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INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E A CIÊNCIA

Como eu começo analisando uma cena de crime?

Professora: Crisliane Machado

EMENTA:

A proposta dessa eletiva é abordar conceitos da área de investigação forense,


como impressões digitais, intervalo pós-morte, pegadas e manchas de sangue,
estimulando o raciocínio investigativo e o pensamento crítico e criativo. Os aspectos
de uma cena de crime serão analisados e estudados do ponto de vista da ciência,
utilizando diferentes áreas (biologia, química, física e matemática) para desvendar
um crime.

TEMA:

O que é um local do crime

Local de crime segundo


Espíndula é toda área física em
que presumivelmente ou não
houve acometimento do crime
ou tenha relação.
Segundo Rabello,
considera local crime um ponto
que irá marcar um fato
criminoso( por exemplo um
cadáver ) e todo local onde for
encontrado um vestígio passa a ser local de crime.
[…] a porção do espaço compreendida num raio que, tendo por origem o ponto
no qual é constatado o fato, se estenda de modo a abranger todos os lugares em
que, aparente, necessária ou presumivelmente, hajam sido praticados, pelo
criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou posteriores, à
consumação do delito, e com este, diretamente relacionados. (RABELLO, 1996, p.
17).
Segundo alguns autores, o local de crime compreende uma área física que
configura um crime, local cheio de vestígios mas, devemos levar em consideração os
crimes cibernéticos que muitas vezes não possuem um local físico.
Local de crime pode ser dividido em:
- Local imediato: é aquele onde se encontra o
corpo delito e os vestígios materiais próximos; é
onde ocorreu o fato em si;
- Local mediato: área adjacente de onde
ocorreu o fato criminoso; é espacialmente
próximo ao local imediato, onde possivelmente
poderão haver vestígios;
- Local relacionado: é o local sem relação
geográfica direta com o local do crime em si, no
entanto, pode possuir vínculo com o respectivo.

Método científico e sua importância


A expressão Criminalística foi criada por Hans Gross para explicar o sistema
de métodos científicos usados pelos departamentos de polícia.
O método científico refere-se a um aglomerado de regras básicas dos
procedimentos que produzem o conhecimento científico. Assim como em outras áreas
os peritos seguem procedimentos desde o deslocamento até o local, coleta de
materiais, acondicionamento de materiais, teste em laboratórios e confecção de
laudos.
O Procedimento Operacional Padrão ( POP), foi criado pelo Programa Brasil
Mais Seguro, lançado em 2012 pelo Ministério da Justiça que prevê a padronização
dos procedimentos operacionais relacionados às principais atividades periciais.
A perícia em locais de crime deve ser minuciosa e seguir os seguintes
procedimentos:
1. Isolar e preservar o local de crime( primeiro policial militar que chega no
local);
2. Avaliar se o local de crime está devidamente isolado e preservado(perito
criminal quando chega no local);
3. Observar minuciosamente o local do crime antes de entrar no espaço;
4. Reunir com a equipe de peritos para analisarem e definirem a melhor forma
de iniciar o processamento do local. No local do crime deve haver no mínimo
dois peritos para executar o trabalho;
5. Escolher o método de busca de vestígios: linha, linha cruzada, espiral ou
quadrante.
6. Marcar os vestígios encontrados;
7. Anotar, registrar e documentar todos vestígios encontrados, por meio de:
fotografia, descrição narrativa (escrita, áudio ou vídeo), e croqui da cena;
8. Coletar os vestígios de acordo com as técnicas adequadas para preservar
as características de cada item, seja ele biológico, físico ou químico;
9. Após a coleta, reunir com a equipe para checar se o trabalho realizado até
então foi suficiente;
10. de criminalística;
11. Lembrar de cumprir a cadeia de custódia;Encaminhar o material coletado
para análise pericial em laboratório
12. Liberar o local.

Vestígios e evidências a serem analisadas: pegadas, manchas de


sangue, digitais, balística etc.

Certamente você já ouviu falar várias


vezes as palavras vestígios, indícios e
evidências, principalmente no jargão
criminalístico de seriado como CSI e em
filmes.
O corpo de delito é o conjunto de vestígios
materiais produzidos pelo crime, ou seja, é a
sua materialidade, é aquilo que é palpável,
que se vê, se ouve ou se sente, isto é, que é
perceptível pelos sentidos. São os vestígios
do crime, marcas, pegadas, impressões,
rastros, resíduos, resquícios e fragmentos de
materiais deixados no local, sendo
instrumentos ou produtos do crime.
A evidência, conforme Dicionário Michaelis, é a “qualidade daquilo que é
evidente, que é incontestável, que todos podem ver e verificar”.
Vestígio, de acordo com o Dicionário Michaelis, ele “é um sinal deixado pela
passagem, tanto do homem, quanto do animal; pegada ou rastro”; aquilo que restou
de algo que desapareceu.
Pelo espectro da Criminalística, a evidência é um vestígio que, após a análise
dos peritos, mostra-se diretamente relacionado com o delito investigado (MALLMITH,
2007).
Em um primeiro momento tudo que for coletado é vestígios, após análise dos
peritos os vestígios podem passar a ser evidência quando este for usado no processo
e descrito em laudo.
Exemplo: em um local de homicídio por exemplo, o cadáver é um corpo de
delito, e as marcas no chão ou uma barra de metal nas proximidades são
preliminarmente considerados como vestígios. Observe que a barra de metal, pode
não ter nenhuma relação com o fato criminoso, assim como as pegadas. Já o cadáver
é elemento essencial da ocorrência, afinal, é ele que motiva a investigação. Caso a
barra de metal seja o material usado no crime, passa de vestígio para evidências no
processo.

Como é realizada a coleta de evidências


O perito criminal chega ao local do crime e se certifica se este local foi
preservado. Ele faz um reconhecimento inicial da cena do crime, para verificar se
alguém mexeu em alguma coisa antes da sua chegada; elabora teorias iniciais com
base no exame visual; faz anotações de possíveis provas e não toca em nada.
O perito também deverá fazer a primeira análise do cadáver e do que está ao
seu lado. Isso tudo faz parte do exame Perinecroscópico. Basicamente é a primeira
análise do fato que será registrado pelo perito e posteriormente será entregue aos
profissionais da necropsia no IML.
Antes de mover o corpo, o perito faz anotações de detalhes como:

• se há manchas ou marcas na roupa;


• se as roupas estão torcidas em uma determinada direção; em caso positivo,
isto poderia indicar arrastamento;
• se há contusões, cortes ou marcas pelo corpo, feridas causadas ao se
defender, ferimentos, consistentes ou não, indicando a causa preliminar da morte;
• se há alguma coisa faltando; se existe marca de sol onde deveria haver um
relógio ou aliança;
• se o sangue está presente em grandes quantidades, se a direção do fluxo
segue as leis da gravidade; em caso negativo, o corpo pode ter sido movido;
• se não há sangue na área em volta do corpo, isto condiz com a causa
preliminar da morte? Em caso negativo, o corpo pode ter sido movido;
• se, além do sangue, há outros fluidos corporais presentes além do sangue;
• se há presença de insetos sobre o corpo; em caso positivo, o perito poderá
chamar um entomologista forense a fim de descobrir há quanto tempo a pessoa
morreu.
O perito registra cuidadosamente a cena, tira fotos e desenha esboços em um
segundo reconhecimento. Às vezes, a fase da documentação inclui também uma
gravação em vídeo. Ele documenta o local como um todo, assim como qualquer coisa
que seja identificada como uma evidência e ainda não toca em nada Depois de
registrar chegou a hora de tocar nos objetos, mas com muito cuidado. O perito
sistematicamente abre caminho, recolhendo todas as provas possíveis, etiquetando-
as, registrando-as e embalando-as para que permaneçam intactas até chegarem ao
laboratório.
O laboratório criminal processa todas as provas que o perito recolheu no local
do crime.
Algumas provas típicas que o perito pode encontrar no local do crime incluem:
• vestígios (resíduo de arma de fogo, resíduo de tinta, vidro quebrado,
produtos químicos desconhecidos, drogas);
• impressões digitais, pegadas e marcas de ferramentas; • fluidos corporais
(sangue, esperma, saliva, vômito);
• cabelo e pêlos;
• armas ou evidências de seu uso (facas, revólveres, furos de bala,
cartuchos);
• documentos examinados (diários, bilhetes de suicídio, agendas telefônicas;
também inclui documentos eletrônicos tais como secretárias eletrônicas e
identificadores de chamadas). Com as teorias do crime em mente, os peritos iniciam
uma busca sistemática de evidências que possam incriminar, fazendo anotações
meticulosas ao longo do processo. Se há um corpo no local, a investigação
provavelmente começa por ele
Ao coletar provas da cena de um crime, o perito tem vários objetivos em
mente: reconstituir o crime, identificar a pessoa que o cometeu, preservar a prova
para análise e coletá-la para que seja aceita pela justiça.

Fotografia Forense

A origem da fotografia policial


data do século XIX quando se tornou
necessário retratar os delinquentes.
Com o passar do tempo, a fotografia foi
incorporada como outro elemento na
investigação dos crimes, junto com
outras áreas como a acidentologia, a
balística e o laboratório químico. Hoje,
se incorporou à tarefa do perito
fotográfico a gravação em vídeo da cena do crime. O que permite, mediante a
utilização de um software de edição de vídeos, o estudo minucioso das imagens e a
seleção e captura de detalhes reveladores para os processos criminais.
Para que um bom trabalho seja feito é necessário dar atenção a alguns
fatores como:
● Iluminação: A iluminação é quesito importante em qualquer trabalho
fotográfico em casos que não possuem luz natural o perito poderá usar
fontes de luz artificial. a iluminação do ambiente através de fontes
artificiais.
● Técnica:Para o registro ideal da cena periciada, o fotógrafo necessitará
conhecer ao menos basicamente os princípios básicos da fotografia:
foco, abertura e velocidade. Uma cena pericial, basicamente deve ser
registrada a partir da área menos afetada para a área mais afetada
(do geral para o detalhe) e sempre se basear na ideia de que mais
fotos são sempre melhor do que menos fotos.
● Armazenamento e segurança dos dados: Um detalhe simples, porém
importante, é o formato que as imagens de saída terão e em que mídia
este será armazenado e qual a segurança empregada. Quanto ao
armazenamento, tais imagens deverão ser armazenadas em local em
que o perito tenha acesso posterior.

Youtube
Canal: Amanda CSI
Disponível em :
https://www.youtube.com/watch?v=xo05qDRym-8

Série
Sherlock Holmes
1º episódio: Um estudo em rosa
Referências Bibliográfica

DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. 12. ed. Campinas: Papirus,
2009.

JOLY, Martine. Introdução à Análise da Imagem. Lisboa: Ed. 70, 2007. KOSSOY,
Boris. Fotografia & História. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

MALLMITH, Décio de Moura. Local de Crime. Porto Alegre/RS: Instituto Geral de


Perícias, Departamento de Criminalística, 2007.

RABELLO, Eraldo. Curso de criminalística. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1996.

ROUILLÉ, André. A fotografia: entre documento e arte contemporânea. São


Paulo: Editora Senac São Paulo, 2009

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