Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Questão 01: Tradicionalmente, o conceito de contrato indica que ele representa o acordo de
vontades estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos. Neste sentido, buscando
resguardar a segurança jurídica inerente aos negócios jurídicos, a celebração de contrato
atípico, fora do rol contido da legislação, não é lícita, pois as partes não dispõem da liberdade
de celebrar negócios não expressamente regulamentados por lei.
A assertiva acima está incorreta. O contrato deve ser conceituado como um negócio
jurídico, bilateral ou plurilateral, apresentando dois polos (credor e devedor), sendo que uma
mesma pessoa pode estar presente em ambos. Os requisitos envolvem a vontade, em
conformidade com a lei, podendo criar, modificar e extinguir direitos. Dessa forma, o
conceito apresentado pela afirmativa está correto em relação à conceituação do termo
contratual. Todavia, o erro é apresentado na segunda parte da assertiva ao afirmar que
contratos atípicos são considerados ilícitos, o que será desenvolvido a seguir.
Questão 02: Lúcia celebrou contrato de conta poupança com determinada instituição
financeira. Ao receber a sua via do contrato ao qual aderiu, percebeu certas ambiguidades e
contradições em cláusulas que diziam respeito às tarifas bancárias. De acordo com a teoria
contratual, é correto afirmar, neste caso, que: (após a escolha das opções, justifique-as)
Questão 03: João e Maria são casados e donos de um extenso patrimônio, que inclui um
imóvel residencial localizado no centro da cidade de Uberlândia/MG. O mencionado bem
encontra-se alugado para Pedro, pelo preço mensal de R$800,00, entre janeiro/2020 e
dezembro/2021. A minuta contratual, ratificada pelos três, prevê que os locadores se obrigam
a ceder, pelo período estabelecido, o uso e gozo do imóvel, mediante a prestação pecuniária
acordada. A partir das informações do enunciado, responda:
b) Suponha que Pedro tenha pedido à sua amiga, Simone, para afiançar o contrato em questão.
Qual seria, nesse caso, a natureza jurídica do contrato firmado por ela? Qual a espécie de
responsabilidade assumida por Simone (individual, solidária, subsidiária, etc.)?
O artigo 818 do Código Civil de 2002 estabelece que "pelo contrato de fiança, uma
pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a
cumpra”. Assim, o fiador acolhe a obrigação de solução da mesma por meio do seu
patrimônio diante do credor, criando uma responsabilidade. A fiança poderá ser de caução
real ou fidejussória/pessoal. A primeira envolve bens como garantia da obrigação estabelecida
com o credor. A segunda é uma garantia pessoal, pautada na confiança. Desta maneira, a
responsabilidade assumida por Simone é subsidiária, estabelecida de forma expressa em uma
obrigação contratual obedecendo a codificação civil.
Em relação às características do contrato de fiança, ele é acessório considerando sua
dependência no contrato principal que estabelece uma obrigação a ser cumprida e em caso de
inadimplência, o fiador arcará com a mesma com seu patrimônio. Ademais, é unilateral e
gratuita ao gerar obrigações apenas para o fiador. Considerando a obrigação do fiador, o
contrato de fiança é também personalíssimo.
c) Agora, imagine que Pedro seja sobrinho de João e Maria, e que o imóvel em questão tenha
sido emprestado por estes àquele, sob o regime de comodato. O casal, residente em
Araguari/MG, resolve voltar a morar em Uberlândia, para que seu filho possa atender à
Universidade da cidade. Na hipótese proposta, considerando a jurisprudência do STJ, seria
necessária alguma formalidade prévia à retomada do imóvel. Se sim, qual? De toda forma,
explique a resposta, indicando o fundamento jurídico.
Questão 04: Apesar de não existir capítulo específico no Código Civil relativo à interpretação
dos contratos, existem cinco normas interpretativas que se destacam em sua parte geral.
Destaque-as, apontando quais as suas funções.
Como trazido no enunciado, apesar de não existir um capítulo específico no Código
Civil acerca da interpretação dos contratos, sabe-se que existem cinco normas interpretativas
cuja função é, na medida do possível, alcançar o elemento interno da vontade, ou seja, o que -
de fato - os indivíduos buscavam com o negócio jurídico em questão, além do elemento
externo, escrito, destacado no próprio documento, bem como ideais de boa-fé, equidade e
proporcionalidade, como ficará claro com a análise feita a seguir. Dessa forma, os princípios a
serem destacados são os dispostos no art. 112, 113, 114, 423 e, por fim, 424 do Código Civil -
os quais serão tratados detalhadamente abaixo.
Questão 06: Pode-se afirmar que todo contrato unilateral é gratuito, como também que todo
contrato bilateral é oneroso? Explique. Aponte e explique três vantagens práticas da distinção
entre contratos unilaterais e bilaterais.
Via de regra, os contratos unilaterais são gratuitos e os contratos bilaterais são
onerosos, no entanto, não é possível afirmar que tratar-se-á de uma lei sem exceções, como
enfatiza Carlos Roberto Gonçalves:
1 As hipóteses trazidas nos artigos 464, 465 e 466 do Código Civil de 2002 são, respectivamente: “Art. 464.
esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo
caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.; Art. 465. Se o
estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e
danos.; Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá
manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.”
unilaterais e bilaterais, sendo estas: 1. tanto a exceptio non adimpleti contractus, quanto a
cláusula resolutiva tácita só podem ser utilizadas no caso de contratos bilaterais, nos moldes
do art. 476: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua
obrigação, pode exigir o implemento da do outro.”; 2. a teoria dos riscos, na qual, de modo
sintético, o responsável por criar o risco de dano a outrem tem o dever de reparar, só é
aplicável aos contratos bilaterais; 3. a garantia de execução do contrato, prevista a partir do
art. 477 do Código Civil de 2002: “Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das
partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a
prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que
aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la", haja vista a própria
natureza estrutural dos contratos, só pode ser aplicada à modalidade bilateral.
Questão 07: Disserte, de forma sucinta, acerca dos institutos emptio spei e emptio rei
speratae, abordando os seus efeitos jurídicos e considerando os vícios redibitórios e a
evicção.
Questão 08: Os conceitos correlatos à boa-fé objetiva devem ser utilizados como função
integrativa, suprindo lacunas do contrato e trazendo deveres implícitos às partes contratuais.
A esse respeito, indique se as assertivas abaixo estão corretas ou incorretas, justificando o
porquê:
a) O tu quoque está relacionado à proteção de uma parte contra aquela que pretende exercer
uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente.
b) A surrectio refere-se a um direito que não exercido durante determinado lapso de tempo
não poderá mais sê-lo, por contrariar a boa-fé.
c) O venire contra factum proprium proíbe que uma pessoa faça contra outra o que não faria
contra si mesmo, consistindo em aplicação do mesmo princípio inspirador da exceptio non
adimpleti contractus.
(X) credor do afiançado, podendo ser gratuito ou oneroso, mas o fiador, se como tal
demandado, poderá compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
( ) afiançado, sendo gratuito ou oneroso, mas o fiador, se como tal demandado, não poderá
compensar sua dívida com a do credor ao afiançado, porque, obrigando- se por terceiro uma
pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever.
( ) afiançado, sendo necessariamente gratuito, mas o fiador, se como tal demandado, não
poderá compensar sua dívida com a do credor ao afiançado, porque, obrigando-se por terceiro
uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever.
( ) credor do afiançado, podendo ser gratuito ou oneroso, e o fiador, se como tal demandado,
não poderá compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado, porque a compensação
exige que duas pessoas sejam, ao mesmo tempo, credoras e devedoras uma da outra.
Questão 10: Segundo entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, nos contratos
bancários sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor, é válida a cláusula que institui
comissão de permanência para viger após o vencimento da dívida. Contudo, a importância
cobrada a título de comissão de permanência não poderá ultrapassar a soma dos encargos
remuneratórios e moratórios previstos no contrato, ou seja: i) juros remuneratórios à taxa
média de mercado, não podendo ultrapassar o percentual contratado para o período de
normalidade da operação; ii) juros moratórios até o limite de 12% ao ano; e iii) multa
contratual limitada a 2% do valor da prestação, nos termos do art. 52, § 1º, do CDC.
Diante disso, constatada a abusividade dos encargos pactuados na cláusula de comissão de
permanência, deve o juiz “declarar a nulidade do contrato, determinando o retorno das partes
ao status quo ante”.
b) Está correta a afirmação em destaque no texto, qual seja, “declarar a nulidade do contrato,
determinando o retorno das partes ao status quo ante”? Explique.