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LOCAIS DE MORTE VIOLENTA

Locais de Morte Violenta

Primeiro, isola-se a cena do crime para uma equipe pericial coletar pistas do que ocorreu – nem a
polícia entra antes dela. A natureza de cada crime altera os detalhes da perícia, mas os procedimentos
gerais depois de isolar a cena são: observação, registro e coleta de evidências, análises laboratoriais
das evidências e conclusão – laudo com listagem das pistas encontradas e possíveis associações entre
elas.

A operação é coordenada no local por um perito oficial criminal, que vai contar com a colaboração de
outros peritos nos laboratórios. “Os laboratórios ajudam o perito a obter uma convicção técnica sobre
o caso antes de redigir o laudo com sua conclusão”, explica Francisco La Regina, perito do Instituto de
Criminalística de São Paulo.

O órgão, que faz todas as perícias do estado, tem mais de dez departamentos, especializados, cobrindo
desde ocorrências de trânsito a falsificação de documentos. A perícia, no entanto, não interroga teste-
munhas nem suspeitos, como rola nos seriados da TV. Isso é papel dos investigadores de polícia.

Tá Lá O Corpo Estendido

Ainda na cena do crime, o perito faz um exame perinecroscópico: análise externa do cadáver e do que
está ao seu redor. O local e a posição em que o corpo está e o tipo de lesões visíveis fornecem indícios
que complementarão a análise da necropsia.

Caça-Pistas

O perito criminal conduz os trabalhos relacionados ao local de crime. Seu trabalho é encontrar e encai-
xar peças que remontem o quebra-cabeça do crime. Para isso, ele observa e anota detalhes da cena,
o corpo e a presença de armas, de sinais de luta, de arrombamento etc., além de coletar vestígios

Mala De Utilidades

O perito dispõe de acessórios para observar e coletar evidências. Luvas e jalecos evitam que ele “suje”
a cena do crime. Luzes especiais realçam pistas discretas, como manchas de sangue apagadas ou
resquícios de matéria orgânica

“Olha O Passarinho”

O fotógrafo forense apoia a perícia registrando a cena sob direção do perito criminal – é ele quem indica
o que deve ser fotografado e sob que ponto de vista. As fotos ilustram o relatório final e auxiliam na
reprodução simulada do crime, quando necessário

Rastros Do Crime

Tudo que está na cena do crime pode fornecer pistas sobre o que rolou ali, desde a posição dos objetos
até as dimensões do cômodo. A distribuição e a forma das gotas de sangue, por exemplo, podem
indicar a direção de um tiro e a posição da vítima durante a ação

Tocou, Assinou

A perícia faz ainda a coleta de “impressões latentes” no local, ou seja, marcas de gordura deixadas
pelo relevo da nossa pele em superfícies lisas. O procedimento básico da coleta é espalhar um pó que
adere à gordura sobre a digital e retirar a impressão com um adesivo, fixando-o a um papel especial.

Ninguém Entra

O isolamento da cena do crime é fundamental para o trabalho da perícia. Quem cerca a área é a Polícia
Militar que, geralmente, é quem recebe a ocorrência e chega primeiro ao local. A obrigação de isolar a
cena está prevista até no Código de Processo Penal brasileiro

• Saquinhos usados na coleta de evidências têm lacres e espaço para identificação para garantir a
integridade das pistas

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• Padrões em manchas de sangue são medidos, indicando a posição da vítima ao ser atingida e até se
o ferimento foi provocado por tiro ou facada

• As impressões mais comuns são as digitais, mas ranhuras do pé e até da lateral da mão são exclusi-
vas de cada indivíduo e servem para identificar suspeitos

Abre E Fecha

Se houver algum morto na cena, o corpo é encaminhado para um Perito Oficial Médico Legista fazer a
necropsia – análise interna do cadáver – em busca das circunstâncias, da hora e da causa da morte.

Só O Pó

Se um corpo é queimado ou enterrado, Peritos especializados em Antropologia Forense e Peritos Ofi-


ciais Odonto-legais entram em cena para identificá-lo usando o que sobrou dos ossos e da arcada
dentária.

Prazo Vencido

Se o corpo estiver em decomposição, um Perito especializado em Entomologia – Ciência que estuda


os insetos – entra em ação para estimar a época da morte pela quantidade e tipos de bichos no cadáver
– ou no que restou dele.

Perícia no Local do Crime na Investigação Criminal

Local Do Crime E O Trabalho Dos Policiais E Peritos

Para que ocorra uma elucidação eficaz na ocorrência de um crime, necessário se faz a realização da
perícia no local da pratica do ato criminoso. Para tanto, a autoridade que primeiro chegar ao local, seja
ela socorrista, segurança ou brigadista, deverá providenciar que o mesmo não se altere até a chegada
dos peritos. Assim preceitua o art. 169 do Código de Processo Penal (CPP).

Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providen-
ciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão
instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (CPP)

Não obstante cada local de crime obter suas peculiaridades, qualquer ambiente pode ser local de ato
criminoso. O local do crime constitui-se frágil e delicado sendo, portanto, necessário extremo cuidado
para que provas não se percam.

Cada local de crime é único e exige do perito criminal uma série de cuidados no planejamento e na
organização de suas funções visando alcançar a verdade dos fatos. Durante o transcorrer do exame
pericial, os requisitos podem mudar à medida que novos elementos sejam reconhecidos, e o perito
criminal terá que se adaptar ao novo cenário. (BRANDÃO, Humberto. 2012)

Quatro são os critérios que classificam o local do crime. Tais critérios fazem referência à localização, à
área, à natureza e os vestígios existentes no local do ato ilícito. O primeiro critério é de simples identi-
ficação, a localização refere-se apenas a identificação do perímetro do local do crime, ou seja, se a
área é urbana ou rural.

Já o segundo critério diz respeito à área: se o ato criminoso ocorreu em local interno ou externo, ou
seja, se o ato criminoso ocorreu dentro de um ambiente físico fechado (residências, lojas) ou em local
aberto (rua, praça).

Os locais internos e externos se subdividem em ambiente mediato ou imediato. Este se compreende


como o espaço ocupado pelo corpo de delito e o seu entorno e aquele se refere à área adjacente ao
local imediato.

Quando se estuda o critério da natureza do local do ato criminoso, foca-se em duas questões que se
pautam na natureza da área e na natureza do ato, sendo elas respectivamente: onde o ato ocorreu e o
que ocorreu?

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Por fim, o critério do local do crime onde os vestígios podem ser encontrados são classificados como
idôneos, inidôneos ou relacionados. Este é compreendido como qualquer lugar sem ligação geográfica
direta com o local do crime, mas que, no entanto, possa conter alguma informação que se relacione ou
auxilie no exame pericial.

O local do crime idôneo são aqueles locais que não foram violados se mantendo preservados. Ao con-
trário os inidôneos se referem aqueles que foram violados perdendo a sua integridade.

Conforme estabelecido no artigo 158 do Código de Processo Penal (CPP), quando a infração deixar
vestígios, a perícia será necessária e indispensável mesmo quando houver a confissão do acusado. In
verbis:

Art. 158 Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Assim, quando a análise preliminar demonstrar a existência de vestígios ou evidências que possam
elucidar os eventos do crime e justifiquem a necessidade da perícia, esta deve ser acionada para que
o processamento do local do crime seja feito de forma adequada.

No entendimento de como deve ser realizada a perícia, subdivide-se o trabalho da polícia e do perito
propriamente dito. Ambos possuem acesso ao local a ser analisado e funções e atribuições distintas
de como proceder.

A entrada da autoridade policial no local do crime deve ocorrer pela parte mais acessível, sendo feita,
se possível, uma trajetória retilínea única entre o corpo de delito e a entrada do local. É essencial que
toda a movimentação do policial seja meticulosa e cautelosa, a fim de não comprometer o trabalho dos
peritos.

A cautela dos policiais ao adentrarem o local só pode ser inobservada em caso de socorro da vítima,
para o real conhecimento do fato ou para se evitar um mal maior, como no caso dos incêndios.

Após constatar a veracidade da denúncia, cabe ao policial, ainda, comunicar a autoridade competente
do ocorrido e isolar o local a fim de preservar todos os vestígios lá existentes. Todo o procedimento
está estabelecido no Código de Processo Penal bem como na Lei 8.862/1994 que parcialmente o mo-
dificou.

O perito criminal Décio de Moura Mallmith, leciona o seguinte acerca do trabalho do perito em locais
de crime:

A presença dos peritos no local do delito, todavia, não substituí as ações da autoridade policial, a qual
caberá, além dos procedimentos para isolar a cena do crime e impedir o acesso de qualquer elemento
alheio à equipe da perícia, ações que possibilitem a segurança dos peritos e sua equipe, viabilizando
deste modo a conclusão do trabalho pericial. Os trabalhos periciais no local de uma ocorrência findam
quando o perito esgotar todas as possibilidades de exames e se der por satisfeito com os mesmos,
momento em que ele autorizará à Autoridade Policial a remover a interdição do sítio do delito. A Auto-
ridade Policial, entretanto, poderá optar por manter o local isolado, quando a interdição mostrar-se
imprescindível para os trabalhos preliminares de investigação.

Com a chegada dos peritos, os policiais devem discorrer sobre todo o ocorrido, narrando inclusive uma
possível “contaminação” do local do crime. Ou seja, deve ser passado aos peritos como foi a movimen-
tação policial no sítio e se algum vestígio foi acidentalmente ou deliberadamente retirado do ambiente.

Nos casos em que o local do crime observou um resultado morte, o procedimento padrão está descrito
no CPP. Em geral, quando o crime resultar em uma vítima fatal, trabalha-se com cautela e eficiência
redobrada, posto que nestes casos é comum a aglomeração popular que pode comprometer significa-
tivamente a cena do crime.

O trabalho do perito em si, deve ser exercido com demasiada paciência, atenção e metodologia criteri-
osa. É a correta análise dos vestígios do local o ponto crucial para entender como ocorreu o ato crimi-
noso. A título de curiosidade citam-se exemplos de como objetos e vestígios do ambiente onde ocorreu
o crime, podem auxiliar em sua definição e, se necessário, na identificação do criminoso.

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Para o olho do perito, objetos quebrados e móveis desarrumados podem significar luta, perseguição
ou tentativa de fuga. Por outro lado, cartas, bilhetes, embalagens de medicamentos e copos com restos
de bebida, demonstram um ato criminoso sem o uso da violência, ou mesmo um suicídio. A presença
de manchas de sangue ou produtos de limpeza distantes do cadáver revela, por vezes, uma mobiliza-
ção do corpo, enquanto impressões digitais e/ou pegadas determinam geralmente quantas pessoas
participaram do ato e auxiliam na identificação da vítima ou do criminoso.

Durante o processamento da cena do crime, principalmente nos casos de morte violenta, a arma do
crime pode ser encontrada. Neste momento o perito em ação conjunta com o médico legista, deve
comparar as possíveis lesões que o objeto pode inferir com as reais lesões evidenciadas no corpo da
vítima.

Ao fim do trabalho pericial, o perito elaborará um laudo com todas as informações percebidas no am-
biente do crime, incluindo nesse até se a movimentação policial prejudicou na análise do local. Através
desse laudo o perito informa a autoridade policial e judiciária todas as suas percepções acerca da cena
do crime e do ato delituoso em si.

A elaboração do laudo deve atender a critérios objetivos e ser didático. É composto por preâmbulo,
introdução, transcrição de quesitos, conclusão, em que se é emitido o juízo de valor, e fecho, onde há
a autenticação do documento a fim de que o mesmo possa servir como prova judicial. A metodologia
exigida é essencial, posto que cabe ao laudo pericial a função de informar, esclarecer, demonstrar e
convencer, através de seu conteúdo lógico, quem tem o poder de julgar.

Realidade Da Perícia Criminal No Estado Brasileiro E Sua Influência Nas Investigações Criminais

Titular da ação penal o Estado é quem colhe informações através de suas investigações e fornece ao
judiciário, dividido em Justiça Federal e Estadual, as quais agem cada qual de acordo a sua respectiva
competência.

O Instituto Nacional de Criminalística, INC, sediado em Brasília é o responsável pela estrutura admi-
nistrativa da Polícia Federal. Na esfera estadual A Seção Técnico-Científica, SETEC, existe em cada
Estado e conta com o serviço dos peritos federais para o atendimento das demandas regionais.

Especificamente nos Estados, existem os Institutos de Criminalística e os de Medicina Legal. A Crimi-


nalística é a responsável por todos os tipos de perícia, sendo competência dos médicos legais a perícia
no corpo humano, também chamada de autópsia.

O trabalho exercido pelas equipes de perícia é essencial para o sucesso das investigações. Conforme
já disposto, o laudo pericial possui o condão de elucidar o que ocorreu na cena do crime, demonstrando,
por vezes, o comportamento da vítima e as intenções do criminoso. Neste diapasão, dentro de uma
investigação ou um consequente processo judicial, a perícia técnica, possui uma importância crucial na
formação do juízo de valor daqueles que julgarão o caso, não podendo ser dispensada nem mesmo
pela ocasião da confissão do suspeito, conforme coloca o CPP.

Devido à importância da perícia técnica exercida no local do crime é preocupante a forma como o Brasil
estrutura sua polícia e seus institutos periciais. Em linhas teóricas, ou seja, na lei o procedimento a ser
adotado atende a todas as necessidades para a consecução do fim investigação. Entretanto, a reali-
dade está longe de condizer com o disposto na lei ou em planos e diretrizes governamentais.

A realidade brasileira convive com cenas de crimes que viram verdadeiros “circos”, haja vista a menta-
lidade de uma população que, geralmente, banaliza a violência a ponto de torná-la um espetáculo.
Convive também, a falta de materiais fundamentais para a análise de sítios criminais como, por exem-
plo, a fita utilizada para isolamento do local. Corrobora para este cenário, as precárias condições de
processamento dos dados colhidos no ambiente do crime, o pequeno contingente, o despreparo e a
falta de qualificação de muitos profissionais.

Neste contexto, estas deficiências que, se isoladas parecem pequenas, tonam-se os grandes contribu-
intes para a pouca eficiência das investigações criminais e, possivelmente, para a impunidade daquele
que foi o responsável pelo ato delituoso e pelo resultado morte. Em cenário mais geral, repercutem
ainda no número ínfimo e insatisfatório de resoluções de crimes com o resultado morte no Brasil, se
comparado a países como Estados Unidos, França, Inglaterra ou Chile.

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Há de se ressalvar que sendo o Brasil um país de dimensões continentais e por possuir várias unidades
federativas, as quais possuem recursos e formas particulares para suas investigações, as dificuldades
encontradas pelos peritos e pelos policiais variam de estado para estado. Contudo, em análise geral, a
situação do país é crítica e necessita de estudo e atuação imediata, tendo em vista que a boa estrutura
de um estado contrapõe a precariedade do outro.

Especialistas, argumentam que para a resolução do problema maior, ou de maior visibilidade, como é
a impunidade dos crimes com resultado morte no Brasil, há de se atentar para os problemas menores,
como a dificuldade técnica, estrutural e tecnológica dos peritos ara o processamento das cenas dos
crimes e análise médico legal dos corpos. Sendo assim, investimentos maciços em tecnologias, quali-
ficação e ações conjuntas entre as polícias são os necessários para a definitiva mudança da realidade
brasileira.

Homicídio/Suicídio/Acidente

Designa-se como maneira da morte o modo ou a forma através da qual agiu o agente responsável pela
causa da morte. A importância do seu estudo é indiscutível, justamente porquanto implica na diagnose
jurídica da causa da morte.

Com efeito, distingue-se assim entre a morte natural, quando esta é determinada, e. g. por uma doença,
e a morte violenta ou não natural, toda vez que a sua causa seja um traumatismo ou uma lesão, de
origem homicida, suicida ou, mesmo, acidental. Pouco importa, no caso, que o decesso da pessoa
tenha de dado imediatamente ou depois de ter transcorrido um certo tempo, por vezes até dias ou
semanas, desde o início do processo que provocou o óbito.

Esta diferenciação é de extrema importância uma vez que se a morte for natural não haverá responsa-
bilidades criminais ou civis a apurar.

Caso a morte for violenta, incluindo-se nesta rubrica até os óbitos decorrentes de eventos infortunísti-
cas - acidentes do trabalho - resulta cediça a necessidade de esclarecer largamente as circunstâncias
em que a mesma aconteceu, principalmente pelas implicações jurídicas, tanto no campo civil, quanto
no âmbito da legislação acidentária própria.

Contudo, os casos que mais conclamam a atenção do médico legista são aqueles em que a morte pode
ter sido ocasionada pela própria vítima - suicídio, suicídios a dois e homicídios-suicídios - ou aqueles
outros em que a morte é o resultado da ação de uma outra pessoa sobre a vítima: homicídios, nas suas
diversas modalidades.

Nestas situações, torna-se importante efetuar um preciso diagnóstico diferencial, de modo a estabele-
cer o verdadeiro nexo de causalidade entre as ações e os resultados. É, neste momento, que se inter-
relacionam e se entrelaçam as múltiplas informações que se colhem e os dados semiológicos que se
apuram, quer no local, quer sobre a própria vítima.

Tudo é importante: os antecedentes, a investigação policial, o levantamento do local e do cadáver e o


exame necroscópico. Mas, também, tudo deverá ser analisado em conjunto, de modo a avaliar a ve-
rossimilhança dos dados, a coerência dos resultados e a consistência das conclusões.

Nestas circunstâncias, torna-se necessário estabelecer algumas definições úteis; assim, entende-se
por:

Homicídio - Morte de um indivíduo em mãos de outro, em forma dolosa, culposa ou preterintencional.

Suicídio - Morte de um indivíduo pelas lesões que se auto-inflige com o objetivo de pôr fim a sua vida.

Morte acidental - Diz-se da que sofre um indivíduo por causas fortuitas e não previsíveis, ou que, em
sendo previsíveis, não o foram por ignorância, negligência ou imprudência, isto é, por culpa.

Durante as investigações, a existência de uma destas três modalidades de morte violenta deverá ser
cuidadosamente pesquisada, sendo o raciocínio balizado por certos elementos que analisaremos a
seguir.

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O exame do local em que o cadáver de uma pessoa é encontrado constitui a pedra angular da investi-
gação. Daí a importância que tem a preservação desse local, para não prejudicar as pesquisas.

É óbvio que nem todos os casos exigem a presença do legista na cena do evento. Todavia, há situa-
ções em que o seu chamado poderá ser de utilidade para que, no local, possa avaliar o modo provável
do óbito (homicídio, suicídio ou acidente), com base em indícios peculiares. Será, também, a melhor
forma de que se possa estabelecer uma razoável aproximação do momento ou horário da morte.

O legista, muitas vezes, pode auxiliar na reconstituição do incidente graças aos aportes médicos ou
de ciências afins que poderá fornecer. Há de se levar em consideração que o legista, por força de sua
formação, vê uma cena de crime com olhos diferentes daqueles dos peritos criminais e que as hipóte-
ses que levante no local, tanto poderão ajudar às pesquisas subsequentes, quanto ao próprio Juízo,
uma vez que o médico legista poderá ser chamado a prestar esclarecimentos em audiência.

Assim, ao estudar o local do crime, a verificação da desordem de móveis, móveis quebrados ou desar-
ranjo de objetos é um forte indício de que no local houve luta, perseguição ou tentativa de fuga, comuns
aos homicídios. Todavia, quando citada desordem se limita apenas à vizinhança imediata do cadáver,
não permite descartar a hipótese de um suicídio e sua provocação durante a fase agônica da vítima.

Outras condições do local como, por exemplo, fechamento das portas por dentro, calafetamento de
portas e janelas, achado de cartas ou bilhetes, encontro de embalagens de medicamentos, copos com
restos de bebidas, podem ser extremamente úteis para direcionar a pesquisa no sentido de determi-
nada forma de violência.

A presença de manchas de sangue e outros líquidos orgânicos é de grande interesse porquanto da-
dos referentes à sua localização, distância em relação ao cadáver, afora sinais de arrasto, que obrigam
a pensar na posterior mobilização da vítima, podem trazer subsídios inestimáveis à investigação. De
mais a mais, o estudo do grupo sanguíneo das manchas, comparando-o ao da vítima, poderá esclare-
cer, ainda, se esse sangue lhe pertence ou é oriundo do homicida que, porventura, pode ter sido fe-
rido durante o cometimento do seu ato.

As manchas de esperma, em geral, orientam no sentido de se estar em presença de um crime de


conotação erótica. Inobstante, em alguns casos de asfixia, não é infrequente a ejaculação tardia da
vítima, o que, como é curial, nada tem a ver com violência sexual. Nesses casos, pode ser de interesse
averiguar se o tipo de sêmen corresponde ou não ao da vítima, já que isto pode levar a estabelecer
diferenças entre suicídio e homicídio.

A ocorrência de impressões e pegadas pode ter interesse ao se caracterizar se originárias da vítima ou


não. Nesta segunda hipótese, o seu levantamento cuidadoso, por fotografia e/ou por moldagem, poderá
auxiliar não apenas na determinação de sua origem como, também, no número de pessoas que parti-
ciparam do evento. Quando as impressões ou as pegadas apresentam vestígios de sangue, é comezi-
nho que a identificação ou tipagem deste será útil ao esclarecimento de sua origem: se da vítima ou
do vitimário.

O achado da arma no local do crime poderá servir, eventualmente, para a identificação dactiloscópica
da pessoa que a utilizara. Sua presença nas proximidades do cadáver, em geral, orienta o raciocínio
para o suicídio, enquanto que o seu desaparecimento é um forte indício de homicídio.

Todavia, além dos dados criminalísticos de índole geral acima mencionados, para o médico legista
poderão aparecer, logo numa observação perfunctória do cadáver, elementos mais específicos que,
muito embora não tenham um valor definitivo, orientarão sobre a diagnose jurídica da "causa mortis"
que com maior probabilidade poderia ter ocorrido.

Forma de Apresentação do Cadáver

Este dado pode ser útil. Assim, quando se encontra um cadáver suspenso (enforcamento) a primeira
impressão que se tem é a de estarmos em presença de um suicídio. Todavia, não se pode excluir que
se trate de um acidente, de um homicídio ou, até, de uma simulação, onde o agente esteja tentando
ocultar uma outra forma de morte violenta, fazendo-a aparecer, aos olhos do investigador, como se se
tratasse de um suicídio.

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Quando a vítima apresenta sinais de estrangulamento ou de esganadura, a orientação mais coerente


é no sentido de estarmos em presença de um homicídio, porquanto esta forma de morte é praticamente
impossível em forma acidental ou suicida.

Contrariamente, a asfixia por imersão (submersão) é uma característica frequente de suicídio ou aci-
dente e muito mais raramente de homicídio.

Quando o cadáver se nos apresenta com lesões de desaceleração ou de impacto ocasionadas por
veículos, inclusive composições férreas, o raciocínio deve ser orientado, em primeiro lugar, para aci-
dente de trânsito ou suicídio, já que por razões de frequência são raros os homicídios perpetrados por
este método.

O Instrumento Utilizado

A variedade do instrumento que provoca as lesões encontradas no corpo da vítima também serve para
orientar quanto à diagnose jurídica da "causa mortis".

Com efeito, as armas de fogo, por exemplo, costumam ser usadas, intencionalmente, tanto por homi-
cidas, quanto por suicidas, sendo mais raros os acidentes provocados por imperícia ou negligência no
seu manuseio. Já as armas brancas, conquanto também possam ser usadas da mesma maneira do-
losa, proporcionalmente, mostram uma menor incidência de acidentes fatais.

As lesões que apresenta um cadáver provocadas por instrumento contundente orientam mais facil-
mente no sentido de um homicídio ou de um acidente sem que, contudo, se possa descartar "a priori"
um suicídio como, por exemplo, nos casos de precipitação ou defenestramento.

Sinais De Violência No Cadáver

O exame da vítima quando mostra vestes em desalinho, com eventuais rasgões ou esgarçamentos dos
tecidos, associadas com lesões corporais tais como as resultantes de agressões sexuais, ou equimo-
ses, escoriações, mordidas, estigmas ungueais, queimaduras, ferimentos punctórios, entre outras, to-
pograficamente afastadas das lesões letais, são um forte indício de homicídio precedido por luta entre
o agente e a vítima e, eventualmente, intentos de defesa desta última.

Nenhuma das outras duas causas jurídicas de morte - suicídio e acidente - tem o condão de apresentar
tão proteiforme quadro lesional.

Características Dos Ferimentos

O aspecto macroscópico que apresentam as lesões no cadáver também pode oferecer uma série de
informações silenciosas sobre os acontecimentos que envolveram sua produção. O local em que se
situam, o seu número e variedade, a direção do trajeto das mesmas, entre outros elementos, poderá
ser utilizada para alcançar os fins colimados.

Local do Ferimento

A topografia do local em que se infligiu o ferimento é de grande importância para auxiliar na caracteri-
zação da diagnose jurídica da "causa mortis".

Lesões homicidas. Caracterizam-se por uma completa ausência de local de escolha, afora o instru-
mento utilizado, exceção feita, como é cediço, das asfixias mecânicas por compressão do pescoço.

Lesões suicidas. Identificam-se por se situarem em locais de escolha que se relacionam, em todos os
casos, com áreas vitais ao alcance das mãos do agente.

Nesta característica se baseia a manobra tradicional que consiste em colocar na mão da vítima uma
arma semelhante à utilizada para a autoquíria, mobilizando o segmento até a posição necessária para
produzir os ferimentos observados, analisando, então, a compatibilidade dos mesmos, o que enfatizará
a noção de suicídio.

A presença das vestes no local do ferimento pode, também, auxiliar na diferenciação entre suicídio e
homicídio. Com efeito, em geral, o suicida desabotoa e abre as roupas no local em que pretende infligir
o ferimento mortal. Já o ferimento homicida ou acidental costuma acontecer através das vestes.

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Segundo o tipo de instrumento utilizado, também sofrerão alterações os locais de escolha do suicida.

Assim, para as armas de fogo, a região temporal e boca, estatisticamente, são os locais preferidos,
enquanto que a região precordial é mais raramente utilizada.

Quando são usadas armas brancas, os locais eletivos são o pescoço, a face anterior do antebraço
desde o punho até a prega do cotovelo e o precórdio. Excetuando-se o suicídio ritual japonês -
"seppuku" ou "hara-kiri" - excepcionalmente o abdome é atingido pelo instrumento com finalidades de
auto-eliminação. Tanto é verdade que quando se encontram lesões incisas ou pérfuro-incisas no ab-
dome deve-se pensar sempre, em primeiro lugar, em homicídio ou acidente.

Número De Ferimentos

Como regra geral, deve-se considerar - (afora o local, como já foi mencionado em outra parte deste
trabalho) - que o número de ferimentos permite orientar o legista quanto à causa jurídica da morte.

Eis que, estatisticamente, as lesões únicas ou duplas e oriundas de uma única variedade de arma são
mais frequentes nos casos de suicídio. É evidente que esta regra, como qualquer outra, admite exce-
ções e na literatura especializada encontram-se relatos de casos excepcionais, geralmente em psico-
patas, em que a vítima se lesa múltiplas vezes, mas geralmente em regiões muito próximas.

Nos casos de homicídio não apenas o número de ferimentos costuma ser maior, como também é mais
frequente a associação de métodos. Refere-se o caso de que na vigência de ferimentos homicidas
múltiplos, diferentemente do que acontece no suicídio, estes não se situam próximos entre si, nem têm
topografia preferencial, exceção feitas das lesões de defesa (cfr. infra).

Variedade Dos Ferimentos

Além do número e sede das lesões, como elementos passíveis de diferenciar as três formas jurídicas
de morte violenta, ainda contamos com a profundidade dos ferimentos. Assim, as lesões provocadas
pelos suicidas, em geral, costumam ser mais superficiais que as decorrentes de homicídio.

O emprego de armas diferentes é quase sempre um forte elemento para fazer pensar em homicídio,
muito embora seja verdade que, por vezes, o suicida, notadamente quando falha o seu intento com um
certo instrumento, serve-se de outro para conseguir seu objetivo.

Nestes casos, em havendo ferimentos múltiplos, apenas um deles, que de regra é o último, tem eficácia
para tirar a vida da vítima e o legista deverá levar em consideração este fato para poder elaborar
sua conclusão sobre a "causa mortis" jurídica.

Em contrapartida, quando se encontram no cadáver dois ou mais ferimentos mortais, há de se consi-


derar, em primeiro termo, a hipótese de homicídio.

Por derradeiro, ainda nesta fase inicial, o legista deverá observar a cronologia das lesões, de modo a
caracterizar se todas elas foram produzidas no mesmo momento, isto é, durante o tempo em que o
agente agrediu à vítima, ou se algumas delas foram ocasionadas antes, "intra vitam" ou seja, com a
vítima ainda viva, e outras foram infligidas "post mortem", isto é, quando a vítima já estava morta. O
diagnóstico diferencial entre lesões "intra vitam" e "post mortem", será objeto de um estudo separado,
no final desta secção.

Direção Dos Ferimentos

É inconteste que a análise da direção dos ferimentos - fato este que constará sempre de discussão do
Laudo Necroscópico - resultará de singular importância na reconstituição da cena auxiliando, outros-
sim, muitas vezes no esclarecimento da diagnose jurídica da causa da morte.

Com efeito, as lesões cuja direção é de trás para frente, praticamente, excluem a hipótese de suicídio,
exceto nos raros casos em que o agente monta uma parafernália mecânica para efetuar um disparo a
distância.

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Já os casos de homicídio não oferecem direções preferenciais, sendo certo que muitas vezes se en-
contram lesões na parte dorsal do corpo produzidas por surpresa ou emboscada, à traição, ou mesmo
quando a vítima tenta fugir do seu agressor.

Nos ferimentos de arma de fogo, a direção da trajetória do projétil, frequentemente, permite reconstituir
a posição relativa do atirador com relação à vítima e a própria posição desta. Isto sem contar outros
dados que poderão ser obtidos como o tipo de projéteis, seus calibres e suas cargas. Além de verificar
quais as lesões letais entre diversas produzidas, e a eventual identificação dos instrumentos que as
produziram.

Quando há vários ferimentos de arma de fogo, há de se caracterizar qual a que foi mais letal para assim
poder identificar qual a arma que disparou o projétil, labor este que estará afeto ao laboratório de ba-
lística.

Nos ferimentos por arma branca, nos casos de homicídio, a direção da trajetória da lesão será útil para
determinar a forma como o agente empunhava o instrumento, qual a mão dominante (se destro ou
canhoto) ou, pelo menos, com a que segurava a arma, e a posição relativa com relação à vítima (de
frente, pelas costas, de lado etc.).

Todos estes dados serão fornecidos pela observação cuidadosa da lesão, notadamente pela posição
que assume a "cauda" da mesma, isto é, uma verdadeira escoriação linear que indica o local em que
o instrumento se superficializou abandonando o corpo da vítima.

Nos casos de esgorjamento - lesão esta que tanto pode ser suicida quanto homicida - deve-se prestar
bastante atenção as suas características direcionais. Isto porquanto em se tratando de um suicídio a
direção predominante é a oblíqua, de cima para baixo e variando da esquerda para direita (nos indiví-
duos destros) e da direita para a esquerda (nos indivíduos canhotos e, frequentemente, nos ambides-
tros). Nos suicidas destros, a incisão pode ser vertical à direita, autoinfligida após ter voltado a cabeça
para a esquerda (ver figura na página seguinte).

Quando o esgorjamento resulta de homicídio, em que de regra o agente se posta por trás da vítima, a
direção predominante é a horizontal na parte média anterior do pescoço, sendo certo que a incisão
acaba superficializando-se de maneira oblíqua na parte lateral do segmento, variando apenas e indi-
cando qual a mão dominante do agressor: para a direita (se é destro), para a esquerda (se é canhoto).

Nos dois tipos de ferimento que caracterizam o esgorjamento e que acabamos de descrever - suicida
e homicida - a regularidade das bordas do ferimento poderá ter importância complementar àquela de-
corrente da direção, para melhor roborar a diagnose jurídica da "causa mortis".

Com efeito, no suicídio, o agente por vezes faz algumas pequenas escoriações superficiais com o gume
do instrumento, próximas ao início da futura lesão e que são interpretadas como "experiências" ou
"indecisões" sobre o ato que vai praticar. Ao depois, quando decide realizar o corte, as bordas do feri-
mento provocado são lisas e nítidas, indicando que foram produzidas de uma só vez, de ímpeto, em
um único "ictus".

Contrariamente, no homicídio, as bordas são irregulares e, não raro, os ferimentos são pequenos e
múltiplos, já que a vítima se movimenta, esboçando reação de defesa contra o agressor. Exceção a
esta regra são os casos em que a vítima é atacada enquanto dorme ou é surpreendida por um ataque
repentino, à traição.

Lesões De Defesa

Recebe este nome o conjunto de ferimentos que pode ser encontrado na vítima nos casos de homicídio
e que se não relaciona diretamente com as lesões dolosas provocadas pelo agente. Antes, se trata de
lesões que se originam incidentalmente quando a vítima, de forma instintiva, trata de defender-se. Daí
que a localização destes ferimentos siga padrões mais ou menos característicos.

A topografia mais frequente das lesões de defesa se relaciona com a face dorsal das mãos, borda ulnar
e face dorsal dos antebraços, nas tentativas de proteger a cabeça e o tronco; no mento e laterais da
face, quando se evitam agressões sobre o pescoço e, também, na face palmar das mãos e dos dedos,

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LOCAIS DE MORTE VIOLENTA

quando a vítima tenta segurar a arma do agressor. Em se tratando de arma de fogo, pode ser encon-
trado esfumaçamento, chamuscamento e tatuagem da palma, notadamente nas regiões tenar e hipo-
tenar, com exame residuográ- fico positivo da região.

Espasmo Cadavérico

Nada mais é do que um caso particular de rigidez cadavérica, de instalação instantânea e ainda em
vida, cuja principal característica é uma contractura muscular que faz persistir, após a morte, a posição
ou a atitude que a vítima apresentava no momento do óbito.

A principal diferença que apresenta o espasmo cadavérico em relação à rigidez cadavérica propria-
mente dita, é que esta última se instala já no cadáver como parte dos fenômenos consecutivos e é
sempre precedida de relaxamento do tonus muscular, coisa que não ocorre no primeiro.

É um fenômeno raro e que, pela própria característica de sua instalação - relacionada com lesões ex-
tensas e súbitas de centros neurais superiores (cerebrais, cerebelosos e do tronco encefálico) ou após
adiga muscular intensa - somente pode aparecer nos casos de morte violenta ou súbita.

O fato do corpo ou de um segmento do mesmo fixar-se, de forma rígida e de maneira abrupta, na última
posição que assumira ou no derradeiro gesto que efetuara em vida, concede ao estudo do espasmo
cadavérico, quando presente, importância médico-legal.

É claro que o achado de um cadáver empunhando uma arma, por exemplo, embora faça logo pensar
em suicídio, nem sempre deverá ser hábil a realizar tal diagnose jurídica da "causa mortis". Outros
elementos como a topografia lesional e as características do próprio ferimento (câmara de mina de
Hoffmann, zonas e orlas em torno do orifício produzido pelo projétil e trajeto deste) ou da mão do ca-
dáver (salpicos de sangue ou substância neural, teste residuográfico positivo) deverão ser relaciona-
dos com a arma empunhada para aquilatar a coerência da afirmação.

A importância do espasmo cadavérico acima citada, se vê reforçada ainda mais, pelo fato de ser im-
possível "simular" ou "remedar" este espasmo.

Com efeito, mesmo que a arma seja colocada na mão fechada da vítima, aguardando-se até que so-
brevenha a rigidez cadavérica como fenômeno consecutivo "post mortem", esta nunca oferecerá uma
pressão tão completa e firme quanto a do próprio espasmo (LACASSAGNE, 1909).

Identificação Da Arma

Esta é uma parte do levantamento que não compete, especificamente, ao médico-legista, antes aos
peritos criminais. Contudo, desde que se tenha acesso ao instrumento que ocasionou a morte, é mister
do legista avaliar a concordância entre este e as lesões que observam no cadáver, de modo a verificar
a viabilidade de tê-las produzido.

Isto é de singular importância nos ferimentos produzidos por armas brancas e por instrumentos con-
tundentes já que nas armas de fogo, a contribuição dada pelos estudos de balística terminal ou de
balística forense, realizados pelo Instituto de Criminalística, as mais das vezes, acabam por identificar
com precisão a arma utilizada permitindo, inclusive, distingui-la entre várias.

Exame Do Acusado

Deve ser realizado desde o ponto de vista físico e psíquico. O primeiro, visará a verificação da ocor-
rência de rasgões nas roupas, existência de vestígios (manchas de sangue ou outros líquidos orgâni-
cos, pelos etc.) oriundos da vítima e/ou de lesões de qualquer natureza, que permitam caracterizar a
ocorrência de luta ou reações de defesa da vítima.

O segundo - exame psíquico - deve realizar-se-para avaliar o estado mental do agente, caracterizar se
é portador de algum desvio comportamental ou psicopatia capaz de modificar sua imputabilidade ou de
explicar a violência, as lesões de "overkill" ou outras que possa ter infligido na vítima.

Quadro Sinóptico Das Diagnoses Jurídicas Da "Causa Mortis"

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No quadro a seguir, modificado de YAMETTI SASSI (1985), pode ser vista, em forma sumária, a orien-
tação que permitem os achados lesionais na peri-necroscopia, no que tange às mais prováveis manei-
ras da morte da vítima.

SINAIS
HOMICÍDIO
SUICÍDIO
ACIDENTE

Formas de morte

Enforcamento
muito raro
frequente
possível

Esganadura
típico
impossível
muito raro

Estrangulamento
típico
muito raro
muito raro

Imersão/submersão
raro
frequente
frequente

Acidente de trânsito
raro
frequente
frequente

Tipo de arma

Arma branca
frequente
frequente
raro

Arma de fogo
frequente
frequente
frequente

Instr. contundente
frequente
raro
frequente

Violência Externa

Violência Externa
frequente
inexiste
inexiste

Local da lesão

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Região temporal
possível
de eleição
possível

Região precordial
possível
de eleição
possível

Prega do cotovelo
possível
de eleição
possível

Punho/antebraço
possível
de eleição
possível

Pescoço
possível
de eleição
possível

Abdome
frequente
raro
possível

Número de Ferimentos

Um ou dois
frequente
possível
raro

Múltiplos
frequente
muito raro
frequente

Variedade de Ferimentos

Instrumento único
frequente
frequente
frequente

Instrumentos diferentes
frequente
muito raro
raro

2 Ferimentos graves

frequente
muito raro
raro

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Direção do Ferimento

Esgorjamento
horizontal
oblíquo / vertical
raro

"Cauda da lesão
pequena
grande
inexiste

Regularidade de bordas

Regularidade de bordas
rara
frequente
rara

Lesões de defesa
frequentes
inexistem
raras

Espasmo Cadavérico
muito raro
frequente
possível

Outros sinais

Profundidade da lesão
frequente
raro
possível

Salpicos ou borrifos
inexistem
frequentes
possíveis

Estigmas ungueais
frequentes
inexistem
inexistem

Instrumentos Contundentes

Iremos começar a abordagem pelas lesões produzidas por ação contundente, logo em seguida faremos
uma breve exposição acerca das lesões produzidas por ação cortante, lembrando que é frequente em
provas de medicina legal a comparação entre referidas lesões.

Instrumento contundente é todo objeto capaz de agir traumaticamente sobre o organismo, a lesão
pode ser produzida por pressão ou deslizamento, temos como exemplo de instrumentos aptos a pro-
duzir tais lesões: pedras, paus, barras de ferro, taco de basebol etc

Importante ressaltar que excepcionalmente a lesão contundente pode ser produzida pelo ar (como por
exemplo em explosões em que há um deslocamento abrupto de ar) e pela água (derivada de mergulhos
em que a água funciona como uma espécie de "muro").

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Passamos agora ao estudo das diversas modalidades de lesões produzidas por instrumento contun-
dente:

Eritema traumático: É lesão mais branda a ser produzida, o que popularmente podemos chamar de
"vermelhidão", os Tribunais em diversas ocasiões já consideraram a agressão que produz a eri-
tema traumática como contravenção de vias de fato, ou seja, não chega a ser considerada como ofensa
a integridade física da vítima.

Rubefação: Considerada uma congestão de pouca intensidade, porem em grau maior do que o eritema
traumático, desaparece em pouco tempo (cerca de 6 a 24 horas), temos como um exemplo um tapa de
mão aberta.

Escoriações: O instrumento contundente produz o arrancamento da epiderme, deixando a derme des-


coberta, ocasionando a formação de crosta hemática. Cumpre salientar que no morto não ocorre a
formação de referida crosta. Quando a lesão atinge apenas a epiderme ocorre o rompimento de vasos
linfáticos, ficando uma crosta amarelada, diferentemente ocorre quando a lesão atinge a derme em que
a crosta será avermelhada devido ao rompimento de vasos sanguíneos.

Escoriação

Equimose: O agente vulnerandi age com maior intensidade do que na rubefação, mas diferentemente
da escoriação a pele é preservada, porem os vasos superficiais se rompem causando uma infiltração
e coagulação do sangue extravasado nas malhas dos tecidos. Aqui podemos citar algumas subespé-
cies de equimoses como a emotiva (como o próprio nome diz causada por emoções e não por instru-
mentos contundentes) e a equimose a distância (a lesão se encontra em um lugar e a equimose em
outro, ocorre devido ao efeito da gravidade sobre o sangue).

Espectro equimótico de Legrand du Saulle - É a mudança de coloração da equimose com o passar do


tempo, determina a data aproximada da lesão, sendo: Vermelho 1º dia, violáceo 2º e 3º, azul 4º a 6º,
esverdeado 7º a 10º, amarelo esverdeado 10º a 12º e amarelado 12º a 17º.

Roberto Blanco em sua obra anota tipos especiais de equimoses como:

A) Petéquias - São equimoses puntiformes, como cabeças de alfinete, muito comum em mortes rápidas
e asfixias.

B) Mancha equimótica de Tardieu - Têm o tamanho de uma lentilha frequentes nas asfixias mecânicas
do tipo sufocação direta.

C) Mancha subpleurais de Paltauf - Ocorre nos casos de insuficiência respiratória aguda e em casos
de afogamento.

Hematoma: É a coleção sanguínea em uma cavidade circunscrita, ou seja a concentração de sangue


derramado sem rompimento da pele, diferencia-se da equimose pelo fato de nesta o sangue se infiltra
nas malhas do tecido subcutâneo enquanto que no hematoma o sangue se coleciona em determinado
ponto formando verdadeiras bolsas, porem, cumpre ressaltar a possibilidade de referidas lesões ocor-
rerem simultaneamente.

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Hematoma

Bossa sanguínea: Ocorre quando o hematoma se encontra em região óssea e abaixo de pele com
pouco tecido mole na circunvizinhança, o sangue pressiona a pele para cima, é oque popularmente
chamamos de "galo".

Bossa Sanguínea

Ferida Contusa: Aqui ocorre perda da integralidade da pele ou o rompimento de sua elasticidade. Ca-
racterísticas:

A) Fundo e vertentes irregulares

B) Escoriações das bordas

C) Hemorragia menor que nas feridas incisas (produzidas por instrumento cortante)

D) Retalhos em forma de ponte unindo as margens

E) Nervos, vasos e tendões conservados no fundo da lesão

Luxação: Via de regra trata-se da rotura de ligamentos, é a perda definitiva de contato entre as super-
fícies articulares (mas não necessariamente irreversível).

Lesões Produzidas Por Ação Cortante

Instrumento cortante é aquele que apresenta fio, corte ou gume, por exemplo uma faca. Lembrando
que conforme manuseia-se o instrumento cortante este poderá produzir uma lesão por ação perfuro-
cortante, lesão a qual não será objeto aqui objeto de estudo.

As feridas produzidas por ação cortante são chamadas de feridas incisas, o instrumento cortante age
tanto por pressão como por deslizamento.

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1) Ferida incisa simples: fundo liso e bordas regulares, maior cumprimento do que profundidade, trata-
se de ferida superficial.

2) Ferida em bisel (com retalho ou também chamada de bico de flauta): A ação se faz obliquamente,
de modo a destacar uma porção do tecido lesado

3) Ferida mutilante: É aquela que tira pedaço, ou seja, perda da substância pela ação tangencial.

Características Das Feridas Incisas:

A) Margens nítidas e regulares

B) Fundo da lesão sem pontes ou esmagamento

C) Cumprimento maior que a largura e profundidade

D) Cauda de escoriação ou de saída

E) Aspecto e "V" ao corte perpendicular

F) Hemorragia abundante

Ferida Incisa

Lesões Características:

A) Lesões de defesa: Borda cubital do antebraço, palma da mão e dedos

B) Esgorja: Região anterior, lateral ou anterolateral do pescoço

C) Degola: Região posterior do pescoço (nuca)

D) Decapitação: Separação da cabeça em relação ao corpo

Lesões Corporais

Vamos dividir os objetos que causam o dano, segundo a SUPERFÍCIE DE ATAQUE.

Dessa forma, teremos:


- o NOME DO INSTRUMENTO,
- o NOME DA FERIDA e
- o MECANISMO DE AÇÃO.

Superfície – PONTO
Instrumento – perfurante (transfixante)
Ferida – punctória
Mecanismo – energia de vibração mais profundidade

Superfície – LINHA (gume)


Instrumento – cortante

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Ferida – incisa (*)


Mecanismo – pressão mais deslizamento(**)
(*) esgorjamento, degola e decapitação
(**) O deslizamento potencializa a ferida

Superfície – PLANO
Instrumento – contundente
Ferida – contusa
Mecanismo – massa x energia de vibração

A decapitação pela espada era um privilégio dos cidadãos romanos.


A crucifixação era deixada para os cidadãos não romanos.

Superfície – PONTO
Instrumento – perfurante (transfixante)
Ferida – punctória
Mecanismo – energia de vibração mais profundidade
Instrumentos cuja superfície de ataque seja um ponto. Ex.: Agulha de injeção.

Os instrumentos desse grupo são chamados perfurantes. A lesão causada por ele é chamada ferida
ou lesão functória. O instrumento perfurante tem um orifício de entrada. Se tiver um orifício de saída
também, será chamado transfixante.

TRANSFIXANTE

XX
XX
XX
XX
O -------------------o
XX
XX
XX
XX

“---------------“ = ferimento
O = orifício de entrada
o = orifício de saída

ASPECTO – LINHA:

(s) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (b)
X ......................... X
X ......................... X
X ................... ..... X
X ........................ X
X ........................ X
X .................. ..... X
X ..................... X
X .................. X
X .............. X
X .......... X
X ..... X
X ... X
X

(a) cauda de entrada


(b) cauda de saída

Leitura:
O efeito linha tem o mecanismo deslizante. É mais profundo na entrada e mais superficial na saída.

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Fica um fio no corpo. Onde entrou a lâmina é mais profunda a ferida. Onde saiu é mais rasa.

É para deslizar que as lâminas de faca a forma curva, diminuindo na ponta (mecanismo de desliza-
mento)

Na superfície LINHA encontramos a morte por:


- esgorjamento
- degola
- decapitação

Corte costurado, visto de cima = uma linha

DEGOLA
Degola é lesão incisa profunda na porção POSTERIOR do pescoço.
A degola corresponde ao corte na região da GOLA da camisa, por isso o nome.
Degola: corta-se a garganta do condenado de orelha à orelha – GOLA.

DECAPITAÇÃO
É uma agressão incisa na região do pescoço, que SEPARA a cabeça do tronco.
Decapitação: a cabeça é decepada do corpo (pelo machado ou guilhotina) - SEPARADA
Decapitação é incisão completa, na região cervical (pescoço), separando a cabeça do corpo.

ESGORJAMENTO
Causa a morte. Esgorjamento: corta-se a traquéia do condenado.
O ferimento dá-se na parte ANTERIOR ou nas partes LATERAIS do pescoço.
O esgorjamento é qualquer outro corte, na parte ANTERIOR OU LATERAL do pescoço.

Cena de um crime:
Há um cadáver com ESGORJAMENTO. A VÍTIMA era DESTRA e tem na mão uma navalha. No
exame de corpo de delito detecta-se que a CAUDA DE ENTRADA DA LESÃO ESTAVA À DIREITA.
Trata-se de um homicídio ou suicídio?
Quando o indivíduo vai cometer suicídio, há certos movimentos de praxe. Se é destro, irá fazer sem-
pre o movimento da esquerda para a direita. O contrário ocorrerá se for canhoto.
É provável, portanto, que trate-se de HOMICÍDIO, onde tentou-se dissimular colocando em sua mão
a navalha.

Instrumento contundente tem uma superfície de ataque plana, ou definida pelo plano.
As lesões causadas por esse instrumento são chamadas lesões contusas ou lesões contundentes e
estão agrupadas em:
- fraturas
- luxações
- hematomas
- equimoses
- escoriações
- lacerações

Anzol pode servir como instrumento perfuro-cortante. Se entrar no olho pode evoluir para uma uveíte
pela alta contaminação do anzol.

Equimose = no tornozelo que fica roxo pela hemorragia causada.

Instrumento cortante = pressão + deslizamento. As partes podem ser juntadas, casando-se perfeita-
mente.

Laceração ocorre tanto em órgãos internos como nos externos (dedo preso na porta do carro).

Instrumento transfixante = prego que atravessou o dedo.

Fratura terço distal do úmero = além de quebrar o osso, luxou.


Anoxia = pode ocorrer o pinçamento da artéria que entra no lugar onde o osso luxou.

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LOCAIS DE MORTE VIOLENTA

Fratura da tíbia + fíbula.

Luxação do joelho = osso sai do lugar e há rompimento do ligamento que não é acusado no RX

Superfície – PLANO
Instrumento – contundente
Ferida – contusa
Mecanismo – massa x energia de vibração

Suponhamos que caia do 10º andar uma folha de papel. Não acontece nada. Se cair um tijolo na ca-
beça de alguém?
A diferença está na massa e energia de vibração.
Caindo do 10º andar, a energia de vibração é igual, mas a massa é diferente.

FERIDA CONTUSA
- fratura
- luxação
- escoriação
- hematoma
- laceração
- equimose
Uma não exclui a outra.

Equimose

Quando tem um sangramento no tecido, difuso.


Exemplo: o olho roxo por causa do soco.

Fratura

Solução de continuidade do osso. Trinquei o osso: é a mesma coisa.


Fratura aberta: alto risco de contaminação.
Também: quando tritura o osso.
Fratura = Pode ser completa, quando o osso se quebra no sentido horizontal.
Incompleta, quando apenas trinca (não existe esse termo em medicina). É uma quebra incompleta.
Fechada, quando não fica exposta = não há contato da fratura com o exterior.

Aberta (fratura exposta) = epícula óssea perfura a pele e sai para fora (epículos ósseos rompem a pele
e têm contato com o exterior, tornando-se contaminada). A fratura estará infectada e há risco de osse-
omielite. Ao chegar ao hospital esse osso exposto deverá ser lavado com água e sabão, passado iodo
+ álcool antes de ir para cirurgia onde será quebrada a ponta do osso, tornando lisa a superfície onde
quebrou. O osso é quebrado com sacabocato. Junta-se as partes e, se preciso, coloca-se pinos.

Fadiga de stress = as pessoas exageram acima de sua capacidade física e ocorre uma fratura do osso
enfraquecido.

Fratura Cominutiva

A fratura é tão intensa que os ossos são reduzidos a pedaços pequenos.

Luxação

Também conhecida popularmente como “saiu do lugar” , ou quando no dedo “o dedo ensacou”. Dois
ossos que se articulam em função de contusão perdem esse contato, ficando desencontrados um do
outro. (Diferente de artrose quando há destruição do tecido que serve de proteção articular, passando
os ossos a se atritar, causando dor).

Equimose

É uma hemorragia que ocorre no interior do tecido, sem a formação de bolsa ou coleção sanguínea.
Caso ocorra a formação de bolsa ou coleção sanguínea teremos um HEMATOMA. Ex.: olho roxo do

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lutador de boxe ou o roxo na coxa quando batemos em alguma coisa, ou um beliscão. Em mulheres
costuma ficar roxo com o simples fato de ficar nervosa.

Hematoma

A hemorragia fica dentro de uma bolsa, também conhecida como tumor de sangue. Uma criança que
caia do berço pode Ter um hematoma na cabeça. Outro exemplo é a famosa martelada no dedo.
O hematoma sub ungueal é aquele formado embaixo da unha.

Escoriação

É aquela também conhecida como “ralada”, quando a derme fica à mostra.


A epiderme, quando atritada, apresenta um monte de pontinhos.

Laceração

Quando rasga-se o órgão denso atingido por projétil ou trauma.

Corpo Contundente

(não confundir com instrumento contundente)


Uma locomotiva, mesmo que a 20 km. por hora acabará com um fusca que seja atravessado na linha.
Não confundir CORPO CONTUNDENTE (locomotiva) com INSTRUMENTO CONTUNDENTE (tijolo).

A massa é tão grande que mesmo que a vibração seja pequena, faz um estrago muito grande.
Exemplo: uma locomotiva a 5km/h.

Traumatologia Forense

Conceito: é o estudo das lesões corporais resultantes de traumatismos de ordem material ou moral,
danoso ao corpo ou à saúde física ou mental (Croce; 115)

Classificação:

1- Agentes mecânicos (instrumentos)


2- Agentes físicos
3- Agentes químicos
4- Agentes físico-químicos
5- Agentes biológicos (contágios)
6- Agentes mistos

1-Agentes mecânicos ou instrumentais: denominam-se como conjuntos de objetos, agidos de uma


mesma maneira, produzem lesões semelhantes, sendo divididos em:

a) Instrumento perfurante
b) Instrumento cortante
c) Instrumento contundente
d) Instrumento perfuro-cortante
e) Instrumento corto-contundente
f) Instrumento perfuro-contundete

A) Instrumento Perfurante:

Ação: por pressão, por meio de sua ponta, empurrados por uma força cujo sentido corresponde ao
seu eixo longitudinal. Objetos longos e de pontas afiladas.
Ex. Pregos, alfinetes, agulhas, estiletes, etc.
Ferimento: punctório ou puntiforme
Características: a ferida apresenta uma forma da projeção da secção transversa do objeto. Profundi-
dade sobre a superfície externa, que é muito pequena.
Atravessa-se o instrumento um segmento ou órgão do corpo, chama-se punctório transfixaste.

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B) Instrumento Cortante:

Ação: por pressão e deslizamento sobre o seu fio ou gume. O aprofundamento depende da pressão
ou fio, mas a extensão da lesão depende do deslizamento do instrumento. Deverá ser forte o bas-
tante para vencer a resistência da pele. Objetos que apresentem um bordo longo e fino.
Ex. Navalhas, lâminas de barbear, bisturi, faca, estilhaço de vidro, papel, capim-navalha, etc.

Ferimento: Inciso

Características: a ferida apresenta forma linear reta ou curvilínea, com predomínio do comprimento
sobre a profundidade, margens nítidas e regulares; ausência de contusão em torno da lesão, devido
gume se limitar a secção dos tecidos, sem mortificação; predomínio sobre a largura e a profundidade,
extremidade mais superficial e em forma de cauda de escoriação, ao qual é produzida na epiderme no
instante que precede a ação final do instrumento sobre a pele; corte perpendicular, aspecto angular em
formato de um “v” de abertura externa, se o instrumento cortante agiu linearmente; hemorragia abun-
dante.

Tipos de lesões produzidas por instrumentos cortantes: Nos instrumentos cortantes provocados por
lesões no pescoço, podemos classificar em:

1) Esgorjamento,
2) Degolamento e
3) Decapitação

1) Esgorjamento: São lesões incisas, de profundidade variável, situando-se na face anterior ou antero
– lateral do pescoço, entre a laringe e o osso hióide, ou sobre a laringe, raramente acima ou abaixo
desses limites. Pode ser única ou múltipla, e a profundidade da lesão é variável, detendo-se, em geral,
na laringe, dependendo da intensidade do uso do instrumento, alcançando a coluna cervical.
Deve-se observar também que, se o ferimento for numa direção transversal ou obliqua, entende-se
como elementar para determinar a causa jurídica da morte, daí, poderemos analisar se houve suicídio,
ao qual o instrumento cortante é empunhado pela mão direito, em que se predomina a direção trans-
versal ou descendente para a direita, também pode ocorrer em direção oposta, se quando for canhoto.

A profundidade da lesão é maior no inicio e no final a vitima perde suas forças.

Nos homicídios, aparecem características distintas, pois o autor da lesão coloca-se por trás da vitima,
provocando um ferimento da esquerda para a direita, se destro, em sentido horizontal, se voltado para
cima.

2) Degolamento: São lesões provocadas por instrumento cortante na região posterior do pescoço, na
nuca. É indicio de homicídio, principalmente se o ferimento for profundo e a lesão encontra-se locali-
zada na medula.

3) Decapitação: É a separação da cabeça do corpo, podendo ser oriunda de outras formas de ação
além da cortante. Pode ser acidental, suicida ou homicida.

C) Instrumento contundente: é todo agente mecânico, liquido gasoso ou sólido, rombo, que, atuando
violentamente por pressão, explosão, flexão, torção, sucção, percussão, distensão, compressão, des-
compressão, arrastamento, deslizamento, contragolpe, ou mesmo de forma mista, traumatiza o orga-
nismo (CROCE: 272).

Ação: por pressão e/ou deslizamento sobre uma superfície mais ou menos plana. Ex. tijolos, pedras,
mãos, pés, cassetetes, etc. Tais ferimentos podem ter como consequência ações como explosão, com-
pressão, descompressão, tração, torção, contragolpe, ou, formas mistas.

Tipos de lesões:

Contusão: é a denominada como genérica do derramamento de sangue nos interstícios tissulares, sem
qualquer efração dos tegumentos, consequente a uma lesão traumática sobre o organismo. Trata-se
de uma lesão fechada com comprometimento do tecido celular subcutâneo e integridade real ou apa-
rente na pele e nas mucosas.

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Ferida contusa: é a contusão que adveio da continuidade pela ação traumática do instrumento vulne-
rante; é a contusão aberta.

Características: apresenta forma irregular, por vezes estrelada, com bordos irregulares, anfractuosos e
macerado, fundo irregular, com pontes de tecido unindo uma borda à outra. Os tecidos próximos apre-
sentam-se também como traumatizados, como às vezes esmagados, conforme o caso. Há uma clas-
sificação médico-legal, portanto:

• Eritema: área avermelhada no local contundido devido a alteração local da circulação. É transitório,
desaparecendo nas próximas 24 horas. Temos como exemplo: tapas, empurrões, bofetadas, etc.

• Edema traumático: aumento difuso de volume, por acumulo de líquido intercelular. Por motivo de
alteração traumática da permeabilidade dos vasos capilares ocorre um extravasamento de líquido nos
espaços intersticiais. Podem desaparecer em menos de 24 horas.

• Equimose: extravasamento de sangue para dentro dos tecidos, cujas malhas ficam aprisionadas as
hemácias, formando uma mancha de coloração, de inicio, violácea.

• Hematoma: solução de continuidade superficial que atinge a epiderme e eventualmente parte da


derme. Tem sua evolução, sem deixar cicatriz ou produzindo alterações muito discretas na pele, for-
mando manchas hipocrômicas como único sinal. Há que mencionar também que as lesões tidas pro-
fundas são causadas pela forma do instrumento gerando uma violência considerada grande. Assim,
temos:

• Fratura: perda de continuidade óssea, parcial ou total

• Luxação perda de continuidade de articular, podendo ou não se acompanhar de ruptura de ligamentos


articulares.

• Ruptura visceral: lesão que atinge órgãos das cavidades cranianas, torácica e abdominal.

Frequentemente, as vísceras mais lesadas são o fígado e o baço.

D) Instrumento Pérfuro-Cortante:

Ação: predomínio de profundidade sobre o comprimento; os bordos nítidos e lisos e as margens não
apresentam traumas de contusão. A lesão provocada chama-se “ferimento em botoreira”, por apresen-
tar-se um ângulo agudo e outro canto arredondado, nos instrumentos de gume só, ou ambos os ângulos
agudos, como instrumentos com dois gumes, mas se houver três gumes, a forma de ferimento poderá
reproduzir a forma do instrumento quanto ao número de gumes.

Há, portanto, uma classificação quanto aos ferimentos pode ser:

• Penetrantes: atingem uma cavidade, com tórax ou abdômen, e terminam em fundo-de-saco;

• Transfixantes: atravessam um segmento do corpo, tendo por característica física, uma pequena cauda
no local do gume.

Não poderemos nos esquecer que, o tamanho do ferimento nem sempre corresponde à largura da
lâmina que o produzir, podendo, inclusive ser menor, devido a elasticidade da pele, ou maior devido a
retração dos tecidos adjacentes.

E) Instrumento Corto-Contundente:

Ação: contunde por pressão devido a animação e corta pelo fio ou gume grosseiro. São objetos pesa-
dos com superfície romba e gume pouco afiado.

Ex. Facão, machado, enxada, dentes, etc.

Tipo de ferimento: Corto-contundente

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Características: apresentam bordos pouco regulares, sem cauda, fundo anfractuoso e presença de
equimose e edema traumático junto às margens. São ferimentos extensos, profundos e provocados
por fraturas, conforme o peso do instrumento e da força com que conduziu o instrumento.

F) Instrumento Perfuro-Contundente:

Ação: inicialmente “amassa” e afasta o os tecidos por ação de sua ponta romba devido sua extremi-
dade, porém de diâmetro pequeno.

Ex. espeto sem ponta, chaves de fenda, ponteira de guarda-chuva e, classicamente, projéteis de arma
de fogo (balas)

Ferimento: Pérfuro-contuso

Características: apresentam bordos irregulares, com maior predomínio da profundidade sobre a super-
fície e caráter penetrante ou transfixante.

Normalmente, as lesões tidas típicas são armas de fogo, ao qual, agem por impulsão e rotação, deter-
minando a formação de um orifício e de zonas de contorno junto à pele em que depende da incidência
do tiro, portanto, se for obliquo, perpendicular, ou mesmo tangencial, como também sua distância.

Podemos analisar uma breve classificação, quanto aos tipos de zona, como:

• Zona de contusão: caracteriza-se por uma aréola apergaminhada, escura, de poucos milímetros de
largura, que circunda o bordo do orifício, resultante do impacto e da pressão rotatória feita pelo projétil
contra a pele.

• Zona de equimose: é uma aréola violácea, originada durante a passagem do projétil através da pele,
quando pequenos vasos sanguíneos e capilares são tracionados e rompidos, formando equimoses em
torno do ferimento. Somente podem ser produzidos quando a vítima estiver com vida.

• Zona de tatuagem: trata-se de disparos à queima-roupa ou apoiados, pelos grânulos de pólvora com-
busta ou incombusta, que acompanham a bala de perto, incrustando-se mais ou menos profundamente
na pele da região atingida. Além disso, é uma incidência de que o orifício de entrada de tiro ser de curta
distância.

• Zona de esfumaçamento: Também conhecida pela doutrina, como zona de tatuagem falsa, resulta do
depósito de fumaça e de partículas de carvão, muito leves, que se acumulam sobre a epiderme, mas
tem ter força suficiente de penetração. Pode ser removida simplesmente pela lavagem da pele.

• Zona de queimadura ou chamuscamento: decorre da ação do calor e dos gases quentes que saem
do cano da arma, queimando pelos e a epiderme. Se localizado na região da pele, apresenta a apa-
rência enrugada e seca, de aparência vermelho-escura, e com cheiro característico. Já nos pelos, apre-
sentam-se queimados e quebradiços.

Nos disparos de arma de fogo, o projétil ocasiona o orifício de entrada e elementos de vizinhança ou
zona de contornos, independente do tipo de tiro. Assim, há três situações:

1) Tiro encostado ou apoiado: neste caso, o projétil pode penetrar ou mesmo refluir, produzindo o cha-
mado efeito “mina”.

Características: orifício de bordas denteadas, desarranjadas e evertidas, este último decorre da violên-
cia da força de expansão dos gases. O diâmetro é maior que o projétil, com bordas voltadas para fora,
devido à explosão dos tecidos subcutâneos. Normalmente, não há a presença de zona de esfumaça-
mento e de zona de tatuagem, eis que os elementos de disparo penetram no próprio ferimento.

2) Tiro a queima roupa ou de pequena distância: o alvo é atingido pelos gases aquecidos dos disparos
e pela chama resultante da queima da pólvora.

Características: ocorrência de calor, fumaça e grânulos de pólvora em combustão, bem como todas as
impurezas provindas do cano da arma. Predomina-se pelo arrancamento da epiderme devido o movi-
mento rotatório do projétil, enxugo, tatuagem, esfumaçamento e queimadura.

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3) Tiro a distância: o alvo é atingido pelo projétil somente.

Características: a boca de fogo fica a mais de 50 centímetros do alvo e só projétil alcança o alvo,
formando um orifício de bordos invertidos com orla de contusão e enxugo e orla equimotica. Não apre-
senta os efeitos secundários do tiro.

Lesões Corporais

A Medicina Legal é a área da Medicina onde são estudados os meios de auxiliar a justiça na elucidação
dos fatos, que só podem ser desvendados com o conhecimento médico, sendo esta composta de re-
gras médicas, jurídicas e técnicas, para realização de perícias, as quais irão elucidar a verdade sobre
um fato em que a justiça está interessada em descobrir toda a verdade.

O nosso tema de estudo são as lesões corporais, sendo esta uma das mais importantes, a Traumato-
logia Médico-Legal, chamada por doutrinadores de Traumatologia Forense, tem vital importância, pois
é responsável em fornecer elementos fundamentais que levam a compreender as causas que produzi-
ram lesões a um indivíduo, analisa as características e o grau do dano causado, mostra qual a forma
de energia , e os objetos utilizados .

Conceito De Traumatologia Forense:

A Traumatologia Médico Legal é responsável pelo estudo das lesões e estados patológicos, que são
produzidos na forma de violência sobre o corpo humano, sendo elas recentes ou tardias, com maior
interesse nas áreas, penais e trabalhistas, e menor na área cível.

Para Hélio Gomes, ¨ Estuda as lesões corporais, que são infrações consistentes no dano ao corpo ou
à saúde, física ou mental, e resultantes de traumatismos, tanto materiais como morais".

O estudo da Traumatologia forense para FRANÇA (2008) é o ramo da Medicina Legal que estuda a
ação de uma energia externa sobre o organismo do indivíduo (FRANÇA, 2008), ou seja, é o estudo das
lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios, produzidos por violência sobre o corpo humano.

Conceito De Lesão Corporal:

É o que atinge a integridade física ou psiquica dos ser humano, representam os elementos que deter-
minaram o crime, determinadas legalmente no Código Penal Brasileiro no art.129 e parágrafos, são
classificadas quanto a sua intensidade em: leve, grave e gravíssimas.

Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa

Sujeito passivo é o que padece da lesão.

Para Nelson Hungria no Direito penal, a lesão corporal é "toda e qualquer ofensa ocasional à normali-
dade funcional do corpo ou organismo humano, seja do ponto de vista anatômico, seja do ponto de
vista fisiológico ou psíquico".

Para FRANÇA, (2008) as lesões corporais são, vestígios deixados pela ação da energia externa ou
agente vulnerante, que podem ser, fugazes, temporárias ou permanentes, podendo ser superficiais ou
profundas.

Tipos De Lesão Corporal

As lesões Corporais podem ser de natureza:

Lesão Leve

A lesão de natureza leve é aquela onde há ausência das lesões grave e gravíssima, onde é registrado
de forma pericial a existência da ofensa, consubstanciada em dano anatômico (comprometimento da
integridade corporal) ou perturbações funcionais (comprometimento da saúde).

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Usualmente a lesão apurada no primeiro exame (corpo de delito) requer novo exame dentro de 30 dias
(exame complementar), para se confirmar a inexistência das consequências mencionadas nos pará-
grafos do artigo 129 do CP, concluímos assim que é configurada como lesão leve, as lesões não tidas
como grave ou gravíssima.

A pena para esses casos é de três meses a um ano de detenção, e, conforme a Lei n o 9.099/95, em
seu art.88, a instauração de inquérito policial e a ação penal dependem da representação da vítima.

As consequências das lesões leves são equimoses, escoriações e feridas contusas, o percentual em
relação ao total das lesões corporais é de 80%.

Lesão Grave:

Lesão Corporal Grave ocorre quando o agente utiliza-se de culpa, a vontade de causar e ofender à sua
vítima, será considerada grave se causar: Incapacidade para as ocupações habituais normais durante
30 dias, ou Debilidade permanente de membros, sentido ou funções.

A debilidade é a perda de força o enfraquecimento, resultado de um dano anatômico ou funcional,


portanto, as funções passíveis de debilitação são as atividades de órgão ou aparelhos do corpo Hu-
mano. (rins, coração, olhos, ouvidos e mastigação).

A determinação legal encontra - se no § 1o do art.129, CP, que em seus incisos resultem em: I - inca-
pacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias; II - perigo de vida; IV - aceleração
de parto:

O perigo de vida, antes não era considerada uma lesão grave, por a recuperação ocorrer menos de um
mês, se enquadrando nas lesões leves, com o advento do Código Penal de 1940 esta falha foi corrigida,
sendo relacionado a gravidade com o risco que o paciente estaria correndo, decorrente da ofensa re-
cebida.

Aceleração de Parto, trauma físico ou psíquico, existe a antecipação do parto com expulsão do feto,
desrespeitando o período fisiológico, quando ocorrer o óbito fetal, e o resultado for aborto, a lesão
transforma-se em gravíssima.

A perícia médica deve ser realizada logo após a lesão no menor espaço de tempo, e pode ser repetida
após trinta dias, buscando constatar se a vítima já está apta a exercer suas atividades e ocupações
habituais.

Para a doutrina, e essa é uma posição majoritária, a incapacidade cessa quando a vítima reúne condi-
ções razoáveis de retomar suas ocupações, sem que haja risco de agravamento da lesão.

Conforme estudos, as lesões causadas por fraturas, são as que mais incapacitam, alcançando período
superior a trinta dias, com exceção das fraturas nasais, onde a recuperação da vítima é menor.

Lesão Gravíssima:

A definição doutrinária para lesões corporais de natureza gravíssima é decorrente do agravamento


punitivo elencado no § 2o do art.129 do Código Penal brasileiro, e vinculam-se com as lesões que
venham a causar: I - incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável; III - perda
ou inutilização de membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V – aborto.

As lesões com maior probabilidade de colocar em risco a vida da vítima são:• Feridas penetrantes do
abdômen e do tórax; • Hemorragias abundantes; Estados de choque;Queimaduras generalizadas; •
Fraturas de crânio e da coluna vertebral, sendo assim, só cabe ao perito determinar se há risco que
levem o paciente a morte por se tratar de um prognóstico médico.

Debilidade permanente de membro, sentido ou função, ocorre quando há perda de força, o enfraque-
cimento, resultante de um dano anatômico ou funcional. Inclui-se ainda nesta categoria a perda de um
ou dois dedos, os membros, braços e pernas, são os apêndices do corpo, podendo ficar debilitados
permanentemente em consequência de lesões.

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Os Sentidos são visão, audição, tato, olfato e paladar, mecanismos sensoriais responsáveis pelo rela-
cionamento do indivíduo com o mundo, podem ser afetados causado por traumas direto sobre um
desses órgãos, ou no crânio, embora, os órgãos como, rins, coração, olhos, ouvidos, mastigação, tam-
bém ficam passiveis de parcial debilitação.

A Incapacidade pode ser permanente para o trabalho, sendo definitiva, porem a Lei trata de qualquer
atividade, não apenas ao trabalho específico da vítima. A enfermidade Incurável, é qualquer estado
mórbido de lenta evolução, que venha a resultar na morte da vítima ou que, mesmo tendo cura, está
se dê a longo prazo.

Perda ou Inutilização: de membros, sentido ou função: Decorre da Mutilação ou Inutilização permanente


de membro, sentido ou função. Mesmo que continue existindo o apêndice físico sua inoperância, ou
perda de funcionamento, caracterizam o tipo penal. Deformidade Permanente: Os danos aparentes,
estéticos, que afetem a subjetividade da vítima, aborrecendo ou causando-lhes incômodo; podendo
inclusive afetar sua auto-estima. Aborto: A situação aqui descrita faz referência ao aborto preterinten-
cional, quando o agente quer apenas lesionar a vítima, mas acaba provocando o aborto.

Lesão Seguida De Morte:

Quando correr a lesão corporal e o resultado for morte, o artigo 129 § 3º - e as evidencias apontarem
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo, a Traumatologia Médico Legal
será, essencial para oferecer os elementos técnicos e científicos ao juízo, pois esta fornece dados
objetivos de que forma a à pessoa foi efetuada, observados a natureza e os resultados graves.

As Lesões Produzidas Por Ação Mecânica:

Energia mecânica é aquela capaz de modificar um corpo em seu estado de repouso ou de movimento,
produzindo neste, lesões. Podem ser causados por armas, punhais, revólveres, facas, foices, macha-
dos, ou por punhos, pés, dentes, ou qualquer outro meio, máquina, animais, veículos, explosões.

Os resultados podem repercutir interna ou externamente, podendo ocorrer com o impacto de um objeto
em movimento contra um corpo parado, ou o contrário, ou ainda, com os dois em movimento.

Ferida Punctória. Os instrumentos perfurantes, como chave de fenda, são capaz de produzir uma lesão
punctória

Ferida Incisa: A faca é instrumento cortante, contem gume e produz a ferida incisa.

Ferida Contusa: O choque de superfícies pode se dar de forma ativa (quando o instrumento é projetado
contra a vítima) ou passiva (quando a vítima vai de encontro ao objeto, como ocorre numa queda).
Devido à elasticidade da pele, está se conserva íntegra e a lesão se produz em nível profundo. São
várias: escoriação: quando o atrito do deslizamento lesa a superfície da pele- raspão -arrastamento,
atropelamentos etc. sendo a equimose a contusão mais frequente causada pelo soco, que geram bos-
sas e hematomas, que podem ser sanguíneas.

As Lesões Mistas são aquelas causadas por instrumento que reúnem dois lados, o Pérfuro cortante
(punhal- canivete) Lesão pérfuro-incisa, Instrumento corto contundente (machado-foice) Lesão corto-
contusa, Instrumento pérfuro contundente (projétil) Lesão pérfurocontusa, causam Fraturas – cicatrizes
– Infecção

Os Instrumentos cortantes, atuam pelo deslizamento de um gume sobre uma linha, seccionando os
tecidos. Ex. lâmina de barbear, bisturi, já os Instrumentos contundentes, agem pela pressão exercida
sobre uma superfície pelo seu peso ou energia cinética de que estejam animados, esmagando os teci-
dos. Ex: porrete, solo, pedra arremessada;

A mesma energia que lesa as estruturas superficiais do corpo humano, pode ser transmitida às estru-
turas profundas. Dependendo de sua intensidade, da resistência natural das estruturas profundas e da
sua condição momentânea, fisiológica ou patológica, a energia transmitida pode ser suficiente para dar
causa a lesões das estruturas profundas (fraturas ósseas, luxações, rupturas ou contusões de órgãos
internos).

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