Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O objeto da prova
Tanto o Código Civil (arts. 212 a 232), como o Código de Processo Civil
(arts. 369 a 484), cuidam do tema prova. Porém, prevalece o entendimento
de que o direito material aborda o assunto como um apêndice para a análise
do negócio jurídico, ou seja, a prova como fator de existência e validade do
negócio jurídico. É o direito processual que rege o assunto prova de forma
ampla e integral, cuidando dos seus tipos, formas de obtenção, tratando do
ônus da prova e dos poderes instrutórios do juízo. Diante de tal quadro
prevalece o entendimento de que o direito probatório é de natureza
processual.
As provas são classificadas, quanto à previsão legal como típicas, eis que
expressamente previstas no CPC: ata notarial; depoimento pessoal da parte;
confissão; exibição de documento ou coisa; documento físico ou eletrônico;
testemunhal; pericial e inspeção judicial.
Atípicas são os outros meios de provas não previstos expressamente no
CPC. Aliás, o princípio prevalente é o da atipicidade, ou seja, são admitidos
todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
especificados no Código (art. 369 do CPC).
Quanto ao objeto, as provas podem ser diretas, quando decorrem de
formas diretas de percepção dos fatos (exemplo: testemunha ocular,
certidão de propriedade), ou indiretas, quando a apreensão da realidade se
dá de modo subsidiário (exemplo: testemunha não presencial, que conhece
os fatos por ouvir dizer, perícia de falsidade documental).
Quanto ao sujeito, podem ser as provas podem ser pessoais, quando
decorrentes diretamente do sujeito (exemplo: depoimento pessoal,
testemunhal), ou reais, quando oriundas de documentos (exemplo:
escritura, certidão, contrato).
A apreciação que o juiz fará das provas independerá da parte que teve a
iniciativa de trazê-la ao processo. Para tanto o juiz é soberano, aplicando-
se modernamente o chamado livre convencimento motivado, também
conhecido como persuasão racional do juízo, de modo que a liberdade na
valoração das provas fica vinculada às razões da formação de seu
convencimento, sempre tendo por base o constante dos autos. Não são
admissíveis lugares comuns ou fórmulas genéricas (art. 371 do CPC).
Prevalece o entendimento de que não há hierarquia entre os meios de prova,
sendo livre o juiz para apreciar e valorar todo o conjunto probatório. A
exceção diz respeito aos resquícios de prova legal existentes no nosso
direito (exemplos: arts. 108 do Código Civil e arts. 406 e 444 do CPC).
Ônus da prova
Classificação
Elementos da sentença
São elementos da sentença o relatório, a fundamentação (ou motivação) e
o dispositivo (art. 489 do CPC).
O relatório conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a
síntese do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências
havidas no andamento do processo. No relatório o juiz demonstra que
analisou o feito integralmente, estando capacitado a analisar os argumentos
e valorar as provas produzidas.
Na fundamentação o juiz analisará as questões de fato e de direito, sendo
a materialização do princípio da persuasão racional (art. 371 do CPC). A
fundamentação adequada é tão relevante que, além de ser matéria
processual (art. 11 do CPC), também tem natureza constitucional (art. 93,
IX, da Constituição Federal). É na fundamentação que são apresentadas as
razões do convencimento do juízo, de forma clara, lógica e completa.
As ocorrências de fundamentação defeituosa são relacionadas no art. 489
do CPC. Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que: se limitar à indicação, à reprodução
ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou
a questão decidida; empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; invocar motivos que
se prestariam a justificar qualquer outra decisão; não enfrentar todos os
argumentos deduzidos no processo, capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador; se limitar a invocar precedente ou
enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.
No caso de colisão entre normas, o magistrado deverá justificar a adoção
de uma norma ao invés da outra, de acordo com as técnicas interpretativas,
entre elas a ponderação de princípios e critérios de aplicação de regras
jurídicas. Além disso, ao interpretar as regras jurídicas, o juiz deve adotar o
princípio da boa-fé objetiva, que é intitulado em nossa Constituição Federal
como norma processual civil fundamental.
Há que se distinguir, ademais, a fundamentação sucinta da fundamentação
deficiente ou inexistente. O juiz não é obrigado a se pronunciar
expressamente sobre todos os argumentos apresentados pelas partes, mas
sim sobre os aspectos controvertidos e pertinentes que sirvam fundamento
essencial à acolhida ou rejeição dos pedidos formulados.
O dispositivo é a conclusão, o fechamento da sentença. Sendo seu cerne,
é a parte da decisão em que se estabelece um preceito normativo,
concluindo a análise acerca dos pedidos apresentados que aguardam
solução. Dos três elementos da sentença, apenas o dispositivo transita em
julgado, isto é, tem o condão de tornar-se imutável e indiscutível.
São princípios incidentes sobre a sentença: motivação, correlação (princípio
da adstrição), persuasão racional (convencimento motivado), publicidade,
inalterabilidade e primazia do julgamento de mérito.
É possível que a sentença acolha de modo integral ou parcial os pedidos
formulados (art. 490 do CPC).
Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido
genérico, sempre que for possível a sentença será líquida (art. 491 do CPC).
Da mesma forma que o pedido deve ser certo e determinado, também a
sentença primará por ser certa e determinada, isto é, a clareza, a precisão
e a concludência devem ser características da sentença. Deste modo, como
regra, as partes têm o direito de receber do órgão jurisdicional uma decisão
que resolva a lide, a respeito da qual não pairem mais dúvidas.
É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem co mo
condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe
foi demandado (art. 492 do CPC). Trata-se do fenômeno da sentença ultra,
extra ou infra petita, ocorrências que sujeitam a decisão a ser invalidada.
É a aplicação do “princípio da congruência”, isto é, pertinência, adequação
e lógica entre os pedidos e o decidido, princípio este também decorrente da
garantia do contraditório e ampla defesa que as partes gozam.
Efeitos da sentença
Hipoteca judiciária
Tutela da Evidência
Procedimento de consignação
em pagamento e Procedimento
de exigir de contas
Consignação em pagamento (arts. 539 a 549 do CPC).
Introdução.
O objeto da consignação pode ser uma quantia em dinheiro, bem como uma
coisa corpórea, móvel ou imóvel, resultante de uma obrigação de dar. A
consignação não busca validar um contrato, mas sim o pagamento. Decorre
da existência de mora do credor, razão pela qual a consignação, pela
modalidade de procedimento especial, será viável sempre que o devedor se
dispuser a pagar e houver algum óbice para que o faça, como exemplifica o
art. 335 do Código Civil:
Procedimento.
Código Civil. Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em
caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência
iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
Afirmada tal tutela pelo próprio direito civil, ao direito processual incumbe
evidenciar o procedimento adequado para tutela da posse (arts. 554 a 568
do CPC).
Na defesa da posse a lei autoriza ao possuidor o uso da legítima defesa,
bem como do desforço imediato. Diz-se, assim, que a proteção
possessória pode ser realizada pela autotutela e pela heterotutela (ações
possessórias).
Por legítima defesa da posse se tem a repulsa da violência, com nítida feição
de defesa (art. 188, I, do Código Civil). O desforço imediato vai além da
simples defesa, abrangendo o ato do possuidor de recuperar a posse
perdida, desde que o faça de imediatamente, com suas próprias forças, com
a ressalva que o possuidor poderá se valer de serviçais e de armas para
alcançar tal escopo. Porém sua reação deverá ser razoável e proporcional,
sendo condenável o excesso, que pode levar o possuidor que exagerou na
proporção reativa a responder pelo crime de exercício arbitrário das
próprias razões (art. 345 do Código Penal).
Embargos de terceiro e
Oposição
Embargos de terceiro. Generalidades (art. 674 a 681 do
CPC).
É terceiro aquele que não integra a relação processual composta por autor,
réu e Estado-Juiz. Justamente por não ser parte, não pode o terceiro ser
prejudicado pelo julgamento havido no processo, devendo ser respeitados
os limites patrimoniais da responsabilidade que decorrem da ação
promovida (art. 506 do CPC).
Diante de tal contexto é que surgem os embargos de terceiro como a ação
adequada a remediar a chamada “constrição judicial” ou “esbulho judicial”,
pelo seu desfazimento (natureza repressiva) ou sua inibição (natureza
preventiva).
Considera-se ato de constrição ou apreensão judicial o modo pelo qual o
titular da coisa perde a faculdade de dispor livremente dela, isto é, alienar a
coisa ou onerá-la de qualquer modo. São exemplos de constrição judicial a
penhora (art. 831 e seguintes do CPC), o arresto (art. 830 do CPC), o
sequestro (art. 301 do CPC), o depósito, a alienação judicial, a arrecadação,
o arrolamento, o inventário e a partilha.
O objetivo dos embargos de terceiro é fazer cessar a constrição judicial que
indevidamente recaiu sobre os bens do qual o embargante é proprietário ou
possuidor.
Estão legitimados a promover os embargos: o terceiro proprietário, inclusive
fiduciário, ou terceiro possuidor. Só tem legitimidade para opor embargos de
terceiro aquele que se diz proprietário ou possuidor do bem constrito, que
não figure como parte no processo em que a apreensão ocorreu ou foi
determinada.
A natureza jurídica é de ação autônoma, de cunho declaratório, em torno
da ilegitimidade do ato constritivo realizado no feito principal. Os embargos
implicam, portanto, na formação de um novo processo.
São requisitos para a promoção dos embargos de terceiro: existência de um
ato consumado de constrição ou ameaça de apreensão judicial; promoção
por quem invoque a condição de proprietário ou possuidor; que o
embargante realmente seja terceiro; que a apreensão seja indevida.
Procedimento
Procedimento
Espécies de oposição
Monitória e Procedimentos de
jurisdição voluntária
Ação Monitória (arts. 700 a 702 do CPC).
O CPC em vigor manteve o procedimento monitório no rol dos procedimentos
especiais de jurisdição contenciosa, ampliando o conceito de documento
escrito (art. 700, § 1º, do CPC) para admitir a prova oral documentada
oriunda da produção antecipada de provas (art. 381 do CPC).
O CPC atual também ampliou as hipóteses obrigacionais que facultam o
manejo da ação monitória, desde que haja prova escrita sem eficácia de
título executivo e a demanda seja voltada contra pessoa capaz:
A petição inicial deve seguir a lógica o previsto nos arts. 319 e 320 do CPC.
Ademais, incumbe ao autor na inicial veicular a importância devida,
instruindo-a com memória de cálculo, bem como mensurar o valor atual da
coisa reclamada, ou o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito
econômico perseguido. Tais fatores deverão ser levados em conta na
atribuição do valor da causa.
O autor deverá, ainda, requerer a expedição de mandado de cumprimento
da obrigação.
Ao receber a petição inicial o juiz fará cognição superficial sobre
a evidência do direito do autor, um juízo de plausibilidade, portanto. Não
deve pairar dúvida quanto à idoneidade de prova documental, pois, do
contrário, o juiz intimará o autor para emendar a petição inicial, adaptando-
a ao procedimento comum, caso não haja nova prova documental. O
mandado de cumprimento da obrigação somente será deferido caso o direito
seja evidente (art. 701, caput, do CPC). Contra tal decisão não cabe recurso,
mas sim embargos.
A citação se dará por qualquer dos meios permitidos para o procedimento
comum.
O mandado dará ao réu a possibilidade de cumprimento da obrigação, no
prazo de 15 (quinze) dias úteis. Na hipótese, o réu deverá pagar os
honorários advocatícios de 5% (cinco por cento) do valor atribuído à causa,
mas será isento de custas processuais. Faculta a lei processual que tal
pagamento se realize de modo parcelado (arts. 701, § 5º, e 916 do CPC).
No mesmo prazo, poderá o réu apresentar manifestação contrária por meio
de embargos à ação monitória, independentemente de prévia segurança
do juízo. Apresentados os embargos, o processo seguirá o rito comum,
frustrando o ágil alcance do título executivo judicial. Os embargos
suspendem a ação monitória até julgamento em primeiro grau.
Admite-se a apresentação de reconvenção pelo réu, que deverá
acompanhar a petição dos embargos.
A terceira conduta possível ao réu é simplesmente se omitir, caso em que
“constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial,
independentemente de qualquer formalidade” (art. 701, §2º, do CPC). Nota-
se que não será necessária a prolação de sentença para que se forme o
título. Tal fenômeno se dá de modo imediato e automático, dada a prévia
identificação da evidência do direito do autor, seguida da postura inerte do
réu.
O procedimento monitório poderá ser proposto contra a Fazenda Pública
(art. 701, § 6º, do CPC).
Considera-se a decisão que analisa a evidência do direito do autor e a
idoneidade da prova escrita apresentada como uma variante de tutela de
evidência (art. 311 do CPC).
Mesmo que o credor disponha de título executivo extrajudicial poderá
promover ação monitória, por força do previsto no art. 785 do CPC, que
faculta a tal credor o alcance do título executivo judicial por meio de uma
ação de conhecimento.
Admite-se a propositura da ação rescisória contra a decisão judicial que
determina a expedição do mandado, caso não se apresentem embargos
monitórios e não haja cumprimento da obrigação (art. 701, § 3º, do CPC).
Procedimentos especiais de jurisdição voluntária (arts.
719 e seguintes do CPC)
- Notificação ou interpelação;
- Alienação judicial;
- Divórcio e separação consensual, extinção do contrato de união estável e
alteração do regime de bens do matrimônio (arts. 731 a 734 do CPC);
- Herança jacente (arts. 738 a 743 do CPC);
- Bens dos ausentes (arts. 744 a 745 do CPC);
- Das coisas vagas (art. 746 do CPC);
- Ação de interdição ou curatela (arts. 747 a 763 do CPC).
Competência genérica
Competência territorial
Procedimento
Lei de Locação
Generalidades sobre a Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/91)
Trata-se de uma ação que pode ser proposta tanto pelo locador, como pelo
locatário, com a finalidade de adequar o aluguel ao valor de mercado. A
meta, portanto, é de reequilibrar a relação contratual. Ao locador cabe o
ajuizamento quando a pretensão for a majoração do aluguel. O cabimento
por parte do locatário se dá pela pretensão diametralmente oposta, a
redução do aluguel.
Pode ser proposta após três anos de vigência do contrato ou do acordo
anteriormente ajustado.
A petição inicial deve conter os requisitos do art. 319 do CPC, bem como a
indicação do valor do aluguel cuja fixação se pretende (art. 68, I, da Lei do
Inquilinato).
O aluguel fixado na sentença retroage à citação, e as diferenças devidas
durante a ação de revisão, descontados os alugueres provisórios satisfeitos,
serão pagas corrigidas, exigíveis a partir do trânsito em julgado da decisão
que fixar o novo aluguel (art. 69 da Lei do Inquilinato).
Trata-se de uma ação própria das locações não residenciais. Tem por
finalidade fazer com que o locatário obtenha a renovação do contrato por um
novo período, por determinação judicial, dando ao empresário a
possibilidade de se manter no imóvel que abriga seu ponto comercial (fundo
de comércio).
Tramitará conforme o procedimento comum. A petição inicial deverá seguir
os requisitos do art. 319 do CPC, bem como os previstos no art. 51 e 71 da
Lei do Inquilinato, quais sejam: que o contrato a renovar tenha sido
celebrado por escrito e com prazo determinado; que o prazo mínimo do
contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos
seja de cinco anos; que o locatário esteja explorando seu comércio, no
mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos; prova do exato
cumprimento do contrato em curso; prova da quitação dos impostos e taxas
que incidiram sobre o imóvel e cujo pagamento lhe incumbia; indicação clara
e precisa das condições oferecidas para a renovação da locação; indicação
do fiador quando houver no contrato a renovar e, quando não for o mesmo,
com indicação do nome ou denominação completa, número de sua inscrição
no Ministério da Fazenda, endereço e, tratando-se de pessoa natural, a
nacionalidade, o estado civil, a profissão e o número da carteira de
identidade, comprovando, desde logo, mesmo que não haja alteração do
fiador, a atual idoneidade financeira; prova de que o fiador do contrato ou o
que o substituir na renovação aceita os encargos da fiança, autorizado por
seu cônjuge, se casado for; prova, quando for o caso, de ser cessionário ou
sucessor, em virtude de título oponível ao proprietário.
Na contestação o locador, além da defesa de direito que possa aduzir, ficará
adstrito, quanto à matéria de fato, a dizer: que o autor não preenche os
requisitos estabelecidos nesta lei; não atender, a proposta do locatário, o
valor locativo real do imóvel na época da renovação, excluída a valorização
trazida por aquele ao ponto ou lugar; ter proposta de terceiro para a locação,
em condições melhores; não estar obrigado a renovar a locação porquanto
forçado pelo Poder Público a realizar no imóvel obras que importarem na
sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que
aumente o valor do negócio ou da propriedade; o imóvel vier a ser utilizado
por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais
de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge,
ascendente ou descendente.
O prazo é decadencial, pois o direito de renovar o contrato é potestativo (1
ano a 6 meses antes do término do contrato).