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ÍNDICE:
CAPÍTULO 1
1§ Coordenadas Históricas ..................................................................... p. 3
2§ Autonomia, Teoria da Ação e Sistema ............................................... p. 3
CAPÍTULO 2
4§ Eficácia Jurídica .................................................................................. p. 6
5§ Factos Atos e Negócios Jurídicos ....................................................... p. 7
6§ Modalidades de Negócios Jurídicos ................................................... p. 7
7§ Atos Jurídicos em Sentido Estrito .................................................... p. 10
8§ Elementos e Pressupostos Negociais................................................ p. 10
CAPÍTULO 3
9§ A Declaração da Vontade.................................................................. p. 12
10§ Tipos de Declaração........................................................................ p. 13
11§ O Surgimento do Negócio............................................................... p. 15
12§ A Forma da Declaração................................................................... p. 16
13§ O Funcionamento das Regras Formais e o Sistema........................ p. 18
14§ A Culpa In Contrahendo.................................................................. p. 21
15§ O Papel da Culpa In Contrahendo................................................... p. 21
16§ A Construção da Culpa In Contrahendo.......................................... p. 23
18§ A Concretização da Culpa In Contrahendo...................................... p. 26
19§ Atos Preparatórios.......................................................................... p. 29
20§ Negócios Mitigados........................................................................ p. 31
21§ O Processo de Formação dos Contratos......................................... p. 32
22§ Contratação Automática e Eletrónica............................................. p. 36
CAPÍTULO 4
23§ O Uso das Clausulas Contratuais Gerais......................................... p. 38
27§ O Regime Geral............................................................................... p. 41
28§ O Controlo Interno.......................................................................... p. 44
29§ Proibição entre Empresários........................................................... p. 46
30§ Proibições com Consumidores........................................................ p. 48
31§ Isenções Legais............................................................................... p. 48
32§ Ação Inibitória................................................................................ p. 49
CAPÍTULO 5
35§ Defesa do Consumidor................................................................... p. 49
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CAPÍTULO 6
37§ Quadros da Eficácia Negocial.......................................................... p. 51
38§ A Possibilidade................................................................................ p. 52
39§ A Determinabilidade....................................................................... p. 53
40§ A Licitude e a Conformidade Legal................................................. p. 54
42§ Bons Costumes............................................................................... p. 55
43§ A Ordem Pública............................................................................. p. 55
47§ A Condição: Função, Modalidades e Afins...................................... p. 55
48§ Natureza, Condicionalidade e Invalidade....................................... p. 57
49§ O Regime da Condição.................................................................... p. 57
50§ O Termo.......................................................................................... p. 58
51§ Outras Clausulas Típicas................................................................. p. 59
CAPÍTULO 7
52§ Aspetos Gerais; Natureza Jurídica.................................................. p. 59
55§ Horizonte do Declaratário (236º/1, 1ª Parte)................................. p. 59
56§ A Imputabilidade ao Declarante (236º/1, 2ª Parte)........................ p. 61
57§ A Vontade Real (236º/2)................................................................. p. 61
58§ A Recondução ao Sistema............................................................... p. 62
59§ Regras Especiais de Integração....................................................... p. 63
CAPÍTULO 8
61§ Pressupostos, Vontade Hipotética e Boa-Fé................................... p. 63
CAPÍTULO 9
62§ Quadro dos Vícios........................................................................... p. 65
63§ A Falta de Consciência da Declaração............................................. p. 66
64§ Incapacidade Acidental................................................................... p. 66
65§ As Declarações Não Sérias.............................................................. p. 66
66§ A Reserva Mental............................................................................ p. 67
67§ Coação............................................................................................ p. 68
69§ O Erro na Declaração (Erro-Obstáculo)........................................... p. 68
70§ O Erro da Vontade (Erro-Vício)....................................................... p. 70
72§ A Simulação no Código Civil............................................................ p. 71
73§ Os efeitos da Simulação.................................................................. p. 71
CAPÍTULO 10
74§ Ineficácia e Invalidade.................................................................... p. 73
75§ A Pretensa Inexistência................................................................... p. 74
76§ Ineficácia Estrita e Irregularidade................................................... p. 74
77§ O Regime das Invalidades............................................................... p. 74
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1§ COORDENADAS HISTÓRICAS:
Þ II d.C. a Gaio (período clássico): alcançada uma ideia geral de contrato como “fontes
de obrigação”
Þ Escolástica Tardia (Grócio, séc. XVI): acrescentou que a validade dos atos e negócios
dependia da possibilidade de responsabilizar os seus autores
Þ Bifurcação Pandectistica (Pandecta como escola alemã que estudava a lei romana):
veio separar contrato de negócio jurídico
Þ contrato: implica consenso entre as partes
Þ negócio jurídico: atuações lícitas das pessoas que têm como objeto direitos e
obrigações recíprocas que levam à constituição de relações jurídicas
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Þ Ordens de Justificação:
Þ Fundamentos Éticos e Politico-Sociais: mais do que a opção livre do direito
civil, a autonomia privada corresponde às exigências da liberdade geral e
dignidade humana
Þ Fundamentos Económico-Sociais: a História mostra que sob regimes
alargados de autonomia se consegue um máximo de equilíbrio social e de
eficiência económica.
Þ Teoria da Ação Final ou Finalismo (Hans Wezel e Manuel Gomes da Silva): A ação
humana não pode ser entendida como puramente casual, sendo final uma vez que o
agente define previamente o fim que deseja atingir e seleciona, daí, os meios. O próprio
fim é a causa. Assim, os atos humanos que pareçam idênticos podem ter conteúdos e
efeitos muito diferentes tendo em conta o fim que animam.
Negócio Jurídico: Ocorrência provocada pelo Homem que causa relações jurídicas –
cria-as, extingue-as ou modifica-as. Atuações lícitas de pessoas que que têm como
objeto direitos e obrigações, estando presente na parte geral do Código Civil, é o passo
inicial na realização do Direito, revolvendo em torno da ação humana. Criação abstrata
do jusracionalismo.
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Þ Como ato de vontade dirigido a certos efeitos, produzidos porque queridos (Savigny
e Pandecta): os efeitos jurídicos produzidos correspondem ao conteúdo da vontade das
partes. Tem de existir uma vontade das partes dirigida à produção de determinados e
precisos efeitos jurídicos – teoria dos efeitos jurídicos
ÞCrítica: O Direito surge do exterior, impondo-se às pessoas, derivando a sua
juridicidade do sistema e não das consciências. É impossível mesmo para o jurista
mais experiente saber todos os efeitos em que uma vontade pode derivar.
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4§ EFICÁCIA JURÍDICA:
Eficácia Jurídica: Quando algo ocorre no mundo do Direito. Sempre que se verificam
determinadas consequências (juridicamente relevantes quando afetas a pessoas) nas
quais, através de critérios reconhecidos, é possível apontar as características da
juridicidade. Reporta-se a situações jurídicas. Resulta de modelos de decisão, ou seja,
dos fatores que compõem o regime jurídico-positivo aplicável. Ponto de partida para o
estudo dogmático do direito civil.
Eficácia Jurídica como dimensão dinâmica das situações jurídicas: Um efeito pode ser
simultaneamente constitutivo e modificativo – ex: hipoteca
Sucessão: Substituição de uma pessoa por outra mantendo-se estática uma situação
jurídica (não pode sofrer alterações) que, assim, estando inicialmente na esfera de uma
pessoa, surge, depois da troca, na esfera de outra.
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Þ Eficácia Real: ocorre perante situações próprias do Direito das coisas (art. 413).
Þ Factos Jurídicos “Strictu Sensu” (em sentido estrito): Eventos naturais, involuntários,
mas juridicamente relevantes. (ex: nascer ou morrer).
Parte: Interessado no negócio. Pode ser composta por mais do que 1 indivíduo.
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Tipos de Negócios:
Þ Formais: Þ Consensuais:
Para serem concluídos a lei exige um Basta existir consenso entre ambas as
determinado ritual exterior à vontade partes para haver conclusão do contrato.
individual dos sujeitos. (Art. 238º) (Art. 219º)
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Þ De Disposição: Þ De Administração:
Þ Põe em causa a própria subsistência da Þ Implica modificações
situação. secundárias ou periféricas no
Þ Podem apenas ser pelo próprio titular da esfera seu conteúdo, não atingindo a
jurídica a que compete (a menos que haja algo esfera jurídica em profundidade.
como uma procuração). Þ Reporta-se a patrimónios,
Þ Detêm, em si, alguma gravidade para o indivíduo. bens ou a coisas.
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Atos Jurídicos em Sentido Estrito: Exercício da autonomia privada (sendo a forma mais
baixa desta) com apenas liberdade de celebração. Presentes no início das negociações
em deveres pré-contratuais e suscetíveis à aplicação das regras referentes ao negócio
jurídico (Art. 295º).
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Þ Elementos Naturais (naturalia negotii): Efeitos que, por sua natureza, os diversos
negócios produzem, mas que as partes podem, ao abrigo da sua autonomia privada,
afastar. Normas cuja aplicação fica ao critério dos indivíduos (normas supletivas).
Þ Elementos Específicos: Requeridos para cada tipo de negócio. (ex: preço numa compra e venda)
Solução Preconizada pelo Professor Menezes Cordeiro: Resulta dos fatores apurados
no decurso da evolução doutrinária.
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9§ A DECLARAÇÃO DE VONTADE:
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Subsequentes: Contradeclarações:
Þ Recaem sobre declarações prévias eventual- Þ Declarações subsequentes re-
mente já consubstanciadas em negócios jurídicos. portadas a uma primeira decla-
ração no sentido de a suprimir
Þ Típicas: Geralmente, estão na base de atos ou ou reduzir os efeitos que dela
negócios unilaterais que visam modificar ou extin- resultariam.
guir a eficácia de declarações anteriores, tendo, por
regra, uma natureza não negocial em que o Þ Reserva: Usada para aderir a
declarante tem margem para optar fazê-la mas não uma posição comum, mas não
para estipular os seus efeitos (estão na lei). Tentam totalmente (acontece em
proteger a confiança na primeira declaração. tratados)
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Presumidas: Fictas
Þ A lei associa a um certo comportamento um Þ A lei veda o acesso a
determinado significado, que, contudo, pode ser refutado qualquer refutação que
por provas. (art. 350/2) seria possível nas
Þ Ónus da Prova: Geralmente, quem pretender uma declarações.
dada eficácia de provar os factos de onde ela deriva,
todavia, com o benefício de uma presunção jurídica, passa
a competir à outra parte dar prova (o ónus da prova é
transferido)
Modelo Básico: Permite fixar regras que são, depois, utilizáveis para compor modelos
mais simples ou mais complexos. A partir deste modelo vai surgir o negócio jurídico,
resultando de uma atividade jurídico-científica.
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Forma da declaração (ou do negócio): Modo utlizado para externalizar a vontade, desde
que seja minimamente solene, ou seja, acompanhada por sinais exteriores sensíveis
pelas pessoas que presenciem a declaração ou que dela tenham conhecimento. (Pelo BGB:
“um negócio a que falte a forma legalmente prescrita é nulo. A falta de forma prescrita através de negócio tem, na dúvida, como
consequência a nulidade”)
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Justificação da Forma (os limites): As razões justificativas são decisivas para interpretar
e aplicar as regras sobre a forma.
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Documentos: Representam pessoas, coisas ou factos (art. 362º). Podem ser classificados
por:
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Þ A manutenção, nos atuais quadros civis, da categoria dos negócios formais, pode ser,
por vezes, uma fonte de desconexões e injustiças.
Regras Formais: A sua mera existência origina uma fonte de erros e dispêndios que pode
complicar o tráfego privado e a convivência entre as pessoas. São regras especiais que
estabelecem forma para os negócios, estando sob uma pressão que se reflete na
interpretação e aplicação das regras em causa. Caso seja cumprido livremente um
negócio jurídico sem forma pode haver sanção
Þ Nulidade: Negócio que não aplique as regras da forma, é sempre invocável por
qualquer interessado e pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal (art. 286).
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Extensão da Forma:
Þ Forma Legal: Forma exigida pela lei para determinada declaração negocial, trata,
fundamentalmente, de apurar o âmbito de aplicação das competentes normas. As
regras que prescrevem uma forma legal devem ser interpretadas em termos diretos,
encostados à letra da lei. Opera perante o cerne negocial, as estipulações acessórias só
lhes sujeitam quando a razão determinante da forma lhes seja aplicável.
Þ Negócios Coligados: Não deve haver acessoriedade (art. 221/1 e 2), seguindo
cada um a forma legal que lhes compita.
Þ Contratos Mistos: Prevalece a forma mais exigente dos elementos presentes.
Þ Estipulações Acessórias: Quando pertencem ao negócio considerado devem
seguir a forma por ele prescrita. Contudo, quando surgem em separado podem
ser anteriores ou contemporâneas à declaração negocial
Þ Forma Voluntária: No campo da autonomia privada, quando não é exigida por lei ou
convenção, mas é adotada, livremente, pelas partes.
Þ Estipulações Acessórias: Têm de observar a forma legal quando tal é exigido,
contudo, quando não existe essa exigência, são válidas independentemente de
serem anteriores, posteriores ou concomitantes, desde que correspondam à
vontade do declarante (art. 221 e 222)
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Þ Legal Específica: Pode surgir em diferentes campos. A lei sobre clausulas contratuais
gerais (LCCG) contém preceitos diretamente aplicáveis à formação dos contratos que
caiam sob o seu âmbito. Também as leis da defesa do consumidor abrangem regras pré-
contratuais. A articulação de regras específicas com os princípios gerais coloca questões
complexas a explicar dentro dos institutos a que elas pertençam.
Þ Legal Genérica: Dever de proceder segundo as regras da boa-fé (art. 227/1). Norma
tradicional de teor indeterminado e que se torna incompreensível se não seguirmos as
suas origens e linhas da sua concretização.
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nas negociações, ninguém sofra danos, seja na sua saúde ou integridade física,
seja no seu património. Construção de um dever à segurança.
Þ Circulação, Entre as Partes, de Todas as Informações Necessárias para a
Contratação: Dever de informação pré-contratual de toda a informação que
possa, até de modo indireto, afetar os contratantes. Alargamento exponencial
da área dos deveres preliminares.
Þ Ligada à Atuação das Partes: Há deveres de lealdade, as partes não podem,
em contrahendo, adotar comportamentos que se desviem da procura, ainda que
eventual, de um contrato, nem assumir atitudes que induzam em erro ou
provoquem danos injustificados. Os deveres de lealdade distinguem-se dos de
informação por entrarem, mais do que numa questão de comunicação, numa
questão de conduta.
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Þ Soluções Legais: Remetem a base de figura para a lei. As partes devem, desde logo,
observar certos deveres que a lei exija. A remissão da CIC para a lei surge, assim,
bastante clara pois qualquer construção jurídica deve radicar no Direito objetivo (lei).
Þ Teoria da Relação Contratual de Facto (Gunther Haupt): As partes
conseguiriam, através de puras condutas materiais, originar situações
semelhantes a contratos, mas sem qualquer declaração a tanto destinado.
Dentro destas situações estariam os negócios preliminares. Aplica-se, por
analogia, o regime dos contratos. Esta doutrina não se limita a CIC.
Þ Teoria dos Deveres Extralegais (Hans Dolle): Aprofundando a ideia das
relações contratuais, apura que, em situações de acrescida proximidade, surgiria
uma especial confiança entre as partes que não poderia ser desamparada.
Impor-se-iam deveres de informação e de comunicação que poderiam ser
apoiados na boa-fé ou numa interpretação alargada da vontade das partes.
(Nota:Há limites para os deveres de informação, art 253º. Há uma distinção entre dolo bónus e dolo malus - no dolo
bónus (art. 253º/2) não há dolo que justifique recorrer ao art. 254º; o dolo malus (art. 253º/1) e é anulável segundo o art
254º)
Þ Teoria da Confiança (Kurt Ballerstedt): Na presença de negociações
assistir-se-ia à criação de uma situação de confiança e ao aproveitamento da
mesma pela outra parte. Esta orientação sublinha a voluntariedade da situação
de base, a presença de confiança e o apelo ao sistema subjacente.
Þ Teoria da Autovinculação Sem Contrato (Johannes Kongden): Análise
comparatística alargada e de uma ponderação sociológica, apresentando uma
ideia de “autovinculação sem contrato”. Os agentes, através de condutas
comunicativas, criam, uns nos outros, expectativas de condutas futuras. Conduz
a uma ideia de autovinculação devido à vinculabilidade da promessa. Apoio
sociológico e proteção da teoria da confiança.
Þ Teoria dos Deveres Unitários (Claus Wilhem Canaris): Sistematiza
pressupostos da tutela da confiança, aplicados pela nossa jurisprudência que
preconizam a existência de um dever unitário de proteção de base legal e que,
surgindo in contrahendo, se mantém na vigência do negócio e na sua própria
nulidade, sobrevivendo-lhe, ainda, post pactum finitum.
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Þ MC: Considera que responsabilidade pela CIC é contratual, porque já se está num
ambiente negocial, a formação do negócio jurídico já cria um ambiente contratual.
Þ Regente: Concorda, exceto no caso dos deveres de proteção em que não há relação
entre o contrato e o dano, e não havendo relação, é responsabilidade aquiliana. Mas,
nos outros casos, ou seja, na frustração deveres de informação e de lealdade há
responsabilidade contratual, o que permite acionar a presunção de ilicitude e culpa do
art.799º/1.
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Análise do art. 227 do CC: Prefigura uma formação de contratos, os seguintes tratam a
conclusão contratual. Aplica-se a negócios e a atos jurídicos (art. 295).
Þ 227/1:
Þ “negociar”: A CIC não se manifesta apenas perante negociações, abrangendo
os deveres de segurança pré-negociais que surgem independentemente de
quaisquer negociações, formais ou informais. Basta uma especial proximidade
que tenha a ver com a conclusão de um negócio para que ocorra a relação
pré-negocial complexa.
Þ “tanto nos preliminares como na forma”:
Þ “preliminares”: Pressupõe toda a troca de informações necessárias
para haver um acordo.
Þ “formação”: Exprime a formalização do acordo, designadamente,
quando é requerida alguma atividade de documentação.
Þ “proceder segundo as regras de boa fé”: Faz apelo à “lisura”, “honestidade”,
“práticas corretas”, “lealdade”, “decência” e “ética dos negócios”.
Þ “boa-fé”: É objetiva, equivalendo a uma remissão para os valores
fundamentais do sistema presentes nas situações consideradas. Os
valores em causa são mediados pelos princípios da tutela, da confiança e
da primazia da materialidade subjacente. O seu alcance é inesgotável,
chegando a deveres como o de segurança, informação ou lealdade
(art. 437/1 e 762/2)
Þ “sob pena de responsabilidade pelos danos que culposamente causar à outra
parte”: Não delimita nem exclui quaisquer danos – são todos os “culposamente
causados”.
Þ “culposamente”: Juízo de culpa, ou seja, censura jurídica sobre quem
não obedeça, conscientemente, a uma norma jurídica. Abrange o dolo e
a negligência. Estamos perante uma situação de responsabilidade
obrigacional quando, pelo art. 799/1 do CC, se presuma culpa.
Inobservância das regras da boa fé.
Þ 227/2: Remete, no tocante à prescrição, para o art. 498 do CC. Previsão de prescrição
subjetiva, pois não começa a correr a partir do momento em que o Direito possa ser
exercido (art. 306/1), mas apenas quando o titular dele tenha conhecimento, ainda que
ignorando a identidade do responsável ou a extensão dos danos.
Indemnização:
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Þ Proximidade Negocial: As partes colocam-se de tal modo que possam ser atingidas
pelas condutas uma da outra – surgem deveres de segurança elementares.
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Þ Execução: Por vezes, após o acordo, mas antes da sua formalização, as partes podem
executar, desde logo, o negócio alcançado
Atos Preparatórios: Todos os atos que, inserindo-se, pelo seu objetivo, no processo de
formação de um contrato, não possam reconduzir-se à proposta, aceitação ou rejeição,
relativamente ao contrato definitivamente pretendido. São materiais ou jurídicos
consoante tenham efeitos no mundo material ou jurídico. Surgem de tal modo incisivos
e habituais que suscitam, no plano das realidades sociais, a possibilidade de aplicação
de regras adaptadas.
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Þ Concurso Unilateral: Apenas o seu dono procede à abertura e aprovação dos termos,
havendo que interpretar a declaração do interessado para apurar as regras aplicáveis.
Þ Finalidade:
Þ Indicativa: Fonte de informações para o autor do concurso.
Þ Vinculativa: Integrar com efetividade num processo tendente à formação de
um contrato.
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Þ Proteção Jurídica: As obrigações naturais não são viáveis nos casos admitidos por lei
(art. 809)
Þ Num acordo de cavalheiros em que alguém compra um automóvel pagando
ao vencedor o preço que entender justo ou é nulo (art. 280/1) ou encontrará um
preço fixado no art. 883/1.
Þ Num acordo de cavalheiros em que alguém empresta uma quantia a outrem
que pagará quando puder (art. 778)
Þ Num acordo de cavalheiros em que as partes vão celebrar um certo contrato,
ou os requisitos legais exigidos na forma são satisfeitos e o contrato vale como
tal, ou não opera, juridicamente.
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Proposta: Declaração feita por uma das partes e que, uma vez aceite pela outra, dá lugar
ao aparecimento de um contrato. No contrato entre ausentes é a primeira declaração.
Þ Requisitos:
Þ Ser completa: Deve abranger todos os pontos a integrar num futuro contrato,
incluindo os aspetos necessariamente precisados pelos contratantes (ex: identidade das
partes, objeto a vender, preço) e os que podem ser supridos pela lei. (normas supletivas que as partes
decidem moldar pela sua autonomia privada)
Þ Revelar uma intenção inequívoca de contratar: Não existe proposta quando a
declaração do “proponente” for feita em termos dubitativos ou hipotéticos. A
proposta deve ser firme para poder dar lugar ao contrato.
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Þ Aceitação: Critério final para decidir a completude de uma proposta pelos art. 232,
236 e 237.
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Oferta ao Público: Dirigida à generalidade das pessoas, deve reunir os três requisitos
(completa, com a intenção de inequívoca de contratar, na forma legal prescrita). Forma
adequada de proporcionar muitos contratos com esforço e custo mínimos, por parte
dos celebrantes. Contida indiretamente na lei, segundo o artigo 230/3
≠
Þ Convite a Contratar: Através de vários meios, as entidades interessadas
incitam pessoas indeterminadas a contratar (ex: publicidade)
Þ Proposta feita a uma pessoa desconhecida ou de paradeiro ignorado:
Proposta comum com destinatários específicos, de quem se desconhece a
identidade ou paradeiro. Há quem procede a um anúncio público (art. 225 CC)
Þ Clausulas Contratuais Gerais: Não surgem como proposta, implicando uma
rigidez que não de transforma, necessariamente, na oferta ao público.
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Þ Características:
Þ Traduzir uma concordância total e inequívoca.
Þ Revestir a forma exigida para o contrato.
Þ Espaços por preencher: O proponente aceita de antemão que sejam completos pelo
destinatário, tornando o conteúdo mais vasto.
Þ Art. 229:
Þ Aceitação expedida fora de tempo: O proponente não tem nada a fazer a não
ser enviar nova proposta, caso continue a querer o negócio.
Þ Aceitação expedida em tempo útil: O proponente deve avisar o aceitante que
não chegou a concluir-se qualquer contrato, sob pena de assumir prejuízos.
Rejeição de uma proposta: Ato unilateral recipiendo pelo qual o destinatário recusa a
proposta contratual, renunciando ao direito a que dera lugar. Pode ser expressa ou
tácita. A rejeição pode ser revogada desde que a declaração chegue ao proponente, ou
dele seja conhecida, antes ou ao mesmo tempo da chegada da rejeição. (art 235/1)
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Þ Art. 234:
Þ Aspetos materiais de declaração sem aceitação:
Þ Proposta: O proponente pode dispensar a declaração de aceitação,
mas não a aceitação em si.
Þ Circunstâncias do Negócio: Abertura a comportamentos concludentes
e atos de apropriação.
Þ Usos: No CC só são referidos quando há remissão legal. Investigação à
luz da tutela do consumidor.
Þ Teorias que explicam os problemas levantados:
Þ Teoria do exercício da vontade/do negócio de pura vontade: O
preceito não visa qualquer manifestação de vontade para concluir o
negócio.
Þ Teoria de dispensa de comunicação/do destinatário: Existe sempre
uma declaração de vontade de exteriorizada de alguma forma, mas sem
necessidade de envio ao proponente.
Þ Proposta:
Þ Eficaz: Produz efeitos de Direito, fazendo surgir na esfera jurídica do
destinatário o direito potestativo à aceitação (facto jurídico latu sensu).
Þ Livre: O proponente formula-a ao abrigo da sua autonomia privada existe
liberdade de celebração (ato jurídico latu sensu).
Þ Conteúdo Livre: O proponente pode inserir na proposta as clausulas que
entender, devido à liberdade de celebração e surgindo o negócio jurídico.
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Documentos Eletrónicos: Aqueles cujo suporte não é físico, mas “eletrónico” no sentido
mais amplo de modo a abarcar soluções eletromagnéticas e óticas. O regime é-lhe
aplicável, com modificações – para além do Decreto-Lei 290-D99 de 2 de Agosto.
Assinatura Digital: Esquema que permite a uma entidade dotada de uma “chave”
reconhecer e autenticar uma sequência digital proveniente do autor de uma missiva
eletrónica, de modo a autenticá-la – Decreto-Lei 290-D99 de 2 de Agosto.
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jurisprudência alemãs requerem que elas estejam presente em, pelo menos, três
contratos.
Þ Rigidez: Não admissão de uma negociação que possa mudar o seu teor.
Decreto-Lei 446/85 (LCCG): Aprovou o regime das clausulas contratuais gerais, não se
limitando a proteger os consumidores, visa todos os utilizadores das CCG, contudo,
dispensa aos consumidores um olhar um olhar especial por prever para eles uma mais
extensa lista de proibições. Relativamente a proibições, articulou uma clausula geral
assente em múltiplas proibições específicas. Associou uma nulidade a clausulas
contrárias à lei a inovar em cada caso um sistema geral de ações inibitórias.
Þ Opções Prévias:
Þ As CCG careciam, em Portugal, de uma intervenção legislativa cuidada desde
a industrialização que as clausulas se tinham generalizado, sem ter havido
qualquer regulação pelo legislador em 66’. Não existia um corpo de decisões
capaz de dar resposta.
Þ A intervenção a realizar tinha de assumir base doutrinária.
Þ A intervenção legislativa procuraria concretizar os grandes princípios civis já
existentes, mas que, por validade ou indeterminação, não impulsionavam a
jurisprudência.
Þ A intervenção não seria integrada no CC.
Þ A intervenção legislativa não deveria ter opções doutrinárias e colher os
ensinamentos da experiência, conjugando uma fiscalização singular e preventiva.
Þ Âmbito:
Þ Da forma da sua comunicação ao público: Tanto se visam os formulários como,
por exemplo, uma tabuleta de aviso ao público.
Þ Da extensão que assumam ou venham a apresentar: Dentro dos contratos a
que se destinam.
Þ Do conteúdo que as enforme: Da matéria que vamos regular.
Þ Elaboração: Proponente, destinatário ou terceiros.
Þ Clausulas Pré-Elaboradas: Também se aplica este regime a clausulas pré-
elaboradas, inseridas em contratos individualizados, relativamente aos quais a
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contraparte não tenha liberdade de estipulação. Não estamos perante CCG, uma
vez que não se encontram presentes as características da generalidade e da
abstração típicas destas cláusulas, mas existe uma extensão deste regime por
estarem presentes a mesma razão de ser.
Þ Regente: Tendo em atenção esta razão de ser do regime, esta norma
(art.1º/2) deve ser interpretada com alguma cautela - só faz sentido a
extensão do regime se o aderente estiver numa posição de inferioridade
negocial.
Þ Exclusões:
Þ Razões Formais: Art. 3/1 al. a) e b) da LCCG.
Þ Em função da matéria: Art. 3/1 al. c), d) e e) da LCCG.
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Þ Clausulas Específicas Acordadas: Decorrência das regras gerais sobre o ónus da prova
(art. 342 do CC)
Þ “Clausulas Surpresa”: Penalizadas pelas alíneas c) e d) do art. 8º, sendo aferidas pela
lei portuguesa com base em 3 pilares: o contexto, a epígrafe e a apresentação gráfica.
Abrangem as clausulas que passam despercebidas aos contratantes normais.
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Þ Remete para uma Interpretação que Inclua Apenas o Contrato Singular: Corta a
dúvida bem conhecida da doutrina especializada que se prende com o conforto entre as
tendências generalizadas e individualizadora da justiça:
Þ Tendência Generalizadora: Exige que as CCG sejam interpretadas em si
mesmas, sobretudo quando surgem completas, de modo a obter soluções
idênticas para todos os contratos singulares que se venham a formar com base
nelas.
Þ Tendência Individualizadora: Abre portas a uma interpretação singular de
cada contrato em si. As mesmas CCG podem propiciar diferentes contratos.
Þ Art. 10º da LCCG: Leva os utilizadores das CCG a desenvolver ao
pormenor os seus contratos de modo a prevenir “interpretações
indesejadas”. Por haver margens interpretativas, não se pode tirar das
CCG as vantagens generalizadas que acarretam.
Þ Distinção de 3 Situações Dentro das CCG:
Þ Clausulas de Negócios Correntes e de Execução Instantânea: Interpretação
objetiva, não se aplicando o art. 10º da LCCG.
Þ Clausulas de Negócios Duradouros: Inseridas em áreas dominadas pela
normalização e onde não é possível restituir a vontade das partes ou os termos
concretos da negociação. Interpretação objetiva sem se aplicar o art. 10º.
Þ Clausulas de Negócios Duradouros Altamente Personalizados: Interpretação
pouco objetiva, aplica-se o art. 10º da LCCG e o 237 e 239 do CC.
Controlo Confiado dos Tribunais no Domínio das CCG: As clausulas contratuais gerais
surgem da natureza privada, escapando ao controlo público, legal e constitucional que
recai sobre os diplomas do Estado. Nos tribunais é confiado o controlo da eficácia ou
pela LCCG de eficácia, não estando em causa um controlo de equidade, deontológico
(dos bons costumes – art. 280/1), interpretativo, ou integrativo (art. 237 e 239), ou do
exercício (abuso do Direito – art. 334). Perante CCG o juíz deve abdicar de casuísmos
Þ Art. 286 do CC: Cada um decide se lhe convém invocar determinada invalidade. A
presença das CCG nulas pode ser indiferente para o aderente. Contudo, a invocação
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Þ Art. 12 da LCCG: Deve ser interpretado com algum cuidado. Dispõe que as CCG
proibidas são nulas. Todavia, quando passa de CCG a clausula contratual comum, fica na
liberdade do aderente impugnar ou não a clausula já inserta no contrato singular.
Þ Casos Assaz Raros: O legislador proíbe as CCG, já nulas, nos termos do art. 18
al. a), b), c) e d)
Þ Art. 13 da LCCG:
Þ 13/1: Dispõe que o aderente pode manter os contratos singulares quando
dispõe clausulas nulas,
Þ 13/2: Regula o número anterior, mostrando que não é obrigatória a nulidade
ou a conversão do negócio, podendo, por exemplo, optar por substituir as CCG
inválidas. Existem 2 situações possíveis:
Þ Estamos diante de um contrato que integre um tipo legal cujas regras
supletivas viessem ser afastadas pelas CCG: as regras retomam a
aplicação.
Þ O contrato equivale a um mero tipo social reconhecido pela prática,
mas ausente da lei: como faltam leis negociais, torna-se impossível a
integração da lacuna negocial.
Redução: Perante a invalidade da CCG a parte aderente pode optar pela redução, ou
seja, pela vigência do contrato sem as clausulas viciadas ou pela sua substituição por
regras legais supletivas.
Þ Regime de Redução dos Negócios Jurídicos (previstos no art. 292 do CC): O utilizador
de CCG, confrontado com o art. 14 (LCCG) pode provocar a nulidade total,
demonstrando que o negócio não seria possível sem a parte viciada.
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Þ Remissão Para a Boa-Fé: Equivalente a delegar no juíz o poder de, perante cada
clausula, concretizar os valores gerais do sistema.
Þ Alínea j): Visa evitar obrigações perpétuas ou cuja duração ficasse apenas
dependente de quem recorrer às CCG. Pode sustentar-se em termos não absolutos só
viáveis quando a lei o permita ou imponha.
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Þ Alíneas a) e b): Relacionadas com o prazo dos contratos, no decurso do qual uma das
partes fica submetida à vontade da outra.
Þ Alínea c): Proíbe clausulas penais desproporcionadas aos danos a ressarcir. Proibição
muito aplicada perante contratos locação financeira, cujas condições gerais incluíam,
por vezes, clausulas penais draconianas.
Þ Alínea e): A garantia das qualidades da coisa cedida ou de serviços prestados pode
ser posta na dependência do recurso a terceiros. Contudo, por vezes, tal situação só irá
equivaler a um meio obliquo de limitar a responsabilidade.
Þ Alíneas a), b), c) e d): Asseguram que os bens ou serviços pretendidos pelo
consumidor final são, de facto, os que ele vai alcançar.
Þ Alíneas e), f), g) e h): Pretendem garantir a manutenção eficaz de uma tutela
adequada, prevenindo a possibilidade de recurso a vias obliquas para a defraudar à lei.
Þ Alínea f): Particularmente visada nas proibições judiciais.
Proibições Relativas: Nas relações com consumidores finais, não se trata apenas de
negar a exclusão da responsabilidade, havendo que, pela positiva, assegurar a própria
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Þ Alínea d): Proíbe estipulações da fixação do preço dos bens na data da entrega, sem
que se dê à contraparte o Direito de resolver o contrato, se o preço final for
excessivamente elevado em relação ao valor subjacente às negociações
Art. 22/4 da LCCG: Ressalva clausulas de indexação quando o seu emprego se mostre
compatível com o tipo contratual onde se encontrem inseridas e o mecanismo de
variação do preço esteja explicitamente descrito.
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Þ Projeções:
Þ É um princípio programático que o legislador deve ter presente nos mais
diversos quadrantes normativos. Relacionado com a concretização do art. 60 da
CRP.
Þ É um vetor sistemático que permite agrupar e interpretar em conjunto
múltiplas normas que visam a tutela do consumidor.
Þ Área formalmente delimitada da ordem jurídica que assume a finalidade
expressa da tutela do consumidor.
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pelas partes. Visa proporcionar uma ponderação global da relação promovida pelo
contrato através de uma base panorâmica do conjunto.
Þ Objeto do Negócio: Aquilo sobre o qual recai a própria relação jurídica – aspeto
fundamental/final.
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Þ Possibilidade
Þ Determinabilidade
38§ A POSSIBILIDADE:
Possibilidade: Requisito que sofre múltiplos desvios, uma vez que a lei associa à
impossibilidade de certos atos consequências diversas.
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39§ A DETERMINABILIDADE:
Þ Licitude: Requisito dos negócios jurídicos que consiste na não ultrapassagem dos
limites injuntivos do ordenamento. Pode ser usada numa aceção ampla ou restrita.
Þ Sentido Amplo: O negócio é lícito quando surge perfeito – integra todos os
requisitos pela lei para a sua plena eficácia. A licitude absorve todos os demais
requisitos (possibilidade, determinabilidade, conformidade com os bons
costumes e a ordem pública). Podem ser chamadas a respeito questões como a
forma ou o processo de formação.
Þ Sentido Estrito: Dele não resultam condutas contrárias a normas jurídicas
imperativas.
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Bons Costumes: Traduzem uma referência aprazível sem nada a apresentar, não tendo
nada relacionado com o abuso de direito. São regras de conduta externa. Nas decisões
judiciais seguem três vertentes:
Þ Bons costumes “propriamente ditos” na sua vertente de moral sexual, familiar e das
regras deontológicas aplicáveis, ainda que, por vezes, sem uma referência explícita.
Condição: Pode ser tomada como uma “clausula” contratual, como o evento por ela
prefigurado ou como a efetiva ocorrência desse evento. É uma clausula contratual típica
que vem subordinar a eficácia de uma declaração de vontade a um evento futuro e
incerto. Vem satisfazer necessidade práticas importantes, surgindo em tipos negociais
complexos tanto de base legal como social. Também pode ser usada como garantia de
obrigações duradoras ou pressuposto num ato jurídico (art. 270 do CC).
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Þ Condições Impróprias: Surgem por faltar algum dos requisitos das verdadeiras
condições como a natureza do futuro evento, a sua incerteza ou a voluntariedade da
própria clausula em si:
Þ Condições Presentes ou Passadas: A eficácia fica dependente de algo que,
existindo já, ou não, aquando da celebração, não deixa margem de pendência
para o negócio, deve, no entanto, considerar-se que há condições quando as
partes se reportem, não ao facto em si, mas ao conhecimento dele.
Þ Condições Impossíveis: Por razões físicas ou legais nunca poderão ocorrer. No
âmbito legal pode ser impossível por ser algo vexado por lei ou por princípios
gerais ou clausulas indeterminadas (impossibilidade moral).
Þ Condições Necessárias: Razões naturais ou legais que vão de certeza ocorrer,
mesmo que em momento incerto.
Þ Condições Legais: Abrange factos eventuais ou futuros que a própria lei, a não
as partes, subordinam certa eficácia
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Invalidade: Sempre que seja aposta uma condição num negócio incondicionável ou que
a condição seja, em si, ilícita ou impossível o negócio é nulo (vitiat et vitiatur), isto tem
exceções em que apenas a condição, em si, é nula (vitiatur sed non vitiat).
Þ Pendência (art. 272 e 275 do CC): O negócio está presente desde o momento da sua
celebração até ao da verificação da sua condição. Gera uma situação particular de
conflito de direitos, pois aquele que aliene um direito sob condição suspensiva
mantém-se seu titular, mas deixará de o ser com a verificação dela, enquanto que
aquele que adquira um direito sob condição resolutiva passa a ser seu titular, mas
deixará de o ser com a verificação da mesma. Cessa pela verificação, opou não, da
condição (pode se manifestar pela positiva ou negativa).
Þ Boa-Fé: Com uma manifestação objetiva, exprime a necessidade de, em cada
situação jurídica, se observarem os vetores fundamentais da ordem jurídica,
estando em causa deveres de conduta:
Þ Tutela da Confiança: As partes não podem agir contra a ordem natural
das coisas ou contra as opções contratuais, pois foi provocada uma crença
legítima na outra parte.
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50§ O TERMO:
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Modo (ou encargo): Clausula típica que traduz uma obrigação a cargo do beneficiário.
Se a obrigação modal não for cumprida, a doação subjacente não pode ser resolvida,
salvo clausula em contrário.
Þ Distinção de Condição:
Þ Suspensiva: O modo não suspende, mas adstringe – ex: “deixo este terreno
ao Estado, desde que nele seja construído uma escola” é condição se deve fazer
a escola, modo se fica obrigado a contruí-la.
Þ Resolutiva: O destinatário é beneficiado para prosseguir um efeito secundário
(modo), o efeito lateral é pretendido, sendo usado o negócio para lá chegar
(condição)
Clausula Penal: Clausula típica bastante frequente em que as partes estipulam, num
momento prévio, as consequências do eventual incumprimento do negócio jurídico,
estando sujeita à forma e a formalidades exigidas pela obrigação principal (art. 809-812
do CC). Quando as partes a fixam não estão a pensar na hipótese de a virem sofrer.
Þ Teoria da Vontade (Willenstherorie): A declaração tem o sentido que lhe queira dar
o autor (pode valer tanto a vontade do declarante como a do declaratário).
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Þ Princípios Básicos:
Þ Existência de uma Declaração: A vontade real resulta da declaração, mas não
é percetível pelo declaratário normal, sendo-o apenas por aquele que conheça a
intenção efetiva do declarante. Deve ser exteriorizada para ser conhecida pela
outra parte.
Þ Concordância: Ambas as partes devem concordar com o que irá integrar o
futuro negócio.
Þ Fórmulas Tradicionais:
Þ “Falsa Demonstratio Non Nocet” (a designação errada não prejudica): Quando
as partes concordam no objeto, mas usam designações diversas, como partilham
do mesmo engano, estão de acordo com a realidade subjacente. Funciona desde
que a vontade real seja conhecida e concorde, pois uma pessoa pode conhecer
a vontade real de outra e, no entanto, não pertencer aceitá-la através de
declaração formal, podendo abrir portas ao regime do erro, do dolo ou da CIC.
Þ “Protestatio Facto Contratio Non Valet” (a afirmação contrária ao facto não é
eficaz): Quando alguém assuma uma atitude com significado negocial e declare,
ao mesmo tempo, uma atitude com significado negocial e declare, ao mesmo
tempo uma vontade contrária (ou não coincidente) a esse significado.
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Þ MC olha para este termo como uma fórmula sugestiva para recordar
que, na formação do negócio, as atitudes das partes não são sempre
uniformes, pelo que no momento da interpretação há que valorar o
conjunto, pois este vai exprimir a efetiva vontade jurígena do declarante.
Casos duvidosos (art. 237 do CC): A interpretação negocial fixa soluções jurídicas para
problemas concretos em termos que possibilitem encontrar nelas uma justeza
constituinte e uma legitimidade controlável. Contudo, por vezes, as regras de
interpretação deixam margem para dúvidas, surgindo os “casos duvidosos” em que se
não aplica o art. 236, mas sim o 237.
Þ Equilíbrio das Prestações: Impõe-se, com regra de bom senso, mas é muito
significativa em termos jurídicos, naquilo deixado em aberto pela margem
interpretativa, deve ser validada a interpretação negocial mais justa, sem infligir danos
despropositados a uma das partes em proveito da outra.
Þ Negócios Onerosos: Fixa o sentido juridicamente relevante.
Þ Negócios Gratuitos: Fixa a solução menos onerosa para o disponente.
Þ Termos Verticais:
Þ Prática contratual entra as partes.
Þ Negociações (e todos os outros atos nesse âmbito) preliminares.
Þ Teor, circunstâncias e condições da emissão e da receção das declarações
negociais.
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Þ Requisitos:
Þ Representar um ponto que, pela interpretação, devesse ser regulado pelo
contrato.
Þ Inaplicabilidade de regras supletivas existentes ou de a encontrar nos termos
do art. 10º – pode se concretizar em duas hipóteses
Þ Trata-se de uma área a cobrir com elementos voluntários necessários
(não existe na lei)
Þ Das regras negociais já apuradas, resulta a clara intenção de afastar as
regras supletivas ou de estabelecer elementos voluntários eventuais.
Þ Manutenção da validade do negócio – a invalidade só entra em jogo quando
é impossível realizar a integração
Þ Lacunas Contratuais: Áreas que exijam, pelo concreto subsistema negocial adotado,
uma regulação contratual que, sem pôr em causa a subsistência do contrato, falte.
Integração da Lacuna Negocial Efetiva: Pauta-se pelo art. 239 do CC. Deve seguir bitolas
objetivas suscetíveis de justificação e de controlo. Deve obedecer à lógica do contrato
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Þ Vontade Hipotética das Partes: Vontade que as partes teriam tido se houvessem
previsto o ponto omisso
Þ Vontade Hipotética Objetiva: Efetua-se perante a realidade e os valores em
presença, a reconstrução da vontade justa das partes se, com razoabilidade,
tivessem previsto o ponto o omisso
Þ Vontade Hipotética Individual ou Subjetiva: Procura indagar-se perante os
dados concretos existentes, qual teria sido a vontade das partes se tivessem
previsto o ponto o omisso. Críticas:
Þ Há que ter em conta uma vontade hipotética objetiva que exprima
uma ponderação racional de interesses, numa base puramente objetiva.
A vontade hipotética é, de facto, o produto de uma valoração.
Þ Vícios da Vontade: O processo que leva à tomada de decisão pelo sujeito autónomo
é perturbado, o vício ocorre durante a formação da vontade. Podem se dividir em:
Þ Ausência da Vontade:
Þ Art. 246º: Coação física.
Þ Art. 246º: Falta de consciência da declaração.
Þ Art. 247º (em parte): Incapacidade Acidental.
Þ Vontade Deficiente:
Þ Art. 251º e 252º (erros vício) e 253º e 254º (dolo): Por falta de
conhecimento.
Þ Art. 257º: Por falta de liberdade e conhecimento (incapacidade
acidental)
Þ Art. 258º (e seguintes): Por falta de liberdade (coação moral).
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Þ Colisão com o Art. 247: A vontade declarada sobrepõe-se à vontade real, mesmo
havendo erro, desde que o declaratário conhecesse ou não devesse ignorar a
essencialidade, ficando o declarante vinculado a um negócio que, de todo, não queria
por se não verificarem os pressupostos de impugnabilidade por erro.
Þ Art. 257/1: Fixa o requisito do facto ser notório. Alguém que contrate com outrem
que não esteja na posse de todas as suas faculdades de entendimento e livre decisão
sujeita-se, desde logo, à impugnabilidade do negócio. Aquele que se coloque
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propositadamente nesta situação pode ser detido ao tentar anular o negócio por abuso
de direito. Condições de incapacidade:
Þ Causas Quaisquer: Factos patológicos extrínsecos – embriaguez ou efeito de
estupefacientes; factos psicológicos intrínsecos – doença súbita dos foros
psicológico e psiquiátrico, como um trauma; e factos não patológicos – sono,
euforia, acesso de ira.
Þ Sentido da Declaração: A causa acidentalmente incapacitante atinge a
capacidade intelectual da pessoa:
Þ Perceção: Incompreensão do idioma
Þ Raciocínio: Não percebe o que é dito
Þ Comunicação: Fica bloqueado quanto à emissão de uma declaração.
Þ Art. 257/2: Explicita que o facto é notório quando uma pessoa de normal diligência
o poderia ter notado. Introduz uma dimensão valorativa.
Declarações Não-Sérias (art. 245): Todas as situações nas quais o declarante não tenha
a intenção de emprestar, à declaração feita uma dimensão jurídico-negocial, esperando
que o declaratário disso se aperceba.
Þ Características:
Þ Declaração linguisticamente capaz de exprimir uma declaração negocial eficaz
Þ Falta de vontade (e consciência) de lhe dar uma dimensão jurídica.
Þ Termos que, de algum modo, reflitam o seu teor (como as circunstâncias).
Þ Se a falta de seriedade não é desconhecida deve alicerçar-se em algo
substancial (como todos perceberem ou ser histórico).
Þ Quadro de Aplicação:
Þ Declaração patente não séria – Art. 245/1
Þ Declaração patente não séria, mas que, por condicionalismos, enganou o
declaratário – Art. 245/2
Þ Declaração secretamente não séria – aplica-se a reserva mental, sendo o
negócio válido e eficaz
Þ Declaração não-séria feita de modo a que a não seriedade não seja percetível,
induzindo a outra parte em erro – Art- 244/2
Reserva Mental: Por ser puramente interior, não prejudica a validade (art. 244)
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67§ COAÇÃO:
Ausência de Liberdade:
Þ Coação Moral: Emprego da força física ou de quaisquer meios que produzam danos,
ou fortes receios deles relativamente à pessoa, honra ou fazenda do contraente ou de
terceiros.
Þ Características (Manuel de Andrade – Código de Seabra)
Þ Essencialidade: Deverá determinar o núcleo da declaração.
Þ Intenção de Coagir: O declaratário terá de ser vítima de ação humana
de lhe extorquir a declaração pretendida.
Þ Gravidade do Mal: Variável, porém o mal deve ter bastante peso.
Þ Gravidade da Ameaça: Independentemente do seu mal, deve ser
avaliada a sua probabilidade.
Þ Injustiça ou Ilicitude da Cominação: A “ameaça” do exercício de um
direito (ex: “vou a Tribunal) não é coação.
Þ Principal ou Acessória: Consoante atinja o essencial do negócio ou apenas os
aspetos acessórios.
Þ Dirigida ao Próprio ou a Terceiros: Consoante vise a pessoa, a honra ou os
bens do próprio ou de terceiros.
Þ Elementos Delimitados pela Lei Sobre os Quais Recai o Erro, para ser Relevante:
Þ Elementos Nucleares do Contrato: Objeto, conteúdo do negócio ou outros
aspetos principais.
Þ Elementos Circundantes: Características acessórias do objeto, clausulas
acidentais ou fatores periféricos diversos.
Þ Fatores Relativos às Partes: Identidade, qualidade, função, entre outras...
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Erro sobre os Motivos (art 252/1): Provém do erro de facto à cerca da causa (motivo).
O facto de o destinatário conhecer, ou dever conhecer, a essencialidade do motivo não
justifica a supressão do negócio, pois, não se tratando de um elemento nuclear, ele nada
tem com isso.
Erro sobre a Base dos Negócio (art. 252/2): A lei manda aplicar o regime da alteração
das circunstâncias. Integram na “base do negócio” os elementos essenciais para a
formação da vontade do declarante e conhecidos pela outra parte. Se estes elementos
não corresponderem à realidade, tornam a exigência do cumprimento do negócio
concluído gravemente contrário aos princípios da boa-fé. Há que aplicar o regime do
comum do erro – a anulabilidade (que tem de ser confirmada – art. 288)
Erro de Direito em Atos “strictu sensu”: O regime do erro da vontade é aplicável, com
adaptações, a atos não contratuais. O declaratário figurado no art. 247 terá de ser
substituído pela figura do interveniente normal que entre em contacto com a situação
criada e possa ser prejudicado pela sua supressão. O art. 295 deve estar sempre
presente.
Dolo (art. 253): Sugestão ou artifícios usados com o fim de enganar o autor da
declaração, criando aparências ilusórias ou destruindo elementos que pudessem instruir
o enganado. Espécie agravada de erro – erro provocado.
Þ É relevante consoante:
Þ O declarante esteja em erro.
Þ O erro tenha sido causado ou dissimulado pelo declaratário ou por terceiros.
Þ O declaratário ou o terceiro recorreram a algum embuste.
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Requisitos da Simulação (art. 240): Devem ser invocados e provados por quem pretenda
prevalecer-se da simulação ou de aspetos do seu regime.
Þ Acordo entre o declarante e o declaratário: Não basta uma das partes manifestar
uma intenção que não corresponda à sua vontade, exige-se sintonia – de outra forma
existe, antes, reserva mental.
Þ Divergência entre a declaração e a vontade das partes: Elemento mais distintivo que
compreende várias modalidades.
Modalidades da Simulação:
Þ Inocente: Þ Fraudulenta:
Visa apenas Cria uma falsa aparência para o exterior.
enganar alguém Tem, como fim imediato, retirar benefícios em prejuízo de
terceiros
Þ Absoluta: Þ Relativa:
As partes não Sob a simulação está escondido o negócio realmente pretendido
pretendem cele- (negócio dissimulado)
brar qualquer As partes pretendem uma efetiva alteração do “status” real, mas
negócio, tendo com contornos distintos declarados para o exterior.
como fim evitar
alguma conse- Subjetiva: Objetiva:
quência jurídica Incide sobre A divergência recai sobre o objeto ou
prejudicial. as próprias conteúdo do negócio:
partes. Simulação Relativa Simulação Relativa
Objetiva Total: Objetiva Parcial:
O negócio simulado e Respeita somente par-
o negócio dissimulado te do conteúdo, sem
pertencem a tipos afetar a qualificação do
distintos. contrato concluído
Þ Simulação Subjetiva: Existe uma interposição fictícia das pessoas – “A” vende a “B”,
mas declaram que foi a “C”
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Nulidade (240/2): O negócio simulado é nulo, contudo, não pode ser invocado por
qualquer interessado nem ser, oficiosamente, declarada em tribunal, sob pena de se
esvaziar a proteção devida aos terceiros de boa fé. (defendido pelos art. 242 e 243 que
“ganham” ao 238).
Exceções de Invocação da nulidade (art. 243/1): A nulidade não pode ser invocada
contra terceiros de boa-fé, nem pode ser invocada pelos autores do negócio,
posteriormente.
Valor do Negócio Simulado: Não é válido, contudo, também não é inválido (art. 247/1):
Þ Teoria da Forma do Negócio: A validade deve ser declarada sempre que exista uma
identidade entre a forma exigida e a forma empregue pelo negócio dissimulado.
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Þ Princípio da Prova Escrita: Quando for impossível obter prova escrita ou em caso de
perda não culposa da mesma, é admissível complementá-la através de testemunhas.
Þ Crítica do Professor Menezes Leitão: É inadmissível que uma prova
testemunhal possa por em causa a fiabilidade do documento autêntica, pois esta
será de “conteúdo altamente duvidoso”.
Þ Invalidades mistas ou atípicas: Invalidades que não podem ser reconduzidas aos
modelos puros da nulidade ou anulabilidade.
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Þ Divergências Doutrinárias:
Þ Raul Ventura: Aprova a inexistência.
Þ Manuel de Andrade: Aprova a inexistência apenas no casamento.
Þ Galvão Telles: Vê a nulidade igual à inexistência.
Ineficácia Estrita: Situação do negócio jurídico que, não apresentando vícios, não produz
todos os seus efeitos por via de fatores extrínsecos. Só surge em casos específicos
previstos pela Lei.
Invocação: A lei é omissa quanto ao regime geral da invocação das invalidades, o que
depõe no sentido da desformalização mau grado os preparatórios perante invalidades
que atinjam situações registadas. Por serem atos secundários subordinados aos
principais (negócios jurídicos viciados), é entendido que devem seguir a forma exigida
por essa exigida por esses mesmo negócios.
Þ Atos Inválidos: Produziram efeitos jurídicos, mas não são imputáveis à lei.
Þ Art. 289: A declaração de nulidade e a anulação do negócio têm efeito
retroativo (art. 289/1), obrigam à restituição do que tiver sido prestado que pode
ser decretada pelo Tribunal quando ele reconheça oficiosamente a nulidade.
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Tutela de Terceiros:
Þ Em caso de bens móveis: O terceiro que tenha adquirido de boa fé tem o Direito à
restituição do preço pago a efetuar pelo beneficiário da restituição (art. 1310)
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