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CURSO

Introdução à perícia FORENSE

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introdução à perícia FORENSE

BEM VINDO(A)!
Parabéns por adquirir o curso de Introdução à Perícia da
Forense Brasil!

É uma grande honra ter você como nosso aluno! Para facilitar
seu acompanhamento e maximizar o aprendizado do conteúdo
transmitido durante as aulas, preparamos esse material que traz o
resumo de tudo que é tratado nos vídeos, apresentando a teoria
estudada com ilustrações, figuras, fotos e infográficos para
consulta e estudo.

Recomendamos que após cada aula você faça a leitura do


conteúdo pela apostila e revise sempre a matéria antes de se
submeter aos questionários de avaliação do curso.

Esse material foi preparado com todo cuidado, como o que há


de mais atualizado na área da balística forense para trazer um
conteúdo relevante, moderno e que e converta um diferencial,
fazendo de você um profissional muito mais capacitado diante dos
desafios da área.

BONS ESTUDOS!

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AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS FORENSES

CIÊNCIA FORENSE

De maneira geral, podemos definir Ciência Forense como


sendo a somatória do conhecimento científico atual que é
direcionado para a elucidação de questões que envolvem
interesse jurídico como, por exemplo, casos da esfera criminal
e cível. Portanto, essa é uma área multidisciplinar que reúne os
campos da Química, Física, Biologia, Contabilidade, Medicina,
Engenharia e muitas outras. Tem como objetivo principal o
suporte a investigações referentes a justiça civil e criminal.

A Ciência Forense possui estreita ligação com a


Criminalística, sendo muitas vezes os dois termos usados na
forma de sinônimos, inclusive com utilização do termo
"criminalística forense". Porém, de acordo com alguns autores,
a criminalística seria uma sub-divisão das Ciências Forenses.

As investigações criminais fazem uso das Ciências


Forenses, sendo um dos focos principal dos profissionais da
área a determinação da autoria dos crimes envolvimento,
conforme veremos na próxima aula. Para isso, peritos de

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diversas especialidades são os profissionais que realizam os
testes forenses dentro de instituições policiais, associadas ao
governo, ou em consultorias independentes.

Para se chegar a respostas, portanto os peritos usam


conhecimentos de diversas áreas das Ciências Forenses,
coforme ilustrado a seguir:

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ORIGEM DA PALAVRA FORENSE

A palavra forense vem do latim forensis, que significa "de


antes do fórum". Na época do império romano, uma acusação
criminal significava apresentar o caso perante um grupo de
indivíduos públicos no fórum e, tanto o acusado do crime
quanto o acusador dariam discursos com base em suas
perspectivas da história. O caso seria decidido em favor do
indivíduo com o melhor argumento entregue. Esta origem é a
fonte dos dois usos modernos da palavra forense — como uma
forma de prova legal e como uma categoria de apresentação
pública. No uso moderno, somente o termo forense no lugar de
ciência forense pode ser considerada correta.

HISTÓRIA

Na antiguidade não existiam práticas forenses


padronizadas, e muitos casos criminais ficavam sem a devida
resolução. As investigações criminais eram baseadas em
testemunhos e confissões. Foi necessário, portanto, um longo
caminho até que a Ciência forense se tornasse um campo ativo
do conhecimento.

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Um filósofo grego chamado Arquimedes (287-212 a.C.),
inventou um método para a determinação do volume de um
objeto com forma irregular. De acordo com Marco Vitrúvio,
Arquimedes foi solicitado para determinar se alguma prata
havia sido colocada na coroa real durante sua produção pelo
ourives. Arquimedes não podia danificar a coroa e, para
resolver o problema, pode ter se utilizado de seu princípio da
flutuabilidade, onde é possível observar o deslocamento dos
corpos a partir da imersão na água. Posteriormente, formulou a
Lei do Empuxo.

Já o primeiro relato do uso da entomologia para resolver


casos criminais é atribuído ao livro Xi Yuan Lu, escrito no ano
1248 na China por Song Ci. Nesse livro, Ci relata o caso de
uma pessoa assassinada com uma foice, que foi resolvido por
um investigador que instruiu todos os moradores próximos do
local do crime a trazerem suas foices para uma determinada
localidade, pois tinha percebido qual arma foi utilizada testando
várias lâminas em uma carcaça de animal e comparando as
feridas. A partir disto, moscas atraídas pelo cheiro de sangue
eventualmente se reuniram em uma única foice, o assassino
confessou logo após o ocorrido.

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O livro também oferece informações sobre como distinguir
um afogado de um estrangulado, juntamente com outras
evidencias que podem ser analisadas para examinar cadáveres
e determinar se a morte foi causada por homicídio, suicídio ou
acidente.

Na Europa, durante o século XVI, médicos militares e


universitários começaram a reunir informações sobre a causa
da morte, como Ambroise Paré, um cirurgião do exército
francês que estudou sistematicamente os efeitos da morte
violenta em órgãos internos e dois cirurgiões italianos,
Fortunato Fidelis e Paolo Zacchia, que lançaram as bases da
patologia moderna. No final do século XVIII, os estudos sobre
o tema ficaram em evidencia devido a obras como "Um Tratado
sobre Medicina Forense e Saúde Pública" pelo médico francês
Francois Immanuele Fodéré e "O Sistema Completo de
Medicina da Polícia" pelo médico perito alemão Johann Peter
Frank.

Durante o Iluminismo, com valores racionais cada vez mais


relevantes na sociedade do século XVIII, a investigação
criminal tornou-se um procedimento mais baseado em
evidências, racional — o uso de tortura para forçar confissões

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foi reduzido e a crença em bruxaria deixou de influenciar as
decisões judiciais.

Não poderíamos completar essa lição sem citar HANS


GROSS, nascido na Áustria, em Graz, a 26 de dezembro de
1847 e falecido em 09 de dezembro de 1915. Estudou Direito e
no início foi juiz de instrução. GROSS é reconhecido como
fundador da Criminologia e também da Criminalística, termo
por ele criado. Reconheceu desde cedo, no exercício
profissional, a completa ineficiência dos métodos de
investigação então empregados na polícia de sua terra natal.
Como tais métodos dependessem de informantes e confissões,
os resultados geralmente eram obtidos pelo castigo corporal e
pela tortura, entendendo ser necessário aplicar conceitos de
Criminologia e técnicas científicas modernas na investigação
policial. Como advogado, nada sabia de ciências puras e
aplicadas. Começou a estudar todos os livros e revistas que
podia obter e logo chegou à conclusão, que quase todas as
novas realizações da tecnologia e da ciência podiam ser
utilizadas, com vantagem, na solução de casos criminais.
Estudou química, física, botânica, zoologia, microscopia e
fotografia. Durante vinte anos trabalhou em silêncio, reunindo
conhecimentos e experiência, resumidos num livro que foi o

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primeiro manual de criminologia científica e que tornou o nome
de GROSS conhecido em todo o mundo “Handbuch für
Untersuchunbsrichter” (Manual para Juízes de Instrução),
muitas vezes reeditada e traduzida para vários idiomas. O
“Manual para Juízes de Instrução” havia sido complementado
em 1898 pelo próprio autor, com a obra “Die Kriminal
Psychologie” (A Psicologia Criminal) e ampliada novamente
com a “Coletânea de Temas Criminalísticos”.
HANS GROSS criou ainda em 1899, o “Arquivo de
Antropologia Criminal e de Criminalística” (Archiv für Kriminal-
Antropologie und Kriminalistik) que, em junho de 1944, já
contava com 114 volumes. Tais obras proporcionam aos
criminalistas atuantes e aos peritos criminais, preciosas
informações no âmbito geral da Criminologia e também da
Criminalística.

Por fim, entre outros grandes nomes da moderna


investigação criminal, destaca-se o nome de EDMOND
LOCARD, um dos pioneiros da Criminalística na França. Seus
métodos são universalmente reconhecidos e lhe valeram a
alcunha de “Pai da Moderna Criminologia”.
Filho de uma família abastada e culta, EDMOND LOCARD
nasceu em Saint-Chamond a 13 de dezembro de 1877. Cursou

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o Colégio dos Dominicanos em Oukkins e bacharelou-se em
Ciências e Letras. Estudou Medicina a conselho do seu pai,
mas sob a influência de sua mãe, que afirmava que nenhum
homem seria completo sem conhecimentos jurídicos, estudou
Direito e alcançou o grau de licenciatura. Dono de uma cultura
extraordinária, adquirida pela leitura de uma variedade de
assuntos, os seus vastos conhecimentos se estenderam a
todos os domínios da atividade humana. Além do vernáculo,
falava fluentemente cinco línguas, lia sem dificuldade onze
idiomas estrangeiros, inclusive o sânscrito e o hebraico. A par
de grande filatelista, LOCARD se interessava também pela
grafologia, música, arte e botânica e, sobretudo, pelos seres
humanos. Até os trinta e três anos, não havia ainda se
dedicado a uma profissão regular. Foi orientado para a
Medicina Legal por JEAN ALEXANDRE LACASSAGNE, legista
famoso na época e que fora um dos seus mestres na
Faculdade de Medicina. Doutorou-se em 1902, apresentando a
tese “La medicine legale sous le Grand Roy, publicada sob o
título La Medicine Judiciaire en France ou XVII Siécle”.
Apaixonado não só pelos assuntos relacionados à Medicina
Legal, mas também pelos problemas dos criminosos habituais
e dos indícios deixados pelos delinqüentes nos locais de crime,

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LOCARD passou a estudar inúmeras obras de Criminologia e
fez contato com peritos renomados na época. Viajou por
diversos países europeus, à busca de novas técnicas de
investigação criminal, as quais, desde logo, divulgou através de
conferências e publicações. Tornou-se discípulo de RUDOLPH
ARCHIBALD REISS, mestre famoso e criador do Instituto de
Polícia Científica da Universidade de Lausanne. Foi aluno de
ALPHONSE BERTILLON, insigne criador da chamada
“Fotografia Sinalética” e do “Sistema Antropométrico de
Identificação”, conhecido como “Bertillonage” e que se irradiou
para o mundo, a partir do Serviço de Identidade Judiciária da
Prefeitura de Polícia de Paris. Com o desígnio de agora pôr em
prática tudo o que aprendera, EDMOND LOCARD procurou o
Chefe de Polícia Regional de Lyon, HENRY CACAUD,
solicitando sua ajuda, para que pudesse organizar – algo
inédito - um serviço que contasse com uma equipe permanente
de cientistas, que empregassem todos os recursos de sua
sabedoria, em busca de meios para detectar o crime. LOCARD
era inteligente e persuasivo. CACAUD convenceu-se dos seus
argumentos e deu-lhe uma oportunidade, cedendo-lhe duas
pequenas peças de sótão, sob os beirais do telhado do Palácio
da Justiça. Foi assim que, a 10 de janeiro de 1910, realizava-se

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o sonho de LOCARD, com a criação do “Laboratório de Polícia”
ou, segundo outros, do “Laboratório de Polícia Técnica” de
Lyon, o primeiro do gênero em todo o mundo. Tudo o que o
insigne mestre estudou no campo da Criminalística, aliado à
sua experiência pessoal, achava-se exposto em sua obra
clássica, o “Traité de Criminalistique”, em seis volumes,
publicado entre os anos de 1931 a 1940. O resumo do que se
contém nesta obra acha-se condensado no manual de
“Technique Policière” cuja segunda edição foi traduzida para o
castelhano, sob o título de “Manual de Técnica Policiaca”.

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ANOTAÇÕES

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AULA 2 – PRINCÍPIOS DA CRIMINALÍSTICA

A Criminalística tem origem no termo alemão Kriminalistik.


De forma geral, alguns estudiosos sustentam que o
especialista em criminalística seria o responsável pelo
comando da investigação e encarregados das provas,
enquanto que os cientistas forenses analisam cientificamente
as provas coletadas.

Vamos, portanto, definir Criminalística como aceito


amplamente pela doutrina brasileira:

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O trabalho criminalístico inicia no local de crime. Por
definição, local de crime é a porção do espaço compreendida
num raio que, tendo por origem o ponto no qual é constatado o
fato, se estenda de modo a abranger todos os lugares em que,
aparentemente, necessária ou presumivelmente, hajam sido
praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais,
preliminares ou posteriores à consumação do delito e com este
diretamente relacionados - RABELLO, 1996

Entretanto, o que procurar no local de crime? É simples!


Respostas! Mas respostas para quais perguntas? Para nos
guiar, temos um conjunto de perguntas, desenvolvidas por um
orador romano chamado Quintiliano, que, quando satisfeitas,
nos permitem chegar à conclusão acerca de qualquer fato
ocorrido, seja ele de natureza criminosa ou não. Esse conjunto
de 7 perguntas ficou conhecido como o Heptâmetro de
Quintiliano e são as seguintes:

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Para se chegar às respostas das perguntas do Heptâmetro
de Quintiliano, os peritos criminais buscam algo de importância
vital em um local: os vestígios.

Os vestígios guiam o perito e São a chave das respostas


do Heptâmetro de Quintiliano. Alguns permitem que se chegue
às resposta de imediato; outros, no entanto, precisam de
exames minuciosas em laboratórios devendo, portanto, serem
coletados da forma correta.

Vamos à definição de vestígio:

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Após a coleta de um vestígio, ele passa a ser uma
evidência, e precisa ser lacrado e encaminhado para
laboratório; para isso, é importante que seus dados e os dedos
de seu armazenamento, número de lacre e pessoas que
fizeram o transporte seja cuidadosamente e minuciosamente e
registrado, para evitar que a evidência se perca, ou seja
confundida com outras. Para isso devemos nos atentar sempre
à cadeia de custódia, que é definida conforme demonstrado
abaixo.

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Assim, completamos nossa aula básica sobre os princípios
da Criminalística. Nas próximas aulas, veremos as figuras que
atuam no processo forense, iniciando pelo profissional mais
conhecido em um local de crime: o perito criminal!

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AULA 3 – O PAPEL DO PERITO CRIMINAL OFICIAL

Perito, genericamente, significa alguém que seja um


expert em um assunto, ou seja, um profundo conhecedor da
área. Portanto, um perito criminal é alguém com profundo
conhecimento na mecânica dos crimes, os vestígios deixados e
em sua elucidação. Quando considerado oficial significa que
pertence aos quadros do Instituto de Criminalística de cada
Estado, cargos nominados na Lei 12030/09.

Assim, o perito criminal é o servidor público, geralmente


policial, dos órgãos de Polícia Científica e afins, que está
devidamente investido, por concurso público, nos cargos de
nível superior elencados na Lei 12.030/2009. O Perito Criminal
está, a serviço da justiça, especializado em encontrar ou
proporcionar a chamada prova técnica ou prova pericial,
mediante a análise científica de vestígios produzidos e
deixados na prática de delitos. Os peritos criminais de local de
crime realizam a análise da cena de crime, identificando,
registrando, coletando, interpretando e armazenando vestígios,
são responsáveis por estabelecer a dinâmica e a autoria dos
delitos e realizar a materialização da prova que será utilizada

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durante o processo penal. As atividades periciais são
classificadas como de grande complexidade, em razão da
responsabilidade e formação especializada revestidas no
cargo.

O ingresso na carreira é obtido obrigatoriamente por


concurso público, que consiste em provas teóricas, provas
orais, teste de aptidão psicológica, teste de aptidão física e
investigação social, além da prova de títulos.

Uma vez ingressado na carreira de Perito Criminal, o


profissional poderá atuar em diversas áreas forenses, com
intuito principal de coletar provas e apresentá-las, na forma de
laudo pericial com validade probatória em juízo. Para isso, o
Perito Criminal poderá utilizar técnicas de áreas específicas
da criminalística, como documentoscopia, engenharia legal,
Apesar de o laudo pericial não ser a única prova, e entre as
provas não haver hierarquia, ocorre que, na prática, a prova
pericial acaba tendo prevalência sobre as demais. Isto se dá
pela imparcialidade e objetividade da prova técnico-científica
enquanto que as chamadas provas subjetivas dependam do
testemunho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma
série de erros, desde a simples falta de capacidade da pessoa

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em relatar determinado fato, até o emprego de má fé, onde
exista a intenção de distorcer os fatos.

As atribuições legais dos peritos criminais são:

 Supervisionar, coordenar, controlar, orientar e executar


perícias criminais em geral;
 Planejar, dirigir e coordenar as atividades científicas;
 Fornecer elementos esclarecedores para a instrução de
inquéritos policiais e processos criminais;
 Promover o trabalho especializado de investigação e
pesquisa policial;
 Executar atividades técnico-científicas de nível superior de
análises e pesquisas na área forense;[
 Proceder a levantamentos topográficos e fotográficos e a
exames periciais, laboratoriais, odonto-legais, químico-
legais e microbalísticos;
 Emitir parecer sobre trabalhos criminalísticos;
 Produzir laudos periciais;
 Elaborar estudos estatísticos dos crimes em relação à
criminalística;
 Praticar atos necessários aos procedimentos das perícias
policiais criminais;

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 Executar as atividades de identificação humana,
relevantes para os procedimentos pré-processuais
judiciais;
 Desempenhar atividades periciais relacionadas às
atribuições legalmente reservadas às classes profissionais
a que pertencem;
 Portar arma, dirigir viatura e atender a população em geral;

ARMAMENTO UTILIZADO

Durante seu ciclo de treinamento básico, os peritos criminais,


quando pertencentes aos quadros das policias civis, polícias
científicas, ou da polícia federal, são habilitados para uso de
diversas armas, como revólveres, pistolas e espingardas,
sendo esse o armamento mais comum usado na perícia.
Alguns profissionais também se habilitam em outros tipos de
armas, como fuzil e sub-metralhadora através de cursos e
treinamentos extras.

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TÉCNICAS DE LEVANTAMENTO TÉCNICO-PERICIAL

Os peritos criminais dispõem de dezenas de técnicas e


equipamentos para estudo do local de crime. Entre essas
técnicas, podemos destacar:

Fotografia – Muito importante para registrar a cena em si,


os vestígios, corpos, manchas de sangue, armas, dentre outra
coisas. Atualmente se utiliza a fotografia digital, associada a
técnicas de iluminação artificial, longa exposição, etc..

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Escaneamento 3D – Com auxílio de um Scanner Laser
tridimensional, é possível registrar os pormenores e dist6ancias
de um local, construindo modelos computacionais em 3
dimensões para enriquecer o laudo pericial.

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Drones – Os drones oferecem um recurso muito útil em
perícias ambientais, onde é necessário registrar vastas áreas
desmatadas ou queimadas, e também para elaboração do
croqui da via de trânsito em caso de acidentes
automobilísticos.

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ANOTAÇÕES

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AULA 4 – O PAPEL DO PERITO JUDICIAL

O PERITO NA JUSTIÇA

No Brasil, o Poder Judiciário apresenta-se dividido em


cinco órgãos públicos: Justiça Estadual, Justiça do Trabalho,
Justiça Federal, Justiça Eleitoral e Justiça Militar. O Relatório
“Justiça em Números”, divulgado em 2019 pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), indica que o estoque de processos
pendentes ao final de 2018, em todos os órgãos, foi de
78.691.031 ações. Esse número retrata a grande demanda de
trabalho para os auxiliares da justiça.

Nesse sentido, são auxiliares da justiça, segundo o Art.


149 do Novo Código de Processo Civil (CPC): o escrivão, o
chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário,
o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o
conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o
regulador de avarias, além de outros cujas atribuições sejam
determinadas pelas normas de organização judiciária.

Não menos importante, o perito possui um papel


indispensável no que concerne a produção da prova técnica
que instruirá o processo judicial, opinando tecnicamente sobre
questões que lhe são submetidas pelas partes ou pelo juiz, a

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fim de sejam esclarecidos fatos que auxiliem o magistrado na
formação de sua convicção.

O PERITO JUDICIAL

É comum que figura do Perito remeta ao pensamento de


que aquele profissional que atua na investigação de cenas de
crimes, como nos seriados de TV que tanto fazem sucesso.
Entretanto, como visto na aula anterior, este papel é
comumente desempenhado pelo Perito Criminal de natureza
Oficial: funcionário público contratado mediante aprovação em
concurso, com atuação na esfera criminal da justiça.

Contudo, como vimos no início dessa aula, o sistema


judiciário brasileiro conta com mais quatro esferas além da
criminal. Nessas outras, de forma análoga, sempre que o
julgador necessitar esclarecimentos sobre questões técnicas
ou científicas em um processo, recorrerá ao auxílio de um
profissional Expert de sua confiança, cadastrado junto ao
Tribunal, com formação acadêmica condizente com o tema em
questão. Assim, o juiz nomeará o profissional como Perito
Judicial para atuar naquela causa.

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Segundo o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de
Engenharia de São Paulo (IBAPE/SP) perito é o profissional
legalmente habilitado, idôneo e especialista, convocado para
realizar uma perícia.

Para ilustrar a importância: promotores e juízes são


operadores do direito, ao passo que o Perito possui domínio
técnico da área em que é graduado. Assim, como seria
possível um magistrado decidir sobre os termos de cobrança
de um financiamento, sem possuir os devidos conhecimentos
em ciência contábeis? É a junção entre os conceitos técnico-
científicos com a interpretação dos diplomas legais que
proporcionam uma decisão legitimamente justa.

Nas palavras do eminente desembargador do TRT-SC, Dr.


José Ernesto Manzi:

O juiz, que não é uma autoridade universal, muitas


vezes precisa da manifestação de um experto em
determinado tema, para que possa solucionar a lide,
sendo cada vez mais comum essa necessidade por
serem cada vez mais complexas as causas.

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Os técnicos são os atuais “conselheiros do rei”,
principalmente sobre matérias que o rei não está em
condições de compreender completamente e, sobre ele
passam a exercer autoridade. O príncipe prefere
desagradar o povo escudado em algum vaticínio
técnico, do que correr o risco de ser responsabilizado
no futuro, por alguma decisão considerada
tecnicamente inadequada (Manzi, 2012).

Dada a grande variedade de naturezas nos litígios levados


às esferas judiciais, pode ser necessário recorrer a um Expert
com formação em qualquer assunto ao qual seja requerido
esclarecimento. Entretanto, as áreas mais requeridas
costumam ser engenharia, contabilidade, meio ambiente,
psicologia, medicina, odontologia, informática, dentre outras.

Da mesma forma que na perícia criminal, o perito judicial


deve se pautar por elementos materiais de cunho técnico-
científico que revelem a verdade dos fatos, de forma isenta,
sem comprometimento com nenhuma das partes. O perito são
os olhos “técnicos” do juiz, sendo necessário possuir curso
superior (graduação) em profissão regulamentada. Em se
tratando de profissões que possuam um Órgão de Classe
(CREA, CRC, OAB, CRECI, CRO, CRM, etc.), o perito judicial

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nomeado deve possui registro regular e ativo, nos termos
regulamentados, sob pena de processo administrativo.

COMO SE TORNAR UM PERITO JUDICIAL?

A nomeação de um profissional Expert em uma área de


conhecimento na qual a Autoridade necessite de
esclarecimento técnico se dá conforme o exposto no Art. 156
do Novo Código de Processo civil (CPC):

§ 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais


legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos
devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao
qual o juiz está vinculado.”

Assim, ao contrário do que muitos pensam, não é


requerido que o Perito faça parte de nenhuma organização,
instituição ou agremiação de peritos judiciais, seja ela
municipal, estadual ou nacional. Apesar de existirem entidades
desse gênero, cabe ressaltar que não possuem caráter oficial,
regulatório ou fiscal – muito embora suas razões sociais,
nomes fantasia, brasões e até confeccionados distintivos

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sugiram isso, trazendo confusão ao leigo a esse respeito. Na
prática, são apenas organizações autônomas e não oficiais,
constituídas por pessoas unidas em torno de um interesse em
comum.

Por conseguinte, é pitoresco quando são apresentadas


carteirinhas e até distintivos copiados dos órgãos policiais por
profissionais que já tenham atuado como Perito Judicial, o que
não faz sentido, uma vez que a identificação de sua nomeação
pelo juízo se dá por uma intimação. Assim, é imperioso
sedimentar o conceito de que um profissional NÃO É Perito
Judicial; mas que ele “ESTÁ” Perito Judicial – condição
momentânea em que se encontra por razão do processo para o
qual foi nomeado.

Sob esse prisma, para ser nomeado como Perito Judicial


em um processo, é preciso ser conhecido pelas varas das
comarcas onde se deseja atuar. No passado, era comum que
fossem feitas visitas aos Fóruns para conversar pessoalmente
com o Diretor da Vara ou com o Juiz, apresentando suas
qualificações e entregando o seu currículo ou cartão de visita.

Contudo, já na era digital, os Tribunais dos estados


disponibilizam em seus sites áreas para cadastro de auxiliares

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da justiça. A exemplo do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo, foi criado um portal para gerenciamento dos auxiliares,
nos termos do art. 156 e ss do CPC/2015, da Resolução
233/CNJ e dos Provimentos CSM 1625/2009 e 2306/2015.
Saiba mais:

http://www.tjsp.jus.br/AuxiliaresdaJustica

O sistema de cadastramento disponibilizado nos portais


dos Tribunais de Justiça dos Estados busca atender aos
princípios constitucionais de moralidade, transparência e
publicidade dos atos judiciais relativos à nomeação dos peritos,
bem como acabar com a distribuição de documentos e
currículos nas varas das comarcas, colaborando também com
as práticas sustentáveis e socioambientais recomendadas pela
Resolução n. 11/2007 do CNJ.

Documentos obrigatórios para cadastro no sistema


Auxiliares da Justiça do TJ-SP:

 Foto (ausente no cadastro de CNPJ)


 Documento de Identificação
 Formação Acadêmica (ausente no cadastro de CNPJ)
 Certidões Cíveis e Criminais

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COMO É O TRABALHO DO PERITO JUDICIAL?

Basicamente, o trabalho de Perito Judicial materializa-se


por meio de um laudo, o qual será utilizado como prova
material no processo integrando os autos.

Segundo o Art. 473 do CPC, o laudo pericial deverá conter:

I - a exposição do objeto da perícia;

II - a análise técnica ou científica realizada pelo


perito;

III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-


o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos
especialistas da área do conhecimento da qual se
originou;

IV - resposta conclusiva a todos os quesitos


apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do
Ministério Público.

§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua


fundamentação em linguagem simples e com coerência
lógica, indicando como alcançou suas conclusões.

§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de


sua designação, bem como emitir opiniões pessoais
que excedam o exame técnico ou científico do objeto
da perícia.

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§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e
os assistentes técnicos podem valer-se de todos os
meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo
informações, solicitando documentos que estejam em
poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas,
bem como instruir o laudo com planilhas, mapas,
plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos
necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.

O trabalho do Perito Judicial é remunerado conforme seus


honorários, os quais devem compreender a quantidade total de
horas trabalhadas, o valor da causa e também eventuais
peculiaridades que resultem na cobrança de valores.

Conforme a vontade do magistrado, os honorários podem


ser pagos quando da entrega do laudo, ao final do processo ou
antecipadamente (forma menos comum), dependendo da
esfera judicial e da condição ou não de gratuidade de justiça
em que incorra a parte. Cabe destacar que a cobrança dos
honorários periciais geralmente incide sobre a parte que
requisitou esse meio de prova.

ÉTICA NO TRABALHO PERICIAL

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Veja a manchete abaixo:

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/lava-jato-prende-perito-judicial-que-superfaturava-laudos-
para-fetranspor-24119254

Da reportagem, destacamos o seguinte trecho, de José


Ricardo Bandeira, Presidente do Conselho Nacional de Peritos
Judiciais do Brasil:

— “É inadmissível que um profissional que exerce uma


atividade tão nobre como a de Perito Judicial se deixe sucumbir
à sedução da corrupção e ao fazê-lo coloca sob suspeita todos
os atos processuais subsequentes, pois o Perito Judicial
legalmente nomeado pelo juiz tem como premissa básica de
sua atuação a imparcialidade, [...] desconhecendo a
responsabilidade de ser um auxiliar da justiça e infelizmente
denegrindo toda uma categoria profissional".

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O trabalho do Perito desse ser sempre pautado pela ética
e pela honestidade. Pense nisso.

“Aquele que compreender que não poderá ser um perito


honesto, seja honesto, não seja perito”

(Abraham Lincoln)

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ANOTAÇÕES

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AULA 5 – O PAPEL DO ASSISTENTE TÉCNICO

O ASSISTENTE TÉCNICO NA JUSTIÇA

Assistente Técnico é o profissional indicado e contratado


por uma das partes para orientá-la tecnicamente, acompanhar
os trabalhos periciais, quando cabível e, assim, emitir seu
parecer técnico. Ao contrário do Perito, esse profissional não
está sujeito aos requisitos de impedimento ou suspeição.

Conforme consta no Art. 465 do CPC:

§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze)


dias contados da intimação do despacho de nomeação
do perito:

I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito,


se for o caso;

II - indicar assistente técnico;

III - apresentar quesitos.

Cabe o esclarecimento de que é um equívoco se referir a


esse profissional como “PERITO ASSISTENTE TÉCNICO”,
uma vez que PERITO, seja Criminal ou Judicial, é somente o

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auxiliar do Juiz. Em contrapartida, o assistente técnico é um
auxiliar da parte. Seu parecer técnico tem por objetivo
concordar, criticar ou complementar o laudo pericial.

É importante ter em mente o seguinte: como


desdobramento óbvio da relação contratante-contratado, os
assistentes técnicos possuem o dever de apontar elementos
técnicos favoráveis à parte que lhe contratou.

Por conseguinte, o Assistente Técnico certamente será


favorável à parte e, ao contrário do Perito, não possui a da
imparcialidade. Assim, seu parecer técnico obviamente
valorizará os elementos do processo que lhe convém e, da
mesma forma, desprezará o que não lhe convém, o que muitas
vezes é refletido na contestação do laudo pericial.

Ainda como diferença com relação ao trabalho do Perito


Judicial, muitos profissionais preferem atuar como Assistentes
Técnicos pelo fato de que a remuneração é acordada
diretamente com a parte que o contrata, trazendo maior certeza
quanto aos prazos e pagamentos. Uma outra vantagem diz
respeito a não haver possibilidade de impugnação dos
pagamentos, haja vista terem sido combinados antes da
aceitação da causa.

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A CREDIBILIDADE DO ASSISTENTE TÉCNICO

A credibilidade dos profissionais contratados como


Assistentes Técnicos é algumas vezes questionada devido ao
mau entendimento dessa imparcialidade. Contudo, devemos
registrar que os Assistentes devem conduzir seus
procedimentos com a mesma ética que é esperada dos Peritos,
a qual é refletida abraçando sim a tese de seu cliente, mas
baseada na verdade técnico-científica.

Contudo, na maioria das vezes, não se consegue dar ao


juízo o mesmo peso ao Parecer Técnico que um Laudo Pericial
possui. Seguindo o entendimento do desembargador do TRT-
SC, Dr. José Ernesto Manzi:

O assistente técnico, por não ser presumivelmente


isento, dificilmente conseguirá convencer o juiz de que
o perito do juízo está equivocado; ele pode ter um
conhecimento até mais profundo, mas sempre se
presumirá que não possui isenção, na medida que é
pouco provável que alguém pague para produzir uma
prova desfavorável. O pior é que, por vezes, o
assistente comete o erro de querer usar mera retórica
argumentativa, ao invés de usar a ciência do próprio
perito, para desqualificar o laudo desfavorável ou para

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indicar uma solução diversa daquela a que chegou o
experto do juízo (Manzi, 2012).

Apesar desses aspectos polêmicos, é importante trazer à


baila a importância do trabalho do Assistente Técnico,
sobretudo para a garantia da correta execução do princípio do
contraditório e ampla defesa.

Segundo os pesquisadores Pereira, Coltri e Silva (2019),


muitas vezes as partes, por falta de conhecimento acerca do
trabalho do assistente técnico ou mais comumente por
questões financeiras, deixam de contratar os serviços deste
profissional. Todavia, da mesma forma que a parte se
preocupa em buscar um bom advogado para uma boa
assessoria jurídica, uma adequada assessoria quanto aos
elementos técnicos envolvidos em um litígio pode fazer a
diferença em um processo. O Assistente Técnico é o
profissional capaz de oferecer todo o suporte necessário.

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O QUE É NECESSÁRIO PARA SE TORNAR
ASSISTENTE TÉCNICO?

Como o Assistente Técnico é contratado pela parte para


levantar elementos materiais que possam embasar a tese da
defesa, a porta de entrada de sua participação nos processos
judiciais se dá por meio dos advogados. Assim, é importante
que o profissional que deseja essa atuação procure os
escritórios e apresente o seu currículo, suas qualificações e
suas possibilidades de atuação.

O profissional não precisa necessariamente ter formação


técnica igual à do Perito constituído no processo em que
participará. Isto porque há casos em que o litígio se dá em uma
área de interface profissional (por exemplo odontologia e
medicina; ou biologia e engenharia ambiental). Nesse sentido,
há jurisprudência que garante a participação de um Assistente
Técnico com formação diferente daquela do perito, sendo que
sua vedação poderia implicar em cerceamento de defesa:

―EMENTA: RECURSO DA RECLAMADA.


NULIDADE PROCESSUAL POR CERCEAMENTO DE
DEFESA. PARTICIPAÇÃO DE ASSISTENTE
TÉCNICO NA PROVA PERICIAL. Configura
cerceamento de defesa a proibição da participação de

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assistente técnico indicado pela reclamada para
acompanhar a perícia médica, pelo fato de possuir
formação em fisioterapia e não em medicina, diante da
ausência de vedação a respeito. Caracterizada ofensa
ao art. 421, § 1º, inciso I, do (antigo – grifo nosso)
CPC3, aplicável subsidiariamente ao processo do
trabalho por força do art. 769 da CLT4, bem como ao
art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1.988
(CF/88)7. Determina-se o retorno dos autos à origem, a
fim de que seja oportunizada ao assistente técnico da
reclamada a participação na prova pericial. Recurso
parcialmente provido.‖ (RO 0018100-
45.2008.5.04.0241 — TRT — 4ª Região)8‖.

A DIFERENÇA ENTRE O LAUDO PERICIAL E O


PARECER TÉCNICO

Conforme exposto na aula anterior e nos termos do Art 473


CPC, o Laudo Pericial é um relatório em que o Perito apresenta
com clareza e objetividade a constatação de uma situação,
descrevendo-a e concluindo em termos técnico-científicos. É
elaborado pelo Perito Criminal ou pelo Perito Judicial.

45
Já o Parecer Técnico é um relatório que apresenta
argumentação e análise consoante ou contrária ao laudo
produzido pelo perito. É elaborado pelo Assistente Técnico.

RESUMINDO...

PERITO OFICIAL

Profissionais que realizam perícias na


esfera do direito criminal

Funcionários públicos contratados


mediante concurso

PERITO JUDICIAL

Profissional nomeado pelo próprio


magistrado que está analisando o
processo na esfera do direito cível ou
trabalhista

Perito de confiança do juiz, a quem


ele recorrerá sempre que precisar de
esclarecimentos técnicos e
especializados sobre determinada
situação do processo

Independe da vontade das partes

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ASSISTENTE TÉCNICO

Principal diferença: É contratado pelas


partes para realizar alguma perícia ou
revisá-la depois de feita por um perito;

Realiza trabalhos que venham


esclarecer dúvidas e que concedam
elementos técnicos à argumentação
do advogado;

Profissional autônomo

Área cível: inscrição no conselho


regional de fiscalização;

Área criminal: não há previsão legal


desta exigência;

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AULA 6 – INTRODUÇÃO À PERÍCIA EM LOCAL DE CRIME

Uma famosa frase atribuída a Edmond Locard diz que


“todo contato deixa uma marca”. Em uma cena de crime, essas
marcas recebem o nome de vestígios, os quais na verdade se
tratam de elementos materiais.

Os vestígios deixados no local da ocorrência de um delito


devem ser examinados por um Perito Criminal Oficial, nos
termos do Art. 158 do CPP:

Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o


exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado.

O exame de corpo de delito será direto quando forem


examinados os próprios vestígios ainda presentes; e indireto
quando já houverem desaparecido. Assim, o exame indireto é
feito quando, pelo desaparecimento dos vestígios
(principalmente pelo lapso temporal e pela ausência de
preservação), não for possível o exame direto, baseando-se os

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peritos em outros meios de provas, circunstâncias ou quaisquer
outros elementos observados no local (Stumvoll e Quintela,
1995).

A área de circunscrição dos fatos – conhecida como local


de crime – é “toda área física ou virtual na qual tenha ocorrido
um fato que possa assumir a configuração de infração penal,
estendendo-se ainda a qualquer local que possua vestígios
relacionados à ação criminosa” (Velho et al., 2017, p.19).

Assim ocorrem em um local de crime aqueles de qualquer


espécie, bem como qualquer fato que chegue ao conhecimento
das autoridades e que necessitem de esclarecimento. Alguns
exemplos mais comuns:

 Homicídio;
 Suicídio (apesar de não ser enquadrado como crime,
trata-se de um fato que necessita esclarecimento, até
mesmo para excluir a possibilidade de homicídio;
 Acidente de trânsito;
 Furto Qualificado;

O Perito é, portanto, figura indispensável para o


esclarecimento desses eventos. Sua presença no local de

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crime é aguardada, pois é justamente por meio da perícia que
serão determinados os elementos que indiquem a
materialidade e a autoria do delito.

Diz-se, assim, que o perito é a “última voz da vítima”.

Fazemos então um convite: escute conosco essa voz!


Conheça mais sobre a atuação do perito criminal nos locais de
crime aprofundando-se no curso “PERÍCIA EM LOCAIS DE
CRIME”!

Esperamos que esse primeiro contato com a perícia tenha


deixado uma marca!

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REFERÊNCIAS

BRUGIOLO, P. O perito e a prova pericial no Novo Código de


Processo Civil. Revista Especialize On-line IPOG, v. 01, ed 14,
n. ISSN 2179-5568, p. 16, 2017.

Justiça em Números 2019. Conselho Nacional de Justiça.


Brasília: CNJ, 2019.

KEMPNER, Dorilene Bagio. A importância da prova pericial.


Revista Especialize On-line IPOG, v. 1, n. 5, 2013.

MANZI, José Ernesto. Considerações acerca da formulação e


utilização de laudos periciais em processos judiciais. Revista
Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3189, 25
mar. 2012.

MIRANDA, Aldiane Rodrigues; DE SOUSA, Erlenilce Oliveira.


O Papel do Perito Judicial e o Assistente no Devido Processo

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Legal. Revista Eletrônica Acervo Científico, v. 3, p. e412-e412,
2019.

NEVES JÚNIOR, Idalberto José das et al. Perícia Contábil


Judicial: a relevância e a qualidade do laudo pericial contábil na
visão dos magistrados do Estado do Rio de Janeiro. Pensar
contábil, v. 16, n. 59, 2014.

PEREIRA, Mariana Mourão de Azevedo Flores; COLTRI,


Marcos Vinícius; SILVA, Rhonan Ferreira. Controvérsias na
presença e participação de profissionais e acompanhantes
durante exame pericial odontológico em ações judiciais civis.
RBOL-Revista Brasileira de Odontologia Legal, v. 6, n. 1, 2019.

REVISTA TÉCNICA DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS. Instituto


Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Paraná.
IBAPE: Curitiba, 2019.

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SANTOS, J. B. O perito judicial e as consequências advindas
de sua nomeação na justiça gratuita. Revista Especialize On-
line IPOG, Ano 10, Edição nº 17, Vol. 01, 2019.

SARNO, J. F. A.; PEREIRA, I.; NADALINI, A. C. V. O papel do


engenheiro como perito judicial e os desafios advindos do novo
Código de Processo Civil (CPC). In: XIX COBREAP -
Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias,
2017, Foz do Iguaçu. Anais do XIX COBREAP - Congresso
Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias, 2017.

STUMVOLL, V. P.; QUINTELA, V. M. D. O. Criminalística. In:


TOCHETTO, D. (org.) Tratado de Perícias Criminalísticas.
Porto Alegre: Sagra DC Luzzatto, 1995.

VELHO, J. A.; GEISER G. C.; ESPINDULA, A. Ciências


forenses: uma introdução às principais áreas da criminalística
moderna. Campinas: Millennium; 2017.

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