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UNIFTC- FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

BACHARELADO EM DIREITO

ESPÉCIES DE CONTRATO: FIANÇA


Direito Civil III

DOCENTE: CAMILA ANDRADE


DISCENTE(S): GISLANE SANTOS, HENRIQUE FERREIRA,
MICHELE BARRETO, THYRCIANA TEIXEIRA

JEQUIÉ-BA
2022
Discentes: Gislane Santos, Henrique Ferreira, Michele Barreto, Thyrciana
Teixeira

ESPÉCIES DE CONTRATO: FIANÇA


DIREITO CIVIL III

Trabalho apresentado no curso


de graduação da UNIFTC- Faculdade
de Tecnologia e Ciências. Orientado
pela docente Camila Andrade.

JEQUIÉ-BA
2022
O QUE É UM CONTRATO DE FIANÇA?

É um negócio jurídico por meio do qual o fiador garante satisfazer ao


credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra (art.
818 do CC-02; art. 1.481 do CC-16). A fiança é um contrato firmado entre
credor e fiador, não tendo a participação obrigatória do devedor.

CARACTERÍSTICAS
O contrato de fiança, por sua natureza, é uma forma de garantir o
cumprimento de determinada obrigação, e por isso é um contrato acessório,
que está diretamente relacionado a um negócio principal. Dessa forma, se o
contrato principal é inválido, o contrato de fiança também terá a sua validade
prejudicada.

Em decorrência ainda do caráter acessório do contrato de fiança,


tem-se que o fiador se aproveita de todas as defesas a que o devedor principal
teria em relação ao credor.

Um aspecto importante a ser dito e que se relaciona com o caráter


acessório do contrato de fiança se dá em relação às obrigações naturais, ou
seja, aquelas que não possuem respaldo no direito como dívida de jogo ou
dívidas prescritas. Neste tipo de obrigação não há que se falar em fiança, haja
vista que a obrigação principal não é exigível.

O contrato de fiança pode garantir qualquer tipo de obrigação, como


as obrigações de dar, fazer ou não fazer. No contrato pode ser estipulado que
a fiança cobrirá dívidas futuras ou condicionais, e ainda as acessórias à
obrigação.

Salienta-se que em se tratando de dívidas futuras, a fiança somente


será exigível quando a obrigação se tornar líquida e certa em relação ao
devedor principal. Dessa forma o contrato de fiança é válido, mas sua
exigibilidade será suspensa até que a obrigação se materialize conforme acima
explicado.
Nunca será em valor superior, pois o limite da fiança é o valor da
obrigação: Art. 823. “A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação
principal e contraída em condições menos onerosas, e, quando exceder o valor
da dívida, ou for mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da
obrigação afiançada.”

Para se celebrar um contrato de fiança as partes devem fazê-lo de


forma escrita, podendo esse documento se dar por instrumento público ou
particular. As partes contratantes são credor da obrigação e o fiador, que irá
garantir o pagamento de uma dívida assumida pelo devedor principal.

Observação: diante da complexidade das relações sociais, pode


existir uma situação em que as pessoas prometam prestar futuramente a
fiança, constituindo-se um pré-contrato. Nesse caso, se posteriormente pessoa
não vier a cumprir a obrigação de contratar, isso será resolvido em perdas e
danos, devendo a parte que deixou de contratar ressarcir a outra sobre
eventuais prejuízos. Não é possível obrigar a pessoa a prestar fiança ainda que
tenha firmado pré- contrato com esse fim.

PARTES E OBJETO

As partes, no contrato de fiança, são o credor e o fiador. Trata-se de


uma estipulação pactuada entre estas duas partes, e não com o devedor
afiançado. O contrato de fiança conclui-se entre o fiador e o credor, enquanto
que o contrato principal, estipulado entre o credor e o devedor (afiançado),
constitui outra relação jurídica. Pressupõe-se a capacidade das partes
envolvidas. De acordo com o Código Civil de 2002, em seu artigo 826: “Se o
fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que seja
substituído.”
Segundo Gagliano (2012, p.633), o objeto de todo contrato de fiança
é a dívida que se quer garantir. Ou seja, o objeto da fiança é a garantia do
cumprimento de uma obrigação principal, ficando o fiador obrigado a, em não
pagando o devedor principal, pagar em seu lugar.
ESPÉCIES E EFEITOS DA FIANÇA

Existem três espécies de fiança, sendo estas: a convencional, a


legal e a judicial. A primeira decorre do acordo entre as partes, a segunda é
imposta pela lei, e a última é determinada pelo juiz.
Um dos principais efeitos decorrentes do contrato de fiança é o
benefício de ordem ou benefício de excussão. Este benefício configura a
possibilidade de o fiador, quando demandado, indicar os bens livres e
desembaraçados do devedor. No entanto, só poderá requerer tal benefício
quanto aos bens existentes antes da contestação e desde que estes sejam
suficientes para saldar a dívida. A finalidade de tal benefício é permitir que o
fiador evite que seus bens sofram a excussão, posto que sua obrigação é
acessória e subsidiária.
Em outras palavras, o benefício de ordem configura-se no direito de
requerer que primeiramente sejam alcançados os bens do devedor para,
posteriormente, alcançar os do fiador. O artigo 828, do Código Civil, por sua
vez, estabelece que "não aproveita este benefício ao fiador: I - se ele o
renunciou expressamente; II - se obrigou como principal pagador, ou devedor
solidário; III - se o devedor for insolvente, ou falido".
Outro benefício oferecido ao fiador é o da divisão, conforme alude o
artigo 829, do CC, ao prever que "a fiança conjuntamente prestada a um só
débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre
elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão". O
parágrafo único deste mesmo artigo institui que "estipulado este benefício,
cada fiador responde unicamente pela parte que, em proporção, lhe couber no
pagamento".
O Código Civil, em seu artigo 823, permite ao fiador único limitar a
garantia a somente uma parte da dívida, contudo, também é admitido, pelo
artigo 830, do CC, que havendo mais de um fiador cada um fixe no contrato a
parte da dívida que toma sob sua responsabilidade, caso em que ficará
desobrigado do restante.

O fiador que por si só pagar a dívida inteira ficará sub-rogado, de


pleno direito, nos direitos do credor, assumindo todas as ações, garantias e
privilégios que este desfrutava, só podendo demandar os demais fiadores no
montante de suas quotas partes, sendo que a parte do insolvente será
distribuída entre os demais.
O fiador pode requerer do afiançado, como se credor fosse, os
valores pagos acrescidos de juros pela taxa prevista na obrigação principal ou,
não tendo sido esta estipulada, pela taxa legal, assim como poderá pleitear as
perdas e danos que pagar e os pelos danos sofridos em razão do pagamento.
Caso o credor, ao executar tal dívida, demonstre-se negligente,
poderá o fiador regularizar o andamento do feito a fim de liberar-se da
responsabilidade. Conforme regula o artigo 835, do CC, por meio de ação
declaratória, "o fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem
limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os
efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor".

DIREITOS E DEVERES DAS PARTES

Quando você assina um contrato de fiança, você está assumindo a


dívida do devedor, caso ele não pague o débito. Assim, a lógica é que você
será demandado se o devedor não pagar.
Ou seja, primeiro será cobrado do devedor e se esse não pagar, a
cobrança será dirigida ao patrimônio do fiador. À essa condição chamamos de
benefício de ordem, que se caracteriza pela possibilidade do fiador, quando
demandado, indicar bens do devedor, a fim de evitar que se alcance primeiro o
seu patrimônio.
Acontece que, em muitos contratos, a cláusula da fiança prevê que o
fiador se obriga enquanto devedor principal, ou seja, renunciando o benefício
de ordem, podendo ser demandado antes mesmo do próprio devedor. Por isso,
tenha atenção ao assinar a fiança e observe em que condição você está
assumido a dívida.
Saiba também dos seus direitos enquanto fiador. Caso você seja
cobrado e realize o pagamento da dívida, você poderá ingressar com ação
contra o devedor, cobrando os valores que pagou, tendo em vista que o fiador
se sub-roga na condição de credor do débito pago.
Outro ponto de extrema importância, refere-se à possibilidade que o
fiador possui de extinguir a fiança, caso ela tenha sido concedida por prazo
indeterminado. Para isso, é necessário notificar o credor ou ingressar com ação
judicial. Contudo, o fiador somente deixará de ser responsável pelas
consequências da fiança após 60 dias da notificação ao credor.
É de extrema importância atentar-se às condições da fiança, antes
de assumir a responsabilidade pelo débito de outro. Afinal, você responderá
com o seu patrimônio por dívida de outra pessoa. Inclusive, podendo sofrer
todas as consequências do inadimplemento do débito, como por exemplo, ser
inscrito em cadastros restritivos de crédito, penhora de bens e valores e etc.
Por isso, esteja atento antes de assumir dívidas de terceiros e conheça os
deveres e os direitos do fiador.

EXTINÇÃO DA FIANÇA
A fiança poderá ser extinta por todas as causas que extinguem os
contratos em geral, assim como por atos praticados pelo credor, conforme
determina o artigo 838, do CC.
A redação deste artigo institui que "o fiador, ainda que solidário,
ficará desobrigado: I - se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória
ao devedor; II - se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus
direitos e preferências; III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar
amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar,
ainda que depois venha a perdê-lo por evicção". A enumeração legal é
taxativa.
Prevê o artigo 836, do CC, por sua vez, que "a obrigação do fiador
passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo
decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança".
Dispõe, ainda, o artigo 839, do CC, que se por negligência do credor, após ter
o fiador requerido o benefício de ordem, o devedor principal tornar-se
insolvente, seus bens não responderão por tal débito, ficando, por
consequência, exonerado do encargo. Para ocorrer tal exoneração, deve-se
demonstrar que, ao tempo da penhora, os bens nomeados eram suficientes
para a satisfação da dívida.
Por fim, de acordo com o disposto no artigo 130, do Código de
Processo Civil, "é admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I
- do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na
ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidário,
quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum".
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses jurídicas - Direito das


Obrigações - Parte Especial (Contratos). Volume 6, Tomo I. São Paulo:
Editora Saraiva, 2007.
 VIEIRA, Andrea. Tipos de Contrato: Fiança. Jus Navigandi, 2019.
Disponível em:(https://jus.com.br/artigos/71608/tipos-de-contrato-fianca).
Acesso em: 31 de Outubro de 2022.
 BRASIL Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Novo Código Civil
Brasileiro. Legislação Federal. Sítio eletrônico internet - planalto. Gov. Br
GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de Direito Civil. Volume 4:
contratos, Tomo II: Contratos em espécie. 5ª ed. São Paulo: Saraiva,
2012.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Volume 3: Teoria Geral dos contratos e
contratos em espécie. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2015.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume único. 6ª ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016.
Disponível
em:(https://riotap7.jusbrasil.com.br/artigos/366077133/contrato-de-
fianca/amp). Acesso em: 31 de Outubro de 2022.
 Perguntas e Respostas sobre Direito Imobiliário – Fiança Quais são as
principais características do contrato de fiança?. JurisWay. Disponível
em: (https://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?idmodelo=4119).
Acesso em: 31 de Outubro de 2022.
MODELO DO
CONTRATO DE FIANÇA

IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES CONTRATANTES

FIADOR(A): ,
nacionalidade , profissão , estado civil
, carteira de identidade nº , C.P.F. nº
, residente e domiciliado(a) na rua
, bairro ,
cidade , CEP , no Estado de ,
e seu (sua) esposo(a)
, nacionalidade ,
profissão , carteira de identidade nº ,
C.P.F. nº , ambos capazes.

AFIANÇADO(A):
, nacionalidade ,
profissão , estado civil , carteira de
identidade nº , C.P.F. nº , capaz,
residente e domiciliado(a) na rua
, bairro ,
cidade , CEP , no Estado de .

CREDOR(A): ,
nacionalidade , estado civil , carteira de identidade
nº , C.P.F. Nº , capaz,
residente e domiciliado(a) na rua
, bairro ,
cidade , CEP , no Estado de _ .

As partes acima identificadas têm, entre si, justo e acertado, o presente Contrato de
Fiança, que se regerá pelas cláusulas seguintes e pelas condições descritas no presente.
DO OBJETO DO CONTRATO

Cláusula 1ª. O presente tem como OBJETO a fiança prestada neste ato pelo(a)
FIADOR(A) ao(à) AFIANÇADO(A), o qual tornou-se devedor de R$ por
força do contrato de , datado de / / _.

Cláusula 2ª. O contrato anteriormente firmado entre o(a) AFIANÇADO(A) e o(a)


CREDOR(A) segue anexo a este instrumento, por força de garantia principal, ressaltando-
se que o primeiro comprometeu-se a adimplir e cumprir com todas obrigações neste
contidas, assim como efetivar o pagamento da quantia supracitada, acrescida de juros de
% ao mês, multa de % e correção monetária com base no
, em caso de inadimplência.

DO COMPROMISSO DE FIANÇA

Cláusula 3ª. O(A) FIADOR(A) se compromete subsidiariamente a:

a) Adimplir, com a quantia supracitada, de responsabilidade primária do(a)


AFIANÇADO(A);

b) Efetivar o pagamento dos juros, da multa e da correção estipulados no contrato


realizado entre O(A) AFIANÇADO(A) e O(A) CREDOR(A);

c) Disponibilizar bens que satisfaçam a dívida.

Cláusula 4ª. Salienta-se que a responsabilidade é subsidiária, assim o(a) FIADOR(A)


somente efetivará o pagamento, caso não haja cumprimento das obrigações originárias
por parte do(a) AFIANÇADO(A), no prazo avençado. Desta feita o(a) FIADOR(A) não
renuncia ao benefício de ordem.

Cláusula 5ª. Em caso de novação das obrigações contidas no contrato anexo, o(a)
FIADOR(A) se desobriga por todas as obrigações contidas no presente.
Cláusula 6ª. Caso o(a) FIADOR(A) pague, parcial ou totalmente a dívida, sub-rogar-se-á
nos direitos de credor(a), podendo, desta forma, dar quitação e emitir recibos.

DA FIANÇA PROPRIAMENTE DITA

Cláusula 7ª. O presente instrumento vigorará entre as partes, à luz da legislação vigente
pelo idêntico lapso temporal do contrato anexo, ou seja, meses. No
entanto, será extinto, observadas as condições inerentes ao término das obrigações em
geral, somando-se inclusive como causa de extinção possíveis situações de mora nas
obrigações contratuais assumidas pelo(a) CREDOR(A).

CONDIÇÕES GERAIS

Cláusula 8ª. O presente contrato passa a vigorar a partir da assinatura das partes.

Cláusula 9ª. Restam responsáveis pelo cumprimento deste os herdeiros e sucessores


do(a) fiador(a), na medida dos valores expressos neste.

DO FORO

Cláusula 10ª. Para dirimir quaisquer controvérsias oriundas do CONTRATO, as partes


elegem o foro da comarca de .

Por estarem assim justas e contratadas, as partes firmam o presente instrumento, em


duas vias de igual teor, junto a 2 (duas) testemunhas.

, de de .

Assinatura do(a) Fiador(a)


Assinatura do(a) Credor(a)

Assinatura do(a) Afiançado(a)

RG

Assinatura da Testemunha 1

RG

Assinatura da Testemunha 2

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