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como já dissemos, são admissíveis meios de prova que não aqueles elencados no Título II
do Livro Il1 do CPP (arts.128° a 190º CPP) porque a letra do art.125° CPP assim o permite.
Paulo de Sousa Mendes é cético quanto a isto porque afirma que é difícil pensar em meios
de prova para além daqueles elencados no suprarreferido e, porque não pode significar
liberdade de admissão
de prova um desrespeito pelos regimes ali elencados. Contudo, a doutrina aqui seguida não
passa por este pensamento e fica-se pela liberdade ao nível da admissão de prova, até
porque comparando com aquilo que dizia o art.173° do CPP de 1929 nota-se que aí sim, a
liberdade que havia na admissão de prova era somente dentro dos meios que a lei tipificava,
ou seja só poderiam ser usados os meios de prova que a lei previa, mas essa não é a letra do
nosso atual art.125° CPP.
Ao fim ao cabo vai-se ao encontro in toto, ao prosseguir-se esta posição, da verdade
material, porque a interpretação feita tem que ser atualística no sentido de fazer o direito
acompanhar aquilo que são as constantes inovações da investigação criminal.
ART 18º
O ART 18º CPP integra o essencial do regime constitucional especifico dos “ direitos ,
liberdades e garantias”.
As normas contidas neste artigo condesam princípios fundamentais de uma doutrina ou
teoria geral de direitos , liberdades e garantias constitucionalmente adequada.
No nº1 especifica-se a força normativa de todos os preceitos constitucionais referentes a
direitos , liberdades e garantias; nos nº2 e 3 establece-se o estatuto global das leis
restritivas , individualizando-se os princípios constitucionais heteronomamente
vinculativos das intervenções do legislador na esfera dos direitos , liberdades e garantias.
As buscas e a constituição
A busca consiste numa diligencia processual penal que visa a recolha de informação
relativa à prática de um crime, ou seja, é um meio de obtenção de prova.
A recolha de informação por via de uma busca consubstancia uma intromissão num
espaço alheio, sendo suscetível de afetar, a reserva da intimidade da vida privada das
pessoas. Tratando-se de uma medida que pode lesar direitos fundamentais dos cidadãos,
como a reserva da intimidade da vida privada e familiar (ART 26º/n1 CRP) e a
inviolabilidade do domicilio ( ART 34º/n1 CRP).
O reconhecimento da reserva da vida privada constitui uma condição da integridade da
pessoa e a sua proteção deve ser considerada como um aspeto da proteção da dignidade
humana. Tal ligação e, sido sublinhada pelo tribunal constitucional.
Estes são os meios de obtenção da prova e que tem formas tipificadas na lei para
recolher para o processo os indícios de eventual prática de um facto punível no
art.126° CPP sem esquecer o art.32/8 CRP.
Já as provas - enquanto meios de prova - são os elementos com base nos quais os
factos relevantes nodem ser demonstrados.
Chamar-lhe-ia eu como prova propriamente dita: é o produto resultante da atividade
probatória e do qual se podem tirar ilações e sobre o qual se formará a convicção do
julgador.
Os meios de prova podem ser atípicos, ou seja, não há um elenco taxativo do que é
ou não um meio de prova, na medida em que o art.125 CPP apenas refere que são
admissíveis as provas que a lei não recusar, ou seja, desce que a lei não paute que
certo meio de prova é proibido então essa prova não precisa de tipificação para ser
admissível.
A prova - enquanto resultado da atividade probatória - e a motivação da convicção
da entidade decisora acerca da ocorrência dos factos relevantes, contanto que essa
motivação se conforme com os elementos adquiridos representativamente no
processo e respeite as regras da experiência, as leis científicas e os princípios da
lógica.
É através deste último momento que permite ao decisor afirmar se o facto histórico
que é imputado ao arguido aconteceu ou não e, afirmativamente, se é imputado
aquele através da interpretação da norma incriminadora e praticando o silogismo
jurídico: a premissa menor - o meio de prova - passando pelo crivo da premissa
maior - maximas de
experiência, livre convicçao do julgador e regras de lógica (art.1279 CPP - permite
levar a conclusão de se afirmar se o facto que se visava provar é dado como, lá está,
provado ou nãc
Exemplo como meio atipico de obtencão de prova temos o GPS Global Position
Sustemiem aue
la esta, nao sendo um meio de obtencao de prova nominado importa aferir da sua
admissibilidade no processo penal. Os moldes pelos auais e admitida esta prova sao
divergentes
Por um lado. temos a Relacão de Lisboa a recusa-a liminarmente. poraue afirma aue
se tocam
em direitos fundamentais e, então, não estando este meio de obtenção de prova
legalmente disciplinado configura uma proibicão de prova. Num outro polo temos a
Relacão de Évora a
admitir abertamente esta prova ativica. porque não se não se subsume no seio do
art.1269 CPP
e não se afetam direitos fundamentais. A posição, se se quiser intermédia, da
Relação do Porto e la a da admissao deste meio de prova. contudo necessita-se
sempre da autorizacao judicial.
Parece ser a posição da Relação do Porto a mais aceite, por um lado porque não
nega que estejam direitos fundamentais em discussão, porque obviamente está a
reserva de vida privada afetada, mas tutela essa posição ao exigir autorização
judicial para tanto.
Um outro exemplo aue encontrou pacificidade no Acórdão 213/2008 do TC é o
referente ao meio de prova atípico através de listagens de passagens de um veículo
automóvel nas portagens das autoestradas alcancadas através do identificador de Via
Verde. Quanto a isto o TC não considerou inconstitucional o art.1259 CPP na
interpretacão que admite aquele meio inominado de prova e mesmo sem o
consentimento do arguido e pelo mero requerimento do MP
Princípios gerais para a admissibilidade da prova: o art.340° CPP
O art.340° CPP dispõe dos critérios gerais para a admissibilidade da prova
Em primeiro lugar, importa referir que a prova pode ser requerida ex officio ou
através de requerimento por parte de suleito processual. Quer isto dizer aue.
opostamente ao processo
CIVI - como la sabemos - em tuncao da busca da verdade matema e pelo principio
da
investigação iudicial o tribunal pode promover diligências probatórias. Para tanto, e
como diz o art.3409/1/2ª parte CPP, a prova promovida pelo tribunal deve ser
necessária para a descoberta
da verdade e para a boa decisao da causa
A prova, obviamente, deve respeitar uma série de considerações sob pena de
indeferimento pelo tribunal. Desde logo, obviamente que se o meio de obtencão da
prova ou o meio de prova forem legalmente inadmissíveis então o tribunal indefere
tal meio de obtencão ou tal meio de prova, mediante despacho (art.340%3 CPP). Isto
não obsta a que, como vimos supra, se afastem
liminarmente meios ae prova inominados, aesae que estes cumpram os requisitos
que supra
pautamos. Para alem disto, sao feridos de indeterimento os requerimentos de prova
que não selam tempestivamente arroladas para o processo. salvo se o tribunal
entender que tal prova
"fora de tempo' é essencial para a prossecução da verdade material e para a boa
decisão da causa (art.3409/4/a) CPP): as provas notoriamente irrelevantes ou
supérfluas (art.3409/4/b)
CPP) ou aquelas que têm uma finalidade meramente dilatória' (art.3409/4/d) CPP): o
meio de prova é notoriamente inadequado ou cuja obtenção é impossível ou, no
máximo, é muito duvidosa (art.3409/4/d) CPP). Deferido o requerimento de prova
então o tribunal deve fazer cumbrir o contraditorio e permitir que os suleitos
processuais se possam pronunciar sobre ela
Perante a recusa belo tribunal de um requerimento de orova então este indeferimento
e
atacável por via de recurso e não por via de invocação de invalidade processual.
Um ónus de prova em processo penal?
Apesar do que refere alguma doutrina ou jurisprudência® não é possível defender-se
um
verdadeiro onus da prova em processo penal como e detensave para o processo civil.
segunda a "teoria das normas" de Leo Rosenberg. Sucintamente. por esta teoria a
varte aue invoca um
tacto tem o dever de provar o que invoca para sustentar a sua pretençao. Ora. em
nrocesso
penal não estamos, como é iá sabido, perante um processo de parte nem há
necessariamente
uma pretensao aue nao a da descoberta da verdade materia e. portanto. nao na
necessariamente a existencia de um dever de provar, sob pena de improcedência da
pretensão formulada até pelo facto da presuncão de inocência do arguido. O que
existe sim é uma responsabilidade probatória e que impende principalmente sobre o
Ministério Público, o assistente e sobre a parte civil no aue toca ao pedido de
indemnizacao cive que adere ao
processo penal. No que toca ao pedido de indemnização cível que pode ser arbitrado
em processo penal (art.71°s CPP) dado que é já uma formulação cível então foge do
plano do
processo penal e auanto a estas provas lá ha. sim. um verdadeiro onus da prova nos
termos dos
arts.341°ss CC.
Métodos proibidos de prova
Para nos aproximarmos do regime das proibições de prova importa entendermos o
regime das invalidades processuais em processo penal, porque nas palavras de
Conde Correia A invalidade
e um conceito unitario. que exprime todos os desvios entre as disposicoes
processuais e a
atividade empreendida ...). O proprio art.1189/3 CPP cria uma relação entre este
regime geral das invalidades processuais com as proibicões de prova ao referir que
tal regime geral não
preludica o disposto auanto a materia de proibicoes de prova. o que quer dizer que se
nao
preiudica não implica aue não se aplica. contudo a sua anlicabilidade é meramente
pontual e
atua perante a omissão dos regimes de proibição de prova, complementarmente
O Regime das Nulidades e Irregularidades Processuais
Para que um ato seja ferido de nulidade tem a lei de o referir expressamente
art.1189/1 CPP), sob pena de perante uma descontormidade legal de um ato entao a
invalidade ser a mera
irregularidade (art.1189/2 CPP).
As invalidades mais graves ficam feridas de nulidades insanáveis as auais devem ser
declaradas
ex officio e em qualquer fase do processo. O próprio art.1199 CPP elenca casos em
que veriticados. culminam na sua nulidade insanave. Já as introcoes de aravidade
média. como nes
chama Sousa Mendes, já importam um segundo nível de nulidade, esta agora
dependente de arguição pelos interessados (cfr.art.120° CPP e sendo já admitida a
sua sanação segundo o art.1219 CPP onde. vara tanto. têm os interessados de
proceder a aualauer um dos atos aue o
n.1 daquele artigo preve. Como vimos a nulidade tem aaui um regime ativico e
quase que
encontra paralelo no regime da anulabilidade civilística, dado que nulidades
sanáveis são algo
de anormal. como sabemos. No tocante aos eteitos da declaracao de nulidade vemos
que tal declaração produz efeitos não só ex nunc mas também ex tunc9 lart 1229/1
CPP). não obstante
o iuiz clarificar auais os atos feridos de invalidade e ordena quais aquples que devem
ser
repetidos art.1229/2 CPP)e regendo-se por um princípio de aproveitamento dos atos
que
poderem ser aproveitados no meio da invalidade art.1229/3 CPP1.
Já no que toca às meras irregularidades, sabemos que é a regra geral por força do
art.1189/2
CPP, pelo que deve ser arguida pelos interessados no próprio ato que ser quer ver
como irregular
ou. caso nao tenha marcado presenca nesse ato o interessado. no prazo de tres dias
seguintes
desde a notificação, podem arguir a irregularidade desse ato (art.1239/1 CPP) sendo
que o tribunal pode oficiosamente promover a reparacão de uma qualquer
irregularidade ao momento em aue esta seia conhecida se ela for idónea a afetar o
valor do ato em aue pauta a
irregularidade (art.1239/2 CPP).
Os Métodos Proibidos de Prova
Nem tudo seria admissível num Estado de Direito como o nosso e num processo
cuja estrutura
e acusatoria no concernente a obtencao da prova. Assim quando falamos de metodos
proibidos
de prova falamos de uma delimitação negativa aos modus de aquisição de certo tacto
no processo e configuram-se aqui limites, por isso, à descoberta da verdade material.
Quer-se a descoberta da verdade material, mas não a todo o custo! Ao fim ao cabo, o
fundamento que em definitivo sustenta a proibição é a tutela (a garantia) de direitos
e liberdades fundamentais o.
Mais ainda quer-se, complementarmente, ter-se um procedimento que não use de
violações tamanhas ou piores que as usadas pelo arguido no eventual crime
cometido - critérios de lisura procedimenta-eauer-se preservar a validade
enistemologica ca intormacao obtida. ou seia so
se alcanca a verdade material se a informacão aue se obtiver for aquela que
verdadeiramente
69 raririrra or
Métodos absolutamente proibidos e métodos relativamente proibidos
O art.1269 CPP está a par com o que o art.329/8 CRP prevê. Os métodos de prova
previstos no art.1269/1 e 2 CPP configuram métodos absolutamente proibidos de
prova, dado que os direitos e liberdades ali tutelados não são disponíveis e o
legislador determinou que nem o consentimento do titular dos direitos fundamentais
afetados será relevante para admitir o meio de prova que provenha de tal metodo de
prova. A ligacao dos direitos e iberdades aue o
legislador visou tutelar são inatamente ligados ao núcleo da dignidade humana e,
portanto, nem dá chance para eventual admissibilidade. Já métodos relativamente
proibidos de prova constam do art.126-/3 CPP, porque, para alem dos casos
previstos pela lei, o meio de prova obtido por tal método proibido de prova pode ser
admitido em processo penal se o titular dos direitos e liberdades lesados der o seu
consentimento. Assim o é porque os direitos e
Fiberdades tundamentais aue se visam tutelar la nao tem a dimensao daqueles tute
ados pelos
arts.126°/1 e 2 CPP e pelo art.329/8/1a Parte CRP.
Perante um método proibido de prova, seia ele absolutamente ou relativamente
proibido, o produto aue advier do emprego de tal método serve apenas e só para
efeitos do art.1269/4 CPP.
se tais métodos contigurarem a pratica de um crime entao aquelas provas podem ser
usadas
para o impuso processual contra os agentes ae tais crimes
Convém notar-se que quando o art.1269/1/c) CPP refere que é proibida a utilização
da força,
fora dos casos e dos limites permitidos pela lei não necessariamente se retere ao
dever do
arguido de se sujeitar a diligências probatórias, do art.6193/d) CPP. Obviamente, e
novamente, a proporcionalidade é aqui essencial e o conceito de "utilizacão de
forca" é indeterminado, dado
que se aceita que para. por exemplo. exames minimos sela empregue alguma forca.
mas porque
face a relevancia aue o meio de prova pode ter para a boa decisao da causa quando
vista ao
lado da mínima violação que se emprega no titular do direito afetado então tem que
se dar maior relevância ao primeiro plano. Isto, claro, havendo sempre a autorização
do juiz".
No aue toca à cimensão subietiva da oroibicão de prova pode-se dizer aue não só se
limitam
as relações processuais-probatórias no plano vertical, ou seja entre o Estado (juiz,
MP ou OPCs)
e o arguido. mas tambem as relaçoes processuais-probatorias no plano norizontal,
entre os
demais intervenientes nrocessuais como o assistente. ou testemunhas ou neritos. etc
Note-se que se o depoimento é feito do que se ouvir dizer ao próprio arguido então a
doutrina não é líquida. Santos Cabral entende que se pode valorar o que a
testemunha afirmar que ouviu dizer ao arguido. mesmo aue este seia chamado a
iuízo e se cinia ao silêncio24
Se o depoimento for feito nor OPCe se este recair sobre aquilo que ouviu o ainda
não constituido
como arguido relatar-ine. no momento da fiscalizacao e da pratica dos atos
cautelares
necessarios e urgentes para assegurar os meios de prova. entao isso nao contigura
depoimento
indireto, dado que aquele quando expos esses tactos fe-lo por vontade sua e que os
agentes apenas limitaram-se a ouvir e a reproduzir em audiência e, ademais, poderá
sempre o arguido contraditar esse depoimento. ou seia não passará de uma "conversa
informal". Quanto às
testemunhas e outros depoentes, porque o agente de autoridade reduz a escrito as
declarações o que leva a que a sua leitura não seja permitida, então o OPC em
questão não pode ser inquirido como testemunha sobre tal conteúdo (art.3569/7
CPP).
Vozes públicas e convicções pessoais
Quando falamos do art.130= crp podemos cizer que trata-se de mais um afloramento
do
proibição, em princípio, do testemunho que não verse sobre factos concretos e do
conhecimento direto. em particular do testemunho de ouvir dizerb.
o que este art.130° CPP vIsa, na sua genese, Inutilizar sao os rumores publicos e a
sua reprodução em audiência (art.1309/1 CPP), mas ainda as convicções pessoais da
testemunha que não respeitem qualquer das exceções do art.1309/2 CPP. Como já
dissemos, o que se quer sao os factos concretos de que aquele tem conhecimento
direto e. mais. auer-se evitar que o
denoimento seia consumido nela subietividade em detrimento da ohietividade que o
direito
penal ao facto aeve garantir. Assim, se as convicçoes pessoais Torem incinaiveis ao
aepoimento
quanto a Tactos concretos 130/2/a) CPP), ou tennam base em ciencia, tecnica ou arte
da própria testemunha (1309/2/6С ou. então. auando ocorram em funcão da
determinacão da
medida concretamente aplicável (1309/2/c) CPP então estes depoimentos, apenas e
só quanto as convicções pessoais note-se, são excecionalmente apostos à livre
apreciação da prova pelo tribuna
As consequências à valoração deste meio de prova que não se enquadrem nas
exceções do art.1309/2 CPP conduzem, segundo Santos Cabral e pela qual se fica
Lemos Triunfante, a que das duas uma: ou o tribuna valorou. erradamente. aquela
prova para formacao da sua convicção e isso leva a que a sentença esteja ferida de
nulidade pelo art.3799/1/c)/1° Parte CPP ou, então, não houve tal valoração para
formação da convicção do julgador e está-se face a uma mera irregularidade sem
aualquer tipo de relevancia. segundo o art.1239 CPP.
A canacidade e dever de testemunhar
O art.1319/1 CPP nreve que havendo antidão mental para denoimento sobre os
tactos que
constituam o thema nrohandum então há canacidade de testemunhar. Mais:não só há
capacidade para tanto como a lei impoe um dever de tal a auem tenha essa
capacidade. dado
que aquele artigo. no seu final. refere aue a recusa so pode ter fundamento na ei. o
que
perceberemos ao que se trata no seguimento aeste tema
Quando a lei se refere à aptidão mental quer-se referir ao regime dos maiores
acompanhados previsto pelos arts.138°s CC e 900°s CPC. Sendo um sujeito maior
declarado pelo tribunal como carente de acompannante isso inaicia a tal inaptiaão
mental a testemunnar, contudo Isso
não basta. Por norma, este não pode depor, mas se o fizer antes do transito em
julgado entao recai sobre a livre anreciação do iu gador este denoimento. Diz a
doutrina e a iurisorudência aue
a decisão de acompanhamento não é motivo de incapacidade para depor no âmbito
dos processos civil e penal. Ora, isto quer dizer que casuisticamente tem que ser
aferida da tal falta de antidão mental nela autoridade iudiciária com poderes de
direção da fase processual.
Nos termos do art.131°/2 CPP quando a autoridade judiciária promova a tal aferição
da aptidão física e/ou mental da testemunha deve fazê-lo com vista a verceber da
credibilidade da testemunha. mas nara tanto deve nerceber previamente da
necessidade28 de se esclarecer tal
credibilidade e, mais, deve tal ato não constituir um obstáculo à marcha normal do
processo.
Percebendo isso recorrerá, para o efeito, a uma perícia psiquiátrica. Mas tratando-se
já de menores de 18 anos e tratando-se de crime contra a liberdade e a
autodeterminação sexual de
menores então a lei exnressamente permite que seia feita a perícia sobre a
nersonalidade da
testemunha. perícia esta mais intrusiva do que a perícia psiquiátrica. Havendo
cumulacão destes
pressupostos nada impede aue a autoridade judiciaria requeira ambas as pericias a
uma mesma
testemunha, caso haja necessidade a tanto. Falamos, e não nos enganamos, em
pericia o que quer dizer que apesar de isto ocorrer no âmbito da prova testemunhal
estas perícias devem
reger-se pelas normas referentes a prova pericial dos arts.ibless CPP
Levanta-se a questão de saber se no plano do art.1319/2 CPP se pode recorrer a
pericia sobre a
personalidade ao invés da perícia psiquiátrica. Entende-se que sim, porque apesar de
o legislador ter previsto expressamente esta perícia para o art.1319/3 CPP. não o
proibiu. pelo aue pode ser impulsionada a pericia sobre a personalidade no ambito
do art.1319/2 CPP
O desnacho de iuiz que determine a necessidade da perícia à testemunha é recorríve
nostermos
gerais do art.4009 a contrario sensu, mas se se tratar de fase de inquérito o despacho
do MP é reclamavel para o superior hierarauico que pode revogar o despacho ou
suscitar a nulidade e
requer-se a intervencao do iuiz de instrucão criminal.
Os direitos e deveres da testemunna: o estatuto da testemunna
A testemunha tem o dever de estar presente, de comparecer (art.1329/1/a) CPP,
dever este que nasce a partir do momento da regular notiticacao para o efeito.
violado este dever pode
ser-se aplicada sanção pecuniária e detenção provisoria para ser presente a tribunal
para cumprimento das diligências para as quais foi convocada a testemunha
arts.1169 e 1179 CPP), ou seja aplica-se o regime das faltas, não obstante poder ser
a falta justificada. Tem ainda o dever de prestar juramento (art.132-/1/b)CPPe caso o
não preste entao indicia o crime p.p art.3609/2 CP. Este dever, como diz o artigo na
sua parte final, só ocorre quando a testemunha for ouvida por uma autoridade
judiciária, pelo que não tem que prestar juramento caso a
Inquiricao sela teita por orgao de policia. esta adstrito ao dever de responder e de
responder
com verdade (art.1329/1/c) CPP as perguntas que lhe sejam feitas, sob pena de
incorrer no crime de falsidade de testemunho p.p. art.3609/1 CP caso responda
contraditoriamente mentindo, etc ou caso pura e simplesmente se recuse a depor
entao incorre no crime de
desobediència e de recusa de derrimentons.rs art. 3489 e 3609/2 CP. Mas auanto a
este dever
note-se que o art.1329/2 CPP prevê o nemo tenetur para a testemunha, onde esta se
pode recusar a responder caso justifique que isso implica a sua responsabilização
penal o que leva a que. na prática. ou a testemunha requer a sua constituicão como
arguido (art.599/2 CPP) e. por
ai. nassa a beneficiar do direito ao silêncio e de todo o estatuto previsto no art.589
CPP ou
então, apenas se limita a invocar o art.1329/2 CPP e aguarda pelas consequências de
que daí advierem em que sera, em principio, a sua constituicao como arguido porque
ao Direito e ao tribunal não se pode deixar passar tal situação29, por força do
art.599/1 CPP. Note-se, ainda, que a testemunha não pode usar da recusa à resposta
a uma pergunta por eventual receio de responsabilizacão penal para recusar a depor.
Quanto a isto o Acórdão do STJ de 20/6/2012 veio reterir que A recusa da
testemunha a responder. enquanto expressão e agrantia do seu privilédio
contra a sua auto-incriminacão não nermite aue ela se recuse a testemunhar na sua
totalidade mas apenas e tão-só às perguntas de onde possa surgir o perigo da sua
responsabilização penal.
Já no plano dos direitos, a testemunha tem o direito à não autoincriminação, como
vimos, pelo art.1329/2 CPP, mas, também, das pessoas descritas pelo art.134° CPP
que permitem a recusa de depoimento. Tem, ainda, o direito a ser acompanhada e
assistida por advogado (art.1329/4
CPP). advogado este aue não pode ser o defensor do arguido (art.1329/5 CPP). Se a
testemunha não se faz acompanhar de advogado para o ato processual para o qual é
notificada então isso não merece o adiamento da diligência. Tem, também, o direito
de indicar a morada pela qual sera notiticada art.1329/3 CPP).
Os impedimentos
Bem se viu due a ifa.ет а guns casos. a possibilidade de uma testemunha não estar
adstrita
ao dever de testemunhar O primeiro dos institutos a aue isso condur é o instituto dos
impedimentos do art.1339 CPP.
O regime dos impedimentos é um regime "superior" ao regime da recusa de aue
iremos ver a
seguir. Aqui nem sequer estão os impedimentos na disponibilidade da testemunha,
como estarao no regime da recusa. em que o legislador al admite que a testemunha
invoque uma das
causas ali prevista para não prestar depoimentc
Desde logo, estão impedidos de deporem como testemunhas o(s) (co)arguido(s) no
processo ou em processo conexos (art.1339/1/a) CPP). Atente-se à conexão de
processos, do art.249 CPP porque é por aí que se percebe se se tratam ou não de
processos conexos30. Mas se os processos forem separados, nos termos do art.30°
CPP, então ai esse impedimento pode já não ocorrer, mas para tal tem o outro
arguido de consentir em que o outro deponha como testemunha no
seu processo art.133-72 CP21. ou sela esta e um proibicao relativa porque pode ser
contornada
por meio do consentimento.
Também os assistentes não podem depor como testemunhas no processo em aue tem
aquela
qualidade (art.1339/1/b) CPP). As partes civis também não podem depor enquanto
testemunhas
Tart.1339/17C) CPP1. Nem os peritos podem depor como testemunhas em relacao a
pericia que
tenha feito art.1339/1/d) CPP tendo em conta o art.1639 CPP. Se algum destes
prestar depoimento isso não configura uma nulidade, mas apenas uma irregularidade
que deve ser invocada para os devidos efeitos. sob pena de se sanar31.
A recusa de depoimento
Como dissemos ainda agora para os impedimentos, estamos perante uma norma
cujos efeitos conduzem a que se derrogue o dever jurídico de prestar depoimento a
que a testemunha está adstrita, como vimos pelo arts.1319 e 132° CPP. O legislador
teve em consideração o conflito de
consciência aue sofreria a testemunha de ter de responder com verdade auanto a
factos que são imputados a um seu familiar ou afim o que compromete as relações e
a instituição familiares. No confronto entre a realizacão da iustica e do alcance pela
verdade material. de um lado, e da proteção das relações familiares, do outro, o
legislador entende que este segundo deve ter algum relevo em detrimento daquele
primeiro. Para além disto, está bom de ver que a imparcialidade do depoimento esta
atamente comprometida. senao mesmo
impossibilitaca
Note-se que a testemunha que seja familiar de um coarguido não se pode recusar a
depor quanto ao outro coarguido quanto a factos que selam autonomos em relacao
ao coarguido de
que seja familiar, o que é dificil de ocorrer quando haja conexão de processos pelo
art.24° CPP, pelo que o âmbito e extensão deste direito de recusa deve ser bem
ponderado na prática. Esta testemunha terá, por isso, o dever de depor quanto a
factos sem conexão com o arguido de que seia familiar. dado aue se sai iá do risco
aue se auer evitar: o de oreiudicar o arguido familiar com o seu depoimento e tudo
aquilo que isso importa e que vimos iá acima.33
O fundamento a recusa de depoimento pode ainda não existir aquando de um
primeiro depoimento da testemunha. mas pode existir supervenientemente a isso.
magine-se a
testemunha sem qualquer laço familiar ou similar com o arguido e que, por isso, tem
o dever de depor e assim o faz. Mas imagine-se que à altura do depoimento em
julgamento já esse laco
ticou constituido. por exemplo porque testemunha e arguido celebraram casamento.
Ora. aqui
é possivel que a testemunha se recuse a depor e então isso torna inutilizavel o
primeiro
depoimento daquela testemunha. E o mesmo ocorre quando no início do processo a
testemunha presta depoimento mas a essa altura o seu familiar ainda nao estava
constituido
como arguido, mas esta já numa fase posterior o que implica a que se a testemunha
se recusa agora a aepor entao isso torna inutilizave o primeiro denoimento.
Desde logo, a lei permite no art.1349/1/a) CPP aos descendentes e aos ascendentes
em qualquer grau da linha reta a recusa a depor. Mas note-se que num casa em que
ha tinos de
apenas um dos conjuges e filhos apenas do outro conjuge, os filhos só podem
recusar-se a depor quando ao seu progenitor e não quanto ao outro côniuge, porque
quanto a esse não têm qualquer relacão constituida. ambem os irmaos e os atins ate
ao segundo grau na inna reta
ou na linha colateral, sejam eles germanos, consanguineos ou uterinos estão
abrangidos pela recusa de depoimento. Quer isto dizer que o côniuge do irmão ou
irmã também se pode recusar a depor, e ainda os irmãos ou irmãs desse cônjuge do
irmão do arguido podem. O mesmo se pode dizer quanto aos sogros, genros ou
noras. os adotantes e adotados tambem tem este direito, contudo isto é redundante,
dado que com a adoção os laços familiares ganham a mesma conotacão legal que há
entre pais e filhos biológicos. Os côniuges também têm este direito e
numa vertente ampla. dado que podem recusar-se a depor auanto a factos que
tenham ou não
ocorrido na constancia do matrimório. ano CPP temos a situacão de
quem viva com o arguido em situações análogas à do casamento, o que indicia aqui
a união de
Tacto, o que quer dizer que o unido de tacto esta abrangido pelo regime da recusa de
depoimento, contudo note-se que a abrangência não é a mesma para os cônjuges,
porque como se pode ler na norma, a recusa só pode ocorrer quanto a factos
ocorridos durante aquela relação. Já quanto a ex-cônjuge, convivente ou ex-
convivente com o arguido em situação análoga ao do casamento o art.1349/1/b) CPP
refere que aquilo que acabámos de dizer para a união de facto: só quanto a factos
que tenham ocorrido na pendência do casamento ou da coabitacao e que pode naver
recusa de depoimento. ou seia na aqui uma limitacao temporal.
Apesar de não ser uma questão líquida na doutrina, entende-se que este regime é
também aplicável aos assistentes e às partes civis?5. Como se sabe estes sujeitos não
depõem, mas declaram, porque não são testemunhas (cfr.arts.140°s CPP) e tem um
regime próprio para eles
que e a prova por declaracoes. contudo entende-se aue este regime e extensivel ate
eles. dado
que o art.1349 CPP tem capacidade suticiente para se autonomizar da prova
testemunha e o
legislador não proibiu tal extensão o que faz incluir no preceito do art.1459/3 CPP e
até porque
a substancialidade que se visa tutelar e a mesma
Na prática, deve atentar-se bastante ao que dispõe o art.1349/2 CPP, que impõe à
entidade que irá proceder à inquirição que adverta previamente a testemunha deste
seu direito de recusar o depoimento, sob pena de nulidade desse mesmo depoimento.
Mais: esta advertência tem de ir no sentido de esclarecer a testemunha,
esclarecimento este que deve ser cuidado e acantado à testemunha em concreto.
visando que aquele denoimento seja um livre
e esclareciao e qualquer entiaade que proceda em qualquer tipo ae rase processual
esta aastrita
a esta obrigacão. o aue inclui também OPCs. Esta advertencia deve ser sempre
repetida semore
que aquela testemunha seia inquirida. dado que a aualquer altura esta node exercer
esse sey
direito, mesmo que num anterior depoimento esta não tenha exercido a faculdade da
recusa.
Se antes não auis exercer esse direito e prestou depoimento. mas num posterior ia
exerceu esse
direito então todos os anteriores depoimentos tornam-se inutilizáveis. Este é mesmo.
por isto
tudo, um direito potestativo da própria testemunha. A falta desta advertência implica
a nulidade, como diz a lei, contudo importa saber de que tipo de nulidade é que
estamos a falar.
É a nulidade oroveniente das oroibicões de prova (uma "nulidade de prova") ou uma
nulidade no sentido do regime das invalidades processuais? Ora, há forte doutrina e
jurisprudência em ambos os sentidos. Uma corrente da jurisprudência e da
doutrina® vai no sentido de que se trata de uma nuloade que tem que ser areuida nos
termos co a c. 1209/3/a CPP. Por esta via.
a nulidade tem que ser arguida pelo interessado até ao termo do ato em que é
prestado o depoimento art.1209/1 CPP o que se não se suceder então conduz a que
seia sanada esta nulidade. Sendo suscitada e declarada então o ato inválido é
repetível para que se dê cumprimento ao que levou a nulidade: que se preste a
advertencia, nos termos do art.1229/2
CPP. Outra corrente doutrinária e jurisprudencia " considera tratar-se de uma
proibicão de prova porque entendem tratar-se de uma violacao de intromissao da
vida privada. prevista no
art.1269/3 CPP
Os segredos escusadores
O segredo profissional
Para certas protissoes fixa-se um dever de segredo proissiona que se baseia no sigilo
protissional e os sujeitos adstritos com este dever nao devem revelar o segredo
alheio, dado que isso pode configurar o crime de violação de segredo p.p. art.195°
CP. Este é um direito dos profissionais ou dos sujeitos dotados das qualidades que o
art.1359 CPP preveia: médicos advogados, jornalistas, etc. Estes podem escusar-se a
depor, com base neste fundamento, dado estarem sob a égide deste direito. O que
ocorre é que o sujeito dotado de alguma daquelas qualidades pode ser inquirido
quanto a factos que se responder viola o dever de sigilo profissional o que pode
indicar o crime do art.195° CP, mas ao mesmo tempo há o dever da
testemunha responder e com verdade. o aue suscita um conflito de interesses aue
cabera a
oro roro
Procedimentalmente, a iniciativa da escusa a depor com base em segredo
profissional cabe à testemunha. ao protissional. pelo que nao e o tribunal que
esclarece - como o faz na recusa de
dennimento - a testemunha mediante aovertência do seu direito. Suscitada esta
questão nez
testemunha ficamos perante um verdadeiro incidente processual. Em primeiro lugar
o tribuna afere da legitimidade da escusa art.135972 CPP). Entendendo que ha
legitimidade para a escusa
então o tribunal procede à segunda fase, mas se entende pela ilegitimidade então a
testemunha mantem-se na obrigação de responder e com verdade - porque a
autoridade judiciária requer à autoridade judicial que declare tal ilegitimidade e que
ordene a prestação de depoimento -, sob pena de prática do crime de recusa de
depoimento p.p. arts.348° e 3609/2 CP. Para a tomada de decisão da legitimidade ou
da ilegitimidade da escusa tem a autoridade judiciária de requerer parecer
obrigatório mas não vinculativo38 à entidade profissional representativa da
profissão da
testemunha. segundo o art.1359/4 CPP. se nao for requerido tal parecer entao esta-se
perante
uma mera irregularidade, segundo o art.1239/1 CPP. A tal segunda fase, a que o
tribunal procede caso entenda que na legitimidade na escusa. e a de perceber se na
ou nao fundamento para ser
quebrado o segredo e se entender que sim entao requer a intervencao do tribuna
hierarquicamente superior para que decida quanto a isto. Contudo, pode ficar o
tribunal pelo facto da legitimidade da escusa e nem sequer suscitar este incidente
processual, não considerando justificável tentar-se levantar o segredo profissional.
Este incidente pode ser requerido belo MP ou pode ser promovido ex ofticio
lart.1359/3/ultima parte 99т ribunal
hierarquicamente superior decide tendo em conta o princípio da prevalência do
interesse
preponderante o qual se alcança pela aferição da importância daquele depoimento
para alcance da verdade material. vela gravidade do crime e pela necessidade da
protecao dos bens luridicos
(art.1359/3 CPP). O tribunal superior pode decidir, ou não, pelo levantamento do
segredo profissional e impor à testemunha o dever da responder com verdade, sob
pena de incorrer nc
crime de recusa de depoimento
Da decisão que decrete a ilegitimidade da escusa cabe recurso no termos do
art.40191/b)e d)
CPP e caso o recurso decrete a legitimidade da escusa então se o depoente se tinha
recusado a depor isto eva a que nao se indicie o crime do art.3b0~2 co e se algum
depoimento †o
produzido, porque segundo o art.4079/3 CPP a interposição do recurso não impede
que o depoimento se produza, então há uma proibição de valoração da prova. A
decisão do tribunal que decide nos termos do art.1359/3 CPP é irrecorrível39 moorta
fazer-se aqui algumas consideracões em especial guanto ao segredo religioso. Se a
testemunha for um ministro de religião ou confissão religiosa então estes não podem
ser questionados auanto a factos de aue tenham conhecimento pelo exercício do seu
ministério40
Assim se o que foi dito ao ministro de culto foi a título confidencial requisito
obietivo e houver um nexo de causalidade entre a obtencao do connecimento pelo
ministro e o exercicio da sua
protissao requisito funcional pelo suleito aue conta o segredo deve saber isso entao
esta-se no
âmbito do segredo religioso. Este segredo religioso é inquebrável, o que quer dizer
que a invocacão de escusa com base no segredo religioso e ao qual dê aval a
autoridade judiciária não está sujeita ao art.1359/3 e 4 ex vi art.1359/5 CPP pelo que
há uma proibição absoluta da quebra do segredo relígioso por parte do tribunal,
porque aqueles artigos preveem um procedimento idóneo a contornar o segredo
profissional e impondo o dever à testemunha de responder com verdade, como
vimos. Assim o é porque a liberdade de religião é inviolável (art.419/1 CRP) e esta é
uma exceção no ordenamento jurídico, por força do art.1359/5 CPP. Esta tal
absoluta proibição de ultrapassagem do segredo religioso levanta a questão: mas
pode o ministro de culto, testemunha, falar em juízo sobre o que o agora arguido lhe
contou em confissão, enquanto sacramento? Pois, a resposta não é fácil, nem sequer
para a doutrina que não se resolver. Para uns, esta prova configura um meio
enganoso na medida em que o agora arguido contidenciou agullo no seio religioso
na expectativa de que isso dali nunca sairia e. portanto. o
ministro de culto que trai essa expectativa engana o agora arguido. Estamos, assim
face a uma proibição de prova nos termos do art.1269/2/a) CPP41, Outra parte da
doutrina tende a ser reticente a tamanna sancao. porque entende que quando o agora
arguido partinou com o
ministro de culto tais factos fê-lo, não por meio enganoso desse ministro, mas por
uma vontade do agora arguido. Ora, se esse ministro de culto decide falar em juízo
isso provem de uma decisao consciente e voluntaria aquele, tendo sobreposto os rins
penais e processuais penais
em detrimento das sancoes eclesiasticas e penais a que pode estar suleito. Quem
adota aquela
primeira posição tende a afirmar que esta segunda solução configura uma promoção
pelo próprio Estado à violacão do sigilo sacramental, algo que um Estado laico não
pode permitir.
Levanta-se outra questao: a de saber se dado o consentimento pelo titular do segredo
o
protissiona depoente pode depor auanto a essa matéria. A resposta tende a ser
afirmativa. mas
esse consentimento tem que ser inequívoco, apesar de poder ser expresso ou
tácito4243 como
Ia dissemos. se a testemunha estiver sobre o dever de sigilo protissional e prestar
depoimento
quanto a materia al abrangida entao esta-se perante a pratica do crime de violaçao de
segredo, previsto e punivel pelo art.1959 CP.
O searedo de runcionarios
O art.1369 CPP autonomiza. redundantemente. o segredo de tuncionários. contudo
pouco há a
autonomizar face ao art.135° CPP, aliás isso retira-se claramente pelo art.1369/2
CPP.
Importa, em primeira mão, enquadrar a testemunha no conceito previsto no art.386°
CP, pois so a testemunha que se enquadre na nocao legal de tuncionario é que esta
abrangido por este
instituto. O que aqui está em causa não é já a relação de confiança entre profissional
e cliente ou ministro de culto e o sujeito religioso, mas sim já o dever de lealdade
entre funcionário e o
Estado
O funcionário que viole este segredo indicia o crime de violação de segredo por
funcionário, previsto e punível pelo art.3839 CP, mas o consentimento do titular do
bem jurídico e/ou a autorização do superior, desde que anterior ao depoimento,
conduz à quebra do dever de segredo.
Estes funcionários, como diz o art.136°/1 CPP na parte inicial, não podem sequer ser
inquiridos
quanto a factos abrangidos pelo segredo de funcionarios. inquirido, o runcionario
pode invocar este regime o que impulsiona o regime de que supra falámos dos
arts.1359/2 e 3 por remissão
do art.1369/2 CPP. Legitimada a recusa a depor pelo funcionário entao não tem. a
esta. o
funcionário de prestar depoimento quanto aos tactos abrangidos pelo sigilo, mas
ilegitimamente recusado o depoimento então isso indicia o crime de recusa de
depoimento, p.p. art.3609/2 CP
O segredo de Estado
A Lei Orgânica n.° 2/2014, de 6/8, para a qual remete o art.1379/3 CPP, refere no
seu art.11° que aqueles que tenham conhecimento de matérias classificadas,
confidenciais, e que estão abrangidas pelo segredo de Estado não podem ser
inquiridas quanto a essas, nem total nem parcialmente (art.1379/1 CPP). Estamos
face a uma verdadeira proibicão de producão da prova.
ou seja é uma proibição de prova dependente.
Se a entidade que dirige a inquirição entender que a recusa não é legítima então
deve, para levantar aquela escusa com base num segredo de Estado, comunicar ao
detentor do segredo a situação para que este justifique, vinculativamente ao
processo, a escusa ou não, nos termos do art.119/2 daquela Lei.
A Lei n.° 30/84, de 5/9 é a Lei-Quadro do Sistema de Informações da República
Portuguesa para a aual também remete o art.1379/3 CPP.
As regras da inquirição
O depoimento de uma testemunha é um ato pessoal, pelo que a intermediação do ato
por procurador e inadmissivellart.138=71 CPP.. este e um ato que so pode ser
praticado pela pessoa a que diga respeito 5. Assim o é porque está fácil de
percecionar que a pessoa consegue transmitir com clareza e exatidão os factos
conforme os percecionou e o depoimento de outrem em nome daquele primeiro não
seria um fiável, por eventuais distorções, voluntárias ou involuntárias, omissões, etc.
Mais: isto violaria os principios da oralidade e da imediação. Note se que a
pessoalidade não significa necessariamente que o depoimento tem que ser prestado
oralmente. Pelo art.1399/1 CPP pode suscitar-se esta eventualidade quanto ao modo
de prestar o depoimento. Nem isto obsta a aue. eventualmente. a testemunha recorra
a apontamentos
lembretes, etc para adjuvar a memória. A violação da pessoalidade do depoimento
configura uma proibição de prova dependente.
No início da inquirição deve a autoridade judiciária efetuar um interrogatório sobre a
identificacão do depoente. Inicia-se com um esclarecimento de aue o denoente tem
aue
responder e com verdade, sob pena de incorrer em crime de falsidade de testemunha
(art.360°
CP. Este interrogatorio visa. por exemplo. precaver as situacoes de recusa de
depoimento de
que ja falamos supra art.134- CP). Posteriormente, prossegue-se a sujeição da
testemunha a juramento, o qual deve ser claro e esclarecido, percebendo a
testemunha das consequências da recusa ou de violação do juramento46, Se bem que
importa separar-se o juramento do dever de verdade. Por vezes não esta suieita a
testemunha a iuramento. contudo isso não taz precludir o
seu dever de responder com verdade. Contudo, a falta desta advertencia configura
uma mera irregularidade, o que pode configurar falta da consciência da ilicitude do
crime de falsidade de depoimento.A falta de juramento. auando necessario.
contigura igualmente irregularidade e do
mesmo está ferido o juramento de testemunha que não o devia ter prestado46.
O depoimento propriamente dito só se inicia após estes dois momentos. Quanto às
regras da inquirição devem-se atender a outras normas que já fomos falando
anteriormente, entre elas o art.128° CPP. A inquirição deve ser flexível, na medida
em que deve quem inquere fazê-lo com a consideração à testemunha em concreto e
deve ser feita de forma separada e individual com
as demais testemunhas. ou sela primeiro depoe uma e so apos esta depoe outra. nem
se
violando o espaço (cfr.art.3399/1 CPP).
Pelo art.1389/2 CPP as perguntas sugestivas, impertinentes, orientadoras,
desrespeitadoras, etc sao proibidas, ou outras que atentem a espontaneidade e/ou a
sinceridade do depoimento dado que a própria ratio desta norma e evitar as técnicas
de interrogatório que condicionem a sinceridade das respostas. A entidade que
preside à fase processual deve impedir que seiam respondidas estas perguntas.
respondida a pergunta esta-se face a uma mera irregularidade
que deve ser suscitada.
O art.138°/4 CPP permite que a testemunha seja confrontada com certos
documentos*7, peças processuais, etc, quando for conveniente. Pelo art.1389/5 CPP
se a testemunha importar para o depoimento objetos, etc que possam servir de prova,
então faz-se menção no auto de inquirição ou em ata de tal importação e junta-se ao
processo, guardando-se devidamente.
As imunidades, prerrogativas e medidas especiais de proteçao: considerações
superticiais
AS IMunidades e prerrogativas que a lei prevela nao devem ser ignoradas pelo
processo penale
devem conterir a testemunha o direito de se escusar a depor ou a faze-o de uma
forma menos
usual e alternativa. Falamos, por exemplo, de imunidades ou prerrogativas como a
que podem usar suleitos que aesempennem altos cargos publicos, como o Presidente
da republica ou
Primeiro-Ministro. sto no plano do art.139=/1 CPP.
Já quanto ao art.1399/2 CPP o processo penal não esqueceria os sujeitos que por
algum motivo previsto legalmente rol aposto num programa de protecao de
testemunnas, podenao molaar a
forma com o depoimento e feito, etc.
o direito ao contraditório deve ser semore assegurado a estas nessoas. nos termos do
art.1399/3 CPP.
2. A prova por declarações
Noçoes gerais quanto as declaraçoes do arguidc
Quando falamos da prova por declarações falamos do meio pelo qual o arguido,
assistente ou parte civil prestam as suas declaracões, mas não já a vítima, porque
sobre essa recai o regime
da prova testemunha de aue falamos supra. salvo se esta se constituir como
assistente ou parte
civil.
Diz o art.140° CPP que o arguido que se encontre detido ou preso deve encontrar-se
livre. Isto pode parecer paradoxal. mas quando a ei tala em livre quer dizer que o
arguido deve estar. por exemplo, desalgemado, sem estar a ser agarrado, etc48.
Acautela-se, obviamente, eventuais perigos que isso possa suscitar ou riscos de fuga
do arguido e similares. Assim o é porque só declaracoes em total liberdade. livres de
aualquer coercao. e que vao ao encontro daquilo que
é a estrutura acusatória do processo num Estado de direito. • arguido. só assim. esta
em pé de
igualdade com os demais sujeitos processuais.
As declarações do arguido só são livres se este também estiver esclarecido quanto ao
seu estatuto. previsto no art.61° cPP. essencialmente. se bem aue damos especial
entase ao direito ao silêncio do art.619/1/d) CPP. Note-se, ainda, que a qualidade de
arguido se mantém, desde a sua constituição, até findar o processo (art.579/2 CPP),
mas o Termo de Identidade e Residência só se extingue com o cumprimento da pena
(arts.19693/e) e 2149/1/e) CPP).
Os assistentes e as partes civis não têm que prestar juramento (art.1459/4 CPP). pelo
facto de que eles tem interesse direto na demanda. mas isso nao implica. em nada.
aue nao tenham que
responder e de responder com verdade e podem mesmo ser responsabilizados
penalmente nos moldes já por nós conhecidos, segundo o art.1459/2 CPP. Verdade é
que estes podem requerer
intervencao para prestar declaracoes. mas tambem a requerimento do arguido ou da
autoridade judiciária, quando entenda conveniente mediante um juízo de
necessidade segundo o art.1459/1 CPP. mas quando intervêm têm de o fazer
ativamente e verdadeiramente. Assim, esta audicao de assistente ou das partes civis
nao e obrigatoria, podendo ser indeferido o
requerimento que pretenda isso, o qual e atacavel por via de reclamação hierarquica,
salvo exceções (art.271°/2 CPP ou 292°/2 CPP).
A violação destes preceitos tende a ser afetada pela mera irregularidade pelo
art.123° CPP, cuja arguição deve ser atempada, como já se sabe.
O assistente ou parte civil que tenha declarações incriminatórias quanto ao arguido e
sendo esta prova única nesse sentido não tem necessariamente de ser corroborada
com outras que vão no mesmo sentido. O tribuna pode bem condenar o arguido
apenas com base nestas declaracoes
nois estão apenas adstritas a livre apreciarao da vrova ve iaador.do art.179 0PP.
contudo
deve notar-se uma especial ateriçao ae creaipiaaae aestas aeciaraçoes e, obviamente,
Isso
importa riscos
3. Prova por acareação
A prova por acareacao visa controntar duas ou mais pessoais auando estas tenham
depoimentos
com versoes incompativeis. O aue se auer e que através do contronto direito suriam
lacunas nos
depoimentos, lapsos e equívocos. Assim consegue-se alcancar o sujeito que tinha
uma versão
falsa ou menos certa dos factos, porque essa controntacao pode conduzir a que se
perceba que
algum dos suleitos mentiu ou. entao. aquela controntacao permitiu avivar a memoria
a tal
sujeito e este clarificou o seu depoimento ou corrigiu aquele. Por isto, este meio de
prova pode levar a que seia afetado o bom nome do suleito que tinna factos menos
corretos, pelo que tem
que se seguir o limite do art.1832 cre pelo aual este meio probatorio tem de ser
proporcional.
necessário, adequado e não excessivo - para que se justifiquem os efeitos que têm na
reputação do depoente - ao interesse de alcance da verdade material
A acareacão é um meio de prova valorável livremente no plano do art.1279 CPP.
tendo a mesma relevancia abstrata aue tem outro meio de prova
Pressupostos
Podem ser acareados quaisquer sujeitos ou participantes processuais art.1469/1 e 2
CPP).
inclusive os (colarguidos com a exceção dos peritos ou intérpretes, pelo que a
suieicão destes.
nesta aualidade. implica irregularidade nos termos do art.1239 CPP. Deve-se estar
atento ao facto de a confrontação de dois sujeitos poder conduzir a afetar-se a
integridade do acareado
de uma forma intoleravel, porque isso violaria direitos rundamentais
desproporcionalmente e
mesmo pode descredibilizar o meio de prova. e alcancar fins opostos aqueles que se
visavam
alcancar Acareados. estao obrigados a suleitar-se a este meio de prova. podendo
incorrer no regime das
faltas (art.116° e 117° CPP) e em responsabilidade penal. Isto em nada afeta que o
arguido goze do seu direito ao silêncio, nos conhecidos moldes, ou que outro sujeito
processual invoque a recusa pelo art.1349 CPP
Ora. para aue se admita a prova por acareacão devem. essencialmente. notar-se a
contradicão
entre declarações entre sujeitos e, depois, tem que haver um juízo de prognose para
se perceber da utilidade desta prova°‹. Vai-se no sentido do aue dizemos supra. da
tal necessidade
de proporcionalidade. necessidade. adequacão e não excessividade deste meio de
prova. aue é
suplementar60.
Este meio de prova é impulsionado mediante requerimento ou ex officio (art.1469/3
CPP). Quer
um quer outro deve tundamentar o porque de se pretender este meio de prova. sob
pena de
indeferimento ou de irregularidade pelo art.123° CPP. Ordena o meio de prova a
autoridade que preside a fase processual em que se suscita este meio de prova, MP,
JIC ou juiz de julgamentos
Em fase de inquerito pode o MP delegar ao OPC, nos termos do art.2/0/1 CPP, salvo
nos casos em aue os depoentes tem aue prestar juramento
As violações destes pressupostos de admissibilidade conduzem à irregularidade
(art.1239 CPP).
salvo eventual proibicao de valoracao ou de nulidade quando nao naia previa
advertencia das
situações em que sejam admitidas recusas.
Procedimento
Em primeiro lugar, as pessoas que serão confrontadas têm que estar
simultaneamente presentes no ato e são "sentadas lado a lado". Após isto. a entidade
que preside à fase processua reproduz as declaracoes de cada um daqueles suleitos.
cingindo-se aos factos em
que se notaram as contradições, sob pena de irregularidade. Após tal reprodução,
pede-se, pela praxis processual, que as pessoas acareadas confirmem cada uma
daquelas reproduções ou que
as moditiquem. sob pena de irregularidade. A entidade pode mesmo pedir ao
acareado que
conteste as declarações do outro, caso entenda necessario, podendo também requerer
o mesmo outros sujeitos ou os próprios acareados, mas a autorização tem sempre de
ser dada
pela entidade que preside ao ato. Numa fase ia terminal. sao feitas algumas
perguntas
convenientes ao acareados, para se alcançar a verdade e os fins deste meio de prova,
pela entidade que preside ao ato, sendo que em nome do contraditório a mesma
possibilidade deve
ser conterida aos aavogados. A estas perguntas tem o acareado de responder e com
verdade
salvo o arguido com recurso ao direito ao silencio ou outro invocando o art.1349
CeP
A inobservância destas normas procedimentais importa a irregularidade pelo
art.1239 CPP, em regra, salvo quando não naja as aavertencias previas que aeve
naver o que conauza proibição
de valoracão da prova ou a nulidade ou. entao. quando esteia ausente o defensor de
arguido. o
que implica a nulidade absoluta
4. Prova por reconhecimento
A prova bor reconhecimento baseia-se num ato de confrontacão visual para
comparar
percecões atuais e contemporâneas com perceções passadas, seia de pessoas, seia de
obietos
Ora. se assim o e entao o que se pode dizer e que o tacto que se quer provar e a
identidade das pessoas (art.147° CPP) ou dos objetos (art.148° CPP). Note-se, não
se trata de um subtipo da prova testemunhal, tendo autonomia e regime específico,
podendo um sujeito ser fonte da
prova testemunna e ser fonte da prova por reconnecimento. Alas, este e um meio de
prova
pertormativa, dado que se baseia, de acordo com esta nocao acabada de dar, em
informaçoes dadas por uma pessoa e quanto as suas perceções passadas e
comparadas com o decurso da experiência pessoal o que quer dizer que é preciso
mais "movimentação" no processo para a
Mr0ya
Este meio de prova e transversa a todo o processo. obviamente devendo-se articular
com
normas especiais que regulam cada uma das tases do processo e só valendo se forem
sempre cumpridos os trâmites do art.1479, sob pena de proibição de prova
dependente, como não deixa dúvidas o art.1479/7 CPP. Mas algo diverso já não é
tão líquido: se o reconhecimento for produzido numa fase anterior a da audiência de
iulgamento podem ser importadas para tal
audiência esse meio de prova? Entende-se que sim, desde que cumpridos os
requisitos do art.3569/1 e 3559/1 e 2 CPPbs, sendo que se o reconhecimento for por
declarações tem de ser contirmado pelo reconhecimento presencial para se conseguir
tanto
A sua direção cabe à autoridade judiciária (art°1/b) CPP) que preside à fase
processual em que se produz a prova, se bem que na fase de inquérito a direção
deste meio de prova é delegável
em OPC ctr.art.270° CPPl. mas se o identiticador dor testemunha aue tenha prestado
juramento entao ai so o despacho do MP pode promover o reconhecimento, segundo
o 270°/2/a) CPP. Note-se que se o MP - mediante o seu juízo de necessidade que
importa ser feito
para produzir este meio de prova - considerar pertinente a producao deste meio de
prova entao
não pode o juiz retirar-lhe forca, apenas o podendo fazer o superior hierárquico do
MP64. Se se tratar de despacho do JIC em fase de instrução então este despacho é
irrecorrível, conforme o prevê o art.2919/2 CPP, mas podendo já sê-lo o despacho
do juiz de julgamento (arts.3999 e 400ª CPe a contratio senso.
O art.1499 CPP pauta uma regra de separação de reconhecimentos quando várias
pessoas tenham de identificar uma ou mais pessoas ou obietos (n.1) ou uma só
pessoa tenha de
identificar varias pessoas ou obietos (n.2
As tipologias e o procedimento no reconhecimento de pessoas
A primeira distinção a ser feita no plano dos tipos de prova por reconhecimento tem
a ver com o obieto que se percecionou, com o tacto probando: pessoas ou coisas.
assim a prova por reconhecimento pode ser de pessoas (1479CPP) como pode ser de
objetos (148°CPP). E tenha-se em conta que a pessoa reconhecida não tem
necessariamente de ser o arguido ou um outro
suleito processual relevante, o reconnecimento de pessoas remonta a ldentricaçao de
"qualquer pessoa", aliás é só ver-se que pode ser relevante identificar-se qual a
vítima de um crime. Outro tipo é o da prova por reconhecimento através de outras
perceções sensoriais :
através do olfato, audição, tato, etc. Quanto a este tipo a lei portuguesa é omissa,
pelo que é
preciso saber qual o regime que se ine aplica, como e que se ine aplica e claro, se e
sequer
admissivel. Ora, o que se entende e que se trata de um meio de prova atipico,
segundo Germano
Marques da Silva, dado que não é proibido por lei, pelo que já sabemos que nos
termos do art.1259 CPP é admissível, sendo que de acordo com o Ac.TC 378/2007 é
aplicável
analogicamente o regime da prova por reconhecimento. Mas este meio de prova
ativico pode
ter de ser promovido por JiC, na medida em que pode haver contacto com o
identificando - veja-se o caso de se operar pelo tato o reconhecimento, onde há um
certa intromissão no identificando. No aue toca a tipologias mais concretas temos o
reconhecimento por descricão o qual opera através de exposição narrativa pelo
identificador de características, condições exógenas e exógenas da perceção passada,
e de quaisquer pormenores de que se recorda à autoridade que dirige a diligência
(1479/1 CPP). Outro tipo é o do reconhecimento presencial, o aual ocorre auando o
identificador é chamado a indicar aual a pessoa ou obieto que percecionou,
colocando "frente-a-frente" o identificador e identificando (1479/2 CPP). Note-se
que este tipo de reconhecimento só opera se, e recorrendo à linguagem legal, a
identificação (por descrição) não for cabal, o que quer dizer que a eyewitness
identification só ocorre depois de não ser cabal o reconhecimento por descricao aue
opera segundo o art.1479/1 CPP. Pode-se
mesmo dizer aue o reconhecimento presencial é subsidiário ao por descricão.
Temos. ainda. o reconhecimento por fotografia, filme ou gravação, no qual o
identificador é confrontado com algum daqueles tipos de reproducao mecanica e.
por al. identitica o aue se pretende identiticar
П47975 e 6 CPP). mas para valer com meio de prova este reconhecimento deve ser
procedido de reconhecimento presencial. Se houver este reconhecimento presencial
posterior àquele, mas nao se conseguindo identiticar o que ou quem se auer
identiticar entao o reconhecimento por fotos não é meio de prova autónomo e apenas
recairá sobre a livre conviccão enquanto prova testemunhal. Há ainda um outro tipo
de reconhecimento que é o reconhecimento com resguardo, o qual ocorre quando o
identificador deve ser protegido na medida em que é feita a identificacao sem a
presenca de eventuais identificados. para que a identiticacao ocorre
eficientemente e sem perturbações ou intimidações (1479/3 CPP). Este último tipo é,
por certa doutrina, não tiao como um veraadeiro tipo, mas apenas como uma rorma
de execuçao ao
reconhecimento presencial. Note-se que na a possibilidade de o reconhecimento
ocorrer via
videoconferencia, segundo o Ac.TRL de 30/10/2008
Aproveitamos para afastar aqui um "não tipo" que é o reconhecimento sucessivo, o
qual ocorre quando se contronta o indentiticador com demais suleitos, mas
isoladamente e um apos o outro sendo aue uma delas é o identificando ou seia é um
reconhecimento onde se "ouxa" o identificador a identificar quem se auer identificar
Estes tipos são aqueles que se dizem formais ou típicos. se bem que pode haver
reconhecimentos informais ou atipicos. mas estes so podem ocorrer em audiencia de
ulgamento e não tem autonomia, estanao ligados a um outro melo ae prova e servem
ate para aferir da credibilidade da fonte da prova. Por exemplo, será um
reconhecimento atípico aquele
em que uma testemunha. prestando depoimento. e chamado a indicar se o suleito a
que se
refere é alguns do que se apresenta no local, não configurando isto um verdadeiro
reconhecimento típico ou formal, porque não segue aqueles trâmites e, por isso, não
tem a autonomia65
A violação do disposto neste artigo configurará uma proibição de prova dependente,
nos termos do art.1189/3 para o qual nos remete a letra do art.1479/7 CPP. E veja-se
ainda que o reconhecimento e um ato tendencialmente irrepetivel, contudo perante
um vicio no primeiro então não está proibida a sua repetição.
De se considerar, ainda, é que este é um meio de prova iminentemente inquisitório,
não aberto a contraditorio. pois esse ocorrera noutros momentos. pelo que ocorrera a
renuncia ao princiDio
da imediação.
Direitos e deveres do identificandr
O identificando tem um dever de colaboração e node mesmo ser detido vara que seia
apresentado ao momento da producão deste meio de prova, de acordo com o
art.279/3/f) CRP e 2549/1/b) CPP. Aqui nem o direito à autoincriminação pode
conduzir um arguido a recusar-se
a particinar neste meio de prova. Acresce a este dever o tacto de o MP ter de
comunicar ao
identificando a exigência de comparência com uma antecedência mínima de 24
horas (art
272°/2 CPP), não obstante o previsto no art. 2729/3/b) CPP.
Também rao é obrigatório aue o identificando seia constituido como arguido. aliás
tal não consta do art.589/1 CPP, não obstante poder o identificando requerer tal
constituição, como se sabe é direito que lhe assiste no art.59° CPP, quando
cumpridos aqueles pressupostos e, também, não obstante ocorrer algum dos
previstos no art.599/1 CPP que, aí sim, já implique a
constituicao como arguido. Alias. nem os parece fazer sentido outra coisa: entao se.
como dissemos supra, o reconhecimento pode recair sobre "qualquer pessoa" com
relevância para o processo então não faria sentido estar a constituir como arguido
qualquer identificando, até
porque essa pode nem ser sequer a sua adequada qualidade processual.
No que toca ao defensor é de frisar que, nesta prova, não é obrigatória a presença de
defensor? independentemente do tipo de reconhecimento (cfr.art.64° CPP a contratio
sensu). Mas se o
identificando tiver sido constituido como arguido entao aqui este tem o direito de ser
acompanhado pelo seu defensor, segundo os arts.619/1/e) e f) e 629/1 CPP e, ainda,
claro que importa referir os óbvios casos do art.649/1/d) e 649/2 CPP. Parece,
também, de ser admitido o acompanhamento pelo identificando do seu defensor
quando assim o pretenda, porque só assim se garante a tutela da posição deste
suieito num prova de fonte nessoal.
Há ainda um dever que recai sobre o identificando se o juiz assim o ordenar: o dever
de proceder a certos reparos perante certos elementos novos reversiveis, como fazer
a barba, cortar o
cabelo, etc, como nos indica Pinto de Albuquerque e Costa Andrade.
O reconnecimento de obietos
Ao reconhecimento de objetos é mutatis mutandis aplicável o que supra dissemos,
aliás é até essa a vontade do legislador no art.1489/3 CPP.
Opera. em ormeira mao. um reconhecimento por descricao. segundo o art.14/2/1 ex
vI
art.1489/1 CPP e, não sendo suficiente, faz-se um reconhecimento "físico" parecido
ao do
147°/2 CPP, segundo o art.1489/2 CPP.
Claro que por se tratar agora de identificação de um objeto e não de pessoa então já
não releva
aqui o reconhecimento com resguardo ou os direitos e deveres do identificando
5. Prova por reconstituição do facto
A prova por reconstituicao do facto é uma reproducao. tao tie auanto possivel. da
situacao em
que se afirma ou se supõe ter ocorrido o facto e repetição do modo de realização do
mesmo.
podendo recorrer-se a documentacao por meios audiovisuais e podendo ser
designado perito
para acompanhar a diligencia, nos termos do art.150- CPP. Note-se que o auxilio
deste perito não torna esta prova como uma prova pericial, dando-lhe a força
probatória que essa, como veremos, tem. Apenas intervem como mero
acompannante para que a reconstituicao sela o
mais possivel eficiente e credivel. Ora. quer isto dizer que se encena uma certa
contiguracao
factual conforme descrita por algum interveniente processual, em função de se
perceber se tal contiguraçao poderia ter ocorriao nesses moldes aescritos e como
ocorreu eretivamente, pelo que é isto que fundamenta este meio de prova. E
excecionado o princípio da publicidade dos arts.86° e 87° CPP, com o art.1509/3
CPP a prever que esta deve ser, na medida do possivel, feita em segredo
Na medida em que o era a prova por reconnecimento, esta e uma prova
pertormativa, porque imolica uma "movimentação" no processo aue não é habitual
num meio de prova. A isto acresce
o facto de esta prova ser algo discricionária na sua execução, ou seia não é de
execução vinculada na medida em que a lei impõe certas tramitações estanques para
a sua realização, havendo uma ampla margem da forma como pode ser feita. E de se
realçar que este é um meio de prova autónomo, obviamente, pelo que se forem
reproduzidas declarações durante esta reproducao entao essas nao sao
autonomizaveis da prova por reconstituicao. ou seia nao
passam a ser uma prova por declaracoes ou um depoimento. mas cingem-se sim a
este meio de prova agora estudado por visarem a tal reproducão tão fiel auanto
possivel aue a lei requer.
Contudo, não há reprodução sem verbalização, pelo que se o arguido for advertido
dos seus direitos - presenca do seu defensor e direito ao silêncio - então não parece
haver motivo para desvalorar as suas declarações no âmbito da reprodução®,
especialmente se não há qualquer das situacoes dos arts.1269/2 CPP e 329/8 CRP.
Também node este meio de prova ser lido ou
reproduzido em audiência de julgamento, precisamente por não se poder confundir
com a prova por declarações, não violando o art.357° e nos termos do art.356°/1/b)
CPP.
Para admissibilidade deste meio de prova tem de ser teito um luizo de
necessidade.como breve
a letra do art.1509/1/1ª Parte CPP, juízo de necessidade esse que deve ir ao encontro
do thema
probanaum, mas isto ja nos bem sabemos. Neste juizo de necessidade há casos em
que é indubitável que o facto "aconteceu mesmo assim", conforme descrito, pelo que
aí nem necessidade ha de ser teita a reproduçao. Tal juizo de necessidade incumbe à
autoridade indiciaria competente pela tase processual em que se visa produzir este
meio de prova. sendo
de legavel. no decurso do inquerito. nos OPC Delo MP nos termos do art.2/0° cPP.
No despacho
promovido pela autoridade judiciária deve constar indicação sucinta de alguns
dados, como obleto, ala, nora e local em que ocorrera a alligencia probatoria e
demais contornos gerais desta
diligencia, sob pena de irregularidade (art.123- CPP). se algum sujeito processual o
requerer, mas for indeterido o requerimento aue promova esta diligência então isto é
atacavel por via de
reclamação hierárquica para o superior do MP em fase de inquérito e por recurso do
despacho
do luiz em tase de lulgamento. mas em tase de instrucao o despaco do Jc e
inatacavel. nao
obstante poder ser reclamado lctr.art.2919/2 CPP).
O arguido tem o dever de colaborar segundo o art.619/6/d) CPP, ou seia deve acatar
as ordens
que lhe sao aadas no aecurso na ailigencia, contudo se tiver que verbalizar algo que
o incrimine
pode remeter-se ao ja nosso conhecido direito ao silencio. A presença de detensor e
obrigatoria nos casos do art.649/1/d) CPP, sob pena de nulidade insanável
(art.1199/c) CPP), contudo nada obsta a que este esteja presente, sendo que quando
for considerado necessario pode ser
nomeado um detensor pelo art.64572 Cep
Se durante a diligência o arguido, de alguma forma, envolve outro arguido deve ter-
se especial atenção à força probatória dada a esta prova, sendo pertinente corroborar
com outra prova isto, segundo o Ac.STJ de 20/04/2006, se bem que o art.345°/5
CPP afasta logo a possibilidade de valoracão dessa prova se o arguido incriminador
do outro se recusar a resnonder as nerguntas
que lhe são feitas em audiência de julgamento.
6. Prova pericial
A prova pericial é um meio de prova pessoal, dado que é uma pessoa a fonte da
prova - o perito
-. que ocorre perante a necessidade de apreciar tactos de acordo com especiais
conhecimentos técnicos. científicos ou artísticos. É uma atividade com especial
forca probatória. dadc
excecionar o princípio do art.1279 CPP, pelo que se da uma superior força aquilo
que for a conclusão do perito (art.1639/1 CPP), não obstante poder o iuiz discordar
do relatório pericial.
contudo para tanto deve fundamentar tal discordância lart.1639/2 e 3749 CPP). A lei
fundamental ainda nreve no seu art.2079/3 CRP o recurso a este tino de institutos
com vista à
realização da justiça.
No nosso ordenamento jurídico-processual penal a tipologia dominante é a da
perícia oficial, dado que a lei, como veremos, remete para organismos públicos a
competência de realização da função pericial, através de "peritos-funcionários" que
são nomeados por autoridade judiciária e, salvo exceções, incumbirá a órgãos
estatais a sua realização (cfr.art.152° CPP). Quer isto dizer que não impera uma
pericia contraditória a qual permitiria que os peritos fossem os
escolhidos pelas partes. contratando-os para o eteito, pelo que estes exerceriam a
funcao
pericial mediante a direcao da parte contratante e não sob a direcão e controlo do
tribunal ou
autoridade judiciária. Este perito não mereceria mais do que um estatuto similar ao
da testemunna, sendo mesmo desienado por expert witness. Apesar de tudo isto, e ae
operar a perícia oficial, o perito designado mantém a sua autonomia técnica,
científica ou artística na execução desta função. Importa, ainda, notar-se que a
perícia pode ser prova legal vinculada negativa ou necessária (a qual ocorre quando
a própria lei imponha a realização de uma perícia para prova de certo facto ou,
então, a lei não o obriga, mas os factos em si só são provados com uma perícia), pelo
que se a perícia não ocorrer então o tribunal não pode dar como provados os factos
que careceriam de tal perícia. Em contraponto temos a prova legal positiva ou
suficiente,
perante a qual o juiz so teria de dar o facto como provado perante esse meio de
prova. mesmo
que a sua conviccao discorda-se do conteudo da prova. claro esta. nao obstante o
1639/2 CPP
Temos ainda casos de perícia alternativa ou fungível a qual ocorrerá quando os
factos careçam de afericão técnica, científica ou artística, ou seia de perícia, contudo
podem dar-se como provados. ou não. por outro meio de prova
A perícia oficia
Vimos já que o regime da perícia no ordenamento jurídico-processual penal é o da
perícia oficial.
Ora, o art.152° CPP vem demonstrar isso claramente, ao remeter para
estabelecimentos laboratórios ou servicos oficiais apropriados a realizacão da
perícia, não obstante este mesmo
1529/1 CPP permitir, subsidiariamente, que a perícia seja feita por entidade não
oficial, desde logo por sujeitos que conste de lista de peritos que existe em cada
comarca e, em último recurso sera perito o suleito a quem sela reconnecida
nonorabilidade e competencia para a materia em
causa. Desrespeitando-se esta ordem legal então estamos perante um irregularidade,
nos termos do art.123° CPP. Exceciona esta regra geral as perícias médico-legais e
forenses, segundo o art.159° CPP, ao conferir exclusiva competência ao Instituto
Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) as perícias que recaiam
nas atribuições deste (art.1599/1 CPP). Não obstante, mesmo aqui este Instituto pode
contratar com terceiros a realização da perícia, sejam estes entidades publicas ou
privadas. mas para tanto e preciso haver uma mantesta
impossibilidade dos serviços o que contigura uma exceção, como a propria lei o diz
art.1594/1
CPP).
O art.1529/2 CPP dedica-se as perícias de especial complexidade, o que configura
um conceito indeterminado. e a vericias em aue se note serem precisos
conhecimentos de mais do aue uma
área. nelo aue prevé aue a pericia funcione em regime colegial ou interdiscinlinar.
Será colegial
quando os peritos tenham todos a mesma ou similar competência sobre a matéria e,
aqui, o art.4689 CPC ex vi art.49 CPP diz-nos que esta perícia colegial funcionará
com três peritos. Será interdiscinlinar auando os peritos seiam esnecialistas em
matérias ou discinlinas distintas e aqui
a perícia usará da quantidade de peritos que se afigurar necessária. Desrespeitado
este procedimento entao estamos face a uma probicao de prova independente. nao
podendo ser valorada.
A funcao do perito e sua remuneracao
O art.153° CPP prevê aquele que é o estatuto do perito. Ora, diz logo o art.1539/1
CPP que o perito deve desempenhar idoneamente, independentemente e
diligentemente a funcão para a qual foi nomeado, nao obstante o regime de
impedimentos, recusas e escusas do art.4/° e ainda, caso se verifique o dispostos no
art.1529/2 CPP, se bem que neste último caso o legislador impõe a realização da
perícia quando for urgente ou houver periculum in mora, pelo que a celeridade e
rapidez da pericia é atenção do legislador. Fora estes casos o perito e mesmo
obrigado, note-se que é mesmo este o termo usado pelo art.1539/1 CPP. Tanto pode
ser o perito a pedir a escusa como poderao ser os demais intervenientes processuais
a pedir a recusa. como
nos diz o art.153-/2 CPP, competindo a autoridade judiciaria competente pela
direção da tase
processual em que ocorra a decisão do requerimento de escusa ou de recusa.
Há ainda, nos termos do art.160°-A/1 CPP, a possibilidade do perito designado pela
autoridade
ludiciária contratar com terceiro para que seia este a proceder a pericia dos arts.1529
e 1609
CPP, mas para tal este terceiro não pode te interesse na decisão nem qualquer
ligação ao assistente ou ao arguido ou demais suieitos processuais. Isto vai de
encontro à vontade de celeridade e eficiência que se pretende na perícia, não
obstante ter o terceiro contratado de ser dotado dos especiais conhecimentos
necessarios para realizacao da pericia e estando este
Igualmente suleito a toaos os aeveres ao perito
O incumprimento do perito da diligencia na sua funcao pericial. por exemplo no que
toca ao
incumprimento do prazo para apresentacão do relatório pericial pode conduzir a sua
substituição, nos termos do art.1539/3 CPP, mediante despacho devidamente
fundamentado do porquê da substituição, sob pena de irregularidade segundo o
art.123° CPP. A decisão da substituição do perito é irrecorrível, como nos diz o
art.15393/in fine CPP. Mais: o incumpridor e substituido perito é chamado a prestar
declarações perante a autoridade judiciária que o
designou, visando aterir aos motivos pelos quais incumpriu aquele perito com as
suas tunçoes
podendo ser condenado no pagamento de sancao pecuniaria no valor da soma entre
1 Uc e 6
uC. sendo que para tanto tem de concluir o juiz que houve uma grosseira violacao
dos deveres
que ao perito que foi substituído assistiam. O requerimento de pagamento de multa
pelo perito substituído pode ser mediante requerimento ou oficiosamente. Além
disto o perito substituído pode não ter direito a qualquer tipo de remuneração,
segundo o art.1629/2 CPP. Tudo isto segundo o art.1539/4 CPP. Mas note-se que
caso o perito entregue o relatório pericial fora de prazo, mas caso tenna sido aceite
aquele ou não tenna naviao qualquer censura por parte aa
autoridade iudiciária então este regime iá não se anlica
A remuneração do perito é matéria do art.162° CPF
O nrocedimento
O despacho aue ordena a pericia
A autoridade iudiciária cometente pela fase processual no qual ocorrera a pericia é o
competente para promover este meio de prova, seja mediante requerimento que lhe
seja apresentado, seia ex officio (art.1549/1 CPP). Esta decisão provém mediante
despacho e será
irrelevante se o suleito processual aue requereu a pericia pretenda desistir de a.
porque e a autoridade judiciária que cabe decidir da sua necessidade. É também algo
delegável em OPC nos termos do art.270° CPP, mas caso se trate de perícias
psiquiátricas ou sobre a personalidade ou caso se trate de perícias médico-legais
então a delegação é proibida nos termos do art.2709/3
CPP. Caso se trate de uma pericia fisica ou psiquica que recaia sobre pessoa que não
consente nisso então apenas o juiz, em princípio JIC, é que pode decidir pela perícia
(art.154°/3 CPP). Mas não quer significar isto que a perícia sobre a pessoa pode ser
imposta coercivamente, como o já poderá ser um exame. Ouer isto dizer aue se a
verícia for ordenada. mas recusada velo "obieto"
dela então este indiciara crime de desobediência nos termos nenais. A nericia fisica
não é
qualquer uma que recaia sobre o corpo da pessoa, mas sim aquela que atente à
integridade física e à reserva da intimidade do visado. Se este tipo de perícia for
determinado por outrem
que não iuiz então estamos face a uma proibicão de prova nos termos do
art.1269/2/a CPP
Esta perícia é, também, realizada nos termos do art.1569/6 CPP, ou seja por médico
ou afim e
sempre protegendo-se a pessoa visada na sua saude o despacno deve indicar.
contorme diz a lei, o obieto da pericia, os quesitos a que o perito deve
responder no relatorio pericial e, ainda, das instituição, laboratorio, etc que
procedera a pericia (art.1549/1 CPP). Visam estas indicações conferir ganhos de
eficácia e celeridade à perícia, de forma a que se seia possível o perito iniciar o seu
trabalho sabendo sobre o que será "periciado"
- o obleto - e tendo ia um tio condutor sobre a que questoes deve responder o
relatorio - os
quesitos. Neste sentido vai também o art.1549/2 PP ao nrever que a informacão re
evante deve
ser passada ao perito e em caso de informaçoes supervenientes relevantes para a
pericia deve
tambem serem passadas ao perito. sempre que tal releve para a pertinencia do pedido
ou obieto
da perícia, sendo que se devem acompanhar os novos quesitos que careçam agora de
resposta
oricial
Este despacho é comunicado a todos os participantes processuais, no prazo de três
dias, se bem que não o será ao MP quando ele for o seu autor, obviamente
(art.1549/4 CPP), sendo que esta publicidade é excecionada caso haja perigo
emergente da sua publicidade e se se estiver em fase de inquérito (art.1549/5/a)
CPP) ou em casos de urgência ou de perigo na demora o justifiquem (art.1549/5/b)
CPP).
Os consultores técnicos
Vimos que a perícia, em Portugal, é oficial, contudo é permitido, num subtil toque
de perícia
contraditoria - se e que sequer assim o podemos chamar - que os suleitos processuais
designem
alguém da sua confianca. também eles com especiais conhecimentos quanto a
matéria em
apreco, para que acompanhe a perícia: são estes os consultores técnicos, previstos no
art.1559
CPP, nao obstante poderem os sujeitos, eles mesmo, assistir a pericia, conforme o
preve também o 1559/1 CPP. Este consultor técnico tem de ser admitido pela
autoridade judiciaria
competente pela fase processual, sendo que não deve tecer considerações face às
aptidões daquele consultor, não obstante admitir a doutrina que caso seja manitesta a
falta de aptidão então seia recusado vela autoridade iudiciária esse consultor O aue
iá seria de esperar é a não possibilidade do consultor técnico marcar presença nas
perícias médico-legais, como decorre do art.3° do Regime Jurídico das Perícias
Médico-Legais e Forenses que exclui a aplicacão dos arts 1549 e 1559 CPP71 Tal
seria de esnerar dada a intromissão da reserva da privacidade aue isso implicaria.
O consultor técnico pode participar na perícia (art.1559/2 CPP), mas sem nunca a
atrasar ou imbedir o seu andamento normal lart.1549/4 CPP1. Ao tim ao cabo o
consultor técnico pode
sugerir certos atos, e formular considerações e objeções, constando do auto da
diligência e que ficam sujeitos à livre apreciação da prova pelo juiz), desde que
respeitado o tal limite do art.1549/4 CPP. Se tais considerações não constarem do
auto. ou nem sequer tiver sido lavrado.
está-se perante uma mera irregularidade. Violando este tal limite então pode a
autoridade
judiciária proferir despacho para que seia afastado este consultor técnico, dado que
ele deve ter um brio protissional como o que deve ter o proprio perito. Mas ia se o
consultor tecnico for
apenas designado apos a realizacao da pericia entao o art.1549/3 CPP indica aue este
tem o
direito a conhecer do relatório, contudo tal é excecionado se se verificar o disposto
no art.154°/5/a) CPP, ou seja se se se estiver em fase de inquérito e se houver perigo
emergente da comunicação daquele relatório. Além desta exceção, o relatório não
pode ser afastado do consultor técnico.
Tanto o despacho que não admite o consultor técnico, como aquele que o pode
afastar, são atacáveis por via de recurso quando emanados por iuiz, se verificados os
dispostos nos arts.3999 e 401° CPP, e sindicavel por via de reclamação hierarquica
quando emanado pelo MP
Deve notar-se que em audiência de julgamento o consultor técnico pode intervir
acompanhando o advogado, para uma melhor assistência, ou pelo art.350° CPP ser
mesmo chamado a depor, sem aue preste juramento. mas com um dever de
responder com verdade em nome da
colaboracão.
O Procedimento propriamente dito)
O art.1569 CPP dedica-se a tecer algumas considerações auanto ao procedimento
aue deve notar-se na pericia, para que esta alcance a desejada eficacia no melhor que
a celeridade pode
permitir.
Antes de tudo o perito presta compromisso para com a justiça, que serve para
comprometer-se
ao cumprimento das tuncoes que lhe sao contiadas. nos termos do art.919/2 CPP.
Por esta
forma, são responsáveis os peritos pela perícia, contudo tal compromisso não ocorre
iá se o perito for funcionário público e intervier no exercício dessas funcões
(919/6/b) CPP), dado que
este compromisso esta implicito no seu vinculo laboral publico
No decorrer da perícia a autoridade judiciária pode ir formulando quesitos adicionais
aos que constam do despacho - nos termos já por nós abordados supra, do art.1549
CPP - se considerar
relevantes e convenientes. sendo aue a iniciativa de tal formulacao pode ser da
propria
autoridade judiciária ou a requerimento dos peritos ou dos consultores técnicos
art.1569/1
CPP).
A autoridade judiciária deve assistir à perícia, como decorre do art.1569/2 CPP,
contudo como também decorre daquele artigo, tal não é imperativo. Só se impõe tal
presença quando for possível e conveniente, pelo que a autoridade judiciária deve
justificar o motivo que leve a ser ausente na pericia. Ao mesmo tempo. pode
permitir que estelam presentes o arguido e o
assistente no decurso da pericia, não obstante o limite ser o da pericia poder otender
o pudor da pessoa objeto da perícia. Neste tópico, a doutrina tende a também aceitar
que a parte civil, na perícia por si requerida, possa também marcar presença', apesar
da lei não o referir
exoressamnente.
Também poderá ser pertinente ser esclarecido o perito quanto a certas informações
do processo. pelo aue mediante o seu requerimento e decisão da autoridade
iudiciária. pode o perito ter acesso a informacoes do processo. nos termos do
art.1569/3 CPP. No mesmo sentido
vai o art.1569/4 CPP, mas aqui já quanto ao despacho que ordena a perícia que não
contenha
elementos como o obieto da perícia ou os quesitos, ou seia os elementos do
art.1549/1 CPP pelo aue o perito deve requerer tal esclarecimento no prazo de cinco
dias. para aue rapidamente
tal esclarecimento seia feito. Este é mesmo um ónus do perito. dada a eventual
impossibilidade
que a perícia, sem aquelas indicacões, pode ter quanto à sua execucão. Se o seu
requerimento não for satisfeito então deve reiterar o requerimento.
O perito está adstrito a um dever de reserva dos elementos de que tome
conhecimento no
exercício da perícia e só podem ser usados tal elementos dentro do objeto e dos fins
da perícia, não podendo extrapolar esse âmbito, segundo o art.1569/5 CPP. Isto
releva pelo motivo de tais
elementos não poderem ser usados noutro processo. nem pode o perito. noutro
processo.
referir-se a estes elementos, dado este limite, dada esta imposição legal. Se o fizer
está-se
perante uma proibicao de prova, proibindo-se a sua valoracao e pode ate mesmo o
perito incorrer em responsabilidade venal. É de se notar aue o verito é tido como
funcionário velo conceito penal do art.38691/c CPP, pelo que pode incorrer nos
crimes cometidos por funcionários, por exemplo no crime de violação de segredo do
art.383° CP. Claro está que se a nessoa-nerito está despido desta veste e assiste a um
evento isso permite que deponha como
testemunha num processo, e não como perito. Quer isto dizer que tem de haver uma
causalidade no aue toca ao exercício das funcões de perito no processo e na
aquisicão daqueles
elementos
Note-se que se o perito tiver necessidade de destruir, alterar ou afetar algum objeto
para realizar a perícia então tal é admissível mediante requerimento e autorizacão
pela autoridade
ludiciaria. com a devida mencao nos autos. nos termos do art.1619 CPP
O art.1569/6 CPP refere que as perícias previstas no art.154°/3 CPP, ou seja as
perícias sobre as características físicas ou psíquicas da pessoa que não as consinta
mas autorizadas pelo juiz, só
podem ser realizadas por médico ou outro técnico autorizado e de superior qualidade
tutelando-se sempre a saúde da pessoa objeto da perícia, conforme já vimos no
âmbito do despacho que ordena a perícia. Realizada por pessoa com outra qualidade
então está-se face a
uma proibicao de prova e se nouve emprego de torca. recurso a sedativos ou a não
autorizacao
pelo juiz da realização desta perícia então a consequência é, obviamente, a proibição
de prova segundo o art.1269/1 e 2/a) e c) CPP. Aqui, a perícia deve ocorrer em lugar
reservado, por pessoa
do mesmo sexo do visado com especial atencao aos menores. porque a ofensa ao
pudor pode
ser especialmente pesada aqui. contudo, estas regras nao sao estanque e podem
mesmo ser alteradas caso seja requerido e se ache pertinente ou caso não haja
técnico do mesmo sexo disponível, por exemplo. Também será de se aceitar a
presenca ou acompanhamento de pessoa de contianca ou de advogado velo suleito
sobre auem recai a pericia
Quando se trate de pericias a sangue ou outras células, sejam as presentes em sémen
ou outros o art.1569/7 CPP refere que tais amostras e exames só podem ser usados
para aquele processo
ou noutro la instaurado. mas nunca para processos posteriores ao do momento da
pericia
devendo mesmo ser destruídas tais amostras mediante despacho do juiz a partir do
momento que selam aesnecessarias. a violaçao deste aisposto contigura uma
proibicao ae prova, não
podendo ser valoradas pelo que se trata de uma proibicao de prova independente,
porque o art.1569/7 CPP dá a entender isso quando diz que "só vodem ser utilizadas'
O relatório pericial, os esclarecimentos e a nova perícia
Decorre do art.i5/9/1 Co. que tindando a pericia o perito deve apresentar. na forma
escrita. o
relatório bericial. o aue signitica que a juncao de gravacao ao processo. sem mais.
não faz as
vezes deste relatório. mas se este for transcrito então noderá iá fazê-lo. Ainda como
diz este
artigo, o relatorio deve descrever as respostas e conclusoes rundamentadamente, ou
sela deve esclarecer os auesitos formulados. conforme iá mencionámos. dos arts.
1549/1 e 1569/1 CPP
mas ainda ir ao encontro do obieto da pericia. Esta fundamentacão é deveras
essencial. na medida em que permite perceber o porquê das conclusões da perícia,
partindo-se dos juízos tecnico. cientiticos e artisticos aue o perito fez. que constam
da fundamentacao. ao mesmo
tempo será nesta fundamentação que se centrará o objeto de uma eventual
impugnação do relatorio pericial. Nem outra coisa seria de esperar, race ao valor
acrescido que este meio de
prova tem (ctr.art.164° CPP), pelo que a consequencia da falta desta fundamentaçao
conduz-nos ao art.158° CPP e, mesmo não suprindo a deficiência por esta via, pode
ser afastado o valor probatório da perícia do art.1639 CPP pelo juiz aquando da
sentença. Ao mesmo tempo o relatório tem limites, não podendo o perito ir além da
matéria que recai na perícia e nos seus
especiais conhecimentos. sob pena de tal opiniao naoter aualquer tipo de valor.
Sendo obscuro.
dúbio ou paradoxal o relatório pode promover-se pedidos de esclarecimentos, nos
termos do art.1589/1 CPP, sendo que estes esclarecimentos podem ser requeridos ou
promovidos oticiosamente. conforme refere aquele artigo. Mais: pode mesmo
realizar-se nova pericia ou que seja renovada uma anterior por outro perito", se tal
for pertinente e mediante decisão fundamentada pela autoridade judiciária, esta
igualmente mediante requerimento ou ex officio.
Se esta decisao nao for fundamentada entao o vicio é o da irregularidade (1239
CPP). A nova
pericia ou a renovacão da anterior pode também ocorrer se o perito. ouvido em
audiencia. muda
de opinião quanto à perícia que ele próprio fez. Se os peritos que prestam
esclarecimentos integrarem estabelecimentos. laboratórios. etc oficiais - na plenitude
da verícia oficial - então ha que se notar a especificidade do art.158-/2 CPP, sob
pena de irregularidade (123- CPP), nao obstante este poder ser convocado a estar
presente por achar o tribunal pertinente. Este relatório é comunicado, também para
estes fins acabados de referir, aos sujeitos processuais e aos consultores técnicos
designados apos a realização da pericia, conforme já vimos, mas sem prejuízo do
disposto no art.1559/3 e 1549/5/a) CPP, sob pena de irregularidade nos termos do
art.1239 CPP.
Quando a pericia for plura - vimos acima aue pode ser colegia ou interdisciplinar.
nos termos
do art.1529/2 CPP - se os peritos concordarem no desfecho da perícia então nada
obsta a que possam apresentar apenas um relatório pericial. Mas havendo
discordância diz iá o art.1579/5
CP? que cada uma dos peritos apresenta o seu proprio relatorio pericial. mas na
pericia colegial
pode na mesma apresentar-se um apenas relatório pericial no qual sejam pautadas as
discordâncias e o resultado ser o da maioria, tendo opiniões vencedoras e a opinião
vencida
No que toca à tempestividade de apresentação do relatório pode-se dizer que há
alternativas à impossibilidade de ele ser imediatamente apresentado no final da
perícia, conforme prevê o art.1579/1 e 2 CPP. Sendo apresentado nestes moldes este
pode ser ditado para auto e, se não o for. pode ser junto ao processo atraves de
documento escrito. Mas caso naia a tal
impossibilidade desta apresentação, então a autoridade judiciária pode fixar um
prazo não superior a 60 dias para este fim, sendo que quando se note especial
complexidade pode ainda haver uma prorrogação por mais 30 dias (art.1579/3 CPP.
Ocorre este prazo excecional mediante requerimento iustificado por parte do perito.
Sendo iá dispensavel o relatorio pericial
para os fins da acusação ou da pronúncia então a autoridade judiciária pode autorizar
que tal
relatório seia apresentado apenas até à abertura da audiência de iulgamento
(art.1579/4 CPP).
Mas note-se aue se o perito prever que nao conseguir cumprir os prazos aue e
tenham sido
imnostos - aualquer um dos sunramencionados - então ele mesmo deve comunicar
isso a
autoridade judiciária para que esta proceda à substituicão do perito, como prevê o
art.1609-A/2
Não sendo apresentado o relatório pericia ou. até. não assumindo a forma escrita
então é
inexistente, podendo o perito ser substituído nos termos do art.1539/3 e 4 CPP e ser
promovida nova pericia art.15827i/0) cep. Apresentando o perito um relatorio
pericia falso entao tanto
ainda indicia o crime de ta sidade de pericia. p.o. art.360° CP
As especiticidades
Da perícia médico-regar e forense
AO longo do que tomos mencionando supra tomos ia fazendo reterencia a algumas
especificidades da pericia médico-legal e forense, contudo nada obsta a uma
repetição e concolidacão mais detalhada.
Atualmente, o Instituto publico competente para este tipo de pericias. e ao quase
retere o
art.159° CPP, e o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciencias Forenses
INILCF, I.P..
São competentes as delegações do INMLCF e aos gabinetes médico-legais quando a
matéria em causa recaia sobre as suas atribuições, segundo o art.159°/1 CPP,
atribuições essas referidas na Portaria 19/2013, da qual constam os Estatutos deste
Instituto Público. Esta competência é ainda reforçada pela Lei 45/2004, de 19 de
agosto (doravante RJPML) no seu art.29/1, ao prever a obrigatoriedade de tais
perícias nestes moldes. As principais competências dos gabinetes médico-legais
constam do art. 169 dos Estatutos do INMLCF. ou seia daquela Portaria ainda agora
referida. Sucintamente passam pela realização de autópsias médico-legais e afins,
realização de exames e perícias em pessoas, para descrição e avaliação dos danos
provocados na integridade psicofísica e outras competências desde que autorizadas
pelo Conselho Diretivo do
INMLCF. Referir que se se tratar de autópsias médico-legais então a pericia foge já
do âmbito da delegação de competências, o que quer dizer que OPC não pode
promover esta perícia, apenas e só a autoridade judiciária o pode fazer
(cfr.art.270°/3 CPP).
Também vimos ia aue excecionalmente pode o INVIC- contratar ou indicar terceiros
para que realizem as perícias médico-legais, segundo o art.1599/2 CPP e, ainda, o
art.29/2 RJPML, mas tal só ocorre se for manifesta a impossibilidade dos serviços
do Instituto. Ainda pode o INMLCF
contratar médicos para realizarem as pericias nas comarcas onde os servicos e
delegacoes do
Instituto não operem, conforme prevê o art.1599/3 CPP (cfr.arts.289, 299 e 31°
RJPML). Estas
delegações podem ser consultadas no Anexo n.° 1 dos Estatutos do INML, ou seja
da Portaria
19/2013, de 21 de janeiro. Outro caso é também o dos profissionais do Instituto não
terem a especialização para tal perícia, pelo que o art.1599/4 CPP e pelo art.29/4
RJPML, pode o Instituto contratar esse serviço num serviço público ou privado ou
num serviço universitário. Já se a pericia medico-legal e forense tiver aue ser
realizada em laboratorio e caso seia necessario o
Instituto pode contratar ou indicar entidades terceiras para tal fim. segundo o
art.1599/5 CPP e
art.29/5 RJPML. No que toca a perícias referentes a genética, biologia ou
toxicologia forenses refere o art.239/3 RJPML que pode o tribunal solicitar
diretamente as entidades do art.29/5
RIPMLa realizacao destas pericias. ou seia a entidades terceiras. seiam elas publicas
ou privadas
não obstante continuar a ser competência paradigmática do INMLCF. Ja exames
periciais complementares que requeria o INMLCF no âmbito de uma perícia que
esteia a realizar então o art.99 RJPML refere aue o Instituto pode celebrar protocolos
com médicos ou técnicos para
O art.1599/6 e 7 refere-se já às perícias psiquiátricas, com o n.6 a remeter para o
supramencionado. Contudo o art.249 RJPML refere que as competência é na
mesma, de _NMLCE e. na incapacidade. deve recorrer-se aos servicos do Servico
Nacional de Saude.
tentando não se fugir muito da génese daquilo que é a perícia oficial. Este tipo de
perícia é obrigatório nos termos do art.209/1 e 2 CP, referentes à questão da
inimputabilidade e da inimputabilidade diminuída do arguido, não obstante poder
ser requerida para outros sujeitos processuais e para aferir de eventual anomalia
psíquica. O 1569/7 CPP permite que pessoas como o representante legal do arguido,
o cônjuge não separado de pessoas e bens ou, na falta destes, ascendentes, adotantes
e outros que o artigo enumera possam requerer esta pericia, contudo a autoridade
ludiciaria deve aferir e decidir da necessidade disso, dado o efeito
estigmatizante que tem estas pericias. Esta pericia pode ser requerida a todo o
tempo, sendo que na audiência de iulgamento deve ser requerida se se suscitarem
dúvidas quanto à inimputabilidade do arguido, seia a requerimento seia ex offício,
nos termos do art.3519/1 CPP e 202/1 CP, sendo que isto pode levar a interrupçao
da audiencia e seu adiamento art.3515/4
CPP). Se se tratar da inimputabilidade reduzida então já não se trata de um dever do
tribunal mas sim de um poder, segundo o art.3519/2 CPP e 209/2 CP. Encerrada a
audiência de iulgamento fica impossibilitada o requerimento desta verícia/
-A recolha de vestigios biológicos e a sujeição a exames
A recolha de vestígios biológicos, por exemplo recolha de saliva ou similares,
levanta algumas controvérsias doutrinais e jurisprudenciais, pelo que aqui nos
referiremos a elas de uma forma muito sucinta.
Bem se está a ver que tem de provir de autoridade judicial - ou seia JIC ou juiz de
julgamento - o despacho que protira a recolha destes vestigios por quem neles não
consinta. exatamente
porque se atentam a direitos fundamentais do arguido (ctr.art.2699/1/b)CPP).Caso
contrário a
prova está minada pela violação destes direitos pelo que configurará uma proibição
de prova
independente. nos termos do art.1269 CPP76 Do mesmo vício padece a recolha
destes vestígios sem tal despacho. Com tal despacho aceita-se aue seia compelida
uma certa "forca" para aue opere tal recolha, obviamente sempre dentro do limite
que a proporcionalidade impõe/7
E na mesma lógica vai a suieicão a exame pelo suieito sobre quem recai a perícia, o
que fundamenta até esta possibilidade coativa de realizacao dos exames e recolhas
biologicas. Ora.
diz-nos o art.1729/1 CPP que pode a autoridade judiciária competente compelir
aquele a sujeição a exame, sempre impondo-se o limite que o art.1729/3 CPP prevê.
Aliás, este é mesmo um dever do proprio arguido, como se retira do art.61-/6/a) cPP,
designadamente devendo sujeitar-se as diligências probatórias para as quais for
devidamente convocado, pela lei ou pela
entiaade judiciaria competente
E a corroborar tudo isto vai o art.6° RJPML que obriga a tal colaboração, não
permitindo que
quem auer aue seia se exima a tais exames guando tal se afigure necessário para os
fins do processo
E é nisto que se baseia esta querela. E que pondo na balanca dos interesses
prevalecentes nerceber-se-a que. pondo num brato. o interesse de procura e alcance
da verdade material e o
interesse processual-penal e, no outro prato, a integridade física do visado e ainda
face ao facto que a coatividade necessaria para proceder a tais recolas e aiminuta
entao a balança tera que
recair e tazer prevalecer aquele primeiro interesse. Obviamente. e como esta ia
implicito nisto
que acabamos de dizer, o princípio da proporcionalidade - como em tudo - ganha um
forte pendor para aferição casuística da admissibilidade de tal recolha ou não78, É
que mesmo não pode ser invocado o direito à não autoincriminacão. voraue o visado
tanto pode ser arguido como objeto da prova, segundo o Tribunal Europeu dos
Direitos do Homem. E tudo isto acaba
por ser estenaldo aos testes ae aicoolemia que pela recoma ae sangue alcancam o
grau de
alcoolemia e de tal extensão é exemplo o Ac.TRC de 21/11/2007.