – Teoria do Pagamento
GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de Direito Civil, Volume II: Obrigações / Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo
Pamplona Filho – 11 ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2010.

Quais são os três elementos fundamentais que compõem o pagamento?


O vínculo obrigacional (trata-se da causa – fundamento – do pagamento); o sujeito ativo do
pagamento (o devedor – solvens); o sujeito passivo do pagamento (o credor – accipiens).
Assim, em matéria de pagamento, faz-se a inversão dos polos da relação jurídica
obrigacional.

Quais são as formas especiais de extinção das obrigações?


A consignação em pagamento, o pagamento com sub-rogação, a imputação do pagamento, a
dação em pagamento, a novação, a compensação, a transação, o compromisso (arbitragem),
a confusão e a remissão.

Qual a natureza jurídica do pagamento?


Afirmar a natureza jurídica de algo é, em linguagem simples, responder à pergunta: “que é
isso, para o direito?”. Indiscutivelmente, o pagamento é fato jurídico, na medida em que tem o
condão de resolver a relação jurídica obrigacional. Como se sabe, fato jurídico é todo
acontecimento que produz efeitos na órbita do direito, a exemplo do que ocorre com o
pagamento.
Para Stolze não é possível adotar uma posição definitiva quanto à subespécie na qual se
insere o pagamento.

Quanto às condições subjetivas do pagamento, a respeito de quem deve pagar, diferencie


terceiro interessado de terceiro não-interessado.
Por terceiro interessado entende-se a pessoa que, sem integrar o polo passivo obrigacional
da relação obrigacional-base, encontra-se juridicamente adstrita ao pagamento da dívida. Ex.:
fiador.
Por terceiro não-interessado trata-se de pessoa que não guarda vinculação jurídica com a
relação obrigacional-base, por nutrir interesse meramente moral. Exemplo: o pai que paga a
dívida do filho maior.

O que ocorre se o terceiro não-interessado paga a dívida em nome e à conta do devedor?


Neste caso não tem, a priori, o direito de cobrar o valor que desembolsou para solver a dívida,
uma vez que o fez, não por motivos patrimoniais, mas por sentimentos filantrópicos.

O que ocorre se o terceiro não-interessado paga a dívida em seu próprio nome?


Neste caso, tem o direito de reaver o que pagou, embora não se sub-rogue nos direitos do
credor. Talvez um bom exemplo do pagamento realizado por terceiro em seu próprio nome
seja o da fiança criminal.

ANOTAÇÃO: “Registre-se, por óbvio, que a fiança criminal deve ser prestada pelo próprio
afiançado, sendo o pagamento por terceiro situação excepcional, enquanto a fiança civil é
prestada necessariamente por terceiro”.

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Em que hipótese prevista no art. 306 do Código Civil de 2002 o devedor tem a faculdade de
opor-se ao pagamento da dívida por terceiro?
Por exemplo, mencionado por Pablo Stolze Gagliano em que “em uma determinada cidade,
dois comerciantes disputam entre si o mercado de cereais. Um deles, necessitando de
numerário para levar à frente os seus negócios, contrai vultosa dívida perante um
determinado credor, não conseguindo adimpli-la no vencimento, embora ainda não estivesse
insolvente. O seu concorrente, ciente do fato, paga a dívida, tornando-se seu credor. Ora, em
tal caso, é indiscutível que a situação de devedor ficará agravada, uma vez que terá muito
mais dificuldade de solver amigavelmente a obrigação, sem mencionar o fato de que o seu
desafeto – o novo credor – poderá macular sua imagem na praça, alardeando informações
falsas acerca de sua real situação econômica”. [...]
“Ou seja, havendo o desconhecimento ou a oposição do devedor, e o pagamento ainda assim
se der, o terceiro não terá o direito de reembolsar-se, desde que o devedor, obviamente,
disponha de meios para solver a obrigação”.

O pagamento pode ser feito a quais pessoas?


Ao credor, ao representante do credor ou a terceiro.

Em que consiste a teoria da aparência?


Em determinadas situações, a simples aparência de uma qualidade ou de um direito poderá
gerar efeitos na órbita jurídica.

O que é credor putativo?


No dizer de Caio Mário, “chama-se credor putativo a pessoa que, estando na posse do título
obrigacional, passa aos olhos de todos como sendo a verdadeira titular do crédito (credor
aparente). Para Stolze, trata-se da pessoa que se apresenta como sujeito ativo da relação
obrigacional (sujeito passivo do pagamento), não havendo razão plausível para o devedor
desconfiar da sua ilegitimidade”.

Quais são os requisitos indispensáveis para a validade do pagamento ao credor putativo


(aparente)?
A boa-fé do devedor e a escusabilidade de seu erro.

Quando deverão ser pagas as dívidas em dinheiro?


No vencimento, em moeda corrente nacional, pelo seu valor nominal. Nada impede a adoção
de cláusulas de escala móvel, para que se realize a atualização monetária da soma devida,
segundo critérios escolhidos pelas próprias partes.

Qual é o principal meio de prova do pagamento?


A quitação. Segundo Stolze, trata-se de ato devido, imposto ao credor que recebeu o
pagamento, no qual serão especificados o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do
devedor ou de quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento.

Onde o pagamento deve ser feito?


Em princípio o pagamento deve ser feito no domicílio do devedor. A dívida, neste caso, será
quesível, ou seja, deve ser cobrada, buscada, pelo credor, no domicílio do devedor.

O que é uma dívida portável?


Se for estipulada que o pagamento será efetuado no domicílio do credor, estaremos diante de
uma dívida portável ou “portable”. Nesse caso, o devedor incumbe buscar o credor para
efetuar o pagamento.

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ATENÇÃO: Se forem designados dois ou mais lugares para o pagamento, diferentemente do


que se possa imaginar, a lei determina que a escolha caberá ao credor.
Em caráter excepcional, se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em
prestações relativas ao imóvel, o pagamento será feito no lugar onde for situado o bem.
O pagamento feito reiteradamente em outro local faz presumir a renúncia do credor ao lugar
previsto no contrato.

Além de poderem ser efetuadas no dia do vencimento, quando pode ser paga a dívida?
Na falta de ajuste, e não dispondo a lei em sentido contrário, poderá o credor exigir o
pagamento imediatamente.
Se a obrigação é a termo, em sendo o prazo concedido a favor do devedor, nada impede que
este antecipe o pagamento, podendo o credor retê-lo. Em caso contrário, se o prazo
estipulado for feito para favorecer o credor, não poderá o devedor pagá-lo antecipadamente.
Finalmente, é possível ao credor exigir antecipadamente o pagamento, nas estritas hipóteses
previstas em lei:
- No caso de falência do devedor ou de concurso de credores;
- Se os bens, hipotecados ou empenhados (objeto de penhor), forem penhorados em
execução de outro credor;
- Se cessarem ou se tornarem insuficientes, as garantias de débito, fidejussórias (fiança, por
exemplo), ou reais (hipoteca, penhor, anticrese), e o devedor, intimado, se negar a reforça-
las.

TEORIA DA IMPREVISÃO
GAGLIANO, Pablo Stolze. Algumas considerações sobre a Teoria da Imprevisão . Jus Navigandi, Teresina, ano
5, n. 51, out. 2001. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2206>.

Segundo o Professor Miguel Maria de Serpa Lopes: "a imprevisão consiste, assim, no
desequilíbrio das prestações sucessivas ou diferidas, em conseqüência de acontecimentos
ulteriores à formação do contrato, independentemente da vontade das partes, de tal forma
extraordinários e anormais que impossível se tornava prevê-los razoável e antecedentemente.
São acontecimentos supervenientes que alteram profundamente a economia do contrato, por
tal forma perturbando o seu equilíbrio, como inicialmente estava fixado, que se torna certo que
as partes jamais contratariam se pudessem ter podido antes antever esses fatos. Se, em tais
circunstâncias, o contrato fosse mantido, redundaria num enriquecimento anormal, em
benefício do credor, determinando um empobrecimento da mesma natureza, em relação ao
devedor. Consequentemente, a imprevisão tende a alterar ou excluir a força obrigatória dos
contratos
[...]
E para que não haja dúvidas quanto à aplicação de tão importante teoria, cumpre, neste
ponto, invocar a autorizada lição do Professor Arnoldo Medeiros da Fonseca, um dos juristas
que melhor tratou da matéria entre nós, e que cuidou de sistematizar os pressupostos da
teoria da imprevisão:
A) a alteração radical no ambiente objetivo existente ao tempo da formação do contrato,
decorrente de circunstâncias imprevistas e imprevisíveis;
B) onerosidade excessiva para o devedor e não compensada por outras vantagens auferidas
anteriormente, ou ainda esperáveis, diante dos termos do ajuste;
C) enriquecimento inesperado e injusto para o credor, como consequência direta da
superveniência imprevista.

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TEORIA DO INADIMPLEMENTO

1. Conceito;
2. Modalidades:
2.1. Inadimplemento fortuito;
2.2 Inadimplemento culposo;
2.2.1 Inadimplemento absoluto;
2.2.2 Inadimplemento relativo;
2.2.2.1 Mora do devedor – mora debendi ou mora solvendi;
2.2.2.2 Mora do credor – mora credendi ou mora accipiendi;
2.2.2.3 Purgação da mora;
2.2.3 Violação positiva do contrato;
3. Responsabilidade civil;
3.1 Extracontratual;
3.2 Contratual;
4. Responsabilidade patrimonial;
4.1 Prisão civil;
4.2 Regime de impenhorabilidade;
5. Consequências do inadimplemento;
5.1 Perdas e danos;
5.2 Juros legais;
5.3 Cláusula penal;
5.4 Arras.

- “A teoria do inadimplemento seria a seara patológica do direito obrigacional”, fazendo uma


analogia com a medicina.
- A partir do art. 389 do Novo Código Civil são dispostas normas acerca da teoria do
inadimplemento;
- O que é inadimplemento?
- O inadimplemento fortuito caracteriza-se pela impossibilidade (que, segundo Hedemann,
seriam de três tipos, jurídica, econômica ou psíquica). Já o inadimplemento culposo
caracteriza-se pela imputabilidade. O inadimplemento fortuito não é passível de indenização;
- Formas de impossibilidade, segundo Hedemann:
- Jurídica;
- Econômica – Por exemplo, um navio deve entregar uma carga e não pode se mover
no rio congelado. O navio quebra-gelo tem custo maior do que o da própria carga, o que torna
o seu uso inviável economicamente.
- Psíquica – Uma pessoa deixa de comparecer ao pagamento de uma obrigação
porque está de luto devido à morte de pessoa querida.
- Caso fortuito e força maior – dificuldade na diferenciação. Ler artigo 393;
- Acerca do inadimplemento culposo, segundo a abordagem a que nos aderimos, veja
organograma ao lado.
- O inadimplemento absoluto ocorre sempre que o cumprimento posterior da obrigação for
inútil a credor. Por exemplo de inadimplemento absoluto pode-se mencionar a não-confecção
de um vestido de noiva até o dia de seu casamento.
- O solvens e o devedor, nas obrigações personalíssimas,
Culpa Lato
se confundem;
Sensu
- A obrigação de não-fazer exige uma abstenção. A partir do
momento em que ele fizer, há o inadimplemento. No caso
Culpa strictu Dolo das obrigações de não-fazer, o inadimplemento sempre
sensu
será absoluto (no sentido de não ser mais útil o

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cumprimento da obrigação;
Inadimplemento relativo:
- A mora – consta no art. 394 do Novo Código Civil. A mora não tem nada a ver com demora.
- O que é mora?
- A mora pode ser do credor ou mesmo do devedor.
- O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito
em mora o devedor;
- O que é mora ex re?
- O que é mora ex persona? Qualquer obrigação de não-fazer ensejará esta mora.
- Art. 398 – Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora,
desde que o praticou;
- A purgação da mora está expressa no art. 401 do Novo Código Civil;
- O nosso Código Civil de 2002 não trata da Violação positiva do contrato. Os autores que
melhor tratam desse tema são Cristiano Chaves e Nelson Rosenvaldi. Ela se conecta com o
inadimplemento dos deveres anexos e laterais;
- Por exemplo de violação positiva de contrato, quando infringe direitos de cooperação e
informação. Um médico deve cumprir a obrigação de curar um paciente, e a cumpre. Porém,
ao realizar a cura usa ato dispendioso, caro, que traz muito sofrimento, e deixa de usar
método alternativo mais singelo, rápido e indolor. Ou na entrega de um cavalo de raça, deixa-
se de acomodar e acondicionar o animal com cautela, sem deixar água e comida à vontade, e
o animal chega desabilitado e machucado pelas intempéries do transporte. O animal foi
entregue, mas não nas condições almejadas.
- Responsabilidade Civil: Na responsabilidade civil extracontratual é preciso que a parte prove
a culpa. Na responsabilidade civil contratual a culpa é presumida.
- Responsabilidade Patrimonial: Prisão civil e regime de impenhorabilidade. Só existe prisão
civil por inadimplemento de dívida alimentícia.

PERDAS E DANOS

- Inadimplemento culposo gera ao devedor a obrigação de ressarcir o credor;


- As perdas e danos têm o caráter de reparar o dano, e não de apenar o dano;
- A indenização por dano moral, por outro lado, também deve ter um cunho punitivo,
educativo. Já no caso de dano material, não há esse cunho;
- A regra é que o valor das perdas e danos seja o valor do dano;
- As perdas e danos abrangem o que o credor efetivamente perdeu e o que ele razoavelmente
deixou de lucrar. Ler art. 402;

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos


devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar.

- O que é “perda de chance”? Ocorre, por exemplo, quando uma pessoa que tem alta
probabilidade de passar em um concurso público, mas na hora em que estava indo realiza-lo
um taxista bate no carro dele, impedindo-o de chegar antes que o portão do prédio onde havia
o concurso se feche. Alguns autores dizem que é indenizável, outros dizem que não é;
- O Código Civil só obriga a indenizar o dano direto e imediatamente causado. A cadeia de
prejuízos de danos reflexos não é abrangida, ou seja, em regra, não são danos indenizáveis;
- A lei autoriza que o juiz determine a cobrança de juros de mora, ainda possa determinar uma
indenização suplementar;
- Art. 405 – Pressupõe o descumprimento de uma relação contratual;

Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

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- Em regra, a mora decorre do simples inadimplemento no vencimento;


- Quando vem de um ato ilícito a responsabilidade extracontratual determina que há
incidência. Os juros de mora desde o momento do dano;
- Esse assunto será mais apurado na matéria responsabilidade civil;

JUROS LEGAIS

- Juros são acessórios sobre um principal. Existem os juros moratórios, os remuneratórios


(sinônimo de compensatórios);
- Juros remuneratórios são o preço para o uso do capital alheio;
- Decreto 22.626 – Lei da Usura – Neste decreto que se indica a lei da agiotagem;
- As instituições financeiras não têm limite nenhum para pagar os seus juros;
- Os juros remuneratórios, assim como os juros moratórios, são acessórios;
- Anadocismo (capitalização ou juros compostos) – Calcular juros sobre juros. A regra geral é
que os juros não podem ser capitalizados;
- A capitalização que se admite no Brasil, em regra, é a capitalização anual. Mas já no cheque
especial a cobrança é por juros compostos;
- Juros convencionais são aqueles que as partes pactuam, as partes determinam os juros. Há
um limite legal. A lei determina que há uma taxa limite;
- Juros legais são os convencionados por lei.

Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem


sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados
segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos
devidos à Fazenda Nacional.

Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da
mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de
outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença
judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes.

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