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Aula 22

Controle de Constitucionalidade - Parte 1/2

Capítulo 1
Controle de Constitucionalidade - Parte 1/3

Direito Constitucional para Auditor da


Receita Federal

Prof. Nathalia Masson


Prof. Nathalia Masson
Direito Constitucional para Auditor da Receita Federal
Aula 22: Controle de Constitucionalidade -...

Sumário
.......................................................................................................................................................................................

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – PARTE I........................................................................................ 3

(1) RECADO INICIAL....................................................................................................................................... 3

(2) PRIMEIRAS PALAVRAS ............................................................................................................................. 3

(3) TEORIA GERAL – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS.......................................................................................... 4

(3.1) TIPOLOGIAS DE INCONSTITUCIONALIDADE................................................................................................................................................ 5

(3.2) CLASSIFICAÇÃO DAS FÓRMULAS ADOTADAS PARA A REALIZAÇÃO DO CONTROLE................................................................................ 11

(A) QUANTO À NATUREZA DO ÓRGÃO QUE REALIZA O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE................................................................... 11

QUESTÕES PARA FIXAR................................................................................................................................ 12

(B) QUANTO AO MOMENTO DO CONTROLE........................................................................................................................................................ 15

(C) RELAÇÃO ENTRE ÓRGÃO E MOMENTO.......................................................................................................................................................... 16

QUESTÕES PARA FIXAR................................................................................................................................ 18

QUESTÕES PARA FIXAR................................................................................................................................ 26

.................................................................................................................................................................... 30

(D) QUANTO AO NÚMERO DE ÓRGÃOS COMPETENTES PARA A REALIZAÇÃO DO CONTROLE........................................................................ 30

QUESTÕES PARA FIXAR................................................................................................................................ 31

.................................................................................................................................................................... 32

(E) QUANTO À FINALIDADE (OU OBJETIVO) DO CONTROLE............................................................................................................................... 32

QUESTÕES PARA FIXAR................................................................................................................................ 33

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Controle de Constitucionalidade – Parte I

(1) Recado Inicial


Como o conteúdo de Direito Constitucional é o que mais se altera no mundo jurídico (em razão das constantes mudanças
legislativas e, em especial, das incessantes novas decisões do STF), não desperdice seu tempo ou arrisque sua aprovação
estudando um material desatualizado. Busque sempre a versão oficial da aula no site do nosso curso!

(2) Primeiras Palavras


Olá, caro aluno! Bem-vindo a mais uma aula de Direito Constitucional!

O assunto com o qual trabalharemos nesse encontro, estimado aluno, é de fundamental importância para a sua prova.

Tanto esta aula quanto a próxima tratam do tema Controle de Constitucionalidade, e representam um convite para o seu
aprofundamento no estudo deste que é um dos assuntos mais instigantes e exigidos em provas de Direito Constitucional.
Nessa primeira aula, trataremos da teorização geral do assunto. Veremos que ‘controlar’ é sinônimo de cotejar, colocar em
confronto, contraprovar; representando um procedimento de análise comparativa. Partiremos da concepção de Constituição sob
o prisma de Hans Kelsen, autor que estruturou o ordenamento normativo de forma estritamente jurídica, baseando-se na
constatação de que toda norma retira sua validade de outra que lhe é imediatamente superior. Colocando a Constituição no ápice
do ordenamento jurídico, como norma superior a todas as demais, identificaremos um cenário no qual a observância das normas
constitucionais é essencial, obrigatória e inafastável.
Também serão avaliadas as diferentes tipologias de inconstitucionalidade. Veremos que a inconstitucionalidade poderá ser
classificada de acordo com os seguintes critérios:
(A) Quanto à norma constitucional violada, a inconstitucionalidade poderá ser: formal ou material;

(B) Quanto ao tipo de conduta ofensiva, a inconstitucionalidade pode derivar de uma ação ou omissão; (C) Quanto ao momento, a
inconstitucionalidade pode ser intitulada como originária ou superveniente; (D) Quanto ao alcance (ou extensão) do vício, a
inconstitucionalidade poderá ser total ou parcial; e, por fim,
(E) Quanto ao prisma de apuração, a inconstitucionalidade poderá ser direta, ou indireta.

Outros pontos relevantes que serão trabalhados: (i) o parâmetro ou paradigma (norma ou conjunto de normas que se toma como
referência na análise comparativa); (ii) o sistema de controle (identificação dos órgãos responsáveis pela feitura da análise de
comparação); (iii) o momento do controle (preventivo e repressivo).
Também conversaremos, neste encontro e no subsequente, sobre o controle concentrado de constitucionalidade. As seguintes
ações serão trabalhadas: ação direta de inconstitucionalidade, ação declaratória de constitucionalidade, ação direta de
inconstitucionalidade por omissão e arguição de descumprimento de preceito fundamental. Nas lições dessas duas aulas
avaliaremos a competência, legitimidade, procedimento, objeto, efeitos da decisão definitiva, dentre outros tópicos que
permitirão uma compreensão robusta dessa via de exercício do controle.
Também vamos esquadrinhar o Controle Difuso de constitucionalidade. Originado nos Estados Unidos da América, no notável e
muitíssimo conhecido leading case Marbury v. Madison, julgado pela Suprema Corte norte-americana em 1803, o controle difuso é
realizado por qualquer juiz (ainda que não vitaliciado) ou Tribunal. No Brasil referido controle foi inaugurado pela Constituição de
1891 e mantido em todas as subsequentes.
Enfim, não vou me alongar mais nessa introdução. Vamos começar a trabalhar, caro aluno? Temos um longo caminho a percorrer.
E vamos juntos, que logo mais você se juntará ao time de apaixonados pelo tema ‘Controle de Constitucionalidade’!

(3) Teoria Geral – aspectos introdutórios

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Para que você entenda o porquê da existência do controle de constitucionalidade, é importante lembrarmos que essa previsão de
mecanismos de defesa da Constituição em determinada ordem jurídica está diretamente relacionada com a concepção de
‘supremacia constitucional’. Lembra o que essa expressão significa? Vamos recordar juntos: a supremacia da Constituição revela
a ideia de superioridade hierárquica das normas constitucionais em relação às demais normas que compõem o ordenamento. Nos
dizeres de Kelsen, “a ordem jurídica (...) não é um sistema de normas coordenadas entre si, que se acham, por assim dizer, lado a
lado, no mesmo nível, mas uma hierarquia de diferentes níveis de normas”[1].
Nessa ordem jurídica escalonada (hierarquizada), a Constituição ocupa, sozinha, o ápice (o topo) do ordenamento, sendo que
todas as demais normas se situam abaixo dela. E porque são consideradas normas inferiores, devem estrito respeito ao que está
disposto na Constituição (norma suprema, superior a todas as demais).
Agora procure imaginar a seguinte situação: uma norma inferior (por exemplo: uma lei ordinária) ofende um determinado
dispositivo da Constituição Federal. Eu lhe pergunto: essa norma pode ‘sobreviver’ em nosso ordenamento? Ou isso colocaria em
risco a supremacia da Constituição? Claro que essa norma não pode ser mantida em nosso ordenamento, pois ela está em
desacordo com nossa Constituição. Assim, será considerada inconstitucional (e, por consequência, retirada do ordenamento
jurídico) qualquer norma do sistema que esteja em desconformidade com a Constituição.
Deste modo, podemos entender que a locução “controle de constitucionalidade” representa uma verificação de compatibilidade
(de adequação) entre normas: as leis (e os demais atos normativos) e a Constituição. Controlar a constitucionalidade, portanto,
nada mais é do que comparar os atos inferiores com a norma superior (Constituição), impondo uma sanção em caso de
desarmonia entre as normas.
Vejamos agora quais são as premissas para a realização do controle de constitucionalidade:

(i) primeiro, temos que estar diante de uma Constituição escrita e marcada pela rigidez;

(ii) na sequência, é preciso que reconheçamos que a Constituição é uma norma superior (supremacia constitucional) que atua
como pressuposto de validade de todos os demais diplomas normativos;
(iii) depois, teremos a análise de parametricidade (de comparação), isto é, será feita uma avaliação de compatibilidade entre a
norma superior (Constituição) e o restante do ordenamento jurídico, conferindo primazia sempre a norma-fundamento
(superior);
(iv) por fim, há que haver a previsão de uma consequência jurídica ante a violação da parametricidade – por exemplo, o
reconhecimento da inexistência, da nulidade ou da anulabilidade do ato inferior incompatível com a Constituição. Segundo
Gilmar Mendes, “A ausência de sanção retira o conteúdo obrigatório da Constituição, convertendo o conceito de
inconstitucionalidade em simples manifestação de censura ou critica.” [2]
Foi no leading case “Marbury X Madison” (julgado pela Suprema Corte norte-americana em 1803) que o ideal de supremacia
constitucional foi edificado e, em consequência, criadas as bases para a realização do controle de constitucionalidade. O relator,
Juiz John Marshall, afirmou a prevalência da Constituição enquanto norma fundamental do país e, por consequência, a
obrigatoriedade para todos os órgãos judiciários americanos de decidirem em harmonia com ela. Asseverou que, por ser peculiar
à atividade jurisdicional a interpretação e a aplicação das leis, em casos de dissonância entre quaisquer leis e a Constituição, o
órgão do Poder Judiciário deverá fazer prevalecer esta última, que se encontra em posição de nítida superioridade no
ordenamento. Segundo o Chief Justice: “Não há meio termo entre essas alternativas. A Constituição ou é uma lei superior e
predominante, e lei imutável pelas formas ordinárias; ou está no mesmo nível juntamente com as resoluções ordinárias da
legislatura e, como as outras resoluções, é mutável quando a legislatura houver por bem modificá-la. Se é verdadeira a primeira
parte do dilema, então não é lei a resolução legislativa incompatível com a Constituição; se a segunda parte é verdadeira, então as
Constituições escritas são absurdas tentativas do povo para delimitar um poder por sua natureza ilimitável”.

(3.1) Tipologias de inconstitucionalidade


A inconstitucionalidade pode ser classificada segundo alguns critérios, que serão abaixo listados (e, logo após, comentados).
Vejamos:
(A) Quanto à norma constitucional violada, a inconstitucionalidade pode ser:

(A.1) formal, ou (A.2) material;

(B) Quanto ao tipo de conduta ofensiva, a inconstitucionalidade pode derivar de uma:

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(B.1) ação, ou (B.2) omissão;

(C) Quanto ao momento, a inconstitucionalidade pode ser intitulada:

(C.1) originária, ou (C.2) superveniente;

(D) Quanto ao alcance (ou extensão) do vício, a inconstitucionalidade pode ser:

(D.1) total, ou (D.2) parcial; e, por fim,

(E) Quanto ao prisma de apuração, a inconstitucionalidade pode ser:

(E.1) direta, ou (E.2) indireta.

Agora que o panorama foi apresentado, falaremos de todas as tipologias a seguir. Vamos começar!

(A) Quanto à norma constitucional violada

(A.1) A inconstitucionalidade formal, também chamada de nomodinâmica, se apresenta quando o vício que afeta o ato
inconstitucional decorre da inobservância de algum rito do processo legislativo constitucionalmente fixado ou da incompetência
do órgão que o editou.
No primeiro caso, tem-se a inconstitucionalidade formal propriamente dita, na qual há um defeito na formação do ato, por
desobediência às prescrições constitucionais referentes ao trâmite legislativo adequado para sua feitura. Ela pode ser subjetiva,
quando o defeito deriva de desobediência à iniciativa estipulada ou objetiva, nas hipóteses em que o vício está na desarmonia
com regras atinentes aos outros atos do processo legislativo de gestação da norma.
Imaginemos que um Deputado Federal apresente um projeto de lei que disponha sobre a criação de empregos públicos na
administração direta federal. Como estamos diante de um assunto que está reservado à iniciativa privativa do Presidente da
República (nos termos do art. 61, § 1°, II, ‘a’, CF/88), claramente há um vício de iniciativa, pois o parlamentar não poderia ter
apresentado referido projeto. Destarte, estamos diante de uma inconstitucionalidade formal propriamente dita subjetiva. Para
exemplificar a inconstitucionalidade formal propriamente dita objetiva, pensemos em uma proposta de emenda à Constituição
Federal que tenha sido votada em um único turno na Câmara dos Deputados e encaminhada ao Senado Federal. Como o art. 60, §
2°, CF/88 determina que tal votação se dê em dois turnos em cada Casa Legislativa, o vício fica claro.
Noutro giro, temos a inconstitucionalidade formal orgânica quando há desobediência a regra de competência para produção do
ato, como, por exemplo, quando um Estado-membro edita norma exercendo competência que, pela previsão do art. 22, CF/88,
está destinada a ser regulamentada pela União, de modo privativo. Para trazer outra ilustração dessa tipologia de
inconstitucionalidade, pensemos em uma lei federal que fixe o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais,
matéria que, nos termos da súmula vinculante 38, é de competência legislativa municipal.
(A.2) Na inconstitucionalidade material o conteúdo da norma é contrário ao conteúdo constitucional. Também intitulada
nomoestática, deriva daquelas situações em que há incongruência entre o previsto na lei e aquilo que dispõe o texto
constitucional. Para exemplificar, pensemos em uma lei ordinária que determine que os analfabetos não poderão votar. Referido
diploma normativo viola frontalmente o disposto no art. 14, § 1° da CF/88, que confere aos analfabetos a capacidade eleitoral
ativo (eles podem se alistar e votar, facultativamente).
De se ressaltar que é possível que o trâmite legislativo seja perfeitamente hígido, e a discrepância com a Constituição só se
apresente na matéria. Afinal, ainda que o procedimento não esteja corrompido, não se tem certeza da constitucionalidade da
norma: devemos também comparar, por óbvio, o conteúdo da norma infraconstitucional com o Texto Maior, a fim de verificar a
(in) adequação do dispositivo menor analisado.
Um esquema[3], que nos ajude na visualização da explicação é sempre bem-vindo, concorda?

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(B) Quanto ao tipo de conduta ofensiva

(B.1) A inconstitucionalidade por ação pressupõe a realização, por parte do Estado, de uma conduta positiva (um facere) que não
se compatibiliza com os preceitos constitucionais. Assim, os Poderes Públicos agem ou editam normas em descompasso com o
texto constitucional, o que fulmina o comportamento ou as normas editadas com o vício da inconstitucionalidade.
(B.2) A inconstitucionalidade por omissão se apresenta quando a nefasta letargia dos Poderes Públicos impede a efetivação de
uma norma constitucional que, para produzir com plenitude seus efeitos, depende de uma atuação estatal. Destarte, se não são
adotadas, ou são adotadas de modo insuficiente, medidas legislativas ou executivas imprescindíveis à regulamentação da Lei
Maior, estaremos diante do descumprimento da obrigação constitucional de agir. Segundo a doutrina, considera-se “ilegítima a
abstenção legislativa quando a Constituição impõe ao órgão legislativo o dever de editar norma reguladora do texto
constitucional”, vale dizer, quando estamos diante de uma norma de eficácia limitada impositiva, isto é, uma norma
constitucional que só produz plenamente seus efeitos depois que sobrevém regulamentação ulterior, para a qual exista efetivo
dever de regulamentar (e não mera faculdade). Para ilustrar tal situação, pensemos na inexistência (ainda hoje) da lei
complementar federal que vai regular o processo de criação, fusão e desmembramento de Municípios, consoante prevê o art. 18,
§ 4°, CF/88. Como referida norma não foi ainda editada, o processo de criação de novos Municípios está paralisado (não pode ser
concretizado), justamente em razão da falta da norma regulamentadora.
(C) Quanto ao momento

(C.1) Na inconstitucionalidade originária, o parâmetro será sempre anterior ao objeto. Imaginemos que o parâmetro seja uma
norma constitucional originária, promulgada e publicada no dia 05/10/1988. Se compararmos com a Constituição uma lei editada
em 2007, por exemplo, e detectarmos sua incompatibilidade, é possível concluir pela sua inconstitucionalidade e esta é originária.
Afinal, desde quando referida lei foi confeccionada (em 2007) a Constituição (norma parâmetro) já existia no mundo normativo,
de forma que a norma já nasceu inquinada com o vício. Assim, é inconstitucional desde a sua origem, desde o seu ato de criação.
Nos dizeres do STF:

A teoria da inconstitucionalidade supõe, sempre e necessariamente, que a legislação, sobre cuja


constitucionalidade se questiona, seja posterior à Constituição. Porque tudo estará em saber se o legislador

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ordinário agiu dentro de sua esfera de competência ou fora dela, se era competente ou incompetente para editar
a lei que tenha editado.

(C.2) Noutro giro, imaginemos essa mesma lei, editada em 2007, originalmente constitucional – nascida na vigência da atual
Constituição e editada em total e completa observância desta. Digamos que posteriormente à edição dessa lei seja promulgada
uma Emenda Constitucional (suponhamos, a EC nº 69, de 2012) que torne o texto da lei de 2007 incompatível com a Constituição.
Essa lei, até então tida por constitucional, eis que material e formalmente compatível com o Texto Maior, frente ao novo
parâmetro passa ao estado de incompatibilidade. Como o objeto (a lei) é anterior ao parâmetro (norma constitucional derivada,
pois fruto de uma emenda constitucional), a inconstitucionalidade é denominada superveniente. Em suma: na
inconstitucionalidade superveniente, o parâmetro (norma constitucional) é sempre posterior ao objeto (lei).
No Brasil, não se reconhece a inconstitucionalidade superveniente. Tratamos essa hipótese como um problema de direito
intertemporal, concluindo que a incompatibilidade superveniente não gera inconstitucionalidade, mas sim a ocorrência do
fenômeno da não recepção (ou revogação) do direito anterior. Tal entendimento é corroborado pelo STF, conforme se depreende
da passagem abaixo:

O vício da inconstitucionalidade é congênito à lei e há de ser apurado em face da Constituição vigente ao tempo
de sua elaboração. Lei anterior não pode ser inconstitucional em relação à Constituição superveniente; nem o
legislador poderia infringir Constituição futura. A Constituição sobrevinda não torna inconstitucional leis
anteriores com ela conflitantes: revoga-as. Pelo fato de ser superior, a Constituição não deixa de produzir efeitos
revogatórios. Seria ilógico que a lei fundamental, por ser suprema, não revogasse, ao ser promulgada, leis
ordinárias. A Lei Maior valeria menos que a ordinária (STF, ADI 521, Rel. Min. Paulo Brossard).

O esquema[4] posto abaixo sintetiza as informações dos parágrafos anteriores:

(D) Quanto ao alcance (ou extensão) do vício

(D.1) A inconstitucionalidade será total quando o diploma analisado for inconstitucional na sua totalidade, não sendo possível
aproveitar nenhum trecho da norma, vez que o vício a contaminou na sua inteireza. Em regra, o vício formal enseja a

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inconstitucionalidade total, afinal se o procedimento legislativo foi desrespeitado, toda a norma (e não somente um ou outro
artigo) estará comprometida. Isso porque o ato é considerado formalmente como uma unidade.
(D.2) Será parcial a inconstitucionalidade quando o vício atingir apenas trechos específicos do diploma. Aplica-se, neste caso, o
princípio da parcelaridade ou divisibilidade das leis, que autoriza o fracionamento das normas em partes válidas e inválidas.
Saiba, caro aluno, que na declaração de inconstitucionalidade parcial não incide a restrição prevista para o Presidente da
República, no art. 66, § 2º, CF/88 que impede que o veto alcance palavras ou expressões isoladas. Veja uma decisão do STF que
ilustra bem isso:

ADI 1105/DF e ADI 1127/DF, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski: O
Tribunal, por maioria, julgou procedente, em parte, pedido formulado em duas ações diretas de
inconstitucionalidade propostas pelo Presidente da República e pela Associação dos Magistrados Brasileiros
contra diversos dispositivos da Lei 8.906/94, que trata do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do
Brasil - OAB. Em relação ao inciso I do art. 1º da lei impugnada ("Art. 1º São atividades privativas de advocacia: I -
a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;"), julgou-se prejudicada a ação quanto
à expressão "juizados especiais", tendo em conta sua revogação pelo art. 9º da Lei 9.099/95 ("Nas causas de valor
até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de
valor superior, a assistência é obrigatória."), e quanto à expressão "qualquer", deu-se, por maioria, vencidos os
Ministros Marco Aurélio e Carlos Britto, pela procedência do pedido, por se entender que a presença do
advogado em certos atos judiciais pode ser dispensada. (...)
(...) No que se refere ao § 3º do art. 2º da lei ("No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e
manifestações, nos limites desta lei."), julgou-se improcedente o pedido, por se entender que ele se coaduna
com o disposto no art. 133 da CF ("Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.").
Em relação ao § 2º do art. 7º da lei ("O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação
ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele,
sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer."), julgou-se, procedente, em
parte o pedido, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, para excluir o termo "desacato", ao
fundamento de que tal previsão cria situação de desigualdade entre o juiz e o advogado, ...

E, para fechar mais essa classificação, vejamos outro esquema[5]:

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(E) Quanto ao prisma de apuração

(E.1) No que diz respeito ao prisma de apuração, a inconstitucionalidade poderá ser direta (imediata ou antecedente), quando a
ofensa da norma ao texto constitucional é frontal, isto é, entre a norma constitucional e o diploma avaliado não há que ser
interposta nenhuma outra norma. Para exemplificar, imaginemos uma lei ordinária que ofende uma determinada norma da
Constituição e para a comprovação da incompatibilidade não é preciso trazer à baila nenhum outro diploma normativo. Com a
simples comparação entre uma norma e outra já se conclui que a inferior é ofensiva ao texto constitucional, não havendo, entre a
lei e a Constituição, qualquer ato normativo intermediário.
(E.2) A inconstitucionalidade poderá, também, ser indireta (ou mediata), subdividindo-se em:

(i) inconstitucionalidade reflexa (ou oblíqua): é aquela na qual o vício é decorrente do desrespeito direto à uma norma
infraconstitucional – e não à Constituição propriamente. Haverá, pois, a inconstitucionalidade reflexa quando estivermos diante
de uma lei constitucional, mas regulamentada por um decreto que a desrespeita. Este último será, primariamente, ilegal e,
reflexamente, inconstitucional. O decreto, por extrapolar o conteúdo da lei, é ilegal e, ao mesmo tempo, por desobedecer ao art.
84, IV, CF/88, viola também a Constituição. Tal violação à Constituição, ressalte-se, é indireta, afinal, entre o decreto e o texto
constitucional existe a lei (o que significa que antes de o decreto violar a Constituição ele afronta a lei). Este decreto não se
submete ao controle de constitucionalidade, pois a sua violação à Constituição Federal acontece de forma indireta. Todavia,
poderá sofrer controle de legalidade.
(ii) inconstitucionalidade consequencial (ou por arrastamento, por atração ou por reverberação normativa): ocorre quando há
entre duas normas uma relação de dependência – uma principal e outra acessória – sendo que a declaração de
inconstitucionalidade da principal enseja a declaração de inconstitucionalidade da acessória, ainda que o pedido tenha se limitado
à norma principal. Isso porque não faz sentido retirar do ordenamento a norma principal, deixando a norma secundária
(dependente da primeira) que, sozinha, não tem sentido normativo. Como a norma secundária dependente absolutamente de
outra (a principal), deve ser arrastada ou atraída para a inconstitucionalidade a fim de evitar que tenhamos no ordenamento uma
norma sem efeitos e sem sentido, pois isso feriria a coerência sistêmica, a lógica e a segurança jurídica.
Foi nesse sentido que o STF se manifestou, conforme decisão posta abaixo, pela necessidade de ‘arrastar’ para a
inconstitucionalidade um decreto regulamentar, em virtude de a lei que ele regulamenta (e da qual é dependente) ser
inconstitucional:

Constatada a ocorrência de vício formal suficiente a fulminar a Lei estadual ora contestada, reconheço a
necessidade da declaração de inconstitucionalidade consequencial ou por arrastamento de sua respectiva
regulamentação, materializada no Decreto 6.253, de 22.03.06. Esta decorrência, citada por CANOTILHO e
minudenciada pelo eminente Ministro Celso de Mello no julgamento da ADI 437-QO, DJ 19.02.93, ocorre quando
há uma relação de dependência de certos preceitos com os que foram especificamente impugnados, de maneira
que as normas declaradas inconstitucionais sirvam de fundamento de validade para aquelas que não pertenciam
ao objeto da ação. Trata-se exatamente do caso em discussão, no qual “a eventual declaração de
inconstitucionalidade da lei a que refere o decreto executivo (...) implicará o reconhecimento, por derivação
necessária e causal, de sua ilegitimidade constitucional”[6]

Confira a estrutura dessa tipologia no esquema[7] posto a seguir:

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(3.2) Classificação das fórmulas adotadas para a realização do controle


(A) Quanto à natureza do órgão que realiza o Controle de Constitucionalidade
Existem diferentes formas de tutelar a supremacia formal da Constituição rígida e a higidez do ordenamento. O controle judicial
de constitucionalidade (por nós adotado) é apenas uma delas. Em apertada síntese, cumpre destacar que existem três modelos
de controle relativos ao órgão julgador: o político, o jurídico e o modelo misto. Observe o esquema[8] abaixo:

(i) Controle político: feito por órgãos públicos que não integram o Poder Judiciário. Pode ser realizado no Legislativo, no
Executivo ou, ainda, por um órgão especial constituído para esse fim e que não integra a estrutura de nenhum dos três poderes
clássicos.
(ii) Controle jurídico (ou jurisdicional): realizado com nítida primazia (nem sempre exclusividade) por órgãos que integram o
Judiciário e são detentores de poderes jurisdicionais. É o modelo adotado no Brasil.
(iii) Controle misto: se apresenta quando certos atos se sujeitam ao controle político e outros ao jurídico. Na Suíça, as leis federais
sofrem controle político, enquanto as estaduais se submetem ao jurídico. Nesse modelo, não há predominância de uma forma em

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detrimento de outra (tanto o controle político quanto o jurídico são manejados com a mesma desenvoltura e o mesmo grau de
importância, sem que haja preponderância de um sob outro).
Ainda sobre o tema, veja o Virgílio diz:

Ainda que se afirme que um controle de constitucionalidade seja conveniente – porque talvez seja prudente
desconfiar dos poderes e prever mecanismos para controlá-los –, esse controle não precisa ser necessariamente
judicial, como demonstra o caso francês; ou, como já salientava Pontes de Miranda há décadas: há diversas
formas de proteger uma constituição rígida e o controle judicial de constitucionalidade é apenas uma delas. Ou
seja: decidir sobre que tipo de controle se deseja é uma questão prática (e política) e não lógica, o que implica
dizer que uma eventual escolha por um determinado tipo de controle de constitucionalidade deve ser feita e
justificada dentro de um debate sobre desenho institucional e não a partir de um pretenso raciocínio jurídico-
formal[9].

Pois bem, estimado aluno. Chegou o momento de fazermos uma pausa na teoria para resolvermos algumas questões, para
termos a certeza de que você compreendeu bem o assunto. Vamos enfrentá-las:

Questões para fixar

[FMP Concursos - 2012 - TJ-AC - Titular de Serviços de Notas e de Registros] O controle de constitucionalidade brasileiro:
a) admite o controle preventivo sem deixar hipótese cabível para o controle repressivo.
b) admite o controle jurisdicional sem autorizar o controle político.
c) admite o controle político, mas não possibilita o controle jurisdicional.
d) admite tanto o controle político quanto o jurisdicional.
Comentário:
Vamos relembrar este tópico mais adiante, todavia, já saiba que nosso sistema constitucional admite, quanto ao momento, o
controle preventivo e o repressivo (o que torna a alternativa ‘a’ errada). Prevê, também, tanto o controle político (excepcional),
quanto o controle jurídico de constitucionalidade (o que torna as alternativas ‘b’ e ‘c’ erradas e nos mostra que a resposta está na
letra ‘d’. Por fim, não custa lembrar que o controle político é aquele realizado por órgãos públicos não integrantes do Poder
Judiciário, enquanto o segundo é feito por órgãos integrantes do Judiciário e detentores de poderes jurisdicionais.
Gabarito: D
_____________________________________________________________________________________________________________
[FUNDATEC - 2018 - DPE-SC - Analista Técnico] Segundo a doutrina majoritária, quanto ao controle de Constitucionalidade
repressivo em relação ao órgão Controlador, analise as assertivas a seguir:
I. O Político tem como traço essencial o caráter não jurisdicional e sim de índole Política.
II. O Judiciário ou jurídico é a verificação da adequação (compatibilidade) de atos normativos ou não normativos com a
constituição feita pelos órgãos integrantes do poder Judiciário.
III. O misto é quando a constituição submete certas leis e atos normativos ao controle político e depois ao controle jurisdicional.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Comentário:

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Das assertivas apresentadas, a única incorreta é a de número III, uma vez que o controle misto se apresenta quando a
Constituição submete certas leis ao sistema do controle político e outras leis e normas ao controle jurisdicional. Não é o caso
brasileiro, aliás, pois adotamos o controle jurisdicional (ou jurídico). No mais, os itens I e II estão corretos quanto a definição do
sistema político e jurídico. Estamos, portanto, autorizados a assinalar a letra ‘b’.
Gabarito: B
_____________________________________________________________________________________________________________
[FCC - 2010- TRE-AM - Analista Judiciário - Área Judiciária] No que diz respeito ao controle repressivo em relação ao órgão
controlador, a ocorrência em Estados onde o órgão que garante a supremacia da Constituição sobre o ordenamento jurídico é
distinto dos demais Poderes do Estado caracteriza espécie de controle:
a) indeterminado.
b) jurídico.
c) judiciário.
d) misto.
e) político.
Comentário:
Caracteriza espécie de controle político, sem dúvida. A resposta está, portanto, na letra ‘e’, pois o controle político é aquele
realizado por órgãos externos ao Poder Judiciário, que podem, inclusive, não integrar nenhum Poder do Estado (ex.: quando a
Constituição determina a instituição de um Tribunal Constitucional externo ao Poderes Públicos, com a função única de atuar na
feitura do controle de constitucionalidade – pensemos, para ilustrar, na Corte de Cassação francesa).
Gabarito: E
_____________________________________________________________________________________________________________
[CESGRANRIO - 2015 - LIQUIGÁS - Profissional Júnior - Administração] No Brasil, por influência norte-americana, houve a
introdução de determinada forma de controle da constitucionalidade das leis, que permanece até hoje no texto constitucional.
Trata-se do denominado controle:
a) judicial
b) normativo
c) político
d) contencioso
e) administrativo
Comentário:
Conforme tudo o que já foi estudado até aqui, nessa questão deveremos marcar como correta a alternativa apresentada pela letra
‘a’. O controle judicial tem mesmo matriz norte-americana.
Gabarito: A
_____________________________________________________________________________________________________________
[FCC - 2018 - DPE-AM - Assistente Técnico de Defensoria - Assistente Técnico Administrativo - Adaptada] Julgue a assertiva:
Dentre as modalidades de controle de constitucionalidade, considera-se controle político de constitucionalidade aquele exercido
com exclusividade pelo Tribunal de maior hierarquia do Poder Judiciário.
Comentário:
Item falso! O controle político de constitucionalidade, como bem sabemos, é realizado por órgãos públicos não integrantes da
estrutura do Poder Judiciário. Quando o Tribunal de maior hierarquia do Poder atua realizando controle, estamos diante de um
controle de natureza jurisdicional.

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Gabarito: Errado
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[TRT 2R (SP) - 2012 - TRT - 2ª REGIÃO-SP - Juiz do Trabalho - Adaptada] Quanto ao controle de constitucionalidade das leis,
analise as assertivas:
(i) Há controle de constitucionalidade político quando a atividade de controle é exercida pelo órgão jurisdicional.
(ii) Há, quanto ao órgão, um controle político, um controle jurisdicional, um controle legislativo e um controle administrativo.
Comentário:
Ambos os itens são falsos! O controle de constitucionalidade político ocorre quando a atividade de controle é exercida por órgão
público não integrante do Poder Judiciário. Quanto à natureza do órgão fiscalizador, haverá controle político, controle
jurisdicional e controle misto, ou seja, não há no direito comparado previsão de controle legislativo ou controle administrativo.
Gabarito: Errado / Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[UESPI - 2014- PC-PI - Delegado de Polícia - Adaptada] Em relação ao controle de constitucionalidade, analise a assertiva:
No Direito brasileiro, o controle de constitucionalidade somente pode ser realizado pelo Poder Judiciário.
Comentário:
Item falso! Como bem sabemos, o direito brasileiro adota o modelo jurisdicional de controle de constitucionalidade, mas admite
exceções, o que significa que teremos casos em que o controle será desenvolvido na modalidade política, ou seja, realizado por
órgão público não integrante do Poder Judiciário (em nosso, tais situações se darão pelo exercício do controle pelos Poderes
Executivo e Legislativo).
Gabarito: Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[CESPE - 2019 - SEFAZ-RS - Auditor Fiscal da Receita Estadual - Bloco II] Julgue os itens a seguir, acerca da supremacia da
Constituição Federal de 1988 (CF) e do controle de constitucionalidade.
I O sistema de controle de constitucionalidade adotado no Brasil é o misto: as leis federais, além de realizar exame sobre a
inconstitucionalidade tanto material quanto formal das normas, ficam sob o controle político do Congresso Nacional, e as
estaduais e municipais, sob o controle jurisdicional.
II O controle de constitucionalidade está ligado à supremacia da CF sobre todas as leis e normas jurídicas.
III A supremacia material deriva do fato de a CF organizar e distribuir as formas de competências, hierarquizando-as. Já a
supremacia formal apoia-se na ideia da rigidez constitucional.
IV Sob o prisma constitucional, o governo federal, os governos dos estados da Federação, os dos municípios e o do Distrito
Federal são soberanos, pois estão investidos de poderes e competências governamentais absolutas.
Estão certos apenas os itens
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) I, III e IV.
E) II, III e IV.
Comentário:
Item I: falso. O sistema de controle de constitucionalidade adotado no Brasil não é o misto, e sim o jurisdicional (no qual os órgãos
que integram o Poder Judiciário, e que possuem função jurisdicional, é que realizam a atividade de fiscalização normativa dos
diplomas inferiores).

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Item II: correto. Uma das premissas centrais para a realização do controle de constitucionalidade é, justamente, o
reconhecimento da supremacia formal da Constituição Federal diante de todas as demais normas do ordenamento jurídico.
Item III: correto. A Constituição Federal é dotada de supremacia material e formal. Realmente a supremacia formal se manifesta
na superioridade hierárquica das normas constitucionais diante de todas as demais que compõem o ordenamento jurídico e é um
atributo típico de Constituições rígidas (assim classificadas em razão de suas normas possuírem um processo de elaboração mais
solene e dificultoso do que o ordinário). Aliás, ressalte-se a imprescindibilidade da supremacia formal para a feitura do controle de
constitucionalidade. Quanto à supremacia material, entendemos que é um corolário da circunstância de o texto constitucional
tratar daqueles temas que são o objeto clássico das Constituições: previsão de direitos e garantias fundamentais, estruturação do
Estado e organização dos poderes – assuntos que são os fundamentos centrais do Estado de Direito. Há uma ligação (ainda que
não tão robusta) com o que o examinador mencionou na parte inicial do item III).
Item IV: falso. A soberania é um atributo exclusivo do Estado Federal (a República Federativa do Brasil). Os entes federados
(União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) são meramente autônomos. Destarte, afirmar que os governos dessas
entidades são soberanos é um equívoco.
Como estão certos os itens II e III, nossa resposta é a letra ‘c’.
Gabarito: C

(B) Quanto ao momento do controle


Adotamos tanto o controle preventivo quanto o repressivo:

(i) O controle será preventivo quando alcançar a norma durante o processo legislativo, em fase de confecção (atingindo projetos
de lei e propostas de emenda). Seu objetivo é o de impedir ofensas à Constituição.
(ii) Por outro lado, será repressivo quando atingir as espécies normativas que já estejam produzindo (ou ao menos aptas a
produzir) seus efeitos. Seu objetivo é o de higienizar o ordenamento, reparando eventuais ofensas à Constituição.
Sugiro que você visualize o quadro abaixo, que esquematiza o item[10]:

(C) Relação entre órgão e momento


Podemos relacionar os dois itens apresentados anteriormente em quatro diferentes combinações; senão vejamos:

(i) Controle judicial-repressivo: o Poder Judiciário é o protagonista da jurisdição constitucional e, via de regra, atua de modo
repressivo.
(ii) Controle judicial-preventivo: a regra é o Poder Judiciário somente atuar de forma repressiva. No entanto, teremos uma
exceção, na qual o Poder será acionado de forma preventiva. Ela se apresentará quando um parlamentar, possuidor de um direito

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líquido e certo de somente participar de um processo legislativo saudável, perfeitamente ajustado com as regras da Constituição,
impetrar um mandado de segurança (MS) diante de qualquer desobediência às regras de cunho procedimental/formal que ele
detectar no curso do processo legislativo. Assim, estará permitida a interferência do Judiciário, se provocado, para resguardar o
direito líquido e certo do parlamentar ao devido processo legislativo. De se notar que eventuais vícios materiais não serão
discutidos no MS, nem mesmo violações ao Regimento Interno.
Veja o esquema[11] abaixo:

Considerações introdutórias feitas, vou reforçar algumas informações sobre o tema:

(i) Essa espécie de controle somente pode ser exercida pelo Poder Judiciário quando um parlamentar, por meio da interposição de
um mandado de segurança, argumentar o desrespeito do devido processo legislativo, vale dizer, a desobediência a normas de
caráter formal/procedimental. Eventuais vícios de cunho material não podem ser discutidos neste MS, conforme a firme
jurisprudência do STF, exemplificada por um trecho do acórdão do MS 32.033:

MS 32.033-DF, Rel. originário Min. Gilmar Mendes, redator para o acórdão Min. Teori Zavascki: Quanto mais
evidente e grotesca possa ser a inconstitucionalidade material de projetos de leis, menos ainda se deverá duvidar
do exercício responsável do papel do Legislativo, de negar-lhe aprovação, e do Executivo, de apor-lhe veto, se for
o caso. Partir da suposição contrária significaria menosprezar a seriedade e o senso de responsabilidade desses
dois Poderes do Estado. E se, eventualmente, um projeto assim se transformar em lei, sempre haverá a
possibilidade de provocar o controle repressivo pelo Judiciário, para negar-lhe validade, retirando-a do
ordenamento jurídico.

(ii) Segundo ponto importante: a violação tem que ser do processo legislativo constitucional, se for violação de Regimento
Interno, por exemplo, não cabe impetração de mandado de segurança. Nesse sentido, um parlamentar não pode argumentar:
“houve violação do regimento interno da Casa”, pois, com base nisso, a impetração de mandado de segurança não será cabível –
até porque, não seria um controle de constitucionalidade, mas sim, um controle de regimentalidade. Então é necessário que haja
uma violação do devido processo legislativo constitucional (desrespeito de normas constitucionais procedimentais), não apenas
uma violação de regimento interno.

MS 22.503-DF, Rel. Min. Marco Aurélio: mandado de segurança impetrado contra ato do Presidente da Câmara
dos Deputados, relativo à tramitação de emenda constitucional. Alegação de violação de diversas normas do
Regimento Interno e do art. 60, § 5º, da Constituição Federal. Preliminar: impetração não conhecida quanto aos
fundamentos regimentais, por se tratar de matéria interna corporis que só pode encontrar solução no âmbito do
Poder Legislativo, não sujeita à apreciação do Poder Judiciário; conhecimento quanto ao fundamento
constitucional. Mérito: reapresentação, na mesma sessão legislativa, de proposta de emenda constitucional do
Poder Executivo, que modifica o sistema de previdência social, estabelece normas de transição e dá outras
providências (PEC nº 33-A, DE 1995). I - Preliminar. 1. Impugnação de ato do Presidente da Câmara dos
Deputados que submeteu a discussão e votação emenda aglutinativa, com alegação de que, além de ofender ao
par. único do art. 43 e ao § 3º do art. 118, estava prejudicada nos termos do inc. VI do art. 163, e que deveria ter
sido declarada prejudicada, a teor do que dispõe o n. 1 do inc. I do art. 17, todos do Regimento Interno, lesando o
direito dos impetrantes de terem assegurados os princípios da legalidade e moralidade durante o processo de
elaboração legislativa. A alegação, contrariada pelas informações, de impedimento do relator – matéria de fato –
e de que a emenda aglutinativa inova e aproveita matérias prejudicada e rejeitada, para reputá-la inadmissível de

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apreciação, é questão interna corporis do Poder Legislativo, não sujeita à reapreciação pelo Poder Judiciário.
Mandado de segurança não conhecido nesta parte.

(iii) A interpelação do Judiciário por meio desse MS é de legitimidade exclusiva do parlamentar. É, pois, impossível que um
cidadão, preocupado com a votação de uma proposta de emenda constitucional que, ao seu sentir, afronta a Constituição,
apresente referido remédio constitucional. Afinal, só tem direito à observância precisa dos rituais de deliberação e votação
aqueles que deliberam e votam, ou seja, os parlamentares. Portanto, ainda que terceiros invoquem sua potencial condição de
destinatários da futura lei ou emenda à Constituição, não poderão se investir na posição de parte ativamente legitimada ao
controle jurisdicional prévio do processo de criação do direito positivo.
(iv) O MS deve ser apresentado por parlamentar que integre a Casa Legislativa na qual a proposição tramita. Nesse sentido já se
reconheceu no STF a ocorrência de hipótese configuradora de prejudicialidade da ação mandamental em virtude de a proposta
de emenda (ou projeto de lei) ter tido a votação, que se pretendia paralisar, encerrada na Casa Legislativa da qual o impetrante
faz parte e encaminhada para a outra Casa
(v) Muito importante destacar que a perda superveniente da condição de parlamentar ocasiona a extinção (prejudicialidade) da
ação mandamental, já que somente o parlamentar pode ocupar o polo ativo da ação (e, se ele perde essa condição, ele não mais
pode ocupar o polo ativo da ação).

MS 27.971-DF, Rel. Min. Celso de Mello: a perda superveniente de titularidade do mandato legislativo tem efeito
desqualificador da legitimidade ativa do congressista que, apoiado nessa específica condição político-jurídica,
ajuizou ação de mandado de segurança (...). É que a atualidade do exercício do mandato parlamentar configura,
nesse contexto, situação legitimante e necessária, tanto para a instauração, quanto para o prosseguimento da
causa perante o Supremo Tribunal Federal.

(vi) Vale também informar que, segundo o STF, à aprovação parlamentar do projeto de lei ou da proposta de EC também é
hipótese que caracteriza a extinção da ação sem análise de mérito.
(vii) No mais, lembremos que o STF também admite o controle judicial prévio por meio de MS impetrado por parlamentar para
impugnar PEC que seja manifestamente ofensiva a cláusula pétrea.

Art. 60, § 4º, CF/88: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

Bom, com a parte teórica já apresentada, chegou o momento de verificarmos juntos como este assunto é exigido em prova.
Vejamos mais questões:

Questões para fixar


[CESPE - 2017 - PJC-MT - Delegado de Polícia Substituto] Uma proposta de emenda constitucional tramita em uma das casas do
Congresso Nacional, mas determinados atos do seu processo de tramitação estão incompatíveis com as disposições
constitucionais que disciplinam o processo legislativo. Nessa situação hipotética, segundo o entendimento do STF, terá
legitimidade para impetrar mandado de segurança a fim de coibir os referidos atos:
a) partido político.
b) governador de qualquer estado da Federação, desde que este seja afetado pela matéria da referida emenda.
c) o Conselho Federal da OAB.
d) o procurador-geral da República.

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e) parlamentar federal.
Comentário:
Nossa alternativa correta é a apresentada pela letra ‘e’! Afinal, somente o parlamentar é legitimado ativo para a impetração desse
remédio, na defesa do seu direito líquido e certo ao devido processo legislativo.
Gabarito: E
_____________________________________________________________________________________________________________
[CESPE - 2017 - PGE-SE - Procurador do Estado] Embora o sistema brasileiro não admita o controle jurisdicional da
constitucionalidade material dos projetos de lei, a jurisprudência do STF reconhece, excepcionalmente, que tem legitimidade
para impetrar mandado de segurança:
a) o parlamentar ou o MP, em se tratando de proposta de emenda à CF ou projeto de lei tendente a abolir cláusula pétrea.
b) qualquer cidadão ou o MP, se o projeto de lei tender a abolir cláusula pétrea.
c) apenas o MP, caso se trate exclusivamente de proposta de emenda à CF tendente a abolir cláusula pétrea.
d) o parlamentar, para impugnar inconstitucionalidade formal no processo legislativo ou proposição tendente a abolir cláusulas
pétreas.
e) a mesa de qualquer uma das casas legislativas, para impugnar inconstitucionalidade formal no processo legislativo ou proposta
de emenda à CF tendente a abolir cláusulas pétreas.
Comentário:
Nossa alternativa correta é da letra ‘d’! Como estudamos, o STF já entendeu que, nesse caso, o parlamentar será legitimado para
impugnar eventuais inconstitucionalidades formais/procedimentais no curso do processo legislativo. Por mais evidente e óbvia
que seja a inconstitucionalidade material, não poderá a Corte Suprema ser acionada via MS: teremos que confiar que as
instituições políticas tradicionais vão sanar os erros com os meios próprios que possuem (rejeitando a proposição, vetando-a....).
Ademais, acaso não corrijam o erro no curso do processo legislativo, o STF sempre poderá ser acionado, posteriormente, por
meio do controle repressivo.
Gabarito: D
_____________________________________________________________________________________________________________
[TRT 4º Região - 2016 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Juiz do Trabalho Substituto - Adaptada] Julgue as assertivas sobre o controle da
constitucionalidade das leis no Brasil:
I) O Supremo Tribunal Federal – STF admite o controle de constitucionalidade judicial preventivo, na hipótese de impetração de
mandado de segurança por parlamentar contra o processamento de propostas de emenda constitucional cujo conteúdo viole
cláusula pétrea.
II) O STF admite o controle de constitucionalidade judicial preventivo de emendas constitucionais quando for alegado
descumprimento do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.
Comentário:
A primeira assertiva apresentada é verdadeira, ao passo que a segunda é falsa! Vejamos juntos o porquê: o STF admite o controle
judicial preventivo na hipótese de impetração de MS por parlamentar contra o processamento de propostas de emendas
consideradas violadoras de cláusulas pétreas. Por outro lado, o controle judicial preventivo dessas emendas só poderá ser
realizado em face de violações do texto constitucional (e não de leis infraconstitucionais e regimentos internos, como já vimos).
Gabarito: I) Certo / II) Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[FMP Concursos - 2017 - PGE-AC - Procurador do Estado - Adaptada] Considere a assertiva abaixo, acerca do controle de
constitucionalidade:

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O controle prévio jurisdicional difuso, realizado em concreto mediante impetração de mandado de segurança, somente pode ser
suscitado por parte de quem tenha direito subjetivo lesado ou ameaçado de lesão (interesse legítimo) quando se tratar da
tramitação de Proposta de Emenda Constitucional, nunca de projeto de lei.
Comentário:
Item falso. O controle preventivo via MS só pode ser provocado por parlamentar (e não por qualquer pessoa). Além disso, terá por
objeto será qualquer proposição (projeto de lei ou proposta de emenda) violadora de normas formais/procedimentais de processo
legislativo.
Gabarito: Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[TRT-20ª-SE - 2012 - Juiz do Trabalho] Analise a assertiva:
Um Deputado Federal, se entender haver irregularidades na apresentação e tramitação de uma PEC, pretende impetrar mandado
de segurança, perante o STF, com vistas a impedir que a Câmara dos Deputados delibere sobre a proposta. Neste caso, mandado
de segurança, em tese, não é meio hábil para defesa do direito ao devido processo legislativo, tampouco é o Supremo Tribunal
Federal competente para apreciar a matéria, sob pena de ofensa ao princípio constitucional da separação de poderes.
Comentário:
Item claramente falso! Já sabemos que, conforme entendimento do STF, o parlamentar federal poderá sim impetrar o mandado
de segurança se entender que existem irregularidades formais na tramitação de uma proposta de emenda à Constituição.
Gabarito: Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[INTEGRI - 2016 - Câmara de Suzano-SP - Assistente Jurídico - Adaptada] Julgue a assertiva abaixo, referente ao controle de
constitucionalidade das normas jurídicas:
Em relação a projeto de lei, o controle preventivo de constitucionalidade restringe-se apenas para hipótese de violação ao devido
processo legislativo, não se admitindo a discussão sobre a matéria, buscando, assim, resguardar a regularidade jurídico-
constitucional do procedimento, sob pena de se violar a separação dos poderes.
Comentário:
Item exato! Pode marcar como verdadeiro! Realmente o MS só poderá ser impetrado diante de vícios formais (procedimentais) no
curso do processo legislativo, mas não diante de vícios de natureza material (de conteúdo).
Gabarito: Certo

(iii) Controle político-preventivo: no Brasil, tal controle se realiza no Legislativo e no Executivo (mas em outros países pode ser
exercitado por órgão que não integre a estrutura de nenhum dos Poderes clássicos do Estado). Note, caro aluno, que nesta
modalidade o controle é chamado de político porque é exercido por órgão não integrante do Poder Judiciário, isto é, desprovido
de poderes jurisdicionais; e preventivo porque alcança as proposições em fase de tramitação legislativa. Vejamos alguns
exemplos:
(a) No Poder Legislativo

(a.1) Atuação das CCJs (Comissão de Constituição e Justiça – CD e SF)

Cada Casa legislativa possui sua CCJ – que é uma comissão permanente, ou seja, que não se extingue ao término da legislatura.
Como toda comissão, ela atua na deliberação, ato que inaugura a fase constitutiva do processo legislativo e que antecede a
votação.
A CCJ, se entender em parecer unânime que a proposição é inconstitucional, vai determinar o seu arquivamento definitivo (se o
parecer é dado por maioria, cabe recurso apresentado por um décimo dos membros da Casa para retirar o projeto do arquivo).

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Uma leitura atenta dos artigos do Regimento Interno das Casas Legislativas irá te ajudar a compreender melhor o papel dessas
comissões:

Art. 101, § 1º, RISF: Quando a Comissão emitir parecer pela inconstitucionalidade e injuridicidade de qualquer
proposição, será esta considerada rejeitada e arquivada definitivamente, por despacho do Presidente do Senado,
salvo, não sendo unânime o parecer, recurso interposto nos termos do art. 254.

Art. 254, RISF: Quando os projetos receberem pareceres contrários, quanto ao mérito, serão tidos como
rejeitados e arquivados definitivamente, salvo recurso de um décimo dos membros do Senado no sentido de sua
tramitação.

Art. 53, RICD: Antes da deliberação do Plenário, ou quando esta for dispensada, as proposições, exceto os
requerimentos, serão apreciadas:
III – pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, para o exame dos aspectos de constitucionalidade,
legalidade, juridicidade, regimentalidade e de técnica legislativa, e, juntamente com as Comissões técnicas, para
pronunciar-se sobre o seu mérito, quando for o caso.

Art. 54, RICD: Será terminativo o parecer:

I – da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, quanto à constitucionalidade ou juridicidade da matéria.

Art. 144, RICD: Haverá apreciação preliminar em Plenário quando for provido recurso contra parecer terminativo
de Comissão, emitido na forma do art. 54. Parágrafo único. A apreciação preliminar é parte integrante do turno
em que se achar a matéria.

(a.2) Votação em plenário

Os parlamentares podem, na votação realizada em plenário, rejeitar o projeto de lei por entenderem que ele possui alguma
inconstitucionalidade – lembre-se, prezado aluno, que, via de regra, as comissões discutem e o plenário vota o projeto de lei.
Todavia, o art. 58, § 2º, I da CF/88 permite que o regimento interno da Casa Legislativa selecione matérias que serão não só
discutidas, mas também votadas nas comissões temáticas. Então, meu caro aluno, na hora em que o projeto vai para votação (no
plenário ou na comissão temática), se a maioria dos parlamentares entender que ele é incompatível com a Constituição eles vão
votar contra e vão determinar o arquivamento.
(a.3) Análise do PLD na Delegação Atípica (art. 68, §3º, CF)

De acordo com o art. 68, o Presidente poderá editar lei delegada se o Congresso Nacional autorizar por meio da edição de uma
resolução. Nessa resolução, o Congresso pode estabelecer a delegação típica (em que o Presidente já edita a lei delegada) ou a
delegação atípica (em que determina que o Presidente primeiro elabore um projeto de lei delegada). Neste último cenário, o
Congresso Nacional pode rejeitar o projeto, ao argumento de que ele é inconstitucional.
Se o Congresso rejeitar esse projeto de lei delegada ao argumento de que ele é inconstitucional, estará realizando controle
político-preventivo de constitucionalidade.
(b) No Poder Executivo

Depois que o projeto de lei é discutido/votado e aprovado nas duas Casas Legislativas, ele é encaminhado para o Chefe do Poder
Executivo, que terá o prazo de quinze dias úteis para deliberar (art. 66, §1º, CF). Ele poderá sancionar (expressa ou tacitamente)
ou vetar o projeto de lei. O veto sempre será motivado, sendo possível vetar por dois distintos argumentos: a
inconstitucionalidade do projeto (veto jurídico) ou sua contrariedade ao interesse público (veto político).
O veto jurídico, porque baseado na inconstitucionalidade do projeto de lei, é exemplo de controle político preventivo de
constitucionalidade.
(iv) Controle político-repressivo

Trata-se de uma modalidade excepcional de controle, afinal, o Poder Judiciário é o protagonista por excelência do controle
repressivo. No entanto, excepcionalmente, poderá ser desenvolvido tanto no Poder Legislativo quanto no Poder Executivo:
(a) No Poder Legislativo:

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(a.1) Art. 49, V, CF/88

O art. 49, V, CF/88, autoriza que o Congresso Nacional suspenda o ato normativo do Poder Executivo que extrapole limites em
duas situações:
(i) o Congresso pode sustar o decreto regulamentar, quando o Presidente extrapolar os limites da lei e desobedecer ao art. 84, IV,
editando um decreto regulamentar que, ao invés de promover a fiel execução da lei, trata de outros temas e extrapola os limites
postos pela lei;
(ii) o Congresso pode sustar a lei delegada quando o Presidente extrapolar os limites da delegação legislativa fixados na resolução
congressual (a lei delegada é um ato normativo primário, que ofende a Constituição de forma direta, sendo, portanto,
inconstitucional).
Segundo entende a doutrina mais abalizada, somente neste segundo caso (de sustação da lei delegada) teríamos controle
de constitucionalidade. No primeiro caso, o controle realizado pelo Congresso, ao sustar o decreto regulamentar, seria de
legalidade (o decreto regulamentar é ilegal e só indiretamente inconstitucional – porque ele viola diretamente a lei e só
indiretamente a Constituição). No entanto, notamos que nas provas o examinador não tem o cuidado de fazer essa distinção,
reconhecendo que a atividade desempenhada pelo Congresso Nacional (ao cumprir o art. 49, V, CF/88) representa controle de
constitucionalidade.
(a.2) O Legislativo também realiza controle repressivo de constitucionalidade quando rejeita uma medida provisória ao
argumento de que ela é inconstitucional (art. 62 da CF).
(a.3) Súmula 347, STF

Por meio do enunciado nº 347 da sua súmula, o STF autorizava o Tribunal de Contas a apreciar a constitucionalidade das leis e dos
atos do Poder Público.

Súmula nº 347, STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade
das leis e dos atos do poder público.

Assim, podia o Tribunal recusar a aprovação de uma conta, ao argumento de que ela se baseava em uma lei inconstitucional. Há
alguns anos, entretanto, já havia a expectativa de esse entendimento ser superado. Alguns Ministros da atual composição do STF,
ainda que em decisões monocráticas, se manifestavam contrariamente a subsistência da Súmula. Vejamos:

MS (MC) 25.888/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes: Assim, a própria evolução do sistema de controle de
constitucionalidade no Brasil, verificada desde então, está a demonstrar a necessidade de se reavaliar a
subsistência da súmula 347 em face da ordem constitucional instaurada com a Constituição de 1988 [STF - MS:
25888 DF, Relator: Min. Gilmar Mendes, Data de Julgamento: 22/03/2006, Data de Publicação: DJ 29/03/2006 PP-
00011].

MS 35.410 MC, Rel. Min. Alexandre de Moraes: Dentro da perspectiva constitucional inaugurada em 1988, o
Tribunal de Contas da União é órgão técnico de fiscalização contábil, financeira e orçamentária, cuja competência
é delimitada pelo artigo 71 do texto constitucional, (...). É inconcebível, portanto, a hipótese do Tribunal de
Contas da União, órgão sem qualquer função jurisdicional, permanecer a exercer controle difuso de
constitucionalidade nos julgamentos de seus processos, sob o pretenso argumento de que lhe seja permitido em
virtude do conteúdo da Súmula 347 do STF, editada em 1963, cuja subsistência, obviamente, ficou comprometida
pela promulgação da Constituição Federal de 1988. [MS 35.410 MC, rel. min. Alexandre de Moraes, dec.
monocrática, j. 15-12-2017, DJE 18 de 1º-2-2018.]

Corroborando esse entendimento (de que o enunciado nº 347 da sua súmula já está devidamente superado), em abril de 2021, o
STF[12] confirmou que a Constituição Federal não permite ao TCU realizar controle de constitucionalidade de normas no âmbito
de seus processos administrativos. De acordo com o relator (Min. Alexandre de Moraes), não cabe à Corte de Contas, que não tem
função jurisdicional, exercer o controle de constitucionalidade nos processos sob sua análise com fundamento no enunciado da
súmula nº 347. O ministro mencionou, ainda, que a subsistência da referida súmula está comprometida desde a promulgação da
Constituição de 1988. Ele observou que o TCU é um órgão técnico de fiscalização contábil, financeira e orçamentária, com
competência funcional claramente estabelecida no artigo 71 da Constituição Federal.
Vejamos na íntegra a manifestação da nossa Suprema Corte:

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Notícias do STF

13/04/2021

TCU não pode afastar aplicação de lei que prevê pagamento de bônus de eficiência a inativos da Receita Federal

Segundo a decisão do STF, a Constituição Federal não permite ao TCU realizar controle de constitucionalidade de
normas no âmbito de seus processos administrativos.
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o Tribunal de Contas da
União (TCU), na análise de aposentadorias e pensões submetidas à sua apreciação, não pode afastar a incidência
de dispositivos da Lei 13.464/2017 que preveem o pagamento do bônus de eficiência e produtividade aos
servidores da carreira Tributária e Aduaneira da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho. A
decisão, tomada na sessão virtual finalizada em 12/4, seguiu o voto do relator da matéria, ministro Alexandre de
Moraes.
Usurpação de competência

O TCU considerou inconstitucional o pagamento do bônus aos inativos, porque não incide sobre a parcela o
desconto da contribuição previdenciária. O entendimento do órgão sobre a não incidência da norma se baseou
no argumento de que essa competência lhe é atribuída pela Súmula 347 do STF. Editada em 1963, a súmula
dispõe que “o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e
dos atos do Poder Público”.
Mas, de acordo com o relator, não cabe à Corte de Contas, que não tem função jurisdicional, exercer o controle
de constitucionalidade nos processos sob sua análise com fundamento nesse enunciado. Em seu voto, o ministro
Alexandre afirmou que a subsistência do verbete está comprometida desde a promulgação da Constituição de
1988.
Ele observou que o TCU é um órgão técnico de fiscalização contábil, financeira e orçamentária, com competência
funcional claramente estabelecida no artigo 71 da Constituição Federal. Ao declarar incidentalmente a
inconstitucionalidade de dispositivos da Lei 13.464/2017 aos casos concretos submetidos à sua apreciação, a
corte de contas, na prática, retira a eficácia da lei e acaba determinando aos órgãos da administração pública
federal que deixem de aplicá-la aos demais casos idênticos, extrapolando os efeitos concretos e entre as partes
de suas decisões. Com isso, estaria usurpando competência exclusiva do STF.
Além do desrespeito à função jurisdicional e à competência exclusiva do STF, o ministro considera que o
entendimento do TCU afronta as funções do Legislativo, responsável pela produção das normas jurídicas,
gerando um “triplo desrespeito” à Constituição.
Seguiram integralmente o voto do relator os ministros Nunes Marques, Ricardo Lewandowski, Luiz Fux
(presidente) e Gilmar Mendes e a ministra Cármen Lúcia. A ministra Rosa Weber e o ministro Roberto Barroso
acompanharam o relator, mas com ressalvas quanto à fundamentação.
Os ministros Edson Fachin e Marco Aurélio votaram pela negativa dos pedidos, mantendo a validade da decisão
do TCU.
No julgamento, foram concedidos os pedidos formulados nos Mandados de Segurança (MS) 35410, 35490,
35494, 35498, 35500, 35836, 35812 e 35824, impetrados por entidades representativas de servidores da Receita
Federal e da auditoria-fiscal do Trabalho.

Obs.: O Tribunal de Contas é um órgão técnico, auxiliar do Poder legislativo na realização do controle externo das contas (não é
um órgão que integra o Legislativo). Ver artigos 70 a 75, CF/88.
(b) No Poder Executivo

A jurisprudência do STF edificou uma prerrogativa não escrita em favor dos Chefes do Poder Executivo de determinarem aos seus
subordinados, no âmbito da Administração Pública, o descumprimento de uma lei ao argumento de que ela é inconstitucional.
Essa construção da nossa Corte é anterior à 1988 e, apesar da polêmica instaurada quando da promulgação do novo documento
constitucional (que concedeu legitimidade para o Presidente da República e Governadores ajuizarem ADI no STF, provocando o
controle concentrado), manteve-se intacta para todos os Chefes do Executivo. Tal entendimento evitou o paradoxo de

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considerarmos os Chefes do Executivo Municipal (que não têm legitimidade para provocar o STF na via concentrada) em posição
mais vantajosa que os demais Chefes do Poder.
Nas palavras do STF:

ADI 221-DF, Rel. Min. Moreira Alves: Os Poderes Legislativo e Executivo, por sua Chefia – e isso mesmo tem sido
questionado com o alargamento da legitimação ativa na ação direta de inconstitucionalidade – podem, tão só,
determinar aos seus órgãos subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou atos com força
de lei que considerem inconstitucionais.

Vale recordar que para não incorrer em crime de responsabilidade e propiciar a decretação de intervenção, o chefe do Poder
Executivo deve motivar e dar publicidade ao seu ato de descumprimento.
Outro detalhe: tal prerrogativa só existe enquanto a norma não foi judicialmente, e em caráter definitivo, apreciada.

Lembremos, por fim, da decisão monocrática de Gilmar Mendes (AO 1415/SE) que prevê que o Presidente da República ou o
Governador, por motivos de coerência, deveriam ajuizar ação direta no tribunal competente, ato contínuo à determinação do
descumprimento.

AO 1.415-SE, Rel. Min. Gilmar Mendes: O Governador do Estado, na qualidade de Chefe do Poder Executivo, tem
plenos poderes para recusar o seu cumprimento e, ato contínuo, ajuizar a ação destinada à instauração do
controle em abstrato da constitucionalidade dessa lei, tanto perante o Tribunal de Justiça do Estado, no caso de
violação à Constituição estadual, ou diretamente perante o Supremo Tribunal Federal, na hipótese de ofensa aos
dispositivos constantes da Constituição Federal.

Para finalizarmos esse ponto, vou lhe mostrar um esquema[13] que resume os pontos estudados nesse item e, na sequência, vou
lhe convidar para resolvermos juntos mais algumas questões!

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Questões para fixar

[CESPE - 2013 - TJ-MA - Juiz - Adaptada] A respeito do poder constituinte e do controle de constitucionalidade, analise a assertiva:
No Brasil, o denominado controle repressivo de constitucionalidade, também denominado sucessivo ou a posteriori, foi conferido
com exclusividade ao Poder Judiciário.
[TRT 15R - 2010 - TRT - 15ª Região - Juiz do Trabalho - Adaptada] Em relação ao controle da constitucionalidade analise a
assertiva:
O controle repressivo da constitucionalidade cabe exclusivamente ao Poder Judiciário.
[MPE-BA - 2018 - MPE-BA - Promotor de Justiça Substituto] Sobre o controle de constitucionalidade, levando em conta a
legislação constitucional e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, julgue a assertiva:
No sistema constitucional brasileiro, o controle de constitucionalidade repressivo compete apenas ao Poder Judiciário, ao passo
que o controle de constitucionalidade preventivo é de atribuição dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Comentário:
Todos os itens apresentados são falsos! O controle repressivo de constitucionalidade é manejado com primazia, mas não
exclusividade, pelo Poder Judiciário. Por isso, poderá também ser realizado pelo Poder Executivo (quando o chefe do Poder
determina aos seus subordinados o descumprimento de uma norma no seio da Administração que ele chefia, ao argumento de

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que ela é inconstitucional) e pelo Poder Legislativo (quando, por exemplo, rejeita uma medida provisória ao argumento de que ela
é inconstitucional, nos moldes do art. 62 da CF/88).
Gabarito: Errado / Errado / Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[IBADE - 2017 - SEJUDH - MT - Advogado - Adaptada] Sobre o controle de constitucionalidade, julgue a assertiva:
O controle repressivo efetiva-se antes do aperfeiçoamento do ato normativo, a exemplo das atividades de controle dos projetos e
proposições exercidas pelas Comissões de Constituição e Justiça das Casas do Congresso Nacional.
Comentário:
Item falso! O controle que se efetiva antes do aperfeiçoamento da norma (isto é, antes de concluirmos o processo legislativo) é o
controle preventivo!
Gabarito: Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[TRT - 6R-PE - 2010 - TRT - 6ª Região-PE - Juiz do Trabalho - Adaptada] Sobre o controle de constitucionalidade, analise a
assertiva abaixo:
A competência exclusiva do Congresso Nacional para sustar os atos normativos do Poder Executivo é entendida, pela doutrina,
como mecanismo político de controle repressivo de constitucionalidade.
Comentário:
Item verdadeiro! Prevista no art. 49, V da CF/88, temos uma competência que representa realização de controle de
constitucionalidade político (porque feito pelo Congresso Nacional) repressivo (porque atinge normativo pronto e acabado).
Gabarito: Certo
_____________________________________________________________________________________________________________
[MPT - 2013 - MPT - Procurador - Adaptada] A respeito do controle de constitucionalidade, e considerando-se o texto
constitucional, analise a seguinte proposição:
O Presidente da República pode exercer um controle judicial preventivo de constitucionalidade.
Comentário:
Evidente que o controle realizado pelo Presidente da República é político, e não jurídico.
Gabarito: Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[IBADE - 2017 - SEJUDH-MT - Advogado - Adaptada] Sobre o controle de constitucionalidade, julgue a assertiva:
O veto oposto pelo Executivo a projeto de com fundamento em inconstitucionalidade da proposição legislativa, configura típico
exemplo de controle de legalidade misto.
[TRT 2R (SP) - 2012 - TRT - 2ª REGIÃO-SP - Juiz do Trabalho - Adaptada] Quanto ao controle de constitucionalidade das leis,
analise a assertiva:
O veto oposto pelo Executivo a projeto de lei, com fundamento em inconstitucionalidade da proposta legislativa, configura típico
exemplo de controle de constitucionalidade misto.
Comentário:
Duas assertivas falsas. O veto presidencial à projeto de lei configura controle político (e não misto) de constitucionalidade.
Gabarito: Errado / Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[Quadrix - 2016 - CRO - PR - Procurador Jurídico - Adaptada] No campo do Direito Constitucional, no capítulo referente ao
Controle de Constitucionalidade, julgue as assertivas:

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I) O Presidente da República poderá vetar o projeto de emenda constitucional aprovado pelo Congresso Nacional, realizando
verdadeiro controle preventivo de constitucionalidade.
II) O Congresso Nacional pode rejeitar medida provisória, com base em inconstitucionalidade apontada no parecer da comissão
temporária mista, exercendo, assim, controle preventivo de constitucionalidade.
Comentário:
Dois itens falsos. O primeiro é mais interessante: o veto presidencial realmente representa controle político preventivo de
constitucionalidade. No entanto, não pode atingir propostas de emenda à Constituição (o ato de deliberação executiva, lembre-
se, só se faz presente no processo legislativo de leis ordinárias e complementares). O segundo, por apresentar modalidade de
controle repressivo de constitucionalidade!
Gabarito: Errado / Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[FAFIPA - 2017 - Fundação Araucária-PR - Advogado - Adaptada] Sobre o Controle de constitucionalidade, conforme o sistema
constitucional brasileiro, julgue a assertiva:
Conforme a Constituição Federal, no processo legislativo, é possível o controle de constitucionalidade, sendo uma das formas de
controle repressivo o veto jurídico que ocorre na deliberação executiva na fase constitutiva.
Comentário:
Tal controle é preventivo (e não repressivo). Item falso.
Gabarito: Errado
_____________________________________________________________________________________________________________
[FAPEMS - 2017- PC-MS - Delegado de Polícia] Leia o seguinte excerto:
A prematura intervenção do Judiciário em domínio jurídico e político de formação dos atos normativos em curso no Parlamento,
além de universalizar um sistema de controle preventivo não admitido pela Constituição, subtrairia dos outros Poderes da
República, sem justificação plausível, a prerrogativa constitucional que detém de debater e aperfeiçoar os projetos, inclusive para
sanar seus eventuais vícios de inconstitucionalidade.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Segurança 32.033-DF. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 2013;
O controle de constitucionalidade preventivo pode dar-se durante o processo legislativo por meio do veto por
inconstitucionalidade, também denominado:
a) veto jurídico, e pela impetração de mandado de segurança, por parlamentar, voltado a preservar o decoro parlamentar.
b) veto jurídico, e pela impetração de mandado de segurança, por partido político, voltado a preservar o decoro parlamentar.
c) veto jurídico, e pela impetração de mandado de segurança, pelo Procurador-Geral da República, voltado a preservar o devido
processo legislativo.
d) veto político, é pela impetração de mandado de segurança, por parlamentar, voltado a preservar o devido processo legislativo.
e) veto jurídico, e pela impetração de mandado de segurança, por parlamentar, voltado a preservar o devido processo legislativo.
Comentário:
Nossa alternativa correta é a apresentada pela letra ‘e’! Entende o STF que o parlamentar é legitimado para impetrar Mandado de
Segurança caso o processo legislativo esteja caminhando de forma não agasalhada pelo texto constitucional, vale dizer, de forma
ofensiva ao devido processo legislativo. Ademais, o veto jurídico é outro bom exemplo de realização de controle preventivo.
Gabarito: E
_____________________________________________________________________________________________________________
[FCC - 2019 - Detran-SP - Agente] No sistema albergado pelo ordenamento brasileiro, haverá exercício de controle de
constitucionalidade pelo poder:

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(A) Legislativo, em caráter preventivo, na hipótese de sustação de lei delegada do Poder Executivo que exorbite dos limites da
delegação legislativa.
(B) Legislativo, na hipótese de não aprovação de medida provisória, por atendimento dos pressupostos constitucionais
pertinentes.
(C) Executivo, em caráter repressivo ou a posteriori, quando do veto do Presidente da República a projeto de lei, por entende-lo
inconstitucional, no todo ou em parte.
(D) Judiciário, de forma preventiva, nos julgamentos realizados pelos tribunais em observância à cláusula de reserva de plenário.
(E) Legislativo, em caráter repressivo ou a posteriori, na hipótese de não aprovação de projeto de lei pela Comissão de
Constituição e Justiça de qualquer uma de suas casas.
Comentário:
Eis uma questão muito interessante! Repare que o examinador enuncia cenários nos quais relaciona o órgão responsável pela
feitura da fiscalização (Legislativo, Executivo e Judiciário) com o momento em que o controle pode ser efetivado (preventivo ou
repressivo).
Na letra ‘a’ temos uma afirmativa equivocada. Apesar de ser competência do Congresso Nacional (nos termos do art. 49, V, CF/88)
sustar o trecho da lei delegada em que o Presidente da República tenha exorbitado (extrapolado os limites fixados na resolução
editada pelo Congresso Nacional – art. 68, § 2°, CF/88), e essa atribuição representar atividade concernente ao controle, não pode
ser considerada como uma atuação preventiva. Isso porque a lei delegada (ato normativo primário que será suspenso pelo
decreto legislativo editado pelo Congresso) já existe no ordenamento e já produz seus efeitos essenciais. Estamos, portanto,
diante de uma hipótese de controle político (porque feito pelo Congresso Nacional) repressivo de constitucionalidade.
A letra ‘b’ é nossa resposta. De fato, quando o Poder Legislativo rejeita o texto de uma Medida Provisória (não a convertendo em
lei) ao argumento de que ela é inconstitucional – em razão da inobservância dos pressupostos constitucionais que legitimam essa
atuação normativa excepcional por parte do Presidente da República (relevância e urgência) –, realiza controle de
constitucionalidade.
A letra ‘c’, por seu turno, equivoca-se ao mencionar que o veto jurídico (que é aquele baseado na inconstitucionalidade do projeto
de lei) representa controle político repressivo. O controle é político, pois realizado pelo Presidente da República. Mas como atinge
uma proposição ainda em trâmite legislativo (um projeto de lei), deve ser classificado como preventivo.
Na letra ‘d’ temos controle judicial repressivo (e não preventivo). Ademais, apesar de não ter sido exigido pela questão, não nos
custa recordar que a cláusula de reserva de plenário está inscrita no art. 97 da CF/88.
Por último, a letra ‘e’ é falsa na medida em que a atuação da CCJ representa controle político (feito pelo Poder Legislativo)
preventivo (já que alcança projeto de lei, em fase de confecção).
Gabarito: B
_____________________________________________________________________________________________________________
[VUNESP - 2020 - Prefeitura de Morro Agudo - SP - Analista Legislativo] A respeito do controle de constitucionalidade preventivo
no direito brasileiro, é correto afirmar que:
(A) é exercido pelo Legislativo ao sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa.
(B) é praticado, por exemplo, quando o Senado suspende a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
(C) não cabe ao Poder Judiciário exercer esse tipo de controle, Poder este que tem competência apenas para exercer o controle
repressivo.

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(D) as comissões parlamentares têm competência para exercer esse tipo de controle ao examinar os projetos de lei a elas
submetidos.
(E) o veto presidencial, que é uma forma de controle preventivo de constitucionalidade, é sujeito à apreciação e anulação pelo
Poder Judiciário.
Comentário:
Quanto ao momento, sabemos que o nosso sistema comporta a análise preventiva e a repressiva. Como estamos buscando uma
hipótese na qual tenha sido narrado o controle prévio, vamos assinalar a letra ‘d’, afinal, as comissões parlamentares intituladas
“Comissões de Constituição e Justiça” têm competência para exercer esse tipo de controle ao examinar os projetos de lei a elas
submetidos.
Vejamos o porquê de as demais alternativas não serem a nossa resposta:
- Letra ‘a’: quando o Congresso Nacional, cumprindo atribuição descrita no art. 49, V, CF/88, susta um ato normativo editado pelo
Poder Executivo que exorbite do poder regulamentar e dos limites de delegação legislativa, estamos diante de um controle que é
repressivo (e não preventivo).
- Letra ‘b’: quando o Senado suspende a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal (art. 52, X, CF/88) não está o Senado realizando controle de constitucionalidade, mas sim, expandindo
os efeitos da decisão proferida pelo STF no controle difuso (lembremos, aliás, que desde o mês de novembro, do ano de 2017, nas
ADIs 3406 e 3470, discute-se se o dispositivo em análise sofreu mutação constitucional (para a doutrina majoritária, devemos
aguardar novo posicionamento do STF, apesar de a decisão que foi proferida nas ADIs 3406 e 3470 ser um indicativo da mudança).
- Letra ‘c’: o Poder Judiciário pode, excepcionalmente, exercer controle preventivo (por meio do mandado de segurança
impetrado por parlamentar na defesa do seu direito líquido e certo ao devido processo legislativo.
- Letra ‘e’: o veto presidencial de fato é uma hipótese de controle preventivo de constitucionalidade, mas não está sujeito à
apreciação e anulação pelo Poder Judiciário.
Gabarito: D

(D) Quanto ao número de órgãos competentes para a realização do controle


No que se refere ao número (ou quantidade) de órgãos competentes para processar o controle, temos (i) o controle difuso e (ii) o
concentrado. Falemos de cada um deles:
(i) O difuso é exercido por uma pluralidade de órgãos. Originado nos Estados Unidos da América, no notável e muitíssimo
conhecido leading case Marbury v. Madison, julgado pela Suprema Corte em 1803, o controle difuso é realizado por qualquer juiz
(ainda que não vitaliciado) ou Tribunal. No Brasil referido controle foi inaugurado pela Constituição de 1891 e mantido em todas as
subsequentes.
(ii) Também intitulado reservado, devemos a instituição do controle concentrado ao brilhantismo e a genialidade de Hans Kelsen
que, em 1920, o consagrou na Constituição da Áustria. O que o caracteriza é a circunstância de somente poder ser realizado por
um único órgão (ou por poucos, e previamente determinados, órgãos). Presente na Alemanha e em alguns outros países da
Europa continental, o controle concentrado existe no direito pátrio desde que a EC nº 16/1965 introduziu, na Constituição de
1946, a representação de inconstitucionalidade.
Para fixar melhor esse ponto, te convido para analisar o esquema[14] posto abaixo:

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Agora vamos resolver algumas questões. Força e ânimo!

Questões para fixar


[CONSESP - 2015 - DAE-Bauru - Procurador Jurídico] Acerca do controle de constitucionalidade, o controle difuso, realizado por
qualquer juiz ou tribunal, teve origem:
a) nos EUA.
b) na Áustria.
c) na Alemanha.
d) na França.
e) em Portugal.
Comentário:
Claro que nossa alternativa correta é a apresentada pela letra ‘a’! Sabemos que foi nos Estados Unidos da América que o controle
difuso de constitucionalidade surgiu – o que se deu em um dos mais célebres casos já julgados pela Suprema Corte norte-
americana: Marbury X Madison (1803).
Gabarito: A
_____________________________________________________________________________________________________________
[CESPE - 2008 - DPE-CE - Defensor Público] Julgue o seguinte item, relacionado ao controle de constitucionalidade das leis:
O controle difuso de constitucionalidade tem sua origem histórica no direito norte-americano, no caso Marbury versus Madison.
Comentário:
Item correto! De fato, o controle difuso de constitucionalidade encontra sua origem nos EUA, justamente neste notável caso
enfrentado pela Corte Suprema daquele país!
Gabarito: Certo

(E) Quanto à finalidade (ou objetivo) do controle


No que se refere à sua finalidade, o controle pode ser (i) concreto ou (ii) abstrato (em tese).

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No controle concreto, realizado de modo incidental, a finalidade primordial do processo é a defesa de um direito ou interesse
subjetivo da parte. No entanto, essa defesa só pode se concretizar (a partir da decisão do pedido principal-mérito) depois que a
questão de constitucionalidade (incidente) é decidida.
Já o controle abstrato pretende promover uma defesa objetiva da Constituição, verificando a constitucionalidade da norma em
tese, sem qualquer vinculação a qualquer ocorrência fática. Mesmo que a questão seja analisada em tese, é possível o
esclarecimento de matéria ou circunstância de fato no curso do controle abstrato (como mostra o § 1º do art. 9º, lei 9.868/99).

Importante destacar a inexistência de uma relação obrigatória e necessária entre os termos “concentrado” e “abstrato” e
“difuso” e “concreto”.
No Brasil, em regra, o controle difuso se realiza em concreto e o concentrado se realiza em abstrato. No entanto,
excepcionalmente podemos identificar hipótese de controle concentrado-concreto (representação interventiva, art. 36, III da CF,
em que temos uma ocorrência fática [Estado ou DF violam um princípio constitucional sensível do art. 34, VII] a ser julgada
unicamente pelo STF), bem como de controle difuso-abstrato, como por exemplo quando temos um incidente de
inconstitucionalidade em um Tribunal (art. 97 da CF/88 e art. 949 do CPC).
Bom, meu caro aluno, vencidas as explicações teóricas, você já sabe: é o momento de resolvermos mais algumas questões!

Questões para fixar


[OBJETIVA - 2016 - SAMAE de Jaguariaíva-PR - Advogado - Adaptada] De acordo com MORAES, analise o item abaixo:
Há dois métodos de Controle Judiciário de Constitucionalidade repressiva. O primeiro denomina-se reservado ou concentrado (via
de ação), e o segundo, difuso ou aberto (via de exceção ou defesa).
Comentário:
Assertiva correta! Lembremos que no controle concreto, realizado de modo incidental (difuso ou por via de defesa ou exceção), a
finalidade do processo é a defesa de um direito ou interesse da parte que só poderá ser concretizado após a questão de
constitucionalidade ser decidida. Por outro lado, o controle abstrato (reservado ou por via de ação) objetiva a promoção da defesa
da Constituição de forma objetiva, visando a constitucionalidade da norma sem qualquer vinculação a ocorrências fáticas.
Gabarito: Certo
_____________________________________________________________________________________________________________

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[VUNESP - 2017 - IPRESB - SP - Controlador Interno] No Brasil, o controle de constitucionalidade das leis ocorre:
a) apenas de forma difusa, realizado por qualquer juízo ou tribunal do Poder Judiciário, com efeito erga omnes.
b) em regra, de forma concentrada por meio do ajuizamento de ações diretas de inconstitucionalidade, por qualquer interessado,
perante o Superior Tribunal de Justiça.
c) de forma difusa ou concentrada, tendo as decisões, em ambos os casos, efeito erga omnes.
d) de forma difusa ou concentrada, tendo a decisão proferida, no primeiro caso, via de regra, efeito inter partes, e no segundo,
erga omnes.
e) de forma difusa ou concentrada, tendo a decisão proferida, no primeiro caso, via de regra, efeito erga omnes, e no segundo,
inter partes.
Comentário:
Nossa resposta está na letra ‘d’, já que combinamos as duas vias de exercício de controle concentrado em nosso país: a via difusa
(na qual, via de regra, os efeitos são inter partes, e a via concentrada (na qual as decisões sempre proferidas com efeitos erga
omnes).
Gabarito: D

[1]. KELSEN, Hans. Teoria geral do direito e do Estado. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 181.

[2]. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015,
p. 1044).
[3]. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm.

[4]. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm.

[5]. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm.

[6]. Voto do Min. Celso de Mello na referida ADI 437-QO.

[7]. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm.

[8]. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm.

[9] In: O STF e o controle de constitucionalidade: deliberação, diálogo e razão pública, Virgílio Afonso da Silva.

[10]. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm.

[11]. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm.

[12] No julgamento, foram concedidos os pedidos formulados nos Mandados de Segurança (MS) 35410, 35490, 35494, 35498,
35500, 35836, 35812 e 35824, impetrados por entidades representativas de servidores da Receita Federal e da auditoria-fiscal do
Trabalho.
[13]. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm.

[14]. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm.

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