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TÍTULO V:

DOS CONTRATOS EM GERAL


01. CONCEIO DE CONTRATO ........................................................................................................................................................ 2
02. PRINCÍPIOS ............................................................................................................................................................................ 2
2.1 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE ......................................................................................................................... 2
2.2 PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIAO (PACTA SUNT SERVANDA).................................................................................... 2
2.3 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO ................................................................................................................ 3
2.4 PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA ...................................................................................................................................... 3
2.4.1 DESDOBRAMENTOS DA BOA-FÉ OBJETIVA .............................................................................................................. 4
2.5 PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE ........................................................................................................................................... 5
2.5.1 TUTELA EXTERNA DO CRÉDITO ................................................................................................................................ 5
2.5.2 CASO BAND x SBT (DANILO GENTILI) ...................................................................................................................... 6
2.6 PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA MATERIAL ......................................................................................................................... 6
2.7 PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA E EXCEPCIONALIDADE DA REVISÃO CONTRATUAL ............................................. 6
03. CLASSIFICAÇÕES ................................................................................................................................................................... 7
3.1 QUANTO AOS DIREITOS E DEVERES DAS PARTES ENVOLVIDA ......................................................................................... 7
3.2 QUANTO AO SACRIFÍCIO PATRIMONIAL DAS PARTES....................................................................................................... 7
3.3 QUANTO AO MOMENTO DO APERFEIÇOAMENTO DO CONTRATO ..................................................................................... 8
3.4 QUANTO AOS RISCOS QUE ENVOLVEM A PRESTAÇÃO ..................................................................................................... 8
3.5 QUANTO À PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................................................. 9
3.6 QUANTO À NEGOCIAÇÃO DO CONTEÚDO PELAS PARTES ................................................................................................. 9
3.7 QUANTO À PRESENÇA DE FORMALIDADES OU SOLENIDADES ...................................................................................... 10
3.8 QUANTO À INDEPENDÊNCIA CONTRATUAL ..................................................................................................................... 11
3.9 QUANTO AO MOMENTO DO CUMPRIMENTO ................................................................................................................... 11
3.10 QUANTO À PESSOALIDADE .............................................................................................................................................. 11
3.11 QUANTO À DEFINITIVIDADE DO NEGÓCIO ...................................................................................................................... 11
CAPÍTULO I: DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................................................. 11
SEÇÃO I: PRELIMINARES ............................................................................................................................................................. 12
SEÇÃO II: DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS ................................................................................................................................ 13
SEÇÃO III: DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO ............................................................................................................... 14
SEÇÃO IV: DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO ....................................................................................................................... 14
SEÇÃO V: DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS .......................................................................................................................................... 15
SEÇÃO VI: DA EVICÇÃO................................................................................................................................................................. 17
SEÇÃO VII: DOS CONTRATOS ALEATÓRIOS .................................................................................................................................. 20
SEÇÃO VIII: DO CONTRATO PRELIMINAR ..................................................................................................................................... 20
SEÇÃO IX: DO CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR ................................................................................................................ 21
CAPÍTULO II: DA EXTINÇÃO DO CONTRATO ...................................................................................................................................... 22
SEÇÃO I: DO DISTRATO ................................................................................................................................................................ 22
SEÇÃO II: DA CLÁUSULA RESOLUTIVA ......................................................................................................................................... 22
SEÇÃO III: DA EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO ............................................................................................................ 23
SEÇÃO IV: DA RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA ....................................................................................................... 23
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL ................................................................................................................................................... 25

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elaborado por @fredsmcezar
01. CONCEIO DE CONTRATO

“Um negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes, visando a atingir determinados interesses patrimoniais,
convergem as suas vontades, criando um dever jurídico principal (de dar, fazer ou não fazer), e, bem assim, deveres
jurídicos anexos, decorrentes da boa-fé objetiva e do superior princípio da função social. (...) Em um Estado verdadeiramente
democrático de direito, o contrato somente atenderá à sua função social no momento em que, sem prejuízo ao livre exercício
da autonomia privada”: 1

admitir a relativização do princípio da igualdade das partes


respeitar a dignidade da pessoa humana — traduzida
contratantes — somente aplicável aos contratos
sobretudo nos direitos e garantias fundamentais;
verdadeiramente paritários, que atualmente são minoria;

respeitar o valor social do trabalho. respeitar o meio ambiente;

consagrar uma cláusula implícita de boa-fé objetiva — ínsita em todo contrato bilateral, e impositiva dos deveres
anexos de lealdade, confiança, assistência, confidencialidade e informação;

Daniel Carnacchioni ensina que “no modelo liberal o fundamento e fato de legitimação do contrato é a vontade. Para este
modelo, o contrato é justo quando a vontade for emanada sem vícios de consentimento. Como o paradigma é voluntarista, uma
vez identificado um vício, a vontade não teria sido manifestada de forma plena.
É óbvio que o contrato se estrutura a partir de uma vontade exteriorizada. Contudo, no modelo constitucionalizado, o paradigma
não é mais a vontade. A vontade é necessária para a existência, mas ela não é suficiente para a fundamentação e a legitimação
do contrato. O que fundamenta e legitima o contrato no nosso modelo atual é adequação do contrato aos valores sociais
constitucionais. O contrato passa a ser instrumento de tutela da pessoa humana.” 2

02. PRINCÍPIOS

▪ PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE

▪ PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

▪ PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA

▪ PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DO CONTRATO

▪ PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE SUBJETIVA DOS EFEITOS DO CONTRATO

▪ PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA MATERIAL

▪ PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA E EXCEPCIONALIDADE DA REVISÃO CONTRATUAL


2.1 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE

O princípio da autonomia privada, segundo o qual o sujeito de direito pode contratar com liberdade, está limitado à ordem
pública e à função social do contrato. (certa) 2010 - MPE-SP
O princípio contratual que faculta às partes se vincularem a um contrato, adquirindo direitos e obrigações, é denominado princípio
da autonomia da vontade. (certa) CESPE - 2023 - DPE-RO
• Em face da aplicação, no ordenamento jurídico brasileiro, do princípio da função social do contrato, o princípio da autonomia contratual deixou
de ter aplicabilidade no direito brasileiro. (errada) CESPE - 2012 - DPE-RO

2.2 PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIAO (PACTA SUNT SERVANDA)


A cláusula pacta sunt servanda protege a segurança jurídica de modo absoluto, impedindo a revisão de contratos. (errada) FGV - 2022
- TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

O princípio da eticidade, paradigma do atual direito civil constitucional, funda-se no valor da pessoa humana como fonte de
todos os demais valores, tendo por base a equidade, boa-fé, justa causa e demais critérios éticos, o que possibilita, por exemplo,
a relativização do princípio do pacta sunt servanda, quando o contrato estabelecer vantagens exageradas para um contratante em
detrimento do outro. (certa) CESPE - 2013 - DPE-TO

1
Pablo Stolze, p. 575
2
Aula nº 2 – Teoria Geral do Contratos – Daniel Carnacchioni
2
elaborado por @fredsmcezar
Os princípios da autonomia da vontade e do pacta sunt servanda não têm mais aplicação no direito civil brasileiro, em razão da
força do princípio da função social do contrato. (errada) 2011 - DPE-AM
O contrato faz lei entre as partes e, uma vez celebrado, vigora, em qualquer hipótese, o princípio segundo o qual pacta sunt
servanda. (errada) FCC - 2009 - DPE-MT

2.3 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO


O contrato somente atenderá à sua função social no momento em que, sem prejuízo ao livre exercício da autonomia privada”:3

admitir a relativização do princípio da igualdade das partes


respeitar a dignidade da pessoa humana — traduzida
contratantes — somente aplicável aos contratos
sobretudo nos direitos e garantias fundamentais;
verdadeiramente paritários, que atualmente são minoria;

respeitar o valor social do trabalho. respeitar o meio ambiente;

consagrar uma cláusula implícita de boa-fé objetiva — ínsita em todo contrato bilateral, e impositiva dos deveres
anexos de lealdade, confiança, assistência, confidencialidade e informação;

O princípio da função social do contrato, introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pelo Código Civil de 2002, é limitador do
princípio contratual de autonomia da vontade. (certa) CESPE - 2022 - DPE-SE
A função social do contrato não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio
quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. (certa) 2014 - PGE-MS
• O princípio da função social dos contratos elimina a autonomia contratual. (errada) CESPE - 2014 - PGE-PI

2.4 PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA


Sobre os efeitos da boa-fé objetiva: servem de limite ao exercício de direitos subjetivos, resultam na proibição do
comportamento contraditório, servem como critério para interpretação dos negócios jurídicos e reforçam o dever de informar
das partes na relação obrigacional. (certa) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Ao incidir no contrato, o princípio da boa-fé objetiva determina deveres anexos de natureza obrigatória, embora não tenham
sido pactuados pelas partes. (certa) FAURGS - 2022 - TJ-RS - JUIZ SUBSTITUTO
Com a edição do Código Civil de 2002, a boa-fé objetiva passou a princípio explícito que exerce sua função harmonizadora para
conciliar o rigorismo lógico-dedutivo com as exigências éticas atuais, abrindo as janelas do positivismo jurídico para o ético. No
âmbito do contrato o princípio da boa-fé sustenta o dever de as partes agirem conforme a economia e a finalidade do contrato, de
modo a conservar o equilíbrio substancial e funcional entre as obrigações correspectivas que formaram o sinalagma contratual.
(certa) 2010 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Indo-se mais adiante, aventa-se a ideia de que entre o credor e o devedor é necessária a colaboração, um ajudando o outro na
execução do contrato. A tanto, evidente- mente, não se pode chegar, dada a contraposição de interesses, mas é certo que a conduta,
tanto de um como de outro, subordina-se a regras que visam a impedir dificulte uma parte a ação da outra. Pode-se identificar o
texto com o seguinte princípio aplicável aos contratos: da boa-fé. (certa) FCC - 2011 - TJ-PE – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Dados os predicados do princípio da boa-fé objetiva, a violação dos deveres anexos tipifica a incidência do inadimplemento.
(certa) CESPE - 2012 - MPE-RR

• A aplicação do princípio da boa-fé objetiva na fase pré-contratual é admitida pela doutrina pátria, não sendo cabível sua incidência após o
término do contrato (boa-fé pós-contratual), salvo ASSIM COMO nas relações de consumo, em que tem aplicação em todas as fases. (errada) 2012
- MPE-RJ

• O princípio da boa-fé objetiva deve ser observado pelas partes apenas durante a execução do contrato propriamente dito e após a sua
conclusão. (errada) 2014 - PGE-MS
• A boa-fé a ser observada na responsabilidade pré-contratual é a objetiva, haja vista que esta diz respeito ao dever de conduta que as partes
possuem, podendo a empresa desistente arcar com a reparação dos danos, se comprovados, sem qualquer obrigação de contratar. (certa)
VUNESP - 2016 - TJM-SP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo,
em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. Apesar da literalidade do Código Civil de 2002, em harmonia com a função
social do contrato e em atendimento ao princípio da boa-fé objetiva, a teoria do substancial adimplemento do contrato, quando
aplicável, visa a impedir o uso potestativo do direito de resolução por parte do credor. (certa) VUNESP - 2023 - TJ-SP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

3
Pablo Stolze, p. 575
3
elaborado por @fredsmcezar
2.4.1 DESDOBRAMENTOS DA BOA-FÉ OBJETIVA
Enunciado 26-CJF: A cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir
e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como a exigência de comportamento leal dos contratantes.

É possível o reconhecimento do abuso do direito pelo exercício inadmissível de posição jurídica por ofensa à boa-fé objetiva,
como ocorre nas hipóteses de venire contra factum proprium, supressio, surrectio e tu quoque. (certa) FCC - 2013 - DPE-SP

SUPRESSIO Perda de um direito pela falta de seu exercício por prazo razoável.

SURRECTIO Surgimento de um direito em razão do comportamento das partes.

Veda-se o comportamento do agente que viola uma norma jurídica e,


TU QUOQUE
posteriormente, tenta valer-se da violação em benefício próprio.

“Visa a sancionar condutas em que o exercício do direito tenha sido realizado


EXCEPTIO DOLI com o intuito, não de preservar legítimos interesses, mas, sim, de prejudicar a
parte contrária”. (Pablo Stolze)

Se, em cumprimento a cláusula de uma relação contratual, uma das partes adota
determinado comportamento e, tempos depois, ainda sob a vigência da referida
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM relação, passa a adotar comportamento contraditório relativamente àquele
inicialmente adotado, tem-se, nesse caso, um exemplo do que a doutrina civilista
denomina venire contra factum proprium. (certa) CESPE - 2017 - MPE-RR

DUTY TO MITIGATE THE LOSS Trata-se de uma obrigação de mitigar/amenizar o próprio dano.

“Trata-se da concessão de um prazo adicional ou período de carência pelo


NACHFRIST comprador para que o vendedor cumpra a obrigação, o que tem o intuito de
conservar a avença.” (Tartuce)

A aplicação dos institutos da supressio e da surrectio constituem figuras concomitantes, podendo ser comparadas como verso
e reverso da mesma moeda. (certa) 2018 - MPE-MS
A supressio configura-se quando há a supressão, por renúncia tácita, de um direito, em virtude do seu não exercício. A surrectio,
por sua vez, ocorre nos casos em que o decurso do tempo implica o surgimento de uma posição jurídica pela regra da boa-fé. (certa)
CESPE - 2013 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

O pagamento feito reiteradamente em outro local, fazendo presumir renúncia do credor relativamente ao lugar do pagamento
previsto no contrato, configura hipótese de aplicação da regra da supressio e surrectio, à medida que extingue uma prerrogativa do
credor e faz nascer um direito do devedor. (certa) 2014 - MPE-GO
O princípio da boa-fé objetiva tem importância ímpar no ordenamento jurídico pátrio, pois norteia a interpretação dos negócios
jurídicos e gera direitos acessórios. Segundo a doutrina, um dos seus desdobramentos é o venire contra factum proprium, que
significa: O exercício de um comportamento contrário aos comportamentos que uma das partes vinha tendo até aquele momento,
frustrando a legítima expectativa criada na outra parte de que tais comportamentos continuariam. (certa) 2011 - DPE-AM
Se, em cumprimento a cláusula de uma relação contratual, uma das partes adota determinado comportamento e, tempos depois,
ainda sob a vigência da referida relação, passa a adotar comportamento contraditório relativamente àquele inicialmente adotado,
tem-se, nesse caso, um exemplo do que a doutrina civilista denomina venire contra factum proprium. (certa) CESPE - 2017 - MPE-RR
Em uma relação de consumo, foi estabelecido que o pagamento deveria ser realizado de determinada maneira. No entanto, após
certo tempo, o pagamento passou a ser feito, reiteradamente, de outro modo, sem que o credor se opusesse à mudança. Nessa
situação, considerando-se a boa-fé objetiva, para o credor ocorreu o que se denomina supressio. (certa) CESPE - 2017 - DPE-AC
Um cliente de uma instituição bancária foi contatado, por mensagem via aplicativo de celular, pelo seu gerente, para que
autorizasse a transferência de determinada quantia em dinheiro da conta-corrente para uma aplicação no mercado financeiro. Seis
meses após ter permitido essa operação, o cliente constatou que não existia o investimento e não localizou o dinheiro disponibilizado.
Solicitou, então, ao gerente que o valor fosse restituído à conta-corrente, mas ele recusou-se a fazê-lo. Nessa situação hipotética,
poderá haver responsabilização pessoal do gerente, uma vez que este feriu a boa-fé objetiva pelo instituto do tu quoque. (certa) CESPE
- 2018 - PROCURADOR MUNICIPAL

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elaborado por @fredsmcezar
Uma loja de eletrodomésticos assinou um contrato, mediante instrumento particular, com um posto de combustível para que
este fornecesse, todo mês, por prazo indeterminado, uma quantidade mínima de 50 litros de combustível para abastecer os veículos
de entrega de mercadorias. Em razão do aumento do preço dos combustíveis, a loja de eletrodomésticos contratou entregadores de
bicicleta para as entregas de menor porte e começou a diminuir as compras de combustível do posto. Por mais de dois anos, o
fornecimento de combustível se deu em quantidades menores que as mínimas estabelecidas no contrato, sem qualquer ressalva ou
reclamação por parte do posto de combustível. Então, o representante da loja de eletrodomésticos procurou o representante do
posto de combustível e eles, verbalmente, declararam que o contrato estaria desfeito. Entretanto, um ano após o distrato verbal, o
posto de combustível ajuizou uma demanda contra a loja de eletrodomésticos, exigindo-lhe o ressarcimento dos valores
proporcionais ao não cumprimento de metas mínimas de aquisição de combustível, bem como do período após o distrato verbal,
sob o argumento de que o desfazimento do contrato somente poderia ser realizado por escrito. Acerca do caso hipotético, pode-se
corretamente afirmar que nenhum valor é devido, tendo em vista que incidiu a supressio em razão da concordância tácita do posto
em fornecer combustível em valores abaixo dos contratualmente previstos, bem como ocorreu um distrato verbal válido. (certa) VUNESP
- 2019 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Césio celebrou contrato de empreitada com a empresa GL1W. Pela avença, ficou acertado que as medições das obras seriam
sempre feitas no dia 5 de cada mês. Subsequentemente, em quinze dias, o pagamento respectivo seria liberado. Nos dois primeiros
anos da execução contratual, a empresa não conseguia liberar a medição até o quinto dia, conforme pactuado. Césio, então, por sua
mera liberalidade, aceitou, em todas as ocasiões, transferi-las para o dia 10, contando daí o prazo quinzenal para pagamento. A partir
do terceiro ano, a situação se normalizou, mas as medições continuaram a ser realizadas no dia 10. Um ano depois, a empresa pede
judicialmente as diferenças financeiras pelos atrasos no pagamento, a aplicação de multa moratória sobre cada parcela e de juros
de mora, devidos desde o início da execução do contrato. À luz da boa-fé objetiva, Césio poderá alegar, em contestação, a ocorrência
de: tu quoque. (certa) FGV - 2022 - PGE-SC
O venire contra factum proprium não se configura ante comportamento omissivo. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
A aplicação do instituto da supressio é vedada no direito brasileiro. (errada) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

2.5 PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE


Segundo Guilherme Couto de Castro: “A relatividade assinala que os contratos vinculam aqueles que o pactuaram, e, quando
for o caso, também os seus sucessores. Os contratos não são dotados, por si, em relação às obrigações estipuladas, de
oponibilidade erga omnes. Em outras palavras, os efeitos das cláusulas de um contrato - os acertos entre os contraentes - não são
exigíveis de outros, ou da coletividade. Nisso está a afirmação da relatividade dos contratos. (...) Há também os que mencionam,
como exceção à ideia clássica de relatividade, a chamada tutela externa dos contratos (ou das obrigações), isto é, a assertiva de
que o crédito merece proteção não apenas em relação a exigi-lo do devedor, mas em vários casos até de terceiros. Afirma-se que
estes podem ser chamados diretamente a responder, quando atuem ilicitamente contra o crédito.”4
De acordo com Nelson ROSENVALD: “As relações contratuais produzem obrigações restritas às partes - princípio da
relatividade contratual -, mas geram oponibilidade “erga omnes”, pois a sociedade deve se comportar de modo a respeitar as
relações jurídicas em curso, permitindo que alcancem o seu desiderato pela via adequada do adimplemento. Nesse instante, os
contratantes retomam a sua liberdade e estão aptos a contrair novos negócios jurídicos, preservando o clima de estabilidade nas
relações econômicas e propiciando uma confiança generalizada no cumprimento dos contratos. Jogadores de futebol, artistas de
emissoras de televisão, técnicos especializados, enfim, uma gama de pessoas recebe - e aceita - propostas de concorrentes,
menos pelo interesse especifico do ofertante na aquisição do profissional e mais pelo simples propósito comercial de esvaziar o
contrato alheio, naquilo que pode ser registrado como uma espécie de concorrência desleal. Portanto, não é justo que terceiros
atuem como se desconhecessem os contratos, desrespeitando-os apenas para a satisfação de seus interesses pessoais, mas de
modo ofensivo às finalidades éticas do ordenamento jurídico.”5
2.5.1 TUTELA EXTERNA DO CRÉDITO

Enunciado 21: “A função social do contrato, prevista no artigo 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão
do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a TUTELA EXTERNA DO CRÉDITO”
A tutela externa do crédito guarda relação com a função social do contrato, especialmente no tocante à eficácia externa da
função social. (certa) CESPE - 2023 - PGE-PA
A doutrina da tutela externa do crédito mitiga o princípio da relatividade dos efeitos contratuais. (certa) CESPE - 2023 - PGE-PA
Uma das premissas da tutela externa do crédito é a existência de um dever geral de abstenção no sentido de não ser permitido
a terceiro que obste ou dificulte direito do credor em um contrato. (certa) CESPE - 2023 - PGE-PA

4
Direito Civil – Lições, Guilherme Couto de Castro, p. 143, 7ª ed., Impetrus.
5
(Código civil comentado: doutrina e jurisprudência. Coordenador Cezar Peluso. 20 ed. Barueri, SP : Manole, 2008, p. 569-570)
5
elaborado por @fredsmcezar
TARTUCE ensina que: “possibilidade de o contrato gerar efeitos perante terceiros ou de condutas de terceiros repercutirem
no contrato. Como exemplo, pode ser citada a norma do art. 608 do CC, segundo a qual aquele que aliciar pessoas obrigadas por
contrato escrito a prestar serviços a outrem, pagará a este o correspondente a dois anos da prestação de serviços.
Há, assim, a responsabilidade do terceiro aliciador, ou terceiro cúmplice, que desrespeita a existência do contrato aliciando
uma das partes. O dispositivo serve como luva para responsabilizar uma cervejaria, frente a outra, pelo fato de ter aliciado o
famoso pagodeiro, que tinha contrato de prestação de serviços publicitários com a primeira cervejaria.”6
2.5.2 CASO BAND x SBT (DANILO GENTILI)7
Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao
prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.
“De acordo com esse dispositivo, o terceiro que alicia profissional obrigado em contrato a prestar serviço a outrem,
provocando a quebra do ajuste anterior, tem o dever de indenizar o contratante lesado, independentemente da responsabilidade
contratual incidente entre as partes do negócio desfeito. Vale ressaltar, contudo, que a interpretação do art. 608 do Código Civil
deve levar em consideração o comportamento de mercado dos concorrentes envolvidos no ramo de atividade em questão.
Se, por um lado, a teoria do terceiro ofensor reforça a função social do contrato e os deveres decorrentes da boa-fé objetiva,
por outro prisma, deve-se ter algum cuidado com a aplicação literal do art. 608 do Código Civil. Isso porque eventual interpretação
literal significaria impor a toda a coletividade o dever de nunca celebrar negócios jurídicos com pessoas que estivessem no
curso de contratos anteriormente assumidos.
A tutela da função social externa do contrato exige a prática de aliciamento do prestador de serviço, o que indica que o art.
608 do CC busca combater práticas desleais entre agentes econômicos, conduta apta a demonstrar uma vontade
manifesta de aliciar.
A oferta de proposta mais vantajosa a artista contratado por emissora concorrente não configura automaticamente
prática de aliciamento de prestador de serviço, haja vista a ausência de qualquer conduta voltada à concorrência desleal ou à
violação dos deveres anexos à boa-fé objetiva, sem que se esteja com isso a desconsiderar a função social externa do contrato.
No caso concreto, o STJ entendeu que a conduta do SBT de propor a contratação do humorista Danilo Gentili mesmo durante a
vigência do seu contrato com a Band não foi parasitária nem se utilizou indevidamente do investimento feito pela Band no
apresentador. No mercado de entretenimento é normal que as empresas concorrentes demostrem interesse justamente por
artistas que estejam em voga, fazendo com que seja comum que as propostas sejam formuladas para contratados de outras
emissoras”. STJ. 3ª Turma. REsp 2023942-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/10/2022 (Info Especial 9).
2.6 PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA MATERIAL
“O princípio da equivalência material desenvolve-se em dois aspectos distintos: subjetivo e objetivo. O aspecto subjetivo leva
em conta a identificação do poder contratual dominante das partes e a presunção legal de vulnerabilidade. A lei presume
juridicamente vulneráveis o trabalhador, o inquilino, o consumidor, o aderente de contrato de adesão. Essa presunção é absoluta,
pois não pode ser afastada pela apreciação do caso concreto. O aspecto objetivo considera o real desequilíbrio de direitos e
deveres contratuais que pode estar presente na celebração do contrato ou na eventual mudança do equilíbrio em virtude das
circunstâncias supervenientes que levem à onerosidade excessiva para uma das partes” 8
2.7 PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA E EXCEPCIONALIDADE DA REVISÃO CONTRATUAL
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que
justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também
que: (Incluído pela Lei nº 13.874/2019)

I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus
pressupostos de revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874/2019)

II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e (Incluído pela Lei nº 13.874/2019)

III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874/2019)

É possível a revisão dos contratos, desde que, analisado cada caso concreto, fique demonstrado que a prestação de uma das
partes se tornou excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra. (certa) FGV - 2022 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
O princípio da conservação do negócio jurídico permite, em caso de onerosidade excessiva, sempre que possível, a revisão do
contrato e, não, sua resolução. (certa) 2014 - TJ-MT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

6
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 1016
7
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Caso Band x SBT (Danilo Gentili). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/793d8e745d2b346c4ddc27a534083243>. Acesso em: 19/11/2023
8
LÔBO, Paulo Luiz Netto; LYRA JÚNIOR, Eduardo Messias Gonçalves de (Coords.). A Teoria do Contrato e o Novo Código Civil, Recife: Nossa Livraria, 2003, p. 18-9.
6
elaborado por @fredsmcezar
03. CLASSIFICAÇÕES

3.1 QUANTO AOS DIREITOS E DEVERES DAS PARTES ENVOLVIDA9

“É aquele em que apenas um dos contratantes assume deveres em face do outro. É o que
ocorre na doação pura e simples: há duas vontades (a do doador e a do donatário), mas
do concurso de vontades surgem deveres apenas para o doador; o donatário apenas
CONTRATO UNILATERAL auferirá vantagens. Também são exemplos de contratos unilaterais o mútuo (empréstimo de
bem fungível para consumo) e o comodato (empréstimo de bem infungível para uso). Percebe-
se que nos contratos unilaterais, apesar da presença de duas vontades, apenas uma delas
será devedora, não havendo contraprestação.”

“Os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e devedores uns dos outros,
produzindo o negócio direitos e deveres para ambos os envolvidos, de forma proporcional.
CONTRATO BILATERAL O contrato bilateral é também denominado contrato sinalagmático, pela presença do
sinalagma, que é a proporcionalidade das prestações, eis que as partes têm direitos e
deveres entre si (relação obrigacional complexa). Exemplos: compra e venda e locação.”

“Envolve várias pessoas, trazendo direitos e deveres para todos os envolvidos, na mesma
CONTRATO PLURILATERAL
proporção. Exemplos: seguro de vida em grupo e o consórcio.”

Ex.: Quanto à sua classificação, temos que o contrato de fiança é: unilateral. (certa) 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
Ex.: O comodato é contrato bilateral. (errada) 2014 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Ex.: Negócios jurídicos sinalagmáticos são aqueles em que somente uma das partes aufere vantagens. (errada) 2016 - PGE-MS
3.2 QUANTO AO SACRIFÍCIO PATRIMONIAL DAS PARTES10

“Aquele que traz vantagem para ambos os contratantes, pois estes sofrem o mencionado
sacrifício patrimonial (ideia de proveito alcançado). Ambas as partes assumem deveres
CONTRATO ONEROSO
obrigacionais, havendo um direito subjetivo de exigi-lo. Há uma prestação e uma
contraprestação. Exemplo: compra e venda.”

“Aquele que onera somente uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem sem
CONTRATO GRATUITO OU
qualquer contraprestação. Deve ser observada a norma do art. 114 do CC, que enuncia a
BENÉFICO
interpretação restritiva dos negócios benéficos. Exemplo: doação pura ou simples.”

A doação pura e simples pode ser qualificada como um contrato oneroso. (errada) CESPE - 2021 - PGE-CE
Obs.: “Como decorrência lógica da estrutura contratual, em regra, o contrato oneroso é bilateral, e o gratuito é unilateral.
Mas pode haver exceção, como é o caso do contrato de mútuo de dinheiro sujeito a juros (mútuo feneratício) pelo qual além da
obrigação de restituir a quantia emprestada (contrato unilateral), devem ser pagos os juros (contrato oneroso).”
Ex.: O contrato de mútuo feneratício é uma modalidade de contratação unilateral onerosa. (certa) CESPE - 2022 - DPE-TO
Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a
quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. 2015 -
PGE-RS

“Nos contratos onerosos, os iguais são tratados de maneira igual e ambos os contratantes respondem pelos prejuízos
decorrentes de dolo (prejuízo causado com intenção) e de simples culpa (prejuízo causado sem intenção, mas com descuido).
Nos contratos gratuitos, os desiguais são tratados de maneira desigual. O contratante que tem a vantagem patrimonial
(comodatário, donatário, mutuário) responde pelos prejuízos decorrentes de dolo (prejuízo causado com intenção) e de simples
culpa (prejuízo causado sem intenção, mas com descuido). Já o contratante que não tem vantagem alguma (comodante, doador,
mutuante), somente responde por dolo (prejuízo causado com intenção), mas não por culpa. O art. 392 tem duas exceções
em matéria contratual: a) contrato de depósito: apesar de ser benéfico ao depositante que, em regra, nada paga ao depositário, o
último responde pelos prejuízos culposos (ver art. 629 do CC); b) contrato de mandato: apesar de o mandato, em regra, ser gratuito,
o mandatário responde por simples culpa (ver art. 667 do CC).”11

9
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 974
10
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 974
11
Código Civil Comentado, Doutrina e Jurisprudência - Anderson Schreiber, Flávio Tartuce e Outros, p. 709
7
elaborado por @fredsmcezar
3.3 QUANTO AO MOMENTO DO APERFEIÇOAMENTO DO CONTRATO12

“Aquele que tem aperfeiçoamento pela simples manifestação de vontade das partes
CONTRATO CONSENSUAL
envolvidas. Ex.: compra e venda, a doação, a locação, o mandato, entre outros.”

“Apenas se aperfeiçoa com a entrega da coisa (traditio rei), de um contratante para o outro.
Exemplos: comodato, mútuo, contrato estimatório e depósito. Nessas figuras contratuais,
CONTRATO REAL
antes da entrega da coisa tem-se apenas uma promessa de contratar e não um contrato
perfeito e acabado.”

Obs.: “Não se pode confundir o aperfeiçoamento do contrato (plano da validade) com o seu cumprimento (plano da eficácia).
A compra e venda gera efeitos a partir do momento em que as partes convencionam sobre a coisa e o seu preço (art. 482 do CC).
No caso da compra e venda de imóveis, o registro mantém relação com a aquisição da propriedade do negócio decorrente, o
mesmo valendo para a tradição nos casos envolvendo bens móveis. Utilizando a Escada Ponteana, o registro e a tradição estão no
plano da eficácia desse contrato. No que concerne à tradição, é melhor dizer que está, em regra, no plano da eficácia. Isso porque,
no caso dos contratos reais, a entrega da coisa está no plano da validade.”
Ex.: O contrato de mútuo, além de ser contrato real, tem a fungibilidade do objeto como uma de suas características. (certa) CESPE
- 2009 - DPE-AL

Contratos simplesmente consensuais são aqueles que se perfazem com a tradição efetiva ou simbólica do objeto material do
contrato. (errada) 2012 - MPE-RJ
3.4 QUANTO AOS RISCOS QUE ENVOLVEM A PRESTAÇÃO13

“Aquele em que as partes já sabem quais são as prestações, ou seja, essas são conhecidas ou
pré-estimadas. A compra e venda, por exemplo, é, em regra, um contrato comutativo, pois o
CONTRATO COMUTATIVO vendedor sabe qual o preço a ser pago e o comprador qual é a coisa a ser entregue. Também
é contrato comutativo o contrato de locação, pois as partes sabem o que será cedido e qual o
valor do aluguel”.

“A prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão no momento da celebração do
negócio jurídico pelo fato de depender da sorte, da álea, que é um fator desconhecido. (...).
Alguns negócios são aleatórios devido à sua própria natureza, caso dos contratos de seguro
e de jogo e aposta. Em outros casos, contudo, o contrato é aleatório em virtude da existência
de um elemento acidental, que torna a coisa ou o objeto incerto quanto à sua existência ou
quantidade, como ocorre na compra e venda de uma colheita futura. O CC/2002 consagra duas
formas básicas de contratos aleatórios:
CONTRATO ALEATÓRIO
▪ Contrato aleatório emptio spei – um dos contratantes toma para si o risco relativo à própria
existência da coisa, sendo ajustado um determinado preço, que será devido integralmente,
mesmo que a coisa não exista no futuro, desde que não haja dolo ou culpa da outra parte
(art. 458 do CC).

▪ Contrato aleatório emptio rei speratae – se o risco versar somente em relação à quantidade
da coisa comprada, pois foi fixado pelas partes um mínimo como objeto do negócio (art. 459
do CC).

O contrato de seguro é considerado um contrato aleatório. (certa) 2009 - TJ-MG – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Contrato de prestações certas e determinadas no qual as partes possam antever as vantagens e os encargos, que geralmente
se equivalem porque não envolvem maiores riscos aos pactuantes, é classificado como COMUTATIVO. (certa) CESPE - 2018 - TJ-CE - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

São contratos aleatórios, os que dizem respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes
assuma, os cujo objeto sejam coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade e os
que se referirem a coisas existentes, mas expostas a risco assumido pelo adquirente. (certa) FCC - 2015 - TJ-SE - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Nos contratos aleatórios, é admitida a revisão ou resolução por onerosidade excessiva em razão da ocorrência de evento
superveniente, extraordinário e imprevisível que não se relacione com a álea assumida no contrato. (certa) CESPE - 2015 - DPE-PE

12
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 975
13
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 975
8
elaborado por @fredsmcezar
3.5 QUANTO À PREVISÃO LEGAL14

“Aquele com uma previsão legal mínima, ou seja, com um estatuto legal suficiente. Ex.:
CONTRATO TÍPICO compra e venda, doação, locação, prestação de serviço, empreitada, mútuo, comodato
(contratos tipificados pelo Código Civil de 2002)”

“Não há uma previsão legal mínima, como ocorre com o contrato de garagem ou
CONTRATO ATÍPICO
estacionamento.”

É lícito às partes estipular contratos atípicos desde que observadas as normas gerais do Código Civil. Os contratos atípicos são
os que não são expressamente disciplinados pelo Código Civil e são admitidos ante o princípio da autonomia da vontade desde que
não contrariem por exemplo a ordem pública, os bons costumes e a função social do contrato. (certa) 2010 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
2013 - MPE-GO / 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA / 2014 - MPE-SC /

• Os contratos atípicos não exigem a observância rigorosa das normas gerais fixadas no Código Civil, pois que nestes casos os contratantes
possuem maior liberdade para contratar. (errada) 2010 - MPE-SP

“As expressões contratos nominados e inominados devem ser utilizadas quando o nome da figura negocial constar ou não em
lei. Por outra via, os termos contratos típicos e atípicos servem para apontar se o contrato tem ou não um tratamento legal mínimo.
(...) Percebe-se que o contrato de garagem ou estacionamento é nominado, pois o seu nome consta em lei. Todavia, como não há
uma previsão legal mínima, trata-se de um contrato atípico. Concluindo, o contrato em questão é nominado e atípico.” 15
3.6 QUANTO À NEGOCIAÇÃO DO CONTEÚDO PELAS PARTES16

“Aquele em que uma parte, o estipulante, impõe o conteúdo negocial, restando à outra parte,
o aderente, duas opções: aceitar ou não o conteúdo desse negócio. Entendo que o conceito
CONTRATO DE ADESÃO deve ser visto em sentido amplo, de modo a englobar todas as figuras negociais em que as
cláusulas são preestabelecidas ou predispostas, caso do contrato-tipo e do contrato formulário,
figuras negocias em que as cláusulas são predeterminadas até por um terceiro.”

“Aquele em que o conteúdo é plenamente discutido entre as partes, o que constitui raridade
no atual momento contratual. De toda sorte, muitos contratos celebrados entre grandes
empresas assumem essa forma, estando sujeitos à nova Lei da Liberdade Econômica, em
CONTRATO PARITÁRIO OU
muitas de suas previsões. (...) Por óbvio que a presunção é relativa ou iuris tantum, e a
NEGOCIADO
realidade fática demonstra que os contratos paritários são exceção na nossa realidade
contratual, e não a regra. Mesmo em casos de contratos empresariais, podem ser citadas a
franquia, a representação comercial, a agência, a distribuição e a locação empresarial”.

O Código Civil contém dispositivos de controle da formação e de controle de conteúdo dos chamados “contratos de adesão”.
(certa) 2010 - PGE-RS

Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais
favorável ao aderente.
2010 - MPE-GO / 2010 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2010 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2011 - DPE-AM / 2013 - PGE-GO / VUNESP - 2013 - MPE-ES / 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA /
2014 - DPE-PR /

• Caso haja, em contrato de adesão, cláusulas ambíguas, adota- se, no direito brasileiro, a interpretação in dubio pro fragile. (certa) CESPE - 2012
- DPE-RO

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
natureza do negócio.
2009 - TJ-RS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2012 - MPE-RJ / VUNESP - 2013 - MPE-ES / 2013 - MPE-GO

• Em contratos de adesão, são consideradas inválidas as cláusulas que estipulem renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
própria natureza do negócio jurídico. (errada) 2015 - PGE-RS

14
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 977
15
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 979
16
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 979
9
elaborado por @fredsmcezar
3.7 QUANTO À PRESENÇA DE FORMALIDADES OU SOLENIDADES17

“Aquele que exige qualquer formalidade, caso da forma escrita. Ex.: o contrato de fiança deve
ser celebrado por escrito (art. 819 do CC).
CONTRATO FORMAL
O contrato de fiança, nos termos das disposições do Código Civil, é reputado como contrato
formal. (certa) CESPE - 2021 - PGE-CE

“Não exige qualquer formalidade, constituindo regra geral pelo sistema civil brasileiro, pelo
CONTRATO INFORMAL que consta do art. 107 do CC, que consagra o princípio da liberdade das formas. Ex.: prestação
de serviço e empreitada”.

“Aquele que exige solenidade pública. O art. 108 do CC enuncia que a escritura pública
CONTRATO SOLENE somente é necessária para os negócios de alienação de imóvel com valor superior a trinta
vezes o maior salário mínimo vigente no País.”

“Não há necessidade de se lavrar a escritura pública em Tabelionato de Notas, como no último


CONTRATO NÃO SOLENE
exemplo citado.”

Os contratos de mútuo e comodato têm em comum as seguintes características: são contratos considerados reais, intuitu
personae e não solenes. (certa) FCC - 2012 - TJ-GO – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à
constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 (trinta) vezes o maior
salário mínimo vigente no País.
CESPE - 2009 - DPE-ES / 2009 - TJ-RS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2012 - PGE-SC / 2010 - PGE-GO / 2017 - MPE-SP / FCC - 2018 - DPE-AP

A escritura pública não é essencial para a validade de nenhum negócio jurídico, bastando às partes a existência de instrumento
particular. (errada) 2017 - MPE-SP
A forma de constituição do direito real de superfície pode se constituir mediante instrumento particular, já que a lei não obriga
expressamente que seja através de escritura pública para sua validade. (errada) 2011 - MPE-MS
Como a superfície é direito diverso do direito de propriedade, a sua aquisição não depende de registro de escritura pública. (errada)
CESPE - 2013 - MPE-RO

Foi celebrado um contrato de compra e venda de bem imóvel urbano por meio de instrumento particular, em que as partes
atribuíram ao imóvel o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). O instrumento particular foi apresentado ao Cartório de Registro de
Imóveis para registro que, por sua vez, apresentou nota devolutiva, sob o argumento de que o valor atribuído pelas partes ao bem
imóvel no negócio jurídico era manifestamente incompatível com o valor de mercado, bem como que o valor venal do imóvel,
apurado pelo fisco municipal para fins de lançamento de tributos, era de R$ 99.000,00 (noventa e nove mil reais). Tendo em vista
os fatos acima, entendeu o Cartório de Registro de Imóveis pela necessidade de escritura pública para instrumentalizar o contrato
de compra e venda. Tendo em vista o caso hipotético, bem como o entendimento do STJ, pode-se corretamente afirmar que em
razão do indício de que o valor do imóvel atribuído pelas partes era irreal, corroborado pelo valor apurado pelo fisco para fins de
lançamento tributário, foi acertada a exigência de escritura pública para a formalização da compra e venda. (certa) VUNESP - 2023 - TJ-
RJ - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;

Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes
permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Ex.: Um determinado contrato nulo pode ser convertido em contrato válido, como na hipótese de compra e venda de bem imóvel,
com valor superior a trinta vezes o maior salário-mínimo vigente no país, sem a lavratura de escritura pública; perfazendo-se apenas
em compromisso de compra e venda. (certa) FCC - 2017 - DPE-PR

17
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 984
10
elaborado por @fredsmcezar
3.8 QUANTO À INDEPENDÊNCIA CONTRATUAL 18

“Existe por si só, não havendo qualquer relação de dependência em relação ao outro pacto. Como
CONTRATO PRINCIPAL OU
exemplo, pode ser citado o contrato de locação de imóvel urbano, regido pela Lei
INDEPENDENTE
8.245/1991.”

“Aquele cuja validade depende de um outro negócio, o contrato principal. O exemplo típico é o
contrato de fiança, que depende de outro, como, por exemplo, de um contrato de locação de
imóvel urbano. Diante do princípio da gravitação jurídica, pelo qual o acessório segue o principal,
tudo o que ocorre no contrato principal repercute no acessório. Desse modo, sendo nulo o
contrato principal, nulo será o acessório; sendo anulável o principal o mesmo ocorrerá com o
CONTRATO ACESSÓRIO
acessório; ocorrendo prescrição da dívida do contrato principal, o contrato acessório estará
extinto; e assim sucessivamente. Todavia, deve ficar claro que o que ocorre no contrato acessório
não repercute no principal. Assim sendo, a nulidade do contrato acessório não gera a nulidade
do contrato principal; a anulabilidade do contrato acessório não gera a nulidade relativa do
principal e assim de forma sucessiva.”

3.9 QUANTO AO MOMENTO DO CUMPRIMENTO19

CONTRATO INSTANTÂNEO
“Aquele que tem aperfeiçoamento e cumprimento de imediato, caso de uma compra e venda à
OU DE EXECUÇÃO
vista.”
IMEDIATA

CONTRATO DE EXECUÇÃO “Tem o cumprimento previsto de uma vez só no futuro. Exemplo: compra e venda pactuada com
DIFERIDA pagamento por cheque pré ou pós-datado.”

“Tem o cumprimento previsto de forma sucessiva ou periódica no tempo. É o caso de uma


CONTRATO DE EXECUÇÃO
compra e venda cujo pagamento deva ser feito por meio de boleto bancário, com periodicidade
CONTINUADA OU DE
mensal, quinzenal, bimestral, trimestral ou qualquer outra forma sucessiva. Exemplos: locação e
TRATO SUCESSIVO
financiamentos em geral.”

3.10 QUANTO À PESSOALIDADE20

“Aqueles em que a pessoa do contratante é elemento determinante de sua conclusão. Tal


CONTRATOS PESSOAL, contrato não pode ser transmitido por ato inter vivos ou mortis causa, ou seja, pelo falecimento
PERSONALÍSSIMOS OU da parte. Ex.: contrato de fiança, uma vez que a condição de fiador não se transmite aos
INTUITU PERSONAE herdeiros, mas somente as obrigações vencidas e não pagas enquanto era vivo o fiador e até os
limites da herança (art. 836 do CC).”

“Aquele em que a pessoa do contratante não é juridicamente relevante para a conclusão do


CONTRATO IMPESSOAL negócio. Ex.: compra e venda, hipótese em que a causa do contrato está relacionada com a
transmissão do domínio”.

3.11 QUANTO À DEFINITIVIDADE DO NEGÓCIO 21

CONTRATO PRELIMINAR OU “Negócio que tende à celebração de outro no futuro. Ex.: compromisso de compra e venda de
PRÉ-CONTRATO (PACTUM imóvel. O instituto está tratado entre os arts. 462 e 466 do CC, merecendo estudo detalhado mais
DE CONTRAHENDO) à frente.”

CONTRATO DEFINITIVO “Não têm qualquer dependência futura, no aspecto temporal. Ex.: compra e venda de um imóvel.”

CAPÍTULO I: DISPOSIÇÕES GERAIS

18
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 985
19
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 989
20
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 990
21
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 990
11
elaborado por @fredsmcezar
SEÇÃO I: PRELIMINARES

Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874/2019)
2010 - MPE-GO / 2010 - TJ-SC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2010 - MPE-SP / 2011 - DPE-AM / CESPE - 2012 - DPE-SE / 2012 - MPE-RJ / 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA / 2013 - MPE-GO / VUNESP - 2014
- DPE-MS / 2014 - DPE-PR / CESPE - 2023 – AGU

A hermenêutica contratual moderna impõe o princípio da sociabilidade dos contratos como limitação à liberdade contratual.
(certa) CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

A função social do contrato é uma cláusula geral. (certa) VUNESP - 2023 - TJ-RJ – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

LIBERDADE CONTRATUAL Está relacionada com o conteúdo do negócio jurídico.

LIBERDADE DE CONTRATAR Está relacionada com a escolha da pessoa.

A liberdade contratual DE CONTRATAR relaciona-se com a escolha da pessoa ou das pessoas com quem o negócio será celebrado,
ao passo que a liberdade de contratar CONTRATUAL está relacionada com o conteúdo do negócio jurídico. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO
- JUIZ FEDERAL

Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão
contratual. (Incluído pela Lei nº 13.874/2019)
• A função social do contrato tem por escopo limitar a autonomia da vontade quando esta confronte o interesse social. (certa) FGV - 2009 - TJ-PA –
JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Nos termos do Código Civil, existe uma necessidade de observância da boa-fé objetiva e da funcionalização do contrato. (certa) FGV - 2009 - TJ-
PA – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• A hermenêutica contratual moderna impõe o princípio da sociabilidade dos contratos como limitação à liberdade contratual. (certa) CESPE - 2009
- TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• A função social do contrato não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes
interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. (certa) 2014 - PGE-MS
• A “autonomia privada” não exclui a “função social do contrato”. (certa) FGV - 2022 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O princípio da função social do contrato, introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pelo Código Civil de 2002, é limitador do princípio
contratual de autonomia da vontade. (certa) CESPE - 2022 - DPE-SE
• O dirigismo contratual é vedado pela legislação brasileira, como forma de preservação ao princípio da liberdade contratual. (errada) VUNESP -
2015 - TJ-MS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que
justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também
que: (Incluído pela Lei nº 13.874/2019)

I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus
pressupostos de revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874/2019)

II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e (Incluído pela Lei nº 13.874/2019)

III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874/2019)
.
• Ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a
presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção. (certa) FUNDEP - 2022 - MPE-MG

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé.
2010 - MPE-GO / 2010 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / FCC - 2015 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Ao incidir no contrato, o princípio da boa-fé objetiva determina deveres anexos de natureza obrigatória, embora não tenham sido
pactuados pelas partes. (certa) FAURGS - 2022 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Enunciado 24 CJF: Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422, a violação dos deveres anexos constitui espécie de
inadimplemento, independentemente de culpa.
• Dados os predicados do princípio da boa-fé objetiva, a violação dos deveres anexos tipifica a incidência do inadimplemento. (certa) CESPE - 2012
- MPE-RR

• Sobre o princípio de proteção da boa-fé objetiva no Código Civil brasileiro, é correto afirmar: Possui previsão expressa como
cláusula geral na forma da boa-fé contratual, além de também ser possível reconhecer seus efeitos em manifestações
específicas nas relações jurídicas reguladas pela codificação. (certa) 2012 - MPE-MT

12
elaborado por @fredsmcezar
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais
favorável ao aderente.
2010 - MPE-GO / 2010 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2010 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2011 - DPE-AM / 2013 - PGE-GO / VUNESP - 2013 - MPE-ES / 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA /
2014 - DPE-PR /

• Caso haja, em contrato de adesão, cláusulas ambíguas, adota- se, no direito brasileiro, a interpretação in dubio pro fragile. (certa) CESPE - 2012
- DPE-RO

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
natureza do negócio.
2009 - TJ-RS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2012 - MPE-RJ / VUNESP - 2013 - MPE-ES / 2013 - MPE-GO

• Em contratos de adesão, são consideradas inválidas as cláusulas que estipulem renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
própria natureza do negócio jurídico. (errada) 2015 - PGE-RS

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
2013 - MPE-GO / 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA / 2014 - MPE-SC /

• Os contratos atípicos não exigem a observância rigorosa das normas gerais fixadas no Código Civil, pois que nestes casos os contratantes
possuem maior liberdade para contratar. (errada) 2010 - MPE-SP
• É lícito às partes estipular contratos atípicos desde que observadas as normas gerais do Código Civil. Os contratos atípicos são os que não
são expressamente disciplinados pelo Código Civil e são admitidos ante o princípio da autonomia da vontade desde que não contrariem por
exemplo a ordem pública, os bons costumes e a função social do contrato. (certa) 2010 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
FCC - 2011 - TJ-PE – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2011 - DPE-AM / CESPE - 2011 - DPE-MA / 2013 - MPE-GO / FCC - 2015 - TJ-PE - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO / 2017 - PGE-AC

• O instituto da pacta corvina é admitido pelo ordenamento jurídico pátrio. (errada) CESPE - 2012 - MPE-RR
• A herança de pessoa viva pode ser objeto de contrato. (errada) 2013 - PGE-GO
• É anulável NULO o contrato que tem por objeto herança de pessoa viva. (errada) FCC - 2015 - TJ-AL - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

SEÇÃO II: DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

De acordo com o Código Civil, o contrato preliminar admite promessa unilateral de contrato. (certa) FCC - 2021 - PGE-GO
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou
das circunstâncias do caso.
2010 - MPE-GO / FCC - 2011 - MPE-CE / 2012 - MPE-MG / FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA / FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2016 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:


2010 - MPE-GO / 2010 - PGE-RS / 2010 - MPE-GO / CESPE - 2011 - DPE-MA / 2012 - MPE-MG / FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA / 2016 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO / 2017 - MPE-RS

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata
por telefone ou por meio de comunicação semelhante;

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do
proponente;

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.

Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar
das circunstâncias ou dos usos. 2010 - MPE-GO / 2012 - MPE-RJ

Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta
realizada.

Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á
imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.

Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta.
FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA

• A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, não importará nova proposta. (errada) FCC - 2012 - MPE-AL

13
elaborado por @fredsmcezar
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-
se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. FCC - 2012 - MPE-AL

Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
2010 - PGE-RS / 2012 - MPE-MG

Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
2010 - PGE-RS / 2010 - MPE-GO / CESPE - 2011 - DPE-MA

I - no caso do artigo antecedente;

II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;

III - se ela não chegar no prazo convencionado.

Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.


2012 - MPE-MG / FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA / FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar de sua execução. (errada) 2012 - MPE-MG

SEÇÃO III: DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO


A estipulação em favor de terceiros é uma exceção ao princípio da relatividade dos contratos. (certa) 2014 - MPE-GO
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
• O que estipula em favor de terceiro não pode exigir o cumprimento da obrigação. (errada) FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às
condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.

Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o
estipulante exonerar o devedor.

Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua
anuência e da do outro contratante. 2013 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 2015 - PGE-RS

SEÇÃO IV: DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO

Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar.

Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato
a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
2018 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à
prestação. 2012 - PGE-PA

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elaborado por @fredsmcezar
SEÇÃO V: DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS

“Na esteira da melhor doutrina, não há que se confundir o vício redibitório com o erro. No caso de VÍCIO REDIBITÓRIO o problema
atinge o objeto do contrato, ou seja, a coisa. No ERRO o vício é do consentimento, atingindo a vontade, pois a pessoa se engana
sozinha em relação a um elemento do negócio celebrado. (...) Em complemento às lições de José Fernando Simão, insta verificar
que as categorias se situam em planos distintos do contrato”:22

VÍCIO REDIBITÓRIO plano da eficácia do contrato (resolução ou abatimento no preço)


ERRO plano da validade (anulabilidade do contrato)

Os vícios redibitórios atingem o plano de validade do contrato e podem gerar sua anulabilidade mediante o manejo de ação
redibitória. (errada) CESPE - 2015 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
O vício redibitório e o erro substancial são distintos uma vez que no primeiro o vício oculto pertence ao objeto adquirido, ao
passo que no segundo, o vício é da manifestação da vontade. (certa) FCC - 2018 - DPE-MA
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem
imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. 2014 - MPE-MT / VUNESP - 2018 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A responsabilidade por vícios redibitórios é característica de todo e qualquer contrato translativo do domínio, seja ele comutativo ou aleatório,
oneroso ou benéfico. (errada) 2011 - MPE-PR
• A possibilidade de remoção do defeito apresentado não afasta a responsabilidade do alienante em responder pelo vício redibitório. (errada)
CESPE - 2012 - TJ-CE - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O conhecimento do vício ou defeito da coisa pelo adquirente não obstaculiza a responsabilização daquele pelos vícios redibitórios. (errada)
2012 - PGE-PA

O saneamento de vício redibitório limitador do uso, gozo e fruição da área de terraço na cobertura de imóvel objeto de negócio
jurídico de compra e venda – que garante o seu uso de acordo com a destinação e impede a diminuição do valor –, afasta o pleito
de abatimento do preço. DOD. STJ. 4ª Turma. REsp 1.478.254-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/8/2017 (Info 610).

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.


2014 - MPE-MT / CESPE - 2016 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / VUNESP - 2018 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FGV - 2023 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

• A coisa recebida em virtude de doação não onerosa pode ser enjeitada por vícios redibitórios que a tornem imprópria ao uso a que se destina
ou lhe diminua o valor. (errada) 2009 - TJ-RS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A coisa recebida em virtude de doação onerosa pode ser enjeitada por vício ou defeito oculto. (certa) 2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso ou lhe
diminuam o valor. Assim, o doador, no caso de doação pura e simples, não está sujeito às consequências do vício redibitório. (certa) 2014 - DPE-
PR

Obs.: Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas. (art. 503)
• Adquirida mais de uma coisa conjuntamente, o adquirente não pode rejeitar apenas a que apresente vício redibitório. (errada) CESPE - 2012 - TJ-
CE - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
• O adquirente pode redibir o contrato ou reclamar abatimento do preço. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• É vedado ao adquirente em caso de vício redibitório reclamar o abatimento do preço. (errada) 2013 - PGE-GO

Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; ///////////////////////////////////
Se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - MPE-MT / FGV - 2022 - TJ-AP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO /

• Ainda que a alienação tenha sido realizada de boa-fé, o alienante da coisa que apresente defeito deve restituir o valor recebido acrescido das
despesas do contrato. (certa) CESPE - 2012 - TJ-CE - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• No que diz respeito aos vícios redibitórios, se o alienante os conhecia, restituirá o que recebeu com perdas e danos. Todavia, se não os
conhecida, será responsável apenas pela restituição do valor recebido. (errada) 2014 - MPE-MA
• Quanto aos vícios redibitórios é correto afirmar que só dão direito: à pretensão indenizatória por perdas e danos, se houver conhecimento do
vício pelo alienante. (certa) 2014 - PGE-AC

Ex.: Uma pessoa natural vende um automóvel usado ao seu vizinho. Constata-se, logo após a venda, haver vício redibitório. Ainda
não decorreu o prazo decadencial. O adquirente quer desfazer o negócio, devolvendo o bem e recebendo seu dinheiro de volta, além
das despesas que arcou com a transferência da documentação junto ao Departamento de Trânsito. Ainda almeja ser ressarcido pelo
que gastou com o reboque do veículo, isto a título de perdas e danos. Ocorre que o alienante alega e prova que definitivamente

22
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 1103
15
elaborado por @fredsmcezar
desconhecia o vício. Pode-se dizer que mesmo que de boa-fé, há responsabilidade do alienante, embora em menor extensão do que
ocorreria em caso de má-fé. Assim, só estaria ele isento em relação às perdas e danos. (certa) 2022 - MPE-SP
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto,
já existente ao tempo da tradição. 2014 - MPE-MT
• Se a coisa perecer em poder do alienatário, por vício oculto já existente ao tempo da tradição, não mais subsiste a responsabilidade do
alienante. (errada) 2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de 30 (trinta) dias se a coisa for
móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à
metade.
2014 - MPE-MT / 2014 - MPE-SC / VUNESP - 2018 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2021 - DPE-GO

• O adquirente, se optar pela ação redibitória, deverá observar o prazo prescricional fixado em lei. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• No Código Civil, presente o vício redibitório, em regra o adquirente decai do direito de obter a redibição ou o abatimento do preço no prazo
de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
a
TRADIÇÃO/ENTREGA EFETIVA TRADITIO BREVI MANU
MÓVEL 30 dias 15 dias
IMÓVEL 1 ano 6 meses

Ex.: Renato emprestou seu automóvel a Paulo. Quinze dias depois, ainda na posse do veículo, Paulo o comprou de Renato, que
realizou a venda sem revelar que o automóvel possuía grave defeito mecânico, vício oculto que só foi constatado por Paulo na
própria data da alienação. Nesse caso, de acordo com o Código Civil, Paulo tem direito de obter a redibição do contrato de compra
e venda, que se sujeita a prazo decadencial, de quinze dias, contado da data da alienação. (certa) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Ex.: O adquirente que já estava na posse do bem decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta
dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel. (errada) VUNESP - 2018 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Ex.: Renato adquiriu de seu amigo Rodolfo, em 13/2/2010, um veículo automotor, que, passados trinta dias da compra,
apresentou defeito no motor e parou de funcionar. Em 15/3/2010, o comprador procurou um advogado com o propósito de ajuizar
ação para anular o negócio jurídico. Em 13/1/2011, Renato ajuizou ação objetivando a redibição ou o abatimento do preço pago pelo
veículo. No entanto, o processo foi extinto com resolução do mérito em razão da decadência do direito do autor. O prazo decadencial
para o adquirente reclamar a existência de vício redibitório seria de trinta dias a contar do conhecimento do vício oculto. No caso de
vício oculto de difícil constatação, Renato teria o prazo de até cento e oitenta dias após a tradição, para conhecer o defeito e,
uma vez constatado o defeito, teria o prazo de mais trinta dias para ingressar com as ações edilícias. (certa) CESPE - 2012 - DPE-AC
Ex.: A oficina Borrachex alugou uma prensa hidráulica usada de um ferro-velho local por um ano para utilizar em sua atividade
empresarial. Ficou tão satisfeita com a máquina que resolveu comprá-la, tendo o ferro-velho, no âmbito do contrato de compra e
venda, lhe dado garantia convencional contra eventuais defeitos pelo prazo de vinte dias. Sobre o prazo de garantia contra vícios
redibitórios, nesse caso, é correto afirmar que: a partir da aquisição começa a correr o prazo convencional de garantia, findo o qual
começará a correr o prazo legal, reduzido à metade por já estar a oficina na posse do bem. (certa) FGV - 2022 - TJ-SC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, SÓ PUDER SER CONHECIDO MAIS TARDE, o prazo contar-se-á do momento em que dele
tiver ciência, até o prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
Ex.: Situação hipotética: O adquirente de determinado bem móvel, cento e vinte dias após a data da aquisição, constatou que o
bem continha vício que, por sua própria natureza, somente poderia ser por ele conhecido com o decurso do tempo. Imediatamente
após a constatação, o adquirente apresentou em juízo pretensão redibitória e a parte contrária invocou a ocorrência da
decadência. Assertiva: Nessa situação, o juiz não poderá declarar a decadência, já que o autor exercitou o seu direito no prazo
legal. (certa) CESPE - 2015 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Ex.: No caso de bens móveis, quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, se ele aparecer em até 180
dias, terá o comprador mais 30 dias para requerer a redibição ou abatimento no preço. (certa) VUNESP - 2018 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta
desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de CLÁUSULA DE GARANTIA; mas o adquirente deve
denunciar o defeito ao alienante nos 30 (trinta) dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

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elaborado por @fredsmcezar
SEÇÃO VI: DA EVICÇÃO

A evicção consiste na perda parcial ou integral da posse ou da propriedade do bem, via de regra, em virtude de decisão judicial
que atribui o uso, a posse ou a propriedade a outrem, em decorrência de motivo jurídico anterior ao contrato de aquisição. (certa) 2016
- TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

“O conceito clássico de evicção é que ela decorre de uma sentença judicial. Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça tem
entendido que a evicção pode estar presente em casos de apreensão administrativa, NÃO DECORRENDO necessariamente de
uma decisão judicial (nesse sentido: STJ, REsp 259.726/RJ, 4ª Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, 03.08.2004, DJ 27.09.2004, p. 361).

• O direito de demandar pela evicção supõe, necessariamente, a perda da coisa adquirida em contrato oneroso, por força de decisão judicial.
(errada) 2018 - MPE-MS

Seguindo em parte esse último entendimento, a mesma Corte Superior, em acórdão mais recente, deduziu que a evicção
NÃO EXIGE O TRÂNSITO EM JULGADO da decisão para o devido exercício do direito. (STJ, REsp 1.332.112/GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j.
21.03.2013).23

Ex.: Maria vendeu um automóvel a Alfredo, alegando estar livre e desembaraçado de ônus. Porém, um mês após a tradição, o
bem foi penhorado e arrematado por dívidas de Maria anteriores à venda. Em razão desse fato, Alfredo tem direito à restituição
integral do preço que pagou em decorrência da evicção. (certa) VUNESP - 2012 - DPE-MS
ALIENANTE aquele que transfere a coisa viciada, de forma onerosa.
EVICTO aquele que perde a coisa adquirida.
EVICTOR tem a decisão judicial ou a apreensão administrativa a seu favor.
Ex.: Se uma pessoa perde a posse da coisa transferida, por força de sentença judicial que reconheça o direito anterior de terceiro,
configura-se o que o direito denomina de evicção. (certa) CESPE - 2022 - MPE-SE
Art. 447. Nos contratos ONEROSOS, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha
realizado em hasta pública.
2013 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2021 - DPE-GO / 2021 - PGE-RS / FGV - 2023 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

• O alienante responde pela evicção nos contratos gratuitos. (errada) 2009 - TJ-RS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Essa subsiste garantia ainda que a aquisição tenha se realizado em hasta pública.
(certa) CESPE - 2013 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• A responsabilidade por evicção existe mesmo no caso de aquisição por hasta pública. (certa) 2013 - MPE-PR
• Em regra, a garantia contra a evicção incide por força da própria lei, tanto aos contratos onerosos quanto aos contratos gratuitos. (errada) 2014
- TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Ex.: João e José são irmãos. José, em razão de um acidente, necessitou de cuidados e de acompanhamento constante. João
deixa seu emprego, onde tinha uma remuneração de R$ 1.000,00 (mil reais) mensais, para se dedicar totalmente aos cuidados de
seu irmão José. Após dois anos, José se recuperou e doou para João um apartamento de sua propriedade, avaliado em R$
800.000,00 (oitocentos mil reais), como forma de retribuir a dedicação do irmão. Constou expressamente da doação que ela se
destinava a compensar João pelos serviços prestados, equivalentes aos valores salariais que deixou de receber, por ter abandonado
o seu emprego para cuidar do doador. Após o recebimento da doação, João perdeu o apartamento em razão de uma ação
reivindicatória ajuizada por terceiro. É correto afirmar que João tem direito a ser indenizado pela evicção até o limite do valor dos
serviços prestados. (certa) VUNESP - 2018 - TJ-MT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
CESPE - 2012 - MPE-PI / CESPE - 2012 - TJ-AC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2013 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - DPE-PR / 2015 - PGE-RS / 2021 - PGE-RS / CESPE - 2023 - AGU

• Nos contratos onerosos, as partes não podem reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. (errada) 2011 - TJ-PR - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço
que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

Ex.: Renato adquiriu imóvel e assinou contrato no âmbito do qual foi excluída, por cláusula expressa, a responsabilidade pela
evicção. A cláusula é válida, mas, se Renato restar evicto, terá direito de receber o preço que pagou pelo imóvel, se não soube do
risco da evicção ou se, dele informado, não o assumiu. (certa) FCC - 2015 - TJ-GO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Ex.: Rejane adquiriu um automóvel de seu vizinho Altair pelo preço de R$ 8.000,00. Três meses depois, todavia, veio a ser parada
numa blitz e o veículo foi apreendido porque constava que há cerca de um ano ele fora roubado do real proprietário, que não era
Altair. Diante disso, Rejane tem direito a exigir de Altair: a devolução do preço pago se no contrato com ele constasse cláusula que
exclui a garantia contra evicção, desde que ela não tenha assumido o risco relativo ao roubo. (certa) FGV - 2022 - DPE-MS

23
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 1116
17
elaborado por @fredsmcezar
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:

I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao
desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do
adquirente.

Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das
vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.

Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. 2021 - PGE-RS
• As benfeitorias necessárias ou úteis que não tenham sido reembolsadas ao que sofreu a evicção terão de ser pagas pelo alienante. (certa)
CESPE - 2012 - MPE-PI

Obs.: As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.
(art. 1.221.) 2010 - PGE-GO / FCC - 2014 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em
conta na restituição devida.

Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte
do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
2009 – MPDFT / 2013 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2013 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Se a evicção for parcial, mas considerável, ao evicto caberá, cumulativamente, a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço
correspondente ao desfalque sofrido. (errada) 2010 - MPE-PB
• Se a evicção for parcial, mas não considerável, caberá ao evicto somente o direito à indenização, não podendo optar pela rescisão do contrato.
(certa) 2014 - PGE-MS

• A evicção parcial só pode gerar o desfazimento do contrato se a parte perdida for considerável. (certa) 2021 - PGE-RS

Art. 456. (Revogado pela Lei n º 13.105/2015) (Vigência)

Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
2010 - PGE-RS / 2012 - PGE-SC

• O conhecimento de que a coisa era litigiosa não elide a evicção. (errada) 2021 - PGE-RS

DAÇÃO EM PAGAMENTO x EVICÇÃO


Art. 359. Se o CREDOR for EVICTO da coisa recebida em pagamento, RESTABELECER-SE-Á A OBRIGAÇÃO PRIMITIVA , ficando
SEM EFEITO A QUITAÇÃO DADA, ressalvados os direitos de terceiros.
Ex.: Restabelece-se a dívida que foi quitada por João, por meio de dação em pagamento de um imóvel a Pedro, se o bem dado
em pagamento tiver de ser restituído a Antônio, que obteve sentença procedente em ação reivindicatória que promovera. (certa) 2012 -
TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• A quitação dada pelo credor, em dação em pagamento, produz seus efeitos jurídicos ainda que ocorra evicção, ficando ressalvado ao credor,
no entanto, o direito à indenização por perdas e danos. (errada) 2011 – MPDFT
• Na dação em pagamento, se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito
a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. (certa) 2012 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Obs.: A dação em pagamento, realizada pelo devedor e aceita pelo credor, desobriga o fiador, ainda que a coisa venha a se
perder por evicção. (certa) 2012 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Art. 838. O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado:
III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar,
AINDA QUE DEPOIS VENHA A PERDÊ-LO POR EVICÇÃO.
• O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do
que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo por evicção. (certa) FGV - 2013 - TJ-AM - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

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elaborado por @fredsmcezar
Ex.: André devia a quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em dinheiro a Mateus. Maria era fiadora de André. Mateus
aceitou receber em pagamento pela dívida um imóvel urbano de propriedade de André. Entretanto, o imóvel estava ocupado por
Pedro, que o habitava há mais de cinco anos, nele estabelecendo sua moradia. Pedro ajuizou ação de usucapião para obter a
declaração de propriedade do imóvel que foi julgada procedente. É possível afirmar que a obrigação originária é restabelecida,
pelo seu valor original, em razão da evicção da coisa dada em pagamento, mas sem a garantia pessoal prestada por Maria, tendo
em vista que o credor aceitou receber objeto diverso do constante na obrigação originária. [adaptada] (certa) VUNESP - 2018 - TJ-RS - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

DAS CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A PRESCRIÇÃO


A pendência de ação de evicção é causa obstativa da prescrição. (certa) 2015 - DPE-PA
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
2011 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2012 - PGE-SP / FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - PGE-AC / FCC - 2015 - TJ-RR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2017 - PGE-AC /

III - pendendo ação de evicção.


• Mesmo que haja ação de evicção pendente, a contagem do prazo de prescrição corre normalmente. (errada) CESPE - 2012 - MPE-PI

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elaborado por @fredsmcezar
SEÇÃO VII: DOS CONTRATOS ALEATÓRIOS

Contrato de prestações certas e determinadas no qual as partes possam antever as vantagens e os encargos, que geralmente
se equivalem porque não envolvem maiores riscos aos pactuantes, é classificado como comutativo. (certa) CESPE - 2018 - TJ-CE - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: O contrato de seguro é considerado um contrato aleatório. (certa) 2009 - TJ-MG – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos
contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha
havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
FCC - 2009 - DPE-MA / CESPE - 2011 - DPE-MA / 2012 - MPE-RS / 2017 - PGE-AC /

A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura; neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir,
salvo se a intenção das partes era a de concluir contrato aleatório. (certa) FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO (art. 483)
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer
quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa
venha a existir em quantidade inferior à esperada.
• São contratos aleatórios, os que dizem respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma,
os cujo objeto sejam coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade e os que se referirem a
coisas existentes, mas expostas a risco assumido pelo adquirente. (certa) FCC - 2015 - TJ-SE - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
Ex.: Carlos é proprietário de dois imóveis rurais, sendo que na Fazenda Água Suja planta soja, e na Fazenda Água Limpa, milho.
Rafael adquiriu de Carlos, para a entrega futura, toda a safra de soja, pagando antecipadamente e assumindo o risco de a produção
atingir somente 30% do esperado, bem como toda a safra de milho, também com pagamento antecipado, assumindo o risco de
nada ser colhido. Em virtude de problemas climáticos, nada produziram as fazendas. Diante disto, Carlos nada terá de restituir a
Rafael, do que recebeu pela venda de milho, mas terá de restituir o valor recebido pela venda de soja. (certa) FCC - 2021 - TJ-GO - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá
igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.

Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar
que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
Nos contratos aleatórios, é admitida a revisão ou resolução por onerosidade excessiva em razão da ocorrência de evento
superveniente, extraordinário e imprevisível que não se relacione com a álea assumida no contrato. (certa) CESPE - 2015 - DPE-PE

SEÇÃO VIII: DO CONTRATO PRELIMINAR

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
2010 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2011 - DPE-AM / 2011 - PGE-RS / 2015 - PGE-RS / 2015 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA / FCC - 2017 - DPE-PR / 2017 - PGE-AC / FUNDEP - 2023 - MPE-MG

Não se exige que o pactum de contrahendo seja instrumentalizado com os mesmos requisitos formais do contrato definitivo a
ser celebrado, ainda que se exija, para este último, a celebração por escritura pública. (certa) CESPE - 2012 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula
de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.

Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.


• Não se faz necessário levar o contrato preliminar a registro. (errada) FUNDEP - 2023 - MPE-MG

Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter
definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.

Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e
danos. CESPE - 2012 - DPE-ES
• No que se refere ao contrato preliminar, a outra parte desobriga-se diante da inércia do estipulante. (certa) CESPE - 2016 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

De acordo com o Código Civil, o contrato preliminar admite promessa unilateral de contrato. (certa) FCC - 2021 - PGE-GO
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo
nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.

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elaborado por @fredsmcezar
SEÇÃO IX: DO CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR

Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve
adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. 2009 – MPDFT / 2013 - PGE-GO

Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de 5 (cinco) dias da conclusão do contrato, se outro não
tiver sido estipulado.

Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para
o contrato.

Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações
decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.

Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: 2013 - PGE-GO

I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;

II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.

Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os
contratantes originários.
Ex.: André identificou excelente oportunidade de negócio ao ver imóvel que estava sendo anunciado por preço inferior a seu
valor de mercado, tendo em vista o interesse do proprietário em se desfazer dele rapidamente. Não desejando o imóvel para si,
André firmou contrato para a aquisição do bem, mas fez dele constar cláusula que lhe permitia, em até cinco dias, indicar qualquer
outra pessoa para assumir a posição de comprador em seu lugar, transmitindo-lhe todos os direitos e obrigações. Tendo isso em
vista, é correto afirmar que: se o terceiro indicado por André era insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá efeitos
somente entre os contratantes originários. (certa) FGV - 2022 - MPE-GO

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elaborado por @fredsmcezar
CAPÍTULO II: DA EXTINÇÃO DO CONTRATO

“Pode-se afirmar que a rescisão (que é o gênero) possui as seguintes espécies: RESOLUÇÃO (extinção do contrato por
descumprimento) e RESILIÇÃO (dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admissível por lei, de forma expressa ou
implícita, pelo reconhecimento de um direito potestativo). As duas situações básicas envolvem o plano da eficácia do contrato, ou
seja, o terceiro degrau da Escada Ponteana.”24

• A mora absoluta, que se dá, entre outros casos, pela inutilidade da prestação ao credor, implica a resolução do contrato. (certa) 2009 - TJ-SC -
Juiz

Considere que Marcos tenha cedido seus direitos sobre determinado imóvel a Lúcia, obrigando-se a pagar o imposto sobre a
propriedade predial e territorial urbana relativo ao ano anterior, que estava em atraso. Considere, ainda, que Lúcia tenha pago a
Marcos R$ 200 mil, correspondentes a 90% do preço ajustado para o imóvel, comprometendo-se a pagar o restante em 60 dias.
Nessa situação hipotética, eventual atraso no cumprimento de qualquer das obrigações ainda pendentes não ensejaria, por si só, a
resolução do contrato, visto que se configuraria, na hipótese, inadimplemento mínimo. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

SEÇÃO I: DO DISTRATO

A resilição bilateral é denominada distrato. (certa) 2016 - PGE-MS

Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
FCC - 2009 - DPE-MT / CESPE - 2012 - TJ-AC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2012 - MPE-RS / FCC - 2014 - DPE-PB / VUNESP - 2019 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO /

• O distrato deve seguir a mesma forma exigida para o contrato. (certa) VUNESP - 2021 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

O distrato, que irradia efeitos ex tunc, corresponde à resilição bilateral do contrato, e faz-se pela mesma forma exigida para o
contrato. (errada) 2014 - DPE-PR

Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada
à outra parte.
2012 - MPE-RS / 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO /

Ex.: O supermercado Sua Casa celebrou contrato com a empresa Suco Mais por prazo indeterminado, cujo objeto consiste no
fornecimento de cem caixas de um litro de suco de uva natural por semana, ao custo de R$ 1,00 cada caixa. Ficou acertado que o
pagamento ocorrerá a cada dois meses. Caso a empresa verifique que não tem mais condições de dar cumprimento ao contrato,
poderá promover a resilição unilateral, por meio de denúncia feita ao supermercado. (certa) CESPE - 2009 - PGE-AL
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua
execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos
investimentos.

SEÇÃO II: DA CLÁUSULA RESOLUTIVA

Art. 474. A cláusula resolutiva EXPRESSA opera de pleno direito; a TÁCITA depende de interpelação judicial.
2012 - MPE-RS / 2013 – MPDFT / CESPE - 2015 - DPE-RN / 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

• A cláusula resolutiva expressa exige interpelação judicial para produzir efeitos. (errada) 2015 - DPE-PA
• A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito, ou seja, sem a necessidade de intervenção judicial. (certa) VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ
SUBSTITUTO

Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento,
cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA / 2014 - MPE-SC / 2018 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, não cabendo, em nenhum
QUALQUER
caso, indenização por perdas e danos. (errada) 2012 - PGE-SC

O direito de resolver o contrato por inadimplemento tem natureza de pretensão DIREITO POTESTATIVO e se encontra sujeito à prescrição
DECADÊNCIA
. (errada) VUNESP - 2021 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

24
Manual de Direito Civil, Vol. Único, Flávio Tartuce, 11ª ed. (2021), p. 1132
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elaborado por @fredsmcezar
SEÇÃO III: DA EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da
do outro.
FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - MPE-SC / 2015 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA / VUNESP - 2023 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• A exceptio non adimpleti contractus pode ser aplicada: apenas nos contratos bilaterais. (certa) 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Em ação de resolução de contrato, a exceção de contrato não cumprido, por ser de natureza material, não pode ser alegada pelo réu em sua
defesa. (errada) CESPE - 2012 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Sobre a extinção do contrato, pode ser impedida pela oposição de exceção de contrato não cumprido, que é meio de autodefesa do devedor.
(certa) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• A exceção do contrato não cumprido pode ser invocada por contratante que esteja em mora. (errada) 2021 - PGE-RS
• A exceção do contrato não cumprido pode ser exercida apenas nas prestações simultâneas. (certa) 2021 - PGE-RS

Considere o seguinte texto de Miguel Maria de Serpa Lopes: Da estrutura jurídica da EXCEPTIO NON ADIMPLETI CONTRACTUS -
Como a própria denominação o indica, a exceptio non ad. contractusconstitui uma das modalidades das exceções substanciais.
Pertence à classe das exceções dilatórias, segundo uns, embora outros a entendam pertinente à categoria das exceções
peremptórias. Como quer que seja, convém assinalar, antes de tudo, que a ex. n. ad. contractusparalisa a ação do autor ante a
alegação do réu de não ter recebido a contraprestação que lhe é devida, estando o cumprimento de sua obrigação, a seu turno,
dependente do adimplemento da prestação do demandante (in Exceções Substanciais: Exceção de contrato não cumprido (Exceptio
non adimpleti contractus) -p. 135 - Livraria Freitas Bastos S/A, 1959). Por isso, o autor pode concluir que ela só encontra e só pode
encontrar clima propício, onde houver uma vinculação sinalagmática. (certa) FCC - 2015 - TJ-PE - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Em virtude do princípio da autonomia de vontade, admite-se que seja inserida, no contrato de compra e venda de bem móvel,
pactuado entre particulares, a cláusula solve et repete. (certa) CESPE - 2009 – AGU
Ao adotar de forma limitada o princípio da autonomia de vontade, a legislação brasileira não admite a inserção da cláusula solve
et repete nos contratos. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
É ABUSIVA a inserção de cláusula solve et repete em CONTRATOS DE CONSUMO. (certa) FCC - 2021 - DPE-GO (CDC, art. 51)

Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de
comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que
aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.

SEÇÃO IV: DA RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA

Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com
extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução
do contrato. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-RJ - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
A resolução do contrato por onerosidade excessiva não se aplica aos contratos de execução instantânea, pois ocorre quando,
no momento da efetivação da prestação, esta se torna demasiadamente onerosa para uma das partes, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis. (certa) CESPE - 2015 - DPE-RN
Enunciado 440-CJF: É possível a revisão ou resolução por excessiva onerosidade em contratos aleatórios, desde que o evento
superveniente, extraordinário e imprevisível não se relacione com a álea assumida no contrato.
• Nos contratos aleatórios, é admitida a revisão ou resolução por onerosidade excessiva em razão da ocorrência de evento superveniente,
extraordinário e imprevisível que não se relacione com a álea assumida no contrato. (certa) CESPE - 2015 - DPE-PE

Se a desproporção entre a prestação do devedor e a obrigação da outra parte existir desde o nascimento da relação contratual,
não é caso de aplicação da teoria da imprevisão, mas sim da lesão. (certa) VUNESP - 2023 - TJ-RJ - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa,
com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
CESPE - 2009 – AGU / CESPE - 2009 - PGE-AL / CESPE - 2009 - DPE-AL / 2010 - PGE-RS / CESPE - 2012 - DPE-SE / CESPE - 2012 - DPE-AC / VUNESP - 2012 - DPE-MS / 2012 - MPE-RS / 2013 - PC-PA - DELEGADO
DE POLÍCIA / 2013 – MPDFT / 2013 - PGE-GO / VUNESP - 2014 - TJ-RJ - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2014 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - PGE-MS / 2015 - PGR - PROCURADOR DA
REPÚBLICA / FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2018 - DPE-AM / FGV - 2022 - PGE-SC /

• A excessiva onerosidade da prestação do devedor será causa bastante para a resolução ou a revisão do contrato. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 5ª
REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• Estabelecido contrato de fornecimento de insumos para empresa que comercializa produtos químicos, será juridicamente possível o
fornecedor pedir, de acordo com a lei civil, a resolução do contrato, se a sua prestação se tornar excessivamente onerosa, com vantagem
extrema para a outra parte em razão de acontecimento extraordinário e imprevisível. (certa) CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

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elaborado por @fredsmcezar
• Na revisão judicial de disposições contratuais de execução continuada, em razão de excessiva onerosidade da prestação, com extrema
vantagem para a outra parte, em face de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato,
retroagindo os efeitos da sentença à data da celebração do negócio jurídico. (errada) 2018 - MPE-MS

Ex.: DASILVA pleiteia a resolução de contrato de venda futura de soja celebrado com AGRÍCOLA S.A., sob a alegação de que
variação significativa da cotação do produto vendido tornou o contrato excessivamente oneroso. Neste caso, a simples variação de
preço do produto comercializado pelo vendedor não configura um acontecimento imprevisto e extraordinário. (certa) FCC - 2012 - TJ-GO –
JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: Paulo alugou um quiosque em um centro comercial na cidade de Boa Vista-RR, em janeiro de 2018, pelo valor de R$
2.000,00 (dois mil reais) mensais, além de pagamento de verbas condominiais e outras despesas. Com a pandemia, o centro
comercial permaneceu fechado por vários meses, em razão de restrições sanitárias impostas pelas autoridades responsáveis.
Durante todo esse tempo, Paulo não pôde explorar comercialmente o ponto e ficou sem qualquer renda que auferia da atividade
desenvolvida no local e ficou inadimplente com o valor dos aluguéis e demais despesas. Em tal situação, Paulo poderá alegar a
onerosidade excessiva, para pleitear a resolução ou revisão dos termos contratuais, mesmo que não seja o caso de aplicação das
regras de proteção ao consumidor. (certa) FCC - 2021 - DPE-RR
De acordo com o STJ, contratada a venda de safra para entrega futura com preço certo, a incidência de pragas na lavoura não
dará causa à resolução por onerosidade excessiva, ficando o contratante obrigado ao cumprimento da avença. (certa) CESPE - 2012 – AGU
O princípio da conservação do negócio jurídico permite, em caso de onerosidade excessiva, sempre que possível, a revisão do
contrato e, não, sua resolução. (certa) 2014 - TJ-MT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO / 2012 - MPE-RS /

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida,
ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. VUNESP - 2023 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Ex.: Mauro firmou contrato com determinada empresa, por meio do qual assumiu obrigações futuras a serem cumpridas
mediante prestações periódicas. No decurso do contrato, em virtude de acontecimento extraordinário e imprevisível, as prestações
se tornaram excessivamente onerosas para Mauro e extremamente vantajosas para a referida empresa. Nessa situação, Mauro
poderá pedir a resolução do contrato, a redução da prestação ou a alteração do modo de executá-lo. (certa) CESPE - 2016 - PGE-AM

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elaborado por @fredsmcezar
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL (SUBSTANCIAL PERFORMANCE)

“A teoria do adimplemento substancial é acolhida pelo STJ? Sim. Existem julgados adotando expressamente a teoria. Vale
ressaltar, no entanto, que seu uso não pode ser banalizado a ponto de inverter a lógica jurídica de extinção das obrigações. O
“normal” que as partes esperam legitimamente é que os contratos sejam cumpridos de forma integral e regular. Diante disso, a fim
de que haja critérios, o STJ afirma que são necessários três requisitos para a aplicação da teoria: 25
a) a existência de expectativas legítimas geradas pelo comportamento das partes;
b) o pagamento faltante há de ser ínfimo em se considerando o total do negócio;
c) deve ser possível a conservação da eficácia do negócio sem prejuízo ao direito do credor de pleitear a quantia devida pelos
meios ordinários.” STJ. 4ª Turma. REsp 1581505/SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 18/08/2016.
Por meio da TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL, defende-se que, se o adimplemento da obrigação foi muito próximo
ao resultado final, a parte credora não terá direito de pedir a resolução do contrato porque isso violaria a boa-fé objetiva, já que
seria exagerado, desproporcional, iníquo. No caso do adimplemento substancial, a parte devedora não cumpriu tudo, mas quase
tudo, de modo que o credor terá que se contentar em pedir o cumprimento da parte que ficou inadimplida ou então pleitear
indenização pelos prejuízos que sofreu (art. 475, CC). DOD. STJ. 3ª Turma. REsp 1200105-AM, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 19/6/2012 (Info
500).

O adimplemento substancial visa a impedir o uso desequilibrado do direito de resolução contratual pelo credor em prol da
preservação da avença. (certa) 2014 - TJ-MT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Havendo boa-fé, a faculdade do credor para a resolução contratual pode ser limitada se o devedor tiver cumprido substancial
parcela do contrato. (certa) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
A teoria do adimplemento substancial, adotada em alguns julgados, sustenta que a prestação imperfeita, mas significativa de
adimplemento substancial da obrigação, por parte do devedor, autoriza a composição de indenização, mas não a resolução do
contrato. (certa) FCC - 2013 - TJ-PE – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A resolução unilateral do contrato é um direito de ambas as partes em caso de inadimplemento, de forma que o adimplemento substancial
por parte do devedor não obsta o exercício de tal faculdade pelo credor. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO
• A teoria do adimplemento substancial impõe limites ao exercício do direito potestativo de resolução de um contrato. (certa) CESPE - 2014 - PGE-BA
• A teoria do adimplemento substancial tende a preservar o negócio jurídico aventado, limitando o direito do credor à exceptio non adimpleti
contractus, quando, diante de um adimplemento das obrigações tão próximo do resultado final e tendo em vista a conduta das partes, deixa
de ser razoável a resolução contratual. (certa) 2014 - DPE-GO
• O adimplemento substancial deriva do postulado ou princípio da boa-fé objetiva e obsta o direito à resolução do contrato, como exceção ao
princípio da exatidão do dever de prestar, em contratos bilaterais ou comutativos. (certa) 2015 - DPE-PA
• A parte lesada pelo inadimplemento pode pleitear a resolução do contrato, que é um direito potestativo do credor, razão pela qual o
adimplemento substancial da obrigação pelo devedor não impede a extinção do negócio jurídico. (errada) CESPE - 2015 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

• Considerando os postulados da boa-fé objetiva e da função social do contrato, é eventualmente possível, mesmo diante do inadimplemento,
recusar-se a resolução do contrato pela invocação da teoria do substancial adimplemento. (certa) 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos
casos, indenização por perdas e danos. Apesar da literalidade do Código Civil de 2002, em harmonia com a função social do contrato e em
atendimento ao princípio da boa-fé objetiva, a teoria do substancial adimplemento do contrato, quando aplicável, visa a impedir o uso
potestativo do direito de resolução por parte do credor. (certa) VUNESP - 2023 - TJ-SP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

De acordo com o clássico conceito de Clóvis do Couto e Silva, adimplemento substancial “constitui um adimplemento tão próximo
ao resultado final, que, tendo-se em vista a conduta das partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo-lhe tão somente o pedido
de indenização e/ou adimplemento, de vez que a primeira pretensão viria a ferir o princípio da boa-fé (objetiva)”. (O Princípio da Boa-
Fé no Direito Brasileiro e Português in Estudos de Direito Civil Brasileiro e Português. São Paulo: RT, 1980, p. 56). De acordo com o
conceito doutrinário acima, assinale a alternativa correta: Segundo jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça (STJ),
não é possível aplicar a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo
Decreto-Lei n. 911/69. (certa) 2019 - MPE-GO
Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei
911/69. STJ. 2ª Seção. REsp 1622555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/2/2017 (Info 599).

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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo DL 911/69. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3c565485bbd2c54bb0ebe05c7ec741fc>. Acesso em: 22/11/2023
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elaborado por @fredsmcezar

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