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Universidade Católica de Moçambique

Tema:
Prova Documental

Chimoio, Maio, 2023


Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Engenharia

Curso: Direito

Ano: 4º
Cadeira: Direito Processual Civil Declarativo

Tema:
Prova Documental

Discentes:
Alex Sande Guacha
Matilde Marcelino Cansepe
Yudelcia Castigo

Docente: Dr. Josué Moiane

Chimoio, Maio, 2023


Índice

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO..............................................................................................1

1. Introdução.................................................................................................................1

1.1. Objectivos:................................................................................................................1

1.1.1. Geral:........................................................................................................................1

1.1.2. Específicos:..............................................................................................................1

CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................2

2. Prova Documental....................................................................................................2

2.1. Noção........................................................................................................................2

2.2. Prova Documental....................................................................................................2

2.3. Valor Probatório destas espécies de documentos.....................................................3

2.4. Regime de produção de provas documental.............................................................6

2.6. Impugnação da prova documental............................................................................7

2.7. Documento digital....................................................................................................7

CAPÍTULO III: CONCLUSÃO....................................................................................................9

3. Conclusão.....................................................................................................................9

4. Referências Bibliográficas.........................................................................................10
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução
O presente trabalho, referente a cadeira de direito de processo civil declarativo,
possui como tema prova documental. Ao abordar este tema, destacaremos conceitos,
características, os mecanismos de validade deste tipo de prova, métodos de impugnação e o
enquadramento jurídico.
O trabalho contém três capítulos, sendo o primeiro introdutório trata da apresentação
geral do trabalho destacando a prova documental. O segundo capítulo faz alusão a revisão
bibliográfica trazendo o desenvolvimento do trabalho e o último capítulo é voltado à
conclusão, trazendo necessariamente os resultados obtidos na pesquisa.

1.1. Objectivos:
1.1.1. Geral:
 Analisar a matéria sobre a prova documental.

1.1.2. Específicos:
 Abordar sobre os diferentes tipos de documentos;
 Compreender o valor probatório da prova documental;
 Falar sobre os mecanismos de impugnação.

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CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA
2. Prova Documental

2.1. Noção

A etimologia do vocábulo, prova, deriva da palavra latim proba do verbo probare,


definida como aquilo que serve para estabelecer uma verdade por verificação ou
demonstração.

A prova tem uma função primordial dentro do ordenamento jurídico, em todo o


desenvolvimento do processo (desde a entrega da petição inicial até a elaboração da
sentença), permitindo fornecer ao juiz os dados ou elementos necessários para controlar a
veracidade das correspondentes afirmações das partes. A importância da prova dentro do
processo civil é de tal modo inigualável que, sem a prova, não podemos exercer a tutela dos
nossos direitos. Por isso é destinada uma fase exclusiva no desenvolvimento do litígio, com
vista à sua recolha e apuração, denominada de fase de instrução (vide, o art. 513 e ss, CPC).

A definição legal da prova está prevista no direito substantivo, desde logo, no art.
341.º do CC, que determina, do seguinte modo, a função das provas: As provas têm por
função a demonstração da realidade dos factos (Correia, 2015).

2.2. Prova Documental

A Prova documental é a que resulta de um documento. Este consiste em qualquer


objecto elaborado pelo homem com o fim de reproduzir ou representar uma pessoa, coisa
ou facto (art.362 CC). Além dos escritos, são documentos as fotografias, um disco ou uma
fita cinefotográfica, uma pintura musical, a planta de um prédio (art. 368 do CC), desde que
tenha sido trabalhada pelo homem.

No sentido amplo, a noção de documento consta no art.362 do CC, onde se diz que
pode consistir em qualquer objecto elaborado pelo homem com o fim de representar ou
reproduzir uma pessoa, uma coisa ou um facto.

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Para o processo civil, é necessária uma noção restrita, dai que para esse ramo, se
entende por documento apenas aquilo que, embora cabendo na noção legal do art. 362 do
CC, seja susceptível de ser incorporado no processo (Timbane,2010).

Os documentos podem ser de várias espécies:

a) Autênticos

 Oficiais (elaborados por autoridade publica);

 Extra-oficiais ou notarias;

 Escritura públicas;

 Testamentos;

 Instrumentos notárias avulsos.

b) Particulares

 Autenticados;

 Não autenticados;

 Sem reconhecimento notarial;

 Com reconhecimento notarial;

 Presencial;

 Simples ou por semelhança.

2.3. Valor Probatório destas espécies de documentos

Os autênticos são os documentos exarados com as formalidades legais, pelas


autoridades publicas nos limites da sua competência ou dentro do circulo de actividade que
lhe e atribuído, pelo notário ou outro oficial público provido de fé publica, enquanto os
outros são particulares.

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Os documentos autênticos fazem prova plena dos factos que eles referem como tendo
sido praticados pela autoridade ou oficial público respectivo, assim como dos factos que
neles são atestados com base nas percepções da entidade que documenta, nos termos do
art.371 do CC.

Esta prova só pode ser destruída por prova do contrário, e apenas por arguição de
falsidade (art. 372 nº 1 CC em remissão ao e art. 546 do CPC).

Os documentos autenticados têm força probatória igual a dos documentos


autenticados (art. 377 CC.). Porém, sempre que a lei exija documento autêntico para a
existência ou prova de certo acto ou negócio jurídico, o documento autenticado não pode
ser utilizado (ex: a venda de um imóvel deve ser feita por documento autêntico, e não por
documento autenticado, sob pena de o negócio ser nulo por falta de forma).

Quanto aos documentos particulares não autenticados e não assinados, o julgador


goza de inteira liberdade para apreciar o seu valor probatório.

Quanto aos documentos particulares não autenticados, mas assinados, estabelece o


CC nos arts nᵒ 373 e 378, estabelece uma série de regras minuciosas:

Assim, estes documentos fazem apenas prova (cedendo a sua força) mediante contra-
prova, a qual pode ser feita pela simples declaração de que se aceita a veracidade desse
documento e, neste caso, a parte que apresentou tem de provar a sua autenticidade por outro
meio de prova o que daria espaço para a prova pericial.

Se o documento for assinado por terceiro, a parte contra quem o documento é


apresentado pode simplesmente declarar que ignora se a assinatura é verdadeira ou falsa.

Não tendo havido impugnação ou tendo esta sido julgada improcedente


(demonstrando-se a autenticidade do documento) a lei extrai duas conclusões:

 Em primeiro lugar, em matéria de força probatória formal, dá-se como provada a


genuinidade do texto do documento, salvo se provar que foi abusivamente
preenchido;

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 Em segundo lugar, dão-se como provado os factos que sejam desfavoráveis ao
declarante constante do texto do documento (forca probatória material resultante
da confissão que dele consta).

Os documentos autênticos gozam de força probatória plena, vinculando a liberdade


de apreciação do juiz e fazendo prova dos factos que referem como praticados pela
autoridade ou oficial público respectivo assim como dos factos que neles são atestados com
base nas percepções da entidade que documenta (art.371, nº 1, CC).

Mas, nem sempre o valor probatório fixado pode lei deve ser entendido em toda a
sua extensão, por exemplo, considerando que, por regra o direito não carece de registo para
existir e para produzir os efeitos que derivam do respectivo titulo, compreende-se que o
registo tenha um valor de mera declaração do direito, como se fosse um retrato pode
questionar-se o valor probatório de um documento como, por exemplo, a certidão de registo
predial (Timbane, 2010).

O art.1268 do CC dispõe que o possuidor goza da presunção da titularidade do


direito, excepto se existir, a favor de outrem, presunção fundada em registo anterior ao
inicio da posse Nesse caso, pode, pois, ilidir-se a presunção de que o direito registado não
pertence a pessoa em nome de quem se encontra registado, recorrendo-se, ai, aos outros
meios de prova, como a prova por Inspecção ou testemunhal.

É fácil ilustrar esta situação: se um possuidor, que ocupe um imóvel na sequência de


um contrato de arrendamento, pode prevalecer-se desse contrato, mesmo que outrem se
apresente com registo predial a seu favor, desde que o registo seja posterior ao início da
posse.

O mesmo sucede num direito de uso e aproveitamento de terra não registado perante
um direito registado.

A força probatória do documento autêntico não abrange tudo que nele se contém,
mas apenas os factos que se referem como praticados pela autoridade ou oficial público
documentador ou que tenha sido da sua percepção. Por exemplo: se perante notário
aparecem A e B, outorgando uma escritura de compra e venda de um imóvel, fica
plenamente provado que A declarou vender e B declarou comprar, mas não fica plenamente

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provado que fosse essa vontade real das duas partes, mas se o vendedor era casado e se
tratava de um imóvel comum do casal e o notário deu como presente a esposa do vendedor
e atestou o consentimento desta quando isso não tenha sucedido, o documento escritura é
falso.

Há, porém, casos em que isso não ocorre, como no registo civil, onde os registos de
nascimento e de óbito fazem prova plena sem a percepção directa do funcionário (art. 4 nᵒ1,
119, 233 todos do CRC), ou seja, quando o pai e a mãe registam um filho, apesar de não
ficar provado que era esse real o facto, a declaração vale como documento autêntico.

A falsidade dos documentos autênticos só pode ser ilidida, como decorre no art.372
do CC, através do incidente regulado nos arts. 360ᵒ.ss. quando a questão em apreciação seja
levantada numa acção pendente, mas pode sê-lo também em acção declarativa de simples
apreciação, cujo julgamento pode servir de base ao recurso extraordinário de revisão (vide,
art.771 b) em remissão ao art.813ᵒ, alínea b, ambos do CPC).

Pode, porém suceder que a falsidade do documento seja evidente, em face dos
respectivos sinais externos, podendo o tribunal, oficiosamente, declara-lo falso, nos termos
do art.372, nᵒ 3 do CC.

2.4. Regime de produção de provas documental

A regra geral consta do artigo 523ᵒ, nᵒ1, no qual se estatui que os documentos
destinados a fazer prova dos fundamentos da acção e de defesa devem ser apresentados
com o articulado em que se alegam os factos correspondentes.

Este princípio comporta, no entanto, a excepção prevista no nᵒ 2 do artigo 523 do


CPC. As partes podem ainda apresentar documentos até ao encerramento da discussão em
1ª Instancia, mas neste caso, pagando multa, a menos que provem que os não poderem
oferecer com o articulado.

Quando encerrada a discussão só são admitidos, em caso de recurso, os documentos


cuja apresentação não tenha sido possível em momento posterior (vide, o art. 524 do CPC).

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2.5. Prova cinematográfica ou de registo fonográfico

Sendo apresentado material cinematográfico ou fonográfico, cabe a parte que a


apresentou, deverá facultar ao tribunal os meios técnicos necessários, para o exibir caso o
tribunal não disponha, sob pena de o documento não ser atendido, nos termos do art. 527 n°
1 do CPC.

A exibição deste material é feita, nas causas que haja lugar questionário, antes da sua
elaboração; nas causas que não admita questionário, durante a audiência de julgamento,
segundo o n° 2 e 3 do CPC.

2.6. Impugnação da prova documental

Para impugnação de um documento escrito pode versar sobre três aspectos: sobre a
autenticidade (coincidência entre autor real e autor aparente); exactidão (concordância da
cópia ou certidão com o original) e sobre a certeza, ou seja, concordância das declarações
vertidas no documento com a realidade.

À parte passiva, pode responder ao documento apresentado:

 Na sua contestação, manifestar-se sobre o conteúdo do documento;


 Impugnar sua autenticidade (art. 546, CPC);
 Suscitar sua falsidade (art. 544, CPC).

No último ponto, ataca-se a veracidade do documento ou a exactidão do mesmo,


impugnando a letra ou assinatura nos documentos particulares ou exactidão das
reproduções mecânicas, a declaração de falsidade só pode ser feita nos prazos legais de
arguição de falsidade na contestação (Sousa, 2014).

2.7. Documento digital

Fisicamente, estes documentos não existem, o email, por exemplo. Todavia, usado
correctamente traduz uma mensagem, constituindo um documento susceptível de
representação escrita (nomeadamente, imprimindo‐o).

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O seu valor probatório, numa interpretação extensiva pode ser considerado
equivalente a documento particular assinado, com a mesma força probatória prevista no
art.º 376.º do Código Civil.

A prova de autoria e autenticidade, mesmo quando não lhe tiver sido aposta uma
assinatura digital certificada, mas tiver sido adoptada pelas partes uma convenção válida
sobre prova, ou seja, aceite pela pessoa a quem for oposto o documento. Subordinada às
regras gerais do direito (livre apreciação pelo Juiz).

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CAPÍTULO III: CONCLUSÃO

3. Conclusão

Concluímos que a prova por documentos é um dos outros meios de prova, presentes
na fase de instrução no processo. Assim como o tema sugere, a prova documental
basicamente resulta de um documento e este consiste em qualquer objecto elaborado pelo
homem com o fim de reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto.

Além dos documentos escritos, consistem também prova documental as fotografias,


um disco ou uma fita cinefotográfica, uma pintura musical, a planta de um prédio, e nalgum
momento documentos electrónicos, desde que tenha sido trabalhada pelo homem.

O seu valor probatório é determinado pela lei e são classificados em públicos,


exarados por entidade pública competente seguindo as formalidades legais ou particulares,
elaborados por particulares.

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4. Referências Bibliográficas

Doutrina:

CORREIA, Téssia Matias. A Prova no Processo Civil: Reflexão sobre o Problema da


(in)admissibilidade da Prova Ilícita. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade de
Coimbra, Portugal, 2015;

SOUSA, Luis Pires. Impugnação do documento. Revista STJ. 2015.

 Legislação

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-Lei nº 44 129, de 28 de Dezembro de 1961,


Código de Processo Civil;

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-Lei nº 47 344, de 25 de Novembro de 1966,


Código Civil.

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