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Sumário
1) PRÓLOGO
2) A Criminalística
a) Origem
b) Definição
c) Postulados da Criminalística
d) Perícia Criminal
a. A Função do Perito Criminal
b. Trabalho interno x Trabalho Externo
c. A Prova
d. Exames em Local de Morte Violenta
e. Procedimentos de Busca e Varredura de Vestígios
f. Vestígios Verdadeiros x Vestígios Ilusórios x Vestígios Biológicos
g. Vestígio Absoluto x Vestígio Relativo
h. Vestígios Físico x Vestígio Biológicos
i. Área Imediata x Área Mediata x Área Relacionada
j. Local Físico x Local Virtual
k. Local Aberto x Fechado x Misto
l. Local Ermo x Local Habitado
m. Local idôneo x Inidôneo
n. A Perícia Criminal no Código de Processo Penal – CPP
o. Perícia Criminal x Perícia Judicial x Assistente Técnico
p. Responsabilidade Civil e Penal dos Peritos
q. As mudanças e inclusões do Pacote Anticrime no CPP para a
Perícia Criminal
a) Origem
Ao longo da história a ciência como um todo foi evoluindo. Aristóteles
acreditava que a velocidade natural de um corpo era a velocidade zero. Ele
fazia essas previsões sem um método cientifico de fato, ou seja, sem
experimentações consistentes, eram apenas suposições com observações
simples.
Muitos anos depois Newton através de um método científico de fato
descobriu que a velocidade natural de um corpo na verdade era a velocidade
constante, surgindo a 1ª Lei de Newton. Einstein por sua vez descobriu que
a velocidade era relativa, trazendo uma análise muito mais complexa.
Repare que a física que é uma ciência evoluiu com o passar dos anos e
sempre continuará evoluindo. A mesma coisa acontece com a química,
biologia e qualquer ciência. A criminalística é considerada uma disciplina
nascida da Medicina Legal, que é quase tão antiga quanto a própria
humanidade. Uma vez que em épocas passadas o médico era pessoa de
notório saber, sendo sempre consultado. No século XIX era a medicina
legal que tratava da pesquisa, da busca e da demonstração de elementos
relacionados com a materialidade do crime.
No entanto, com os avanços dos diversos ramos das ciências, houve a
necessidade de uma maior especialização, o que fez com que outros
profissionais passassem a ser consultados. Desse modo, surge a necessidade
da criação de uma nova disciplina para a pesquisa, análise e interpretação
de vestígios encontrados em locais de crimes. Nasce assim a criminalística,
uma ciência independente que vem dar apoio à polícia e a justiça, tendo
como objetivo o esclarecimento de casos criminais. A Criminalística
evoluiu, evolui e sempre evoluirá com a evolução das ciências!
A criminalística pode ser dividida em duas fases: a primeira aquela em que
se buscava a verdade através de métodos primitivos, mágicos ou através da
tortura, considerando que na maioria das vezes não se conseguia obter uma
confissão do acusado de forma espontânea. A segunda fase (surgida da
Medicina Legal) é justamente a que procurava a verdade através de
métodos racionais, originando assim os fundamentos científicos da
criminalística que conhecemos hoje, deixando de lado as crenças nos
b) Definição
Hans Gross foi um jurista e criminalista austríaco, criador da estratégia de
perfil criminal, técnica utilizada para identificar possíveis suspeitos e para
ligar crimes que podem ter sidos cometidos pela mesma pessoa.
Ainda que se tenha conhecimento de que as técnicas de investigações com
bases científicas são utilizadas em crimes ocorridos desde a antiguidade
clássica, a criminalística como conhecemos teve início no final do século
19, quando Hans Gross propôs que os métodos da ciência moderna fossem
utilizados para solucionar casos criminais.
Foi, inclusive, Gross quem utilizou o termo Criminalística, em 1893, para
designar o sistema de métodos científicos utilizados pela polícia em
investigações criminais. Seus estudos e técnicas foram importantes para a
criação do primeiro Instituto de Polícia Científica, na Universidade de
Lausanne, na França. Gross identificou falhas no sistema judiciário da
época e concentrou esforços em melhorar as investigações, tornando-as
mais cautelosas, a ética profissional e os métodos científicos. Sua visão de
pesquisa, evidências técnicas e métodos também levou à criação das “cenas
de crime”. Em seus anos de atuação, enfatizou a necessidade de o juiz se
manter neutro nos casos. Hans Gross morreu aos 67 anos, em 1915, na
cidade de Graz, no antigo Império Austro-Húngaro.
Posteriormente surgiram novos teóricos que aprimoraram a definição da
Criminalística. Para José Del Picchia ela é uma disciplina que tem por
objetivo o reconhecimento e interpretação dos indícios materiais
extrínsecos relativos ao crime ou à identidade do criminoso. Os exames dos
vestígios intrínsecos (na pessoa) são da alçada da medicina legal.
Já de acordo com Eraldo Rabello a Criminalística é uma
disciplina AUTÔNOMA, integrada pelos diferentes ramos do conhecimento
técnico-científico, auxiliar e informativa das
atividades POLICIAIS e JUDICIÁRIAS de investigação criminal, tendo
por objeto o estudo dos vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, no
d) Perícia Criminal
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Lei 12030
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais para as perícias oficiais de
natureza criminal.
Art. 2o No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é
assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso
público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo
de perito oficial.
Art. 3o Em razão do exercício das atividades de perícia oficial de natureza
criminal, os peritos de natureza criminal estão sujeitos a regime especial de
trabalho, observada a legislação específica de cada ente a que se encontrem
vinculados.
Art. 4o (VETADO
Art. 5o Observado o disposto na legislação específica de cada ente a que o
perito se encontra vinculado, são peritos de natureza criminal os peritos
criminais, peritos médico-legistas e peritos odontolegistas com formação
superior específica detalhada em regulamento, de acordo com a necessidade
de cada órgão e por área de atuação profissional.
Art. 6o Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua
publicação.
Brasília, 17 de setembro de 2009;
Para ser Perito Criminal, você pode atuar no âmbito civil ou militar.
Focaremos nesse eBook no âmbito civil. No caso do âmbito militar, para ser
Perito Criminal é necessário participar de processos internos nas forças
armadas.
a. A Função do Perito
Criminal
A função básica é a produção da prova técnica através da análise científica
dos vestígios produzidos ou deixados em locais de crime. De forma geral,
um vestígio pode ser um objeto, como um projetil de arma de fogo. Pode
ser uma marca, como mancha de sangue, por exemplo. Pode ser também
um sinal, como uma porta “arrombada”. Lembrando, que o nome técnico
correto para arrombamento é “rompimento de obstáculo”.
Outro sinal bastante importante são os chamados “Desalinhos”. Um
Desalinho é quando um ou mais objetos se encontram quebrados ou fora de
suas posições usuais. Um conflito entre a vítima e o agressor no Local de
Crime pode gerar um desalinho com uma mesa sendo derrubada, por
exemplo. Outra forma de gerar um desalinho é na hora de roubar algum
objeto. O criminoso na hora de fazer isso acaba removendo o que vê pela
frente, como na hora de abrir uma gaveta e tirar objetos de dentro (a própria
gaveta provavelmente ficará aberta).
Figura 5: Pedaços do muro de tijolos com cimentos caídos em frente ao muro de mesmo material.
Vamos falar agora dos vestígios forjados. Estes são produzidos sem ação
direta do Delito em si e de forma intencional, buscando enganar na hora da
realização da Perícia. Um exemplo é um dos casos que aparecem na série
Mistérios sem Solução da Netflix. Uma mulher que é encontrada com a
arma na mão, deitada parcialmente na cama, com a arma e mão sobre o
tronco. Para mais detalhes não deixe de assistir esse episódio na Netflix. É
muito interessante do ponto de vista pericial. O caso aconteceu nos anos 90.
A questão é que acredita-se não ter sido um suicídio, tendo vestígios
forjados no Local de Crime.
Finalmente temos os vestígios verdadeiros, que são os vestígios que o perito
conclui ter relação direta com o fato delituoso em si. Esses serão
classificados posteriormente como Evidências.
provas fotográficas,
esquemas ou
desenhos,
devidamente rubricados.
x) Art. 175
Figura 12: Perito Criminal Diego Lameirão ao deixar o local de crime em direção a localização das
viaturas.
● Art.158
Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de
delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº
13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº
13.721, de 2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
(Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
● Art 158-B
A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - Reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial
interesse para a produção da prova pericial; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
II - Isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo
isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios
e local de crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).
Figura 14: Agente da CORE protegendo o Perito Criminal enquanto esse realiza a Perícia.
E mais uma vez o Rio de Janeiro mostra que é um lugar único no mundo.
Seria prudente em um lugar com criminosos com alto poder bélico ter uma
Figura 15: Pichações feitas por facção criminosa em Comunidade no Rio de Janeiro.
r. Documentos Criminalísticos
AUTOS: São a materialidade dos documentos nos quais se
corporificam os atos do procedimento
LAUDO PERICIAL: O laudo pericial é uma peça técnica
formal que apresenta o resultado de uma perícia. Nele deve
ser relatado tudo o que fora objeto dos exames levado a efeito
pelos peritos. Ou seja, é um documento técnico-formal que
exprime o resultado do trabalho do perito.
PARECER TÉCNICO: O parecer técnico diferencia-se do
laudo pericial em razão de ser um documento consequente de
uma análise sobre determinado fato específico, contendo a
respectiva emissão de uma opinião técnica sobre aquele caso
estudado
a. Os grupos de investigação e
local de crime
Quando da ocorrência de um crime contra a pessoa em que há elementos
que SUGEREM dolo, dentro da estrutura do Estado do Rio de Janeiro, a
Polícia Militar imediatamente irá a acionar a chamada permanência da
Divisão de Homicídios correspondente da região. A permanência é um setor
localizados dentro de um dos três grupos que compões a divisão de
homicídios: O Grupo Especial de Local de Crime - GELC. Os outros dois
grupos são o Grupo de Investigação – GI e o Grupo de Investigação da
Chefia – GIC.
A Permanência irá, então, registrar as informações preliminares fornecidas
pelo policial militar a respeito do local de crime. Em seguida, o policial
responsável pela permanência irá repassar as informações para toda a
equipe e para o Delegado de Polícia. O Delegado irá analisar as
informações e decidirá as relevâncias para prosseguimento ao local. Caso
haja relevância, a equipe irá, dessa maneira, se remeter até o Local de
Crime. A seguir, os cargos dos membros pertencentes à equipe:
● Delegado de Polícia
● Inspetor de Polícia
● Oficial de Cartório
● Investigador de Polícia
a. Química Forense
No Brasil, as substâncias sujeitas a controles especial estão descritas na
Portaria 344/98. A Anvisa atualiza periodicamente o anexo da Portaria, com
as inclusões/alterações nas substâncias controladas.
Para fins de legislação e atuação do Perito na área de drogas, basta a análise
qualitativa da amostra suspeita de ser uma droga ilícita. Ou seja, numa
grande apreensão basta análise de uma pequena amostra.
b. Informática Forense
A Informática Forense ou Computação Forense tem o objetivo de fornecer
informações por meio da análise de dados de um computador ou sistema,
rede ou qualquer dispositivo de armazenamento que seja alvo de
investigação por crimes cibernéticos. Ou seja, em Local de Crime Virtual
conforme já vimos aqui. Destaca-se os roubos de identidade, crimes
financeiros e até a pornografia envolvendo menores de idade.
c. Exame em Veículo Adulterado
As perícias são sempre solicitadas como forma de verificar possíveis
adulterações no código VIN. O VIN é conhecido popularmente como
número do Chassi. VIN significa -Vehicle Identification Number. O código
VIN segue uma regra mundial que foi implementada na década de 80 no
mundo e a partir de 1986 Brasil.
Para identificar as adulterações os Peritos Criminais utilizam procedimentos
físicos e químicos.
4) Dígito 9
Confirma através de uma fórmula matemática a sequência de 17 caracteres
do VIN e serve para constatar a veracidade de um código VIN. Ele não dá
qualquer informação sobre o veículo.
5) Dígito 10
O décimo é o digito do ano modelo do veículo, não correspondendo ao ano
de produção.
6) Dígito 11
Representa a fábrica onde o carro foi produzido.
a) Local de Ocorrência de
Tráfego
A Perícia em Local de Ocorrência Tráfego visa analisar a dinâmica quando
há vítima envolvida em colisão de um ou mais veículos, independentemente
de serem por tração humana ou com motor.
Na análise do local de crime o Perito deve fazer a descrição das vias,
inclusive presença de faixa de pedestre ou sinal de trânsito, por exemplo,
tentando vir a concluir se algum veículo não respeitou o correto andamento
do tráfego, ou se furou um sinal, por exemplo.
Outra questão importante á descrição dos veículos envolvidos. Aqui que
entra o ponto chaves das Perícias em ocorrência de tráfego que é a análise
das avarias dos veículos: amassamentos, sanfonamentos, cisalhamentos,
ranhuras e entintamentos.
Os amassamentos são a deformação do material do veículo sem que cause
rompimento. Caso haja rompimento, chamamos de cisalhamento. O
sanfonamento é o efeito em sanfona do material que do veículo que é
comprimido. Ranhuras é quando o veículo é riscado por outro material. Já o
entintamento é quando fica uma parte da tinta de outro veículo ou objeto em
que ele tenha colidido.
As avarias devem ser descritas na exata localização dos veículos, chamado
de setores, conforme visto na Figura a seguir.
b) Ocorrência de Atropelamento
A Perícia em Local de Atropelamento visa analisar a dinâmica quando há
vítima envolvida em colisão de um veículo com uma ou mais pessoas,
independentemente de o veículo ser por tração humana ou com motor. As
análises serão basicamente as mesmas do Local de Ocorrência de Tráfego.
d) Local de Incêndio
São as Perícia realizadas em Local onde houve um incêndio. Temos o triste
exemplo da Museu Nacional que devido a complexidade a perícia levou
acerca de 1 mês para ser feita. Vejamos o que diz no CPP.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em
que houver começado o perigo, que dele tiver resultado para a vida ou para
Figura 21: Prédio que veio a desabar no Centro do Rio de Janeiro no início de 2021, nencessitando
da ação da Engenharia Forense.
a) Introdução a Papiloscopia
Papiloscopia é a ciência forense que trata da identificação humana por meio
das papilas dérmicas. A palavra Papiloscopia é resultante de um hibridismo
greco-latino (Papilla = papila e Skopêin = examinar).
A Papiloscopia possui dois ramos básicos: A identificação humana pelas
impressões papilares em Local de Crime e a identificação Cadavérica
(necropapiloscopia – Será vista no eBook de Medicina Legal). Em local de
crime, elas podem ser visíveis ou latentes, sendo reveladas pelos famosos
pós químicos no caso da segunda opção. Em termos de identificação
Cadavérica, em casos de Cadáveres em avançado estágio de putrefação ou
outras condições, podem ser utilizadas técnicas da papiloscopia específicas
para a identificação.
b) Introdução a Datiloscopia
A Pele
No entanto, era um método muito complexo fazendo com que ele não fosse
Figura 29: Capa do livro publicado por Galton em 1882, mostrando suas 10 impressões digitais
Datilograma
Sistema de Linhas
Núcleo
Delta
Figura 40: A Presilha Interna possui 1 Núcleo em sentido contrário. A Presilha Externa 1 Núcleo
em sentido contrário. O Verticilo possui 1 Núcleo central. O Arco não possui Núcleo.
Figura 41: Exemplo de ficha papiloscópica onde são representados as impressões digitais..
Gancho
Dupla
Anômalo
Anomalias Congênitas
Anomalias Acidentais
São aquelas que ocorrem ao longo da vida, tento origem em acidentes que
afetam as papilas digitais. São provocadas por: Queimaduras, traumatismos,
cortes, esmagamentos, amputações. Elas atingem os tecidos dérmicos de
maneira irrecuperável. São elas:
Anomalias Patológicas
Imutabilidade
Variabilidade ou Unicidade
Classificabilidade
Universabilidade
Figura 43: Utilização de SWAB pelo Perito Criminal na tenativa de recolher DNA de Contato.
Impressões Aderidas
Impressões Latentes
Modeladas ou Plásticas
Figura 44: Necropsia realizada pelo Perito Legista com auxílio do Técnico de Necropsia e o Auxiliar
de Necropsia com o objetivo de descobrir a Causa Mortis
.
b) Local de Homicídio
A definição de local de homicídio é de um local em que o homicídio
aconteceu no próprio local. Na verdade, é quando o Perito Criminal tem
elementos criminalísticos e médico legais suficientes geradores de
convicção de que o homicídio tenha acontecido naquele local. Vamos dar
um exemplo: A Rigidez Cadavérica Cataléptica ou Espasmos Cadavérico
pode se instalar de imediato em casos de morte súbita violenta, ação
contundente em centros nervosos superiores, fadigas musculares ou crises
convulsivas. Logo, o Cadáver pode contrair as mãos imediatamente após a
morte em casos de uma dessas situações acima. Caso ele venha a pegar
vegetação do próprio local onde se encontra, por exemplo, isso pode indicar
que aquela morte aconteceu nesse local.
Nesse exemplo acima, mostra que poucos elementos foram suficientes para
concluirmos que o homicídio tenha acontecido naquele local. No entanto,
Figura 45: Cadáver que teve rigidez cadavérica cataléptica com vegetação do próprio local em sua
mão. Havia inclusive vegetação removida no local compatível com a que foi encontrada na sua mão,
sugerindo, então, se tratar de um local de homicídio
d) Encontro de Despojos
O local de encontro de despojos é quando encontramos alguma parte do
cadáver ou um conjunto dessas, como uma cabeça ou uma cabeça e um
braço, por exemplo. A seguir, alguns conceitos da Medicina Legal que dão
origem a despojos.
i) Esquartejamento
ii) Espostejamento
É a redução do corpo a fragmentos diversos e irregulares. Acidentes aéreos
ou de trânsito, por exemplo, geralmente originam cadáveres espostejados.
Diferencia-se do esquartejamento, já que este não respeita diretamente as
articulações, lançando mão de instrumentos cortantes / pérfuro-cortantes ou
avulsão mecânica (acidentes de tráfego / aéreos), reduzindo o corpo e / ou
membros a “postas”.
iii) Decapitação
É a mutilação total da cabeça do Cadáver. Oriunda normalmente de ação
corto-contundente. Pode ter etiologia acidental ou homicida, e mais
raramente, suicida. Observa-se também decapitações post-mortem como
meio de dificultar identificação imediata do cadáver.
v) Enfisematoso ou Gasoso
É caracterizado pelo inchaço do Cadáver devido aos gases de putrefação.
Nota-se a projeção dos olhos e da língua e a distensão do abdome, o qual
permite um som timpânico pela percussão e conferindo um aspecto de
gigantismo ao cadáver. Esses gases fazem pressão sobre o sangue que foge
para a periferia e, pelo destacamento da epiderme, esboça na derme o
desenho vascular conhecido como circulação póstuma de Brouardel
(patognomônico do período enfisematoso). Pode também ocorrer prolapso
de reto e vagina, bem como expulsão fetal quando em mulheres grávidas.
Inicia-se normalmente a partir de 48 horas, se estendo alguns dias e até
semanas.
vi) Coliquativo
Quando onde ocorre rompimento da pele, abertura dos orifícios naturais e
desmanche das partes moles. Inicia-se normalmente em 1 semana, podendo
durar semanas, meses e até anos.
vii) Esqueletização
Esse estágio pode iniciar-se com apenas 2 semanas em ambientes externos.
Como os estágios não aparecem simplesmente enquanto o outro desaparece,
há uma transição entre estágios de forma que um começa enquanto o outro
vai terminando. o Local de Encontro de Ossada é caracterizado, então,
quando há apenas a ossada do Cadáver ou quando o Cadáver está em
completo estágio de esqueletização. Os ossos resistem por muito tempo,
g) Local de Exumação
Esse tipo de Perícia visa verificar se a sepultura está devidamente
conservada e em consonância com o livro de registro do cemitério. Vejamos
como trata o CPP:
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade
providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a
diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único: O administrador de cemitério público ou particular
indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa
ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em
lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas
necessárias, o que tudo constará do auto.
i) Exame em Veículo
Em termos de local de crime contra a vida é quando se realiza perícia em
veículo relacionado a um homicídio.
j) Reprodução Simulada
“Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à Reprodução
Figura 56: O próprio réu demonstrando suas ações em uma reprodução simulada dos fatos.
Figura 57: Individuo infrator da lei atingido por disparo de projetil de arma de fogo de alta
velocidade (fuzil) em local de morte por intervenção a oposição de agente do estado.
Diego Lameirão