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DEPOIMENTO PESSOAL

Um dos meios de prova é o depoimento pessoal das partes do processo, que


é uma declaração, prestada pelo autor ou pelo réu, sobre os fatos objetos do litígio,
perante o juiz. Equipara-se ao interrogatório do processo penal, de modo que é
possível falar em interrogatório recíproco das partes.
O depoimento pessoal é ato personalíssimo, isto é, o meio de prova destinado
a realizar o interrogatório das partes no curso do processo. Aplica-se tanto ao autor
como ao réu, pois ambos se submetem ao ônus de comparecer em juízo e
responder ao que lhe for interrogado pelo juiz (art. 340, I do CPC).
As diferenças entre interrogatório judicial e depoimento pessoal são as
seguintes: o depoimento pessoal é requerido pela parte, é meio de prova, há pena
de confesso, é realizado apenas uma vez e em audiência de instrução. Já o
interrogatório é determinado de ofício, é meio de convencimento, não há pena de
confesso, pode ser realizado a qualquer tempo e no curso do processo. Isto é,
consiste em um meio de defesa e de prova. O silêncio do acusado não importará
confissão e não poderá ser interpretado em juízo da defesa.

CONFISSÃO

A confissão é quando a parte admite a verdade do fato, pode ser simples,


complexa, qualificada, judicial ou extrajudicial. É um meio de prova judicial que
consiste em uma declaração de ciência ou conhecimento, expressa, terminante e
séria, feita conscientemente, sem coações que destruam a voluntariedade do ato por
quem é parte no processo em que ocorre ou é aduzida, sobre fatos pessoais ou
sobre o conhecimento de outros fatos prejudiciais a quem a faz ou ao seu
representante, conforme o caso, ou simplesmente favoráveis à sua contraparte no
processo.
Ocorre a confissão quando a parte admite a verdade de um fato contrário ao
seu interesse e favorável ao adversário (art. 348 do CPC). É uma declaração judicial
ou extrajudicial, que pode ser provocada ou espontânea, em que os litigantes,
capazes e com ânimo de se obrigar, fazem da verdade (integral ou parcial) dos fatos
alegados pela parte contrária, como fundamentais na ação.
Confissão é uma prova que pesa sobre quem a faz e em favor da parte
contrária, mera confirmação das alegações do adversário. Observa-se, em
consequência, que o depoimento pessoal e a confissão não são a mesma coisa.
Pode haver depoimento sem confissão. Como também pode haver confissão
extrajudicial, esta admitida com muita reserva no processo trabalhista. Mas pode
haver confissão, no processo trabalhista, fora do depoimento pessoal na
contestação, desde que haja o reconhecimento parcial ou total de fatos alegados
pelo autor.
Da mesma forma, também por petição nada impede que o autor admita fatos
alegados na contestação. Confissão é, portanto, a aceitação dos fatos apontados
pela parte como verdadeiros, produzida quer no depoimento pessoal, como é mais
comum, quer em outros atos processuais e mesmo extrajudicialmente.
A confissão, de acordo com o art. 352 do CPC, será revogável quando:
“emanar de erro, dolo ou coação”. O meio é a ação anulatória, se pendente o
processo em que foi feita, ou a ação rescisória, depois de transitada em julgado a
sentença.

INSPEÇÃO JUDICIAL

É o meio de prova em que o próprio juiz comparece no local para verificar


coisas ou pessoas relacionadas ao litígio, consiste na percepção sensorial e direta
do juiz. Seu objeto pode ser pessoas, coisas ou lugares. A inspeção judicial ocorrerá
quando o juiz entender necessário. Durante essa inspeção o magistrado pode ser
assistido de um ou mais peritos; às partes também é assegurado o direito de assistir
a inspeção.
Assim, podem ser objeto da inspeção judicial:
• Pessoas vivas - inspeção judicial de pessoas (ad personam) ou subtipo
inspectio corporis (no corpo da pessoa) ou mortas – os cadáveres.
• Coisas - inspeção judicial real (ad rem).
Por fim, a inspeção judicial é simplesmente um reconhecimento ou uma
diligência processual com a função de obter provas, mediante uma verificação
direta. Tem por finalidade permitir ao juiz esclarecimento sobre fatos de interesse da
causa, de acordo com o art. 440 do CPC.
O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do
processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que
interesse à decisão da causa.

PROVA PERICIAL

Por meio da prova pericial colhem-se percepções e fazem-se apreciações,


não só para a direta demonstração ou constatação dos fatos que interessam a lide,
das causas ou consequências desses fatos, como também para o esclarecimento
dos mesmos.
Prova pericial é aquela que surge para apurar fatos que envolvem matéria
técnica e científica. Vimos que a prova pericial não é a única prova válida admitida,
existem outras, como as testemunhais e as documentais, que também devem ser
levadas em consideração. Segundo Humberto Theodoro Junior (2002), a prova
pericial “é o meio de suprir a carência de conhecimentos técnicos de que se
ressente o juiz para apuração dos fatos litigiosos”.
De acordo com o art. 420 do CPC, a prova pericial consiste em exame,
vistoria ou avaliação:
§ único. O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; I
III - a verificação for impraticável.

Assim, o exame é relativo à pessoa, às coisas móveis e semoventes


(animais). A vistoria é a mesma inspeção só que aplicada a imóveis. Quando o
assunto é valor ou obrigações, chama-se arbitramento. E a avaliação é estimar
valores para coisas, direitos e obrigações. A função da prova pericial é subministrar
a experiência técnica ao processo, para que seja empregada na dedução judicial.

PROVA EMPRESTADA E PROVAS INADMISSÍVEIS


A prova de um fato, produzida em um processo, seja por documentos,
testemunhas, confissão, depoimento pessoal ou exame policial, pode ser
transladada para outro, por meio de certidão extraída daquele. A essa prova, assim
transferida de um processo para outro, a doutrina e a jurisprudência dão o nome de
prova emprestada.
Segundo a doutrina, são também inadmissíveis as provas que sejam
incompatíveis com os princípios do respeito ao direito de defesa e à dignidade
humana, os meios cuja utilização se opõe às normas reguladoras do direito que, em
caráter geral, regem a vida social de um povo.
Nesse caso, estaremos diante de provas inadmissíveis, ou seja, provas
ilegais, quando ocorrer violação do ordenamento jurídico, quer seja material (prova
ilícita) ou processual (prova ilegítima).

PROVAS ILÍCITAS E PROVAS ILEGÍTIMAS

As provas ilícitas são aquelas obtidas com violação às normas de direito


material. Na área do Processo Penal temos os exemplos da confissão obtida
mediante a tortura, provas adquiridas com violação de correspondências, etc. Tais
provas são ilícitas por ferirem o direito material, pois tanto a tortura como a violação
de correspondência são condutas tipificadas no direito material, conforme o art. 5°,
XII da CF de 1988.
Assim, não pode o juiz fundamentar sua decisão em prova obtida ilicitamente.
Não são ilícitas as provas, entretanto, quando o interessado consente na violação de
seus direitos assegurados constitucionalmente ou pela legislação ordinária, desde
que sejam bens ou direitos disponíveis. Nessas hipóteses a conduta do autor da
prova deixa de ter a ilicitude exigida na Constituição para a sua proibição.
Assim, há entendimento na doutrina nacional e estrangeira de que é possível
a utilização de prova favorável ao acusado, ainda que colhida com infringência a
direitos fundamentais seus ou de terceiros, quando indispensáveis e quando
produzida pelo próprio interessado, como a de gravação de conversa telefônica em
caso de extorsão, por exemplo, que traduz hipótese de legítima defesa, excluindo a
ilicitude.
Já as provas ilegítimas são aquelas produzidas ou apresentadas em
infringência às normas de direito processual (formal). É prova obtida ilegitimamente,
afrontando preceitos do direito processual, tanto na produção quanto na introdução
da prova no processo.
Como exemplo de prova ilegítima temos a prova emprestada, “aquela
produzida num processo para nele gerar efeitos, sendo depois transportada
documentalmente para outro, com fim de gerar efeitos neste”. Para sua
admissibilidade no processo é necessário que tenha sido produzida em processo
formado entre as mesmas partes e, portanto, submetida ao contraditório.
O compromisso do juiz é com a verdade formal, revelada pela prova,
contudo, a verdade real é a sua busca permanente, podendo, nesta busca ideal,
determinar provas. Temos como ideal a verdade real, ou seja, a realidade dos fatos,
não pode o julgador afastar-se da prova. Pode ele, inclusive, determinar diligências,
contudo, não lhe é permitido presumir verdades. Assim, o fundamental para o
julgador é a prova que os autos encerram, não lhe cabendo procurar a verdade fora
dos autos. As verdades processuais se estabelecem pelas várias formas de prova
em direito permitidas, como documentos, perícias, testemunhas e constituem
pequenas parcelas de verdade que, combinadas e analisadas, se ajustam e se
encaixam de modo a formar uma verdade maior. O juiz deve analisar cada um
destes fragmentos isoladamente, antes de fazê-las integrar ao todo.

FOTOGRAFIA FORENSE NA PROVA PERICIAL

Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinematográfica,


fonográfica ou de qualquer espécie, faz prova dos fatos ou das coisas representadas
se aquele contra quem foi produzida lhe admite conformidade. Impugnada a
autenticidade da reprodução mecânica, o juiz ordena a realização de exame pericial.
Segundo o Conselho Nacional dos Peritos Judiciais (CONPEJ): A fotografia
forense, que é também conhecida como fotografia de evidências, tem o seu
destaque como prova pericial, sendo necessária para todos os peritos judiciais e
criminais independentes de sua especialidade pericial, pois constitui uma excelente
ferramenta de produção de prova, enriquecendo o laudo pericial e os pareceres
técnicos elaborados pelos peritos.
Havia certa desconfiança ao se utilizar fotos digitais como meio de produção
de prova pericial, devido à qualidade das fotos e também à autenticidade das
mesmas. Hoje, com o avanço tecnológico, foi superado pela credibilidade e
qualidade das imagens obtidas por meios digitais. Dentre as dezenas de aplicações
para a fotografia forense podemos citar: fotografia grafotécnica, fotografia
papiloscópica, de local de crime, de acidentes, cadáveres, etc.
Para a realização de uma boa fotografia forense o perito deve primeiramente
se preocupar com o tipo de câmera que irá utilizar, pois a escolha do equipamento
apropriado será fundamental para o sucesso da obtenção de prova. Importante frisar
que o perito deve ter em mente que o objetivo da fotografia forense será sempre
produzir provas, ajudando assim a esclarecer as possíveis dúvidas que possam
existir e enriquecer o laudo pericial.

FOTOGRAMETRIA COMPUTADORIZADA (FERRAMENTA PARA


DIAGNÓSTICO FUNCIONAL)

A fotogrametria pode ser realizada em qualquer lugar, porém é ideal que se


tenha um lugar apropriado e específico. Esse espaço pode ser chamado de
laboratório de fotogrametria, sendo instalado dentro do consultório do perito, de
algum consultório que seja específico para a perícia ou mesmo posto de trabalho,
para a análise da atividade laboral.
Nas perícias, a importância e responsabilidade do exame físico pericial são
de grande amplitude, devido à grande quantia financeira que está em jogo e porque
o resultado da perícia pode definir o ganhador dessa questão. De acordo com cada
perícia para a realização da fotogrametria computadorizada postural, o exame físico
inicia-se com a colocação de marcadores de pele em pontos ósseos
predeterminados. Após a fotogrametria computadorizada são realizados os testes
palpatórios específicos para o exame pericial. Esse exame tem como objetivo
verificar a extensão da lesão para chegar a um parecer final quanto à capacidade
funcional.

PERÍCIA CALIGRÁFICA E/OU DOCUMENTOSCOPIA NA PROVA


PERICIAL
A perícia caligráfica e/ou documentoscópica é um dos objetos de prova mais
importantes e também dos mais usuais com que conta a justiça. Com relação ao
exame escrito ou perícia caligráfica, prevê o art. 174 do CPP que as diligências para
o exame de reconhecimento de escritos, por comparação de letra, destinam-se a
autenticar documento, ou então, proclamar sua falsidade. As regras previstas no art.
174, que se referem à perícia de escritos, podem ser estendidas, como orientação,
às perícias datilográficas.
De acordo com o art. 339 do CPC, “ninguém pode se eximir, sem justo
motivo, do dever de colaborar com a justiça para o descobrimento da verdade”. A
perícia caligráfica judicial conta hoje com muitos recursos para poder detectar
qualquer falsificação ou alteração que se tenha produzido.
A documentoscopia ajuda na prova pericial, pois se aplicam técnicas e
métodos óticos e computacionais para identificação dos meios utilizados para
adulterar ou falsificar um documento. Ou seja, é a ciência que estuda, analisa e
identifica os diversos tipos de falsificações e adulterações em documentos, moedas,
selos, cartões de crédito, cheques, contratos, procurações, certidões de nascimento,
óbito etc..
Desta forma, os processos que envolvem as questões acima serão
solucionados por meio de um perito em documentoscopia forense, que tem como
objetivo desvendar falsificações em diversos tipos de documentos. Para ser perito
dessa especialização, é necessário:

• Uso de equipamentos;
• Ser um grande estudioso da matéria, conhecendo profundamente os
dispositivos gráficos de segurança (talho-doce, microletras, fundos numismáticos,
rosáceas, imagens latentes, etc.);
• Tintas especiais, sem contar no notório conhecimento das fases de
produção gráfica e fotografia.

PERÍCIA NO CRIME DE LESÃO CORPORAL E MOMENTO PARA A


REALIZAÇÃO DO EXAME

Como vimos anteriormente, a perícia é o exame realizado por pessoa que tem
determinados conhecimentos técnicos, científicos, artísticos ou práticos acerca dos
fatos, circunstâncias objetivas ou condições pessoais inerentes ao fato punível, a fim
de comprová-los. No caso de crime de lesão corporal, dispõe o art. 168 do CPP que:
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto,
proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou
judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do
acusado, ou de seu defensor.
Na ausência ou deficiência do exame complementar, ele é suprido pela prova
testemunhal, mas esta só é possível quando, comprovadamente, desapareceram os
vestígios, o que impossibilita o exame direto. Havendo divergências dos peritos nas
conclusões ou mesmo em aspectos circunstanciais do exame, o laudo deve registrar
a opinião e as respostas de cada um deles. Por escolha deles também podem
redigir laudos isolados.
Havendo tal divergência, o juiz deve nomear perito desempatador, conforme o
art. 180 do CPP. Divergindo este da conclusão dos primeiros, o juiz pode ordenar
novo exame por outros peritos. Pode, porém, optar por uma das opiniões emitidas.
No momento da realização da prova pericial em uma perícia contábil, por
exemplo, verifica-se a eficácia de uma contabilidade com registros atualizados e se
os mesmos encontram-se de acordo com os Princípios Fundamentais de
Contabilidade. Os livros comerciais e fiscais que preencham os requisitos exigidos
por lei são prova, contra ou a favor, do seu autor. Isto é, todos os meios legais e
moralmente legítimos podem ser apresentados ao perito para a apuração dos fatos.
Já as perícias, especialmente o exame de corpo de delito direto, devem ser
realizadas logo que o fato se torna conhecido da autoridade policial, pois mais
perfeita será a perícia quanto mais próxima do delito for realizada. Além disso,
sempre há o risco de desaparecerem os vestígios, obrigando a realização do corpo
de delito indireto. Por isso, o código permite que seja ele realizado em qualquer dia e
a qualquer hora, ou seja, inclusive aos domingos e feriados e à noite.
O exame de corpo de delito pode ser direto ou indireto e será feito em
pessoas ou em coisas, sempre em que a infração penal deixar vestígios. Deixando o
crime vestígios materiais é indispensável o exame de corpo de delito direto,
elaborado por peritos para se comprovar a materialidade do crime, sob pena de
nulidade.
O exame destina-se à comprovação, por perícia, dos elementos objetivos do
tipo, que diz respeito, principalmente, ao evento produzido pela conduta delituosa,
ou seja, do resultado de que depende a existência do crime. Por vezes, as infrações
não deixam vestígios materiais ou estes não são encontrados, impossibilitando o
exame direto.
Assim, dispensa-se a perícia, fazendo-se então a prova do crime por outros
meios, em regra por testemunhas, conforme o art. 167 do CPP. Forma-se, então, o
corpo de delito indireto, que também não pode ser suprido apenas pela confissão do
réu. Desse modo, não sendo possível o exame de corpo de delito direto – por terem
desaparecido os vestígios –, dispensa-se a perícia, fazendo-se a prova do crime
inclusive pelo depoimento de testemunhas. Deve haver, porém, uma prova
testemunhal cabal sobre a materialidade do delito.
O exame de corpo de delito é obrigatório, mas quanto às demais perícias há
uma faculdade da autoridade policial ou judiciária na sua realização. Requerida pela
parte, cabe à autoridade deferi-la ou não, conforme a considera ou não necessária
para a elucidação dos fatos ou de suas circunstâncias; evitando-se, assim, a
realização de perícias desnecessárias.
Permanece indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, nas
infrações que deixam vestígios, conforme o art. 158 do CPP. Contudo, pela nova
redação do art. 159 do CPP, a perícia pode ser feita por apenas um perito oficial.
Nesse aspecto, a prova pericial foi simplificada e tornou-se mais ágil. Nos locais em
que não houver perito oficial permanecem as regras do art.159, § 1º e § 2º do CPP.

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