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Sumário
1) PRÓLOGO
2) A Criminalística
a) Origem
b) Definição
c) Postulados da Criminalística
d) Perícia Criminal
a. A Função do Perito Criminal
b. Trabalho interno x Trabalho Externo
c. A Prova
d. Exames em Local de Morte Violenta
e. Procedimentos de Busca e Varredura de Vestígios
f. Vestígios Verdadeiros x Vestígios Ilusórios x Vestígios Biológicos
g. Vestígio Absoluto x Vestígio Relativo
h. Vestígios Físico x Vestígio Biológicos
i. Área Imediata x Área Mediata x Área Relacionada
j. Local Físico x Local Virtual
k. Local Aberto x Fechado x Misto
l. Local Ermo x Local Habitado
m. Local idôneo x Inidôneo
n. A Perícia Criminal no Código de Processo Penal – CPP
o. Perícia Criminal x Perícia Judicial x Assistente Técnico
p. Responsabilidade Civil e Penal dos Peritos
q. As mudanças e inclusões do Pacote Anticrime no CPP para a
Perícia Criminal

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r. Documentos Criminalísticos
i) O Modelo de Divisão de Homicídio do Rio de Janeiro
a. Os grupos de investigação e local de crime
j) Perícia Interna
a. Química Forense
b. Informática Forense
c. Exame em Veículo Adulterado
d. Perícia Contábil
e. Balística Forense
f. Merceologia Forense
g. Documentoscopia
h. Perícia em Áudio e Imagem
i. Perícia de descrição de materiais
j. Genética Forense
i) Toxicologia Forense
5) Locais de Crime em Geral
a) Local de Ocorrência de Tráfego
b) Ocorrência de Atropelamento
c) Local de Crime Contra o Patrimônio
d) Local de Incêndio
e) Local de Acidente de Trabalho
f) Local de Subtração de Energia/Água/Sinal
g) Local de Crime Ambiental
h) Local de Constatação de Caça Níquel
i) Engenharia Forense
6) Papiloscopia Forense
a) Introdução a Papiloscopia
b) Introdução a Datiloscopia
c) Histórico da Datiloscopia

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d) Papiloscopia no Brasil
e) Datiloscopia
f) Sistema Datiloscópico De Vucetich
g) Estudos Avançados em Datiloscopia
h) Princípios Fundamentais da Papiloscopia
i) DNA de contato
j) Tipos de Impressões Papilares
k) Impressões Papilares em Local de Crime
7) Locais de Crime Contra a Vida
a) A Função do Perito Criminal em Locais de Crime Contra a Vida
b) Local de Homicídio
c) Local de Encontro de Cadáver
d) Encontro de Despojos
e) Local de Encontro de Ossada
f) Local de Encontro de Feto
g) Local de Exumação
h) Exame em Local
i) Exame em Veículo
j) Reprodução Simulada
k) Morte por Intervenção a Agente do Estado
BIBLIOGRAFIA
CONHEÇA NOSSOS AUTORES

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1) PRÓLOGO
A coleção #PADRÃOZEUS está agora na sua Terceira edição. Com os
eBooks de Medicina Legal, Criminalística, Manchas de Sangue e Balística
Forense o leitor vai fazer um mergulho no universo das ciências Forenses.
Com o eBook de Medicina Legal, através de muito conteúdo e fotos, focado
nos locais de crimes, através das experiências dos autores que atuam no Rio
de Janeiro, você poderá assimilar tranquilamente o conteúdo, utilizando
desse para concursos públicos nas carreiras policiais e Perícia Criminal ou
para enriquecimento de seu conhecimento nas áreas de Medicina Legal e
Criminalística.
No caso do eBook de Criminalística, o leitor irá aprender os conhecimentos
e técnicas necessários à elucidação dos crimes e à descoberta de seus
autores, através de muita teoria, incluindo os tipos de Perícia interna e
Externa que o Perito Criminal lida no seu dia a dia. Ideal para concurseiros,
Peritos Criminais e operadores de direito da área penal.
Já o eBook de Análise de Perfis de Manchas de Sangue irá auxiliar no
entendimento da dinâmica de Local de Crime Contra a Vida, já que as
manchas de sangue com certeza são os principais elementos criminalísticos
analisados para a determinação da dinâmica do evento. Através de uma
linguagem fácil e acessível, além de muitas fotos, esse eBook vai auxiliar
Perito Criminais, estudantes da área e até mesmo apaixonados por séries de
investigação criminal a entender a importância de uma mancha de sangue
na elucidação de um crime.
Por fim, o eBook de Balística mostrará toda a teoria que envolve essa
disciplina: Balística interna, de Transição, Externa e Terminal, incluindo as
lesões provocadas por projetis de arma de fogo. E aí, partiu ler todos?!

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2) A Criminalística

a) Origem
Ao longo da história a ciência como um todo foi evoluindo. Aristóteles
acreditava que a velocidade natural de um corpo era a velocidade zero. Ele
fazia essas previsões sem um método cientifico de fato, ou seja, sem
experimentações consistentes, eram apenas suposições com observações
simples.
Muitos anos depois Newton através de um método científico de fato
descobriu que a velocidade natural de um corpo na verdade era a velocidade
constante, surgindo a 1ª Lei de Newton. Einstein por sua vez descobriu que
a velocidade era relativa, trazendo uma análise muito mais complexa.
Repare que a física que é uma ciência evoluiu com o passar dos anos e
sempre continuará evoluindo. A mesma coisa acontece com a química,
biologia e qualquer ciência. A criminalística é considerada uma disciplina
nascida da Medicina Legal, que é quase tão antiga quanto a própria
humanidade. Uma vez que em épocas passadas o médico era pessoa de
notório saber, sendo sempre consultado. No século XIX era a medicina
legal que tratava da pesquisa, da busca e da demonstração de elementos
relacionados com a materialidade do crime.
No entanto, com os avanços dos diversos ramos das ciências, houve a
necessidade de uma maior especialização, o que fez com que outros
profissionais passassem a ser consultados. Desse modo, surge a necessidade
da criação de uma nova disciplina para a pesquisa, análise e interpretação
de vestígios encontrados em locais de crimes. Nasce assim a criminalística,
uma ciência independente que vem dar apoio à polícia e a justiça, tendo
como objetivo o esclarecimento de casos criminais. A Criminalística
evoluiu, evolui e sempre evoluirá com a evolução das ciências!
A criminalística pode ser dividida em duas fases: a primeira aquela em que
se buscava a verdade através de métodos primitivos, mágicos ou através da
tortura, considerando que na maioria das vezes não se conseguia obter uma
confissão do acusado de forma espontânea. A segunda fase (surgida da
Medicina Legal) é justamente a que procurava a verdade através de
métodos racionais, originando assim os fundamentos científicos da
criminalística que conhecemos hoje, deixando de lado as crenças nos

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milagres e nas mágicas. Paralelamente verificou-se que através das ciências
naturais é possível interpretar os vestígios do delito através da análise das
evidências do fato e sua autoria.

b) Definição
Hans Gross foi um jurista e criminalista austríaco, criador da estratégia de
perfil criminal, técnica utilizada para identificar possíveis suspeitos e para
ligar crimes que podem ter sidos cometidos pela mesma pessoa.
Ainda que se tenha conhecimento de que as técnicas de investigações com
bases científicas são utilizadas em crimes ocorridos desde a antiguidade
clássica, a criminalística como conhecemos teve início no final do século
19, quando Hans Gross propôs que os métodos da ciência moderna fossem
utilizados para solucionar casos criminais.
Foi, inclusive, Gross quem utilizou o termo Criminalística, em 1893, para
designar o sistema de métodos científicos utilizados pela polícia em
investigações criminais. Seus estudos e técnicas foram importantes para a
criação do primeiro Instituto de Polícia Científica, na Universidade de
Lausanne, na França. Gross identificou falhas no sistema judiciário da
época e concentrou esforços em melhorar as investigações, tornando-as
mais cautelosas, a ética profissional e os métodos científicos. Sua visão de
pesquisa, evidências técnicas e métodos também levou à criação das “cenas
de crime”. Em seus anos de atuação, enfatizou a necessidade de o juiz se
manter neutro nos casos. Hans Gross morreu aos 67 anos, em 1915, na
cidade de Graz, no antigo Império Austro-Húngaro.
Posteriormente surgiram novos teóricos que aprimoraram a definição da
Criminalística. Para José Del Picchia ela é uma disciplina que tem por
objetivo o reconhecimento e interpretação dos indícios materiais
extrínsecos relativos ao crime ou à identidade do criminoso. Os exames dos
vestígios intrínsecos (na pessoa) são da alçada da medicina legal.
Já de acordo com Eraldo Rabello a Criminalística é uma
disciplina AUTÔNOMA, integrada pelos diferentes ramos do conhecimento
técnico-científico, auxiliar e informativa das
atividades POLICIAIS e JUDICIÁRIAS de investigação criminal, tendo
por objeto o estudo dos vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, no

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que tiver de útil à elucidação e à prova das infrações penais e, ainda, à
identificação dos autores respectivos.
Por ser uma Disciplina autônoma, regida por leis e metodologia própria, é
independente dais demais, embora seja multidisciplinar. Isso significa que é
formada por diferentes ciências em sua composição. Ou seja, têm
crescimento gradativo e paralelo aos conhecimentos de que se vale, como
da Toxicologia, Biologia, Química, Física, etc.
Em termos do Processo Criminal, ela é uma das disciplinas que fornece as
bases para as corretas e mais justas decisões do Juízo. Isso significa que a
Criminalística é umas das responsáveis pode dar a materialidade do fato ao
processo, sendo, então, parte do que tem de mais importante no processo: a
prova material.
A Criminalística determina o Diagnóstico Diferencial da Morte (Se foi
Homicídio, Suicídio, Morte Acidental ou Morte a esclarecer) e a Medicina
Legal determina a causa da morte (causa mortis), que é a causa biológica da
morte.
Os profissionais que atuam nestas áreas forenses são os peritos oficiais, em
três categorias, peritos criminais, peritos médico-legistas e peritos
odontolegistas, como diz a Lei 12.030 de 17 de setembro de 2009.
Quanto ao objeto, se traduz em todos os vestígios, que são os materiais,
suspeitos ou não, encontrados no local de fato. Logo tudo que se encontra
em um Local de Crime é considerado vestígio.
c) Postulados da Criminalística
Dois são os seus princípios básicos:
● O Princípio de Locard (1877-1966): “Todo o contacto deixa um traço
(vestígio)”. De acordo com o Princípio da Troca de Locard, qualquer
um, ou qualquer coisa, que entra em um local de crime leva consigo
algo do local e deixa alguma coisa quando parte.
● Princípio da Individualidade: Dois objetos podem parecer
indistinguíveis, mas não há dois objetos absolutamente idênticos.
Inicialmente, é a combinação destes dois princípios que torna possível a
identificação e a prova científica. Isso nos leva diretamente ao Fato
Delitivo, que é justamente o fato em si do crime, em que gera uma Autoria
e a chamada materialidade.
De forma mais ampla e detalhada, na hora da análise dos vestígios, o Perito
Criminal utiliza a ferramenta chamada de “Heptâmetro de Quintiliano”, que

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busca as seguintes respostas:
● O QUÊ – O que de fato aconteceu? Foi uma morte? Foi um
Acidente?
● QUEM - Quem foi a vítima desse crime?
● QUANDO – Podemos determinar quando o fato aconteceu?
Ou pelo menos uma janela temporal?
● COMO? Como aquele fato criminoso foi realizado? Ou seja,
como foi a dinâmica do crime?
● ONDE? Onde aconteceu o fato?
● COM QUE MEIO? Qual o meio utilizado para aquele fato?
● POR QUÊ? Por que aquele fato foi cometido? Quais são os
motivos do autor do crime.
É importante acrescentar que “Por Quê?” acaba por ser um elemento
subjetivo. Levando-se em conta que o Perito Criminal faz somente a análise
objetiva dos fatos, a parte do “Por Quê?” ficará a cargo da investigação
tradicional. De forma mais profunda, esse item não ficará a cargo da
Criminalística e sim da Criminologia.
A Criminalística difere da Criminologia, apesar dos termos semelhantes,
pois possuem a mesma raiz: o crime. Assim, vejamos: CRIMINOLOGIA é
um conjunto de conhecimentos que se ocupa do crime, da criminalidade e
suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso, bem como da
personalidade do criminoso e da maneira de ressocializá-lo. Portanto a
Criminologia dentro do “Heptâmetro de Quintiliano” fica a cargo do “POR
QUÊ”, com a Criminalística respondendo o restante das perguntas.
O Perito Criminal deve ater somente a Criminalística, ou seja, analisando
apenas os vestígios materiais. Suas conclusões serão descritas no Laudo
Pericial. De forma mais detalhada e completa ele deve se utilizar dos
seguintes Postulados Fundamentais da Criminalística:
● Princípio da Observação: todo contato deixa uma marca (Edmond
Locard).
● Princípio da Análise: a análise pericial deve sempre seguir o método
científico.
● Princípio da Interpretação ou Princípio de Kirk: dois objetos podem
ser indistinguíveis, mais nunca idênticos.

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● Princípio da Descrição: o resultado de um exame pericial é constante
com relação ao tempo e deve ser exposto em linguagem ética e
juridicamente perfeita.
● Princípio da Documentação: Toda amostra deve ser documentada,
desde seu nascimento na cena do crime até
sua análise e descrição final, de forma a se estabelecer um
histórico completo e fiel de sua a origem.
Esse último princípio, o da documentação, que rege e deu origem a famosa
Cadeia de Custódia, que será vista em capítulo próprio.

d) Perícia Criminal
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Lei 12030
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais para as perícias oficiais de
natureza criminal.
Art. 2o No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é
assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso
público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo
de perito oficial.
Art. 3o Em razão do exercício das atividades de perícia oficial de natureza
criminal, os peritos de natureza criminal estão sujeitos a regime especial de
trabalho, observada a legislação específica de cada ente a que se encontrem
vinculados.
Art. 4o (VETADO
Art. 5o Observado o disposto na legislação específica de cada ente a que o
perito se encontra vinculado, são peritos de natureza criminal os peritos
criminais, peritos médico-legistas e peritos odontolegistas com formação
superior específica detalhada em regulamento, de acordo com a necessidade
de cada órgão e por área de atuação profissional.
Art. 6o Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua
publicação.
Brasília, 17 de setembro de 2009;
Para ser Perito Criminal, você pode atuar no âmbito civil ou militar.
Focaremos nesse eBook no âmbito civil. No caso do âmbito militar, para ser
Perito Criminal é necessário participar de processos internos nas forças
armadas.

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Focando então na área civil de Perícia Criminal, O Perito Criminal é um
servidor público, policial ou não, pertencente aos quadros dos Institutos de
Criminalística, dos Institutos de Perícias, e dos órgãos de Polícia Científica,
Polícia Civil e afins, que está devidamente investido, por concurso público,
nos cargos de nível superior, com formação nas mais variadas áreas
profissionais, como versa o CPP: Art.159. O exame de corpo de delito e
outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de
curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).
No caso do Rio de Janeiro, a Perícia Criminal está dentro da estrutura da
Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Figura 1: Distintivo de Perito Criminal da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.

A seguir, as carreiras aceitas no Concurso de Perito Criminal 3ª classe de


2013:
● Biologia (Biomedicina concorreu aqui, tendo que entrar com recurso
posteriormente)
● Ciências Contábeis

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● Engenharia Ambiental/Floresta/Agrícola, Agronomia
● Engenharia da Computação, Informática, Ciências da Computação
● Engenharia Civil
● Engenharia Elétrica/Eletrônica
● Engenharia Mecânica
● Química/ Engenharia Química
● Farmácia (Também pode prestar concurso para Perito Legista)
● Física
● Medicina Veterinária
No entanto, no concurso de 2021 para Perito Criminal 3ª classe, foram
aceitas apenas as carreiras de:
● Engenharia Civil
● Engenharia Mecânica
● Química

a. A Função do Perito
Criminal
A função básica é a produção da prova técnica através da análise científica
dos vestígios produzidos ou deixados em locais de crime. De forma geral,
um vestígio pode ser um objeto, como um projetil de arma de fogo. Pode
ser uma marca, como mancha de sangue, por exemplo. Pode ser também
um sinal, como uma porta “arrombada”. Lembrando, que o nome técnico
correto para arrombamento é “rompimento de obstáculo”.
Outro sinal bastante importante são os chamados “Desalinhos”. Um
Desalinho é quando um ou mais objetos se encontram quebrados ou fora de
suas posições usuais. Um conflito entre a vítima e o agressor no Local de
Crime pode gerar um desalinho com uma mesa sendo derrubada, por
exemplo. Outra forma de gerar um desalinho é na hora de roubar algum
objeto. O criminoso na hora de fazer isso acaba removendo o que vê pela
frente, como na hora de abrir uma gaveta e tirar objetos de dentro (a própria
gaveta provavelmente ficará aberta).

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Figura 2: Exemplo de objeto, um projetil deformado de arma de fogo encontrado em local de crime.

Figura 3: Exemplo de marca, uma impressão digital encontrada em local de crime.

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Figura 4: Exemplo de sinal, um rompimento de obstáculo perpetrado mediante ação de uma força
mecânica em uma porta em local de crime.

A presença de um vestígio impõe logicamente um agente que o provocou.


Esse agente não precisa ser necessariamente uma pessoa. Nesse caso
veremos que pode se tratar, então, de uma morte acidental. Além disso, um
vestígio também impõe o chamado suporte, ou seja, o local onde foi
produzido.
b. Trabalho interno x Trabalho Externo
O trabalho do Perito pode ser externo, conhecido como Perito de local. Mas
pode ser também interno, conhecido como Perito interno. Entraremos com
detalhes nos tipos de perícia externa e interna em outro capítulo.
Basicamente os Perito internos farão a análises detalhadas e os exames
pertinentes nos
vestígios deixados em local de crime. Após a análise de todos os vestígios
por parte de todos os Peritos envolvidos na fase de inquérito policial os
vestígios passam a ser chamados de Evidência. Por fim, quando Inquérito se
torna Processo, as Evidências passam a serem chamadas de Indícios, sendo

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que os indícios também incluem as provas não técnicas, como testemunhas,
por exemplo.
O conceito de INDÍCIO está no Código de Processo Penal, conforme: Art.
239: “considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra
ou outras circunstâncias”. Ou seja, o indício tem uma definição similar da
chamada Prova.
c. A Prova
A Prova está ligada aos meios e elementos de que dispõem as partes na
busca de comprovar os fatos alegados a fim de formar o convencimento do
juiz para que lhe profira uma sentença favorável. Dividi-se em:

PROVA DOCUMENTAL: Nada mais é do que um documento


escrito ou qualquer coisa que transmita diretamente um registro
físico a respeito de algum fato, a exemplo, as gravações sonoras,
vídeos, fotografias dentre outros.
PROVA TESTEMUNHAL: nada mais é do que o relato que se
obtém em juízo, por pessoa que tenha conhecimento dos fatos
discutidos na lide, um ponto importante que deve ser destacado é
que a testemunha não pode ter interesse na causa, ou seja, não
ser incapaz, impedida ou suspeita.
PROVA PERICIAL: Consiste no exame, vistoria ou avaliação,
por pessoa que possui conhecimentos técnicos suficientes para
apuração dos fatos litigiosos.

O objeto de estudo na Criminalística é justamente a Prova Pericial.


d. Exames em Local de Morte Violenta
Ao chega no Local de Crime o Perito precisa seguir alguns passos para a
realização dos seus exames. Lembrando que cada vestígio deve seguir o
passo a passo previsto pela Cadeia de Custódia (a ser visto em capítulo
próprio).

Exame Visuográfico Preliminar:

Aqui o Perito deve separar adequadamente caso não esteja as Áreas


Imediata e Mediata (a ser estudada ainda nesse capítulo). Isso significa

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isolar o Local de Crime da maneira correta. Em seguida, o Perito Criminal
deve amarrar a Cadáver no Local de Crime, ou seja, fixar o Cadáver. Isso
deve ser feito primeiro porque o Cadáver é o vestígio mais importante,
então todos os outros estarão fixados a partir da localização do Cadáver,
logo, é preferível que o Cadáver seja mexido por último.

Fotografação: Cada vestígio deve ser fotografado em detalhe e


numa distância maior para a localização e fixação no Local de
Crime.
Coleta de vestígios: Se for o caso, o vestígio deve ser coletado
em local de crime para posterior análise mais detalhada.
Exame Perinecroscópico: A Perinecroscopia é o exame ocular
externo do Cadáver para a detecção de lesões e sinais da
Medicina Legal. É a análise do vestígio Cadáver a partir dos
conhecimentos Médico Legais do Perito Criminal.
Liberação do cadáver ao IML. Por fim do exame, o Cadáver é
liberado para a realização da Necropsia

e. Procedimentos de Busca e Varredura de


Vestígios
Em momento oportuno, abordaremos mais especificamente o assunto
Perícia no Código de Processo Penal. Por ora, citaremos o Art.169
(Parágrafo Único) do código em tela, para melhor embasarmos os
procedimentos de busca e varredura de vestígios:
“Art. 169 Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do
estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas
alterações na dinâmica dos fatos.” (Incluído pela Lei nº 8.862, de
28.3.1994)
No Local de Crime, a busca inicial será divido na chamada Varredura por
Quadrante. Um exemplo fácil de assimilar é a Perícia em Local de Crime
em um interior de um imóvel, como uma residência, por exemplo. Nesse
caso, cada cômodo será um quadrante diferente periciado.
Já os quadrantes individuais ou uma perícia que exista apenas um
quadrante, faremos a chamada Varredura Circular, desde os extremos mais
afastados até o centro. O centro pode ser o centro geográfico ou o próprio

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Cadáver. O próprio Cadáver facilita, já que os vestígios são sempre
posicionados, quando possível, em relação a localização do Cadáver.
Por último temos a chamada Varredura Linear. Essa varredura é utilizada
principalmente para encontrar pessoas desaparecidas, e compreende um
grande perímetro de busca. Na prática, o maior número de pessoas irá
progredir no mesmo sentido e direção, lado a lado, procurando por alguma
coisa. Ela pode ser feita também no sentido oposto após ter sido feita em
um único sentido. BUSCA EM LINHA CRUZADA.
Não obstante, deve-se também relatar-se no Laudo a alteração das coisas:
“CPP Art.169, Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as
alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências
dessas alterações na dinâmica dos fatos.” (Incluído pela Lei nº 8.862, de
28.3.1994)

f. Vestígios Verdadeiros x Vestígios


Ilusórios x Vestígios Biológicos
Em relação ao fato criminoso os vestígios são divididos em vestígios
ilusórios, vestígios forjados e vestígios verdadeiros. Os vestígios ilusórios
são aqueles provocados de forma não intencional em Local de Crime, mas
que a uma primeira vista, podem se confundir com os produzidos a partir do
fato criminoso. Vamos dar um exemplo para ilustrar isso: imagine um local
de crime onde encontramos um muro de tijolos velhos, com alguns tijolos
concretos quebrados e caídos em frente a esse muro. Veja a figura a seguir:

Figura 5: Pedaços do muro de tijolos com cimentos caídos em frente ao muro de mesmo material.

Um olhar preliminar pode indicar desalinhos característicos de confronto, já


que o muro se encontrava velho e facilmente quebrável. No entanto, uma

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análise minuciosa desses elementos, juntamente com outros elementos
criminalísticos no local de crime indicam que aqueles foram produzidos em
momento anterior ao fato criminoso.

Figura 6: Foto do Local de Crime da série da Netflix.

Vamos falar agora dos vestígios forjados. Estes são produzidos sem ação
direta do Delito em si e de forma intencional, buscando enganar na hora da
realização da Perícia. Um exemplo é um dos casos que aparecem na série
Mistérios sem Solução da Netflix. Uma mulher que é encontrada com a
arma na mão, deitada parcialmente na cama, com a arma e mão sobre o
tronco. Para mais detalhes não deixe de assistir esse episódio na Netflix. É
muito interessante do ponto de vista pericial. O caso aconteceu nos anos 90.
A questão é que acredita-se não ter sido um suicídio, tendo vestígios
forjados no Local de Crime.
Finalmente temos os vestígios verdadeiros, que são os vestígios que o perito
conclui ter relação direta com o fato delituoso em si. Esses serão
classificados posteriormente como Evidências.

g. Vestígio Absoluto x Vestígio Relativo


Os vestígios absolutos são aqueles que existe certeza de estarem
diretamente ligados ao autor ou à vítima, como sangue, digital, esperma,
saliva, entre vários outros. Já os vestígios relativos são aqueles vestígios
que não estão ligados a um indivíduo e sim a um grupo. O calibre de uma
arma de fogo, por exemplo, é um vestígio relativo, pois está associado a um
grupo específico.

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h. Vestígios Físico x Vestígio Biológicos
Vestígio físico é qualquer objeto físico coletado em Local de Crime. Em
termos de vestígios físicos, devemos ter um cuidado extra com projetis de
arma de fogo recolhidos em local de crime. Esses devem ser
acondicionados em embalagens individuais para evitar prejudicar o exame
de confronto Balístico.
Vestígios biológicos são Esperma, Pelos Humanos, Sangue...Vaselina,
sangue, urina, saliva e esperma são capazes de absorver a luz negra Jsw, que
nossos olhos não conseguem ver, e emitir a luz branca. Em relação ao
acondicionamento, não devemos acondicionar em sacolas plásticas para não
destruir a amostra biológica.

i. Área Imediata x Área Mediata x Área


Relacionada
A Área Imediata é área onde ocorreu fato criminoso, portanto é onde existe
todos ou a maior parte dos vestígios. Digamos que uma pessoa foi morta em
uma cozinha de uma residência tomando uma martelada na cabeça, sem
perceber a chegada do agressor. Em seguida o agressor vai embora. Logo á
Area Imediata é: Isso mesmo, a cozinha da residência. E área Mediata? É
área adjacente ao fato criminoso, ou seja, próximo ao fato criminoso, nas
redondezas imediatas desse. Logo, poderá haver vestígios, porém,
lembrando, que a maior parte se encontra na Área Imediata.
Voltando, então, ao exemplo anterior, se a pessoa tomou uma martelada sem
chance de defesa enquanto estava distraída na cozinha, logo, nesse caso,
todos os vestígios estão na Área Imediata, ou seja, na cozinha. Logo, a Área
Mediata não tem nenhum vestígio nesse caso. E qual seria ela? A residência
onde ocorreu o fato!
Vamos agora supor que o martelo, a arma do crime, seja jogada pelo autor
em uma região de mata localizada no lado oposto da cidade. Vamos supor,
então, que esse martelo seja localizado. Logo a localização do martelo é a
Área Relacionada ao evento. A Área Relacionada nunca tem conexão
geográfica direta com as Áreas Imediata e Mediata.

j. Local Físico x Local Virtual

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Local físico é o local tradicional que envolve todos os locais de crime, com
exceção dos crimes que acontece em redes de computadores, sistemas e
dispositivos. Esses são chamados de Locais virtuais.
k. Local Aberto x Fechado x Misto
Local aberto ou externo é fora de um imóvel. Um Cadáver localizado em
um veículo parado na rua é um local Aberto, pois o veículo é mais um
elemento do local. Local fechado ou interno é, então, um local no interior
de um imóvel. Misto é uma combinação entre interno e externo, como uma
residência com vestígios na área externa ou com terreno aberto, por
exemplo.
l. Local Ermo x Local Habitado
Local ermo é onde não se encontram pessoas e
moradias. Local Habitado é onde se encontram.
m. Local idôneo x Inidôneo
Local de crime idôneo seria aquele que estaria completamente intocável,
preservado os seus vestígios e mantidas todas as condições deixadas pelos
agentes do delito (vitima e agressor). Em relação à conservação do local,
pode ser classificado como idôneo e inidôneo. Sendo o idôneo aquele que
não sofreu alteração após o crime e inidôneo àquele que foi alterado.

n. A Perícia Criminal no Código de


Processo Penal – CPP
Vamos agora ver por artigo, onde a perícia se encaixa e é regulamentada no
CPP.
i) Art. 157
O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova.
ii) Art. 158
Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
iii) Art. 159
Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitas por dois
peritos oficiais.

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§ 1o Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de
preferência, entre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza
do exame.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo. (contrário sensu, os peritos oficiais estão
dispensados de prestar compromisso)
iv) Art. 161
O exame de corpo de delito poderá ser feito em
● qualquer dia e a
● qualquer hora.
v) Art. 162.
A autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas depois do óbito, salvo se os
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita
antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único:
Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver,
Quando:
Não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas
permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame
interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
vi) Art.164
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem
encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e
vestígios deixados no local do crime.

Figura 7: Cadáver em local de crime na posição de decúbito dorsal (costas no chão).

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É muito comum encontramos no local de crime Cadáveres coberto por
algum tipo de tecido. Isso é, na realidade, uma questão cultural no Brasil. É
uma forma de “preservar” a imagem do Cadáver por parte dos parentes,
amigos ou algum curioso que se encontra no local. Entretanto, para a
Perícia Criminal esse fato pode vir a alterar alguns elementos criminalístico,
como alterar manchas de sangue ou absorver elementos orgânicos, por
exemplo. De forma geral, o trabalho do Perito não tende a ser prejudicado,
mas é importante ficar atento.

Figura 8: Cadáver em local de crime coberto parcialmente por lençol.

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Figura 9: Cadáver em local de crime com guarda-chuva de proteção e coberto com lençol.

vii) Art. 165


Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando
possível, juntarão ao laudo do exame:

provas fotográficas,
esquemas ou
desenhos,
devidamente rubricados.

viii) Art. 166


Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao
reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição
congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com
todos os sinais e indicações.
Parágrafo único: Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados
todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do
cadáver.
ix) Art. 169

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Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das
coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único: Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado
das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na
dinâmica dos fatos.
Existem várias variáveis que atrapalham o isolamento do local de crime e a
experiência como Perito Criminal, ao longo de vários locais, nos mostra
quais aquelas que geralmente tem mais impacto. Vejamos as principais:
• Profissionais de Imprensa: É muito comum profissionais de
imprensa tentarem acessar o local de crime para conseguir informações para
divulgação. É sempre bom ficar atento em relação a isso.
• Curiosos: Sempre tem um curioso que está no local por um
motivo aleatório. Esteja bastante ligado nesses...
• Vítimas e Parentes das Vítimas: É preciso entender que
todos são suspeitos. Existem pais que matam filho e vice-versa. No entanto,
não podemos perder a nossa humanidade. Devemos ter um cuidado maior
com a família da vítima, e buscar sempre um diálogo mais cuidado quando
eles tentarem de alguma forma acessar o local de crime.
• Autoridades Diversas: As autoridades diversas podem ser
qualquer pessoa. Apena use a sua criatividade. Para te ajudar, começa
sempre com um “Você sabe quem eu sou?” ou “Você sabe quem é meu
pai?” Atenção redobradas a esses.
• Outras Forças Policiais: É importante ressaltar que ao
chegar no local de crime, estepassa a “pertencer” naquele momento a
Polícia Civil. Logo, outras forças policiais precisam respeitar isso.
• Fatores Climáticos (Ex.: Pegadas ao vento e Marés). Com
certeza os fatores climáticos são os maiores inimigos, afinal o que fazer
para preservar a posição de um estojo de arma de fogo, por exemplo,
quando cai aquela chuva forte? Pois é...
• Dificuldades Estruturais: As limitações de pessoal,
equipamentos e afins também são uma problemática para o isolamento do
local de crime

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Figura 10: Local de crime bem isolado.

Figura 11:Local de crime mal isolado.

x) Art. 175

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Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da
infração, a fim de se verificar a natureza e a eficiência.
xi) Art. 176
A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.
xii) Art. 181
No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões,
obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará:
Suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo.
Parágrafo único: A autoridade poderá também ordenar que se proceda a
novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.
xiii) Art. 182
O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no
todo ou em parte.
o. Perícia Criminal x Perícia Judicial x
Assistente Técnico
i) Perícia Criminal
O Perito Criminal é um servidor público, policial ou não, pertencente aos
quadros dos Institutos de Criminalística, dos Institutos de Perícias, e dos
órgãos de Polícia Científica, Polícia Civil e afins, que está devidamente
investido, por concurso público, conforme vimos no Art. 159 (CPP), nos
cargos de nível superior, com formação nas mais variadas áreas
profissionais. Ele representa o estado e emite um laudo pericial que deve ser
totalmente imparcial.

Qual é o prazo para elaboração do laudo?

“Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão


minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10
(dez) dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a
requerimento dos peritos.”
ii) Perícia Judicial
O Perito Judicial é um contrato do poder judiciário a partir de uma inscrição
regional onde ele deseja atuar. Ele atuará principalmente em processos da
área civil quando esses requererem um laudo técnico. Ele representa

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momentaneamente o estado e emite um laudo pericial que deve ser
totalmente imparcial.
iii) Assistente Técnico
O Assistente Técnico é um contrato da parte envolvida no processo e está
contemplado no 4° parágrafo do Art. 159:
“§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a
conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as
partes intimadas desta
decisão.” (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008).
Ele poderá sempre ser contratado quando a parte desejar, em processos
penais ou civis. Ele representa momentaneamente a parte e apesar de na
teoria dever ser imparcial, não emite um laudo pericial e sim um parecer
técnico já que não está representando o estado e sim o interesse de alguém.
Uma mesma pessoa pode exercer os três acima de forma simultânea,
dependendo de legislação local.
p. Responsabilidade Civil e Penal dos
Peritos
i) Responsabilidade Civil
Assim como qualquer outro profissional, o Perito pode ser responsabilizado
por ato ilícito, nos termos da Legislação em vigor.
NCPC Art. 158.: O Perito que, por dolo ou culpa, prestar informações
inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará
inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 02 (dois) anos a 5
(cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em Lei,
devendo o Juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção
das medidas que entender cabíveis.
ii) Responsabilidade Penal

Inviolabilidade dos segredos: Revelar segredo em função do


cargo que ocupa sem necessidade. (CP – Art. 154)
Crimes praticados por Funcionário Público contra a
Administração da Justiça: Crime de falso testemunho ou falsa
Perícia. (CP – Art. 342)
Corrupção Ativa ou Passiva: (CP – Art. 343)

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q. As mudanças e inclusões do Pacote
Anticrime no CPP para a Perícia
Criminal
i. A Cadeia de Custódia

A Cadeia de Custódia nasce de um dos princípios da criminalística, o


Princípio da Documentação. Ele diz o seguinte: “Toda amostra deve ser
documentada, desde seu nascimento na cena do crime até sua análise e
descrição final, de forma a se estabelecer um histórico completo e fiel de
sua origem”. Esse princípio tem o objetivo de assegurar a integridade dos
elementos probatórios. Logo, a cadeia de custódia tem esse mesmo
objetivo.
Embora o conceito de Cadeia de Custódia seja importantíssimo, devendo
sempre ser cumprido, às vezes, fica um pouco complicado exercê-lo de
forma plena. Comunidades de alta periculosidade podem requerer, por
exemplo, que o Perito agilize no Local de Crime.

Figura 12: Perito Criminal Diego Lameirão ao deixar o local de crime em direção a localização das
viaturas.

Saindo da esfera da nossa realidade do Rio de Janeiro e indo para esfera


internacional, podemos citar um dos casos criminais mais famosos da

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história: O.J.Simpson. A cadeia de custódia nesse caso foi fundamental para
a decisão final. Você pode acompanhar todos os detalhes na série de TV
disponível na Netflix “American Crime Story”.

ii. Inclusões no CPP

● Art.158
Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de
delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº
13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº
13.721, de 2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
(Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
● Art 158-B
A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - Reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial
interesse para a produção da prova pericial; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
II - Isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo
isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios
e local de crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

Podemos citar todas as problemáticas supracitadas em relação aos


problemas de preservação e isolamento.

III - Fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local


de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo
ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua
descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo
atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - Coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial,
respeitando suas características e natureza; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

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V - Acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio
coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas
características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com
anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o
acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI - Transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro,
utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura,
entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas características
originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019).
Fica patente que a cadeia de custódia deve findar com as disposições finais
do processo penal brasileiro. E de acordo com o Código de Processo Penal
brasileiro, o processo termina com o trânsito em julgado do mérito e não
quando finda a Perícia.
Podemos citar aqui mais uma problemática do Rio de Janeiro. Às vezes, é
necessário veículos blindados para acessar o Local de Crime o que pode
prejudicar na hora do transporte até a base. Inclusive, locais desse tipo
requerem um trabalho mais rápido do Perito Criminal, já que a sua vida e a
da equipe estão em primeiro lugar. Podendo prejudicar, então, a coleta ou
acondicionamento ideais dos vestígios arrecadados.

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Figura 13: Veículo blindando da Coordenadoria de Recursos Especiais – CORE aguardando para
partir com o Perito Criminal e a equipe da Divisão de Homicídios para o local de crime.

Figura 14: Agente da CORE protegendo o Perito Criminal enquanto esse realiza a Perícia.

VII - Recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que


deve ser documentado com, no mínimo, informações referentes ao número
de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de
origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento,
natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de
quem o recebeu; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VIII - Processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de
acordo com a metodologia adequada às suas características biológicas,
físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser
formalizado em laudo produzido por perito; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
IX - Armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições
adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de contra
perícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo
correspondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
X - Descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a
legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
● Art.158-C
A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia,

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mesmo quando for necessária a realização de exames complementares.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Todos os vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo
devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia
oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu
cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de
quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito
responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
● Art. 158-D
O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela
natureza do material. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração
individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do
vestígio durante o transporte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas
características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência
adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise
e, motivadamente, por pessoa autorizada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o
local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre
utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo
recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
● Art. 158-E
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

E mais uma vez o Rio de Janeiro mostra que é um lugar único no mundo.
Seria prudente em um lugar com criminosos com alto poder bélico ter uma

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Central de Custódia? Com armas de fogo e outras coisas? No mínimo
precisaria ter uma segurança bastante reforçada.

Figura 15: Pichações feitas por facção criminosa em Comunidade no Rio de Janeiro.

§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com


local para conferência, recepção, devolução de materiais e documentos,
possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais,
devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não
interfiram nas características do vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser
protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito
que a eles se relacionam. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão
ser identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações
deverão ser registradas, consignando-se a identificação do responsável pela
tramitação, a destinação, a data e horário da ação. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
● Art.158-F
Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de
custódia, devendo nela permanecer. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou
condições de armazenar determinado material, deverá a autoridade policial
ou judiciária determinar as condições de depósito do referido material em

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local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia
oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

r. Documentos Criminalísticos
AUTOS: São a materialidade dos documentos nos quais se
corporificam os atos do procedimento
LAUDO PERICIAL: O laudo pericial é uma peça técnica
formal que apresenta o resultado de uma perícia. Nele deve
ser relatado tudo o que fora objeto dos exames levado a efeito
pelos peritos. Ou seja, é um documento técnico-formal que
exprime o resultado do trabalho do perito.
PARECER TÉCNICO: O parecer técnico diferencia-se do
laudo pericial em razão de ser um documento consequente de
uma análise sobre determinado fato específico, contendo a
respectiva emissão de uma opinião técnica sobre aquele caso
estudado

i) O Modelo de Divisão de Homicídio do Rio de Janeiro


O Estado do Rio de Janeiro tem um modelo de divisão de homicídio
bastante diferenciado em relação ao resto do país. Principalmente por
termos a questão do Perito Criminal estar dentre os poucos estados em que
encontra-se dentro da estrutura da polícia civil. Com isso, o Perito está
lotado dentro da própria divisão. Isso traz muitas vantagens para a
investigação, já que o Perito Criminal discuti diretamente com o Delegado e
outros agentes sobre o caso em questão, dando um norte mais rápido para a
investigação. Todos trabalham no mesmo ambiente, tornando tudo mais
fácil. Não entraremos aqui no mérito da desvinculação da Perícia da Polícia
Civil ou Federal.

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Figura 16: Grupo Especial de Local de Crime 01 em 2018 da DHNSG.

a. Os grupos de investigação e
local de crime
Quando da ocorrência de um crime contra a pessoa em que há elementos
que SUGEREM dolo, dentro da estrutura do Estado do Rio de Janeiro, a
Polícia Militar imediatamente irá a acionar a chamada permanência da
Divisão de Homicídios correspondente da região. A permanência é um setor
localizados dentro de um dos três grupos que compões a divisão de
homicídios: O Grupo Especial de Local de Crime - GELC. Os outros dois
grupos são o Grupo de Investigação – GI e o Grupo de Investigação da
Chefia – GIC.
A Permanência irá, então, registrar as informações preliminares fornecidas
pelo policial militar a respeito do local de crime. Em seguida, o policial
responsável pela permanência irá repassar as informações para toda a
equipe e para o Delegado de Polícia. O Delegado irá analisar as
informações e decidirá as relevâncias para prosseguimento ao local. Caso
haja relevância, a equipe irá, dessa maneira, se remeter até o Local de
Crime. A seguir, os cargos dos membros pertencentes à equipe:
● Delegado de Polícia
● Inspetor de Polícia
● Oficial de Cartório
● Investigador de Polícia

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● Perito Criminal
● Papiloscopista
O Inspetor de Polícia, o Oficial de Cartório e o Investigador de Polícia
acabam exercendo a mesma função, apesar de na teoria serem cargos
distintos. Eles participam das investigações e de operações policiais. No
entanto, o Inspetor é nível superior e o Investigador é nível Médio. Já o
Oficial de Cartório tem a função de escrivão de Polícia.
O Delegado de Polícia irá presidir o inquérito policial, comandas as
investigações e exercer os cargos de gestão dentro da Polícia. O
Papiloscopista no Rio de Janeiro tem a função de recolher as impressões
papilares no local de crime, além de exercer as funções de identificação no
trabalho interno.
No local de crime, O Inspetor, o Investigador e o Oficial de Cartório irão
garantir a segurança do Perito Criminal e do Papiloscopista enquanto esses
trabalham no local de crime, além de fazer as investigações preliminares,
tudo com o comando do Delegado responsável pelo GELC que está de
plantão.

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j) Perícia Interna

a. Química Forense
No Brasil, as substâncias sujeitas a controles especial estão descritas na
Portaria 344/98. A Anvisa atualiza periodicamente o anexo da Portaria, com
as inclusões/alterações nas substâncias controladas.
Para fins de legislação e atuação do Perito na área de drogas, basta a análise
qualitativa da amostra suspeita de ser uma droga ilícita. Ou seja, numa
grande apreensão basta análise de uma pequena amostra.
b. Informática Forense
A Informática Forense ou Computação Forense tem o objetivo de fornecer
informações por meio da análise de dados de um computador ou sistema,
rede ou qualquer dispositivo de armazenamento que seja alvo de
investigação por crimes cibernéticos. Ou seja, em Local de Crime Virtual
conforme já vimos aqui. Destaca-se os roubos de identidade, crimes
financeiros e até a pornografia envolvendo menores de idade.
c. Exame em Veículo Adulterado
As perícias são sempre solicitadas como forma de verificar possíveis
adulterações no código VIN. O VIN é conhecido popularmente como
número do Chassi. VIN significa -Vehicle Identification Number. O código
VIN segue uma regra mundial que foi implementada na década de 80 no
mundo e a partir de 1986 Brasil.
Para identificar as adulterações os Peritos Criminais utilizam procedimentos
físicos e químicos.

i. Três primeiros Dígitos (WMI)

Os três primeiros dígitos do VIN indicam o fabricante do modelo,


essedígitos são chamados de WMI (World Manufacturer Identifier).
● Digito 1
O primeiro digito do VIN identifica a região geográfica do globo
(continente), independente se as peças são de diferentes localizadas, já que
ele indica onde o veículo foi montado.
● Digito 2
Indica o país de origem da marca que montou o carro, também
independentemente de onde as peças foram produzidas.

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● Digito 3
Indica a marca que montou o carro, também independentemente de onde as
peças foram produzidas.

ii. Quarto, Quinto, Sexto, Sétimo e Oitavo Digito


(VDS)

Referem-se a algumas informações e detalhes do veículo. Esta mistura de


cinco números e letras difere de construtor para construtor. Ele é chamado
de VDS (Vehicle Descriptor Section)
● Digito 4
Contém um código que representa o peso e a potência do veículo.
● Digito 5
Identifica o tipo e veículo, ligeiro ou pesado, e qual a plataforma utilizada.
● Digito 6
Trata-se de um código especial utilizado pelo construtor para identificar o
modelo específico do veículo.
2) Digito 7
Servem para identificar o tipo de carroçaria, como sedan, coupé, hatchback,
monovolume, cabrio… entre outros.
3) Digito 8
Aqui encontramos informações sobre o motor, a cilindrada ou o número de
cilindros do motor

iii. Dígitos Novo, Décimo e Décimo Primeiro

4) Dígito 9
Confirma através de uma fórmula matemática a sequência de 17 caracteres
do VIN e serve para constatar a veracidade de um código VIN. Ele não dá
qualquer informação sobre o veículo.
5) Dígito 10
O décimo é o digito do ano modelo do veículo, não correspondendo ao ano
de produção.
6) Dígito 11
Representa a fábrica onde o carro foi produzido.

iv. Do 12º ao 17º (VIS)

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Os Caracteres VIS (Vehicle Indicator Section) – Identificam o veículo.
d. Perícia Contábil
Está relacionada a constatação dos crimes de lavagem de dinheiro, ou seja,
busca descobrir a origem do dinheiro.
e. Balística Forense
A Balística Forense é a modalidade da Perícia centrada em analisar
deslocamento e efeitos das armas de fogo, dos cartuchos e de seus
componentes. Veremos essa disciplina com detalhes no eBook de Balística
Forense
f. Merceologia Forense
Merceologia Forense é a área da perícia criminal responsável pela avaliação
econômica direta e indireta de objetos que estão envolvidos com crimes. Os
exames levam em consideração a análise das características físicas, técnicas
e comerciais de cada mercadoria a ser periciada. Um exemplo prático é a
valoração de pedras preciosas, feita a partir dá análise da composição da
liga metálica e a identificação da presença ou não de gema, já que isso
influencia diretamente no valor da peça. Vamos ver como o CPP trata esse
tipo de Perícia:
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas
destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à
avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem
de diligências.
g. Documentoscopia
Essa Perícia tem o intuito de analisar documentos em geral, quanto ao
suporte, tintas e tipos de impressão, verificando se a autenticidade ou
falsidade/adulteração, podendo determinar a autoria de fato criminoso.
Dentre as diversas áreas da Documentoscopia, se destaca a Grafotecnia, que
é a análise da escrita Manual.
Vamos agora ver a classificação dos documentos quanto a nomenclatura:

Textual: documentos manuscritos, datilografados ou impressos,


como atas de reunião, cartas, decretos, livros de registro,
panfletos e relatórios;

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Pessoal: documento que serve à identificação de uma pessoa,
como cédula de identidade, CPF, CNH, passaporte;
Audiovisual: documentos que contêm imagens, fixas ou em
movimento, e registros sonoros, como vídeos;
Digital/Eletrônico: documento codificado em dígitos binários,
acessível somente por equipamentos eletrônicos, como arquivos
de computador contendo textos, sons, imagens ou instruções.
Oficial: emanado do poder público ou de entidades de direito
privado capaz de produzir efeitos de ordem jurídica na
comprovação de um fato, como ofício e memorando.

De outro modo, na esfera penal é adotada a concepção restritiva. O


artigo 232 do Código de Processo Penal conceitua documentos por
“quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares”.
De tal definição surge a necessidade de esclarecimento quanto aos
termos apresentados, trazido por Nucci (2013):

Escrito: papel ou outra base material que contenha a


representação de palavras ou ideias por meio de sinais, desde
que constitua fato juridicamente relevante;
Instrumento: documento pré-constituído para formação de prova,
como recibos, procurações;
Papel: termo residual, ou melhor, as demais manifestações de
pensamento, ideias ou fatos diversos da escrita, tal como
fotografias, que são imagens registradas em papel.

Agora veremos a classificação quanto à origem:

Público: Quando produzido por funcionário público, no


exercício de suas funções, possuindo maior credibilidade
(certidões, atestados),
Privado: Quando constituído por particular, sem qualquer
intervenção do Estado.
DOCUMENTOS DE SEGURANÇA

Com o intuito de impedir ou ao menos dificultar a falsificação, são


incorporados aos documentos elementos de segurança, que protejam seu
valor e possam auxiliar na determinação de sua autenticidade. Essa

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categoria designa-se por documentos de segurança e tem como exemplos
passaporte, carteira de identidade, carteira de motorista, bilhetes de loteria,
cédulas de dinheiro, cheques, selos, certidões de nascimento e de óbito,
diploma

Vamos ver como o CPP trata esse tipo de Perícia:


Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de
letra, observar-se-á o seguinte:
I - A pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada
para o ato, se for encontrada;
II - Para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita
pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de
seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
III - A autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os
documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou
nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;
IV - Quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes
os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for
ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última
diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras
que a pessoa será intimada a escrever.
Art. 231 Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar
documentos em qualquer fase do processo.
Art. 232 Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou
papéis, públicos ou particulares.
Paragrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se
dará o mesmo valor do original.
Art. 233 As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios
criminosos, não serão admitidas em juízo.
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo
destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento
do signatário.
Art. 234 Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto
relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de
requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se
possível.

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Art. 235 A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a
exame pericial, quando contestada a sua autenticidade.
Art. 236 Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada
imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta,
por pessoa idônea nomeada pela autoridade.
Art. 237 As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o
original, em presença da autoridade.
Art. 238 Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não
exista motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão,
mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte
que os produziu, ficando traslado nos autos.
Agora veremos os princípios fundamentais e leis do grafismo:

Primeira Lei do Grafismo: “O gesto gráfico está sob a influência


imediata do cérebro. Sua forma não é modificada pelo órgão
escritor se este funciona normalmente e se encontra
suficientemente adaptado à sua função.”
Segunda Lei do Grafismo: “Quando se escreve, o "eu" está em
ação, mas o sentimento quase inconsciente de que o "eu" age
passa por alternativas contínuas de intensidade e de
enfraquecimento. Ele está no seu máximo de intensidade onde
existe um esforço a fazer, isto é, nos inícios, e no seu mínimo de
intensidade onde o movimento escritural é secundado pelo
impulso adquirido, isto é, nas extremidades”.
Terceira Lei do Grafismo: “Não se pode modificar
voluntariamente em um dado momento sua escrita natural senão
introduzindo no seu traçado a própria marca do esforço que foi
feito para obter a modificação”.
Quarta Lei do Grafismo: "O escritor que age em circunstâncias
em que o ato de escrever é particularmente difícil, traça
instintivamente ou as formas de letras que lhe são mais
costumeiras, ou as formas de letras mais simples, de um
esquema fácil de ser construído”.

h. Perícia em Áudio e Imagem


As perícias envolvendo a análise de conteúdo de áudio e/ou imagens, sejam
estas estáticas (fotografias) ou em movimento (vídeos), são realizadas

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no Instituto de Criminalística de Perícias Audiovisuais. Ela realiza diversos
exames, que podem ser agrupados em 03 (três) categorias básicas:
• Ambos (Áudio e/ou Vídeo): consistindo nos exames de Digitalização
e Verificação de Edição.
• Imagem: consistindo nos exames de Tratamento de Registros de
Vídeo, Análise de Conteúdo de Imagens, Exame de Reconhecimento
Facial, Exame de Suporte ao Cálculo de Velocidade em Registros de
Vídeo e Extração de Dados de Equipamento Eletrônico
• Ambos (Áudio e/ou Vídeo): consistindo nos exames de Digitalização
e Verificação de Edição.
i. Perícia de descrição de materiais
Perícia meramente descritiva que tem o intuito de descrever qualquer objeto
que esteja envolvido com algum crime, como uma pedra ou um celular, por
exemplo.
j. Genética Forense
Também conhecida como DNA Forense, um dos métodos forenses mais
confiáveis do mundo. A primeira parte trata da identificação, a partir da
Biologia Molecular, tornando possível elucidar crimes a partir de exames de
DNA. A análise de vestígios biológicos permite identificar com precisão a
identidade de uma pessoa ou mesmo se um indivíduo esteve em
determinado local de crime. Pode ser encontrado no sangue, suor, saliva...
Em situação em que no local de crime não foi possível a extração de DNA
nuclear de qualidade satisfatória, pode se usar o DNA mitocondrial presente
nas mitocôndrias. No entanto, vale ressaltar que o DNA Mitocondrial
possui apenas material genético materno.
Um ponto muito importante é que o Brasil ainda está muito no início de um
banco genético, logo o DNA Forense atualmente serve na maioria dos casos
para fins de confronto com uma outra amostra suspeita em casos de crimes.
O material genético também pode ser encontrado nas impressões digitais,
chamado de DNA de contato. As impressões digitais são estudadas pela
Papiloscopia forense que veremos nesse eBook e no eBook de Medicina
Legal.
i) Toxicologia Forense
É a ciência que busca analisar os efeitos prejudiciais de substâncias
químicas no organismo humano em casos de crimes. Na Polícia Civil do

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Estado do Rio de Janeiro o Toxicologista é classificado como Perito
Legista, fazendo um concurso para esse cargo e não para Perito Criminal.

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5) Locais de Crime em Geral

a) Local de Ocorrência de
Tráfego
A Perícia em Local de Ocorrência Tráfego visa analisar a dinâmica quando
há vítima envolvida em colisão de um ou mais veículos, independentemente
de serem por tração humana ou com motor.
Na análise do local de crime o Perito deve fazer a descrição das vias,
inclusive presença de faixa de pedestre ou sinal de trânsito, por exemplo,
tentando vir a concluir se algum veículo não respeitou o correto andamento
do tráfego, ou se furou um sinal, por exemplo.
Outra questão importante á descrição dos veículos envolvidos. Aqui que
entra o ponto chaves das Perícias em ocorrência de tráfego que é a análise
das avarias dos veículos: amassamentos, sanfonamentos, cisalhamentos,
ranhuras e entintamentos.
Os amassamentos são a deformação do material do veículo sem que cause
rompimento. Caso haja rompimento, chamamos de cisalhamento. O
sanfonamento é o efeito em sanfona do material que do veículo que é
comprimido. Ranhuras é quando o veículo é riscado por outro material. Já o
entintamento é quando fica uma parte da tinta de outro veículo ou objeto em
que ele tenha colidido.
As avarias devem ser descritas na exata localização dos veículos, chamado
de setores, conforme visto na Figura a seguir.

Figura 17: Setores de um veículo.

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i) O Tacógrafo

Figura 18: Um Tacógrafo.

O uso do Tacógrafo obrigatório em determinadas situações, conforme se


observa no Código de Trânsito Brasileiro (CTB):
Art. 105: São equipamentos obrigatórios dos veículos, entre outros a serem
estabelecidos pelo CONTRAN:
(…)
II – Para os veículos de transporte e de condução escolar, os de transporte
de passageiros com mais de dez lugares e os de carga com peso bruto total
superior a quatro mil, quinhentos e trinta e seis quilogramas, equipamento
registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo.
Ele é um equipamento que registra, de forma simultânea e inalterável, a
velocidade e a distância percorrida pelo veículo no qual está instalado.
Logo, ele irá indicar e registrar simultaneamente e de maneira inalterável a
velocidade e a distância que o veículo percorreu em determinado espaço de
tempo. Isso é possível porque dentro do tacógrafo há um disco diagrama
que registra todas essas informações. Ele precisará ser trocado diariamente
ou semanalmente, dependendo do modelo.

b) Ocorrência de Atropelamento
A Perícia em Local de Atropelamento visa analisar a dinâmica quando há
vítima envolvida em colisão de um veículo com uma ou mais pessoas,
independentemente de o veículo ser por tração humana ou com motor. As
análises serão basicamente as mesmas do Local de Ocorrência de Tráfego.

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c) Local de Crime Contra o Patrimônio
O Local de Crime Contra o Patrimônio visa entender a extensão de algum
dano, extravio de bem material ou ambos de algum imóvel. Segue o que
versa o CPP:
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de
obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de
descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e
em que época presumem ter sido o fato praticado.
Isso Significa que o Perito Criminal precisa entender o acesso do criminoso
ao local, o progresso após ao acesso até as localidades que foram
danificadas e/ou extraviadas e se possível a recenticidade ou não do fato.
Além, é claro, de possíveis vestígios que possam levar a identidade do
criminoso como pegadas ou impressões digitais, por exemplo.

Figura 19: Exemplo de rompimento de obstáculo.

d) Local de Incêndio
São as Perícia realizadas em Local onde houve um incêndio. Temos o triste
exemplo da Museu Nacional que devido a complexidade a perícia levou
acerca de 1 mês para ser feita. Vejamos o que diz no CPP.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em
que houver começado o perigo, que dele tiver resultado para a vida ou para

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o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.

Figura 20: Local de Incêndio com vítima parcialmente Carbonizada.

e) Local de Acidente de Trabalho


Compreender como aconteceu um acidente de trabalho e se os protocolos
de segurança estavam corretamente aplicados é objeto de estudo da
Engenharia de Segurança do Trabalho e na Perícia em Local de Acidente de
Trabalho., em locais deste tipo, a aplicação de seus conceitos permite que
os peritos criminais determinem aspectos cruciais a respeito das causas do
sinistro.

f) Local de Subtração de Energia/Água/Sinal


Esse tipo de Perícia visa entender se ouve desvio de Energia/Água/Sinal dos
instrumentos de medição ou ainda alteração de forma a maquiar a correta
medição.
g) Local de Crime Ambiental

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A perícia em locais de crimes ambientais visa constatar se houve respeito
ou não as leis ambientais.
h) Local de Constatação de Caça Níquel
Visa a constatação de máquinas de jogos de azar.
i) Engenharia Forense
Perícia que envolva conhecimentos de engenharia como desabamentos, por
exemplo.

Figura 21: Prédio que veio a desabar no Centro do Rio de Janeiro no início de 2021, nencessitando
da ação da Engenharia Forense.

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6) Papiloscopia Forense

a) Introdução a Papiloscopia
Papiloscopia é a ciência forense que trata da identificação humana por meio
das papilas dérmicas. A palavra Papiloscopia é resultante de um hibridismo
greco-latino (Papilla = papila e Skopêin = examinar).
A Papiloscopia possui dois ramos básicos: A identificação humana pelas
impressões papilares em Local de Crime e a identificação Cadavérica
(necropapiloscopia – Será vista no eBook de Medicina Legal). Em local de
crime, elas podem ser visíveis ou latentes, sendo reveladas pelos famosos
pós químicos no caso da segunda opção. Em termos de identificação
Cadavérica, em casos de Cadáveres em avançado estágio de putrefação ou
outras condições, podem ser utilizadas técnicas da papiloscopia específicas
para a identificação.

Identidade x Reconhecimento x Identificação

Identidade são as características individuais que definem um indivíduo.


Exemplos; Cor do cabelo, altura, sexo... Identificação são características
que individualizam uma pessoa: Papiloscopia, Arcada Dentária e DNA.
Reconhecimento é o processo de reconhecer algúem por uma terceira
pessoa.

Evolução dos Processos de identificação ao longo da


história

A Primeira forma de identificação na história foi o nome. Sendo utilizado


antes de Cristo. Ao longo da história, novas formas de identificação foram
sendo utilizadas, normalmente se iniciando com criminosos. Até hoje
algumas formas de identificação são obrigatórias em alguns países somente
com criminosos, que o caso do próprio DNA.
Na idade média, tivemos o Ferrete. Um processo Penoso que consistia em
se fazer uma marca de ferro em brasa em escravos fugitivos e criminosos.
Ainda na idade média, também com criminosos, foi adoto o método de
identificação através da mutilação. A pessoa ia perdendo seus membros
proporcionalmente aos crimes que cometia.

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A foto foi utilizada para identificação a partir do Século XIX. A Tatuagem
apesar de ser utilizada para vários fins antes de Cristo, foi utilizada
para identificação da década de 30.

O Método de Identificação Antropométrico: Bertillonagem

Um criminologista francês que viveu entre os séculos XIX e XX e criou a


Bertillonagem, passou a adicionar as impressões digitais do identificado nas
fichas sinaléticas. Porém, representavam um mero elemento de
identificação a mais, pois o sistema era baseado na antropometria.
Esse método deu origem da Antropologia Forense (Final do século XIX).
Ele Baseava-se em três princípios:
i) Fixidez do esqueleto humano adulto;
ii) Variação das dimensões do esqueleto humano entre um
indivíduo e outro;
iii) Facilidade e precisão na tomada de medidas ósseas.
Além dos assinalamentos antropométrico (onze medidas), descritivo e dos
sinais particulares, também incluíam fotografias do identificado, de frente e
de perfil.
Contribuíram para o abandono do uso do método: o aumento do número de
fichas de identificação arquivadas - que gerou problemas na classificação.
Sua aplicação somente em indivíduos adultos. As medidas tomadas tinham
forte componente pessoal, passíveis de erros, e dois indivíduos poderiam
apresentar valores antropométricos idênticos, dentro dos limites de precisão
do sistema.

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Figura 22: Autoretrato de Alphonse Bertillon.

b) Introdução a Datiloscopia
A Pele

Membrana mais ou menos espessa que recobre externamente todas as partes


do corpo. É o maior órgão do corpo humano. Consiste de três camadas
principais : a epiderme, a derme e a hipoderme (camada subcutânea). Cada
uma delas é composta por várias sub-camadas. Na pele encontram-se as
papilas dérmicas.

Figura 23: Pele.

Essas papilas são pequenas saliências de natureza neurovascular, situadas


na parte externa (superficial) da derme, estando os seus ápices reproduzidos
pelos relevos observáveis na epiderme.

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Figura 24: Camadas e componentes da pele.

A pele humana apresenta rugosidades, com altos e baixos relevos, bem


como os poros sudoríparos, formando desenhos próprios e característicos
que, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, adquirem grande valor na
identificação de pessoas, principalmente os desenhos nas falangetas, tanto
na área civil como na criminal. Essas Papilas são compostas por poros que
conferem os desenhos da impressão digital, as Cristas onde estão
sobrepostos os poros e foram o desenho digital e os sulcos interpapilares
que se encontram entre as Cristas.
Desenho papilar é o desenho formado pelas cristas e sulcos inter-papilares,
dividi-se em três tipos:
• Desenho Digital: Dedos das mãos e dos pés
• Desenho Palmar: Palma das mão
• Desenho Plantar: Planta dos pés
Impressão Papilar é a reprodução do Desenho Papilar em qualquer suporte:
• Datilograma – Natural (Direto dos dedos) e Artificial (em
Locais de Crime)
• Quirograma – Palma das mãos
• Pudograma – Planta dos Pés

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Logo, Datiloscopia estuda as impressões digitais ocasionadas pelos dedos
das mãos.
c) Histórico da Datiloscopia
• 1664: J. Marcelo Malpighi publica obra que versa sobre a existência
de linhas nas palmas da mão e extremidades digitais

Figura 25: J. Marcelo Malpighi

• 1823: Médico Johannes Evangelist estudou pele e seus caracteres


exteriores separando em 9 tipos.

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Figura 26: Médico Johannes Evangelist.

• Entre 1858 e 1878 William Herschel descobriu o princípio da


Imutabilidade: Os desenhos digitais não sofrem mudança com o
tempo.

Figura 27: William Herschel.

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1888: Francis Galton propõe o Galtonismo. Esse método se baseava:
• No Princípio da Perinidade:
• No Principio da Classificabilidade
• No Princípio da Unicidade
• Universabilidade
Esses e mais alguns princípios serão estudados mais a frente.

Figura 28: Francis Galton.

O Galtonismo foi importantíssimo para a história da Datiloscopia mundial.

No entanto, era um método muito complexo fazendo com que ele não fosse

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muito prático. A importância dele foi que ele serviu de base para o método

de Vucetich. Após Henry Varigny fazer melhoras no Galtonismo em 1891,

nesse mesmo ano, um o argentino chamado Juan Vucetich cria o sistema

que é utilizado no Brasil aproveitando o estudo de ambos.

Figura 29: Capa do livro publicado por Galton em 1882, mostrando suas 10 impressões digitais

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Figura 30:Henry Varigny.

Figura 31: Juan Vucetich.

• 1892: Caso emblemático na Argentina: Caso Francisca Rojas:


Assassinou os dois filhos e culpou seu vizinho.
Vucetich coletou as impressões moldadas no sangue por meio da
fotografia. Essa foi a primeira incriminação pelo uso de impressões digitais.

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Figura 32: Caso Francisa Rojas.

• 1896: Cadáver identificado por Vucetich em Sierra Chica na


Argentina como sendo de um ex-detento que havia sido identificado
em um presídio. Primeiro caso de Necropapiloscopia.
d) Papiloscopia no Brasil
Até o final do século XIX o Sistema de Bertillon que era utilizado no
Brasil. No início do século XX o jornalista Félix Pacheco traz o sistema de
Vucetich para o Brasil, sendo adotado oficialmente em 1903 como sistema
oficialmente.
Art. 57- A identificação dos delinquentes será feita pela combinação de
todos os processos atualmente em uso nos países mais adiantados,
constando do seguinte, conforme o modelo do Livro de Registro Geral
anexo a este Regulamento: a) exame descritivo (retrato falado); b) notas
cromáticas; c) observações antropométricas; d) sinais particulares,
cicatrizes, tatuagens; e) impressões digitais; f) fotografia de frente de perfil.
Parágrafo Único - Estes dados serão na sua totalidade subordinados à
classificação dactiloscópica, de acordo com o método instituído por D. Juan
Vucetich, considerando-se, para todos os efeitos, a impressão digital como
prova mais concludente e positiva da identidade do indivíduo, dando-se-lhe

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a primazia no conjunto das outras observações, que servirão para corroborá-
la.” (Manual de Identificação Papiloscópica, 1987, p.20)
e) Datiloscopia
Desenho Digital

É a figura formada pelo conjunto das cristas papilares e sulcos


interpapilares, existentes em toda a extensão da segunda falange do polegar
e da terceira falange dos demais dedos em sua face interma.

Figura 33: Desenho Digital

Figura 34: Desenho Digital detalhando as Papilas.

Datilograma

A reprodução impressa do desenho digital convencionalmente apresentada


nas fichas decadactilares e monodactilares nos institutos de identificação.
No Datilograma e na prática no local de crime ficam impressas as
Impressões Digitais.

Sistema de Linhas

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O datilograma apresenta três sistemas de linhas perfeitamente
caracterizados e limitados por linhas chamadas DIRETRIZES, excetuando-
se o Arco, que apresenta apenas dois sistemas, o marginal e o basilar. Assim
temos:
i) Sistema Marginal - é o conjunto de linhas que constituem a parte
superior do desenho digital, situadas acima da diretriz marginal.
ii) Sistema Nuclear- é o conjunto de linhas que formam o centro do
datilograma e que,envolvidas pelas linhas diretrizes, distinguem-
se perfeitamente daquelas que formam os sistemas marginal e
basilar.
iii) Sistema Basilar - é o conjunto de linhas que constituem a parte
inferior do desenho digital, situadas abaixo da diretriz basilar.

Figura 35: Sistemas e Diretrizes de uma impressão digital.

O processo mais prático de determinar as diretrizes consiste em seguir o


prolongamento superior e inferior das linhas que partem do delta e
encerram ou circunscrevem o núcleo. As diretrizes não são forçosamente
linhas contínuas, podendo constituir-se de linhas interrompidas que, a cada
interrupcão no caso da diretriz basilar, continuam seu curso na linha
imediatamente inferior. Podem ainda apresentar bifurcações, devendo, neste
caso, ser seguido o ramo inferior da linha bifurcada. Na diretriz marginal o
critério é a linha acima.

Núcleo

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Núcleo é a área circunscrita pelo prolongamento dos braços do delta ou
deltas, ou seja,pelas linhas diretrizes. O núcleo é sempre formado por linhas
que, embora tendo parte do seu curso paralelo ao das linhas formadoras dos
demais sistemas, delas divergem, encurvando-se sobre si mesmas, em um
ou ambos os lados do desenho.

Figura 36: Exemplos de núcleos.

Delta

Delta é o ponto de encontro entre as linhas basilar, nuclear e marginal.

Figura 37: Exemplos de Delta.

Figuras Características ou Minúcias

Os desenhos digitais nǎo são formados por linhas contínuas. As cristas


papilares apresentam, em seu curso, acidentes mais ou menos ponderáveis,
cuja formação e disposição no desenho digital lhe conferem a
individualidade. Esses acidentes são denominados pontos característicos e,
modernamente são também chamados de figuras características ou minúcias
,visto que tais figuras correspondem a um conjunto de diversos pontos

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(pontos,linhas,bifurcacōes,etc.).Através da comparação do tipo primário,
podemos afirmar a não identidade entre duas impressões digitais, porém,
somente pela comparação dos pontos característicos é que se pode
realmente confirmar a identidade das mesmas.

Figura 38: Tipos de Minúcias.

Para se afirmar a identidade entre duas impressões digitais, é necessária a


existência de, pelo menos, 12(doze) figuras ou pontos característicos
coincidentes entre as mesmas. Pode-se confirmar a identidade com menor
número de pontos característicos, desde que se encontrem pontos
considerados raros (de difícil incidência) entre os localizados nas
impressões comparadas.

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Figura 39: No assinalamento dos pontos característicos, a numeração sempre a direção do
movimento dos ponteiros do relógio.

f) Sistema Datiloscópico De Vucetich


É um sistema de classificação idealizado por Juan Vucetich, em que
existem quatro tipos fundamentais:
• O Arco
É a formação sem o Delta. É representado pela letra A para os polegares
e número 1 para os demais dedos.
• A Presilha Interna
É a formação com um delta à direita do observador. É representado pela
letra I para os polegares e o número 2 para os demais dedos.
• A Presilha Externa

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É é a formação com um delta à esquerda do observador. É representado
pela letra E para os polegares e o número 3 para os demais dedos.
• O Verticilo
É a formação dois deltas, um a direita e outro a esquerda do observador. É
representado pela letra V para os polegares e o número 4 para os demais
dedos.

Série representa a mão direita. Seção representa a mão esquerda.

Figura 40: A Presilha Interna possui 1 Núcleo em sentido contrário. A Presilha Externa 1 Núcleo
em sentido contrário. O Verticilo possui 1 Núcleo central. O Arco não possui Núcleo.

Figura 41: Exemplo de ficha papiloscópica onde são representados as impressões digitais..

g) Estudos Avançados em Datiloscopia


Indeterminado

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É o datilograma que, destruído por cicatriz, impossibilita a determinação do
tipo fundamental a que pertenceu. Também se classificam nesse tipo os
casos de ausência de dedo ou de falange, por acidente ou por amputação de
uma ou ambas as mãos.

Gancho

É o datilograma formado por laçadas ganchosas, cujo encurvamento em


direção ao delta, ou que apresenta um núcleo em forma de RIM, ou um
núcleo composto de duas formações
verticilares.

Dupla

É o datilograma que apresenta duas presilhas independentes, sendo uma


ganchosa e outra
normal, ou então, duas formações de laçadas independentes com tendência
à sinuosidade.

Anômalo

É o datilograma que não se enquadra rigorosamente em nenhum dos tipos


fundamentais ou especiais, dentro das respectivas definicões.

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Figura 42: Tipos especias de impressões digitais.

Anomalias Congênitas

São aquelas que têm origem na formação embrionária. São elas:


SINDACTILIA-São dedos ligados entre si, parcial ou totalmente.
MICRODACTILIA -São dedos anormalmente pequenos.
ECTRODACTILIA - É a malformação que consiste em um número de
dedos inferior ao normal
MACRODACTILIA -São dedos anormalmente grandes.
POLIDACTILIA - É a malformação que consiste em um número de dedos
superior ao normal
ECTROCERIA - Consiste na ausência de uma ou de ambas as mãos
HEMIMELIA-Consiste na ausência de um ou de ambos os braços
ADACTILIA-É a ausência total dos dedos de uma ou de ambas as mãos.

Anomalias Acidentais

São aquelas que ocorrem ao longo da vida, tento origem em acidentes que
afetam as papilas digitais. São provocadas por: Queimaduras, traumatismos,
cortes, esmagamentos, amputações. Elas atingem os tecidos dérmicos de
maneira irrecuperável. São elas:

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MÃO AMPUTADA -Amputação total da mão
AMPUTAÇĀO TOTAL-Dedo ou Falangeta totalmente amputada.
AMPUTAÇAO PARCIAL-Falangeta parcialmente amputada.
CICATRIZ DE CORTE -Marcas de corte na polpa digital.
CICATRIZ DE QUEIMADURA-Marcas de repuxamento e destruição das
papilas dérmicas na polpa digital.

Anomalias Patológicas

São aquelas provocadas por estado doentio permanente ou passageiro. Entre


elas estão:
ANQUILOSE -Falta de articulação parcial ou total dos dedos, de modo a
prejudicar as impressões. Pode ser congênita ou acidental.
HANSENÍASE-Caracterizada por deformações decorrentes da doença de
igual nome.
h) Princípios Fundamentais da Papiloscopia
Perenidade

Os desenhos papilares se formam na vida intrauterina (6º mês) e


permanecem iguais até a morte do indivíduo (desparecem com a putrefação
cadavérica).

Imutabilidade

Os desenhos digitais não se modificam, regenerando-se e formando a


mesma configuração inclusive após a sua retirada. Podem ocorrer
danificações temporárias causadas por doenças, como lepra ou dermatoses,
queimaduras superficiais ou ainda estigmas profissionais. Os desenhos
voltam a forma inicial, logo que houver tempo para a recuperação.

Variabilidade ou Unicidade

Os desenhos papilares não se repetem, variando de dedo para dedo e de


pessoa para pessoa. Não existem duas impressões digitais iguais, nem em
gêmeos univitelinos.

Classificabilidade

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Podem ser classificadas.

Universabilidade

Todos têm. Exceções:


SINDROME DE NAGALI: Nasce sem impressão digital
SÍNDROME DE VOHWINKEL OU QUERATODERMIA: Hereditária
mutilante é uma condição rara, geralmente autossômica dominante, que
apresenta um distúrbio cutâneo caracterizado por espessamento das regiões
palmar, plantar e dorsal das mãos e pés e constrição nos dedos
(pseudoainhum). DIGITAL APAGADA.
i) DNA de contato
DNA epitelial encontrado em lugares pressionados pelo autor ou vítima:
cordas, fios, objetos... Utiliza-se a técnica do duplo SWAB: Passar
rotacionando um SWAB com água destilada sobre a região e depois sobre a
mesma região um SWAB seco. Sempre dar preferência para o recolhimento
de impressões digitais antes de tentar o DNA de Contato.

Figura 43: Utilização de SWAB pelo Perito Criminal na tenativa de recolher DNA de Contato.

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j) Tipos de Impressões Papilares
As impressões papilares podem se apresentar sob três formas: impressões
aderidas, modeladas e latentes:

Impressões Aderidas

São impressões papilares visíveis formadas por substâncias depositadas


sobre as cristas papilares que, por contato, são transportadas para as
superfícies suportes, aderindo a estas. As substâncias mais comuns, entre
outras, são: sangue, tintas, óleos, pós e lama.

Impressões Latentes

São aquelas formadas pelas secreções eliminadas através dos poros


papilares, que impregnam as cristas, e por contato, se depositam sobre as
superfícies dos objetos. As impressões latentes são, quase sempre,
invisíveis a olho nu, exceto quando se incide luz, obliquamente, sobre as
superfícies lisas, como nas vidraças.

Modeladas ou Plásticas

São aquelas que se formam sobre superfícies moldáveis, como as massas de


fixar vidraças, parafinas, ceras, chocolates, massas, vedantes, e outras desta
natureza.
k) Impressões Papilares em Local de Crime
Ao tocar em um objeto ou superfície, o suor das mãos acaba deixando o
formato destas papilas dérmicas no local, o que é entendido como
impressão digital. Pela composição do suor, sabe-se que 99% é água e 1%
são materiais sólidos como aminoácidos, compostos nitrogenados, ácidos
graxos, glicídios, lipídios e também alguns compostos inorgânicos como
cloretos, sulfatos, fosfatos, sódio e potássio.
Desta forma, desenvolveram-se técnicas utilizando componentes químicos
corantes, ou seja, que ao interagir com alguns componentes das impressões
digitais, fosse possível a visualização das impressões. A técnica do pó
consiste em aplicar uma fina camada de pó no local onde se pensa possuir
impressões digitais. O pó adere sobre os compostos químicos,

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principalmente à água, presentes através de ligações de hidrogênio e forças
de Van der Waals.
São componentes químicos presentes nos pós:
• Ninidrina - solução feita com acetona, que reage com aminoácidos
deixados em um fragmento ou impressão papilar, levando a uma
coloração violeta
• Nitrato de prata - solução aquosa que reage com o cloreto de sódio do
suor, formando, principalmente, cloreto de prata, visível na cor
marrom
• Ácido aminofluorocrômico (DFO) - trata-se de um agente
fluorescente que adere aos resíduos presentes nas impressões latentes
e faz com que eles emitam luz ao serem iluminados com uma
lanterna ultravioleta
• Cianoacrilato - é encontrado no mercado como componente ativo das
supercolas (Superbonder). O vapor do
cianoacrilato polimeriza as substâncias úmidas das impressões
papilares latentes, levando a formação de um depósito incolor,
porém, visível sobre os fragmentos.
Dentre os pós temos frascos de pó preto, pó branco, pó prata, pó de dupla
função, pó fluorescente verde, pó magnético preto e pó magnético preto-
prata. O princípio para a utilização de cada pó é simples: utilize um pó de
cor que permita o contraste com o fundo. Assim, para fundos claros, utiliza-
se pó escuro, e vice-versa. O interessante é que temos alguns pós que são
mais versáteis que isso. O pó de dupla função, por exemplo, é uma mistura
de pó preto com pigmentos fluorescentes que reagem a certos
comprimentos de onda (395 nm – UV) sob condições de pouca
luminosidade.
O pó fluorescente verde fornece bons resultados quando o fundo é confuso,
multicolorido ou escuro, mas para visualizar a fluorescência é necessária a
aplicação de uma luz com comprimento de onda específico e, dependendo
de tal comprimento, utilizar um filtro. É possível visualiza-lo com a luz UV
(395 nm) sem a utilização de filtros. Entretanto, melhores resultados são
obtidos com a luz azul de 470nm mediante o filtro laranja.
Pós magnéticos de maneira geral não devem ser utilizados em materiais
metálicos magnetizáveis, pois o pó e o aplicador interagem com a
superfície. Tais pós costuma dar bons resultados em papeis. Um dos pós
revela fragmentos papilares tanto em superfícies claras quanto escuras.

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É interessante notar que os pós fluorescentes requerem luz ultravioleta para
visualização das marcas papilares, pois é necessário que o composto
fluorescente seja excitado para emitir a luz. Estes são muito utilizados em
superfícies coloridas, ou de coloração muito forte, onde é difícil distinguir
algum desenho usando os outros tipos de pó.
É importante perceber que esta técnica se limita a impressões digitais
recentes, uma vez que o principal componente ao qual se adere é a água.
Impressões antigas possui porcentagem de água baixa, pois sofre
evaporação, dependendo também da temperatura do local onde se encontra.
O responsável pela coleta das digitais em cenas de crime é o perito. Este
deve aplicar o pó de maneira precisa e leve, pois as cerdas do pincel, se
pressionadas fortemente, podem danificar o desenho das impressões. Além
disto, cabe ao perito analisar as variáveis como tipo de superfície e tempo
da digital para escolher com acerto o melhor pó químico a ser utilizado.
Poeira e bolhas na fita adesiva empregada no levantamento de uma
impressão papilar coletada contribuem para a piora da qualidade da
impressão quando do confronto.
O necessário contraste entre a impressão papilar latente e o meio no qual se
encontra não deve necessariamente ocorrer mediante a aplicação de pós de
revelação. Não se deve procurar impressões em superfícies absorventes
como luvas e material poroso.

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7) Locais de Crime Contra a Vida

a) A Função do Perito Criminal


em Locais de Crime Contra a
Vida
O Perito Criminal tem duas funções em um local de crime contra a vida. A
primeira é a determinação do Diagnóstico Diferencial da Morte – DDM. O
DDM é a diferenciação do Perito Criminal em se tratar de uma morte
violenta ou uma morte natural. Uma morte violenta é sempre por uma ação
externa como um envenenamento ou um instrumento, por exemplo. Esse
instrumento pode ser utilizado por um agente ou ser por ação do acaso ou
descuido de alguém.
Quando o agente é uma pessoa, temos um homicídio ou suicídio. Quando o
agente é o acaso ou um indivíduo descuidado, temos uma morte acidental.
Já o local de morte natural é qualquer outra morte sem causa externa:
Velhice ou uma doença, por exemplo. Logo temos dois grandes grupos,
sendo que um deles tem três divisões, conforme a seguir:
● Morte Violenta: Homicídio, Suicídio ou morte acidental
● Homicídio: Agente é uma pessoa que não seja a vítima
● Suicídio: Agente é a própria vítima
● Morte Acidental: Agente é o acaso ou a própria pessoa de forma não
intencional (Uma pessoa que tropeça e bate a cabeça vindo a óbito,
por exemplo).
● Morte Natural (doença ou velhice, por exemplo)
A segunda função do Perito Criminal é determinar a dinâmica do evento. A
partir dos vestígios observados, incluindo o Cadáver, ele buscará dizer de
fato como tudo aconteceu. Ou seja, se a vítima foi alvejada enquanto estava
deitada, ou se teve alguma lesão característica de defesa, por exemplo. Essa
segunda função que de fato irá tornar alguém um bom Perito, afinal, aqui
encontra-se a maior dificuldade. Lembrando que existem sim locais que o
DDM se torna difícil, mas são minoria.
Veremos agora de forma mais detalhadas os tipos de local de crime contra a
vida.

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É importante ressaltar que o DDM é diferente da Causa Mortis. A Causa
Mortis quem dá é o Perito Legista e é de fato o motivo biológico da morte.
Resumindo: DDM é dado pelo Perito Criminal e Causa Mortis é dado pelo
Perito Legista.

Figura 44: Necropsia realizada pelo Perito Legista com auxílio do Técnico de Necropsia e o Auxiliar
de Necropsia com o objetivo de descobrir a Causa Mortis

.
b) Local de Homicídio
A definição de local de homicídio é de um local em que o homicídio
aconteceu no próprio local. Na verdade, é quando o Perito Criminal tem
elementos criminalísticos e médico legais suficientes geradores de
convicção de que o homicídio tenha acontecido naquele local. Vamos dar
um exemplo: A Rigidez Cadavérica Cataléptica ou Espasmos Cadavérico
pode se instalar de imediato em casos de morte súbita violenta, ação
contundente em centros nervosos superiores, fadigas musculares ou crises
convulsivas. Logo, o Cadáver pode contrair as mãos imediatamente após a
morte em casos de uma dessas situações acima. Caso ele venha a pegar
vegetação do próprio local onde se encontra, por exemplo, isso pode indicar
que aquela morte aconteceu nesse local.
Nesse exemplo acima, mostra que poucos elementos foram suficientes para
concluirmos que o homicídio tenha acontecido naquele local. No entanto,

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isso pode variar, fazendo com que o Perito precise de mais de um elemento
para chegar a essa conclusão.

Figura 45: Cadáver que teve rigidez cadavérica cataléptica com vegetação do próprio local em sua
mão. Havia inclusive vegetação removida no local compatível com a que foi encontrada na sua mão,
sugerindo, então, se tratar de um local de homicídio

c) Local de Encontro de Cadáver

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É justamente o contrário do Local de Homicídio: quando não temos
elementos criminalísticos suficientes geradores de convicção de que aquela
morte aconteceu no próprio local. É claro que pode ser que se tenha
elementos criminalísticos que indiquem que foi abandono de Cadáver,
como o Cadáver com rigidez cadavérica cataléptica possuir nas mãos
vegetações de um outro local que não seja o que ele esteja.

No Rio de Janeiro, é muito como Cadáveres abandonados em veículos, até


mesmo carbonizados, prática comumente observada como meio de subjugo
da vítima ou na tentativa de dificultar a coleta de vestígios e, por
conseguinte, o bom andamento das investigações.

Figura 46: Cadáver abandonado em veículo


.

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Figura 47: Duplo encontro de cadáveres carbonizados em veículo carbonizado
.

d) Encontro de Despojos
O local de encontro de despojos é quando encontramos alguma parte do
cadáver ou um conjunto dessas, como uma cabeça ou uma cabeça e um
braço, por exemplo. A seguir, alguns conceitos da Medicina Legal que dão
origem a despojos.
i) Esquartejamento

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O conceito de esquartejamento é oriundo dos séculos passados. Como
forma de tortura, amarravam todos os membros da vítima em quatro
cavalos distintos. Em seguida, eles eram estimulados a correr em direções
opostas, mutilando os membros da vítima. Portanto, esquartejamento é a
mutilação total dos quatro membros da vítima.

Figura 48: Tronco de Cadáver originado de um esquartejamento.

ii) Espostejamento
É a redução do corpo a fragmentos diversos e irregulares. Acidentes aéreos
ou de trânsito, por exemplo, geralmente originam cadáveres espostejados.
Diferencia-se do esquartejamento, já que este não respeita diretamente as
articulações, lançando mão de instrumentos cortantes / pérfuro-cortantes ou
avulsão mecânica (acidentes de tráfego / aéreos), reduzindo o corpo e / ou
membros a “postas”.

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Figura 49: Espostejamento.

iii) Decapitação
É a mutilação total da cabeça do Cadáver. Oriunda normalmente de ação
corto-contundente. Pode ter etiologia acidental ou homicida, e mais
raramente, suicida. Observa-se também decapitações post-mortem como
meio de dificultar identificação imediata do cadáver.

Figura 50: Cabeça oriunda de uma decapitação.

e) Local de Encontro de Ossada


É o local em que encontramos o cadáver no último estágio de putrefação: A
esqueletização. Ao examinar ossadas, deve-se levar em consideração que
estas são, em média, 03 (três) milímetros menores que ossos frescos, fato já
consagrado há mais de 100 anos. Ao examinar esqueletos, deve-se
acrescentar cerca de 4-6 centímetros, devido a diferença dos discos
intervertebrais, couro cabeludo, superficie plantar etc. São quatro estágios
no total, conforme descrição a seguir:
iv) Cromático
Antes de explicar o estágio Cromático, temos duas análises que podem ser
feitas no Cadáver: O Rigor Mortis ou Rigidez Cadavérica e Os Livores de
Hipóstase. Esses são a ação da força gravitacional atuando sobre o sangue.
Ocorrem mais rapidamente no calor (vasodilatação). Inicia-se com 2 horas e
fixa-se em torno de 8 a 12 horas.
O Rigor é um fenômeno de ordem bioquímica, variante da contração
muscular, oriunda da escassez de [O²] nos tecidos e consequente
acidificação. Complexos actina-miosina não se desfazem e não há
encurtamento dessa fibra. Inicia-se na nuca e mandíbula (1-2 horas poste
mortem), seguindo a membros superiores (2-4 horas poste mortem),
músculos abdominais (4-6 horas poste mortem) e, por fim, membros

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inferiores (6-8 horas poste mortem). Estará completamente instalada num
período de 8-12 horas poste mortem. Sua permanência dura entre 12-24
horas e pode estender-se por 2 a 3 dias. A este fenômeno chamamos
REGRA DE NYSTEN. Ele começa a se desfazer com o início da mancha
verde abdominal, que é justamente o início do estágio de putrefação e do
período cromático, que acontece entre 18 a 24 horas, podendo se estender
dependendo de variáveis intrínsecas e extrínsecas ao cadáver.

Figura 51: Cadáver no Estágio Cromático.

v) Enfisematoso ou Gasoso
É caracterizado pelo inchaço do Cadáver devido aos gases de putrefação.
Nota-se a projeção dos olhos e da língua e a distensão do abdome, o qual
permite um som timpânico pela percussão e conferindo um aspecto de
gigantismo ao cadáver. Esses gases fazem pressão sobre o sangue que foge
para a periferia e, pelo destacamento da epiderme, esboça na derme o
desenho vascular conhecido como circulação póstuma de Brouardel
(patognomônico do período enfisematoso). Pode também ocorrer prolapso
de reto e vagina, bem como expulsão fetal quando em mulheres grávidas.
Inicia-se normalmente a partir de 48 horas, se estendo alguns dias e até
semanas.

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Figura 52: Cadáver no Estágio Enfisematoso
.

vi) Coliquativo
Quando onde ocorre rompimento da pele, abertura dos orifícios naturais e
desmanche das partes moles. Inicia-se normalmente em 1 semana, podendo
durar semanas, meses e até anos.

Figura 53: Cadáver no Estágio Coliquativo

vii) Esqueletização
Esse estágio pode iniciar-se com apenas 2 semanas em ambientes externos.
Como os estágios não aparecem simplesmente enquanto o outro desaparece,
há uma transição entre estágios de forma que um começa enquanto o outro
vai terminando. o Local de Encontro de Ossada é caracterizado, então,
quando há apenas a ossada do Cadáver ou quando o Cadáver está em
completo estágio de esqueletização. Os ossos resistem por muito tempo,

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porém vão perdendo, pouco a pouco, sua estrutura habitual, tornando-se
cada vez mais frágeis e mais leves.
f) Local de Encontro de Feto
Por definição, a partir da oitava semana depois de ocorrida
a fertilização do óvulo pelo espermatozoide, o concepto que recebia o nome
de embrião passa a ser chamado de feto, permanecendo com este nome até
o final da gestação.
Para o direito penal, no parto normal, o início da vida é na primeira
contração uterina. Se for Cesária, com o corte na barriga da mão. Logo, a
morte do feto é considerada aborto até esses instantes. Após, é considerado
homicídio.

Figura 54: Feto abandonado em sacola

g) Local de Exumação
Esse tipo de Perícia visa verificar se a sepultura está devidamente
conservada e em consonância com o livro de registro do cemitério. Vejamos
como trata o CPP:
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade
providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a
diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único: O administrador de cemitério público ou particular
indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa
ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em
lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas
necessárias, o que tudo constará do auto.

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Do ponto de vista criminalístico, a exumação tem as seguintes
indicações:

Quando uma necrópsia compulsória (morte violenta indiscutível)


deveria ter sido feita e não o foi;
Suspeita de morte violenta no curso do processo ou por
denúncia;
Identificação questionada
Cadáveres previamente necrospiado para esclarecimento ou
revisão de pontos omissos ou achados duvidosos.

A solicitação desta pode ser feita pela Autoridade Policial (Delegado de


Polícia) ou pela Autoridade Judiciária (Juiz ou Promotor).
h) Exame em Local
Em termos de local de crime contra a vida é quando se realiza perícia no
local sem a presença do Cadáver, como vítima morta em hospital, por
exemplo.

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Figura 55:Perito Lameirão realizando Perícia complementar no emblemático caso do pastor
Andersom, marido da ex-deputada Flordelis.

i) Exame em Veículo
Em termos de local de crime contra a vida é quando se realiza perícia em
veículo relacionado a um homicídio.
j) Reprodução Simulada
“Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à Reprodução

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Simulada dos Fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem
pública". Guilherme de Souza Nucci, em seu livro Código de Processo
Penal Comentado, registra que: “em casos específicos, como ilustram os
homicídios e suas modalidades tentadas, pode-se tornar importante fonte de
prova, até mesmo para aclarar ao juiz e jurados, no Tribunal do Júri, como
se deu a prática da infração penal.
Tendo acesso às peças do Inquérito e tomando conhecimento das
declarações de quem participará do exame em tela, o Perito cuidará para
que os trabalhos se desenvolvam sem qualquer interferência externa.
Na realidade, a Reprodução Simulada dos Fatos nada mais é que a resposta
dos Peritos Criminais em relação a compatibilidade de depoimentos dos
envolvidos no processo com a realidade, utilizando como ferramenta os
Laudos Técnicos pertencentes ao processo.
É procedimento padrão extremamente útil para o caso em que ainda
persistem dúvidas sobre as versões dos acusados.
Tendo acesso às peças do Inquérito e tomando conhecimento das
declarações de quem participará da Reprodução Simulada, o Perito cuidará
para que os trabalhos ocorram sem que qualquer influência externa venha a
ser excercida sobre quem participará dos trabalhos técnicos.
.

Figura 56: O próprio réu demonstrando suas ações em uma reprodução simulada dos fatos.

k) Morte por Intervenção a Agente do Estado

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É quando um agente do Estado seja ele um policial ou outro funcionário do
estado que tenha direito ao porte de arma leva a óbito um indivíduo infrator
da lei para proteger a sua própria vida ou a vida de terceiros.
Independente de quem seja o autor, o Perito Criminal irá realizar a perícia
de forma isenta, analisando os vestígios encontrados no local de crime e
zelando pela veracidade dos fatos e à luz da Ciencia..

Figura 57: Individuo infrator da lei atingido por disparo de projetil de arma de fogo de alta
velocidade (fuzil) em local de morte por intervenção a oposição de agente do estado.

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BIBLIOGRAFIA
● Locais De Crimes - Dos Vestígios À Dinâmica Criminosa. Autores:
Jesus Antonio Velho - Karina Alves Costa - Clayton Tadeu Mota
Damasceno – Millennium Editora

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● eBook Medicina Legal Aplicada
a Local de Crime – Diego
Lameirão – Thiago Hermida
● Código Penal Comentando –
Guilherme de Souza Nucci
● Criminalistica - Millenium
● Local de Crime – Luis Eduardo Dorea – Millenium
● Maleta Local de Crime – Site cienciacontraocrime.com
● eBook Locais de Crime – Manual Básico
● Peritos em Papiloscopia e Identificação Humana – Joyce Fernando de
Azevedo – Kelps
● Papiloscopia. Certeza ou Dúvida? Apologia a Micropapiloscopia –
Samuel Alfonso Delgado Caballero - Millenium
● A Papiloscopia nos Locais de Crime: Manual Prático e Teórico –
Gilberto da S Tavares - Ícone

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CONHEÇA NOSSOS AUTORES

Diego Lameirão

Diego Lameirão: Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade


Federal do Rio de Janeiro (2014). Experiência de atuação em empresa
Júnior de engenharia, no Laboratório de Instrumentação e Fotônica e no
Centro de Pesquisas da Eletrobras. Atualmente é Perito Criminal da PCERJ,
atuando há quase 10 anos da Divisão de Homicídios de Niterói e São
Gonçalo (DHNSG). Recebeu moção de aplausos da Câmara Municipal de
Niterói pela atuação no caso do Pastor Anderson (Caso Flordelis). Tem
experiência com Matemática e Licenciatura, tendo Atuado há mais de 1
ano em um projeto Pedagógico em escolas públicas chamado PIBID. É
palestrante e professor na Área de Perícia, especialmente na área de Perícia
Criminal em Local de Crime Contra a Vida. É idealizador do projeto "Zeus
Científico", que tem o intuito de popularizar a Perícia Criminal e aproximar
as pessoas das instituições policiais, através de cursos, palestras,
preparatórios e redes sociais. É Co-idelizador do projeto Zeus Preservado,
que através de um Podcast e cursos presenciais busca de forma descontraída
popularizar a Perícia Criminal. Atualmente é chefe do Núcleo de Perícias
da DHNSG. É empreendedor, faixa preta de Karate e tem um projeto de DJ
e Produção de música eletrônica chamado de Lahm Project 21. Redes
Sociais: @peritolameirao

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Thiago Hermida

Thiago Hermida: Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade


Federal Fluminense. Especializado em Cirurgia Veterinária. Perito Criminal
Oficial da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Sócio do Zeus
Científico. Estágio de Aplicações Táticas (EAT) - Batalhão de Operações
Especiais (BOPE). Intrutor de Defesa Policial. Palestrante e Professor de
Medicina Legal. Redes Sociais: @hermidacsi

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