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Criminalística

A criminalística tem como ciência precursora a Medicina Legal. O termo Criminalística foi utilizado pela
primeira vez na segunda metade do século XIX, na Alemanha, por Hans Gross, considerado o pai da criminalística,
juiz de instrução e professor de Direito Penal.

Conceitos de criminalística
Disciplina que tem por objetivo o reconhecimento e interpretação dos indícios materiais (vestígios)
extrínsecos à pessoa (cadáver) relativos ao crime ou à identidade do criminoso. Os exames dos vestígios
intrínsecos à pessoa (cadáver) são da alçada da Medicina Legal.
1° Congresso Nacional de Polícia Técnica

Disciplina autônoma integrada pelos diferentes ramos do conhecimento técnico científico, auxiliar e
informativa das atividades policiais e judiciárias de investigação criminal, tendo por objeto o estudo dos vestígios
materiais extrínsecos à pessoa física, no que tiver de útil à elucidação e à prova das infrações penais e, ainda, à
identificação dos autores.
Eraldo Rabello

Ciência de natureza multidisciplinar que estuda os vestígios encontrados em um local de delito, a fim de
formar o corpo de delito, resolvendo tecnicamente os problemas criminais relativos à determinação da existência
ou não do delito, a sua qualificação, a identificação do criminoso, a legalização das provas e a perpetuação das
provas materiais.
Antônio Albuquerque Toscano

Perito
É um auxiliar da justiça devidamente compromissado, estranho às partes, portador de um vasto
conhecimento técnico, altamente especializado e sem impedimentos ou incompatibilidades para atuar no
processo. É denominação dada aquele profissional que realiza os exames necessários para viabilizar a
criminalística, ou seja, realiza todos os exames que envolvem o universo possível em cada situação onde possa ter
sido praticado um crime para chegar à materialidade do delito também chamada de prova material.
Para ser perito é necessário ter escolaridade de nível superior, ser concursado, ter freqüentado curso
específico para perito realizado em centro de formação oficial (na Paraíba a ACADEPOL), ter sido nomeado e
empossado no cargo. Perito Had hoc é o profissional nomeado para realizar uma perícia específica a falta de
Perito Oficial. No dicionário Aurélio perito traduz as qualidades de: experiente experimentado, prático, versátil,
sabedor, hábil, especialista.

Perícia
O termo perícia tem sua origem etimológica no vocábulo latino peritia, significando habilidade, saber,
capacidade. No decorrer do tempo, a própria habilidade especial exigida passou a distinguir a ação praticada por
alguém e para a qual colocou seu conhecimento ou saber altamente especializado. Também pode ser
conceituada como: vistoria ou exame técnico especializado.

Tipos de perícia

Perícia criminal
A perícia criminal é aquela que examina todo material sensível relativo às infrações penais onde o estado
assume a defesa do cidadão em nome da sociedade, é função jurisdicional do estado na busca da constatação da
ocorrência de um delito e da prova material de sua prática.
Na perícia criminal só existe a figura do Perito Oficial (dois para cada exame), onde o trabalho pode servir
para todas as partes interessadas (polícia, judiciário, ministério público, advogado etc.)

Perícia cível
A perícia cível é aquela que trata dos conflitos judiciais na área patrimonial e/ou pecuniária.
Na perícia cível existem três profissionais atuando: o perito do juiz, nomeado pelo juiz e os assistentes
técnicos indicados por cada uma das partes. Para fazer parte de uma perícia cível, o profissional precisa ter
formação universitária e ser devidamente registrado no respectivo Conselho Regional de Fiscalização. A perícia é
feita pelo perito do juiz e os assistentes técnicos ou aceitam suas conclusões ou apresentam relatórios em
separado contestando.

Prova

Conceito
É o conjunto de atos praticados pelas partes, por terceiros (testemunha, peritos etc.) e até pelo juiz, para
averiguar a verdade e formar a sua convicção (do juiz). É tudo aquilo que demonstra a veracidade de proposição,
ou a realidade de um fato.

Objeto da prova
O objeto da prova é o que se deve demonstrar, ou seja, aquilo sobre o que o juiz deve adquirir, o
conhecimento necessário para resolver o litígio. De modo geral é qualquer fato capaz de gerar, modificar ou
extinguir direito ou fato jurídico.

Fatos incontroversos
Só aplicado no processo civil
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Fatos axiomáticos
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Intuitivos
Fatos notórios
Aquilo que se vê

Fatos presumidos
Presume‐se como vai acontecer ou como aconteceu.

Tipos de prova

Prova confessional
É o ato pelo qual a parte admite a verdade de um ato contrário ao seu interesse e favorável ao adversário.

Prova testemunhal
É o terceiro, estranho e isento com relação às partes, que vem a juízo trazer as suas percepções
necessárias a respeito de um fato relevante do qual tem conhecimento próprio. É aquela a que se resulta das
declarações de pessoas regularmente chamadas a juízo para dizerem o que sabem sobre o fato contestado, por
terem‐no visto ou ouvido.

Características

Judicialidade
Tecnicamente, só é prova testemunhal aquela prestada em juízo

Oralidade e objetividade
A testemunha deve se limitar aos fatos, não externando suas opiniões.
Retrospectividade
Referência apenas a fatos passados, sem quaisquer prognósticos.

Prova documental
É qualquer coisa capaz de demonstrar a existência de um fato. É aquela que é constituída por qualquer
escrito particular ou ato Jurídico, para o qual a lei não prescreve forma especial.

Prova pericial
É o meio da prova destinado a trazer aos autos, elementos de convicção dependentes de conhecimentos
técnicos não possuídos pelo juiz. Segundo Locard é aquela extraída dos exames feitos pelos peritos, nos vestígios
físicos encontrados nos locais, na pessoa da vítima, no suspeito ou no criminoso.

Formas da prova:
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As provas podem ser feitas de duas formas: Direta e Indireta.


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Forma direta
Quando por si demonstra o fato, são aquelas comprovadas pela observação, confissão, testemunho,
documentos etc. Também conhecidas como: subjetivas ou informativas.

Forma indireta
Quando comparado a outro fato se permite concluir o alegado diante de sua ligação com o primeiro,
como, por exemplo, na hipótese de um álibi, em que a presença comprovada do acusado em lugar diverso do
crime permite concluir que não praticou o ilícito. É aquela a qual chegamos com base em vestígios, através da
prova pericial. Também conhecidas como objetivas ou materiais.

Corpo de Delito

Conceitos
O corpo de delito é o conjunto de elementos materiais que constituem o delito, enquanto podem ser
observados pela inspeção ocular, exteriorizando‐se pelos vestígios deixados.
Câmara Leal

Conjunto dos elementos materiais detectáveis, resultantes de uma ação delituosa.


José Rosil de Pontes

A expressão corpo de delito (corpus delicti), que primitivamente estava condicionada apenas ao
cadáver da vítima, passou, ao longo do tempo, a indicar todo elemento sensível que tenha relação com o fato
delituoso. Corpo de delito é o próprio crime em sua tipicidade.
Antônio Albuquerque Toscano

Exame de corpo de delito

Conceito
É o estudo do conjunto de elementos materiais e sensíveis do fato delituoso.
José Lopes Zarzuella

É a verificação de todos os elementos sensíveis, passíveis de exames que cercam o delito e que com ele
tenham relação.
Antônio Albuquerque Toscano

Classificação

Direto
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Exame realizado sobre os vestígios ou elementos materiais oriundos de infrações penais, que perduram e
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são, portanto, existentes.


Indireto
o
E
Exame feito por
p avaliação nos elementtos existentess nos autos (aavaliação indiireta) quando
o não existem
m
vestígios ou elementos materiais.

Local de Crim
me

Conceeito
É toda área física
fí onde ten
nha ocorrido um evento que,
q pela sua natureza ou pelas circunsttâncias que o
revestem
m, assuma a configuração (ou
( a caracterrística) de um
m delito, e, portanto exija p
presença e pro
ovidências daa
polícia.
Joosé Lopes Zarzuellaa

L
Local de Crim
me constitui um
m livro extrem
mamente frág
gil e delicado, cujas páginass por tem a co
onsistência dee
poeira, desfazem‐se desse modo paara sempre, os
o dados preciosos que ocultam à esperaa da argúcia do
os peritos.
Eraldo Rabelloo

Local de crim
me

Natureza do
d fato Natureza da área
á Preservação

Local de
d morte
Intern
na Idôneo
vio
olenta

Local de crime
conntra o Extern
na Inidôneo
patrrimônio

Loccal de
incêêncdio

e
etc.

Figura 1. Classsificação de local de crime no Brasil.

Classificação
O locais podem ser consid
Os derados quantto:
• A natureza da árrea;
• A natureza do faato, sob o ponto de vista jurrídico e técnicco;
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• A preservação
p ou
u não do local.
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Quanto à natureza da área

Interno
Local de crime no interior de um imóvel coberto ou uma área delimitada.

Externo
Local de crime sem qualquer tipo de proteção, como por exemplo, terreno baldio, via ou logradouros
públicos.

Quanto à natureza do fato


Pode ser classificado como: local de morte violenta, de crime contra o patrimônio, de colisão de veículos
etc. Sob o ponto de vista jurídico, não cabe nenhuma preocupação ao Perito em definir‐lhe o aspecto legal, é
preciso que forneça o Perito, o somatório de todos os elementos materiais encontrados no local, devidamente
analisados e interpretados para que possam permitir seu perfeito enquadramento legal pelo órgão do Ministério
Público. O Perito não deve esquecer que o trabalho Técnico‐Pericial, a semelhança do Inquérito Policial, não
constitui uma peça tipificadora, mas, uma peça informativa e esclarecedora.

Quanto à preservação

Preservados, idôneos ou não violados


Locais de crime mantidos na integridade ou originalidade, com que foram deixados pelo agente após a
prática da infração penal, até a chegada dos peritos. O desaparecimento dos vestígios, se houver, acontece por
motivo natural ou acidental.

Não preservados, inidôneos ou violados


Locais de crime devassados após a prática da infração penal, em detrimento da perícia. Na chegada dos
Peritos, o local encontra‐se alterado ou modificado por pessoas não autorizadas. O desaparecimento dos
vestígios acontece por motivo proposital.

Divisão de local

Área ou ambiente Imediato


Local onde aconteceu o fato, onde há maior incidência de vestígios. Nesta área é comum encontrar
coisas ou objetos caídos, quando da luta corporal, coisas ou objetos caídos etc.

Área ou Ambiente Mediato


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São áreas circunvizinhas, acessos e adjacências da área reservada a área imediata, ou seja, toda a área
além da demarcada como área imediata é considerada mediata. Nesta área é comum a presença de marcas, de
pegadas, rastros de veículos, instrumentos utilizados na prática do crime etc.

Local Relacionado
Duas ou mais áreas que tenham relação com um determinado delito.

Levantamento de local

Conceito
É o estudo minucioso e fiel da área onde ocorreu um fato, de interesse ou não da Justiça, por quaisquer
processos hábeis.

Finalidade
Reside na documentação das condições materiais em que se encontra o local por ocasião da chegada dos
peritos. O levantamento do local implica no Exame de Corpo de Delito, direto ou indireto, a fim de:
8 A constatação material do fato, ou seja, verificar se houve, ou não, infração penal.
8 Constatada a infração penal, caracterizá‐la e estabelecer se corresponde a uma modalidade culposa ou dolosa,
simples ou qualificada de delito.
8 Pesquisar e colher os elementos capazes de possibilitar a identificação do autor ou dos autores do delito.
8 Perpetuar os indícios constatados, para que possam ser apresentados como prova em qualquer tempo.
8 Legalizar esses indícios, autenticando‐os, para lhes conferir jurídico valor probante.

Indagações fundamentais do heptâmero de Quintiliano


8 Onde e quando ocorreu o fato?
8 Qual o meio empregado?
8 De que forma este meio foi empregado?
8 Qual o instrumento (arma) utilizado?
8 Por quem?

Tipos de levantamentos de local


Os tipos de levantamentos de local de crime previstos no Código Processual Penal são os seguintes:

Descritivo escrito (Art. 160)


Consiste na exposição circunstanciada dos trabalhos realizados pelos peritos com minuciosa
enumeração, caracterização, análise e interpretação dos elementos materiais encontrados no local do fato.
Deve‐se salientar que em alguns tipos de ocorrências, o levantamento descritivo é o único registro da
diligência, sendo esse tipo de levantamento forma processual indispensável, prescindindo qualquer outro.
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Fotográfico (Arts. 164, 165, 169 e 170)


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É um complemento da Descrição Escrita. Sua importância reside na objetividade, isto é, no aspecto de


esclarecer às vezes, vestígios demasiadamente complexos de serem expressas literalmente. Entre as funções da
fotografia judiciária, destacam‐se:
1º ‐ fixação do estudo do local do fato, do instrumento do crime, da peça de roupa, dos vestígios, etc., como
objetivamente foi observado pelos peritos.
2º ‐ ilustração de ângulos técnicos de interesse para firmar a convicção do juiz sobre o caso.

Topográfico (Arts. 165, 169 e 170)


É outro importante complemento da descrição escrita. Sua importância reside na supressão das
deficiências da fotografia quando há necessidade de fixar matematicamente o levantamento do local, isto é,
sempre que se requer o rigor matemático da precisão aliado a simplicidade objetiva da compreensão do local do
fato.

Dermatoglífico (Art. 6 – inciso VIII e o Art. 166)


Papiloscopia é o processo da identificação por meios da impressão:
I – Das palpas das extremidades distais dos dedos (Datiloscopia);
II – Das faces ventrais das palmas das mãos (Quiroscopia); e
III ‐ Das faces ventrais das plantas dos pés (Podoscopia).

Outros Tipos de Levantamento de local de crime

Poroscopia
Técnica por sugerida por Locard, está fundamentada no seguinte princípio biológico: cada centímetro da
epiderme, apresenta um determinado número de poros ou orifícios das glândulas sudoríparas que possuem o
mesmo potencial de identificação das impressões papilares.

Modelagem
É o tipo de levantamento que permite a reprodução fiel de um corpo de vestígios, sendo não raro
recorrer‐se a essa técnica para a obtenção de modelos de instrumento de crime, impressões de arcadas dentárias,
chaves, vestígios de marcas de pés e de pneus em terra ou areia, cicatrizes etc.

Residuográfico
Técnica de aplicação em balística forense para diagnóstico da distância e ângulo de tiro entre o alvo e a
“boca” do cano de arma de fogo, face ao alcance das partículas originais em decorrências do disparo. Assim como,
para a determinação dos resíduos advindo do disparo, nas mãos de atiradores ou nas das vítimas, destas armas de
fogo.

Balística
Constitui no processo balístico de identificação individual de uma arma de fogo, na vinculação genérica
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entre o estriamento fino da alma do cano e os vestígios impressos na superfície do projétil.


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Misto
Envolve dois ou mais dos tipos descritos anteriormente. Geralmente o tipo que ocorre em locais de
crime.

Isolamento de local
É um dos requisitos essenciais a o trabalho dos peritos. A perda de qualquer vestígio que tenha sido
produzido pelos autores da cena do crime, pode prejudicar de maneira definitiva o resultado de um exame
pericial.
Elementos que interferem na preservação das características originais de um local de crime: a população,
o primeiro policial a chegar ao local, a autoridade policial, os peritos.

A população
No Brasil não existe a cultura de isolarmos e preservarmos o local de crime. Portanto, a chegada dos
primeiros populares ao local, geralmente, resulta em prejuízo, uma vez que movidos pela curiosidade, acabam se
aproximando de tal maneira que se deslocam por entre os vestígios, destruindo‐os.

A chegada do primeiro policial


A primeira providência ao chegar ao local de crime é verificar a existência de vítimas vivas no local, no
caso da presença de vítimas verificar se houve óbito. O policial deve, em primeiro plano, providenciar o socorro de
vítimas vivas. Em seguida, o policial deve isolar o local e garantir a sua preservação, não permitindo nenhum
acesso ao interior daquela área.
A atitude do primeiro policial a chegar a um local pode evitar, minimizar ou não exercer influência sobre
as alterações promovidas pela população em um local de crime.

A autoridade policial
A responsabilidade da autoridade policial (delegado) sobre o isolamento e preservação do local de crime
está descrita no artigo 6 e 169 do código de processo penal:

Legislação
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I ‐ dirigir‐se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada
dos peritos criminais;
II ‐ apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará
imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus
laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo Único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as
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conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos.


Os peritos
Conforme o parágrafo único do artigo 169 do código de processo penal, em relação ao isolamento e
preservação do local de crime, aos peritos cabe registrar, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutir,
no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos. Entretanto, a não preservação do local
não libera os peritos da obrigatoriedade de execução do exame de corpo de delito e elaboração do laudo pericial.
O primeiro policial, a autoridade policial e o perito, assim como outras pessoas que tenha acesso ao local
de crime, devem entrar e sair dele pelo mesmo trajeto, para que se perca a menor quantidade possível de
vestígios.

Documentos criminalísticos

Conceito
São instrumentos escritos, de caráter oficial, mediante os quais os peritos prestam esclarecimentos à
justiça.
Ascendino Cavalcanti

Tipos de documentos criminalísticos

Auto
O Auto é o relato escrito e minucioso de todos os fatos referentes a uma perícia determinada por uma
autoridade policial ou judiciária, a um ou mais profissionais nomeados e compromissados na forma da lei. Este
documento oficial se caracteriza pela urgência na apresentação
Após a realização do exame determinado, assim que os peritos possam formar um juízo seguro a respeito
do assunto, o relatório pode ser ditado ao escrivão e tomará então o nome de Auto. Lavrado o auto, o mesmo
será assinado pelos Peritos, pelo Escrivão, que redigiu e também pela Autoridade, caso a mesma tenha
acompanhado o exame.

Laudo pericial
O Documento Criminalístico oficial com o relato escrito e minucioso de todos os fatos referentes a uma
perícia determinada por uma autoridade policial ou judiciária, a um ou mais profissionais nomeados e
compromissados na forma da lei, ser‐lhes‐á concedido prazo, e o relatório, redigido por um dos peritos (perito
relator). O laudo recebe a assinatura do perito relator (1° perito) e do perito revisor (2° perito).

Parecer criminalístico
É a resposta a uma consulta feita por interessado sobre fatos referentes a uma questão a ser esclarecida.
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Pode tratar‐se de um exame propriamente dito ou de uma opinião a respeito do valor científico de um trabalho
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anteriormente produzido, quer seja por peritos oficiais, ou não. Assim sendo, é um documento particular que
independente de qualquer compromisso legal e que é aceito ou faz fé, pelo renome, competência e qualidade
morais de quem o assina.
Ascendino Cavalcanti

Aplica‐se também a um documento a ser emitido por peritos oficiais no exercício de suas funções
públicas (criminalística ou medicina legal) quando se tratar de alguma requisição de autoridades, onde não se
trate especificamente da realização de uma perícia nos moldes tradicionais, para análise de situação real ou
hipotética a partir de depoimentos nos autos para saber a coerência técnica do que é alegado.
Espíndula

Relatório criminalístico
É o documento que expressa o resultado de algum exame ou ação específica que tenha sido realizada por
pessoa que detenha conhecimento técnico e prático pertinente. Origina‐se do exame parcial ou análise sobre uma
determinada situação específica, cujo resultado, servirá para complementar um estudo maior.

Doutrina criminalística

Postulados da criminalística

1º postulado
O conteúdo de um Laudo Pericial Criminalístico é invariável com relação ao Perito Criminalístico que o
produziu.

Comentário
A criminalística baseia‐se em leis naturais, ou seja, em leis específicas com teorias e experiências
consagradas, portanto, seja qual for o Perito Criminalístico que utilizar tais leis para analisar um Fenômeno
Criminalístico, o resultado não poderá depender dele, indivíduo. Esse postulado afirma, em outras palavras, que
cada Laudo Pericial Criminalístico corresponde a uma tese sobre um fenômeno.

2º postulado
As conclusões de uma Perícia Criminalística são independentes dos meios utilizados para alcançá‐las.

Comentário
Se todas as circunstâncias que envolvem o fenômeno forem reproduzidas, as Conclusões Periciais serão
constantes, independentemente de se haver utilizado meios mais rápidos, mais precisos, mais modernos para se
obter o resultado. Pode ocorrer que não se disponha de meios para analisar a fundo um Fenômeno Criminalístico.
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Neste caso não se pode chegar a uma conclusão final. Mas se a conclusão for alcançada, ela não pode depender
dos meios utilizados. O fundamental é que se utilize os meios adequados para se concluir a respeito do Fenômeno
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Criminalístico.
3º postulado
A Perícia Criminalística independe do tempo.

Comentário
Decorre da perenidade da verdade. O que é verdade hoje, não poderá deixar de sê‐lo amanhã.

Princípios da criminalística
A partir dos três postulados, pode‐se chegar a formulação de quatro princípios ou leis da Criminalística.

1ª lei
Se sobre um mesmo Fenômeno Criminalístico existirem dois ou mais laudos periciais discordantes, não
podem todos, simultaneamente serem denominados Laudos Periciais Criminalísticos.

Comentário
Estaria sendo violado o 1° postulado. Se forem examinados com critérios criminalísticos puros, ver‐se‐á
incursões do Perito ou para o mundo da consciência ou para o mundo jurídico ou para o mundo científico onde
predominam as escolas de pensamentos discordantes; a criminalística brasileira somente se utiliza de
conhecimentos científicos experimentados por ela mesma, com resultados consagrados, daí a sua limitação em
relação às perícias clássicas.

2ª lei
A conclusão de um Laudo Pericial Criminalístico é independente da legislação vigente.

Comentário
É proibido ao perito Criminalístico afirmar que tal fenômeno ocorreu por infração de tal artigo de tal lei,
etc. E se amanhã a lei for revogada? Fica ferido o 3° postulado. Por outro lado, ele estaria invadindo o mundo
jurídico. Relativo às legislações técnico‐científicas, tais como as normas técnicas da ABNT e outras, a doutrina da
criminalística brasileira determina que não sejam citadas, uma vez que seu aspecto jurídico é o mesmo daquelas
contidas nos códigos de leis. Veja que tais instituições estão voltadas para estabelecer as normas técnicas
vigentes no país, em atenção ao desenvolvimento político‐tecnológico. Uma mudança política pode seguramente
acarretar alterações das normas legais ali contidas. Igualmente, o ato de citar uma lei, portaria ou regulamento e,
em ato contínuo, tirar conclusões, é um ato de julgamento, e isso é de competência o judiciário. Cabe a
criminalística apenas demonstrar os fenômenos, deixando a critério da classe jurídica o ato do julgamento (ou
tipificação). Não é conveniente nem mesmo citar leis e os seus números de códigos nos laudos periciais
criminalísticos (3° postulado).
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3ª lei
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O Laudo Pericial Criminalístico contém sempre, em seu mérito, as condições de reprodutibilidade para a
análise por outros Peritos Criminalísticos.

Comentário
Qualquer dúvida ou contestação que vier a sofrer um laudo, no caso de uma comissão de Peritos
Criminalísticos, eleita para julgá‐lo contra‐perícia, deverá chegar unamemente à mesma conclusão, pela análise
do laudo em questão; caso contrário, estará ferido o 1° postulado. É estranha a idéia de uma comissão de número
ímpar chegar a um resultado unânime sobre um fato analisado por ela; contudo, em Criminalística isso é fato
analisado por ela; contudo, em criminalística isso é imperativo, uma vez que os julgadores analistas aplicam os
próprios recursos da Criminalística, dentro do seguinte princípio: ima peça pericial concluída e construída sem
prova evidências reprodutíveis em seu mérito, equivale a uma prova testemunhal do perito; enquanto a peça que
contenha os elementos acima citados equivale a uma verdadeira prova pericial.

4ª lei
A verdade pericial obtida num determinado instante com a utilização de um determinado equipamento
não pode falecer se for utilizado equipamento mais sofisticado para obtê‐la no futuro.

Comentário
A não observação desta 4ª lei da criminalística, tem resultado em muitos percalços na esfera judiciária.
Muitas vezes, é até mesmo incompreensível para os leigos em criminalística, aceitar a diferenciação entre a
verdade criminalística, que é usada para fins jurídicos, e a verdade científica, que é usada para fins tecnológicos. A
limitação da perícia nesse campo é grande, de tal forma que se deve ser muito prudente em utilizar‐se de
evidências extrínsecas da literatura da ciência comum, sem que tal evidência científica tenha sido testada
segundo os ditames da doutrina da criminalística brasileira (2° e 3° postulados).

Finalidade da Criminalística
As finalidades da criminalística confundem‐se com as finalidades do levantamento de local de crime.

Constatação dos fatos


Verificação da existência, ou não, de infração penal.

Verificação dos meios


Constatada a infração penal, caracterizá‐la e estabelecer se corresponde a uma modalidade culposa ou
dolosa, simples ou qualificada de delito. Determinar o tipo de instrumento utilizado e caracterizar sua eficiência
para a prática do delito.

Indicação da autoria
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É feita através da Pesquisa de elementos capazes de possibilitar a identificação do autor ou dos autores
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do delito.
Todos os indícios constatados devem ser perpetuados e legalizados, para que possam ser apresentados
como prova em qualquer tempo com jurídico valor probante.

Reprodução simulada

Conceito
São procedimentos adotados para esclarecer, se a infração penal ocorrera de determinado modo,
utilizando‐se das descrições in locus dos atores da citada infração, analisando‐as e comparando‐as entre si e com
os vestígios materiais deixados por ocasião da sua ocorrência, objetivando unicamente saber‐se da coerência, ou
não, das versões.
Espíndula

Participantes
As pessoas que de alguma forma estiverem conexão com o fato delituoso, na condição de vítima,
acusado ou testemunha, poderão participar da reprodução simulada quando serão denominadas atores da
infração.

Condições a serem observadas


9 O horário do delito.
9 O horário (fundamental em determinados casos).
9 As mesmas armas utilizadas.
9 As reproduções sonoras porventura presentes.
9 As roupas (tipos, tonalidade).
9 Os veículos envolvidos (marcas, modelos, cores).
9 O clima (apesar de poder influir em muito na análise da verdade, freqüentemente é de difícil reconstituição –
exemplo: chuva torrencial, vento forte, etc.).

Previsão legal
Código de Processo Penal, Art. 7º: Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Apesar do Código de Processo Penal estabelecer a responsabilidade da Reprodução simulada à Autoridade
Policial, ela, na prática, apenas procede a requisição, ficando por conta dos Peritos Oficiais sua realização.

Resultado final
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As informações obtidas na reprodução simulada devem ser sintetizadas em um laudo que deverá ser
simples e objetivo, de maneira a evitar o aparecimento de novas dúvidas.
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Documentoscopia

Conceito
É disciplina integrante da criminalística que estuda os documentos através da aplicação prática e
metódica de conhecimentos científicos, no sentido de verificar a autenticidade ou determinar a sua autoria (dos
documentos).

Origem etimológica

Documentoscopia
Origina‐se a partir do termo latino documentus e do termo grego copain.

Documentologia
Origina‐se a partir do termo latino documentus e do termo grego logus.

Documentoscopia ou documentologia?
O emprego dos termos Documentoscopia ou Documentologia justifica‐se por vários motivos:
• Por tratar de linguagem científica moderna;
• Pela impossibilidade de se encontrar outro termo com a idéia imediata do conteúdo;
• Pela necessidade de melhor metodização da disciplina;
• Como significação do seu ingresso no terreno científico, o que, realmente, só se concretizou em período de
tempo bastante recente.

Outros termos empregados


Freqüentemente, termos de significado restrito ou errôneo são empregados para designar essa
especialidade. No Brasil eram usados os termos Grafoscopia, Grafística, Grafotécnia ou a expressão Perícia Gráfica,
com a idéia predominante da escrita, através do radical grafo. Na Alemanha, a documentoscopia é erroneamente
conhecida por Grafologia. Na Espanha, e em quase todos os países ibero‐americanos, a designação mais comum é
Perícia Caligráfica, também usada na Itália de maneira errônea e injustificável. Nos Estados Unidos e na Inglaterra,
sem utilização de termo específico, predominam expressões como: documentos questionados, documentos
contestados, documentos suspeitos, exame científico de documentos, ou, simplesmente exame de documentos.

Denominação histórica
Na antiguidade, os mensageiros de um rei apresentavam‐se através de seu diploma. Eram recebidos e
hospedados consoante as normas do velho direito das gentes. Não tardou a aparecerem falsos mensageiros com
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diplomas igualmente falsos para usufruir as regalias dispensadas aos regularmente credenciados. Por esse
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motivo, vários reis destacaram homens de grande saber para examinar os diplomas e verificar se seriam
autênticos. Surgiu, dessa forma, a arte conhecida por diplomacia, sendo os diplomatas aqueles que a exerciam.
Portanto, de acordo com sua denominação histórica a documentoscopia deveria ser designada
Diplomacia. No entanto, este termo que teve seu significado desvirtuado através da história, hoje representa a
arte das relações internacionais a cargo de embaixadores, ministros ou representantes plenipotenciários
conhecidos como ou diplomatas, passando os diplomas a se chamar credenciais.

Filiação científica
Surgiu e criou corpo dentro da Criminalística, que trata do reconhecimento e análise dos vestígios
extrínsecos ao cadáver relacionados com o crime ou com a identidade de seus participantes.

Histórico

Empirismo Romântico (1° ciclo)

Período
Até o início do século XX

Características
9 A busca dos elementos individualizantes da escrita era feita de forma instintiva, sem qualquer base científica.
9 A solução dos problemas se dava através das fantasias e crendices então dominantes.
Na França, os primeiros vestígios da perícia gráfica são encontrados em 1370, em Paon, que organizou
uma coleção de acórdãos, tendo por objetivo um caso de falsificação referente ao senhor de La Riviére, primeiro
camareiro do rei. Em outro livro da mesma época, Simon de Pauvreau de Parteney fornece várias indicações para
se reconhecer uma falsificação, livro esse que inspirou François Demelle a publicar seu Advis pour judeg lês
inscriptions em faux.
Um acontecimento sem dúvida relevante, nestes primórdios da perícia, foi a audaciosa falsificação da
assinatura de Carlos IX, num documento em que o soberano abdicava do trono da França. Para o exame desse
documento foram comissionados juridicamente, pelo seu saber e competência, os mais eminentes homens da
época. Deu lugar à fundação, no ano seguinte (1570), da Communauté d´écrivanins experts verificateurs, cujos
componentes tiveram, durante vários anos, a maior consideração oficial. Esta corporação conseguiu não só um
grande prestígio, como ainda inscritos de renome, tais como, o já mencionado Demelle e o famigerado Jacques
Raveneau, que em 1665 publica o livro intitulado Traité dês inscriptions em Faux. Nele se encontrava a exposição
de vários processos de falsificações e de adiantados meios técnicos de exame (muitos destes processos até hoje
utilizados). Ravaneau julgava o falsário muito mais adiantado que o perito, a tal ponto, que se transformou em
falsificador, com a convicção de não poder ser descoberto. No entanto, em conseqüência de suas próprias lições,
foi levado aos tribunais e condenado.
16

A Corporação dos Mestres Escrivães, todavia, foi caindo no descrédito, e transformou‐se em “Academia
Página

de Escritas”, a qual foi extinta pela Revolução Francesa.


9 Graves erros jurídicos afetaram de maneira crucial o valor da perícia gráfica, levando‐a ao descrédito.
Alguns erros jurídicos em documentoscopia
1. Caso de La Roncière – envolveu matéria relacionada com a identificação gráfica e continham referências
desabonadoras a esposa e à filha do general, que circulou nas relações de amizade do mesmo. A conclusão, após
ter sido acusado o Tenente La Roncière (e provado que não fora o mesmo quem redigiu as cartas), chegaram
ainda a um resultado que causou assombro, já que afirmaram os peritos que havia sido a própria Srta. De Morell,
filha do general, quem produzia as horripilantes missivas. E, sem mais provas, apenas com a rejeição das
produzidas, o tenente de La Roncière foi condenado. E sobraram penalidades para os próprios peritos.
2. Caso de La Boussiniére, em 1891, entretanto, os peritos gráficos cometeram grave erro. Adolphe de la
Boussinière, faleceu em 1885, deixando seus bens, por testamento para um de seus parentes (o Sr. De Brion). O
notário Guyard entrou em entendimento com Charpentier (pessoa que reproduzia a escrita de uma pessoa com
facilidade) com o objetivo de compôs os textos dos dois atos, favorecendo seu irmão Edouard e ao notário. O
falsificador avisou ao Sr. Guyard que os documentos forjados não escapariam ao exame de peritos (nisto ele se
enganou). Charpentier aproveitando‐se do fato, para praticar chantagem contra Guyard, como este não aceitou a
chantagem, Carpentier denunciou‐o, remetendo para as provas em seu puder para Brion.
3. Caso Humbert – Um perito atribuiu a transcrição de um telegrama ao Sr. Parayre. Todavia, o Sr. Humbert logo
que viu a escrita, declarou espontaneamente ser a mesma procedente de seu punho escritor.
4. Casos Dreyfus – a contra‐espionagem francesa apreendeu um bordereau, na embaixada alemã. Em vista da
natureza da informação, só poderiam ter partido do Estado Maior do Exército Francês. Pelo confronto sumário da
escrita, a suspeita recaiu sobre o Cap. Alfred Dreyfus, que de imediato foi preso. Em 1894 o bordereau foi
examinados por: Gobert (o único perito com alguma experiência); Bertillon (Chefe do Serviço de Identidade
Judiciária da Prefeitura da Polícia de Paris); Pelletier (relator do Ministério de Belas Artes) e Teysonnières
(gravador). Gobert concluiu negativamente. Bertillon apresentou seu relatório, mas não concluiu. Emitiu a
hipótese de documento forjado. Pelletier declarou que as anomalias eram banais ao contrário das
dessemelhanças, que eram numerosas e Teysonnières (juntamente com Charavay) concluíram pela autoria.
5. Na Inglaterra, a atenção pública e oficial foi despertada para as questões da especialidade através do caso das
cartas de Mary Stuart. A infortunada rainha da Escócia atribuiu‐se a autoria de várias missivas dirigidas a Bothwell,
antes da morte de Darnley. Se as mesmas fossem autênticas , poder‐se‐ia deduzir que Mary Stuart estivera
implicada no assassinato de Darnley.
Mary Stuart foi condenada à morte por causa das palavras inseridas no post‐scriptum de uma delas. No
entanto, sempre negou a autoria dessas cartas. A perícia, ordenada pelos comissários, concluiu pela
autenticidade, baseada em indicações vagas, relativas à ortografia, à composição e às formas gerais das peças.
Mas, pouco sabemos dos processos e métodos de investigação até ai utilizados.

Empirismo Científico (2° ciclo)


Os profissionais da área buscavam recuperar a credibilidade da perícia gráfica através do uso de velhas
noções apriorísticas associadas a um moderno linguajar técnico científico.
17

O emprego de termos pomposos e fascinantes munidos de alguns toques de química, de microscopia e,


Página

principalmente, fotografias, tinha como principal objetivo causar admiração, não o convencimento.
Em 1906, Reiss traz preciosa contribuição à perícia de escritas, com seu notável trabalho Photographie
Judiciaire. Paulier publica seu livro, com um estudo pormenorizado da constituição dos traços, segundo seu
aspecto caligráfico.
Rogues de Fursac analisa detidamente os Trêmulos Gráficos. Nos Estados Unidos, Ames publica seu
extraordinário livro Ames ou Forgery, aparecendo em 1909 a primeira edição do livro clássico de Albert S. Osborn,
Questioned Documents, que vem influindo, decisivamente, na formação de atuais peritos de documentos dos
Estados Unidos.

Sinceridade técnico‐científica (3° ciclo)


Finalmente por volta de 1940 no Brasil e alguns anos antes em outros países, a perícia de documentos
consegue seus galardões científicos.

Documentos

Conceito
Consideram‐se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
Art. 232, Código de Processo Penal

É a expressão da vontade de assertiva ou de negativa de uma ou mais pessoas devidamente registrada


sobre um suporte, com a finalidade de servir como meio de prova.
Ascendino Cavalcanti

É a peça em que se registra uma idéia.


Del Picchia

Classificação
Os documentos podem ser classificados em originais e cópias.

Legislação
Art. 231 ‐ Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do
processo.
Art. 232 ‐ Consideram‐se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
Parágrafo único ‐ À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original.
Art. 233 ‐ As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo.
Parágrafo único ‐ As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu
direito, ainda que não haja consentimento do signatário.
Art. 234 ‐ Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa,
providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se
18

possível.
Art. 235 ‐ A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial, quando contestada a
Página

sua autenticidade.
Art. 236 ‐ Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário,
traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade.
Art. 237 ‐ As públicas‐formas só terão valor quando conferidas com o original, em presença da autoridade.
Art. 238 ‐ Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista motivo relevante que justifique a
sua conservação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte
que os produziu, ficando traslado nos autos.

Nomenclatura técnica dos documentos


Para designar os documentos que são objetos de exame pericial, são comumente usadas as seguintes
expressões: documento questionado, peça questionada, peça motivo, peças exame.
Os exames grafotécnicos, são em regra, comparativos. Se Aceita como razoável ou até obrigatória, a
colheita de padrões de confronto, que servem de modelo nos exames.
Os padrões de confronto, também designados peça de comparação, peça de cotejo, padrão de
comparação, padrão de cotejo, peça paradigmática, deverão satisfazer os requisitos de autenticidade,
adequabilidade, conteporaneidade e quantidade.

Grafoscopia

Origem etimológica
Termo derivado das palavras gregas graphein (escrever) e skopein (examinar)

Conceito
É a parte da Documentoscopia que estuda a escrita e tem por objetivo verificar a autenticidade ou
determinar a autoria dos grafismos

Grafismo
Escrita diretamente resultante dos gestos gráficos

Escrita
É um gesto gráfico psicossomático que contém um número mínimo de elementos que possibilitam sua
identificação.

Sinonímia
Grafística, grafotecnia ou Perícia Gráfica.

Princípios Fundamentais
19

O grafismo é individual e inconfundível.


Página

Princípio Fundamental
A escrita resulta de estímulos cerebrais que determinam os movimentos que criam as formas gráficas,
portanto, cada pessoa possui uma escrita.
As leis da escrita independem dos alfabetos utilizados.
Postulado Geral de Solange Pellat (mestre francês daDocumentoscopia)

Alfabetos
são os conjuntos de sinais, obedientes a um sistema, com os quais, diretamente ou indiretamente, o
homem consegue registrar seu pensamento.

Leis do grafismo

1ª Lei
O gesto gráfico está sob a influência imediata do cérebro. Sua forma não é modificada pelo órgão
escritor, se este funciona normalmente e se encontra suficientemente adaptado à sua função.

Comentário
Isto quer dizer que o cérebro preside ou comanda a função gráfica, isso está provado em casos em que o
mesmo escritor por circunstâncias adversas, após treinamento, passar a escrever com a mão esquerda, com a
boca ou com os pés, conserva sempre as mesmas características gráficas, o que mudou foi o mecanismo muscular
anteriormente usado, após algum tempo a reprodução gráfica poderá ficar quase exatamente igual à primitiva.

2ª Lei
Quando se escreve o EU está em ação mas este passa por alternativas contínuas de intensidade e
enfraquecimento. Está no seu máximo de intensidade onde existe um esforço a fazer, i.e. nos inícios e em seu
mínimo onde o movimento escritural é secundado pelo impulso adquirido, i.e. nas extremidades finais.

Comentário
Esta é a lei que regula o automatismo dos gestos gráficos. Isto é, no início a escrita é ato consciente, os
movimentos, porém, se sucedem sem demandar qualquer atenção do escrito.

3ª Lei
Não se pode modificar voluntariamente em dado momento, a própria escrita natural, senão introduzindo
no traçado marca do esforço que se faz para introduzir a modificação.

Comentário
Nos disfarces e nas imitações, o dissimulador fatalmente se trairá. Seu esforço ficará marcado através de
um sinal ou característica.
20

4ª Lei
Página

O escritor que age sob circunstâncias em que o ato de escrever é particularmente difícil, traça
instintivamente ou formas de letras que lhe são mais costumeiras, ou mais simples, de esquema mais fácil de ser
construído.

Comentário
Esta é a conseqüência da lei do menor esforço, das simplificações dos gestos gráficos, quando as pessoas
que escrevem em condições anormais tais como: doentes nos leitos, em veículos em movimentos ou com canetas
ou lápis em mau estado. São as chamadas reminiscências gráficas.

Balística Forense

Conceito
A Balística é uma parte da Física Aplicada que estuda os projéteis (sua trajetória, os meios que
atravessam etc.) e as armas de fogo.
Indefinido

É a ciência que estuda as armas de fogo, o alcance e direção dos projéteis delas disparados, bem como o
efeito que eles produzem
Ascendino Cavalcanti

É a parte do conhecimento Criminalístico e Médico‐Legal que tem por objeto especial o estudo das armas
de fogo, da munição, dos fenômenos e efeitos próprios dos tiros destas armas, no que tiverem de útil ao
esclarecimento e a prova de questões do fato, no interesse da justiça tanto penal como civil".
Eraldo Rabelo

Armas de Fogo

Conceito
Armas de fogo, são aquelas capazes de expelir projéteis, em virtude da expansão de gases advindos da
queima da pólvora. Seu funcionamento, em princípio, não depende do vigor, da força física do homem.
As armas de fogo são instrumentos que utilizam a grande quantidade de gases produzidos pela queima
instantânea de uma carga, constituída por um combustível seco (pólvora ou sucedâneo) como forma de propulsão
dos projéteis. Esta queima somente ocorre na presença de "chama viva" (que era como se detonavam as armas de
fogo antigas: canhões, bombardas, arcabuzes, bacamartes, garruchas etc., com o auxílio de um pavio acesso). Daí
a necessidade de existir nos cartuchos uma segunda mistura combustível, capaz de se acender (inflamar) quando
golpeada. Esta forma parte da espoleta ou escorva.

Partes fundamentais das armas de fogo


21

coronha (cabo) e armação (corpo)


Página

Parte que se destina a segurar a arma;


Os mecanismos
O de disparo, constituído pelo percutor (agulha), acionado pelo gatilho (tecla) e o de extração, para
expulsar a cápsula (estojo) uma vez deflagrada.

O cano
É constituído por um cilindro metálico fechado em uma de suas extremidades e aberto pela outra. A
extremidade fechada, pode sê‐lo pela própria fabricação (ex.: pica‐pau e armas antigas) ou pelo cartucho quando
este se aloja na câmara (parte de diâmetro ligeiramente maior). A extremidade do cano que dá continuidade à
câmara, é conhecida como "boca de carga", ao passo que a outra extremidade, aquela através da qual o projétil
abandona a arma, recebe o nome de "boca de fogo". A superfície interna do cano pode ser lisa (hoje em dia só se
vê nas armas de caça: espingardas, escopetas), ou raiada, apresentando cristas internas longitudinais (raias),
dispostas de forma helicoidal, ora girando para a direita (dextrógiras), ora para a esquerda (sinistrógiras), que
imprimem ao projétil, quando do percurso ao longo do cano, um movimento básico de rotação sobre o seu eixo,
que serve para manter a trajetória, a direção e outorgar‐lhe maior força de penetração.

Classificação segundo Eraldo Rabello

Quanto à alma do cano


Lisas e raiadas

Raiadas
Dextrógiras ou levógiras (ambas com n° par ou ímpar de raias)

Quanto ao sistema de carregamento


De antecarga ou de retrocarga

De retrocarga
Propriamente ditas e com culatra de antecarga.

Quanto ao sistema de inflamação


Por mecha (obsoletas), por atrito, por percussão e elétrica.

Por atrito
Fecho de Mola (Weel ‐ Look) e com fecho de Miquelete (Flint ‐ Look).

Por percussão
22

Extrínseca e intrínsecas.
Página
Intrínsecas
Pino lateral, central e radial (direta e indireta).

Quanto ao funcionamento
De tiro unitário e de repetição

De tiro unitário
Simples e múltipla

De repetição
Não automática, semi‐automática e automática

Quanto à mobilidade
Fixas, móveis, semiportáteis, portáteis

Móveis
De tração extrínseca e automotrizes

Quanto ao uso
Individuais e coletivas
Em Criminalística se as classifica, também em armas de mão (revólver, pistola etc.) e armas de ombro
(fuzil, carabina etc.).

Outro sistema de classificação

De acordo com o seu uso


De caça, de esporte e de defesa

De acordo com o comprimento do cano


Curtas e longas

De acordo com o acabamento interior do cano


Lisas e raiadas

De acordo com o seu calibre


.22, .38, 6.35, 7.65, 12, 16, 36 etc.
23

De acordo com o seu funcionamento


Página

De repetição, automáticas, semi‐automáticas


De acordo com a velocidade do projétil
De baixa velocidade, de alta velocidade

O calibre
Para as armas de caça ou armas de alma lisa, é determinado pelo número de esferas de chumbo (balins),
de diâmetro igual ao do cano, que perfazem uma libra de massa (≈454 g) (ex: calibre 12 significa que 12 esferas de
chumbo do diâmetro do cano, pesam uma libra). O calibre, para as armas raiadas é dado pela medida do diâmetro
do cano no fundo de duas raias opostas da alma. O calibre pode ser expresso em milímetros (Bélgica: 9 mm, 7,65
mm), em milésimos de polegada (Inglaterra: .303, .380) ou em centésimos de polegada (EE.UU.: .45, .38).

Figura 2. Medição do calibre.

Cartucho de munição de arma de fogo

Conceito
É a unidade da munição das armas de percussão e de retrocarga.

Divisão
Um cartucho é composto por diferentes partes: a cápsula ou estojo, a espoleta ou escorva, a carga de
projeção (pólvora), as buchas e o(s) projétil(eis).

Cápsula ou estojo
24

Apresenta uma extremidade fechada ‐ a base ou culote ‐ e uma extremidade aberta, onde se encontra(m)
Página

o(s) projétil(eis). A base ou culote pode apresentar um diâmetro algo maior que o estojo ‐ a orla saliente (ressalto
ou talão)) ‐ ou simplessmente ser sem
s orla, mass apresentand
do um gargalo estrangulado. A base im
mpede que a
cápsula entre
e em proffundidade na câmara e, ao
o mesmo tem
mpo, serve parra o cartucho ser empolgad
do pela garraa
do extrator, nas arm
mas de repetição sem tam
mbor. A form
ma do estojo pode ser cillíndrica, tronco‐cônica ou
u
nte a uma garrrafa, podend
semelhan do ser totalmeente metálicaas são feitos de
d (latão para as armas raiaadas) ou com
m
uma basee de latão e o corpo do esto
ojo de papelão
o ou de plástico. O estojo é o elemento agregador daa munição.

Tipos dee estojos

Quanto á forma do corpo


C
Cilíndrico (Strraight), cônico
o (Taper) e garrrafa (Bottle‐N
Neck)

Quanto aos
a tipos de base
C
Com aro ou gola
g (rimmed código R), co
om semi‐aro ou semi‐golaa (semi‐rimmeed código SR)), sem aro ou
u
gola (rimless código seempre omitid
do), cinturado
o (belted código B), rebatid
do (reboled có
ódigo RB) e mauser
m tipo A
o).
(obsoleto

Quanto ao
a tipo de inicciação:
P
Percussão lateral ou fogo circular
c e perccussão centrall ou fogo centtral.

Quanto ao
a material uttilizado na suaa fabricação:
C
Cobre, latão (liga
( de cobre e zinco), alum
mínio e plásticco (utilizado em
e treinamento)

Figu
ura 3. Partes do cartucho.
c

Cápsulaa de espolettamento (esspoleta ou escorva)


A Cápsula de Espoletamen
nto é o pequen
no recipiente, ás vezes partte integrante do estojo (como nos casoss
dos estojos com Percu
ussão de Fogo
o Circular), ás vezes neste montado
m (com
mo nos casos d
dos estojos co
om Percussão
o
de Fogo Central), em que é colocad
da a escova (C
Carga de Iniciação), cuja deeflagração po
or choque, infflama a Cargaa
de Projeçção.
S
Sempre metáálica, ela form
ma um pequen
no compartim
mento, geralmente se comu
unicando com
m o interior do
o
25

estojo po q recebem denominaçãão de eventos, de sorte a permitir qu


or orifícios, que ue a chama resultante
r daa
Página

deflagraçção da carga de iniciação, atinja com eficiência


e a pó
ólvora propelente (Carga d
de Projeção) e assegure a
combustão desta.
Pode ser anular ou central, conforme o local em que o percutor deve golpeá‐la. A sua finalidade é
incendiar a pólvora que constitui a carga do cartucho. Esta, ao queimar, desprende um grande volume de gases (≈
2.000 ml/1 g), que ao saírem através do cano, forçam a expulsão do projétil.

A carga de projeção
Os explosivos propelentes têm por fim a produção de um efeito balístico. A sua transformação normal é a
deflagração, que é uma combustão mais ou menos viva, e o impulso inicial que exigem é a chama. A velocidade
de transformação destes explosivos é regulável, e essa propriedade é da maior importância para seu emprego.

As buchas
Presentes principalmente nos cartuchos de projéteis múltiplos próprios das armas de caça ou de alma
lisa, apenas servem para conter a pólvora na cápsula (estojo), separando‐a dos balins de chumbo.

Os projéteis
Projétil é o elemento vulnerante do cartucho. Os projéteis, das armas curtas raiadas de tiro unitário e de
repetição são em geral de chumbo nu, comumente endurecido com a adição de uma pequena porcentagem de
antimônio. Na maioria das armas longas raiadas de tiro unitário e de repetição não automática, assim como, nas
curtas e longas semi‐automática, os projéteis são blindados, isto é, tem núcleo de chumbo ‐ mas estão revestidos
por uma camisa de metal mais duro, que pode ser o aço, o cobre ou o zinco, com ou sem uma pequena
porcentagem de estanho. Nos projéteis blindados, a própria liga metálica da camisa ou jaqueta exerce função
lubrificante, pois o metal desliza bem e praticamente não deixa resíduos no raiamento da arma (comum com os
projéteis de chumbo nu).
Em geral, o diâmetro do corpo cilíndrico do projétil corresponde ao diâmetro interno da boca do cano,
esta medida dá‐se o nome de Calibre Real (que é comumente representado em mm). Pode ser de baixa energia
(com velocidade de 100 m/s até 500 m/s, na saída do cano) ou de alta energia (com velocidade de 500 m/s a 1.200
m/s, na saída do cano).

Deformações dos projéteis

Deformações normais ou permanentes


São formadas no projétil durante seu deslocamento no interior do cano. Nos canos raiados, as raias são
impressas nos projéteis sob forma de ressaltos e cavados.

Deformações Periódicas
Deformações típicas do gênero revólver decorrentes do desalinhamento da câmara com o cano da arma.

Deformações Acidentais
26

São aquelas apresentadas pelo projétil após o impacto contra uma superfície rígida.
Página
Deformações Propositais
São aquelas produzidas pelo atirador com o objetivo de aumentar o seu poder vulnerante ou dificultar os
futuros exames a serem realizados nos projéteis.

Figura 4. Mecanismo do tiro

Identificação das armas de fogo

Identificação direta ou imediata


É uma identificação feita com base em características particulares e distintas cunhadas na própria arma.
Leva em conta os dados de qualificação representados pelo conjunto de caracteres físicos constantes nos registros
e documentos como tipo da arma, calibre, número de série, fabricante, escudos, brasões, etc.

Alguns elementos

Logotipo ou sinete
É uma marca registrada que identifica imediatamente o seu fabricante.

Número de série
Apresenta‐se por números (Sistema Numérico) ou por letras e números (Sistema Alfanumérico). Sua
gravação pode ser mecânica (através de punções individuais ou por prensa pneumática) ou com uso do Raio laser.
Cada fabricante dá ao sistema de numeração da arma produzida um significado especial.

Identificação indireta ou mediata


É feita mediante o estudo comparativo das características gerais e particulares das deformações
impressas pela arma considerada, nos elementos da sua munição.
27

Elementos
Página

Os projéteis, os estojos e as cápsulas de espoletamento são os elementos onde estão depositados os


vestígios capazes de fazer a Identificação Mediata das Armas de Fogo. Eventualmente, as Buchas Pneumáticas ou
seus fragmentos e os resíduos da combustão da pólvora proporcionam subsídios.

Projéteis
O projétil de uma arma de fogo raiada, ao passar pelo cano, adquire impressões de cheios e de raias, sob
a forma de cavados e ressaltos, que produzirão micro deformações no projétil conhecidas como estrias cujas
características podem ser usadas na identificação da arma utilizada para efetuar o disparo.

Fases da identificação

Genérica
Identificação do gênero da arma. Ex.: revólveres, carabinas, metralhadoras, etc.

Específica
Identificação da espécie de armas do mesmo gênero. Ex.: revólver marca Smith&Wesson, cal. .32;
revólver marca Taurus, cal. .38 SPL; revólver marca Rossi, modelo TA, cal. .22 LR.

Individual
Identificação de uma arma em particular, entre armas de uma mesma espécie. Ex.: revólver marca
Taurus, cal. .38 SPL, n° de série CA 124578.

Distância do tiro
Tanto do ponto de vista Médico Legal, quanto do Criminalístico, os disparos podem ser efetuados a
distâncias variáveis entre a boca de fogo do cano da arma e a vítima:
9 Disparos (tiros) apoiados ou encostados, à distância zero;
9 Disparos (tiros) próximos, a curta distância
9 Disparos (tiros) à distância.

Efeito do tiro

Projéteis de baixa energia


Com velocidade de 100 m/s até 500 m/s, na saída do cano.

Ferimento de entrada do projétil


É variável segundo a distância do disparo e conforme o projétil seja único ou múltiplo. Existem elementos
que são comuns a todo tipo de tiro, independendo da distância entre a arma e a vítima: são os denominados
efeitos primários do tiro.
28

Efeitos primários do tiro


Página

Designam‐se como, às ações mecânicas do projétil sobre o alvo e que, via de conseqüência, são próprios
do orifício de entrada. é imperativo lembrar que estes efeitos independem da distância do disparo, ou seja, da
distância entre a boca de fogo do cano da arma, e o ponto de impacto sobre o alvo (corpo da vítima). Os efeitos
primários do tiro compreendem:
a) o ferimento pérfuro‐contuso ou lácero‐contuso, e
b) as orlas, a saber:
9 Orla de enxugo ou orla de alimpadura: é produzida pela limpeza dos resíduos existentes no cano da arma
(pólvora, ferrugem, partículas etc.) que o projétil transporta e que este deixa ao atravessar a pele ou as vestes,
ficando sob a forma de uma auréola escura em volta do orifício de entrada.
9 Orla de escoriação: corresponde a uma delicada área, localizada em torno do ferimento pérfuro‐contuso de
entrada, em que a epiderme é arrancada pelo atrito do projétil quando penetra deixando exposto o córion:
vermelha e brilhante, quando recente; mate e escura, após algumas horas.
9 Orla equimótica ou Orla de contusão: é produzida pelo projétil quando impacta sobre o corpo, quando se
comporta apenas como um instrumento contundente (inclusive ao longo do túnel de trajeto). Evidencia‐se como
uma equimose cuja extensão e intensidade estará em relação, não apenas com o impacto do projétil como,
também, com a textura dos tecidos da região: mais ampla, quando mais laxos; mais estreita e menos evidente
quando mais firmes ou consistentes.
O conjunto destas três orlas é denominado, pelos autores saxões, como Anel de Fisch.

Tiro encostado
É aquele tiro em que a boca do cano da arma se apóia no alvo de modo que a lesão é produzida pela ação
do projétil e dos gases resultantes da deflagração da pólvora.

Efeitos
O orifício de entrada é irregular, amplo, em regra maior do o diâmetro do projétil que o produziu. Pela
ação dos gases, que penetram juntamente com o projétil, e pelo orifício por este produzido, é que a lesão
apresenta prolongamentos raiados, constituindo a chamada explosão da mina de Hofmann. Nos tiros encostados
não há, em geral, zona de esfumaçamento e de tatuagem. A expansão dos gases ocorrerá dentro do túnel aberto
pelo projétil e as paredes do túnel serão violentamente agastadas e rompidas, com refluxo de gases para o
exterior, ficando os bordos do orifício de entrada dilacerados e revirados para fora (evertidos), com aspecto
análogo ao de um orifício de saída. Internamente, este efeito explosivo se manifesta por devastação intensa,
formando um trajeto denominado de boca de mina (mina de Hofmann).
Nos tiros encostados, no crânio, a zona ou orla de esfumaçamento aparece ao redor do orifício de
entrada, na superfície externa do plano ósseo (sinal de Benassi), podendo aí permanecer até após a decomposição
das partes moles.

Câmara (golpe) de mina de Hofmann


Orifício de grande tamanho, estrelado, de bordas laceradas, evertidas e irregulares, com descolamento
29

dos tecidos do crânio, com o aspecto da cratera de uma mina, nos disparos encostados ou apoiados no crânio.
Página
Sinal de Benassi
Esfumaçamento da tábua externa dos ossos do crânio, em casos de tiro encostado.

Sinal de Werkgaertner
Desenho da boca e da massa de mira do cano, impresso na pele da vítima de um tiro encostado, através
de um halo de tatuagem e esfumaçamento.

Figura 5. Sinal de Puppe‐Werkgarten 1. Marca do cano, com a massa de mira, em volta do orifício de entrada. 2. Esquema de marca deixada por
arma de cano duplo, na qual disparou apenas o cano da esquerda.

Sinal do telão de Raffo


Zonas decorrentes da combustão da carga do cartucho e dos gases produzidos, sobre as vestes, que
servem de anteparo (telão ou biombo): sinal do desfiamento em cruz; sinal do cocar e sinal do decalque.
Figura 6. Sinal do telão de Raffo: 1. Sinal do desfiamento "em cruz", nos disparos encostados; 2. Sinal do cocar; 3. Sinal do decalque.

Tiro à curta distância


É aquele desferido contra alvo situado dentro dos limites da região espacial varrida pelos gases e resíduos
de combustão da pólvora expelidos pelo cano da arma.

Características
O orifício de entrada nos tiros à curta distância terá a forma arredondada ou oval, com bordas invertidas
(voltadas para dentro), orla de contusão e enxugo, auréola equimótica e as zonas de queimadura e
esfumaçamento.
Quando aparece junto do orifício de entrada, além da zona de esfumaçamento, crestação de pêlos, e
cabelos, além de queimadura sobre a pele, alterações estas produzidas pela elevada temperatura dos gases,
considera‐se essa forma de tiro como sendo um tiro a queima‐roupa (termologia não mais utilizada no seio da
Criminalística do país).
A Zona de Esfumaçamento, em tiro à curta distância, cresce em diâmetro até uma distância de 5 a 10 cm
da boca do cano e, à medida que se afasta, vai diminuindo o diâmetro e se tornando mais tênue, até cessar na
distância e se tornando mais tênue, até cessar na distância de 20 ou 30 cm, aproximadamente, para armas curtas.

Efeitos secundários do tiro


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Designam‐se efeitos secundários do tiro àqueles que se relacionam com a ação ou com o depósito de
produtos residuais da combustão dos explosivos, iniciador e propelente, bem como com corpúsculos metálicos
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provenientes da abrasão do ou dos projéteis na alma do cano.


São característicos dos tiros a curta distância ou disparos a "queima‐roupa" (termo ultrapassado), isto é,
aqueles desferidos contra o alvo situado dentro dos limites da região espacial varrida pelos gases e pelos resíduos
da combustão dos explosivos, propelente expelidos pelo cano da arma, quando ocorre a ação e deposição de
alguns ou de todos estes elementos sobre o corpo ou sobre as vestes da vítima que constituem os efeitos
secundários do tiro.
Os efeitos secundários do tiro podem ser utilizados para aquilatar a distância entre a boca de fogo do cano
da arma e o alvo, e, eventualmente, a direção do cano da arma com relação à vítima. Estes efeitos estão sujeitos a
uma grande variação relacionada com o tipo e estado de conservação da arma, com a qualidade da munição, bem
como com a natureza e/ou região do alvo atingido.
Os efeitos secundários do tiro compreendem as zonas de contorno: a zona de chamuscamento, a zona de
esfumaçamento e a zona de tatuagem.

Zona de chamuscamento
É produzida pelos gases superaquecidos resultantes da combustão do explosivo propelente e se forma
nos tiros encostados (distância zero) e até distâncias de 15 cm no revólveres. é uma zona característica do orifício
de entrada do projétil e é verificada pela ocorrência de queimaduras dos pelos e da pele da vítima (bem como de
tecidos, podendo‐se dar a combustão das vestes quando estas se interpõem no local atingido e são de fios
sintéticos).

Zona de esfumaçamento
É constituída por grânulos de fuligem resultantes da combustão da carga propelente, sendo superficial e
se depositando apenas sobre a pele e/ou das vestes interpostas, em torno do orifício de entrada, deprimido,
sendo facilmente removida da região por lavagem com bucha, água e sabão. Aumentando a distância entre a
boca de fogo e o alvo, cresce o diâmetro da zona de esfumaçamento, na medida em que vai se tornando cada vez
mais tênue a deposição dos resíduos, cuja concentração diminui do centro para a periferia, com crescente perda
da nitidez dos limites.

Zona de tatuagem
É composta por partículas de carvão (pólvora combusta) e de grânulos de pólvora incombusta, dispersas
em torno do orifício de entrada, de bordas deprimidas, cujo diâmetro cresce progressivamente até perder‐se a
energia cinética de cada corpúsculo, assim como a aceleração de que está animado.
Com o crescente alargamento do cone de dispersão se tem que a uma distância de 35 cm entre a boca de
fogo do cano da arma e o alvo, os pontos de tatuagem que se espalham sobre este último, já são poucos e
bastante dispersos, praticamente, cessando de serem assinaláveis os seus efeitos, verificando‐se que o contorno
desta área ou zona perde totalmente a sua regularidade e a sua nitidez.
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Figura 7. Orlas e zonas de contorno. 1. Orla de enxugo ou de alimpadura; 2. Orla de contusão; 3. Zona de esfumaçamento; 4. Zona de
tatuagem.

Casos especiais observados em alguns tipos de disparo

Sinal do Funil de Bonnet


Nos ossos, notadamente os planos, mostrando uma escoriação em forma de funil, cuja boca aponta o
local em que o projétil sai do osso.
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Figura 8. Sinal do funil de Bonnet: 1. Escoriação evidente na tábua óssea do lado contrário à entrada do projétil. 2. Esquema mostrando no
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orifício de saída do crânio, a perfuração da tábua interna e a avulsão da tábua externa.


Tiro à distância
É aquele desferido contra alvo situado dentro dos limites da região espacial varrida por grãos comburida
ou incombusta e por fragmentos de projétil (chumbo ou latão) expelidos pelo cano da arma.

Características
O orifício de entrada no tiro à distância tem forma arredondada (para tiro perpendicular), oval (para tiro
inclinado), bordos invertidos (revirados para dentro), orla de contusão e enxugo, auréola equimótica, faltando as
demais. O diâmetro do orifício de entrada será aproximadamente igual ao do projétil que o produziu. Entretanto,
em lesões produzidas por projéteis de alta energia, quando um mesmo projétil transfixa mais de um corpo, dentro
do primeiro corpo o projétil pode sofrer uma rotação de 90° e atingir a segunda vítima nesta posição. Neste caso,
o orifício de entrada, na segunda vítima, terá um diâmetro bem maior do que o diâmetro do projétil, podendo ser
equivalente ao do comprimento do projétil.
Quando no alvo, em torno do ponto de impacto do projétil, forem encontrados resíduos que
caracterizam uma Zona de Tatuagem, estaremos diante dos efeitos secundários produzidos por tiro distante. Na
distância de 50 cm os pontos de tatuagem já são poucos e bastante esparsos, em tiros desferidos por armas
curtas, indo até 70 a 80 cm, mas cessando por volta de 1m. o diâmetro da zona de tatuagem cresce
continuamente até que os grãos de pólvora comburidos ou incombustos e os fragmentos do projétil, começam a
cair antes de atingir o alvo.

Trajeto do projétil
Deve ser diferenciado da trajetória do projétil (que pertence à balística externa: fora da arma, mas
também fora do alvo). O trajeto representa o caminho, reto ou não, seguido pelo projétil dentro do corpo. Não
havendo orifício de saída, estende‐se desde o orifício de entrada até o fundo‐de‐saco onde se aloja o projétil.
Pode ser único ou múltiplo (quando o projétil único se fragmenta, ou quando o cartucho apresenta projéteis
múltiplos, e.g. cartuchos de caça, munição "Glaser”), perfurante, penetrante ou transfixante (rever estes conceitos
em "Lesões de Armas Brancas").
Trata‐se de um verdadeiro túnel escavado pelo projétil, durante a sua penetração, a expensas da energia
transferida aos tecidos ao seu redor, que são primeiro comprimidos centrifugamente, criando uma cavidade
temporária, para voltar ao normal após a passagem do projétil, ao longo do seu percurso, e que se traduz como
um túnel equimótico ou hemorrágico, que se inicia com a orla de contusão ou orla equimótica, na superfície do
corpo, ou pelo halo hemorrágico visceral de Bonnet, nas vísceras internas, ensejando a hemorragia em "T", de
Piedelièvre.

Cavidade Permanente
É o orifício ou túnel permanente deixado no alvo pela passagem do projétil. é produzido pelo efeito
esmagador (pressão) e cortante (laceração) do projétil. Dependendo do "desenho" do projétil, a cavidade
permanente pode ser bastante larga, em diâmetro ou difícil de ser vista. Os menores orifícios são produzidos
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pelos projéteis ogivais ou arredondados não‐expansivos e que não apresenta grande precessão e nutação.
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Cavidade Temporária ou Temporal
É o limite do deslocamento temporário dos tecidos pelo efeito hidrostático, quando da passagem do
projétil.

Ferimento de saída do projétil


Independe da distância do disparo. Em geral:
9 orifício maior que o de entrada (face aos fragmentos arrastados pelo projétil),
9 orifício de forma irregular,
9 bordas evertidas,
9 sem orla de enxugo nem de escoriação, mas que pode apresentar orla equimótica ou orla de contusão.

Figura 9. Formação das cavidades temporal e permanente com um projétil de baixa energia (de Fackler apud Fr. Frog, 1999)

Projéteis de alta energia


Com velocidade de 500 m/s a 1.200 m/s, (na saída do cano).

Ferimento de entrada do projétil


É variável podendo ser congruente com o diâmetro (calibre) do projétil ou assumir um diâmetro muito
maior, uma forma estrelada que lembra mais um orifício de saída o uma câmara de mina de Hofmann (sem ter
suas características, porquanto não se trata de disparos encostados). Estas modificações se relacionam com a
quantidade de energia transferida no momento do impacto.
Em geral, resultam de disparos (tiros) a distância, originários de armas de fogo curtas (revólveres ou
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pistolas com munição THV (Très Haute Vitesse), para defesa) ou longas (fuzis), originariamente de uso apenas
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bélico, para ataque.


Trajeto do projétil
O caminho, reto ou em zig‐zag, dependendo do ricochete, seguido pelo projétil dentro do corpo
encontra‐se rodeado por uma zona de necrose e laceração, por fora da qual há uma intensa infiltração
hemorrágica.
A grande quantidade de energia liberada no sentido centrífugo, leva a uma aceleração radial dos tecidos
atravessados, formando‐se, assim, a cavidade temporal, cujo diâmetro instantâneo é muito maior que o diâmetro
do trajeto definitivo. Este movimento centrífugo persiste até o exaurimento por transformação de toda a energia
cinética em energia elástica, quando a cavidade temporal atinge seu diâmetro máximo.
Logo a seguir, a energia elástica se transforma, novamente, em energia cinética e os tecidos, agora, são
acelerados em sentido centrípeto, o que determina o colabamento da cavidade temporal. Gera‐se, assim, uma
nova pressão positiva, ao longo do trajeto, repetindo‐se, novamente, o processo todo, sob a forma de ondas
pulsáteis: fases sucessivas de expansão e colabamento da cavidade temporal ("pulsação da cavidade"), de
amplitude paulatinamente decrescente ao longo do trajeto. O volume da cavidade temporal é proporcional a
quantidade de energia cedida pelo projétil ao atravessar o corpo, que será tanto mais elevada quanto maior seja a
velocidade do projétil.
Este mecanismo explica a elevada lesividade dos projéteis de alta energia (alta velocidade), sendo certo
que os tecidos mais próximos ao trajeto sofrem, de forma mais direta, os efeitos da pulsação, gerando a zona de
laceração ou zona de esfacelo, ao passo que os tecidos mais afastados e, via de conseqüência, menos afetados
ensejam a formação da zona de hemorragia, periférica.

Figura 10. Formação das cavidades temporal e temporária com projétil de alta energia (de Fackler apud Fr. Frog, 1999)

Ferimento de saída do projétil


Em geral, é um orifício que tanto pode ser maior que o de entrada ou menor, o que pode levar a
conclusões errôneas quanto à direção do disparo, pode ser regular ou de forma irregular, bordas evertidas, em
geral, com orla equimótica ou orla de contusão.
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Papiloscopia

Conceito
É a ciência que estuda a identificação humana por meio das papilas dérmicas. As papilas são pequenas
saliências de natureza neurovascular que se encontram perpendicularmente situadas na parte externa da derme,
estando os seus ápices reproduzidos pelos relevos que se apresentam na epiderme.

Divisão

Datiloscopia
Identificação por meio de impressões digitais

Quiroscopia
Identificação através de impressões palmares

Podoscopia
Identificação por meio de impressões plantares

Postulados da papiloscopia

Perenidade
É a propriedade que têm os desenhos papilares de possuírem formato definido entre o quarto e o sexto
mês de vida intra‐uterina e permanecerem até a completa putrefação cadavérica. Os desenhos papilares
observados num recém‐nascido permanecem até sua velhice, com a única diferença do aumento de tamanho,
como se fora uma ampliação fotográfica.
Este postulado foi descoberto e proposto por Kolliker em 1883 e confirmado por Kollnan, posteriormente.

Imutabilidade
É a propriedade que têm os desenhos papilares de não mudarem a sua forma original, desde o seu
surgimento até a completa decomposição cadavérica.

Variabilidade
É a propriedade que têm os desenhos papilares de não se repetirem, variando, portanto de região para
região papilar e de pessoa para pessoa.
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Classificabilidade
Página

É a propriedade que têm os desenhos papilares de serem classificadas para arquivamento e pesquisa.
Datiloscopia

Conceito
É o processo de identificação humana através das impressões digitais.

Origem etimológica
O termo datiloscopia tem sua origem etimológica nos vocábulos gregos daktilos (dedos) e Scopein
(examinar).

Finalidade

Datiloscopia civil
Tem como objetivo a identificação das pessoas para fins civis. Na oficial é empregada na expedição de
documentos, tais como: Célula de identidade civis, militares e funcionais. Poderá, ainda, ter sua aplicação na área
particular para possibilitar a identificação funcional e de clientes, como nas modernas empresas bancárias.

Datiloscopia criminal (Judicial ou Forense)


Trata da identificação de pessoas indiciadas em inquéritos porém face a nova legislação esta pessoa
durante esta fase poderá se recusar a identificar‐se criminalmente. Transitado e julgado, sendo o mesmo
condenado, esta identificação será obrigatória.

Finalidades
8 Promover identificação de sentenciados com base no código de processo penal, o que constitui uma forma de
identificação obrigatória, formando um banco de dados de pesquisa que será interligado nacionalmente, através
do Sistema Nacional de Informações de Segurança (INFOSEG).
8 Levantamento de impressão digital em local de crime.

Datiloscopia antropológica
Estuda a raça e agrupamentos humanos.

Datiloscopia clínica
Estuda as perturbações que se notam nos desenhos papilares, notadamente, nas digitais, como
conseqüência de certas enfermidades ou do exercício de algumas profissões.

Desenho digital
É a figura presente em toda a extensão da segunda falange do polegar e terceira falange dos demais
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dedos, formada pelo conjunto de formações lineares salientes denominadas cristas papilares (também conhecida
por papilas) e de depressões existentes entre elas denominadas espaço ou sulcos interpapilares.
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Impressão digital (datilograma)
É a reprodução impressa e invertida do desenho digital sobre qualquer suporte, convencionalmente
apresentada nas fichas decadactilares e monodactilares.
Datilograma é sinônimo de impressão digital. Esse vocábulo é formado por um hibridismo grego‐latino,
onde daktilos significa dedos e grama significa qualquer caractere escrito ou impresso. Na prática os termos
desenho digital, datilograma e desenho são usados para designar impressão digital.

Componentes da impressão digital

Cristas papilares
Linhas impressas da impressão digital.

Sulcos interpapilares ou intercristais


Intervalos que separam as linhas impressas do datilograma

Poros
Pontos brancos observados sobre as linhas impressas.

Delta
É o ponto de encontro e partida das linhas diretrizes

Linhas diretrizes
São linhas que, partindo do delta e envolvendo o núcleo, limitam os sistemas de linhas. As linhas
diretrizes não precisam ser contínuas e podem conter bifurcações.

Diretriz basilar
É o prolongamento do braço do delta, que envolve e limita o núcleo em sua parte inferior. Em caso de
descontinuidade ou bifurcação a diretriz segue, respectivamente, a linha ou ramo inferior.

Diretriz marginal
É o prolongamento do braço do delta, que envolve e limita o núcleo em sua parte superior. Em caso e
descontinuidade ou bifurcação, a diretriz segue, respectivamente, a linha ou ramo superior.

Sistemas de linhas

Sistema basilar
É o conjunto de linhas situado abaixo da diretriz basilar que corresponde à
parte inferior do desenho digital.
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Sistema nuclear (núcleo)


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É o conjunto de linhas envolvido pelas diretrizes basilar e marginal (braços do


delta) que corresponde à parte central do desenho digital. As linhas do núcleo seguem um curso paralelo ao das
linhas formadoras dos demais sistemas, entretanto, encurvam sobre si mesmas em um ou em ambos os lados do
desenho.

Sistema marginal
É o conjunto de linhas situado acima da diretriz marginal que corresponde à parte superior do desenho
digital.

Pontos característicos
Particularidades morfológicas que permitem distinguir, entre si, as impressões digitais. Para que seja
afirmada a identidade entre duas impressões digitais, é necessária a existência de, pelo menos, doze figuras ou
pontos característicos coincidentes. Um número menor de pontos característicos só é admitido nos confrontos
em que foram encontrados pontos considerados raros.

Classificação

Arco
são impressões digitais caracterizados pela ausência de delta, é formado por
linhas abauladas e mais ou menos paralelas que atravessam ou tendem a atravessar o
campo digital, e que muitas vezes apresentam ao centro linhas angulares que podem
ainda assumir uma configuração semelhante à presilha. O arco é classificado como tipo A
nos polegares e como tipo 1 nos demais dedos.

Presilhas
São impressões digitais que apresentam um delta e pelo menos uma laçada em perfeita inflexão,
inteiramente livre em seu ramo ascendente e a partir do nível do delta. Pode apresentar uma ou mais linhas
envolvidas pela laçada central da presilha, que são denominadas linhas axiais.

Presilha interna
São impressões digitais que apresentam um delta (O) à direita do observador e
um núcleo contendo uma ou mais laçadas abertas para o lado esquerdo do observador. A
presilha interna é classificada como tipo k nos polegares e como tipo 2 nos demais dedos.

Presilha externa
São impressões digitais que apresentam um delta (O) à esquerda do observador
e um núcleo contendo uma ou mais laçadas abertas para o lado direito do observador. A
presilha externa é classificada como tipo E nos polegares e como tipo 3 nos demais
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dedos.
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Verticilo
são impressões digitais que apresentam dois deltas (O), ocultos ou não, e um
núcleo de borda variada, envolvido pelas linhas diretrizes. O verticilo é classificado
como tipo V nos polegares e como tipo 4 nos demais dedos.

Tipo acidental

Indeterminado
É a impressão digital que, destruída por cicatriz, impossibilita a determinação do tipo fundamental a que
pertenceu. Também se classificam nesse tipo os casos de ausência de dedos ou de falange provocada por
acidente ou por amputação de uma mão ou de ambas. A impressão digital indeterminada é classificada como tipo
0, para os polegares e demais dedos, quando há ausência de falange, e tipo X quando uma cicatriz impede a
classificação.

Tipos especiais

Gancho
É a impressão digital formada por laçadas em forma de gancho com encurvamento em direção ao delta,
e apresenta um núcleo em forma de rim ou composto de duas formações verticilares ou ainda, composto de uma
formação verticilar acompanhado de uma ou mais formações em forma de gancho. O gancho é classificado como
tipo G, para os polegares e demais dedos.

Dupla
É a impressão digital que apresenta duas presilhas independentes, sendo uma em forma de gancho e
outra normal, ou duas formações de laçadas independentes com tendência a sinuosidade. Essa impressão digital
é classificada como tipo Dp, para os polegares e demais dedos.

Anômalo
É a impressão digital que não se enquadra rigorosamente em nenhum dos tipos fundamentais ou
especiais dentro das respectivas definições. Essa impressão digital é classificada como tipo An, para os polegares
e demais dedos.

Anomalias digitais

Congênitas
São as que têm origem embrionária.

Sidactilia
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Dedos ligados entre si, total ou parcialmente.


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Ectrodactilia
Número de dedos inferior ao normal.

Microdactilia
Dedos anormalmente pequenos.

Ectroceria
Ausência de uma ou de ambas as mãos.

Hemimelia
Ausência de um ou ambos os braços.

Adactilia
Ausência de total dos dedos de uma ou de ambas as mãos.

Polidactilia
Número de dedos superior ao normal

Acidentais
São as que têm origem em acidentes que afetam as papilas digitais. São anomalias provocadas por
queimaduras, traumatismos, cortes, esmagamentos e amputações que atinjam os tecidos dérmicos de maneira
irrecuperável.

Mão amputada
Amputação total da mão.

Amputação parcial
Falange distal parcialmente amputada.

Amputação total
Dedo ou falange distal totalmente amputada.

Cicatriz de corte
Marcas de corte na polpa digital.

Cicatriz de pústula
Marcas de repuxamento na polpa digital.

Cicatriz de queimadura
Marcas de repuxamento e destruição das papilas dérmicas na polpa digital.
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Patológicas
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São aquelas provocadas por estado passageiro ou doentio.


Anquilose
Falta de articulação parcial ou total dos dedos, de modo a prejudicar as impressões. Pode ser congênita
ou acidental.

Hanseníase
Caracterizada por deformações decorrentes de hanseníase.

Profissionais
São chamados estigmas profissionais, que provocam alterações nos desenhos digitais de forma adquirida
e transitória. Determinadas profissões desgastam muito as papilas dérmicas, de maneira que dificultam a leitura
da impressão digital. Em outras palavras, estigma profissional é toda a alteração do datilograma que tem origem
no trabalho executado pelo seu portador.
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