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CRIMINALÍSTICA

1 Histórico e doutrina da Criminalística;


2. Postulados da criminalística;
3. Noções e princípios da Criminalística;
4. Tipos de Provas: prova confessional, prova testemunhal, prova documental e prova pericial;
5. Métodos da Criminalística
6. Corpo de Delito: conceito;

7. Classificação dos locais de crime:


7.1. Quanto à natureza do fato;
7.2. Quanto à natureza da área: local de crime interno e local de crime externo;
7.3. Quanto à divisão: local mediato, imediato e relacionado;
7.4. Quanto à preservação: idôneo e inidôneo;
7.5. Isolamento de local.

8. Documentos criminalísticos: auto, laudo pericial, parecer criminalístico;

9. Finalidade da criminalística: constatação do fato, verificação dos meios e dos modos e possível
indicação da autoria.
INTRODUÇÃO

A Criminalística é uma área do conhecimento que se ocupa com o estudo da materialização e da


causa técnica dos crimes. Trata da detecção, bem como da coleta de vestígios.
Procura também contribuir para a identificação da autoria do crime, trabalhando com a dinâmica
do modo de atuação dos autores. Além disso, a Criminalística atua de modo interdisciplinar, isto é:
associada a outras áreas do conhecimento, como as engenharias, a Medicina Legal, a
Papiloscopia, a Informática, Geologia, Biologia, Química, Documentoscopia, Grafoscopia etc.

São objetivos da Criminalística:


a. Materializar o local e os objetos do crime;
b. Detectar vestígios e coletá-los;
c. Propor meios, circunstâncias e a dinâmica do crime;
d. Propor a autoria do crime (sempre que possível).

CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS CORRELATOS

A Criminalística se ocupa dos vestígios materiais extrínsecos do corpo de delito. Entende- se


como vestígios materiais extrínsecos, todas as alterações deixadas no local do crime pela
dinâmica adotada pelo autor.
Exemplo: Em uma avenida onde acabou de ocorrer um acidente é comum encontrar marcas de
frenagem, fragmentos dos veículos envolvidos, os pontos de repouso dos carros e das vítimas,
entre outros.

CORPO DE DELITO: Conjunto de alterações físicas, químicas, biológicas, de dados (como no


caso de crimes cibernéticos e afins), e outras, deixadas no local ou no objeto pela dinâmica do
crime. Essas alterações são chamadas de vestígios materiais. O corpo da vítima não é
considerado corpo de delito, mas um dos elementos do corpo de delito.
EXAME DE CORPO DE DELITO: Exame de corpo de delito “é uma análise feita por pessoas com
conhecimentos técnicos ou científicos sobre os vestígios materiais deixados pela infração penal
para comprovação da materialidade e autoria do delito.” (LIMA, Renato Brasileiro de. Código de
Processo Penal comentado.
VESTÍGIO: É todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se
relaciona à infração penal (Art. 158A, § 3º, CPP).

ATENÇÃO: Enquanto a Criminalística se preocupa com os vestígios materiais extrínsecos ao


corpo, isto é: com as marcas ambientais deixadas pela dinâmica do autor do crime, a Medicina
Legal trata dos vestígios intrínsecos ao corpo, as marcas presentes no corpo. Essa distinção
costuma ser cobrada em provas.

OS POSTULADOS DA CRIMINALÍSTICA

Postulados são breves afirmações consideradas verdadeiras para fundamentar teorias e


conclusões de diversas áreas da ciência. Nas ciências, qualquer afirmação ou premissa que é
aceita sem questionamento, sem a necessidade de ser provada. É um consenso para a
construção de uma nova teoria.

No caso da Criminalística, existem três postulados:


- O conteúdo do laudo pericial não deve variar com o perito que o produziu; impessoal; visum et
repertum (ver e reportar);
- As conclusões da perícia são independentes dos meios utilizados para alcançá-las;
- As conclusões da perícia independem do tempo(verdade).
Esses três postulados podem ser resumidos em apenas um: a prova pericial, o objeto probatório
que é construído pela Criminalística em seus trabalhos, não varia em tempo, não veria entre os
profissionais e nem com a época (para fins de prova). Trata-se de uma análise que visa examinar,
detectar e relatar os fatos analisados. É assim considerando objetos científicos objetivos
(Matemática, Biologia, Química, Física, Medicina etc). Na prática, isso significa que acidentes
semelhantes, por exemplo, terão método de análise e conclusões análogos, independente de
quem realiza a perícia e do intervalo temporal.

PRINCÍPIOS DA CRIMINALÍSTICA

A Criminalística, enquanto ciência, é regida por cinco princípios: a saber: Documentação (Cadeia
de Custódia); Observação; Interpretação (Individualidade); Descrição; Análise.

Obs.: Outro mnemônico possível para os princípios da Criminalística é ODAID: observação,


descrição, análise, interpretação e documentação.

Observação (Princípio de Locard ou da Dupla Troca): Edmond Locard, pioneiro da ciência


forense, postulou que “todo contato deixa uma marca”, isto é: toda conduta tem como implicação
algum registro. Disso deriva a noção de observação como um princípio do fazer criminalístico. Na
prática, observar significa considerar cuidadosamente, por parte do perito, marcas ou vestígios
deixados pelo(s) autor(es) e/ ou pela(s) vítima(s) do crime. Esses vestígios podem estar tanto no
local do crime, como nos corpos de vítima(s) e autor(es). Trata-se de uma análise que pode ser
realizada a olho nu ou por meio de equipamentos adequados (lupa, câmera fotográfica,
microscópios etc).

ATENÇÃO: O Princípio da Observação, de Edmond Locard, cai rotineiramente em provas. Por


isso, deve-se atentar muito a ele.

- Análise: A perícia é pautada no método científico: observação, análise, formulação de hipóteses


e teorias, testes e experimentos. A análise, para os fins da criminalística é uma criteriosa
observação e análise do local, além da coleta dos objetos e dos vestígios relacionados ao fato
criminoso.

- Interpretação (Individualidade, Identificação ou Princípio de Kirk): Paul Kirk foi um


importante bioquímico, cientista forense e perito acadêmico norteamericano, que, por seus
conhecimentos, foi muito chamado em ocorrências policiais para a realização de perícias, mesmo
não sendo policial ou investigador. O princípio da interpretação (ou da individualidade) diz que
dois objetos relacionados a crimes podem ser semelhantes, mas nunca iguais. Logo, identificá-los
se faz necessário. Tal identificação deve ser realizada nos seguintes termos (graus):
• Primeiro grau: Identificação genérica;
• Segundo grau: Identificação específica;
• Terceiro grau: Identificação individual.

ATENÇÃO: Candidatos às carreiras de perito, de papiloscopista e de carreiras auxiliares à perícia


precisam ler sobre importantes nomes da perícia mundial: Paulo Kirk, Edmond Locard, Hans
Gross e outros.

EXEMPLO: Imagine que certo perito encontra duas armas de fogo idênticas em um ambiente de
crime. Apesar de, a olho nu, as armas serem praticamente iguais, uma análise detalhada pode
mostrar as diferenças entre elas:
ARMA A:
• Identificação genérica: Taurus cromado (modelo)
• Identificação específica: cal. 38, mod. 838
• Identificação individual: n. AA463210 n. AA463218 raiamento X
ARMA B:
• Identificação genérica: Taurus cromado (modelo)
• Identificação específica: cal. 38, mod. 838
• Identificação individual: n. AA463218 raiamento y

O raiamento no interior do cano da arma de fogo é um microesfriamento helicoidal presente em


armas de alma raiada, oriundo da penetração de uma broca no cano da arma no momento da
fabricação. Os raiamentos podem ser bastante semelhantes entre si, mas submetê-los a um
microscópio balístico mostrará as distinções, provando a distinção entre as armas.

EXEMPLO: Em outra situação, um perito encontra diferentes manchas vermelhas em


determinado
lugar durante um chamado.
• Identificação genérica: é sangue?
• Identificação específica: se sim, é humano? Qual o tipo? A? B? Outro? Qual o fator RH?
• Identificação individual: qual o perfil genético (DNA)?

ATENÇÃO: As provas costumam cobrar conhecimentos ligados ao Princípio de Kirk de forma


detalhada geralmente em provas para candidatos ao cargo de perito. Para outros candidatos,
basta saber o conceito do princípio.

- Princípio da Descrição (Descritivo): Descrição detalhada de objetos e de locais relacionados a


crimes, feita de acordo com os princípios e das leis científicas vigentes, com exposição clara,
reprodutibilidade, questionabilidade e refutabilidade. A descrição funciona como um registro útil
aos peritos em momentos de reconstituição e de simulação controlada, além da própria utilização
destas informações em julgamentos futuros.

- Documento (Cadeia de Custódia) - artigos 158-A a 158-F (CPP): Primeiro, não confundir o
princípio da descrição com o princípio da documentação (ou da cadeia de custódia), pois
enquanto o primeiro trata do registro das práticas periciais e de suas conclusões, o segundo fala
da necessidade de uma documentação formal e adequada que envolve os registros feitos. Por
exemplo: quando um perito encontra um projétil em uma cena de crime, a descrição é feita por
meio de registro fotográfico de sua localização (fixação, isto é: registro geográfico), bem como
pela edição de relatório de toda a situação encontrada.
Uma vez isso feito, segue-se a documentação, como o acondicionamento adequado do projétil
para consultas futuras. Na prática, o princípio da documentação implica no armazenamento
adequado de objetos, amostras ou vestígios, sem deixar de documentá-los devidamente.
Ademais, todas as etapas da perícia precisam ser protocoladas e registradas por escrito no
levantamento, na embalagem do vestígio e também no protocolo correspondente (papel ou
digital).
Tudo isso deve acontecer do início ao fim de processo pericial visando a idoneidade da prova
material para evitar provas forjadas, dando, assim, credibilidade ao vestígio analisado.
Exemplo de documentação. No caso, o acondicionamento de material entorpecente devidamente
guardado e classificado. Uma vez que o perito faz o procedimento documental, o vestígio é
enviado para análise, de modo que qualquer movimentação é registrada e atualizada.

FASES DA CADEIA DE CUSTÓDIA

• FASE EXTERNA: Procedimentos que acontecem do local do crime à delegacia: levantamento


do local da evidência, transporte, identificação, lacração etc.
• FASE INTERNA: Procedimentos que ocorrem na delegacia policial e no instituto de
criminalística: entrega, transferência e registro das evidências coletadas ou recebidas nos
sistemas de registros do departamento ou seção (livro de registro, arquivo ou programa de
computador/banco de dados (código de barras); armazenamento, processamento, descarte).
• RASTREABILIDADE: Acompanhamento de todo o percurso da evidência, movimentações e
alterações.

A ATUAÇÃO DA CRIMINALÍSTICA

A Criminalística atua no sentido de ajudar tecnicamente a Polícia (com a investigação), o


Ministério Público (com a acusação), a defesa (visando inocentar ou atenuar a pena) e a Justiça
(visando a condenação de um culpado e/ou a absolvição de um inocente). Na prática, as provas
periciais colhidas pelos peritos no local onde o crime aconteceu geram um laudo, que é recebido
pelo delegado. A partir desse laudo e de outras informações relevantes, o delegado de polícia
chegará a conclusão se houve ou não crime, gerando a necessidade (ou não) de indiciamento.
Em caso positivo, todos os registros são enviados ao Ministério Público, que, por sua vez, com
base no laudo pericial e em outras informações, formaliza a denúncia (no caso de constatado o
crime). A partir disso, o juiz, com base em todas as provas materiais e afins, informações,
registros e documentos, além do próprio curso do processo penal e outras informações, chega à
conclusão do caso no julgamento: condenação, absolvição, redução de pena etc. Inclusive, não
somente o juiz faz uso das informações periciais, como também a acusação e a defesa em seus
trabalhos. Assim, percebe-se que o trabalho pericial é essencial e indispensável para o trabalho
penal e judiciário.

Como a Criminalística (perícia) ajuda esses órgãos?


Acontece um crime: O que aconteceu? Como aconteceu? Onde aconteceu? Por quê (Aspecto
subjetivo do crime, apurado por análise cartorária via trabalho das autoridades policiais e dos
investigadores, não cabendo à perícia criminal)? Por quem? Houve auxílio? Quando?

A Criminalística se concentra mais nos aspectos objetivos do crime a partir de uma análise
científica dos materiais objetivos (princípio da análise criminal). Isso é feito a partir da resolução
dos itens destacados acima, que agrupados são chamados de Heptâmetro (sete partes) de
Quintiliano (as Sete Perguntas de Quintiliano). Quintiliano foi um dos grandes precursores da
ciência investigativa no mundo, tendo vivido no século I d.C. (35 a 95).

Partes do trabalho pericial

1. Acontece um crime (alguém testemunha um assassinato);


2. A polícia judiciária é comunicada (a testemunha registra um boletim de ocorrência);
3. A polícia se certifica do crime (a polícia visita o local onde o crime ocorreu para se certificar dos
fatos);
4. O local é isolado/objeto apreendido (havendo a certeza dos fatos, a polícia preserva o local do
crime e seus elementos, isolando-os);
5. A perícia é acionada;
6. A perícia comparece e examina o local ou objeto;
7. O resultado desse exame, técnico-científico, é exposto em um relatório (laudo);
8. Esse documento vai para a Polícia (delegado), seguindo para o MP (promotor), para a Justiça
(juiz) e para advogados.
No Judiciário, tanto a acusação, como a defesa e o juizado farão uso do laudo pericial para as
suas discussões, valendo-se dos estudos técnicos-científicos realizados; estudos estes
produzidos por profissionais especializados (peritos criminais) que materializam o resultado desse
estudo no laudo pericial.

A natureza do trabalho da perícia

A perícia é um estudo técnico-científico detalhado do local ou objeto do crime. Tal estudo é


realizado por profissionais especializados (peritos criminais) que materializam o resultado desse
estudo no laudo pericial. Todas as informações são analisadas e reunidas documentalmente,
originando o laudo técnico.

BREVE HISTÓRICO DA CRIMINALÍSTICA

O histórico da Criminalística é cobrado em edital nos seguintes termos: conceitos e postulados da


Criminalística, os seus princípios e a sua origem.
Na Antiguidade, quando alguém muito estimado da alta corte falecia, era um médico de confiança
o responsável por analisar o cadáver a fim de constatar a razão da morte. Nascia a Medicina
Legal, da qual decorre a Criminalística. Entretanto, descobrir as circunstâncias dos óbitos,
questionamentos que extrapolam os conhecimentos médicos começaram a ser feitos, razão pela
qual passou a ser necessário outros conhecimentos (físicos, químicos, matemáticos,
farmacêuticos etc) para a elucidação de uma morte, especialmente as de origem criminosa.
Davam-se então os primeiros passos rumo à Criminalística. A história registra que foi o imperador
romano Júlio César o primeiro a solicitar um exame de local de crime. Muitos anos depois, no
século 20, o termo “Criminalística” foi utilizado pela primeira vez pelo jurista áustriaco Hans Gross
para definir a investigação criminal científica.

A Criminalística surge para investigar cientificamente um crime visando a justa aplicação da lei,
datando desde os mais antigos impérios. Além disso, tal ciência aparece a partir da necessidade
de investigar um fato criminoso, elucidando possíveis contradições entre acusado, vítima e
acusador.

Linha do tempo

• 100 a.C.: Imperador romano Júlio César, o primeiro a solicitar um “exame de local”;
• 1560 d. C.: Ambroise Paré, cirurgião, escreveu sobre ferimentos produzidos por armas de fogo;
• 1651: Paolo Zachias, tratado “Questões Médicas” – pai da Medicina Legal;
• 1665: O anatomista Marcelo Malpighi escreve sobre os relevos papilares das palmas das mãos,
importante para a Papiloscopia.
• 1753: Boucher, estudos em balística;
• 1805: Áustria, ensino da Medicina Legal;
• 1807: Alemanha, ensino da Medicina Legal;
• 1820: França, ensino da Medicina Legal;
• 1840: Itália, Orfila, Toxicologia, venenos;
• 1844: Herschel: papiloscopista, trabalhando a ideia de imutabilidade;
• 1864: Cesare Lombroso, médico e antropologista italiano, desenvolveu o método da
identificação antropométrica, sendo um dos precursores da Criminologia (membro da escola
positivista).
• 1866: Pinkerton, Chicago, uso de fotografia para identificar criminosos;
• 1882: Alfonse Bertillón, Serviço de Identificação Judicial; antropometria; retrato falado;
• 1888: Francis Galton, Inglaterra, estudo comparativo entre o sistema antropométrico e
datiloscópico. Deu importantes contribuições à Papiloscopia;

Obs.: Há uma discussão acadêmica sobre quem seria o pai da Criminalística: para alguns
Ambroise Paré, para outros Paulo Zachias. De todo modo, sabe-se que muitos foram os
profissionais que precederam essa ciência, visto a sua interdisciplinaridade.
ATENÇÃO: Não confundir a Criminalística com a Criminologia: a Criminalística visa investigar
objetivamente um crime a partir do caso concreto e de vestígios a partir das ciências naturais,
exatas e semelhantes. A Criminologia, por sua vez, é uma área do conhecimento próxima das
ciências humanas, visando o estudo do crime do ponto de vista sociológico, econômico,
psicológico, filosófico, ontológico e antropológico, apontando as suas origens, impactos sociais e
afins, além de sugerir possíveis métodos de controle, coisas que a Criminalística não faz.

A origem da Criminalística como ciência

Em 1892, Hans Gross, jurista austríaco tido como um dos pais da Criminalística, publica a obra
“Manual do Juiz de Instrução”, oferecendo aos operadores do Direito diversos conhecimentos nas
áreas de antropometria, contabilidade, documentoscopia, explosivos, fotografia forense,
grafoscopia, acidentes ferroviários, hematologia, incêndios, armas de fogo etc, para auxiliá-los ao
tratar com casos criminosos. Para Gross, a Criminalística não é nada mais do que o “estudo do
crime e dos métodos práticos de sua investigação”. Segundo2 José Lopes Zarzuela, outro
importante criminalista: “A Criminalística constituiu o conjunto de conhecimentos científicos,
técnicos, artísticos, destinados à apreciação, interpretação e descrição escrita dos elementos de
ordem material encontrados no local do fato, no instrumento de crime e na peça de exame, de
modo a relacionar uma ou mais pessoas envolvidas em um evento, às circunstâncias que deram
margem a uma ocorrência, de provável interesse judiciário”.

A CRIMINALÍSTICA NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL BRASILEIRO

O Código de Processo Penal define os procedimentos processuais a serem adotados pela Polícia,
Ministério Público, Judiciário e defesa após a ocorrência do crime, descrevendo como ocorrerá a
investigação policial, como as provas deverão ser produzidas, como os envolvidos e citados
devem ser ouvidos, processados e julgados, como será a atuação dos policiais, do juiz, do
promotor e da defesa.

TEXTOS LEGAIS IMPORTANTES

Art. 158 - Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto.
A confissão do acusado não supre a necessidade da prova técnica!
Art. 160 - Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que
examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único - O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas,
até a chegada dos peritos criminais;
II - Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
(...)
VII - Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias.

PERÍCIAS MENCIONADAS NO CPP

• Autópsias;
• Lesões corporais;
• Exames diversos;
• Local de morte;
• Perícias laboratoriais;
• Perícias em locais de furto e roubo (subtração): artigo 171;
• Avaliação econômica diversa;
• Locais de incêndio;
• Documentos e escritos;
• Perícias em objetos, armas, veículos etc.

ATENÇÃO: Pontos do Código Processual Penal sobre a Criminalística que merecem especial
atenção em virtude da alta cobrança em provas:
• As principais perícias;
• Isolamento e preservação de local de crime (artigo 6º/CPP);
• O prazo de dez dias para a elaboração de laudo pericial (podendo ser aumentado
excepcionalmente a pedido dos peritos): artigo 160 e o seu respectivo parágrafo único;
• Artigo 158.

Outras legislações importantes para a Criminalística e para o trabalho da perícia

O trabalho pericial, por causa da sua importância, acaba por respingar em outras leis que não o
Código Processual Penal em vigor:
• A Constituição Federal de 1988,
• O Código Penal;
• Lei 11.343/06 – Lei Antidrogas;
• Lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha.

VESTÍGIO

Tudo que é encontrado no local e examinado, que pareça ter relação com a dinâmica do crime;
depois de examinado pode se transformar em elemento de prova, individualmente ou associado a
outros. São as alterações deixadas no local do crime pela dinâmica adotada pelo autor da ação
criminosa. Exemplos de vestígios: orifício em uma parede oriundo de projétil de arma de fogo, o
arrombamento de uma fechadura, um frasco de veneno encontrado em um local onde ocorreu um
suicídio, entre outros. O Código de Processo Penal, artigo 158-A, parágrafo terceiro, define
vestígio nos seguintes termos: “todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou
recolhido, que se relaciona à infração penal”.

Classificação

Existem três tipos de vestígios:

- VERDADEIROS: São os vestígios diretamente relacionados ao desenrolar do crime. Foi deixado


no local pelo autor ou pela vítima. São exemplos vestígios de verdadeiros: manchas de secreções
corporais em ambientes de crime sexual, projétil deixado pelo autor de um assassinato,
impressões digitais onde aconteceu um crime de furto ou roubo etc.

- ILUSÓRIOS: Vestígios identificados no local do crime, mas sem relação com a dinâmica dos
fatos. Não pode ter sido colocado de forma intencional. Exemplos: marcas de frenagem em curvas
acentuadas de uma rodovia. Ora, como se sabe, em lugares assim é comum a ocorrência de
acidentes. Uma vez que a perícia confirma a não relação dessas marcas com o crime analisado,
classifica-se tal evidência como ilusória.

- FORJADOS: O vestígio forjado é aquele que não faz parte da dinâmica do crime.
É colocado intencionalmente com o intuito de alterar a cena do crime, prejudicar alguém, a perícia
e as investigações.

Obs.: O vestígio pode ser também químico, físico, biológico, visível, latente (invisível a olho nu) e
outros.

EVIDÊNCIA

Entende-se por evidência o vestígio comprovado como parte da dinâmica criminosa no desenrolar
do crime pela análise e investigação pericial. Em outras palavras, a evidência nada mais é do que
o vestígio identificado como fruto da ação criminosa.
Exemplos: Cigarro deixado em local de furto pelo autor, a impressão digital deixada em um copo
pelo autor, um manuscrito escrito pela vítima encontrado em local de suicídio (Após análise
grafotécnica), preservativo deixado por estuprador etc.

INDÍCIO

O indício é uma informação relacionada ao crime, não sendo, necessariamente, algo físico,
químico, biológico. De acordo com o artigo 239 do CPP, o indício é tido como “a circunstância
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a
existência de outra ou outras circunstâncias”. Sobre esse assunto, a leitura do artigo “Indício deve
ser aplicado com cautela no processo penal”, de Frederico Cattani, é recomendada (disponível no
portal Consultor Jurídico).

NOÇÕES DE TEORIA GERAL DAS PROVAS

Para a doutrina e para o Código de Processo Penal (CPP), os principais dispositivos de prova são
os artigos 155 a 250. Lembrando que o enfoque dessa disciplina é a criminalística, que é a ciência
que estuda o meio das produções de provas periciais, principalmente as perícias em objetos e
locais, embora também estude em pessoas, na parte externa (Exame perinecroscópico).

Mas o Código de Processo Penal, quando trata de perícia, mistura tudo. As perícias estão nos
dispositivos 158 a 184 do CPP, que tratam das perícias e dos peritos, e muito frequentemente o
legislador mistura prova pericial de exame de local ou de objetos com exame de pessoas. Muitos
dispositivos não fazem distinção entre perito criminal, perito criminalístico e perito médico-legista.
A prova pericial consta nos dispositivos dos artigos 158 a 184, mas se voltar dois ou três artigos,
ainda trata de aspectos processuais penais da prova.
Lembrando que, como o objeto deste estudo é a criminalística, o enfoque são as provas periciais.

A base desse estudo é a norma, a legislação, os dispositivos mencionados, o CPP e alguns


conceitos do Guilherme de Souza Nucci, que é um dos principais doutrinadores de processo penal
no Brasil e frequentemente cobrado em provas.

PROVA - Nada mais é que qualquer elemento de convicção e convencimento para convencer o
juiz e os outros atores do processo do acontecimento ou não de algum fato.
Conceito, NUCCI
Prova: Probatio, latim; verificação, argumento, razão, aprovação etc;
Provar: Probare; verificar, argumentar, persuadir, demonstrar;
Prova, DPP: Busca da verdade material, real ou substancial; o que de fato ocorreu, com
relevância penal.
Prova, DPC: Verdade formal ou instrumental (trazida nos autos).

Quando se fala de prova, é preciso fazer uma diferenciação: existe a prova em sentido amplo e a
prova em sentido estrito. A prova em sentido amplo, para a doutrina, é tudo aquilo que serve para
provar, inclusive informações, documentos trazidos durante o inquérito policial.
Mas, rigorosamente, o sentido técnico e estrito de prova é a prova produzida no processo judicial,
aquela que dá direito ao contraditório e à ampla defesa, diferentemente das provas no sentido
amplo.
Prova, sentido amplo: Elementos de convicção obtidos no IP e na AP;
Prova, sentido estrito: Elementos de convicção obtidos na AP; IP: conjunto de elementos de
convicção; justa causa para iniciar AP (deverão ser repetidos na fase judicial).

Fundamentos legais

Art. 5º e 93, IX, da CF; princípios contraditórios, ampla defesa, provas lícitas;
Art. 6º; 155 a 157; 158 a 250, do CPP;

Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas,
até a chegada dos peritos criminais (CRIMINALÍSTICA);
II - Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais
(após examinados ou periciados);
III - Colher todas as provas (elementos de informação) que servirem para o esclarecimento do fato
e suas circunstâncias; (...)
VII - Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito (ECD - nada mais são
que perícias) e a quaisquer outras perícias;

Obs.: A perícia pode ser em um objeto real ou virtual, por exemplo, em um local de crime, físico
ou virtual, como um site onde haja a prática de crimes (pedofilia, fiscais, tributários etc).

Art. 155 - O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis (Ex.: Exame
pericial/ECD) e antecipadas (Escuta telefônica).

“Princípio do livre convencimento motivado”


Por exemplo o juiz, na fase judicial ou na fase do inquérito policial, precisa de um depoimento de
uma testemunha que está muito enferma, em estado terminal, e os médicos já deram poucos dias
de vida para ela. O juiz poderá requerer a produção dessa prova, a colheita cautelar do
testemunho dessa pessoa, de forma antecipada, evitando que essa prova se perca com a morte
dessa pessoa.

Art. 156 - A prova da alegação incumbirá a quem a fizer – ônus da prova, sendo, porém, facultado
ao juiz de ofício – iniciativa probatória:

O juiz, apesar da possibilidade de solicitar tais provas, não possui qualquer obrigação de produzi-
las, cabendo somente a iniciativa probatória.

I - Ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas


consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade
da medida;

São consideradas provas urgentes e relevantes as provas cautelares, as não repetíveis e as


provas antecipadas (alusão ao art. 155).

Art. 157 - São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

Provas ilícitas: Ocorrência de violação de direito material.


Exemplos: Tortura, escutas não autorizadas etc.
Provas ilegítimas: Ocorrência de violação processual.

1º - São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (...);

Parágrafo embasado pela “Teoria da árvore dos frutos envenenados”. Uma vez que a prova
possua origem em uma ocorrência ilícita ou ilegítima, ela também será considerada como tal.
Exemplo: Confissão obtida por meio de prática de tortura, que resulta em busca e apreensão.
Constatada a contaminação, ambas serão desentranhadas do processo.

Teoria Geral das Provas – Pontualidades

• Prova em sentindo técnico ou estrito: É o elemento de convicção produzido sob o crivo do


contraditório e ampla defesa;
• Finalidade: Influenciar no convencimento do juiz;
• O juiz tem o dever de motivar e de fundamentar as decisões com base no que foi apresentado –
provas – nos autos pelas partes. Art. 93, IX, CF;
• O juiz pode complementar as provas, na busca pela verdade real (iniciativa probatória);
• O inquérito policial não dispõe de contraditório e ampla defesa, tendo como resultado elementos
de informação, sendo incapaz de produzir provas em sentido estrito;
• Inquérito Policial: Elementos de convencimento para a justa causa da ação penal;
• O que se produz no inquérito policial deve ser repetido na ação penal;
• Exceções: Provas cautelares, irrepetíveis, antecipadas, conforme art. 155:

Art. 155 - O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Fontes de prova

“Coisas”: Perícias e documentos;


“Pessoas”: Confissão e prova testemunhal.

Meios de prova

Provas nominadas: Tipos de provas expressamente nominados no Código de Processo Penal.


Confissão, testemunhal, acareação etc.;
As provas poderão ser nomeadas típicas e atípicas;
Prova nominada típica: Nomeada direta no Código de Processo Penal e com disposição
detalhada para sua obtenção;
Prova nominada atípica: O CPP não traz o procedimento, pois considera-se que cada caso
concreto possui sua própria técnica para a obtenção, desde que o processo se enquadre as
normas legais, a razoabilidade, a ética e as noções de proporção.
Exemplo: Reprodução simulada (Art. 7º). Para verificar a possibilidade de a infração ter sido
praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada (...)

ATENÇÃO: A autoridade policial não realiza a reprodução simulada por si só, sendo de encargo
dos peritos criminais. Seu papel é garantir as condições necessárias para a realização de tal.

Princípio da Liberdade Probatória

Via de regra, as partes gozam do princípio da liberdade probatória, podendo utilizar todos os
meios lícitos de prova a sua disposição. Apesar dessa definição, existem três situações que são
enquadradas como exceções:
1) Estado de pessoas: Admite-se apenas prova descrita na lei civil;
2) Vestígios, testemunha: Realização de exame de corpo de delito, única forma admitida pela lei
penal. Quando os vestígios se desfizerem, é admitida a prova testemunhal, conforme definição do
próprio Código de Processo Penal;
3) Provas ilícitas: Não admitidas.

MEIOS DE PROVA

Conceito: Recursos diretos ou indiretos para alcançar a verdade. Objetiva fomentar a convicção e
o conhecimento da autoridade judiciária para que ela embase suas decisões.
Exemplos: Exame pericial, prova documental, testemunhal, confissão etc.
• Apenas as provas lícitas são admitidas;
• Provas derivadas das ilícitas ou ilegítimas: Não serão admitidas, devendo ser
desentranhadas do processo legal.
Exemplo: Busca e apreensão derivada de confissão proveniente de tortura;
• Prova emprestada: Admitida em DPP, desde que preservadas as garantias quando da
produção, na origem;
• Necessária a garantia do contraditório e a ampla defesa.
FINALIDADE E OBJETO DE PROVA

• Finalidade: Convencer o juiz a respeito de um determinado fato litigioso.


• Exemplo: Comprovação da ocorrência de um crime de dano.
• Objeto da prova: Os fatos que a parte pretende demonstrar, dispostos de forma técnica.
• Exemplo: Em um crime de dano, observou-se porta e janela danificadas, laudos etc.
Estes serão os objetos do crime de dano.

ÔNUS DA PROVA

Ônus: Onus, latim. Peso, fardo, carga. Relacionado ao encargo de provar.


Ônus da prova: É da acusação, que apresenta a imputação em juízo através da denúncia ou
queixa-crime.
“O ônus da prova da acusação é de quem a fizer.”

TIPOS DE PROVA

Prova Confessional, Art. 197 a 200, CPP: Confissão; admitir algo contra si, tendo pleno
discernimento, de forma voluntária, perante a autoridade.
Sujeito insano ou doente mental: Não poderá confessar ou admitir sua culpa validamente.
Via de regra, constará no processo como informante ou acusado. Os fatos por ele narrados serão
aproveitados pelo juiz levando-se em consideração o conjunto das provas, atribuindo o juiz maior
ou menor valor à confissão disposta pelo sujeito.
Voluntariedade: Embasamento da confissão, onde o sujeito deve encontrar-se livre de pressão,
coação ou constrangimentos (Tortura ou ameaça).
Da Confissão
Art. 197 - O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de
prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo,
verificando se entre ela e está existe compatibilidade ou concordância.
Art. 198 - O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a
formação do convencimento do juiz. (...)
Art. 200 - A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz,
fundado no exame das provas em conjunto.

O art. 200, ao definir que a confissão é retratável, admite que ela seja retirada pelo autor.
Quanto a seu caráter divisível, refere-se à possibilidade de uma confissão realizada de forma
parcial, frente a um crime de natureza complexa ou da ocorrência de mais de um crime.

ATENÇÃO: O Código de Processo Penal é enfático quanto ao fato de que nenhum tipo de prova
deverá ser levado em consideração de forma isolada, sendo o conjunto das provas que deverá
fundamentar e motivar o livre convencimento do juiz.

Prova Testemunhal: Testemunha, Art. 202 a 225, CPP: pessoa que declara ter conhecimento de
algo, podendo confirmar a veracidade ou não do ocorrido. Pessoa física capaz e imputável.
Compromissos: imparcialidade e verdade, sob pena de responder pelo crime de falso
testemunho (Art. 342).
Algumas classificações testemunhais:
• Testemunha direta: Presenciou o fato. Também conhecida como testemunha ocular;
• Indireta: Soube do fato por terceiros;
• Referidas: Indicadas por outras testemunhas;
• Judicial: Indicada pelo juiz;
• Fedatária/Instrumentária: Dispõe a fé a determinado ato jurídico.
Informantes: Não prestam compromisso com a verdade. Para a doutrina, os informantes são uma
classificação de testemunha não compromissada.
• Doentes mentais;
• Menores de 14 anos;
• Cônjuge, ascendentes, descendentes, irmãos;
• Pai, mãe e filho adotivo.

ATENÇÃO: Informantes podem se eximir de depor, salvo se for único meio de prova ou
estritamente necessário para o mérito de convencimento do juiz.

Das Testemunhas
Art. 202 - Toda pessoa poderá ser testemunha.
Art. 203 - A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber
e Ihe for perguntado, (...);
(...)
Art. 206 - A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto,
recusar-se (...) “familiares e parentes”.
Art. 207 - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
seu testemunho.
(...)
Art. 209 - O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas
pelas partes.
(...)
Art. 211 - Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez
afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá (...).
(...)
Art. 218 - Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado,
o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por
oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.

PROVA DOCUMENTAL

A prova documental objetiva a comprovação de algo que tenha ocorrido ou deixado de ocorrer
fazendo o uso de documentos. Referida pelo Código de Processo Penal em sentido amplo,
corresponde ao objeto ou material capaz de conter informação que possa provar ou demonstrar
fato de relevância jurídica.
Exemplos: Escritos, impressos, imagens de foto ou de vídeo, áudios etc.

Juntada: Em regra, admite-se a inclusão de tais provas no processo em qualquer de suas fases,
desde que haja ciência das partes.

Documento Nominativo x Anônimo: Documentos escritos somente são aceitos quando de


autoria conhecida (nominativos). A documentação anônima é aceita desde que seja do tipo foto,
vídeo ou imagem por outro meio, sem que haja a violação de direitos conexos.

Documentos no processo: No geral, devem ser apresentados na íntegra. Mediante dúvidas de


sua integridade ou quanto a realização de alterações, o documento deverá passar por
procedimento de perícia.

Rasuras ou alterações: O documento deve ser apresentado sem rasuras, alterações ou


emendas. A constatação de qualquer uma dessas ocorrências resultará em perícia/ prova pericial.

Língua Estrangeira: Documentos dispostos em língua estrangeira deverão ser traduzidos,


evitando alegações futuras.

Os Documentos

Art. 231 - Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em
qualquer fase do processo.
A apresentação é permitida desde que ambas as partes possuam conhecimento de tal.

Art. 232 - Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou


particulares.
Parágrafo único - À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor
do original.

Art. 233 - As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão
admitidas em juízo.

A prova é considerada ilícita, devendo ser desentranhada do processo.

Parágrafo único - As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a
defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário (remetente).

Art. 234 - Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da
acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das
partes, para sua juntada aos autos, se possível – “princípio da iniciativa probatória do juiz”.

Art. 235 - A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial, quando
contestada a sua autenticidade.

A autenticidade da letra e da própria assinatura é validada por meio da perícia grafotécnica.

Art. 236 - Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se
necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela
autoridade.

A pessoa idônea nomeada pela autoridade será equiparada a perito ou intérprete.

Todos os tipos de prova dispostos inter-relacionam-se, dessa forma, uma prova documental pode
necessitar de perícia e essa por sua vez necessitar de uma testemunha, confissão etc. Tais
relações dispõem-se conforme seja necessário para o próprio rito jurídico, composto pelas provas.

PROVA PERICIAL

Ainda que para a maior parte da doutrina a prova pericial seja considerada a principal das provas,
uma vez que ela se baseia no conhecimento técnico-científico e em teorias universalmente
aceitas, algumas vezes, a perícia trabalha com provas testemunhais.
No Brasil, por exemplo, o modelo de laudo utilizado pela maioria dos órgãos de perícia prevê em
um de seus tópicos o histórico, onde o perito criminal ou médico legista, ao produzir o laudo,
dispõe um breve histórico sobre a situação, o qual geralmente é apresentado por testemunhas as
quais presenciaram o fato ou trazem versões de pessoas que presenciaram.
Não necessariamente, a versão disposta se confirmará frente a realização do exame pericial e seu
conjunto probatório, que será construído por meio dos demais elementos obtidos.
Além do laudo do exame pericial, a prova testemunhal possui relevância em determinados casos
de reprodução simulada ou de reconstituição de crimes.

Conceito: É o exame realizado por técnico especializado ou expert. Regulamentado pelo art. 158
a 184 do CPP. Exame realizado no corpo de delito.

ATENÇÃO: Nas localidades onde não há perito de natureza oficial, a autoridade poderá designar
peritos ad hoc, sujeitos os quais possuem conhecimento na área do exame necessário e
geralmente com formação superior, sendo designados em pares.
Corpo de delito: Qualquer objeto, ser vivo, local real ou virtual e outros elementos que estejam
relacionados à prática de um crime: arma, cadáver, residência, CD, HD, estado psicológico ou
psiquiátrico de vítima ou do acusado.
• A perícia é o exame técnico no corpo de delito – ECD;
• A perícia se materializa no laudo pericial (relatório do exame);
• O ECD é a verificação da materialidade, feita por peritos.

Art. 158 - Quando a infração penal deixar vestígios, é indispensável o exame do corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo a confissão do acusado suprir a falta daquele.

No passado, muitos inocentes no Brasil foram condenados simplesmente com base e confissões,
sem se verificar, provar ou constatar a materialidade do crime por meio de perícia.
Muitas injustiças foram cometidas mediante a tal ausência de procedimento.

Art. 167 - Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

A única fórmula legal válida para suprir a falta do ECD é o depoimento de testemunhas.” – Nucci.
Exemplos de utilização de prova testemunhal: ausência de confissão ou testemunha, existido foto
ou vídeo. Considera-se também a importância da confissão e da testemunha para a perícia
(reconstituição).

Formas de prova

Prova direta: Refere-se ao fato principal e reporta-se de forma direta.


Exemplos:
1. Testemunha presencial do assassinato ou do acidente;
2. Laudo pericial de exame direto de local de morte.

Prova Indireta: Reporta-se ao fato de forma indireta.


Exemplos:
1. No dia do homicídio a testemunha viu o suspeito, nas proximidades, jogar fora uma arma;
indícios;
2. Laudo de exame pericial indireto: notas fiscais, BOAT, foto ou vídeo.

Art. 239 - Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o
fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.

Conforme visto, o indício é uma informação que surge ao longo da investigação e que serve de
prova quando cotejado com outras constatações obtidas na investigação, servindo de prova de
determinado fato.

Principais Perícias Mencionadas no CPP

• Autópsia: Art. 162. Produzida por médico legista, objetiva verificar a causa da morte;
• Lesões Corporais: Art. 168. Objetivo de identificar lesões, também produzida por médico;
• Exumação: Art. 163: Tipo de perícia realizada a pedido da Justiça, visando sanar dúvidas
acerca da identidade do cadáver ou da causa da morte;
• Local de Morte: Art. 164 – 166. Procedido por peritos criminais, objetiva materializar o
crime, coletar vestígios ou evidências e dispor a dinâmica do fato;
• Perícias de Laboratório: Art. 170. Realizadas em drogas, bebidas, venenos, explosivos,
material genético, manchas de sangue, esperma ou saliva;
• Perícias em Locais de Roubo ou Furto (Subtração de Coisas): Art. 171. Têm o objetivo
de materializar o crime e verificar a constatação de qualificadores;
• Avaliação Econômica Indireta: Art. 172. Avaliação econômica de coisa recuperada;
• Locais de Incêndio: Art. 173. Identifica a origem do fogo e as circunstâncias de
desenvolvimento,
além de sua origem (acidental, intencional, humana etc.);
• Documentos e Escritos: Art. 174. Perícia em assinaturas e documentos para que seja
verificada a autenticidade e a autoria;
• Perícias em Objetos – Armas, Veículos, animais, etc.: Art. 175.

CLASSIFICAÇÃO DE LOCAIS DE CRIMES

É relevante destacar que a parte de classificação de locais de crime é bastante básica e essencial
em todos os editais sobre criminalística, já que está relacionada ao isolamento e preservação de
local de crime. Além disso, a parte de classificação é importante também, pois corresponde ao
cotidiano de quem trabalha na segurança pública, pois, quando for feita a descrição do local do
crime no laudo pericial de local, um dos tópicos tratará justamente sobre a classificação e a
divisão do local do crime. Por exemplo, uma das classificações mais comumente usadas pelo
agente é aquela classificação do local quanto ao local imediato, mediato e relacionado.

Classificação dos locais de crime


Crime - Direito Penal
- Fato típico;
- Antijurídico;
- Culpável;
- Punível.

Primeiramente, antes de se classificar os locais de crime, é necessário definir o que é crime para
o Direito Penal e para a maior parte da doutrina. Crime é um o fato típico, antijurídico e culpável.
Para alguns doutrinadores, o fato também é punível.
Já para a perícia criminal, local de crime é um local onde possa ter ocorrido algum fato que talvez
seja um crime. Quando houver dúvida sobre se houve um crime ou não, a autoridade solicitará a
perícia do local, ou seja, o local será tratado como se fosse um local de crime.
Nesse sentido, todo fato requisitado pela autoridade para que seja feita a perícia, inicialmente,
será investigado como crime. Mas, por exemplo, o suicídio não é crime no nosso ordenamento
jurídico, sendo crime somente a instigação, o induzimento ou o auxílio ao suicídio.
Contudo, nesse caso, exige-se a realização do exame de corpo de delito da perícia, pois está
previsto no Código de Processo Penal (CPP). Assim, toda vez que a infração penal deixar
vestígio, é indispensável o exame de corpo de delito direto ou indireto. O suicídio como a
possibilidade de ser crime, pode ser um homicídio forjado ou disfarçado como suicídio. Por isso,
deve ser investigado como se fosse um crime.

Se ocorre um suposto crime, deve ocorrer uma investigação (CPP e CP):

• Investigação:
- Conjunto de procedimentos/tarefas;
- Elucidação do crime;
- Procedimentos: Investigação cartorária e a técnico-científica.
Sendo assim, a investigação corresponde à sequência de procedimentos ou de tarefas voltados
para a elucidação do crime, ou seja, são todos os procedimentos que a Polícia Judiciária realiza
no sentido de elucidar o crime. Lembre-se de que esses procedimentos estão dispostos no CPP, o
qual disciplina cada um desses procedimentos. Por exemplo, como a autoridade policial deve
fazer a oitiva de testemunhas, de acusados de suspeitos; como a autoridade policial procede em
buscas e apreensões; como a autoridade policial procede em acareações; como a autoridade
policial requisita o exame pericial ou exame de corpo de delito; como que deve ser procedida a
perícia; quais os tipos de perícia.

É essencial frisar que a investigação se subdivide em duas categorias: a investigação


cartorária e a investigação técnico científica, que andam juntas. Nesse caso, a investigação
cartorária é aquela procedida pelos operadores do Direito da segurança pública, a exemplo da
autoridade policial e os auxiliares dele, como os investigadores, os agentes, os escrivães e os
inspetores.

Lembre-se de que as nomenclaturas dependem de estado, e todos os estados têm delegado de


polícia e escrivão de polícia, mas, em alguns estados, o investigador é chamado de agente, em
outros estados, inspetor. Portanto, esses operadores da segurança pública, geralmente,
trabalham na delegacia de Polícia. Quanto à polícia judiciária, no âmbito dos estados, são as
polícias civis e, no âmbito federal, é a Polícia Federal.

Além disso, a outra parte da investigação é a técnico-científica, a qual é procedida por


profissionais especializados nas áreas de ciência, como, por exemplo, medicina, química, física e
biologia. Esses são chamados de peritos, podem ser os peritos médicos legistas e os peritos
criminalísticos. Na parte de identificação, há os profissionais papiloscopistas, que são os que
cuidam da identificação de pessoas vivas e mortas. A identificação é um procedimento técnico,
considerado um procedimento pericial. Em alguns estados, eles são chamados de papiloscopistas
policiais, peritos papiloscopistas, simplesmente papiloscopistas ou também, em alguns estados,
de identificador.

INVESTIGAÇÃO - PARTES

• Cartorária: Delegado, investigadores, escrivães;


• Cartorária: Oitiva de vítimas, testemunhas, suspeitos, autores; diligências diversas: campanas,
buscas e apreensões;
• Técnico-científica: Peritos criminais, peritos médico-legistas, técnicos e/ou auxiliares (autópsia,
laboratório, fotógrafos, desenhistas) papiloscopistas;
• Técnico-científica: Levantamentos ou exames periciais em locais e em objetos de crimes;
necropsias; exames de lesão corporal, PSDs etc.; perícias de laboratório; identificação de pessoas
vivas ou mortas;
• Investigação cartorária e científica: Não devem ser vistas de forma isolada. Logo, as perícias
são partes da investigação. Investigação cartorária e pericial trabalham simultaneamente;

A investigação cartorária é responsável pela parte subjetiva da investigação, como a oitiva de


vítimas, de testemunhas e de suspeitos; a identificação dos atores, isto é, pessoas que
participaram direta ou indiretamente do fato criminoso ou que simplesmente presenciaram.
Além disso, a investigação cartorária também realiza diligências diversas, como as campanas,
que são as situações de observação, de acompanhamento, as buscas e apreensões.

Na parte técnico científica, os auxiliares de laboratórios, fotógrafos e desenhistas dependem de


cada estado. Nesse sentido, observe que a parte técnico científica da investigação se caracteriza
pelas perícias de cada um no seu respectivo campo de atuação. Por exemplo, o médico legista
faz perícias em pessoas vivas ou mortas, como o exame cadavérico, a necrópsia, o exame de
lesão corporal, o exame para a indenização em caso de sequela de acidentes de trânsito, o
acidente de trabalho, os exames relacionados aos crimes sexuais, práticas sexuais delituosas,
como, por exemplo, o estupro.
LOCAL DE CRIME

Vários conceitos: “Área onde ocorreu qualquer fato que reclame providências da polícia
(judiciária)” – Carlos Kehdy, Elementos de Criminalística.
Um dos conceitos de local de crime é aquele tratado pela polícia judiciária, ou seja, onde ocorreu
qualquer fato que possa ser um crime. Quando houver a dúvida, investigar-se-á como se crime
fosse. É essencial estar atento aos conceitos de local de crime, pois, embora seja elementar e
simples, há questões que abordam esse assunto.

Para Carlos Kehdy, local de crime é uma “área onde ocorreu qualquer fato que reclame
providências da polícia (judiciária)”. Esse trecho é apresentado em praticamente todos os
Manuais de Elementos de Criminalística, apostilas das academias de polícia e dos institutos de
Criminalística.

“Local de Crime é a porção do espaço compreendida num raio em cuja origem encontra-se o
ponto no qual é constatado o fato. Este se estende de modo a abranger todos os lugares em que,
aparente, necessário ou presumidamente, hajam sido praticados - pelo criminoso ou criminosos -
os atos materiais - preliminares ou posteriores - à consumação do delito, e com este diretamente
relacionados”, – Professor Eraldo Rabelo, Revista de Criminalística do Rio Grande do Sul, n. 7.

Outro conceito, esse mais antigo, é do Professor Eraldo Rabelo, que é perito do Instituto Geral de
Perícias do Rio Grande do Sul. Para Rabelo, local de crime é todo aquele local nas imediações
onde foi constatado o fato, possivelmente, criminoso. Esse ainda é um conceito mais abrangente
e rebuscado, pois muitos autores da velha guarda e da criminalística eram formados em Direito
também, além de serem informados sobre as áreas de ciência. Por isso, geralmente, apresentam
um pouco do jargão do Direito nessas definições científicas.

O LOCAL COMO FONTE DE INFORMAÇÃO

É relevante frisar que o local de crime é fonte de muitas informações, essas que são facilmente
extraídas ou não, podem ser subjetivas ou objetivas, ou seja, são informações subjetivas, que, por
exemplo, precisam somente de uma oitiva para ser obtidas ou informações latentes, como
vestígios de evidências de crimes, os quais, muitas vezes, necessitam de conhecimento
especializado, técnica, experiência e, em grande parte, o uso de equipamentos específicos para
serem detectados e materializados, sendo esses os vestígios ou evidências que fazem parte da
investigação técnico-científica.

• Local de crime: vários tipos de informação;


• Explícitas ou não; evidentes ou latentes;
• Mais ou menos disponíveis;
• Os operadores do direito geralmente não têm acesso à cena do crime;
• Terão acesso a ela por meio das perícias;
• Por isso que se deve obter o máximo de informações da cena;
• As informações devem ser coletadas de forma mais rápida e recente;
• Quanto mais o tempo passa, mais se perdem evidências e informações;
• O tempo que passa é a verdade que foge;
• Informações subjetivas;
• Informações objetivas.

Um exemplo de informação ou vestígio latente na cena de crime, pode ser um fragmento de


impressão digital. Essa é uma informação que pode conduzir para a autoria do crime, assim, para
obter aquela informação, é necessário ter um conhecimento especializado e de uma técnica
específica para revelar e levantar aquele fragmento, encaminhá-lo a um laboratório para que
possa ser feito o confronto daquele fragmento questionado com o fragmento de um suspeito ou
padrão. Muitas vezes, exigem-se equipamentos e materiais, nesse caso, por exemplo, pincéis
específicos, pós e levantadores de impressão digital.

Outro exemplo é a revelação de manchas de sangue lavadas. Nessa situação, a autoridade


policial requisita um exame para verificar a existência de vestígios de sangue humano em uma
determinada cena de crime que foi alterada e lavada, ou seja, não é um investigador qualquer que
conseguirá detectar a presença daquele material ou vestígio naquele ambiente.

Portanto, é um investigador capacitado, geralmente, com formação na área de ciências e que


conhece daquele tipo de vestígio e evidência e saiba operar os equipamentos e os reagentes para
detectar a presença daquela evidência e materializá-la para fotografia.

Sendo assim, as evidências, os vestígios e as informações no local do crime podem estar mais ou
menos disponíveis, como de dados de informática em bancos de dados. Por exemplo, uma
empresa que pratica um grande crime como uma fraude financeira, sonegação de tributos ou
fraudes em licitações públicas. Nessa hipótese, as informações, os vestígios e as evidências
estão nos bancos de dados dos servidores, nos HDs, nos discos rígidos dos computadores da
empresa, órgão ou entidade envolvida. Em razão disso, há a necessidade de um profissional
especializado para levantar aquelas informações e, por exemplo, esse investigador é um perito
criminal com qualificação na área de informática.

O levantamento e a interpretação das informações são fundamentais, pois os operadores do


direito, que são os que irão investigar e julgar o caso posteriormente, não estão na cena do crime.
Logo, os vestígios precisam ser detectados e documentados devidamente, para que os
investigadores e os julgadores tenham acesso depois.

Outro ponto relevante é que, de acordo com o princípio da perenidade dos vestígios, os vestígios
devem ser coletados de forma mais rápida possível, porque, na criminalística, se menciona que “o
tempo que passa, é a verdade que foge”, ou seja, se o tempo passou, o local do crime pode ser
violado e os vestígios podem ser perdidos.

INFORMAÇÕES SUBJETIVAS

• Informações oriundas de pessoas;


• Viram o fato ou tomaram conhecimento dele;
• Informações pessoais e interpretativas, pessoais, muitas vezes incompletas ou falsas;
• Cada um vê um fato de uma forma, subjetiva;
• Informações subjetivas servem de norte;
• Devem ser verificadas pela investigação;
• Recebem credibilidade quando encontram respaldo em vestígios ou evidências materiais.

INFORMAÇÕES ORIUNDAS DE VESTÍGIOS – OBJETIVAS

Lembre-se de que as informações objetivas são aquelas que são obtidas de forma técnico-
científica, por meio da perícia no local do crime.
• Toda conduta humana deixa rastro material;
• Na investigação, deve-se buscá-los;
• Encontrar esses vestígios nem sempre é simples;
• É necessário conhecimento especializado;
• Muitas vezes até equipamentos indisponíveis;
• Princípio da Troca de Locard: o criminoso sempre deixa sinais da sua presença nos locais ou
objetos. Ele também leva consigo vestígios do local e/ou dos objetos.

PRINCÍPIO DE LOCARD (1877 – 1966) E PAUL KIRK (1953)

Uma evolução do Princípio de Locard relacionado ao local de crime é o pensamento apresentado


por Paul Kirk. Vale mencionar que Kirk é um estudioso importante da criminalística dos Estados
Unidos, o qual elaborou um anunciado mais detalhado do princípio de Locard, como se observa
abaixo.
“Onde quer que ele pise, tudo o que ele tocar, tudo o que ele deixar, mesmo inconscientemente,
servirá como uma testemunha silenciosa contra ele. Não apenas suas impressões digitais ou suas
pegadas, mas seu cabelo, as fibras de suas roupas, o vidro que ele quebrar, a marca de
ferramenta que ele deixar, os arranhões na pintura, o sangue ou sêmen que ele depositar e
outros. Tudo isso e muito mais, testemunham contra ele. Isso é prova que não se esquece e que
não é confundida pela emoção do momento, não sendo falhas como as testemunhas humanas o
são. A evidência factual, a evidência física, não pode estar errada, não pode mentir, não pode ser
totalmente ausente, pois ela sempre estará lá, no local, no objeto ou no corpo da vítima. A falha
ou limitação humana para encontrá-la, estudá-la ou entendê-la é que diminui o valor dessas
evidências".

Classificação 1

• Interno, exemplos: Quanto à classificação dos locais de crime, uma das classificações mais
importantes e mais frequentemente usada nos laudos é a classificação dos locais de crime em
interno, externo e misto. Nesse sentido, o local de crime interno é aquele que ocorre, por exemplo,
no interior de uma residência, no interior de um edifício, de um apartamento, de um prédio público.
Já o local de crime externo é aquele quando o crime ocorre em vias públicas, como um acidente
de trânsito na rodovia ou em uma rua, bem como um homicídio em uma via pública. Enquanto
isso, os locais de crimes mistos são aqueles quando o crime começa em um ambiente interno e
termina em um ambiente externo ou vice versa.

Na imagem acima, há um local de crime interno, onde a vítima está sobre a cama do quarto onde
foi assassinada.

• Externo, exemplos:
Essa imagem representa um local de crime externo, isto é, a pessoa transitava em via pública
com essa bicicleta e foi assassinado. É muito importante a classificação, pois se utiliza na
descrição do local no laudo. Os vestígios e as informações são obtidas no local do crime, portanto,
simultaneamente, a equipe de investigação cartorária e a equipe de investigação técnico-científica
trabalham no local para obter as informações mais ou menos disponíveis.

• Misto (interno e externo), exemplo:

A imagem acima representa um local de crime misto, onde o assassinato começou no interior de
uma residência e, posteriormente, a vítima foi levada para o ambiente externo.

Classificação 2

• Local imediato: Onde o fato ocorreu;


• Local mediato: Adjacências;
• Não há raio de distância definido;
• Local relacionado - sem continuidade geográfica: Traz informações; locais de “desova”.

A segunda classificação de local de crime está vinculada ao local imediato, mediato ou local
relacionado. Sobre isso, local imediato corresponde ao epicentro do local de crime, onde se
encontra a maioria dos vestígios e das evidências da ocorrência do crime. Por exemplo, local
onde se encontra o cadáver, local onde se encontra as manchas de sangue, os projeteis, as
cápsulas ou alguma arma relacionada à dinâmica do crime.

Já o local mediato são as imediações do local imediato. Nesse caso, é importante compreender
que não existe delimitação de distância de onde termina o local imediato e começa o local
mediato. Esteja bastante atento, pois, os candidatos costumam confundir isso e as bancas já
apresentaram questionamentos em relação a isso. Logo, quem define o que é o local imediato e
local mediato na cena do crime é o próprio investigador ou perito, que descreve a situação no
laudo.

Dentro dessa classificação, há um outro conceito que é o local relacionado. De acordo com os
mais novos e modernos manuais de criminalística, o local relacionado é um local onde não há
continuidade geográfica com o local onde ocorreu o crime. Suponha que uma pessoa está
desaparecida. A família procura aquela pessoa na residência dela e não encontra, mas a casa
está em desordem, há ausência de alguns objetos de valor e pertences da vítima, além disso,
existem manchas de sangue e se percebe sinais de luta. Posteriormente, a família comunica à
Polícia Judiciária e solicita um exame pericial do local. Assim, aquele local passa a ser tratado
como um local de crime e é periciado. Dois ou três dias depois, o cadáver da vítima é encontrado
em um local ermo, em uma zona rural afastada. Dessa forma, para doutrina e para os manuais de
criminalística, como o Manual Locais de Crime, lançado em 2013 pela Editora Milênio, o local
crime é onde foi inicialmente examinado, encontrada a desordem, as manchas de sangue, projétil
e a ausência dos pertences. Já o local onde foi encontrado o cadáver seria o local relacionado.
Esse assunto merece bastante atenção, pois pode confundir.

Na prática cotidiana, geralmente, é encontrado o cadáver e o local é tratado como local de crime,
no entanto, ao longo da perícia, muitas vezes, recebe-se a informação de que na residência da
vítima havia manchas de sangue, evidências e vestígios de que o fato ocorreu ali. Assim, no
cotidiano, este é tratado como local relacionado, porém, para a prova, deve seguir o mencionado
em manuais de criminalística.
Portanto, a residência da vítima, onde foram encontrados vestígios, é o local do crime, enquanto o
local onde foi encontrado o corpo que, no jargão policial e na linguagem popular, é chamado de
local de desova, seria o local relacionado. Optando-se por essa alternativa na prova, é possível
redigir o recurso dessa forma com base na literatura.

As imagens acimas apresentam vítimas mortas no interior de uma residência, a qual demonstra
sinais de desordem. Esse corresponde ao local imediato, é onde estava os cadáveres, os sinais
de desordem e da procura por objetos de valor.

Já as imagens acima apresentam a parte externa da residência, onde há um veículo com grande
quantidade de pertences/objetos de valor da residência. Sendo assim, as adjacências desse local
são tratadas como local mediato e o local onde há vestígios e evidências da tentativa de
subtração de pertences de valor é considerado local relacionado.

Classificação 3

• Ermo: Pouco frequentado;


• Concorrido: Frequentado;
• Móveis: Veículos;
• Imóveis: Casas, prédios ou edifícios;
• Contíguos: Um local faz limite com outro (rua X beco).

A terceira classificação é quanto ao local ermo, concorrido, móveis, imóveis ou contíguos.


Um exemplo de local ermo pode ser uma área rural afastada ou uma área baldia. Uma área
concorrida é um local bastante frequentado, por exemplo, um centro comercial. Além disso, os
locais podem ser classificados também como móveis ou imóveis. Por exemplo, os móveis
correspondem ao interior de veículos, automóveis, embarcações e aeronaves locais. Já os
imóveis são residências, prédios e apartamentos. Por fim, locais contíguos são aqueles que tem
contiguidade com outro, por exemplo, o corpo é encontrado em um beco que têm contiguidade
com uma rua ou uma avenida.

Classificação 4

• Quanto à preservação;
• Preservado (idôneo);
• Não preservado (inidôneo, violado).

Local preservado
• Não sofreu mudanças relevantes;
• Pequenas mudanças eventuais geralmente não prejudicam a elucidação da dinâmica

A classificação quanto à preservação, que é o quarto tipo de classificação, é muito importante.


Nesse caso, o local pode ser classificado como preservado, também chamado de idôneo, ou não
preservado, que é denominado também como inidôneo ou violado. Nesse caso, o local de crime
sofreu alterações.

O Código de Processo Penal exige que, no laudo de exame pericial de local de crime, exista um
tópico sobre o isolamento e a preservação do local. Nesse sentido, o perito deve informar que o
local estava isolado e preservado pelos policiais militares pelo sargento X e soldado Y, na viatura
Z. Na sequência, ele deve relatar o estado de isolamento e preservação do local, porque o CPP o
exige. Caso contrário, se não for informado, a responsabilidade cairá sobre o perito.
Além disso, esteja atento às possíveis repercussões das violações para a investigação, até
porque houve recentes alterações no CPP geradas pelo Pacote Anticrime, em 23 de janeiro, que
trata como fraude processual a violação de locais de crime.

Vale lembrar que pequenas alterações necessárias para prestar socorro não são consideradas
violações de má fé ou que podem fazer o agente público incorrer em uma fraude processual.
Isso porque o socorro é necessário para socorrer a vítima de um acidente de trânsito, a vítima de
tentativa de homicídio, a vítima de um incêndio. Essas intervenções podem gerar interferências no
local de crime, as quais, naturalmente, introduzem alterações que a lei entende razoáveis e
aceitáveis. Por isso, basta informar essas alterações e as repercussões delas para a investigação.
Por exemplo, o incêndio é um local crítico para a investigação da perícia, porque, diante da
necessidade de extinguir e de fazer o rescaldo do incêndio, o Corpo de Bombeiros deve alterar o
local: desligar a energia, jogar água e jogar pó. Nesse caso, por si só, o incêndio já é um local
crítico de difícil investigação e, com as alterações naturais da necessidade de controle e extinção
do fogo, torna o trabalho ainda mais difícil.

A imagem acima representa um local de crime violado. Observe que é um ambiente de um bar
que foi todo organizado e lavado, com um cadáver em frente do estabelecimento.
Percebe-se que foram feitas alterações, ou seja, o cadáver foi levado para a rua depois do crime e
a lavagem do ambiente ocorreu após o crime, o que não deveria ter sido feito, nessa situação, o
local deveria ter sido isolado e preservado.

A imagem acima demonstra outro local violado, sendo uma parede consertada em um local de
furto e arrombamento, mas o estabelecimento foi reparado antes da chegada da perícia. Sendo
assim, foi possível detectar somente a reparação do ambiente.

ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DE LOCAIS DE CRIME

Isolamento e preservação

Constam no Código de Processo Penal, no art. 6º, o isolamento e a preservação de locais de


crime, que é uma etapa muito importante para o processo de investigação criminal.
Está relacionada a isso a investigação cartorária, procedida pelo delegado de polícia e seus
agentes.
Se o local não for bem isolado, isso terá uma repercussão direta em todo o levantamento pericial,
ou seja, em toda a qualidade da obtenção da prova material pericial no local do crime, podendo
interferir nas etapas seguintes do inquérito, da perícia e do processo judicial.

Os artigos 6º e 169 CPP estabelecem o que autoridade policial deve fazer assim que tiver
conhecimento da prática da infração penal, e os dispositivos 158-A até o 158-F, recém-incluídos
no Código de Processo Penal na parte da prova do exame pericial do exame de corpo de delito,
tratam exclusivamente sobre a cadeia de custódia, que é a etapa preliminar de isolamento e
preservação dos vestígios e das evidências no local do crime. Pode-se dizer ainda que a cadeia
de custódia é a preservação da prova (do corpo de delito). .

Obs.: Até meados de 2008, os exames obrigatoriamente eram feitos por dois peritos. De 2008 até
o ano atual, a legislação permitiu que o exame seja feito por apenas um perito, desde que não se
trate de perícias complexas na linguagem do CPP.

Obs.: O art. 6º é o dispositivo inicial do Código de Processo Penal que trata da importância do
isolamento e da preservação do local do crime.

Antes de a autoridade policial e seus agentes tomarem conhecimento a respeito do fato, a


responsabilidade de isolar e preservar o local do crime é de qualquer profissional de segurança
pública que estiver sabendo do ocorrido, como o policial militar, policial civil, policial rodoviário
federal, socorrista do SAMU, socorrista do corpo de bombeiros ou um agente de fiscalização de
trânsito, por exemplo. Um ou dois profissionais de segurança pública permanecem no local, e o
restante se desloca até a delegacia mais próxima para fazer o registro do Boletim de Ocorrência.

Obs.: O assunto tratado nesta aula é importante não só na parte de criminalística, mas também
em relação ao Direito Processual Penal na parte da prova pericial. Em Medicina Legal, o assunto
também está presente.

Foram vistos, anteriormente, o conceito de local de crime, as classificações dos locais de crime
(quanto ao local imediato, mediato e relacionado) e o isolamento e preservação do local. Esses
tópicos serão descritos pelo perito no laudo.
O isolamento e a preservação do local devem ser feitos de forma mais ampla possível, partindo da
região central dos vestígios, onde se concentra a maior parte dos vestígios e evidências, até às
imediações. As proximidades da área também devem ser descritas e isoladas, e o local
relacionado (se houver), onde parte da dinâmica do crime ocorreu e que não tem continuidade
geográfica com a área imediata.

O isolamento serve não só para resguardar os vestígios e evidências, mas também para garantir a
segurança dos agentes que atuarão na investigação, como os policiais (que isolam o local) e as
equipes de perícia e de investigação que chegam em seguida. Deve ser feito com fitas, cones,
viaturas e com a presença de agentes de segurança pública. .
Na foto abaixo, a área está isolada com fitas, mas não de forma ampla, pois foi descoberto que
havia vestígios e evidências fora do isolamento, como uma faca, por exemplo. O cadáver está no
mato.
Nesta outra foto, somente o cadáver está isolado, e o local não se encontra preservado. Havia
vestígios fora do isolamento.

O policial deve isolar a área, deixando-a de forma mais sinalizada possível. Na falta dos materiais
para isso, ele pode utilizar o que encontrar, como galhos de árvores, tijolos, pedras etc.
A presença dos policiais e das viaturas é muito importante, pois evita que as pessoas não
resguardem os vestígios e evidências, alterando o local do crime.

Obs.: Existem alterações recentes do pacote anticrime que traz a cadeia de custódia oficializada
na Lei. Figura-se fraude processual do agente de segurança pública que alterar, por negligência,
imprudência, imperícia ou intencionalmente, o local do crime.

Quando o primeiro agente de segurança pública chega ao local, deve ter cuidado no sentido de
prejudicá-lo o mínimo possível e verificar se a vítima possui sinais vitais. Depois, o agente deve
acionar o socorro e tentar manter os sinais vitais da pessoa com manobras de primeiros socorros.

Obs.: Pela polícia judiciária e pela atividade de polícia técnica científica da perícia, todo incêndio é
investigado inicialmente como crime.

É considerado crítico o local de incêndio, pois antes da chegada da perícia, chegam ao local as
equipes de combate a incêndio que, para extinguir o fogo, acarretam alterações profundas nessa
área, porém são alterações necessárias e justificáveis, não tem como ser evitadas.

Obs.: Deve-se considerar que a preservação do local trata-se do início dos procedimentos de
cadeia de custódia, garantindo-se a idoneidade dos vestígios, qualidade e eficácia do trabalho
pericial.
Obs.: Toda e qualquer alteração promovida no local entre a ocorrência do crime e o início dos
trabalhos periciais deverá ser comunicada aos peritos criminais (CPP, artigo 169, parágrafo
único).

Fases do Isolamento

• 1ª fase: Compreende o momento da ocorrência até a chegada do primeiro agente de


segurança; fase crítica. Contaminação e destruição dos vestígios.
• 2ª fase: Compreende o momento desde a chegada do primeiro policial até a chegada
da autoridade/delegado;

• 3ª fase: Compreende o momento desde a chegada da autoridade policial até a chegada


da equipe de perícia.

Obs.: As alterações dos vestígios podem ser promovidas por pessoas, por animais ou até
mesmo pela chuva.
Obs.: O policial deve ser bem treinado e ter boa-fé, para não introduzir alterações no local
do crime.
Obs.: As bancas têm cobrado o conteúdo baseado no livro “Locais de Crime”, da editora
Millennium.

Problema brasileiro: Falta de capacitação dos agentes de segurança pública.

Problemas comuns: O policial sabe que precisa isolar o local, mas não entende a importância; o
policial entende a importância, mas não sabe como isolar ou não tem os materiais necessários; o
policial sabe isolar, detém a técnica, detém os materiais, mas não acredita na persecução penal,
ou seja, acredita que será mais um caso impune.
Dispositivos da cadeia de custódia que interferem diretamente no isolamento e preservação do
local, da cena do crime, dos vestígios e das evidências relacionadas ao crime:

Art. 158A - Considera-se cadeia de custódia é o conjunto de todos os procedimentos utilizados


para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de
crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.

§ 1º - O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com


procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.

Obs.: Todos os dispositivos de cadeia de custódia tratam de reconhecimento e preservação de


vestígios e evidências; da documentação; da coleta; da identificação.

§ 2º - O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção
da prova pericial fica responsável por sua preservação.

§ 3º - Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se
relaciona à infração penal.

Art. 158B - A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas:

I - Reconhecimento: Ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção


da prova pericial;

II - Isolamento: Ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o
ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;

III - Fixação: Descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo
de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou
croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável
pelo atendimento;

IV - Coleta: Ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas
características e natureza;

V - Acondicionamento: Procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de


forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para
posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o
acondicionamento;

VI - Transporte: Ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições


adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção
de suas características originais, bem como o controle de sua posse;

VII - Recebimento: Ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado
com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia
judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de
rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o
recebeu;

VIII - Processamento: Exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a


metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o
resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;

IX - Armazenamento: Procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a


ser processado, guardado para realização de contra perícia, descartado ou transportado, com
vinculação ao número do laudo correspondente;

X - Descarte: Procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e,


quando pertinente, mediante autorização judicial.

Art. 158C - A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que
dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a
realização de exames complementares.

§ 1º - Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como
descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por
detalhar a forma do seu cumprimento.

§ 2º - É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de


locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude
processual a sua realização.

Art. 158D - O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza
o material.

§ 1º - Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de
forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.

§ 2º - O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir


contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de
informações sobre seu conteúdo.

§ 3º - O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente,
por pessoa autorizada.

§ 4º - Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de


vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as
informações referentes ao novo lacre utilizado.

§ 5º - O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.


Art. 158E - Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à
guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de
perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) (Vigência)

§ 1º - Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência,
recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a
distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que
não interfiram nas características do vestígio.

§ 2º - Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,


consignando- se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.

§ 3º - Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e
deverão ser registradas a data e a hora do acesso.

§ 4º - Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas,
consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da
ação.

Art. 158F - Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia,
devendo nela permanecer.
Parágrafo único - Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de
depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central
de perícia oficial de natureza criminal.

Art. 159 - Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão em regra feitos por peritos
oficiais.

CRIMINALÍSTICA - DOCUMENTOS CRIMINALÍSTICOS - LAUDO, PARECER, RELATÓRIO E


AUTO

Dentro dos documentos médicos legais existe: o laudo médico-legal e o laudo criminalístico.
O laudo médico-legal é o exame em uma pessoa viva ou morta. E o laudo criminalístico há
diversos laudos, como os laudos de exame de local de morte violenta, de locais de acidentes de
trânsito, de exame de caracterização de arma de fogo e munições (balística), de vistoria de
veículo, de perícia documentoscópica, de perícia grafoscópica etc. Laudo se trata de um
documento expedido por perito especializado e que traz todo o detalhamento, considerações,
análises, discussões técnicas e conclusões.
O exame criminalístico é um exame realizado por um perito criminal a ser requisitado por
autoridade policial ou judiciária, perito este que pode ser especializado nas mais diversas áreas. O
exame pericial é documentado em um laudo, que é um relatório acompanhado das considerações,
análises, discussões técnicas e conclusões.

Laudo Pericial
• Peça técnica;
• Formal;
• Resultado de uma perícia;
• Detalhado;
• A mais completa das peças técnicas;
• Inclui os resultados e discussões técnicas sobre o exame;
• Redigido por especialistas (peritos);
• Pode ser de natureza criminal ou cível.

No âmbito criminal, há as perícias criminas que são regulamentadas pelos arts. 158-A a 184 do
CPP, que são os exames procedidos por peritos criminais de natureza oficial e por peritos
médicos-legistas.
A perícia civil ocorre toda às vezes em que o juiz, no decurso do processo, necessita da opinião
técnica de um especialista em determinada matéria ou disciplina. Exemplo: quando um cidadão
solicita indenização trabalhista por insalubridade e periculosidade. Neste caso, o juiz nomeará um
perito judicial, elencado no rol daqueles cadastrados no tribunal, para observar a demanda do
trabalhador. Da mesma maneira que o juiz nomeia o perito, a parte reclamante e reclamada pode
nomear um perito particular (perito assistente técnico).

Logo, há três tipos de peritos:


• Perito Oficial de natureza criminal;
• Perito assistente técnico;
• Perito judicial cível (arts. 464 a 484 do CPP).

Todos os peritos, quando realizam os exames, os apresentam no laudo, enquanto os assistentes


técnicos emitem pareceres.

Laudo – Partes
a. Preâmbulo:
• Data e endereço da ocorrência e da solicitação;
• Nome do perito;
• Autoridade requerente;
• Dados da requisição de perícia;
• Nome do diretor da repartição pericial;
• Tipo de exame a ser realizado.

O laudo pericial é sempre o resultado de um estudo técnico-científico.

Histórico
• Descrição sumária da ocorrência;
• Informações trazidas por testemunhas ou outros policiais;
• Sujeitas a confirmação.
Objetivos da criminalística:
• Documentar;
• Indicar os meios;
• Detectar vestígios;
• Coletar vestígios;
• Propor a dinâmica do crime; e
• Sugerir a autoria.

Por força de exigência do CPP, o laudo de natureza criminal deve possui um tópico sobre o
Isolamento e a Preservação do local do crime¸ cabendo ao perito tecer considerações e hipóteses
acerca de eventuais prejuízos de alterações no local do crime.
Obs.: Vestes e adereços são importantíssimos para o reconhecimento (identificação) de
indivíduos.
É importante lembrar que a investigação e o julgamento podem se estender por meses ou até
anos. O Perito empreenderá as investigações técnico-científicas, enquanto o Delegado
empreenderá as investigações cartorárias.
Quem investiga muito frequentemente não se encontra no local do crime. E o que materializa a
cena do crime é o laudo pericial. Assim, um dos objetivos da criminalística é documentar,
perpetuar e materializar a cena e os objetos da cena do crime para a investigação e o julgamento.

O laudo possui dupla função:


• Documentar; e
• Acusar e/ou defender.
Outros tópicos:
• Vestígios biológicos;
• Vestígios papiloscópicos;
• Outros vestígios;
• Respostas a quesitos: perguntar pontuais para esclarecer dúvidas que a autoridade busca sanar;
• Anexos: relatório fotográfico, desenhos ou croquis, imagens de satélites e outros.

Obs.: Laudo é um documento detalhado e relacionado a qualquer exame pericial.

Parecer Técnico Criminalístico

Parecer é uma opinião técnica respaldada em técnicas e princípios das ciências. Em regra, o
parecer ocorre após a emissão do laudo. É uma resposta a consulta feita por interessado aos
peritos ou assistentes técnicos, acerca de uma questão a ser esclarecida:

a. Preâmbulo;
b. Exposição: transcrição dos quesitos e do objeto da consulta;
c. Conclusão: opinião técnica (“impressão”) acerca dos fatos consultados:
• Credibilidade: competência técnica de quem o redige;
• Opinião técnica sobre a análise de uma prova, fato ou documento;
• Redigido por profissional competente: químico, engenheiro, contabilista, médico e outros.

Relatório Técnico Criminalístico


Segundo a literatura, relatório técnico é o resultado de um exame técnico complementar.
Exemplo, a coleta de amostra de um elemento importante de uma cena de crime. Dentre os
exames complementares, temos:
• Balístico;
• Químico;
• Biológico;
• Papiloscópico;
• Grafoscópico;
• Outros.

Relatório Técnico Cível

Segundo a literatura, relatório técnico cível ocorre quando o assistente técnico emite documento,
concordando com o resultado do exame realizado pelo perito do juízo ou perito judicial. E quando
o assistente técnico discorda, emite-se parecer técnico.
Exemplo de outros tipos de relatórios técnicos: quando uma autoridade policial ordena o
cumprimento de determinada diligência, tudo o que ocorreu na diligência é escrito em algo
chamado de relatório técnico, e não de laudo.
Autos do inquérito são todos os documentos que acompanham o inquérito, em sentido amplo. E
na literatura criminalística, não temos uma definição do que sejam autos de criminalística.

Documentos médico-legais
Segundo Genival Veloso de França, que é seguido pelos demais autores, há dois tipos
de relatório médico-legal: laudo e o auto.
Relatório: descrição e discussão minuciosa de qualquer exame médico-legal:
a. Laudo: redigido pelo perito legista;
b. Auto: redigido pelo escrivão e assinado pelo médico legista.

Laudo é o resultado do exame detalhado, com impressões, análises e conclusões técnicas,


enquanto o parecer é uma emissão de uma opinião técnica, analisando os casos já informados e
relatados.

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