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1. Introdução
2. Meios de prova
3. Ata notarial
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DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito
Processual Civil. Vol. 02: Teoria da Prova, Direito Probatório, Ações Probatórias, Decisão,
Precedente, Coisa Julgada e Antecipação de Tutela. 9ª ed. Salvador: Juspodivm, 2014, p. 51.
2
BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 2015, p.
279.
Na prática, portanto, a ata notarial tinha sua admissibilidade como meio de prova
fundada no art. 332 do CPC vigente, complementado pelo art. 7º, inciso III, da Lei
8.935, de 18 de novembro de 1994, que regulamenta o art. 236 da Constituição Federal,
dispondo sobre serviços notariais e de registro (Lei dos Cartórios), que atribui aos
tabeliães competência para, com exclusividade, lavrar atas notariais. O CPC de 2015
complementa dispondo no parágrafo único do art. 384 que “dados representados por
imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial”.
A inovação é salutar e digna de aplausos, sobretudo porque facilita a
documentação de fatos que, dadas as características do meio digital, tendem a
desaparecer com mais facilidade.
4. Depoimento pessoal
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THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 01: Teoria Geral do
Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 55ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 1461.
outro recurso tecnológico semelhante, dispondo in verbis: “o depoimento pessoal da
parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita
o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer,
inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento”.
5. Confissão
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THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 01: Teoria Geral do
Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 55ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 1468.
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DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol.: 02: Teoria da Prova, Direito Probatório,
Ações Probatórias, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. 14ª ed.
Salvador: Juspodivm, 2014, p. 128.
Acrescenta o parágrafo único do dispositivo em comento que “nas ações que
versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um
cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for
o de separação absoluta de bens”. Verifica-se, portanto, que, em se tratando de litígio
envolvendo bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão somente
terá eficácia caso seja realizada em conjunto por ambos os consortes. Nesse ponto, o
CPC de 2015 ao ressalvar de sua incidência o casamento realizado sob o regime da
separação absoluta de bens, alinha o processo aos ditames do art. 1.647 do Código Civil
(doravemente denominado tão só “CC”).
De resto, outra inovação com idêntica finalidade operou-se no art. 393 do
NCPC, que reproduziu, parcialmente, as disposições do art. 352 do CPC vigente, o qual
fala, impropriamente, em revogação da confissão. Na doutrina, vale conferir o
pensamento de Humberto Theodoro Júnior:
6
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 01: Teoria Geral do
Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 55ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p.
1473/1474.
procedimentos cautelares específicos, incluindo àqueles vocacionados à produção de
provas, como a exibição de documento ou coisa e a produção antecipada de provas.
Portanto, no novo Estatuto processual, só existe exibição incidental como meio de
prova.
Ademais, o NCPC preocupou-se com a efetividade da exibição de documento ou
coisa, prevendo no parágrafo único do art. 403 que “se o terceiro descumprir a ordem, o
juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem
prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência, pagamento de multa e outras
medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para
assegurar a efetivação da decisão”.
Na vigência do CPC vigente, o STJ consagrou entendimento, que não foi
reproduzido no enunciado do comando legal acima transcrito, no sentido de que “na
ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória” (Súmula
372). Logo, com a vigência do CPC de 2015, que se verificará a partir de março de
2016, o referido posicionamento restará superado. Nesse sentido, estabelece o
Enunciado 54 do Fórum Permanente de Processualistas Civis que “fica superado o
Enunciado 372 da Súmula do STJ (‘Na ação de exibição de documentos, não cabe a
aplicação de multa cominatória’) após a entrada em vigor do novo CPC, pela expressa
possibilidade de fixação de multa de natureza coercitiva na ação de exibição de
documento”.
7. Prova documental
7
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 02: Teoria da Prova, Direito Probatório,
Ações Probatórias, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. 14ª ed.
Salvador: Juspodivm, 2014, p. 151.
8
Dispõe o inciso II do art. 19 do NCPC que o interesse do autor pode limitar-se à declaração “da
autenticidade ou da falsidade de documento”.
longo do processo, com fundamento no art. 19, II, e consoante autoriza o
parágrafo único do art. 430. Sem que tome esta iniciativa, o magistrado
apreciará a falsidade documental, mas não haverá sobre ela, no sentido
técnico, decisão apta a transitar em julgado materialmente. Tratar-se-á, neste
sentido (e a exemplo do que ocorre de forma generalizada no novo CPC), de
mera solução incidental da questão. Essa interpretação encontra eco no inciso
III do art. 436, que se refere expressamente à hipótese, indicando poder haver
ou não o incidente de arguição de falsidade’.”9.
9
BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 2015, p.
297/298.
10
O art. 436 arrola as atitudes da parte diante da juntada de novos documentos aos autos. Nos moldes do
dispositivo, a parte, intimada a falar sobre documento constante dos autos, poderá: I. impugnar a
admissibilidade da prova documental; II. Impugnar sua autenticidade; III. Suscitar sua falsidade, com ou
sem deflagração do incidente de arguição de falsidade; IV. Manifestar-se sobre seu conteúdo.
O § 2º do art. 437 prescreve que “poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar
o prazo para manifestação sobre a prova documental produzida, levando em
consideração a quantidade e a complexidade da documentação”. Em que pese a
literalidade, o novel comando legal deve ser interpretado sistematicamente,
especialmente porque o art. 139, inciso VI, permite ao magistrado ampliar os prazos
para manifestação das partes quando a quantidade e/ou a complexidade de documentos
puder inviabilizar o exercício do contraditório. Logo, “o juiz pode, de ofício, dilatar o
prazo para a parte se manifestar sobre a prova documental produzida” (Enunciado 107
do Fórum Permanente de Processualistas Civis).
As disposições são fruto do princípio da adequação do processo, que é um
consectário do princípio do devido processo legal, constituindo importante instrumento
para garantir a efetividade da tutela jurisdicional. Com efeito, “a dinâmica da vida social
é, sem dúvida, muito mais rápida do que a técnica legislativa, sendo necessário
reconhecer ao magistrado um poder de adequação do procedimento às peculiaridades do
caso concreto, algo semelhante ao vetor interpretativo adotado pela codificação civil, a
operabilidade”11.
Sobre o princípio, vale lembrar ainda as lições de Fredie Didier Júnior, para
quem:
Por fim, os arts. 439 a 441, de forma inédita, tratam dos documentos eletrônicos.
O primeiro dispositivo assegura que “a utilização de documentos eletrônicos no
processo convencional dependerá de sua conversão à forma impressa e da verificação de
11
MANUCCI, Renato Pessoa. Aspectos controvertidos da repercussão geral no recurso extraordinário.
Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2358, 15 dez. 2009. Disponível em:
<http://jus.com.br/artigos/14023>. Acesso em: 15 out. 2013.
12
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 1: Introdução ao Direito Processual
Civil e Processo de Conhecimento. 14ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012, op. cit. p. 82.
sua autenticidade, na forma da lei”. A referência a “processo convencional” indica que a
regra somente tem incidência nos processos não eletrônicos. O segundo comando, por
sua vez, estabelece que “o juiz apreciará o valor probante do documento eletrônico não
convertido, assegurado às partes o acesso ao seu teor”. Na verdade, incumbirá ao juiz
apreciar o valor probante de qualquer documento eletrônico que não preencha os
requisitos do art. 439, a exemplo da cópia de um email. O último dispositivo
complementa dispondo que “serão admitidos documentos eletrônicos produzidos e
conservados com a observância da legislação específica”. Para tanto, dever-se-á
observar os comandos do art. 11 da Lei 11.419/2006.
8. Prova testemunhal
O novo Estatuto processual aborda a prova testemunhal nos arts. 442 a 463, em
duas Subseções: Subseção I (“Da admissibilidade e do valor da prova testemunhal”) e
Subseção II (“Da produção da prova testemunhal”). Trata-se de meio de prova em que
um terceiro, que tem conhecimento dos fatos da causa, presta declarações em juízo. Em
outra palavras, “prova testemunhal é a que se obtém por meio do relato prestado, em
juízo, por pessoas que conhecem o fato litigioso”13.
O art. 442 do NCPC inaugura a disciplina da prova testemunhal reproduzindo a
ideia do art. 400, caput do CPC vigente, segundo o qual a prova testemunhal é sempre
admissível, não dispondo a lei de modo contrário. A regra, portanto, é o cabimento da
prova testemunhal, ressalvadas as disposições em contrário.
No CPC vigente, o art. 401, que veda a produção de prova testemunhal sobre
negócio jurídico cujo valor supere dez salários mínimos, é exemplo de restrição ao
cabimento deste meio de prova, constituindo resquício do sistema da prova tarifada.
Todavia, o NCPC não reproduziu a mencionada restrição ao cabimento da produção da
prova testemunhal. Tanto é verdade que a nova Codificação revogou expressamente o
art. 227 do CC, que vedava a produção de prova testemunhal acerca de negócio jurídico
cujo valor seja superior ao décuplo do salário mínimo (art. 1.072, inciso II).
13
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 01: Teoria Geral do
Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 55ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 1539.
Por outro lado, a nova legislação promoveu algumas alterações no que tange à
produção da prova testemunhal. A primeira delas operou-se na qualificação da
testemunha, prevendo o art. 450 que, no rol de testemunhas, a parte indicará, sempre
que possível, o nome, a profissão, o estado civil, a idade, o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), o número de registro de identidade e o endereço
completo da residência e do local de trabalho da testemunha.
O § 1º do art. 453 permitiu a colheita do depoimento de testemunha residente
fora da comarca, da seção ou subseção judiciária em que tramita o feito por
videoconferência, o que tende a garantir, na prática, a razoável duração do processo.
Dessa forma, prescreveu o dispositivo que “a oitiva de testemunha que residir em
comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá
ser realizada por videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão e
recepção de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a
audiência de instrução e julgamento”.
Ademais, na produção da prova testemunhal, é comum que determinadas
pessoas, em razão do cargo que exercem, possuam prerrogativas especiais para a
prestação de seus depoimentos. Em relação a tais autoridades, o art. 454, além de repetir
o rol do art. 411 do CPC vigente, ampliou o seu alcance ao garantir ao Prefeito e ao
Procurador-Geral de Justiça o direito de serem inquiridos em sua residência ou onde
exercem suas funções.
O art. 455 do NCPC, por sua vez, abandonou a sistemática do CPC vigente no
que tange ao ônus inerente à intimação das testemunhas para comparecimento em juízo.
Na atual legislação, a testemunha é intimada a comparecer em juízo por intermédio do
Poder Judiciário que, para tanto, expede mandado no qual consta dia, hora e local da
prática do ato, bem como o nome das partes e a natureza da causa. A novel Codificação
transfere para o advogado da parte o ônus de proceder à intimação da testemunha,
devendo informá-la do dia, hora e local da audiência designada, sendo dispensável a
intimação do juízo.
Para tanto, o § 1º do art. 455 dispõe que a intimação será realizada por carta com
aviso de recebimento, cumprindo ao advogado juntar aos autos, com antecedência de
pelo menos três dias da data da audiência, cópia da correspondência de intimação
acompanhada do comprovante de recebimento. No entanto, pode a parte, não desejando
proceder à intimação formal da testemunha (aqui pouco importa o motivo),
comprometer-se a levá-la à audiência independentemente de intimação, hipótese em que
a ausência da testemunha importará presunção de desistência de sua inquirição (§ 2º).
Outrossim, a inércia na realização da intimação da testemunha acarreta os mesmos
efeitos (presunção de desistência de sua inquirição).
A intimação da testemunha realizada pelo Poder Judiciário constituir-se-á em
medida excepcional, a depender de expressa motivação que demonstre o seu cabimento
na forma do § 4º do art. 455, in verbis: “a intimação será feita pela via judicial quando: I
- for frustrada a intimação prevista no § 1o deste artigo; II - sua necessidade for
devidamente demonstrada pela parte ao juiz; III - figurar no rol de testemunhas servidor
público ou militar, hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao
comando do corpo em que servir; IV - a testemunha houver sido arrolada pelo
Ministério Público ou pela Defensoria Pública; V - a testemunha for uma daquelas
previstas no art. 454”.
As referidas modificações exigirão do advogado maiores cautelas, especialmente
quando a parte manifestar o desejo de conduzir a testemunha por si só. Nesse caso, é
recomendável que o advogado, na petição endereçada ao juízo para informar o
desinteresse pela intimação formal da testemunha, colha a assinatura da própria parte, a
fim de evitar responsabilidade civil por suposta perda de uma chance.
A par disso, o art. 456 do NCPC, no caput, repetiu a regra do art. 413 do CPC
vigente, estabelecendo de forma inédita no parágrafo único a possibilidade de alteração
da ordem de oitiva das testemunhas desde que haja acordo entre as partes. A
mencionada inovação não pode ser interpretada isoladamente, de modo que o juiz,
conforme as peculiaridades do caso concreto e independentemente da vontade das
partes, poderá modificar a ordem de produção dos meios de prova para adequá-los às
necessidades do conflito, por força do art. 139, inciso VI, do CPC de 2015. Novamente,
o legislador inspirou-se nos princípios da adequação do processo e da cooperação.
A nova Codificação, tratando do procedimento para a colheita do depoimento da
testemunha, abandonou o sistema presidencialista vigente no art. 416 do CPC vigente14
(acompanhando, nesse particular, a legislação processual penal – Leis 11.689/2008 3
11.690/2008). Fredie Didier Júnior, à luz das sobreditas leis, tece a seguinte crítica ao
CPC vigente: “[…] ora, se no processo penal, onde as garantias para o acusado são
14
“Art. 416. O juiz interrogará a testemunha sobre os fatos articulados, cabendo, primeiro à parte, que a
arrolou, e depois à parte contrária, formular perguntadas tendentes a esclarecer ou completar o
depoimento.
§ 1º As partes devem tratar as testemunhas com urbanidade, não lhes fazendo perguntas ou considerações
impertinentes, capciosas ou vexatórias.
§ 2º As perguntas que o juiz indeferir serão obrigatoriamente transcritas no termo, se a parte o requerer”.
observadas com ainda mais atenção, permite-se a inquirição direta pelas partes, nada
justifica que se mantenha essa formalidade obsoleta no processo civil”15.
De fato, art. 459, caput, prevê que “as perguntas serão formuladas pelas partes
diretamente à testemunha, começando pela que a arrolou, não admitindo o juiz aquelas
que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões de fato objeto da
atividade probatória ou importarem repetição de outra já respondida”. Logo, os
advogados, membros do Ministério Público e/ou Defensores Públicos são responsáveis
pela oitiva das testemunhas, devendo tratá-las com urbanidade e evitando a formulação
de perguntas impertinentes, capciosas ou vexatórias (§ 2º).
Tal sistemática, contudo, não impede o magistrado de inquirir a testemunha
diretamente, antes ou depois da inquirição realizada pelas partes (§ 1º). Aliás, durante a
tramitação do CPC no Congresso Nacional, foi aprovado o Enunciado 156 do Fórum
Permanente de Processualistas Civis, segundo o qual “não configura induzimento,
constante do art. 466, caput [art. 459, caput, na versão final aprovada e sancionada], a
utilização de técnica de arguição direta no exercício regular de direito”. Complementa o
§ 3º estabelecendo que as perguntas eventualmente indeferidas pelo magistrado serão
transcritas no termo, caso a parte o requeira. A propósito, firmou-se entendimento,
expresso no Enunciado 158 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, no sentido
de que “constitui direito da parte a transcrição de perguntas indeferidas pelo juiz”.
O art. 461 repetiu em seu caput a disciplina do art. 418 do CPC vigente,
introduzindo dois parágrafos sem correspondente no atual Estatuto processual. O § 1º
reza que, na acareação, os acareados serão reperguntados para que expliquem os pontos
de divergência, reproduzindo-se a termo o ato de acareação. O § 2º, por outro lado,
admite a realização da acareação por videoconferência ou por outro recurso tecnológico
de transmissão de sons e imagens em tempo real.
15
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 02: Teoria da Prova, Direito Probatório,
Ações Probatórias, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. 14ª ed.
Salvador: Juspodivm, 2014, p. 224/225.
9. Prova pericial
16
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª ed. São Paulo: Método,
2011, p. 464.
17
“Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às
partes a apresentação de parecer técnico.
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das partes, realizar
inspeção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que lhe relatará
informalmente o verificado”.
da intimação do despacho de nomeação do auxiliar do juízo, arguir o impedimento ou a
suspeição do perito, se for o caso; indicar assistente técnico e apresentar quesitos. De
início, verificam-se duas alterações em relação ao CPC vigente: o perito deve ter
formação específica acerca do objeto da perícia (e não necessariamente curso
universitário) e o prazo para arguição de impedimento, apresentação de assistentes
técnicos e quesitos foi ampliado (de 05 para 15 dias).
Além da forma tradicional de nomeação do perito, o art. 471, inspirado na
cooperação que orienta a nova Codificação, permite que as partes, de comum acordo,
escolham o perito, indicando-o mediante requerimento (figura denominada de perícia
consensual). Mas para tanto as partes devem ser plenamente capazes e a causa precisa
comportar solução por meio de autocomposição. Comentando o novo preceptivo legal,
Cássio Scarpinella Bueno ressalta:
18
BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 2015, p.
316.
redução da remuneração quando a perícia for inconclusiva ou deficiente. Importa
registrar que em ambas as hipóteses o legislador se valeu do verbo “poderá”, indicando
que o juiz, diante das peculiaridades do caso concreto, adotará, ou não, as providências
mencionadas.
Na realização da perícia, o perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe
foi cometido, independentemente de termo de compromisso, nos termos do art. 466,
caput do NCPC (art. 422 do CPC vigente). Nesse ponto, o § 2° do referido dispositivo
legal, realçando o princípio do contraditório, impõe ao perito o dever de assegurar aos
assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que
realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, observada a antecedência
mínima de cinco dias.
No entanto, o perito pode eventualmente ser substituído no curso do processo,
desde que presentes uma das circunstâncias elencadas no art. 468, caput do NCPC (no
CPC vigente, art. 424, caput), não havendo qualquer modificação da nova Codificação a
esse respeito. Na verdade, os § 2º e 3º inovaram ao dispor sobre o dever de restituição
das quantias eventualmente recebidas pelo perito substituído. Na forma do § 2º, o perito
substituído restituirá, no prazo de quinze dias, os valores recebidos pelo trabalho não
realizado, sob pena de ficar impedido de funcionar como perito judicial pelo prazo de
cinco anos; o § 3º previu que, não havendo a restituição voluntária (§ 2º), a parte
prejudicada poderá promover a execução contra o perito, valendo-se da decisão que
determinar a devolução do numerário. Evidentemente que tais normas somente terão
incidência quando houver o adiantamento de honorários.
Concluídos os trabalhos, o perito elabora o laudo pericial no qual apresenta
resposta aos quesitos formulados, sendo omisso o CPC vigente sobre os requisitos que
deve conter tal documento. O art. 473 do NCPC, diferentemente, elenca os elementos
que o laudo pericial deve conter, a saber: I. exposição do objeto da perícia; II. análise
técnica ou científica realizada pelo perito; III. indicação do método utilizado,
esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da
área do conhecimento da qual se originou; IV. Resposta conclusiva a todos os quesitos
formulados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
Além disso, o perito não pode incorrer nas vedações do § 2º, que constituem
verdadeiros requisitos negativos. Portanto, é vedado ao perito, na confecção do laudo,
ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que
excedam o exame técnico ou científico objeto da perícia.
Complementa o § 1º que, no laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação
em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas
conclusões, algo semelhante à congruência interna inerente às decisões judiciais.
Confeccionado o laudo, o perito deve, a teor do disposto no art. 477, caput do
NCPC (art. 433 do CPC vigente) protocolá-lo em juízo, observando prazo fixado pelo
magistrado, pelo menos vinte dias antes da audiência de instrução e julgamento. Não
raras vezes, entretanto, circunstâncias externas podem impedir o perito de cumprir o
prazo fixado, hipótese em que poderá o juiz conceder prorrogação pela metade do prazo
originalmente fixado, nos moldes do art. 476. A nova Codificação, como se verifica,
limitou a prorrogação à metade do prazo originalmente fixado, retirando do magistrado
a liberdade que lhe era conferida pela redação do art. 432 do CPC vigente.
Produzida a prova e assegurado o contraditório, o juiz a valorará por ocasião do
julgamento da lide, consignando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou
deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo
perito (art. 479 do NCPC). Mais uma vez a nova Codificação realça o dever de
fundamentação do magistrado, que não pode se eximir de enfrentar todos os argumentos
lançados no laudo (contraditório sob o aspecto substancial).
Conclusão
BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo:
Saraiva, 2015.
DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso
de Direito Processual Civil. Vol. 02: Teoria da Prova, Direito Probatório, Ações
Probatórias, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Antecipação de Tutela. 9ª ed.
Salvador: Juspodivm, 2014.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª ed. São
Paulo: Método, 2011,