Você está na página 1de 33

Princípios da Criminalística

1. Princípio da observação:

O local e/ou os objetos do crime devem ser examinados


de forma cuidadosa pelo perito a fim de buscar marcas
ou vestígios deixados pelo(s) autor(es) e/ou pela vítima;

Exame a olho nu ou com equipamentos;

“Todo contato deixa uma marca.”, Edmond Locard.


Princípios da Criminalística

2. Princípio da análise:

A perícia é pautada no método científico: observação,


análise, formulação de hipóteses e teorias; testes e
experimentos;

Criteriosa observação e análise do local; coleta dos


objetos e dos vestígios relacionados ao fato criminoso.
Princípios da Criminalística

3. Princípio da interpretação (individualidade):

Dois objetos relacionados a crimes podem ser semelhantes, mas


nunca iguais.

A identificação de um objeto ou vestígio deve ser feita em três graus:

1.identificação genérica;
2.identificação específica;
3.identificação individual.

Exemplos...
Revólver B
Revólver A

Revólver A Revólver B
Identificação genérica Taurus cromado Taurus cromado

Identificação específica cal. 38, mod. 838 cal. 38, mod. 838

Identificação individual nº AA463210 nº AA463218


raiamento X raiamento y
1. Identificação genérica: É sangue?

2. Identificação específica: É humano? Qual o tipo: A, B,...?

3. Identificação individual: Qual o perfil genético – DNA?


Princípios da Criminalística

4. Princípio da descrição:

A descrição detalhada de objetos e de locais relacionados a crimes


deve ser feita de acordo com os princípios e das leis científicas
vigentes;

Exposição clara;

Reprodutibilidade, questionabilidade e refutabilidade;


Princípios da Criminalística

5. Princípio da documentação (cadeia de custódia):

Todo objeto, amostra ou vestígio ou deve ser rigorosamente


documentada e armazenada;

Todas as etapas protocoladas e registradas por escrito;

No levantamento, na embalagem, no protocolo (papel ou digital);

Desde o início das investigações até o final do processo;

Protege a idoneidade da prova material; evita provas forjadas; dá


credibilidade ao vestígio.
Cadeia de custódia

1. Fase externa: no local do crime; no levantamento, na


embalagem da evidência, no transporte, devidamente
identificada e lacrada;

2. Fase Interna: entrega/transferência e registro das evidências


coletadas ou recebidas nos sistemas de registros do
departamento ou seção: livro de registro, arquivo ou programa de
computador/banco de dados (código de barras); armazenamento,
processamento, descarte;

3. Rastreabilidade: o responsável, a origem e todo o percurso


da evidência deverão ser rastreáveis, quando necessário.
Vejam os vídeos do nosso canal e o CPP:

https://www.youtube.com/watch?v=qjrCjeKDhyI

https://www.youtube.com/watch?v=pQ2u8qWRmYQ&t=1739s

Art. 158-A a 158-F do CPP;


A Criminalística atua no sentido de ajudar tecnicamente a
Polícia, a Justiça, o Ministério Público, a defesa;
Polícia: investigação;
Ministério Público: acusação;
Defesa/advogados: inocentar ou atenuar a pena;
Justiça: condenar ou inocentar; agravar ou atenuar a pena.
Como a Criminalística (perícia) ajuda esses órgãos?

1. Acontece uma crime:


a. O que aconteceu? Matou, suicidou-se,...
b. Como aconteceu? Arma de fogo, faca,...
c. Onde? Em casa, no trabalho, na rua...
d. Por que? Pra roubar, por vingança, por ódio, por
imprudência...
e. Quem? Ladrão, desconhecido, vizinho, marido,...
f. Houve auxílio? Quem?
g. Quando? De dia, de noite, hora, ocasião...
Quintiliano, 35-95 d.C.
Como a Criminalística ajuda esses órgãos?
1. Acontece um crime;
2. A polícia judiciária é comunicada: cidadão, PM, imprensa,...;
3. A polícia se certifica do crime;
4. O local é isolado / objeto apreendido;
5. A perícia é acionada;
6. A perícia comparece e examina o local ou objeto;
7. O resultado desse exame, técnico-científico, é exposto em
um relatório (laudo);
8. Esse documento vai para a Polícia (delegado); vai para o MP
(promotor) , Justiça (juiz), advogados.
Com base no laudo...

1.... O delegado (Polícia Civil) indicia (foi fulano...) ou diz que não
houve crime;

2.... O MP (promotor)/assistente de acusação denuncia;

3... A Justiça (juiz) julga, condena ou inocenta;

4... O advogado embasa a defesa do cliente.


Conclusão:

A perícia é um estudo técnico-científico


detalhado do local ou objeto do crime;

Esse estudo é feito por profissionais especializados (peritos


criminais) que materializam o resultado desse estudo no laudo
pericial;
A reunião e análise de todas essas informações...:
Histórico: Como nasceu a Criminalística?

• Necessidade de investigar cientificamente; aplicação justa da lei; Antigos


Impérios;

• Necessidade de investigar cientificamente para saber como o fato


criminoso ocorreu;

• Contradições entre acusado x vítima x acusador;

• Nasceu da Medicina Legal: qual a causa da morte? O que foi usado para
causar a morte? Etc.
A Criminalística nasceu da Medicina Legal

• As perguntas feitas aos médicos começaram a extrapolar os


conhecimentos de medicina;

• Qual o tipo de arma?

• Como era o local em que aconteceu o fato?

• Que substância química foi usada?

• Percebeu-se a necessidade de envolver outros profissionais


especializados além dos médicos!
• Esses profissionais passam a fazer uso de variados ramos do conhecimento
científico para explicar fatos criminosos de diversos tipos;

• Mortes suspeitas: natural, envenenamento (toxicológico) ou sufocamento


(local) ...?

• Morte por precipitação: homicídio, suicídio ou acidente?

• Suicídio ou homicídio: enforcamento, estrangulamento, sufocamento;

• Mortes por atropelamento: acidente ou intencional?

• Os conhecimentos gerados dessa forma deram origem ao que se


conhece hoje como Criminalística.
Como nasceu a Criminalística?

• ano 100 a.C.: imperador romano Júlio César, primeiro “exame de


local”;

• 1560 d. C.: Ambroise Paré, cirurgião, escreveu sobre ferimentos


produzidos por armas de fogo;

• 1651: Paolo Zachias, tratado “Questões Médicas” – pai da Medicina


Legal;

• 1665: o anatominsta Marcelo Malpighi escreve sobre os relevos


papilares das palmas das mãos;
Como nasceu a Criminalística?

• 1753: Boucher, estudos em balística;

• 1805: Áustria, ensino da Medicina Legal;

• 1807: Alemanha, ensino da Medicina Legal;

• 1820: França, ensino da Medicina Legal;

• 1840: Itália, Orfila, Toxicologia, venenos;

• 1844: Herschel, papiloscopia, imutabilidade;


• 1864: Cesare Lombroso, identificação antropométrica;

• 1866: Pinkerton, Chicago, uso de fotografia para identificar


criminosos;

• 1882: Alfonse Bertillón, Serviço de Identificação Judicial;


antropometria; retrato falado;

• 1888: Francis Galton, Inglaterra, estudo comparativo entre o sistema


antropométrico e datiloscópico;
Como nasceu a Criminalística?
• 1892: Hans Gross, pai da Criminalística, Áustria, obra Manual de Juiz
de Instrução:
Antropometria;
Contabilidade;
Desenho Forense;
Documentoscopia;
Explosivos;
Fotografia Forense;
Grafoscopia;
Acidentes ferroviários;
Hematologia; Incêndios;
Exames em armas de fogo...
HANS GROSS (1893)
Criminalística é o estudo do crime e dos métodos práticos de sua
investigação.
JOSÉ LOPES ZARZUELA (1995)

A Criminalística constituiu o conjunto de


conhecimentos científicos, técnicos, artísticos, destinados à
apreciação, interpretação e descrição escrita dos elementos
de ordem material encontrados no local do fato, no
instrumento de crime e na peça de exame, de modo a
relacionar uma ou mais pessoas envolvidas em um evento, às
circunstâncias que deram margem a uma ocorrência, de
provável interesse judiciário.
Como a perícia é tratada na legislação brasileira?

Legislação Penal no Brasil:

Constituição Federal;

Código Penal;

*Código de Processo Penal;

Lei 11.343/06 – Lei Antidrogas;

Lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha...


Código de Processo Penal

• Define os procedimentos processuais a serem adotados pela


Polícia, Ministério Público, Judiciário e defesa após a ocorrência do
crime;

• Como ocorrerá a investigação policial;

• Como as provas serão produzidas;

• Como a pessoa será ouvida, processada e julgada;

• Como será a atuação da Polícia, do Juiz, do Promotor, do advogado.


Código de Processo Penal

CAPÍTULO II

DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM


GERAL

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o


exame de corpo de delito, direto ou indireto...

A confissão do acusado não supre a necessidade da prova


técnica!
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos
formulados.

Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo


máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em
casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e


conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;

(...)

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a


quaisquer outras perícias;
Principais perícias mencionadas no CPP

• Autópsia;
• Lesões corporais;
• Exumação;
• Local de morte;
• Perícias de laboratório;
• Perícias em locais de roubo ou furto (subtração de coisas),
art. 171;
• Avaliação econômica indireta;
• Locais de incêndio;
• Documentos e escritos;
• Perícias em objetos: armas, veículos, animais etc.
Vestígios, evidências e indícios (definições, classificações).

Vestígio: tudo que é encontrado no local e examinado, que pareça


ter relação com a dinâmica do crime; depois de examinado pode se
transformar em elemento de prova, individualmente ou associado a
outros.
• Vestígio: Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente,
constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. Art. 158-A, § 3º,
CPP;

Você também pode gostar