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Direito

Sumário

PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL...................................................................................................................... 2

1. NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL.................................................................................................................3


2. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL...........................................................................................................................3
2.1. DIMENSÕES DO DPL.............................................................................................................................................................3
3. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO.........................................................................................................................................4
4. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO...........................................................................................................5
5. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE...............................................................................................................................................5
6. PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL............................................................................................................................5
7. PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE................................................................................................................................................6
8. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA...................................................................................................................................................6
9. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ PROCESSUAL...................................................................................................................................7
10. PRINCÍPIO DA PROMOÇÃO PELO ESTADO DA SOLUÇÃO CONSENSUAL DO CONFLITO....................................................8
11. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO...........................................................................................................8
12. PRINCÍPIO DO RESPEITO AO AUTORREGRAMENTO DA VONTADE NO PROCESSO...........................................................8
13. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO..............................................................................................................................................8
14. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA.......................................................................................................................9
15. REGRAS FUNDAMENTAIS..................................................................................................................................................9
15.1. REGRA DA INSTAURAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO......................................................................................10
15.2. RESPEITO À CRONOLOGIA ART. 12/153 CPC.................................................................................................................10

JURISDIÇÃO.................................................................................................................................................................... 11

1. JURISDIÇÃO.......................................................................................................................................................................... 11
2. ESCOPOS DA JURISDIÇÃO........................................................................................................................................................12
3. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS................................................................................................................................................12
4. ARBITRAGEM - LEI 13.129/15............................................................................................................................................13
5. PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO.....................................................................................................................................................14
6. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA................................................................................................................................................15

PROCESSO...................................................................................................................................................................... 17

1. CONCEITO DE PROCESSO..................................................................................................................................................17
2. APLICAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL NO TEMPO (ART. 14 NCPC)....................................................................................17
3. MODELOS DE PROCESSO..................................................................................................................................................17

AÇÃO / CONDIÇÕES DA AÇÃO......................................................................................................................................... 19

1. SENTIDOS DO VOCÁBULO AÇÃO................................................................................................................................................19


2. TEORIAS DA AÇÃO X DIREITO DE AÇÃO.......................................................................................................................................19
2.1. TEORIA DA ASSERÇÃO.........................................................................................................................................................21
2.2. ELEMENTOS DA AÇÃO / DEMANDA........................................................................................................................................21
2.2.1. PARTES – NÃO CONFUNDIR:..............................................................................................................................................21
2.2.2. PEDIDO......................................................................................................................................................................... 22
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2.2.3. CAUSA DE PEDIR.............................................................................................................................................................22


3. CLASSIFICAÇÃO DA AÇÕES (DEMANDAS).....................................................................................................................................24
3.1. AÇÕES DE CONHECIMENTO...................................................................................................................................................25
3.2. AÇÕES DECLARATÓRIAS.......................................................................................................................................................28
4. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS (TÓPICO INCLUIDO POR CAUSA DA LEGITIMIDADE AD CAUSAM E DO INTERESSE DE AGIR)..............................29
5. PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA.................................................................................................................................................29
6. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE..................................................................................................................................................30
6.1. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE SUBJETIVOS...........................................................................................................................31
6.2. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE OBJETIVOS................................................................................................................................35
7. DINÂMICIDADE DA CAPACIDADE PROCESSUAL, DO INTERESSE PROCESSUAL E DA LEGITIMIDADE.............................................................37

PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL.

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1. NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL


1º ponto - Norma fundamental (gênero) = regras ou princípios
2º ponto - As normas fundamentais estão no NCPC e também na CF.
3º ponto - Há normas fundamentais no capítulo especifico e também espalhadas por todo o
NCPC.

Como saber se é uma norma fundamental?


Por algumas CARACTERÍSTICAS:

i) norma que estrutura o modelo de processo brasileiro;


ii) tem uma função hermenêutica (ajudam na compreensão e aplicação de outras normas).

2. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL


CF – ninguém será processado / perderá seus bens ou liberdade = sem o DPL.

ORIGEM: Idade média – como premissa de uma reação ao exercício desmedido do poder
(combate à tirania), de submeter o poder a um controle.
Conceito: é uma cláusula geral, a qual consiste em um conjunto das garantias mínimas para que
um processo seja considerado justo que o tempo foi incorporando ao devido processo legal (uma série
de exigências para que o processo seja considerado devido). Há um acumulo histórico no seu conteúdo
para que seja um processo devido. Além disso, há uma constante incorporação de novas feições com a
evolução social.
CONTEÚDO DO DPL (previsto como direito fundamental – é preciso estudar qual o conteúdo).
Acúmulo histórico de garantias que não podem ser eliminadas E é uma garantia de proteção contra
novas manifestações de tirania processual – é uma clausula geral flexível (permite que se adapte na
história). As normas fundamentais processuais decorrem do devido processo legal.

i) DEVIDO: conceito aberto, consiste exatamente no conteúdo incorporado ao princípio de


garantias e proteção contra a tirania. Tem um olhar para o passado e outro para o futuro.
As normas/princípios posteriores (estudadas) são derivações do DPL.
a. sinônimo de processo equitativo (Portugal), fair trial (Inglaterra), processo justo.
ii) LEGAL - significa em conformidade com o direito - alguns autores: devido processo
constitucional. Conforme a CF, a lei, costumes, negócios jurídicos, precedentes, etc.
iii) PROCESSO – são diversos os conceitos de processo (ver a frente).
a. DPL se aplica ao processo legislativo, ao processo administrativo, ao processo
jurisdicional e ao processo privado (eficácia horizontal dos direitos fundamentais).

2.1. DIMENSÕES DO DPL

i) DPL Formal: Garante as exigências formais para que o processo seja devido – respeito às
garantias formais impostas pelo direito. Conjunto de garantias formais – contraditório,
juiz competente, motivação.

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a. Legitimidade formal.
ii) DPL Substancial: além de ser processo devido, a decisão também deve ser devida.
Controle de conteúdo dos atos dos Poderes Públicos.
a. Consiste na garantia de direitos fundamentais não previstos – doutrina brasileiro da
DPL = significa a fonte dos deveres de proporcionalidade e razoabilidade. Controle
de conteúdo dos atos dos Poderes Públicos.
b. EUA - desenvolveram essa dupla dimensão do DPL - uma dimensão formal e uma
dimensão material. Lembrando que nos EUA havia uma necessidade de amparar
constitucionalmente novos direitos diante do rol diminuto de direitos fundamentais.
DPL da CF americana atribuía outros direitos – fonte implícita de direitos
fundamentais.
c. STF: a dimensão substancial do devido processo legal significa ser a fonte dos deveres
de proporcionalidade e razoabilidade. Assim, abre caminho para uma função de
controle de conteúdo dos atos do Poder Público.

3. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
É uma pedra de toque do NCPC. Todo pautado nesse princípio. NCPC: contraditório é pilar,
todo pautado por ele.

i) Art. 9º princípio do contraditório garante o poder de influência na decisão definitiva.


Não se decide sem o contraditório prévio.
ii) Art. 10º (e 933): cria duas regras pautadas no contraditório: qualquer decisão deve ter
seus fundamentos submetidos ao contraditório. Toda questão deve ter oportunidade de
ser debatida.
a. o dever de consulta antes de decisão
b. e a vedação da decisão surpresa. Decisão surpresa: lastreada em uma questão que não
foi objeto de contraditório.
iii) Art. 7º contraditório paritário. Processo devido em que as pessoas tem as mesmas
possibilidade de participação e influência. Juiz tem o dever de zelar - equalizando
desequilíbrios (dilata prazos e altera ordem das provas – art. 139, VI, NCPC).

Dimensões:

i) FORMAL: o contraditório garante o DIREITO DE PARTICIPAÇÃO


ii) SUBSTANCIAL: é a participação efetiva com o PODER DE INFLUENCIAR NA
DECISÃO. O poder de influenciar inclui o direito à prova.

AMPLA DEFESA: tudo é uma amálgama, hoje como conteúdo do contraditório, como os
instrumentos para influenciar na decisão.

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CONTRADITÓRIO X MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES: relação evidente, pois a motivação é


responder as alegações, uma resposta às alegações que evidencia o diálogo entre os sujeitos
processuais. O juiz acolhe ou rejeita as alegações com motivação concretizando o contraditório.
CONTRADITÓRIO X PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO: o juiz decide nos limites do pedido,
pois apenas nesse campo há contraditório.
PROCESSO ADMINISTRATIVO: com a CF/88 exige contraditório no PA, uma inovação no
ordenamento.

4. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO


Conceito: O processo tem que durar o tempo adequado para resolução da lide.
Critérios para aferição da razoabilidade na tramitação: para definir uma demora justificada.

i) complexidade da matéria;
ii) comportamento dos litigantes,
iii) comportamento do juiz;
iv) estrutura do órgão judiciário.

Lei 9504 – 01 ano em todas as instâncias. Art. 7º, Lei de ação popular – priva a lista de
merecimento.
Consequências da demora desarrazoada: i) resp. civil do Estado; ii) representação contra o juiz,
235 CPC e perda da competência; iii) priva de promoção, art. 93 , II, “e”, da CF, iv) Mandado de
Segurança.

5. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
Conceito: é uma imposição constitucional (11 NCPC e 93 CF) que garante o processo público com
duas dimensões:

i) Interna: para as partes, a qual não pode sofrer restrição;


ii) Externa: para a sociedade, há uma fiscalização social, há interesse público à informação

Restrições: na interna não é possível, na externa é possível – é o segredo de justiça previsto no


artigo 189, CPC. Ex. O processo arbitral pode ser sigiloso, salvo se envolver o PP.
Acordo de sigilo: vedado. Há um objeto ilícito, pois a publicidade externa é garantia da
sociedade.
Publicidade x motivação das decisões: relação íntima. A motivação que demonstra como o
poder é exercido, ali está a prestação de contas para a sociedade.
Publicidade x precedentes: o sistema de precedentes do NCPC necessita de uma publicidade
diferente para a sociedade conhecer a orientação dos tribunais. Traz segurança jurídica diante da norma
do precedente. Dever de publicidade adequada – art. 927, §5o e 979.

6. PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL


Conceito: paridade de armas significa dizer que a disputa processual deve ser equilibrada, art.
7º, assim, cabe ao juiz zelar por esse tratamento no tocante aos direitos e faculdades processuais.
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Concretizações:

i) Imparcialidade do juiz ou equidistância do juiz às partes;


ii) acesso à justiça igual sem discriminação;
iii) reduzir as diferenças pessoais no acesso com a justiça gratuita, sustentação oral à
distância, língua de sinais;
iv) igualdade no acesso à informação para o contraditório efetivo.

7. PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE
Conceito: O processo tem que gerar/produzir resultados e realizar o direito material, processo
devido é aquele que CONHECE e REALIZA o direito material reconhecido pelo juiz. Impõe a
necessidade de efetivação da decisão judicial.

i) Solução +
ii) Satisfação.

Fundo constitucional: direito fundamental à efetividade, sucedâneo do DPL. Com efeito, no


conflito entre este e a dignidade do executado há um conflito entre dois direitos fundamentais a ser
objeto de ponderação. direito à efetividade x direito à dignidade.

8. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
Conceito: trata-se da forma que se obtém o resultado.
Inclui instrumentos gerenciais (ciência da administração) para conduzir o processo obtendo o
máximo que se busca com o mínimo de recursos, com o plus das técnicas de administração. Previsão
– art. 37, CF e art. 8º, NCPC.

i) Economia: gastar menos para obter o melhor resultado


ii) Gestão e administração: técnicas da ciência da administração

Versão atualizada do antigo princípio da econômica processual, termo novo que estabelece um
diálogo entre a ciência da administração e o Direito, em um aspecto gerencial. Agrega um arsenal de
instrumentos para a gestão processual do juiz.

i) Dimensão administrativa: aos tribunais como ente da administração. CNJ foi criado para
otimizá-la.
ii) Dimensão processual: dirigido ao juiz que ao conduzir o processo é o gestor dele.

Função hermenêutica: as normas processuais devem ser interpretadas consoante a eficiência,


buscando a prática do menor numero de atos e atingir o melhor resultado. Ex. regras de conexão –
probatória. Ex. modo de executar decisão – poder do juiz escolher o meio executivo. Ex. prova
emprestada.

i) Processo EFETIVO: aquele que realiza o direito material. É possível ser efetivo e não
eficiente.

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ii) Processo EFICIENTE: é o processo efetivo (tenha resultado) com o menor uso de recursos
(dinheiro) possível.

9. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ PROCESSUAL


Conceito: é uma cláusula geral corolário do DPL, sendo que o PROCESSO DEVIDO É
PAUTADO POR COMPORTAMENTOS OBJETIVAMENTE ÉTICOS DOS SUJEITOS
PROCESSUAIS (INCLUI O JUIZ).
Sendo clausula geral receber densidade:

i) proibição de comportamentos dolosos – ilícito por conta da BF;


ii) impede o abuso de direito ainda que não previstos expressamente como abusivo;
iii) proíbe comportamento contraditório, o venire contra factum proprium. Consiste na
atuação contraria a um comportamento anterior que gerou expectativa legitima que não
seria concretizada. Ex. juiz diz que em julgamento antecipado e julga improcedente por
falta de provas.
iv) interpretação das postulações e decisões. 322, §2º e 489, §3º, CPC;
v) fonte do princípio da cooperação (art. 6º);
vi) nos negócios jurídicos processuais, o que os estimula.

Previsão: art. 5º, CPC, fundo constitucional como corolário do DPL.

i) Boa-fé objetiva: é uma norma que impõe comportamentos éticos. Art. 5º CPC. Exame do
comportamento, não a intenção.
ii) Boa-fé subjetiva: é um fato, uma crença que a parte atue em seu aspecto interno com
crença de agir corretamente.

Fonte do princípio da cooperação – previsão no art. 6º, CPC.


Negocio jurídico processual: deve ser conduzido de acordo com a boa-fé.
Funções reativas da boa-fé / aspectos parcelares:

i) Supressio: não exercício de um direito e sua supressão = perda. Ex. nulidade de algibeira
– parte, embora tenha o direito de alegar nulidade, mantem-se inerte durante longo prazo,
a violar a boa-fé processual. art. 278, CPC.
ii) Surrectio: surge um direito diante da supressão do direito de outrem.
iii) Excepcio doli: defesa da parte contra ações dolosas da outra. É a boa-fé em matéria de
defesa.
iv) Venire contra factum proprium: proibição do comportamento contraditório a violar a
confiança e lealdade. Art. 1000, CPC.
v) Tu quoque: vedação ao comportamento inesperado, parte não pode criar situações que
viciem o processo para alegar, após, a nulidade. Art. 276, CPC.

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10. PRINCÍPIO DA PROMOÇÃO PELO ESTADO DA SOLUÇÃO CONSENSUAL DO CONFLITO


Conceito: afasta a solução por adjudicação para buscar o consenso derivado do acordo entre as
partes. O Estado tem o dever de buscar primeiro a solução amistosa dos conflitos em relação à
adjudicação judicial. Art. 3º, CPC.
Premissa: prefere-se a solução consensual dos conflitos, ainda que haja a intermediação estatal. É
Política Pública que gera pacificação, diminui a reincidência e diminui custos processuais.
NCPC – é estruturada sob esse princípio. A primeira audiência é de autocomposição, antes de
contestação.

11. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO


Conceito: prioriza a solução do conflito, ou seja, afastar das decisões de extinção por causas
processuais com a busca pela decisão de mérito. Questões processuais são corrigidas e sanadas. Art. 4º,
CPC.

i) Art. 932, CPC. relator não pode deixar de conhecer recurso por questões formais.
ii) Art. 1032, CPC. recurso especial recebido como recursos extraordinário.
iii) Art. 321, CPC. antes de indeferir a inicial, abre-se oportunidade para emendá-la.

Obs. Prefere-se a solução meritória consensual.

12. PRINCÍPIO DO RESPEITO AO AUTORREGRAMENTO DA VONTADE NO PROCESSO


Conceito: transforma o processo como um ambiente em que há liberdade negocial, sendo a
vontade das partes fonte de norma. Também corolário do DPL.
Obs. a extensão da autonomia privada tem limites, pois o processo é exercício de poder, da
jurisdição.
Demonstrações do princípio no CPC:

i) NCPC estruturado para estimular uma solução consensual – logo, prestigia a vontade;
ii) postulações (ato de vontade) devem ser interpretadas – reconhece que postulação é um ato
de vontade.
iii) NCPC prevê diversos negócios jurídicos consensuais. Ex. escolhe consensual do perito,
calendário processual
iv) art. 190 – negócios processuais atípicos;
v) expansão da arbitragem.

13. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO


Conceito: o processo devido é o adequado objetivamente, subjetivamente e aos fins.

i) Objetiva: deve estruturar-se a partir das peculiaridades do direito material discutido. Ex.
execução de alimentos;
ii) Subjetiva: deve ser adequado aos sujeitos processuais segundo o princípio da isonomia.
Ex. idosos.

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iii) Teleológica: deve adequar ao fim pretendido. Ex. processo de conhecimento o fim é
declarar o direito, no executivo o fim é efetivar, por exemplo.

Quem deve adequar o processo?

i) Adequação legal ou Adequação abstrata: o legislador traça as regras adequadas para a


construção do processo. É prévia, em abstrato, de diretrizes gerais;
ii) Adequação jurisdicional (princípio da adaptabilidade do processo): o juiz adequa o
processo a partir das nuances do caso concreto. A lei prevê um modelo geral e o juiz
flexibiliza.
a. Expressa: há previsões, ex. art. 139 VI, CPC e a dilação de prazos e alteração da ordem
de produção das provas.
b. Atípicas: tema polêmico. STF fez no mensalão. O art. 7º CPC reforça diante do dever
de zelar pelo contraditório – que não é apenas formal.
iii) Adequação negocial: no autoregramento das partes. Art. 190, CPC

14. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA


Conceito: deriva da segurança jurídica – protege aquele que confia em uma norma jurídica e
que ela será observada.
Pressupostos de aplicação:

i) base da confiança: haja um ato normativo produzido por quem tenha competência para
aquilo;
ii) confiança na base: haja alguém que tenha confiado naquela norma, acreditava no ato;
iii) exercício da confiança: sujeito se comportou a partir daquela confiança;
iv) frustração pelo poder público: O PP frustra, por outro ato, a confiança gerada.

Relação com o processo: o processo produz atos normativos, logo produz a base da confiança.
Deve atuar a partir dos precedentes anteriores, ou seja, não praticar ato que confronte confiança gerada.
As pessoas se comportam de acordo com aquele precedente.
Art. 927. modificar jurisprudência = Alterada a base da confiança, a norma jurídica – precedente.

i) Dever de uniformizar a manter estável.


ii) Modulação de efeitos tem esse viés. Também situações consolidadas já há muito tempo e
uma decisão pode quebrar isso. Exige-se uma justiça de transição para minimizar o
impacto e proteger a confiança – Ex. STF e Raposa Serra do Sol.

15. REGRAS FUNDAMENTAIS


Capítulo – Normas Fundamentais. Princípios (visto acima) e Regras (visto abaixo)

15.1. REGRA DA INSTAURAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO

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Instauração: demanda a provocação/iniciativa do jurisdicionado.

i) Inventário: CPC/73: inventário o juiz iniciava de ofício. NCPC – não mais.


ii) Execução em obrigações de fazer/não fazer/diversa de dinheiro: instauração de ofício.
a. Obs. sentença de dar dinheiro – juiz não executa de ofício.
iii) Incidentes processuais: algumas são iniciados de ofício. Conflito de competência, IRDR,
etc.

Desenvolvimento – princípio do impulso oficial: o desenvolvimento do processo se dá por


impulso oficial,

i) salvo para a fase recursal (na fase recursal o impulso oficial só em remessa necessária).
ii) Não impede a desistência.
iii) Negócio processual – pode modular o impulso oficial em determinadas situações. Ex.
suspensão negocial.

15.2. RESPEITO À CRONOLOGIA ART. 12/153 CPC

Conceito: as sentenças/acórdãos devem respeitar a ordem cronológica de conclusão (ato do


escrivão que encerra o processo para a decisão judicial).

i) Não aplicado para decisões interlocutórias. Ex. liminar.


ii) “preferencialmente”: juiz pode por ato motivado afastar a ordem da lista.
iii) Controle:
a. Lista de processos a julgar: publicidade. Consulta publica na vara e na internet.
iv) Primeira lista: antiguidade de pela distribuição entre os já conclusos.
v) Requerimentos após a inclusão na lista: retorna ao lugar na fila, salvo reabertura da
instrução ou conversão do julgamento em diligência.

Caráter republicano – norma prestigia a igualdade e a duração razoável com tratamento


igualitário aos jurisdicionados.
Escrivão: art. 153, obedece a ordem cronológica para publicar e efetivar pronunciamentos
judiciais.
Exceções à lista: ver artigo 12, §2º, CPC.

Primeiro lugar: ver artigo 12, §6º, CPC.

JURISDIÇÃO

1. JURISDIÇÃO
Conceitos iniciais:

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i) Poder Jurisdicional: um órgão Estatal – o qual tem o Poder Estatal de interferir na esfera
jurídica do jurisdicionado aplicando o Direito Objetivo.
ii) Função jurisdicional: encargo atribuído ao Poder Judiciário de exercer tipicamente o
Poder acima.
iii) Atividade jurisdicional: complexo de atos praticados pelo agente estatal investido de
jurisdição no processo.

Conceito de JURISDIÇÃO: função atribuída a terceiro imparcial para, mediante um


processo, reconhecer, proteger, ou efetivar situações jurídicas concretamente deduzidas, e modo
imperativo e criativo, em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para a
definitividade.

i) Terceiro: fato de o juiz não ser parte (impartialidade), mas terceiro, sendo um atributo
objetivo.
a. Heterocomposição: O juiz substitui a vontade das partes.
b. Substitutividade: o juiz substitui a vontade das partes.
ii) Imparcial: dado subjetivo, é a ausência de interesse na causa, equidistância. Diverso de
neutralidade.
iii) Monopólio Estatal: mas a lei pode admitir que terceiros exerçam. Ex. arbitragem.
iv) Mediante processo: é o resultado de um processo que a precede e legitima.
v) Reconhece/protege/efetiva situação concretamente deduzida: sempre atua sobre um caso
concreto. Difere-se de lide – pretensão resistida. Basta problema concreto a ser resolvido.
a. Legislador atua em abstrato.
b. Processo de Conhecimento: reconhecer.
c. Processo Cautelar: proteger
d. Processo Executivo: efetivar
vi) Modo imperativo: o julgamento é um ato de império, poder coercitivo inevitável.
vii) Modo criativo: ao julgar cria a norma jurídica individualizada e norma do precedente.
Limites na lei, caso concreto e na racionalidade.
viii) Decisão insuscetível de controle externo: somente a jurisdição controla a jurisdição. Nem
a lei muda a coisa julgada.
a. CNJ. Tem natureza administrativa e correcional, âmbito interno e não controla o ato de
decidir.
ix) Definitividade: é a coisa julgada como uma qualidade da decisão, um fenômeno exclusivo
a jurisdição.

2. ESCOPOS DA JURISDIÇÃO
Escopo Jurídico: é solucionar a lide jurídica com a aplicação do direito ao caso concreto.
Escopo Social: é a pacificação social gerado pela solução da controvérsia. Espera-se que o
vencido saia conformado (não necessariamente feliz).
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Escopo Político: em 03 manifestações.

i) Fortalecimento do Estado: os problemas sendo resolvidos o Estado fortalece no tecido


social diante da confiança dos cidadãos;
ii) Fortalecimento das liberdades públicas e direitos fundamentais: que são concretizadas;
iii) Incentivo na participação democrática.

Escopo educacional: intuito de ensinar aos jurisdicionados seus direitos e deveres. Para isso, as
decisões devem ser claras, objetivas e em linguagem acessível.

3. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
Jurisdição: é RESOLVER CONFLITO, DIZER O DIREITO.
Equivalentes: formas de resolver conflitos diversa da jurisdição:

i) Sistema Multiportas: diversas formas de resolver o conflito. Não se fala mais em meios
alternativos, pois todos têm preferência, a depender do conflito (princípio da adequação).

I - AUTOTUTELA: solução imposta por um dos sujeitos. Resolução do conflito, SEM


INTERMEDIAÇÃO, a partir da FORÇA da parte vencedora. Proibida, salvo se houver lei admitido (Ex.
posse, guerra, greve), pois o estado não é onipresente e o Judiciário poderá rever.
II - AUTOCOMPOSIÇÃO: resolução do conflito a partir do CONSENSO das partes, sem
terceiro, forma negocial de solução do conflito. NCPC estimula a solução pelo consenso, é uma
política pública. A partir dela há um reforço à cidadania e senso de responsabilidade, sendo mais eficaz
(cumprimento espontâneo). Pode ser extrajudicial ou judicial – juiz homologa.

i) autocomposição por transação: ambas partes transigem com cessões recíprocas;


ii) autocomposição por submissão: uma das partes abdica em favor de outra.
a. Renuncia do direito: autor cede;
b. Reconhecimento da procedência do pedido: o réu cede.

III - MEDIAÇÃO OU CONCILIAÇÃO: são técnicas de autocomposição nas quais o conflito


será resolvido através do DIÁLOGO COM A PARTICIPAÇÃO DE UM TERCEIRO. O terceiro não
impõe, sendo um auxiliar para o consenso. Técnicas para autocomposição, e não heterocomposição.
São menos invasivas. Alternative Dispute Resolution (ADR): qualquer método de solução de conflitos
não convencional. CPC, Resolução 125 CNJ e Lei 13140/15.
Mediadores e conciliadores: cadastrados no tribunal e no CNJ. Podem ser escolhidos pelas
partes. São remuneradores, seja como funcionários públicos ou liberais. É preciso ter curso de
capacitação.

i) Mediação não há proposta de acordo pelo arbitro, apenas facilita o diálogo. Se tiver laços
anteriores. Lei 13140/2015.
ii) Conciliação faz proposta sendo proativo. Sem laços anteriores. Lei 13140/2015 (artigo 42).
iii) P. independência: exercício das funções sem influência externa;

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iv) P. imparcialidade: dever de declarar sob pena de punição


v) P. autonomia da vontade: conflitantes definem se entram e acerca do procedimento;
vi) P. Confidencialidade: estende a todas informações recebidas. Atribui confiança as partes.
Os mediadores podem recusar dar depoimentos como testemunha. art. 30, Lei 13140.
vii) P. Oralidade: mais apto a proporcionar o acordo e para evitar intepretações equivocadas
dos signos;
viii) P. Informalidade: trajes, diálogo oral, linguajar simples e direto, mesa circular – ajudam
no acordo.;
ix) P. Decisão informada: partes recebem o máximo de informações para decisões
conscientes;
x) P. boa-fé;
xi) P. Isonomia.

Audiência de tentativa de conciliação ou mediação: há um centro judiciário de solução


consensual dos conflitos. Do próprio tribunal ou privados.
Obs. Poderão ser criadas câmaras administrativas de conciliação e mediação.
IV – SOLUÇÃO POR TRIBUNAIS ADMINISTRATIVO: solução de conflito por órgãos
internos da AP que funcionam como terceiros nessa tarefa. Heterocomposição (não autotutela ou
autocomposição). Não são jurisdicionais no sentido de produzir coisa julgada e suscetíveis de controle
externo pelo judiciário. Há processo administrativo, assim, esses órgãos devem respeitar o DPL.
Ex. Tribunal Marítimo julga fatos relativos a navegação. Auxilia o Judiciário, cuja decisão serve
como confete de prova para o processo jurisdicional. Não é função jurisdicional.

4. ARBITRAGEM - LEI 13.129/15


Conceito: método de resolução de conflitos em que um terceiro decide (heterocomposição),
sendo o arbitro juiz de fato e de direito. Nesse âmbito o árbitro responde pelo crime de corrupção, a
testemunha pelo falso.
Natureza jurídica: É jurisdição privada que se origina de um negócio jurídico entre as partes.
Ex. Tribunal arbitral, arbitro ou órgão público.

i) Pessoas capazes, físicas ou jurídicas privadas ou públicas.


ii) Arbitrabilidade objetiva: os litígios que podem ser solucionados na arbitragem são de
caráter patrimonial e disponível. É ampla, não sendo possível direitos de incapazes e
família, por exemplo. Tendência, também, no direito coletivo.

Poder Público: deve ser pública (sem sigilo) e não admite a equidade (deve ser de direito).
Somente direitos patrimoniais disponíveis.
Negócio Jurídico – Convenção de arbitragem: documento escrito em que as partes resolvem
seguir a arbitragem.

i) Cláusulas Compromissória: celebrada antes do conflito.

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Direito

ii) Compromisso arbitral: relacionada a conflito determinado e já existente, a qual poderá ser
resultante de uma cláusula compromissória anterior, como forma de cumpri-la.

NCPC. juiz não pode reconhecer de ofício ambas. Réu não alegar haverá renúncia à jurisdição arbitral.
Regras de arbitragem: podem ser delimitadas pelas partes. Apesar de maleável, sujeita-se aos
princípios constitucionais. Não cabe recurso, salvo se houver convenção. Decidem se vai ser por
equidade ou de direito.
Poderes do arbitro: julga a causa, mas não executa. Sentença arbitral é titulo judicial a ser
executado no PJ. Também pode conceder medidas cautelares.
Judiciário: não controla o mérito da decisão. Cabe ação anulatória nas hipóteses previstas na lei,
sendo o prazo de 90 dias da publicação. Nesse caso o Judiciário anula, pelo defeito formal, exigindo
nova sentença arbitral. Não cabe ação rescisória.
Carta arbitral: cooperação entre o juiz estatal e o arbitro.

5. PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
P. da investidura: exercício da jurisdição apenas por aqueles regularmente investido na
autoridade de juiz, seja concurso, investiduras dos ministros ou arbitro por convenção.
P. da Indelegabilidade: PODER JURISDICIONAL que foi investido é indelegável.
PODERES DO JUIZ:

i) ORDINATÓRIO: condução do processo, delegável. Art. 93, CF.


ii) INSTRUTÓRIO: produção de provas, delegável do Tribunal por carta de ordem;
iii) DECISÓRIO: decisão não pode ser delegada, pois seria derrogar a competência com
violação do juiz natural – exceção do pleno para o órgão especial – art. 93, XI, CF.
iv) EXECUTÓRIO: executar as próprias decisões, sendo que o tribunal pode delegar.

P. da Territorialidade: a jurisdição sempre é exercida em determinado território.

i) Foro: território onde a competência é exercida;


a. Comarca: é o foro no âmbito estadual, uma cidade. Pode ser subdividida em distritos.
b. seção judiciária: é a divisão territorial, o foro na Justiça Federal. Um Estado que é
subdividido em subseção (cidade).
ii) Extraterritorialidade da Jurisdição: jurisdição exercida fora dos limites territoriais quando
a. imóvel situado em duas comarcas e a decisão abrange todo imóvel, art. 60 CPC.
b. oficial de justiça pode atuar nas comarcas contiguas independente de carta precatória,
art. 255 CPC.

P. da Infastabilidade: art. 5º, XXV, CF. A lei não excluirá lesão ou ameaça de lesão (tutela
inibitória). Há o direito de ação, provocar o PJ.

i) Na arbitragem as partes que afastam da jurisdição.

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Direito

ii) Sistema da jurisdição única – sistema inglês. Há países em que se adotou a jurisdição
administrativa ou sistema francês.
iii) Jurisdição condicionada: quando a lei determina o esgotamento das instâncias
administrativas para acessar o PJ – é o interesse de agir no que toca a necessidade.
a. Esse princípio proíbe? CF antiga tinha permissão expressa. CF/88 exige isso na justiça
desportiva.
b. Previsões legais – HD, reclamação. São constitucionais? Sim, se justificáveis e
razoáveis. Ex. ação previdenciária
iv) E leis que proíbem tutela de urgência contra o PP? STF diz constitucional, o que não impede o
magistrado apreciar a razoabilidade no caso concreto.

P. do Juiz natural: não tem previsão expressa na CF. Garantia constitucional sem previsão
constitucional, construído a partir da conjunção de dois dispositivos: i) proibição do juízo de exceção;
ii) ninguém será processado, salvo por autoridade competente. É o juiz imparcial (dimensão
subjetiva) e competente (dimensão objetiva). CF:

i) Dimensão objetiva: Competência construída a partir de regras prévias, gerais abstratas e


impessoais, ou seja, por lei. Não há escolha do juiz, há distribuição com critérios
objetivos.
ii) Dimensão subjetiva: Não basta a competência prévia e objetiva, é preciso que haja
imparcialidade.
a. O juiz deve ser capaz subjetivamente, sem relação com a causa. Impedimento e
suspeição garantem o JN.

P. da Inevitabilidade: as partes devem se submeter ao decidido, um poder estatal.

6. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
Características:
i) Atividade integrativa: o judiciário integra a vontade da parte, tornando-a integra e apta a
produzir os efeitos desejados. Ex. interdição, mudança de nome;
ii) Atividade fiscalizatória: o interesse do estado é fiscalizar o ato da parte a partir dessa
necessidade de integração;
iii) Necessária: para que a vontade do sujeito produza efeitos, o sujeito tem que ao
judiciário.
a. Obs. algumas há possibilidade de ser extrajudicial. Ex. divórcio;
iv) essencialmente constitutiva: julgador constitui situações jurídicas novas
(desfaz/modifica). Ex. adoção, emancipação;
v) Inquisitorial: predomina esse caráter. Valoriza os poderes do juiz. Há procedimentos
instaurados de ofício e poder geral de adequação. Ex. herança jacente, bens de ausentes e
arrecadação de coisas vagas.
Sentença: ato final do processo, que o encerra.

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Direito

Cláusula geral de adequação: admite o juízo de equidade e adaptações procedimentais. Art.


723, P.U, CPC. Ex. guarda compartilhada antes da previsão
Garantias processuais: todas as garantias processuais são aplicadas, ex. DPL, interessados são
citados,
MP: intervenção apenas nas hipóteses legais.
Procedimentos: i) comum – art. 719/725 CPC; ii) especiais – art. 727 ss.
Natureza Jurídica:

i) Atividade administrativa de interesses privados: o juiz administra interesses privados


fiscalizando-os: não há lide; não há processo, e sim procedimento; não há ação, e sim
requerimento; não há partes, mas interessados; não há coisa julgada, há preclusão.
ii) Atividade jurisdicional: lide é apenas espécie de problema submetido ao judiciário, não
pressuposto da jurisdição. Além disso, é possível lide na jurisdição voluntária. Trata-se de
processo, não de procedimento, há contraditório e relação entre sujeitos processuais. Há
coisa julgada, sendo que o STJ já proibiu rediscutir retificação de registro

PROCESSO

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Direito

1. CONCEITO DE PROCESSO
PALAVRA PROCESSO - DIVERSAS ACEPÇÕES – 03 principais:

i) 1ª acepção: CONJUNTO DE ATOS CONCATENADOS tendentes à produção de um ato


final (sentença). Cada ato: ato jurídico.
ii) 2ª acepção: PROCESSO COMO RELAÇÃO JURÍDICA – conjunto de atos jurídicos
organizados que geram diversas relações jurídicas processuais.
a. Cada ato jurídico conserva situações jurídicas – deveres, faculdades, ônus.
iii) 3ª acepção: FONTE DE PRODUÇÃO DE ATOS NORMATIVOS - legislativo,
administrativo, privado e o jurisdicional.

2. APLICAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL NO TEMPO (ART. 14 NCPC)


TEMPUS REGIT ACTUM. A LEI NOVA INCIDE IMEDIATAMENTE.

Processo – conjunto de ATOS JURÍDICOS e de SITUAÇÕES JURÍDICAS PROCESSUAIS


Os atos jurídicos que já foram praticados (ATOS JURÍDICOS PERFEITOS) e situações


jurídicas já consolidadas (DIREITOS ADQUIRIDOS) permanecem regidas pela lei anterior.

3. MODELOS DE PROCESSO
É o modo de organizar o processo, ou seja, a análise dos papéis que cada sujeito deve exercer
em um processo. Principais análises: papéis do juiz = poder instrutório / executar decisões de ofício.
Não há modelos puros, mas preponderantes.

i) Modelo dispositivo ou adversarial: Próprio da tradição commom law. Deixa as partes


atuarem.
a. Protagonismo – das partes. Por isso adversarial, pois há uma batalha entre as partes.
b. Juiz – poder de julgar e fiscalizar passivamente. Não atua ativamente na prova e na
execução de decisões.
c. Norma dispositiva: aquela que predomina o interesse das partes.
ii) Modelo inquisitivo:
a. Protagonismo judicial. Além de fiscal e decidir, ele atua diretamente na condução com
poderes instrutórios e a execução é iniciada de ofício.
b. Poder Instrutório do juiz é essa postura ativa.
c. Obs. desenvolveu nos estados sociais – estado atuando nas relações privadas visando o
equilíbrio.
d. Obs. alguns relacionam esse modelo ao civil law.
iii) Garantismo processual: ramo da filosofia que limita os poderes do juiz no processo.
a. Contrapondo ao inquisitivo – autoritarismo do poder amplo do juiz.
b. Glauco Gumerato Ramos (Espanha). Busca diminuir o ativismo judicial, o poder
instrutório e executório.

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Direito

c. Ex. princípio da boa-fé como algo autoritário porque no processo há uma batalha.
i) Modelo Cooperativo: modelo do NCPC que não se confunde com o dispositivo nem com
o inquisitivo. Trata-se de uma estrutura em que os sujeitos cooperam para a decisão
final, um processo estruturado a partir da ideia de cooperação entre todos os sujeitos
processuais. Não vislumbra apenas as funções do juiz durante o processo, mas, também, alguns
deveres. No processo há um diálogo constante e permanente entre as partes.
a. Princípio da cooperação: art. 6º, CPC, corolário da boa-fé e do DPL. Consequências ao
juiz – imposição de deveres:
i. Dever de consulta: impõe ao juiz o dever de consultar as partes antes de
decidir quando houver questão relevante que não foi objeto de contraditório.
ii. Dever de esclarecimento: com dupla dimensão
1. Juiz tem dever de produzir decisões claras e inteligíveis;
2. Dever de pedir esclarecimentos: não pode rejeitar postulações por não as
entender.
iii. Dever de prevenção: juiz deve advertir as partes para evitar que o processo
seja invalidado por questões formais. Corolário do princípio da primazia da
decisão de mérito.
iv. Dever de auxílio: dever judicial de cooperar com os sujeitos processuais na
obtenção de informações e eliminar obstáculos que dificultem exercício de
direitos – em previsões típicas na lei. Ex. relativas ao patrimônio do executado.

Dever geral de auxilio: Parcela doutrinária encerra um dever geral de auxílio. Juiz sempre
tem que auxiliar as partes em todas situações, como um dever geral atípico. Didier entende que não
há respaldo normativo, sendo, portanto, um dever sempre típico.

AÇÃO / CONDIÇÕES DA AÇÃO.

1. SENTIDOS DO VOCÁBULO AÇÃO


Ação como DIREITO DE AÇÃO: é o sentido constitucional, sendo direito de acesso à Justiça.
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Direito

i) Direito fundamental público (particular exerce contra o estado) - Decorre do princípio


da inafastabilidade da jurisdição. Garantia: de acesso aos Tribunais e de exigir uma
tutela adequada e efetiva.
ii) Autônomo: autonomia em relação do direito material x direito de ação é contra o Estado.
a. Direito de ação não é concreto: Superada a antiga lição de que só existia direito de
ação se houvesse o direito afirmado.
iii) Abstrato: independe do conteúdo – independe do direito deduzido em juízo.
iv) Conteúdo complexo: composto por uma infinidade de situações jurídicas – propor,
provar, escolher procedimento.
v) Intima relação com o devido processo legal: garantias processuais compõe o conteúdo do
direito de ação.

Ação como DIREITO MATERIAL AFIRMADO: expressão utilizada como sinônimo de direito.
Muito utilizada pelos romanos que não diferenciavam ação processual de direito. Ex. art. 195, CC - ação
sendo utilizada como sinônimo de direito.
Ação COMO ATO: ato de provocar o judiciário, não mais como direito, e sim o exercício. Nome
demanda - É o exercício do direito de ação afirmando uma ação em sentido material.
Procedimento: conjunto de atos destinados ao ato final.
Demanda = Ato de provocar o judiciário – condições da ação?
Termos - Condições da ação e carência de ação. Eram expressões que diziam respeito ao tema.
Faltando condições da ação a parte autora deixa de ter direito de exercitar o ato.
Há condições que devem ser preenchidas para acessar o Poder Judiciário?

O NCPC não usa o termo condições da ação.

i) 1ªc. Fredie Didier. não há mais as condições da ação. Legitimidade e interesse são
pressupostos processuais.
ii) 2ªc. Majoritária. ainda existem condições da ação e carência de ação. Legitimidade /
interesse.
iii) A possibilidade jurídica do pedido já era tratada como questão de mérito.

2. TEORIAS DA AÇÃO X DIREITO DE AÇÃO


Visam analisar qual a relação entre o direito material e o direito de ação.
Teoria imanentista/civilista: direito de ação é o próprio direito material reagindo a agressão.
Não há um direito autônomo de ação. O direito material permanece estático quando há o seu respeito, mas
sendo agredido ele se coloca em movimento. O direito material passa a ser direito de ação – por isso
imanentista ou civilista.

i) Conclusão: não existe direito de ação sem direito material, pois é o mesmo direito em
momentos diversos – prevalece o direito material estático ou em movimento.

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Direito

ii) Conclusão: o direito de ação traduz em um poder do indivíduo contra o seu adversário e
não contra o Estado.
iii) Conclusão: processo como um mero procedimento, conjunto de atos coordenados.

Direito de ação = direito material em movimento

TEORIA CONCRETA DA AÇÃO (Wach): distingue direito de ação de direito material.


Concebe as condições da ação.
O direito de ação consiste em um direito do individuo contra o estado objetivando a sentença
favorável, além de ser um direito contra o adversário submetidos aos efeitos da decisão.
Conclusão: só existe direito de ação se o direito material existir. Apesar, portanto, de reconhecer
a autonomia do direito de ação, ela não reconhece sua independência quanto ao direito material.

i) Sentença de improcedência há direito de ação? Essa teoria não responde.

Direito de ação = se houver direito material

TEORIA ABSTRATA DA AÇÃO: direito de ação e direito material não se confunde, são
independentes e autônomos. Consiste em um direito abstrato de obter um provimento judicial do
Estado-juiz. Assim, a improcedência não afasta o direito de ação do individuo.

i) Conclusão: direito de ação é abstrato, amplo, genérico e incondicionado.


ii) Conclusão: rejeitam as condições da ação.
iii) Conclusão: toda sentença de carência de ação é uma sentença de mérito.

TEORIA ECLÉTICA DO DIREITO DA AÇÃO (LIEBMAN): apesar do direito de ação não se


confundir com o direito material, existindo de forma independente e autônoma, ele não é incondicional e
genérico.

i) Conclusão: somente há direito de ação quando o autor tiver direito a um julgamento de


mérito, pouco importa de favorável ou desfavorável.

E quando há direito a julgamento de mérito? Se preenchido alguns requisitos.

Conclusão: a existência do direito de ação não depende de o direito material existir.

i) Condições da ação: são condições para a existência do direito de ação.


ii) Análise das condições da ação: são preliminares ao mérito.
iii) Ausência das condições da ação: geram uma sentença terminativa de carência de ação
sem formar coisa julgada material. Isso ocorre em qualquer momento processual, pois
matérias de ordem pública que sequer precluem.
iv) Carência de ação: é uma resposta do estado ao exercício desse direito pelo autor.
i) Teoria diferencia:
a. Direito de petição (direito constitucional de ação): direito de receber a resposta de
órgão estatal, amplo, genérico e incondicional.
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Direito

b. Direito de ação (direito processual de ação) é o direito a uma sentença de mérito, esse
condicional.

Direito de ação não se confunde com direito material, mas aquele depende de requisitos que
condicionam ao julgamento de mérito, em qualquer momento julga-se a carência.

2.1. TEORIA DA ASSERÇÃO

Antiga teoria relacionada as condições da ação. Hoje transporta-se para os pressupostos –


legitimidade e interesse.
Liebman: a análise das condições da ação deveria ser feita a qualquer momento processual,
inclusive após a produção probatória, gerando a extinção sem mérito por carência de ação.
Teoria da asserção: in statu assertinis, uma teoria intermediaria entre a teoria da ação abstrata
pura e a eclética. Difere-se quanto a carga cognitiva de averiguação da presença das condições da ação
e o momento processual que isso é efetuado.
As condições da ação (a legitimidade e o interesse) devem ser aferidos segundo aquilo que foi
afirmado pela parte, sem desenvolvimento cognitivo pelo juiz. Verificando a veracidade, sem produção
de provas, presentes estão a legitimidade e o interesse. Algo macroscópico, ou seja, com a simples leitura
da inicial.

i) Constatação inicial da ausência: extingue o processo sem julgamento do mérito, por


carência de ação. Neste momento não difere-se da teoria eclética.
ii) Constatações posteriores: implica em juízo de improcedência e matéria de mérito a gerar
a coisa julgada material.
a. Exceção – fatos supervenientes que determine extinção.

Obs. Direito de ação não se confunde com o direito material.

Obs. Condições da ação, de acordo com o grau de profundidade cognitiva de analise, tornam-
se juízo de mérito.

2.2. ELEMENTOS DA AÇÃO / DEMANDA

2.2.1. PARTES – NÃO CONFUNDIR:

i) Partes do processo: todos os sujeitos parciais do contraditório, principal ou não. Ex.


assistente.
ii) Partes da demanda: são as partes principais do processo. Demandante e demandado.
iii) Partes o conflito: titulares do direito material em litigio, não correspondem,
necessariamente, com as partes da demanda. Ex. MP parte da demanda, coletividade a do
conflito. MP não é parte do conflito coletivo.
iv) Parte ilegítima: não deixa de ser parte, pois alega, inclusive, sua ilegitimidade.
21
Direito

2.2.2. PEDIDO

É elemento nuclear, a providência jurisdicional que se pleiteia. É a pretensão processual.


Pedido – tem como base que o sustenta a causa de pedir.

2.2.3. CAUSA DE PEDIR

São os fatos jurídicos e fundamentos jurídicos.

Um fato de vida sofre incidência de uma hipótese normativa que o torna fato jurídico. Este
produz efeitos jurídicos e gera consequências – direitos e deveres = relação jurídica.

Fato da vida fato jurídico Efeitos jurídicos - Direitos Relação


incidência de hipótese normativa - Deveres Jurídica

i) Fato da vida tem a incidência de uma hipótese normativa:


a. = Fato Jurídico
ii) Fato jurídico = produz efeitos/consequências jurídicas
a. = Direitos e deveres – relação jurídica.

Pedido – tem uma causa – toda construção acima deve ser descrita para embasar o pedido.

i) Fato + Norma incidente = Fato Jurídico.


ii) Direito e deveres decorrentes = Fundamento Jurídico.

Conceito de causa de pedir: é o conjunto de afirmações dos fatos jurídicos e os fundamentos


jurídicos.

Hipótese normativa (2)

Fato juridico fundamento juridico


(causa de pedir remota) (causa de pedir próxima)
(3) (4)

Fato
(1)

Onde está a norma incidente? No fato jurídico há uma norma incidente sobre o fato da vida.

Já o fundamento jurídico é a relação jurídica - direito subjetivo: é o direito que cada um afirma
ter contra o demandado. O juiz não está vinculado ao que o autor diz sobre a norma incidente sobre o
fato da vida.

i) Fundamento jurídico: não é a norma incidente, mas sim o direito que se afirma ter. é o
direito subjetivo afirmado;

22
Direito

ii) Norma jurídica: não é causa de pedir. O juiz pode decidir com fulcro em outra norma,
mas não pode dar um direito diverso do pleiteado nem com base em fato diverso do
alegado.

Causa de pedir remota: é o fato jurídico, ou seja, a norma incidente em um fato da vida.

i) Causa de pedir remota ativa: título do direito (contrato).


ii) Causa de pedir remota passiva: fato que impulsiona ir ao judiciário (inadimplemento)

Causa de pedir próxima: é o direito que se afirma ter que constrói uma relação jurídica.

i) Causa do pedido = FATO JURÍDICO} Fato da vida > incidência de hipótese normativa.
Afirmações o fato jurídico = CAUSA DE PEDIR REMOTA.
ii) Fundamento do pedido = FUNDAMENTO JURÍDICO} Relação jurídica > direitos e
deveres. Assim, este não é a norma que incide, mas o direito afirmado = CAUSA DE
PEDIR PRÓXIMA.

Teorias da causa de pedir


Teoria da substanciação da causa de pedir: é adotada pelo NCPC. traduz no fato jurídico e no
fundamento jurídico (Causa de pedir remota - mais próxima). Nesse modelo a CP possui duas etapas.
Teoria da individualização da causa de pedir: apenas o fundamento jurídico compõe a causa de
pedir, exclusivamente o direito afirmado.
Repercussão prática de ambas teorias:

i) Conexão: se as causas de pedir forem iguais, remota e próxima.


ii) Ex. direito de anular um contrato.
a. Fatos jurídicos: Fato 01 – erro / Fato 02 – dolo.
b. Fundamento jurídico: Direito de anular o contrato.
c. Para a 1ª teoria não há conexão, para a 2ª há causa de pedir idênticas.

Conclusão – teoria da substanciação:

i) CONTRATO INADIMPLIDO:
a. Fato jurídico - causa de pedir remota: = contrato inadimplido (fato)
i. Causa remota ativa = contrato - o fato título
ii. Causa remota passiva = inadimplemento - o impulso ao
judiciário
b. Fundamento jurídico - causa de pedir próxima: = direito de crédito (direito)
c. Pedido: perdas e danos.
ii) ANULAÇÃO DO CONTRATO POR DOLO ou ERRO:
a. Fato jurídico – causa de pedir remota: = contrato com vício

23
Direito

i. Causa remota ativa = contrato


ii. Causa remato passiva = erro ou dolo
b. Fundamento jurídico – causa de pedir próxima = direito anular contrato
c. Pedido: anulação do contrato

3. CLASSIFICAÇÃO DA AÇÕES (DEMANDAS)


Ação – direito de ação: não se classifica, é único esse direito.
Ação – direito material: há diferentes direitos afirmados.
Ação – demanda: como ato de ir ao judiciário pode ser classificada.

Segundo o direito afirmado: direito afirmado é a relação jurídica, ou seja, causa de pedir
próxima.

i) PESSOAL ou REAL ex. usucapião é uma ação real


ii) Ação possessória – afirma o direito a posse. Não encaixa nessa classificação. Aproxima-se
das ações reais.
iii) Ação reipersecutória – por ela se busca coisa certa em poder de terceiro. O fundamento
jurídico pode ser pessoal ou real.

Segundo o objeto: leva em consideração o pedido.

i) Mobiliária: objeto é um bem móvel. Ex. usucapião (ação real) pleiteando bem móvel.
ii) Imobiliária: objeto é um bem imóvel. Ex. usucapião (ação real) pleiteando bem imóvel.

Obs. nem toda ação real é imobiliária, pois há direitos reais sobre bens móveis. Também é
possível ação imobiliária pessoal, a exemplo do despejo que é pessoal e imobiliária.
Conforme o tipo de tutela:

i) Ação de conhecimento: busca a certificação, a declaração o reconhecimento do direito.


a. Ações declaratórias / condenatórias / constitutiva
ii) Ação cautelar: busca proteger um direito.
iii) Ação executiva: para efetivar o direito.
iv) Ações sincréticas. São ações que servem para mais de uma espécie jurisdicional.

Ações necessárias:

i) Direitos que somente podem ser efetivados em juízo. Penal, falência, rescisória,
interdição. Regra na jurisdição voluntária.
ii) Interesse de agir: presumido. Não se discute a necessidade de ir a juízo.
iii) Ação sempre constitutivas.
a. Obs. mas nem todas ações constitutivas são necessárias.

Ações dúplices:

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Direito

i) Acepção processual: é o pedido formulado pelo réu contra o autor em contestação. Sinônimo
de pedido contraposto que é restrito aos fatos aduzidos pelo autor. JEC.
ii) Acepção material: demandas em que o autor afirma um direito que poderia ser levado
pelo réu a juízo A defesa já é um ataque e pode propiciar o bem da vida. O réu não precisa
reconvir para adquirir o bem da vida pleiteado. Ex. oferta de alimentos. Consignação em
pagamento. ADI e ADC. Ações declaratórias.
iii) Ações possessórias: duplamente dúplice.
a. Material no pedido possessório,
b. processual quanto ao pedido indenizar do réu.

3.1. AÇÕES DE CONHECIMENTO

Classificação de acordo com o pedido. busca a certificação / declaração / reconhecimento do


DIREITO. Outras são cautelares ou executivas. Os DIREITOS VEICULADOS podem ser classificados
como direitos a uma prestação ou direitos potestativos. Assim, classificação de acordo com o pedido:

i) Declaratório = certificar direito ou esclarecer


ii) constitutivo = direitos potestativos
iii) condenatório = direitos prestacionais

 Direitos Prestacionais (Ações condenatórias):

i) Conceito: poder de EXIGIR E ALGUÉM UMA CONDUTA, uma prestação de fazer/não


fazer/dar. Tem relação com o fenômeno da violação de um direito (inadimplemento), o
não cumprir aquilo que é exigido. Institutos correlacionados:
a. Prestação.
b. Inadimplemento.
c. prescrição, pois advém de um direito violado (inadimplir) que dai decorre a
PRETENSÃO.
d. Execução: fazer que a pretensão seja cumprida é expediente relacionado ao direito
prestacional. Só executa prestação inadimplida não fulminada pela prescrição.
ii) Efetivação: são direitos que dependem de uma conduta para que seja cumprido.
Comportamento realizado de modo empírico, no mundo dos fatos. Essa realização poderá
ser voluntária ou forçada: regra do processo autônomo (título extrajudicial) ou sincrético
(título judicial).
a. execução direta ou por sub-rogação: quando o judiciário substitui a vontade do
devedor, o estado faz pelo devedor.

25
Direito

b. execução indireta: são os casos em que o PJ se vale de poder psicológico para que o
devedor cumpra a obrigação, seja por meio de sanção (multa/prisão) ou de um
benefício.
iii) AÇÃO CONDENATÓRIA: como visto as ações de conhecimento buscam a certificação,
a declaração ou o reconhecimento, sendo a que veicular direito prestacional a ação
condenatória. Afirmada a existência de um DIREITO PRESTACIONAL
a. Prescrição da pretensão relacionada a um direito prestacional. Há ações condenatórias
imprescritíveis – ressarcir o erário por ato de improbidade administrativa é uma ação
que se busca uma condenação a prestação de ressarcimento.
b. Título executivo: objetivo da ação condenatória.
c. Prestação > inadimplemento > condenação > execução. Formas de efetivação é o que
diferenciam - Execução de forma direita ou indireta.
i. Ação executiva lato sensu: prestação efetivada de modo direto / sub-rogação
ii. Ação mandamental: execução indireta.
iv) Ações condenatórias sincréticas: por uma ação condenatória há o reconhecimento e a
efetivação. Pontes de Miranda:
a. Puro conhecimento – ação condenatória;
b. Sincrética – mandamental (execução indireta) ou executiva Lato senso (execução
direta).
v) Histórico:
a. 1973: Ações de prestação de puro conhecimento – ações condenatórias. Ações de
prestação sincréticas – ações executivas em sentido amplo (execução direta) ou ações
mandamentais (execução indireta).
b. 1994: ações de prestação sincréticas: CPC inclui as de fazer e não fazer (mandamental
– execução indireta).
c. 2002: ações de prestação sincréticas: CPC inclui as de dar coisa diversa de dinheiro
(executiva lato senso – execução direta).
d. 2005: ações de prestação sincréticas: dar dinheiro (ação condenatória). Perde
relevância a divisão das condenatórias, mandamentais e executivas lato senso, pois
todas são sincréticas.
vi) Concepção Quinária: Quartenária Trinária
a. Constitutiva Constitutiva Constitutiva
b. Declaratória Declaratória Declaratória
c. Condenatória (pecuniária) x Condenatória
d. Exec. lato senso (entrega coisa) Executiva lato senso x
e. Mandamental (fazer/não) Mandamental x

26
Direito

Majoritária: todas as Ações condenatórias são sincréticas, assim, prevalece a concepção trinaria.
Logo, a execução é apenas uma técnica de efetivação.

Hoje todas ações de conhecimento são sincréticas. Mandamental e executiva em sentido


amplo passam a ser espécies de condenatórias, a depender da forma de efetivação do direito.

 Direitos Potestativos / ações constitutivas.

i) Conceito: nada mais é que o direito de alguém interferir na esfera jurídica de outra
pessoa criando, alterando ou extinguindo situações jurídicas. É um estado de sujeição que a
pessoa está inserida – não um dever (Não há uma conduta exigível do terceiro, não há
prestação).
ii) Logo, não há inadimplemento ou lesão, não há prescrição e não há execução. Não tem dever de
outrem. Ex. direito ao divórcio, direito de anular um contrato, de rescindir uma sentença.
iii) Decadência: é o prazo para exercer um direito potestativo.
iv) Efetivação: por mero decreto, pela palavra (decreto, dissolvo). Não há execução.
v) AÇÕES CONSTITUTIVAS: veiculam direto potestativo, a qual cria, modifica ou
extingue situações jurídicas – pede o reconhecimento do direito potestativo e a sua
efetivação, ou seja, não há uma prestação inadimplida, mas um estado de sujeição.
a. Constitui situação jurídica nova. Direito ao divórcio, anular contrato, rescindir
sentença, etc. Basta a sentença para mudar o fato, não há execução.
b. Algumas ações dependem de prazo, outras não – decadencial.
c. Efeitos: em regra ex nunc.
d. Ações constitutivas NEGATIVAS: extingue situação jurídica. Podem retroagir, a
exemplo do 182 CC, anulatória de contrato.
e. Ações constitutivas POSITIVA: altera ou cria situação jurídica.
f. Verbos – dissolvo, decreto, anulo, rescindo, etc.
vi) Polêmicas:
a. Interdição: declaratória, mas para Fredie instituir uma curatela é constitutiva, uma
nova situação jurídica é constituída;
b. Falência: é uma nova situação jurídica decretada, não declarada;
c. Ação de anulabilidade e nulidade: há a desconstituição de um ato, sendo ações
constitutivas (alguns incluem a de nulidade como declaratória);
d. ADI: ações constitutivas. Retiram a lei do sistema jurídico;
e. Ação de investigação de paternidade: objetivo é constituir o vinculo jurídico que
possibilita herança, pedido de alimentos, etc. Há diferença entre pai e genitor, algo
genético que se declara.

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Direito

3.2. AÇÕES DECLARATÓRIAS

Ação com o objetivo de obter a certeza jurídica (esclarecer uma dúvida sobre determinada
situação jurídica).

i) Art. 19 - Inciso I: existência, inexistência ou modo de ser de relação jurídica. São


situações jurídicas que se declara e não fatos. A incerteza gera ao autor o direito de obter
a certificação.
a. Novidade do NCPC: alusão ao modo de ser de relação jurídica. Súmula 118 STJ – para
obter certeza da intepretação do contrato.
ii) Art. 19 - Inciso II: autenticidade ou falsidade de documento. Aqui é uma declaratória
sobre fato, hipótese especifica pois não cabe AD para certificar fato.
iii) IMPRESCRITÍVEIS: não há a efetivação do direito. Condenatórias buscam efetivar.
iv) Dúplices.
v) Efeitos retroativos.
vi) Produz titulo executivo apto à execução, à luz do art. 515, I, CPC.
vii) Ex. AD inexistência de relação jurídica tributária; de usucapião; de união estável.

Art. 20, CPC. Inadimplemento x ação declaratória: é possível propor ação declaratória quando
seria viável uma ação condenatória. Não há falta de interesse e agir. Atenção:

i) é possível executar a decisão que declarou (art. 515, I, NCPC – reconhecer a exigibilidade
de obrigação);
ii) propositura não interrompe a prescrição: ao propor não se diz que quer efetivar (esse
seria o motivo de interromper). Busca apenas o reconhecimento que não interrompe a
prescrição.

obs. Ação Condenatória – também declara, mas pressupõe lesão. A declaratória somente
declara e pode ser antes ou após á lesão.

4. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS (TÓPICO INCLUIDO POR CAUSA DA LEGITIMIDADE AD


CAUSAM E DO INTERESSE DE AGIR)
Oscar Bulow: teorizou a categoria pressupostos processuais, a qual tem origem da teoria do
PROCESSO COMO UMA RELAÇÃO JURÍDICA distinta daquele que constitui seu objeto.

i) Conceito de Processo:
a. Ponto de vista externo = procedimento.
b. Ponto de vista interno = relação jurídica. Assim, deve passar por pressupostos:

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Direito

i. Relação jurídica - PP concernem a tais elementos:


1. elemento subjetivo – sujeitos /elementos objetivos – fato jurídico e
objeto
ii) Pressupostos processuais: EXISTÊNCIA / VALIDADE
iii) Consequências: verificar se o processo existe + se o processo é nulo = extinção.
iv) Conclusão: são analisados para saber se o processo EXISTE e se o processo é VÁLIDO.

Regime jurídico

i) Como são analisados os PP de VALIDADE? Doutrina moderna tem analisado os


pressupostos de validade dentro do sistema geral de invalidades previsto no CPC: i)
privilegia a decisão de mérito; ii) invalidade se houver prejuízo. Logo, evita-se a decisão
sem mérito por ausência de requisitos de validade – é a teoria da instrumentalidade
substancial do processo.
ii) Conhecimento de ofício? Regra que comporta exceções, a ex. da incompetência relativa.
iii) Momento de alegação? Regra até o trânsito em julgado, a qual tem exceções – preclusão da
cláusula de arbitragem não suscitada.
iv) Consequência da ausência? Como regra há a extinção do processo, mas há exceções –
incompetência há a remessa ao competente.
v) De quem é o pressuposto processual? É do processo como um todo. Possível, ainda, falar dos
atos separados.

5. PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA
O processo existe quando ALGUÉM DEMANDA perante um ÓRGÃO JURISDICIONAL.

Órgão jurisdicional

Pressupostos de Existência Demanda

Personalidade Judiciária

i) Órgão jurisdicional: se há uma demanda proposta em órgão não jurisdicional não há relação
jurídica processual.
ii) Demanda: ato de provocação inicial do autor que limita a prestação jurisdicional aqueles
elementos do objeto do litigio.
iii) Personalidade Judiciária / capacidade de ser parte: Consiste na aptidão para, em tese,
titularizar uma situação jurídica processual. Não há gradação, sendo um atributo absoluto
(não há capacidade para uma e não para outra.).
a. Pessoas, condomínio, massa falida, órgãos públicos, nascituro, etc.
b. Exige-se para o réu? Não é condição de existência. Há processos sem réu, o processo
nasce com a demanda (não com a presença do réu), sendo a presença do réu
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Direito

fundamental para a eficácia da relação jurídica processual em face de terceiro (não


para a existência).
c. Quem não é parte? Morto, coletividades desorganizadas, em sínteses as coisas.
d. E animais? Abolicionismo animal defende a personalidade judiciária dos grandes
primatas, pois seriam sujeitos de direitos.
e. Obs. pressupostos de validade – capacidade processual / capacidade postulatória.

Como é feita a análise? É do processo como um todo. Também é possível falar em pressuposto de
existência de cada ato jurídico processual. Ex. sentença sem decisão não falta um elemento mínimo do
seu suporte fático.

6. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
PROCESSO EXISTE (há relação jurídica processual), passa-se à ANÁLISE DE SUA VALIDADE
em seu ASPECTO AMPLO (do procedimento como ato jurídico complexo), ou de CADA ATO
JURÍDICO.
Consequência se houver vício?

i) Verificar se há prejuízo.
ii) Busca saná-lo - princípio da primazia da decisão de mérito.
iii) Consequência após análises acima: extinção / remessa a juízo competente ou substituto

Pode reconhecer de ofício? Como regra sim, mas há exceções. Ex. incompetência relativa,
convenção de arbitragem.
Momento? Como regra suscitada a qualquer tempo, salvo incompetência relativa ou convenção de
arbitragem.

Juiz
Subjetivos
Partes
Pressupostos de Validade
Intrinsecos
Objetivos
Extrinsecos

i) Legitimidade Ad causam: antes analisada como condição da ação;


ii) Interesse de agir: antes analisado como condição da ação.

6.1. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE SUBJETIVOS

Relacionam-se com os sujeitos do processo – juiz e partes.


Competência
Juiz
Imparcialidade
Pressupostos de Validade
Subjetivos Capacidade Processual

Partes Capacidade Postulatória

Legitimidade Ad Causam

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Direito

 Pressupostos de Validade Subjetivos relacionados ao JUIZ:

i) Competência: consiste em um requisito de validade do procedimento e da decisão.


a. O vício gera remessa ao juízo competente.
ii) Imparcialidade: há dois graus: i) impedimento; ii) suspeição.
a. O vício de parcialidade gera a remessa ao substituo legal.

 Pressupostos de Validade Subjetivos relacionados as PARTES:

i) CAPACIDADE PROCESSUAL: a capacidade de ser parte (existência) é pressuposto da


capacidade processual.
a. O que é capacidade processual? Consiste na capacidade de praticar atos processuais
pessoalmente ou por representante (pessoas indicadas na lei).
i. pessoalmente: independentemente de representação dos pais, tutores,
curadores.
ii. representante (pessoas indicadas na lei): síndicos, administrador de
condomínio, inventariante, diretor, etc. o art. 75 NCPC – traz aqueles que são
representados em juízo, tendo capacidade processual.
b. É igual a capacidade civil? Se aproxima, pois em regra quem tem capacidade civil tem
capacidade processual. Mas são institutos autônomos. Exceções:
i. ter capacidade civil sem ter capacidade processual, réu revel preso tem
capacidade civil e não tem processual.
ii. Não ter capacidade civil e tem capacidade processual: interditado busca
levantar a interdição.
c. Consequência da falta? Art. 76, NCPC. Suspende o processo e designa prazo para sanar
o vício.
i. autor não corrige: extinção do processo;
ii. réu na corrige: revel;
iii. terceiro: revel ou excluído do processo.
iv. Na fase recursal? i) recorrente não corrige: recurso não conhecido; ii) recorrido:
contrarrazões não conhecidas (desentranhamento).
d. Sociedades, Associações irregulares e entes sem personalidade: representado por
aquele que couber administrar os bens. Quando demandadas não podem opor a
irregularidades de sua constituição. Art. 75, IX e §2o, NCPC.
e. CAPACIDADE PROCESSUAL DAS PESSOAS JURÍDICAS: art. 75, VIII. Para não
dar a ideia de que lhe falte capacidade processual fala-se em presentação (relação
orgânica), assim não confunde com a representação de incapazes processuais.

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i. Na presentação há um sujeito que presenta (está presente), já na representação


são dois sujeitos.
f. ESPÓLIO: o inventariante representa o espólio – se for dativo os sucessores do falecido
são intimados dos processos do processo em que o espólio seja parte. Não se trata de
litisconsorte.
g. Convênio entre estados: para procuradores de estados representar outros em dada
localidade. Convenção processual. Fredie estende à Adm. Ind., ao MP e DP.
h. CURADOR ESPECIAL: art. 72, NCPC. Consiste em um representante processual
designado pelo juiz da causa para a parte processualmente inclusive. Defensoria
assume a função institucional. Múnus público que não pode ser recusado. Supre a
incapacidade processual (não a postulatória). É somente para o caso, por isso especial.
Não supre a incapacidade material. Instituto não se confunde com a curatela geral
designada por juiz de família. A parte continua sendo o curatelado.
i. Art. 72;
1. incapaz sem representante ou colidir interesses – enquanto durar incap.
2. réu preso revel ou enquanto não constituir advogado
3. réu revel citado por edital ou hora certa enquanto não constituir advogado.
ii. Poderes de gestão do processo em exercício da defesa, incluindo:
1. opor embargos a execução;
2. MS contra ato judicial;
3. ação cautelar incidental.
4. Não pode reconvir, denunciar a lide, etc. Não pode transigir.
i. CAPACIDADE PROCESSUAL DAS PESSOAS CASADAS (também união estável
comprovada nos autos ou registrada em cartório): tem capacidade para praticar atos
processuais sozinhos, como regra.
i. Polo ativo:
1. consentimento do outro – ações reais imobiliárias – salvo separação
absoluta. Podem atuar em litisconsórcio facultativo. Não há litisconsórcio
necessário. O juiz pode suprir o consentimento em procedimento de
jurisdição voluntária.
2. Falta de consentimento: intimação do cônjuge preterido – silêncio
considera o consentimento. Negado com justo motivo o juiz invalida o
processo.
ii. Polo passivo: aqui se trata de litisconsórcio necessário. Citados:
1. ações reais imobiliárias – salvo separação absoluta.
2. resp. civil que digam respeito a ambos. São solidários;
3. divida contraída por um a bem da família. Também há solidariedade
4. ônus sobre imóveis de um ou ambos;
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iii. Ações possessórias: participação


1. no polo ativo (expressão - composse) – exige consentimento.
2. no polo passivo (se atos por ambos praticados) há litisconsórcio passivo
na ação contra eles ajuizada.
ii) CAPACIDADE POSTULATÓRIA: trata-se de capacidade técnica para a prática de “atos
postulatórios”. Advogados, defensores, MP. Atos processuais podem ser ou não
postulatórios. Ex. testemunhar.
a. Ato postulatório – leigo depende de representante postulatório, SALVO:
i. i) Lei 9099; ii) ADI e governadores; iii) HC; iv) alimentos; v) mulher na LMP; vi)
JT.
b. Ausência: art. 4º, EAOAB – nulidade do ato postulatório praticado por leigo.
Requisito de validade do procedimento é somente relacionado ao autor. Do réu e do terceiro
apenas no tocante aos atos postulatórios praticados por eles.
c. Advogado que (sempre tem capacidade postulatória) pratica ato sem procuração? Não
representa a parte, neste caso. Artigo 104 não trata de falta de capacidade postulatória,
mas da inexistência de procuração nos autos.
i. Admite ato sem procuração: i) urgente; ii) evitar preclusão, decadência ou
prescrição. Deverá apresentar procuração em 15 dias, pena de p/d.
ii. Sem procuração = ineficácia do ato (no CPC/73 era inexistência que gerou STJ 115
superada). Ver 662 do CC.
d. Procuração: instrumento da representação processual. Advogados públicos não precisam
juntar procuração.
e. Art. 105. Poderes gerais: não precisam estar expressos; Poderes especiais: expressos.
iii) LEGITIMDADE AD CAUSAM: CPC/73. Condições da ação. NCPC. 1ªc. Parte da
doutrina trata como pressuposto subjetivo de validade. 2ªc. ainda se trata de uma
condição da ação.
a. Conceito: consiste no
i. vínculo existente entre os sujeitos da demanda e a situação jurídica afirmada.
Pertinência subjetiva à ação.
ii. Aptidão para conduzir um processo de modo eficaz, sendo bilateral - polo
ativo ou passivo – bilateral. Legitimidade do autor face ao réu.
iii. Como afere-se? Somente a partir de um caso concreto, assim não uma análise
abstrata.
b. Parte (capacidade de ser parte) Absoluta e Abstrata.
c. Legitima ou ilegítima (legitimidade ad causam). Relação do sujeito ao objeto.
Específica a luz do caso concreto.
d. LEGITIMIDADE EXCLUSIVA: Apenas o titular do objeto pode discuti-lo em juízo. É
a regra.
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Direito

e. LEGITIMIDADE CONCORRENTE: quando a lei atribui legitimidade a mais de um


agente. Ex. ADI. Credores solidários. Litis. unitário.
f. LEGITIMIDADE ORDINÁRIA: o sujeito defende direito próprio. Coincide a
legitimidade e o titular do direito.
g. LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA: substituição processual. Alguém defendo no
processo em nome próprio uma situação jurídica de terceiros. Legitimado e titular do
direito não coincide. Ex. HC, ACP, etc.
i. Requisito – autorização do ordenamento (não apenas a lei) que pode ser
negocial. OBS. pode existir simultaneidade das legitimidades – credor solidário.
Obs. não confundir o termo substituição processual com sucessão processual
nem com representação processual.
ii. Características:
1. substituto é parte de direito processual (não material);
2. pode ser ativa e passiva;
3. coisa julgada vincula os substituídos – eficácia contra terceiros da coisa
julgada
4. possibilita a assistência litisconsorcial;
5. cabe recurso de terceiro substituto processual que não participou (996).

Capacidade de ser parte / Pressuspoto de Existência


Aptidão para titularizar situação jurídica processual. Qualquer pessoa. Absoluta. Não ha gradação.

Capacidade processual / Pressupostos de Validade Subjetivo


Capacidade de praticar atos processuais pessoalmente ou por pessoas indicadas na lei. Aproxima-se da capacidade civil. Ha curadores especiais.

Legitimidade Ad Causam / Pressupostos de Validade Subjetivo

Vínculo existente entre os sujeitos da demanda e a situação jurídica afirmada.

6.2. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE OBJETIVOS

Relação com os atos do processo.

Intrinsecos
Pressupostos de Validade
Objetivos Negativos
Extrinsecos
Positivos Interesse de Agir

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 Pressupostos de Validade Objetivos Intrínsecos

São fatos internos ao processo que condicionam a sua validade. É o respeito ao procedimento,
ao formalismo processual. Ex. Petição apta. MP deve intervir nas causas. Citação. Intimações.
Consequência do vício: a invalidade do ato processual. Deve-se buscar o aproveitamento dos
atos, sendo que, na impossibilidade, torna-se possível a extinção/invalidade.
Citação:

i) duplo papel no processo. Art. 312.


a. Condição de eficácia do processo em relação ao réu.
b. Requisito de validade da decisão contra o réu.
ii) Qual a consequência da sentença proferida contra o réu revel não citado ou revel citado
invalidamente? Nulidade transrescisória. São defeitos graves, os quais podem ser
impugnados após o prazo para a ação rescisória por ‘querela nullitatis’ prevista nos artigos
525, I e 535, I, NCPC. O CPC prevê como instrumentos de reação na execução, o que não
impede querela nullitatis autônoma. Ação desconstitutiva.
a. Atenção – corrente PUC/SP entende sendo pressupostos processual de existência - se
trata de ação declaratória de inexistência por um processo com vício de existência.
b. Fredie – sentença é ato processual. Processo já existe com a propositura e sentença
favorável ao réu proferida antes da citação é válida.

 Pressupostos de Validade Objetivos Extrínsecos

São fatos estranhos ao processo que condicionam a sua validade.

i) Negativos: fatos que não devem existir para que o processo seja válido, por isso são
chamados de impedimentos processuais. Ex. inexistência de coisa julgada / litispendência /
perempção / convenção de arbitragem.
a. Consequência: diante de vícios insanáveis leva a extinção do processo, mas se disser
respeito a parcela da demanda, a outra parte continua válida.
ii) Positivos: antes apenas negativos, mas, agora, com retirada do ordenamento das
condições da ação, o interesse de agir torna-se um pressuposto de validade objetivo
extrínseco.
a. INTERESSE DE AGIR: consiste no interesse de âmbito processual para tutelar um
interesse substancial. Assim, o interesse de agir é secundário, instrumental em
relação ao afirmado (interesse substancial). Trata-se de interesse relacionado ao
provimento jurisdicional para satisfazer o interesse primário lesado. De tal modo,
tem como objeto a tutela jurisdicional e não o bem da vida.
i. Consequência: extinção do processo sem julgamento do mérito.
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ii. DIMENSÕES:
1. Adequação: alguns autores incluem no interesse de agir a adequação.
Consiste no procedimento adotado ser o correto ou provimento correto.
Fredie não concorda por entender que o juízo deve adequá-lo. Pode ser
sanado pelo juiz, e a adequação não tem a ver com algo fora do processo,
diferentemente dos outros dois – utilidade ou necessidade questões
externas ao processo.
2. utilidade: sempre que o processo puder resultar em algum proveito ao
demandante. Por isso se perder o objeto há falta de interesse com extinção
do processo.
3. necessidade: o processo deve ser necessário para atingir o objeto
buscado. A jurisdição como a última forma de resolver o litígio. Apesar
de infestável, um direito, se valer dele sem a necessidade é abusar do direito.
iii. Ações condenatório: autor deve afirmar fato constitutivo de seu direito (causa
ativa) e o fato violador do seu direito (causa passiva) que basta afirmar a lesão,
sendo a sua verificação questão de mérito.
iv. Ações constitutivas não necessárias: autor deve afirmar o direito potestativo e
a necessidade de efetivá-lo pelo judiciário.
v. Ações necessárias: somente o PJ pode resolver, a necessidade é presumida. Ex.
falência.
vi. Ações previdenciárias contra o INSS: REsp 631240. Precedidas de requerimento
administrativo sob pena de faltar interesse.
vii. Ação de exibição de documentos bancários: REsp 1349453. Somente se houver
pedido no banco não atendido.
viii. Direito de resposta – Lei 13.188/15. Se o veiculo não transmitir a resposta em 7
dias o interesse estará caracterizado.

7. DINÂMICIDADE DA CAPACIDADE PROCESSUAL, DO INTERESSE PROCESSUAL E DA


LEGITIMIDADE
Processo: conjunto DINÂMICO de atos e relações processuais.
Capacidade / legitimidade / interesse: examinados dinamicamente, ou seja, ato a ato, não
estaticamente para o processo como um todo. Não existe um único interesse de agir ao longo do
processo, bem como a legitimidade deve ser aferida a cada postulação. Ex. legitimidade para o processo,
mas não para recorrer. Ex. Pessoa jurídica pode mudar de polo na ação popular. Ex. o juiz torna-se parte
da suspeição.
Essa linha foi adorada pelo art. 17: não fala em propor/contestar, mas postular.

Art. 17. NCPC. para POSTULAR é necessário interesse e legitimidade. Não fala em propor
ou contestar.

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