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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO PENAL I-A – 2009.2
Penal I – Unidade I
- Apresentação do Programa
Bibliografia
A dogmática penal
- Conceitos
- Objetivo
A Lei Penal
Estatuto
Sujeito
- Escolas penais – Academias (espaços não delimitados, mas que apresentavam debates de
idéias). Ali debatiam-se várias tendências do pensamento;
- ESCOLA CLÁSSICA
- Por que o homem pratica crimes?
- Silogismo
- Livre Arbítrio (faccere – non faccere)
- punitur quia precatum est
- Obra “O apólogo da Ilha Deserta”, de Immanuel Kant – Ainda que toda a humanidade
desapareça e reste apenas um condenado de pena de morte, esta sanção deve ser cumprida,
efetivada;
- O crime é um “ente jurídico”, para os Clássicos. Daí advém a dúvida: “O crime é „crime‟ por si
mesmo?”
- ESCOLA POSITIVA OU SOCIOLÓGICA
- Passou a sofrer outras influências
- Frenólogos e fisiognomistas – pessoas voltadas para o estudo dos chamados “traços
morfológicos”, os quais achavam que eles eram preponderantes ao julgamento;
- Lombroso;
ASSUNTOS ABORDADOS
- Cesare Lombroso era um grande professor de Turin, fundador e mestre da Escola Italiana e
Antropologia Criminal, que acabara de demonstrar ao mundo atônito que todo delinqüente é
um indivíduo que carrega os estigmas atávicos de suas tendências criminosas;
- A documentação da Exposição Universal, em Paris, tinha por objetivo demonstrar a existência
de um tipo humano destinado ao crime e estigmatizado por sua formação morfológica
defeituosa;
- Na exposição os cientistas haviam trazido crânios, encéfalos, rostos de cera, cérebros,
“cerâmicas criminais”. Até mesmo um antopômetro destinado a medir as dimensões do
pavilhão da orelha e o cateterômetro, pequena obra-prima da tecnologia que permitia efetuar
nos crânios de assassinos as medições mais precisas e mais variadas em condições de luxo e
de conforto incomparáveis;
- Disciplinas voltadas para o estudo da delinqüência: antropologia criminal, biologia e etiologia
criminais, sociologia e psiquiatria criminais, medicina legal e direito penal;
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- O mestre Turim construiu a teoria do criminoso nato que revolucionou a criminologia, suscitou
paixões e deu origem a um dos maiores debates de idéias do final do século. O que estava em
jogo era saber se o homem criminoso, repentinamente visto sob uma nova luz através da
ciência de Lombroso, estava desde o nascimento predestinado ou não ao crime. Para além
dessa questão era novamente colocado o antigo problema do livre arbítrio e do determinismo.
A sociologia criminal demonstrava assim os seus limites, e a jurisprudência, bem como o
sistema penal clássico eram atacados em seus fundamentos através da negação da
responsabilidade criminal. O juiz perdia em parte a sua razão de existir e até corria o risco de
ver-se despojado de suas prerrogativas em favor do médico;
- Naquela época os crânios e a craniologia já estavam há muito tempo em voga. Camper e Gall
haviam rompido com as doutrinas espiritualistas e sondado a inteligência e os sentimentos
através da configuração da caixa craniana. Cedo ou tarde, era inevitável que os crânios de
assassinos ganhassem forma;
- Camper adquire a certeza de que existe uma relação íntima entre a inteligência e o volume da
massa cerebral. Nos indivíduos de fronte alta, o cérebro pode desenvolver-se amplamente,
mas, quando a fronte é projetada para trás, a massa cervical comprimida tem a sua expansão
prejudicada;
- A partir de uma intersecção entre duas linhas da face, Camper constatou que, com um ângulo
facial de 70º, o negro encontra-se a meio caminho entre o homem e o macaco. Essa teoria foi
banida pela teoria do orifício occipital de Cuvier. Posteriormente o alemão Blumenbach propõe
o estudo dos crânios pela sua parte superior. Owen, por sua vez, decide que é preciso
examinar os crânios pela parte inferior. Mas também aqui surgem críticas de todas as partes;
- De vicissitudes em vicissitudes, os craniologistas põem-se a medir a capacidade da caixa
craniana das diferentes raças;
- A craniologia pretende estabelecer uma ligação entre o desenvolvimento intelectual e a
estrutura da caixa craniana. Desta ciência, que caiu em desuso com o passar dos anos, não
resta nada hoje a não ser uma pseudociência, a morfopsicologia. Alguns vestígios da
frenologia também encontraram refúgio na linguagem corrente, na qual não é raro ouvir-se
dizer que tal indivíduo tem “a bossa da matemática” e outro tem “a bossa do comércio”;
- A craniologia marcou um progresso no sentido de supor que o cérebro é a sede dos
pensamentos e sentimentos;
- A fisiognomonia pretende descobrir os segredos da alma e da inteligência fundamentando-se
não no exame dos crânios, mas no estudo da fisionomia;
- O aspecto mais original do pensamento criminológico de Gall repousa sobre a singular
novidade de suas idéias em matéria de sanção penal. Em sua opinião, a pena deveria ser
estabelecida não em função do delito, mas do criminoso. As prisões deveriam ser concebidas
como casas de educação para todos aqueles que são educáveis e como locais de internação
para os criminosos destinados ao crime em razão de sua organização fisiológica defeituosa;
- Houve o apelo dos cientistas que almejavam a doação de cérebros para estudos.
Principalmente cérebros, crânios e esqueletos de homens ilustres. Da imensa coleta de
cérebros realizada no mundo inteiro foi extraída uma grande quantidade de observações;
- De uma maneira geral, associou-se à inteligência a complexidade das circunvoluções
cerebrais e o peso do encéfalo. Em 1903, o Prof. Marthiega, de Praga, estabelece a escala dos
pesos do encéfalo em função da categoria sócio-profissional;
- No decurso do Sexto Congresso de Antropologia Criminal que teve lugar em Turim no ano de
1906, Cesare Lombroso relatou, com ênfase teatral, a origem da descoberta que iria abalar a
criminologia: Lombroso asseverou que, após várias pesquisas em prisões e hospícios,
constatou que os caracteres dos homens primitivos e dos animais inferiores deviam reproduzir-
se em nosso tempo.
- A documentação de Lombroso tinha por objetivo demonstrar a existência de um tipo humano
destinado ao crime e estigmatizado por sua organização morfológica defeituosa;
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- Escola Positiva;
- Lombroso;
- Ferri;
- Garófalo;
- A Importância do pensamento de Ferri
- Os substutivos penais;
- O estado perigoso;
- Pena e medida de segurança (diferenças);
- Garófalo e a Criminologia;
- A nova ciência.
TÓPICOS ABORDADOS
- Ferri era um grande advogado criminal. Ainda assim ele era um grande humanista;
- Mitigação do livre arbítrio – Nem todo homem é dotado de livre arbítrio;
- Hostipal de Custódia e Tratamento – HCT
- Código Penal, artigo 44 – Inspirado na contribuição de Ferri.
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Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é
menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
- A pena é aplicável aos imputáveis (tem capacidade de entender se uma conduta é criminosa
ou não). As medidas de segurança são aplicadas aos inimputáveis.
- Menores de 18 anos não praticam crimes, mas “atos infracionais”.
- As penas são certas e determinadas. As propostas de medida de segurança não têm prazo
final definido.
- As penas estão ligadas ao juízo da culpabilidade. As medidas de segurança estão ligadas ao
juízo da periculosidade.
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- As penas se destinam “erga omnes” e são direcionadas para todos. A pena tem efeito de
retribuição, retribuitivo. Há também o efeito ressocializador.
- As medidas de segurança têm caráter preventivo, profilático;
- No Direito Penal Brasileiro, o incesto não é crime. A nossa legislação acredita que o crime é
um ente jurídico.
- “nulum crimen sine praevia lege”;
- Legalidade, anterioridade e taxatividade;
- Garófalo – criador da criminologia;
- O que veio antes, o crime ou a lei?
ESCOLAS ECLÉTICAS
- Tipo Penal – Quadro no qual acha-se descrita abstratamente a conduta e também a sanção
pelo descumprimento. Está na lei.
- Tipicidade penal – Está na conduta do agente. É o encontro entre a conduta e o tipo.
AS TERCEIRAS ESCOLAS
- O tecnicismo jurídico-penal;
- A obra de Beling e a sua importância para o estudo do Direito Penal moderno;
- O tipo penal e a tipicidade (Tatbestand);
- Característica/ fases
- Tipo penal e a Segurança jurídica;
- De Beling a Binding (Karl);
- Teoria das Normas Penais;
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- Kelsen;
- Mezger;
- Wessels;
- Nicolau Hartmann.
- O movimento do finalismo penal;
- Finalismo X Causalismo
- Se a conduta não estiver taxativamente descrita na lei não será crimonosa, por ferir o
princípio da taxatividade;
- Quando a conduta não se amoldar a um determinado tipo penal ela é convencionada como
atípica;
- Cada tipo tem o seu “nomen juris”;
- O tipo penal apresenta uma segurança jurídica.
- Segurança Jurídica do Cidadão – O cidadão sabe que determinada conduta é ilícita antes
mesmo de praticá-la.
- Finalismo Penal – Tem como principais mentores Mezger, Wessels e Nicolau Hartmann;
- A conduta humana não pode ser vista como meramente mecânica. Quando alguém pratica
um crime está realizando uma conduta voltada para um determinado fim. Para os finalistas o
dolo estaria no tipo enquanto para os causalistas o dolo estaria na culpabilidade.
Crime é toda conduta humana típica, culpável e anti-jurídica. A conduta pode ser por ação ou
de omissão;
- “societas delinqüere non potest”. Discussão acerca das pessoas jurídicas;
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Culpável
Dolo Culpa
Alternativa
Eventual
“Nem todo direito está na lei. Nem toda lei encerra o Direito”;
- A conduta para ser criminosa tem que contrariar o Direito;
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
TIPO PENAL
Código Penal
Geral – 1º ao 120º
Especial – 121º ao 361º
- Linguagem Jurídica:
Uxoricídio – matar o cônjuge;
Fratricídio – matar um irmão;
Matricídio – matar a mãe;
Parricídio – matar o pai;
Filhicídio – matar o filho;
Infanticídio – matar o filho (logo ao nascer);
- Teses absolvitórias e teses redutoras (São estes dois tipos de teses com as quais os
advogados trabalham);
- Inexibilidade de conduta diversa ou inexegibilidade de outra conduta.
1 – “Nomen Juris”;
2 – Classificação;
3 – Núcelo;
4 – Sujeitos;
5 – Elementos (acidentais e Essenciais);
6 – Objeto Jurídico;
7 – Elemento subjetivo.
- Tipos compostos ou mistos – quando apresentam mais de um núcleo (art. 122). No caso seria
misto alternativo, pois apresenta mais de um núcleo ligado por um termo alternativo (ou);
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TÓPICOS ABORDADOS
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do
artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
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- Tipo penal subjetivo sem expressão própria – Por exemplo o art. 261.
CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES
Os crimes são classificados pela doutrina de acordo com a sua forma, com o resultado, com o
sujeito ativo, com o sujeito passivo, entre outros critérios.
- Autoria Intelectual;
- Autoria Material;
- Autoria Incerta;
- Autoria Colateral;
- Autoria Mediata.
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1 – Quanto ao resultado:
1.1 – Crimes materiais;
1.2 – Crimes Formais.
2 – Quanto à Autoria:
2.1 – Intelectual;
2.2 – Material;
2.3 – Mediata;
2.4 – Incerta/Colateral
3 – Quanto ao sujeito ativo:
3.1 – Próprio
3.2 – De mão própria.
TÓPICOS ABORDADOS
- A pena para o autor intelectual é diferenciada. Ele é o responsável por “arquitetar o plano”.
Pode ou não participar.
- O autor material é todo aquele que flexiona o núcleo do tipo realizando a conduta principal.
Em um crime pode haver mais de um.
- A autoria mediata ocorre nas seguintes hipóteses:
- Quando o agente imputável se utilizar de um agente inimputável para realizar os crimes;
- Quando ocorre na coação moral irresistível. Nesse âmbito há dois indivíduos: o “coactor” e o
“coacto”;
- Quando ocorre um caso de obediência hierárquica;
- Quem responde criminalmente no caso de autoria mediata é o superior hierárquico, o coactor
ou o agente imputável;
- A autoria é incerta quando não se sabe qual é o autor do crime;
- Autoria colateral é uma subespécie da autoria incerta.
- Primeira corrente para responder à hipótese da autoria colateal (vexata questio) – na autoria
colateral recomenda-se que ambos os autores respondam por homicídio consumado (art. 121
do Código Penal), pois ambas as intenções são de matar;
Homicídio simples
Art 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
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Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada
pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se
as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
PRÓPRIOS – São aqueles que só podem ser praticados por determinadas pessoas ou
categorias de pessoas. Por exemplo, o art. 312 e o art. 269;
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem Peculato
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo,
em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.
CRIME DE MÃO PRÓPRIA – Cuja ação só pode ser praticada pelo próprio agente. Por
exemplo o art. 124;
- Tentado;
- Consumado;
- Exaurido.
2 - Quando ao concurso:
- Eventual (co-autoria);
- Necessário.
Crime tentado é aquele em que, iniciada a execução o resultado não ocorre por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
Crime consumado é aquele que reúne todas as características da sua definição legal
Crime exaurido é aquele em que a fase de exaurimento ocorre antes mesmo da consumação;
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Crime de Concurso Eventual – A maioria dos designados no Código Penal. São também
chamados de “monossubjetivos” (um sujeito), mas que eventualmente podem ser praticados
por mais de uma pessoa.
É todo crime monossubjetivo, mas que eventualmente podem ser praticados por mais de uma
pessoa (por exemplo o art. 121);
Crime de Concurso Necessário – São aqueles nos quais há uma participação plurima de
pessoas (Crimes plurissubjetivos). Por exemplo, o art. 137.
Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se,
pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
- De concurso formal;
- De concurso material;
- Crime continuado.
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou,
se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do
art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) Concurso formal imperfeito (art. 70/ Parte final) – Unidade de conduta, pluralidade de
eventos e desígnios autônomos – pena cumulativa;
Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas
de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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- O concurso de crimes ocorre quando um agente pratica dois ou mais crimes, mediante uma
só conduta ou mediante duas ou mais condutas;
- Concurso – O agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes. Esse é
o conceito de CONCURSO FORMAL. Ver art. 70 do Código Penal;
- Crime de concurso formal com “aberratio ictus”;
- “facultas agendi” – Faculdade de escolher do juiz o acréscimo da pena;
- “animus necandi” – Vontade de matar;
- “animus furandi” – Vontade de caluniar;
- “animus faedendi” – Vontade de lesar;
- Crime de Concurso Formal Imperfeito – existe unidade de conduta, pluralidade de eventos e
autonomia de desígnios “desígnios autonomus”;
Se os desígnios forem autônomos as penas são aplicadas cumulativamente, de acordo com o
art. 70 do Código Penal;
- “animus jocandi” – Vontade de brincar.
- Crime continuado: para que assim seja classificado, deve haver: Pluralidade de condutas
(ação e omissão), vários crimes, identidade de tempo, identidade de modo e identidade de
lugar. E os crimes subseqüentes devem ser tidos como continuação dos crimes antecedentes.
Crimes da mesma espécie.
- Continuidade delitiva;
- Majoração da pena;
- Majorantes Legais – São as chamadas “causas especiais de aumento da pena”;
CRIMES PLURILOCAIS – São aqueles que têm início na execução em um determinado local e
a conclusão em outro local (Por exemplo, o art. 6º do Código Penal);
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- Ubiquidade.
- Crimes pluriofensivos;
- Crimes unissubsistentes;
- Crimes plurissubsistentes.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
- “abolitio criminis” – Acontece tanto em relação a uma lei quanto em relação a um tipo penal;
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- Lei nº. 11.106, de 28/03/2005 revogou o crime de sedução. Por conseguinte, as pessoas que
estavam presas por crime de sedução foram libertas assim que a lei foi revogada (no mesmo
dia é expedido um alvará de soltura) pelo conceito de “abolitio criminis”;
- Outro exemplo: Rapto (art. 219 a 222) e Adultério (art. 240). O adultério, atualmente, constitui
injúria grave no casamento.
Adultério
Art. 240 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Ocorre quando duas ou mais normas penais com VIGÊNCIA SIMULTÃNEA se propuserem a
regular o mesmo fato.
- Parte-se do pressuposto de que no Direito não deve haver lacunas;
- Princípios solucionadores resolúveis do concurso aparente de normas;
- Princípio da absorção – O crime mais grave absorve o crime menos grave, “lex major” ou “lex
major absorvet lex minus”.
- Princípio da Consunção – “lex consumer” – O crime-fim consome o crime-meio. “lex
comsuptal legi”
- Princípio da Especialidade – A lei espacial prevalece sobre a lei geral. “lex specialis derogat
legi generali”.
- Princípio da Subsidiariedade Expressa.
- Princípio da Subsidiariedade Tácita.
- Revogação – Lei posterior revoga a lei anterior (total ou parcialmente).
- Derrogação – Revogação parcial de uma lei;
- Abrrogação – Revogação Total.
1 – A Introdução;
2 – Princípios:
- Anterioridade da Lei Penal;
- Irretroatividade da Lei Penal mais gravosa.
3 – Novatio Legis Incriminadora;
4 – Abolitio Criminis;
5 – Novatio Legis in Pejus;
6 – Novatio Legis in Mellius;
7 – Leis Sucessivas;
8 – Lei Temporária;
9 – Tempo do Crime.
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Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
- Estas leis (as temporárias) têm ultratividade, aplicando-se ao fato cometido mesmo depois de
revogado ou superado o estado excepcional;
- Um fato ocorre na vigência de uma lei excepcional. Posteriormente, na ocasião do
julgamento, essa mesma lei é alterada, sendo “lex mitior”. Qual deverá ser aplicada ao caso em
questão? Duas correntes discutem essa situação. Uma dessas, a primeira corrente, diz que
não se aplica a “lex mitior”, pois a lei é excepcional, foi criada num momento específico, então
não se pode trazer uma nova abordagem para alterá-la. Outra corrente – a segunda corrente –,
por sua vez, diz que se aplica a “lex mitior”, com o embasamento de que a retroatividade deve
ser observada também nesses casos, sem exceção.
TEMPO DO CRIME
- Deve ser analisado por duas teorias (somando também a teoria mista);
Teoria da Atividade – O tempo do crime é o marco temporal que devemos nos deter para
estipular como será a incidência da norma. O momento do crime é aquele da ação ou da
omissão. O Brasil, no Código Penal, adota essa.
Teoria do Resultado – O que vale é o resultado.
PRESCRIÇÃO – Quando ao termo inicial do prazo de prescrição não se aplica a regra geral da
atividade, adotada pelo Código Penal. A prescrição, antes do trânsito em julgado, é regida pelo
momento da consumação.
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a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei
nº 7.209, de 1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
1984)
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
- “bis in idem” – Ocorre quando o sujeito é julgado duas vezes pelo mesmo fato;
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A IMUNIDADE DIPLOMÁTICA
A IMUNIDADE PARLAMENTAR
1 – Reserva Legal (ou princípio da legalidade) – Não há crime sem lei anterior que o defina.
Também relacionado com o princípio do tipo penal e da tipicidade penal. O princípio da reserva
legal é rígido, taxativo. Só se pode fazer interpretação extensiva com o intuito de beneficiar o
réu.
2 – Anterioridade – Não há pena sem prévia cominação legal;
3 – Insignificância – Alguns atos perdem a tipicidade por motivo de irrelevância. Ocorre quando
a aplicação da norma pode tornar-se desproporcional;
4 – Princípio da Individualização da Pena (ou Pessoalidade) – Existem circunstâncias que são
pessoais, personalíssimas. A pena pode ter agravantes, por exemplo. Matar alguém tem uma
penalidade, mas matar o irmão, especificamente, a pena deve ser agravada. Princípio
indispensável ao Direito Penal.
5 – Princípio da Confiança – Há uma presunção de que as pessoas vão cumprir a norma penal.
O direito penal tem a confiança de que as pessoas vão seguir as normas – embora muitas
vezes isso não aconteça.
6 – Intervenção Mínima – O Direito Penal deve ser tido como “soldado de reserva”, devendo
ser utilizado o mínimo possível. Deve ser usado em última necessidade. Existem defensores
ferrenhos pretendendo acabar com o Direito Penal. “ultima ratio” – deve ser usado somente
para casos raros. O Direito Penal deve ser usado de forma mínima.
7 – Fragmentalidade – Ele consegue proteger uma parte dos bens jurídicos (fragmentos dos
bens jurídicos). Protege alguns bens somente.
8 – Subsidiariedade – Direito Penal deve ser usado como última possibilidade, “ultima ratio”;
9 – Proporcionalidade – A pena deve ser proporcional ao delito. Crime de menor potencial
ofensivo – cuja pena máxima não é superior a 2 anos. (Lei nº. 9.099/95) A pena de prisão,
neste caso, é desproporcional. As penas alternativas são prestação pecuniária, perda de bens
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RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
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- Considera-se “causa” a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. O
resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe der causa
(art. 13 CP);
- Teoria da “conditio sine qua non” (condição sem a qual) – Para que nós saibamos qual a
causa de um crime temos de nos valer do processo de eliminação hipotética;
- Partindo do resultado, numa trajetória regressiva, vou buscando as causas de um
determinado evento;
- Causa é tudo aquilo que pode gerar um evento típico, um resultado típico;
- A causa liga-se à conseqüência pelo nexo de causalidade;
- Teoria da equivalência dos antecedentes causais;
- “regressum ad infinitum” – Zenão de Eléia, filósofo grego da Antiguidade Clássica. “Se o lugar
é um ente próprio, deve sempre existir um lugar do lugar para o lugar do lugar”;
- Culpabilidade – Vínculo Psicológico – Liame subjetivo, vínculo subjetivo;
- Nenhum objeto é finalístico a si mesmo;
- “Não existe maldade nas coisas, a maldade está na essência do ser humano” –
Schoppenhauer;
- “O homem não é bom nem mau, o homem é bom e mau” – Niestche.
- TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS – Considera-se causa toda e
qualquer ação ou omissão capaz de gerar um resultado.
- Liame subjetivo – Une o fato ao autor;
- Concurso de Pessoas – Quando várias pessoas concorrem para o mesmo crime (Art. 29 CP);
QUESTÃO RESOLVIDA:
A, B, C e D resolvem matar o sujeito E. Ficou acertado que o sujeito A localizaria a vítima,
dando informações ao seu respeito; o sujeito B compraria a arma para o crime e dirigiria o
veículo para levar os comparsas e lhes daria fuga; enquanto que os sujeitos C e D executariam
materialmente o homicídio. Assim foi feito, vindo a vítima a falecer em virtude dos disparos da
arma de fogo produzidos por C e D. Solucionar o caso em face das disposições contidas nos
artigos 13 e 29 do Código Penal.
RESPOSTA – Homicídio qualificado. Concurso de pessoas (eventual, porque o homicídio não
é um concurso necessário). A vítima veio a falecer em decorrência do atos de A, B, C e D.
Quanto à relação de causalidade, podemos dizer que foi conseqüência das condutas de A, B,
C e D. Eles respondem porque entre eles existia acerto prévio (não foi adesão de vontade) com
o intuito de matar. Eles estão ligados por vínculo subjetivo – ou psicológico – que estão ligados
à conseqüência, ao evento, por nexo de causalidade. No parágrafo I do Art. 29 indica que:
“Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este...” Todos respondem
pelo mesmo crime (Art. 121 CP) porque existe um nexo de causalidade entre a conduta dos
agentes e a consequência.
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CONCAUSA
- A hemofilia seria uma concausa neste exemplo: João dá três facadas em Luiz, portador de
hemofilia, que vem a falecer.
SUPERVENIÊNCIA CAUSAL
Superveniente é algo que vem após o fato, ou seja, após a conduta do agente.
“O sujeito toma três tiros e é levado pela ambulância ao hospital, ainda vivo. No trajeto a
ambulância bate e ele morre”. Como resolver? O Código Penal almeja saber a causa
superveniente é relativamente dependente ou absolutamente dependente. Fundamentação em
Art. 13 §1º CP.
QUESTÕES PROPOSTAS:
1 – Antônio, inimigo de Francisco, desfere três tiros de arma de fogo contra este. Levado para
o hospital, no percurso vem a falecer em virtude de uma colisão sofrida pela ambulância que o
transportava. Pergunta-se: o agente responde: por homicídio consumado, homicídio tentado,
lesões corporais ou não responde por crime algum em face da superveniência causal?
2 – Pedro adiciona veneno à comida de Manuel que, após ingeri-la, é levado ao hospital.
Enquanto se encontrava no Hospital, a vítima veio a falecer em decorrência do
desmoronamento do teto da enfermaria. Como resolver a hipótese em face do art. 13,
Parágrafo I do CP?
3 – Celso dá dois golpes de faca em Francisco, ficando a lâmina da faca cravada no tórax da
vítima. No percurso para o hospital a vítima veio a falecer em virtude de um raio que foi atraído
pelo metal da faca. Solucionar o caso à luz do Art. 13, Parágrafo I do CP.
Art. 13 – [...]
Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1 – Considerações Gerais
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- O Código Penal determina normas proibitivas (non faccere). Também normas imperativas
(faccere);
- A omissão e relevante quando o agente, agindo, poderia ter alterado o resultado;
- AÇÃO (O agente agiu) – RESULTADO (Ocorreu o resultado);
- OMISSÃO (O agente agiu) – RESULTADO (Não ocorreu o resultado);
- Os crimes omissivos impróprios podem também ser chamados de “comissivos por omissão”;
- Crime omissivo impróprio: Abstenção da atividade (não agir); O garantidor tem o dever de
impedir o resultado ainda que, para isso, ponha-se em risco pessoal.
- Para o Código Penal tudo que se relaciona com o resultado é causa – mesmo que seja
concausa;
- A concausa não pode excluir a causa;
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Execução
Eficiente
Ineficiente
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Imunidade Parlamentar
Material (53, caput; 27 § 1º, 29, VIII) ou inviolabilidade (perpétua)
- Como ela é do cargo, não da pessoa do parlamentar, ele não pode renunciá-la.
- Ela, na realidade, constitui uma causa pessoal de isenção de pena.
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TEORIA DO DELITO
Conceito de Crime – O Código Penal não dá uma definição legal sobre o crime. A doutrina que
tomou a responsabilidade de idealizá-las.
Conceito Formal ou Nominal – Crime é todo fato humano proibido pela lei penal;
Conceito Material ou Substancial – Crime é toda lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico-
penal, de caráter individual, coletivo ou difuso.
Conceito analítico ou dogmático – Crime é fato típico, anti-jurídico e culpável.
CRIME = FATO TÍPICO + ANTIJURIDICIDADE + CULPABILIDADE (Conferir se há esses três
elementos, nessa ordem. Possuindo todos, haverá o crime)
Na Europa, insere-se, ainda, a “punibilidade”.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena
poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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LEGÍTIMA DEFESA
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO – Significa que o agente está legitimado pelo Direito para
proceder daquela forma.
CONCURSO DE PESSOAS – Ocorre quando duas ou mais pessoas concorrem para a prática
de um ou mais crimes.
CONCURSO NECESSÁRIO
CONCURSO EVENTUAL
Teoria Unitária ou Monística – Todos aqueles que concorrem pelo crime respondem pelo crime.
CLASSIFICAÇÃO DA DOUTRINA
Autor – Aquele que pratica ato executório, ou seja, ato de execução. É todo ato que perfaz
materialmente o tipo penal, flexiona o núcleo;
Co-autor – também pratica conduta executória;
Partícipe – Pode ser moral (instigação ou induzimento) ou auxílio material. Não pratica ato
executório, mas participou do crime.
PARTÍCIPE
INSTIGAÇÃO INDUZIMENTO
CONCURSO DE PESSOAS
1 – Requisitos
- Existência de dois ou mais agentes;
- Relação de causalidade entre as condutas e o resultado;
- Vínculo psicológico;
- Prática de uma mesma infração;
- Existência de um fato punível.
2 – Teorias
- Teoria Unitária;
- Teoria Pluralista;
- Teoria Dualista.
3 – Distinção entre co-autoria e participação;
4 – Participação de menor importância;
5 – Cooperação dolosamente distinta;
6 – Autoria mediata;
7 – Autoria colateral;
8 – Teoria do domínio do fato;
9 – Concurso de agentes em crime culposo.
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Caso citado: Assassinato de um neonato, com participação da mãe (A) e do pai (B):
A + B = C (neonato)
Três correntes
Corrente legalista – No caso de infanticídio, A e B respondem por infanticídio.
Corrente crítica – A mulher (A) responderia por infanticídio e o homem (B) responderia por
homicídio.
Corrente eclética – No crime de infanticídio, decidiu o STJ, se o co-réu praticar ato de
execução, responde por homicídio. Se praticar ato que não for executório, então responderá
por infanticídio.
DIVISÃO BRASILEIRA
“Plus” – Os crimes ou delitos são apenados: Reclusão, detenção, multas ou penas alternativas;
“Mnus” – As contravenções são apenadas: Prisão simples ou multa.
FUNDAMENTO DA PENA
- A pena é uma sanção imposta pelo Estado pelo não-cumprimento de uma de suas normas;
- A pena tem também aspectos utilitaristas:
- Intimidar – Pode ser intimidativo particular ou intimidativo geral (erga omnes)
- Prevenção;
- Ressocializar.
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4 – Regime semi-aberto;
5 – Regime aberto;
6 – Direitos do preso:
- Visita íntima;
- Proteção ao preso;
- Execução provisória;
- Trabalho do preso.
7 – Remição;
8 – Detração Penal.
PENAS
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