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Aula 02

PM-BA (Oficial) Direito Penal - 2023


(Pré-Edital)

Autor:
Renan Araujo

23 de Março de 2023
Renan Araujo
Aula 02

Índice
1) Noções Iniciais de Culpabilidade e Seus Elementos
..............................................................................................................................................................................................3

2) Erro de Tipo e Erro de Proibição


..............................................................................................................................................................................................
16

3) Erro Acidental
..............................................................................................................................................................................................
24

4) Questões Comentadas - Culpabilidade - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
29

5) Questões Comentadas - Erro - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
62

6) Lista de Questões - Culpabilidade - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
93

7) Lista de Questões - Erro - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
111

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CULPABILIDADE

1 Conceito

A culpabilidade nada mais é que o juízo de reprovabilidade acerca da conduta do agente, considerando-se
suas circunstâncias pessoais.1 Trata-se, portanto, de saber se aquele que praticou um fato típico e ilícito
(injusto penal) pode ser responsabilizado criminalmente.

Diferentemente do que ocorre nos dois primeiros elementos (fato típico e ilicitude), onde se analisa o fato,
na culpabilidade o objeto de estudo não é o fato, mas o agente. Daí alguns doutrinadores entenderem que
a culpabilidade não integra o crime (por não estar relacionada ao fato criminoso, mas ao agente). Entretanto,
vamos trabalhá-la como elemento do crime.

2 Teorias

O conceito de culpabilidade e seus elementos foram objeto de estudo durante muitas décadas, e algumas
teorias surgiram a respeito do tema. As principais teorias sobre a culpabilidade são a psicológica, a
psicológico-normativa e a normativa pura (dividida em limitada e extremada).

2.1 Teoria psicológica

Para essa teoria a culpabilidade era analisada sob o prisma da imputabilidade e da vontade (dolo e culpa).
Essa teoria entende que o agente seria culpável se era imputável no momento do crime e se havia agido com
dolo ou culpa.

Para a teoria psicológica, portanto, a culpabilidade era basicamente a relação psíquica do agente com o
injusto penal (fato típico e ilícito). Ou seja, para a teoria psicológica, a culpabilidade seria o elemento
destinado a saber se o agente, uma vez imputável, teria agido com dolo ou culpa (elemento subjetivo do
delito). Falava-se, portanto, numa “culpabilidade dolosa” ou “culpabilidade culposa”.

Vejam que essa teoria só pode ser utilizada por quem adota a teoria causalista (naturalística) da conduta
(pois o dolo e culpa estão na culpabilidade). Para os que adotam a teoria finalista (nosso Código penal), essa
teoria acerca da culpabilidade é impossível, pois a teoria finalista aloca o dolo e a culpa na conduta, e,
portanto, no fato típico.

2.2 Teoria normativa ou psicológico-normativa

A teoria psicológico-normativa possui os mesmos elementos da primeira, mas agrega a eles a exigibilidade
de conduta diversa, que é a “possibilidade de agir conforme o Direito” e a consciência da ilicitude (que não
está inserida dentro do dolo, na qualidade de elemento normativo).

1 BITENCOURT, Op. cit., p. 451/452

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Para essa teoria, mais evoluída, ainda que o agente fosse imputável e tivesse agido com dolo ou culpa, só
seria culpável se no caso concreto lhe pudesse ser exigido um outro comportamento que não o
comportamento criminoso.

Trata-se, portanto, da inclusão de elementos normativos na culpabilidade, que deixa de ser a mera relação
subjetiva do agente com o fato (dolo ou culpa). A culpabilidade seria, portanto, a conjugação do elemento
subjetivo (dolo ou culpa) e do juízo de reprovação sobre o agente.2

2.3 Teoria normativa pura

A teoria normativa pura da culpabilidade já não mais considera o dolo e culpa como elementos da
culpabilidade, mas do fato típico (seguindo a teoria finalista da conduta). Ou seja, para os adeptos da teoria
normativa pura o elemento subjetivo (a relação psicológica do agente com o fato) não integra a
culpabilidade, mas o fato típico, mais precisamente a conduta penalmente relevante (daí falar-se em conduta
dolosa ou conduta culposa).

Para esta teoria, a culpabilidade é composta apenas por elementos normativos, relacionados à
reprovabilidade ou não do comportamento do agente, sendo eles:

 Imputabilidade
 Potencial consciência da ilicitude
 Exigibilidade de conduta diversa

Além disso, o dolo e a culpa passam a integrar o fato típico, como dito anteriormente. Porém, o dolo que vai
para o fato típico é o chamado “dolo natural”, ou seja, a mera consciência e vontade de praticar a conduta e
obter-se o resultado. O dolo “normativo” (consciência potencial da ilicitude) permanece na culpabilidade.
Em resumo, o dolo (transferido para o fato típico) passa a ser concebido apenas como elemento meramente
subjetivo ou psicológico, representado pela consciência e vontade. A questão relativa à “consciência e
vontade de infringir a norma penal” (elementos normativos do dolo) permanece na culpabilidade, como
“potencial consciência da ilicitude”.

Para a maior parte da Doutrina, a teoria normativa pura se divide em:

 Teoria extremada
 Teoria limitada

Mas o que dizem estas teorias? Basicamente, a mesma coisa. A grande diferença entre elas reside no
tratamento dispensado ao erro sobre as causas de justificação (ou causas de exclusão da antijuridicidade),
também conhecidas como descriminantes putativas.

2 BITENCOURT, Op. cit., p. 447

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A teoria extremada defende que todo erro que recaia sobrea uma causa de justificação seria equiparado ao
erro de proibição, sendo considerado “erro de proibição indireto”.

A teoria limitada, por sua vez, divide o erro sobre as causas de justificação (descriminantes putativas) em:

 Erro sobre pressuposto fático da causa de justificação (ou erro de fato) – Neste caso, aplicam-se
regras semelhantes àquelas previstas para o erro de tipo (tem-se aqui o que se chama de erro de tipo
permissivo).3
 Erro sobre a existência ou limites jurídicos de uma causa de justificação (erro sobre a ilicitude da
conduta) – Neste caso, tal teoria defende que devam ser aplicadas as mesmas regras previstas para
o erro de proibição, por se assemelhar à conduta daquele que age consciência da ilicitude. Tem-se
aqui o chamado erro de proibição indireto.

Em linhas gerais, portanto, a teoria extremada e a teoria limitada dizem a mesma coisa, divergindo apenas
no que toca ao tratamento que deve ser dispensado às descriminantes putativas.

Assim, é correto afirmar que o CP brasileiro adota a teoria normativa pura da culpabilidade, mais
precisamente a teoria limitada da culpabilidade.

3 BITENCOURT, Op. cit., p. 508

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3 Elementos da culpabilidade

3.1 Imputabilidade penal

O Código Penal não define o que seria imputabilidade penal, apenas descreve as hipóteses em que ela não
está presente.

A imputabilidade penal pode ser conceituada como:

A capacidade mental do agente de, ao tempo do fato, entender o caráter ilícito de sua conduta
e de comportar-se conforme o Direito.

A imputabilidade penal, portanto, compreende a capacidade de discernimento e a capacidade de


autodeterminação.

A imputabilidade penal encontra fundamento na imputabilidade moral, ou seja, o homem é um ser


inteligente e livre para tomar as próprias decisões e, portanto, deve ser responsável por seus atos.4 A
imputabilidade, portanto, é a regra. A inimputabilidade penal é a exceção e, portanto, deve ser provada.

Existem basicamente três sistemas acerca da imputabilidade:

 Biológico – Basta a existência de uma doença mental ou determinada idade para que o agente seja
inimputável. É adotado no Brasil com relação aos menores de 18 anos. Trata-se de critério
meramente biológico: se o agente tem menos de 18 anos, é inimputável.
 Psicológico – Só se pode aferir a imputabilidade (ou não), na análise do caso concreto, verificando-se
se o agente, ao tempo do fato, possuía capacidade mental de entender o caráter ilícito da conduta e
comportar-se de acordo com este entendimento.
 Biopsicológico – Deve haver a presença de um fator biológico (como a doença mental), mas o Juiz
deve analisar no caso concreto se o agente era ou não capaz de entender o caráter ilícito da conduta
e de se comportar conforme o Direito (critério psicológico). Essa foi a teoria adotada como regra
pelo nosso Código Penal.5

4 JESUS, Damásio. E. de. Direito Penal. Vol.1 – Parte Geral, 24º edição. São Paulo, Saraiva, 2001, p. 470

5 BITENCOURT, Op. cit., p. 474.

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CUIDADO! A imputabilidade penal deve ser aferida quando do momento em que ocorreu o fato
criminoso. Assim, se José (menor com 17 anos e 11 meses de idade) atira contra Maria, que fica
em coma e só vem a falecer quando José já tinha mais de 18 anos, José será considerado
inimputável, pois no momento do crime (momento da ação ou omissão, art. 4º do CP), era menor
de 18 anos (critério puramente biológico, adotado como exceção no CP).

Mas, quanto à análise da imputabilidade (ou não) em crimes permanentes, é necessário ter muito cuidado,
pois nos crimes permanentes o crime se protrai no tempo, durando dias, semanas, meses, etc. Assim, todo
o período de permanência será considerado como tempo do crime, pois se considera que durante todo este
período de permanência o crime esteve sendo praticado.

EXEMPLO: Marcelo, com 17 anos, sequestra Juliana. O sequestro dura 06 meses e, ao final,
Marcelo já contava com 18 anos. Neste caso, Marcelo será considerado imputável, pois no
momento do crime Marcelo era imputável (ainda que não fosse imputável no começo, a partir de
um dado momento passou a ser imputável, respondendo pelo delito). Veja que o fato começou a
ser praticado quando Marcelo ainda tinha 17 anos, mas se estendeu até certo momento em que
Marcelo já possuía 18 anos. Ou seja, Marcelo chegou a praticar a conduta criminosa quando já
era maior de idade, motivo pelo qual deve ser considerado imputável e irá responder
criminalmente por sua conduta.

Como se vê, portanto, a análise da imputabilidade (ou não) do agente deve ser feita com base no momento
da conduta, sendo irrelevante um momento pretérito ou posterior.

As causas de inimputabilidade estão previstas nos arts. 26, 27 e 28 do CP:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado
não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos


às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Emoção e paixão

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

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I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos


análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso


fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,


proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Os arts. 26 a 28 do CP trazem hipóteses em que a imputabilidade ficará afastada (inimputabilidade penal),


bem como hipóteses nas quais ela ficará apenas diminuída, mas não será afastada (semi-imputabilidade).
Além disso, trata de casos em que não será possível afastar a imputabilidade ou reconhecer semi-
imputabilidade (emoção e paixão, por exemplo).

Vamos ver, agora, este tema com mais detalhes.

3.1.1 Menor de 18 anos

Esse é um critério meramente biológico e taxativo: se o agente é menor de 18 anos, responde perante o
ECA não se aplicando a ele o CP, nos termos do art. 27 do CP.

O menor de 18 anos, portanto, é considerado penalmente inimputável, independentemente da análise de


seu desenvolvimento psíquico ao tempo do fato. Como dito, trata-se de um critério meramente biológico
(ou cronológico).

3.1.2 Doença mental e Desenvolvimento mental incompleto ou retardado

No caso dos doentes mentais, deve-se analisar se o agente era inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito da conduta ou se era parcialmente incapaz disso. No primeiro caso, será inimputável, ou seja, isento
de pena. No segundo caso, será semi-imputável, e será aplicada pena, porém, reduzida de um a dois terços.

Lembrando que o art. 26 do CP exige, para fins de inimputabilidade por este motivo:

 Que o agente possua a doença (critério biológico)


 Que o agente seja, em razão da doença, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
OU inteiramente incapaz de determinar-se conforme este entendimento (critério psicológico)

Por isso se diz que este é um critério biopsicológico (pois mescla os dois critérios).

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Nos dois casos acima, se o agente for inimputável, exclui-se a culpabilidade e ele é isento de pena. Se for
semi-imputável, será considerado culpável (não se exclui a culpabilidade), mas sua pena será reduzida de um
a dois terços.

No caso de o agente ser inimputável, por ser menor de 18 anos, não há processo penal, respondendo perante
o ECA.

No caso de ser inimputável em razão de doença mental ou desenvolvimento incompleto, será isento de pena
(absolvido), mas o Juiz aplicará uma medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial), em razão
de sua periculosidade (não há culpabilidade aqui). Isso é o que se chama de sentença absolutória imprópria,
pois, apesar de conter uma absolvição, contém uma espécie de sanção penal, que é a medida de segurança.

No caso de o agente ser semi-imputável, ele não será isento de pena! Será condenado a uma pena (eis que
possui culpabilidade)), que será reduzida. Entretanto, a lei permite que o Juiz, diante do caso (se houver uma
periculosidade concreta que recomende a substituição), substitua a pena privativa de liberdade por uma
medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial).

Em resumo, portanto, o inimputável por doença mental não possui culpabilidade (pois ausente o elemento
“imputabilidade”). Como a culpabilidade é o pressuposto da pena, não pode ser condenado, devendo ser
absolvido. Todavia, será aplicada ao inimputável por doença mental uma medida de segurança, dada a sua
periculosidade (presumida). O semi-imputável não é considerado inimputável, logo, tem culpabilidade e,
portanto, será condenado, aplicando-se a ele uma pena. Porém, o Juiz pode entender que a doença mental
do agente representa uma periculosidade concreta para a sociedade e substituir a pena imposta por uma
medida de segurança (sistema chamado de vicariante).

A medida de segurança imposta aos inimputáveis por doença mental (e, eventualmente aos semi-
imputáveis) pode consistir em internação ou tratamento ambulatorial, a depender das necessidades
curativas do agente.

 Sonâmbulo pode ser considerado doente mental? Prevalece o entendimento de que a conduta
praticada pelo sonâmbulo, durante o estado de sonambulismo, não configura crime por ausência de
conduta, já que não voluntariedade, por se tratar de um estado de inconsciência. Afasta-se, portanto, o fato
típico, e não a culpabilidade.

3.1.3 Embriaguez

Segundo o CP, como regra, a embriaguez não é uma hipótese de inimputabilidade, de forma que o agente
responderá pelo crime, ou seja, será considerado IMPUTÁVEL. Vejamos:

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

(...) II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.


(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Assim, não importa se a embriaguez foi dolosa (o agente queria ficar embriagado) ou culposa (não queria
ficar embriagado, mas bebeu demais e ficou embriagado). O agente, nesses casos, será considerado
imputável.

É importante destacar que o caracteriza uma embriaguez como dolosa ou como culposa não é o crime
praticado em situação de embriaguez e sim a voluntariedade (ou não) da embriaguez. É perfeitamente
possível estar em situação de embriaguez culposa e praticar um crime doloso, ou estar em situação de
embriaguez dolosa e praticar um crime culposo.

EXEMPLO: José, 25 anos, vai a uma festa e começa a beber bebida alcóolica, apenas para se
divertir, embora não tivesse a intenção de se embriagar. Porém, pelo excesso na ingestão do
álcool, José acaba ficando embriagado. Ao sair da festa, completamente embriagado, agride
dolosamente uma pessoa. Nesse caso, José praticou um crime de lesão corporal dolosa (art. 129
do CP), estando em situação de embriaguez culposa, que não afastará sua imputabilidade, ou
seja, irá responder criminalmente pelo fato.

Mas, por qual razão o agente é considerado imputável (na hipótese de embriaguez não acidental), se no
momento do fato ele não tinha discernimento? Trata-se da adoção da chamada “Teoria da actio libera in
causa” (ação livre na causa), que pode aparecer em formato de sigla (ALIC).

Segundo esta teoria, o agente deve ser considerado imputável, mesmo não tendo discernimento no
momento do fato, pois tinha discernimento quando decidiu ingerir a substância. Ou seja, apesar de não ter
discernimento agora (no momento do crime), tinha discernimento quando se embriagou, ou seja, sua ação
era livre na causa (tinha liberdade para decidir ingerir, ou não, a substância).

Todavia, a embriaguez pode afastar a imputabilidade quando for acidental, ou seja, decorrente de caso
fortuito ou força maior (E mesmo assim, deve ser completa, retirando totalmente a capacidade de
discernimento do agente).

EXEMPLO: Imagine que Luciana é embriagada por Carlos (que coloca álcool em seus drinks). Sem
saber, Luciana ingere as bebidas alcoólicas e fica completamente embriagada. Luciana sai do
local em que estava e acaba por desacatar dois policiais que a abordaram. Nesse caso, Luciana
estava em situação de embriaguez acidental completa, pois a embriaguez decorreu de caso
fortuito e retirou completamente o discernimento desta. Neste caso, ficará afastada a
imputabilidade penal de Luciana.

Importante destacar que o Código Penal exige que, em razão da embriaguez decorrente de caso fortuito ou
força maior, o agente esteja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
conforme este entendimento.

Caso o agente, em razão de embriaguez acidental, esteja parcialmente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, não será considerado inimputável. O agente,
neste caso, será considerado imputável, ou seja, responderá pelo fato praticado. Todavia, sua pena poderá
ser diminuída de um a dois terços.

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Em qualquer dos dois casos de embriaguez acidental, não será possível aplicação de medida de segurança,
pois essa visa ao tratamento do agente considerado doente, e que, por isso, oferece risco à sociedade
(periculosidade). No caso da embriaguez acidental, o agente é sadio, tendo ingerido álcool por caso fortuito
ou força maior.

 E a embriaguez preordenada? A embriaguez preordenada é aquela na qual o agente se embriaga


para praticar o crime. Ou seja, o agente não só quer ficar embriagado, ele quer ficar embriagado para praticar
o crime. Tal embriaguez não afeta a imputabilidade do agente, ou seja, o agente é considerado imputável.
Trata-se, ainda, de circunstância agravante da pena (a pena, portanto, será aumentada em razão de tal fato).

Vejamos o seguinte esquema:

SITUAÇÃO Embriaguez

voluntária acidental (caso


(dolosa ou preordenada fortuito ou força
culposa) maior)
CAUSA

completa parcial

imputável
imputável com causa
RESULTADO imputável + inimputável de
agravante diminuição
de pena

 E a embriaguez patológica? A embriaguez patológica pode excluir a imputabilidade, desde que se


configure como embriaguez verdadeiramente doentia (não apenas embriaguez habitual). Nesse caso, o
agente será tratado como doente mental e, portanto, deverá ser dado ao agente o mesmo tratamento
dispensado aos portadores de doença mental, desde que, frise-se, a embriaguez seja comprovadamente
considerada patológica (doentia).

3.2 Potencial consciência da ilicitude

A potencial consciência da ilicitude é a possibilidade (daí o termo “potencial”) de o agente, de acordo com
suas características, conhecer o caráter ilícito do fato6. Não se trata do parâmetro do homem médio, mas de
uma análise da pessoa do agente. Assim, aquele que é formado em Direito, em tese, tem maior potencial
consciência da ilicitude que aquele que nunca saiu de uma aldeia de pescadores e tem pouca instrução. É

6 BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho penal. Ed. Temis S.A., tercera reimpressión. Bogotá, 1996, p. 153

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claro que isso varia de pessoa para pessoa e, principalmente, de crime para crime, pois alguns são do
conhecimento geral (homicídio, roubo), e outros nem todos conhecem (bigamia, por exemplo).

Não se exige do agente um conhecimento técnico a respeito de sua conduta, ou seja, não se exige que o
agente saiba exatamente qual crime está praticando, sendo suficiente que o agente tenha conhecimento
(ainda que potencial) de que sua conduta é contrária ao Direito, ou seja, é uma conduta não aprovada pelo
ordenamento jurídico.

Quando o agente atua acreditando que sua conduta não é ilícita, comete erro de proibição (art. 21 do CP).

3.3 Exigibilidade de conduta diversa

Não basta que o agente seja imputável, que tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, é necessário,
ainda, que o agente pudesse agir de outro modo. É necessário que esteja presente, portanto, a exigibilidade
de conduta diversa.

A exigibilidade de conduta diversa é, assim, um juízo que se faz acerca da conduta do agente, para que se
possa definir se, apesar de praticar um fato típico e ilícito, sendo imputável e conhecendo a ilicitude de sua
conduta, o agente podia, ou não, agir de outro modo. Se se conclui que não era possível exigir do agente
uma postura diferente, uma postura de acordo com o Direito, isso significa que estará afastada a
exigibilidade de conduta diversa, havendo neste caso o que se chama de inexigibilidade de conduta diversa.

Esse elemento da culpabilidade fundamenta duas causas de exclusão da culpabilidade:

 Coação moral irresistível – A coação mora irresistível, também chamada de “vis compulsiva” ocorre
quando uma pessoa coage outra a praticar determinado crime, sob a ameaça de lhe fazer algum mal
grave. Neste caso, aquele que age sob a ameaça atua em situação de coação moral irresistível, de
forma que se entende que não era possível exigir de tal pessoa uma outra postura.

EXEMPLO: Alberto, mediante ameaça, obriga Poliana a furtar um veículo. Alberto afirma que se
Poliana não realizar o furto, matará seu filho. Poliana, com medo de que Alberto cumpra a
promessa e mate seu filho, pratica o furto e entrega o bem a Alberto. Nesse caso, a conduta de
Poliana é um fato típico (furto) e ilícito (não há nenhuma causa de exclusão da ilicitude). Todavia,
não se pode exigir de Poliana uma outra postura, pois está sob ameaça de um mal gravíssimo
(morte do filho).

 Obediência hierárquica – Na obediência a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico


o agente pratica o fato em cumprimento a uma ordem proferida por um superior hierárquico.
Todavia, a ordem não pode ser manifestamente ilegal. Se aquele que cumpre a ordem sabe que está
cumprindo uma ordem ilegal, responde pelo crime juntamente com aquele que deu a ordem. Se a
ordem não é manifestamente ilegal, aquele que apenas a cumpriu estará acobertado pela excludente
de culpabilidade da obediência hierárquica, em razão da inexigibilidade de conduta diversa.

CUIDADO! Prevalece que a excludente de culpabilidade da obediência hierárquica só se aplica


aos funcionários públicos, não aos particulares!

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Importante destacar que somente a coação moral irresistível é que exclui a culpabilidade. A coação física
irresistível não exclui a culpabilidade. A coação física irresistível exclui o fato típico, pois o fato não será
típico por ausência de conduta penalmente relevante, já que não há voluntariedade.

Na coação física, também chamada de “vis absoluta” o agente atua sem vontade, pois não controla seus
próprios movimentos corporais.

EXEMPLO: José e Pedro obrigam Paulo a matar Maria. Como Paulo se nega a apertar o gatilho,
José e Pedro seguram Paulo à força e colocam a arma em sua mão, forçando o dedo de Paulo
contra o gatilho. Maria é alvejada e morre. Neste caso, Paulo não teve vontade alguma, pois não
controlava seus movimentos corporais. Seu dedo apertou o gatilho, mas não porque Paulo assim
decidiu, mas porque José e Pedro exerceram coação física. Assim, Paulo não responde pela morte
de Maria.

No caso de coação moral irresistível o agente possui vontade, embora esta vontade seja viciada, prejudicada
pela coação moral exercida contra o agente, por isso o agente pratica fato típico e ilícito, mas tem sua
culpabilidade afastada.

Na coação física irresistível o agente NÃO possui vontade, pois, como dito, não possui qualquer controle
sobre seus movimentos corporais. Se o agente não controla os próprios movimentos corporais, não há
conduta penalmente relevante, pois a conduta pressupõe o controle dos movimentos corporais pelo agente.

DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO PENAL

 Arts. 26 a 28 do CP - Tratam da inimputabilidade penal:

Inimputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de

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entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.


(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado
não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos


às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) ==5fa25==

Emoção e paixão

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.


(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso


fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,


proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984);

SÚMULAS PERTINENTES

1 Súmulas do STJ

 Súmula 74 do STJ – O STJ sumulou entendimento no sentido de que o reconhecimento da menoridade


penal depende de prova por documento hábil (certidão de nascimento, carteira de identidade, etc.). Uma

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vez reconhecida a menoridade penal, o processo deve ser anulado e o agente submetido ao regramento
especial do ECA.

Súmula 74 do STJ - PARA EFEITOS PENAIS, O RECONHECIMENTO DA MENORIDADE DO REU


REQUER PROVA POR DOCUMENTO HÁBIL.

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
 STJ - RESP 1544952 – O STJ decidiu no sentido de que a mera condição de indígena (ainda que não
integrado à sociedade) não configura, por si só, hipótese de exclusão da culpabilidade por ausência de
potencial consciência da ilicitude, o que deve ser avaliado caso a caso:

(...) 2. A isenção da pena, prevista no art. 21 do CP, depende da demonstração de que,


apesar de o autor saber o que faz, supõe que a conduta seja permitida. A condição de
indígena não pressupõe tratar-se de hipótese de erro de proibição, prescindindo de
elementos que indiquem a falta de consciência da ilicitude. Excludente não configurada na
espécie.

(STJ - RECURSO ESPECIAL Nº 1.544.952 - PE (2015/0180332-0 – Pub. 30/09/2015).

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ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO

1 Erro de tipo essencial

Sabemos que o crime, em seu conceito analítico, é formado basicamente por três elementos: fato
típico (para alguns, tipicidade, mas a nomenclatura aqui é irrelevante), ilicitude e culpabilidade.

Quando o agente comete um fato que se amolda perfeitamente à conduta descrita no tipo penal
(direta ou indiretamente), temos um fato típico e, como disse, estará presente, portanto, a tipicidade.

Pode ocorrer, entretanto, que o agente pratique um fato típico por equívoco! Isso mesmo! O agente
pratica um fato considerado típico, mas o faz por ter incidido em erro sobre algum de seus elementos.

O erro de tipo é a representação errônea da realidade, na qual o agente acredita não se verificar a
presença de um dos elementos essenciais que compõem o tipo penal.

EXEMPLO: Imaginemos o crime de desacato:

Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Imaginemos que o agente desconhecesse a condição de funcionário público da vítima.


Nesse caso, houve erro de tipo, pois o agente incidiu em erro sobre elemento essencial do
tipo penal.

O erro de tipo pode ocorrer, também, nos crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão),
pois o agente pode desconhecer sua condição de garantidor no caso concreto1 (aquele que tem o dever de
impedir o resultado).

EXEMPLO: Imagine que uma mãe presencie o estupro da própria filha, mas nada faça, por
não verificar tratar-se de sua filha. Nesse caso, a mãe incidiu em erro de tipo, pois errou na
representação da realidade fática acerca de elemento que constituía o tipo penal. Ou seja,
não identificou que a vítima era sua filha, elemento este que faria surgir seu dever de
intervir.

1 BITENCOURT, Op. cit., p. 512

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ATENÇÃO! Quando o erro incidir sobre elemento normativo do tipo2, há divergência na Doutrina! Parte
entende que continua se tratando de erro de tipo. Outra parte da Doutrina entende que não se trata de erro
de tipo, mas de erro de proibição, pois o agente estaria errando acerca da licitude do fato3. Exemplo: O art.
154 do CP diz o seguinte: Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão
de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena - detenção,
de três meses a um ano, ou multa. Nesse caso, o elemento “sem justa causa” é elemento normativo do tipo.
Se o médico revela um segredo do paciente para um parente, acreditando que este poderá ajudá-lo, e faz
isso apenas para o bem do paciente, acreditando haver justa causa, quando na verdade o parente é um
tremendo fofoqueiro que só quer difamar o paciente, o médico incorreu em erro de tipo, pois acreditava
estar agindo com justa causa, que não havia. Porém, como disse a vocês, parte da doutrina entende que aqui
se trata de erro de proibição. Mas a teoria que prevalece é a de que se trata mesmo de erro de tipo.

O erro de tipo pode ser:

• Escusável – Quando o agente não poderia conhecer, de fato, a presença do elemento do tipo.
Exemplo: “A” entra numa loja e ao sair, verifica que esqueceu sua bolsa. Ao voltar, A encontra
uma bolsa idêntica à sua, e a leva embora. Entretanto, “A” não sabia que essa bolsa era de
“B”, que estava olhando revistas distraída, tendo sua bolsa sido levada por outra pessoa no
momento em que saiu da loja pela primeira vez. Nesse caso, “A” não tinha como imaginar que
alguém, em tão pouco tempo, haveria furtado sua bolsa e que outra pessoa deixaria no
mesmo lugar uma bolsa idêntica. Nesse caso, “A” incorreu em erro de tipo escusável, pois
não poderia, com um exercício mental razoável, saber que aquela não era sua bolsa.
• Inescusável – Ocorre quando o agente incorre em erro sobre elemento essencial do tipo, mas
poderia, mediante um esforço mental razoável, não ter agido desta forma. Exemplo:
Imaginemos que Marcelo esteja numa repartição pública e acabe por desacatar funcionário
público que lá estava. Marcelo não sabia que se tratava de funcionário público, mas mediante
esforço mental mínimo poderia ter chegado a esta conclusão, analisando a postura da pessoa
com quem falava e o que a pessoa fazia no local. Assim, Marcelo incorreu em erro de tipo
inescusável, e responderia por crime culposo, caso houvesse previsão de desacato culposo
(não há).

Assim, lembrem-se:

2 Com relação a estes termos, CEZAR ROBERTO BITENCOURT os considera como “elementos normativos especiais da ilicitude”. Para
o autor, elementos normativos seriam aqueles que demandam mero juízo de valor acerca de um objeto (saber que o documento
falsificado é público, por exemplo, no crime de falsificação de documento público). Termos como “indevidamente”, “sem justa causa”,
etc., seriam antecipação da ilicitude do fato inseridas dentro do tipo penal. (BITENCOURT, Op. cit., p. 350). Fica apenas o registro,
já que a Doutrina majoritária entende que tais expressões são elementos normativos do tipo penal. Ver, por todos: GOMES, Luiz
Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 211.
3 BITENCOURT, Op. cit., p. 514/515

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ERRO SOBRE A EXISTÊNCIA FÁTICA DE UM


DOS ELEMENTOS QUE COMPÕEM O TIPO ERRO DE TIPO
PENAL

Pode ser que se utilize o termo “Erro sobre elemento constitutivo do tipo penal”. Eu prefiro essa
nomenclatura, mas ela não é utilizada sempre.

ATENÇÃO! Existe, ainda, o que se convencionou chamar de “erro de tipo permissivo”. O que é isso? O erro
de “tipo permissivo” é o erro sobre os pressupostos objetivos de uma causa de justificação (excludente de
ilicitude). Assim, o erro de “tipo permissivo” seria, basicamente, uma descriminante putativa por erro de
fato (erro sobre os pressupostos fáticos que autorizariam o agente a atuar amparado pela excludente de
ilicitude). 4

2 Erro determinado por terceiro

No erro de tipo o agente comete o erro “sozinho”, ou seja, não é induzido a erro por ninguém. No erro
determinado (ou provocado) por terceiro o agente erra porque alguém o induz a isso.

Neste caso, só responde pelo delito aquele que provoca o erro. Entende-se que há, aqui, uma
modalidade de autoria mediata, na qual o autor mediato (agente provocador) utiliza o autor imediato
(agente provocado, aquele que comete o erro) como mero instrumento para seu intento criminoso.

Ex.: Determinado médico, querendo a morte do paciente, entrega à enfermeira


(dolosamente) uma dose de veneno, e a induz a ministra-lo ao paciente, alegando tratar-
se de um sedativo. A enfermeira, sem saber do que se trata, confiando no médico, ministra
o veneno. O paciente morre. Neste caso, somente o médico (aquele que provocou o erro)
responde pelo homicídio (neste caso, doloso).

4 Fala-se em “tipo permissivo” em razão da teoria dos elementos negativos do tipo, surgida na Alemanha no começo do século
passado. Para esta teoria, as causas de exclusão da ilicitude seriam elementos NEGATIVOS do tipo. Ou seja, enquanto o “tipo
incriminador” propriamente dito seria a descrição da conduta proibida, as excludentes de ilicitude corresponderiam a “ressalvas” à
ilicitude da conduta. Desta forma, o que a Doutrina quis dizer foi que, basicamente, quando o art. 121 do CP diz que “matar alguém”
é crime, ele na verdade quer dizer que “matar alguém é crime, exceto se houver alguma causa de justificação”.
Esta é uma teoria que conta com alguns adeptos e, independentemente disso, o fato é que o termo “erro de tipo permissivo” é
largamente utilizado e, portanto, digno de nota!

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A enfermeira, em regra, não responde por crime algum, salvo se ficar demonstrado que
agiu de forma negligente (por exemplo, se tinha plenas condições de saber que se tratava
de veneno, ou se podia desconfiar das intenções do médico, etc.).

3 Erro de proibição

A culpabilidade (terceiro elemento do conceito analítico de crime) é formada por alguns elementos,
dentre eles, a POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE.

A POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE é a possibilidade de o agente, de acordo com suas


características, conhecer o caráter ilícito do fato. Não se trata do parâmetro do homem médio, MAS DE UMA
ANÁLISE DA PESSOA DO AGENTE.

Quando o agente age acreditando que sua conduta não é ilícita, comete erro de proibição (art. 21 do
CP).

O erro de proibição pode ser:

➢ Escusável – Nesse caso, era impossível àquele agente, naquele caso concreto, saber que sua
conduta era contrária ao Direito. Nesse caso, exclui-se a culpabilidade e o agente é isento de
pena.
➢ Inescusável – Nesse caso, o erro do agente quanto à proibição da conduta não é tão perdoável,
pois era possível, mediante algum esforço, entender que se tratava de conduta ilícita. Assim,
permanece a culpabilidade, respondendo pelo crime, com pena diminuída de um sexto a um
terço (conforme o grau de possibilidade de conhecimento da ilicitude).

EXEMPLO: Um cidadão do interior do país, pessoa bem simples e de pouca instrução


formal, encontra um bem (relógio de ouro, por exemplo) e fica com ele para si. Entretanto,
mal sabe ele que essa conduta é crime, estando prevista no CP (apropriação de coisa
achada). Vejamos:

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou
força da natureza:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Parágrafo único - Na mesma pena incorre: (...)

Apropriação de coisa achada

II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de
restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro
no prazo de 15 (quinze) dias.

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Percebam que até mesmo uma pessoa de razoável intelecto é capaz de não conhecer a ilicitude desta
conduta5. Assim, o agente, diferentemente do que ocorre no erro de tipo, REPRESENTA PERFEITAMENTE A
REALIDADE (Sabe que a coisa não é sua, é uma coisa que foi perdida por alguém), mas ACREDITA QUE A
CONDUTA É LÍCITA.

Imaginem, no mesmo exemplo, que o camarada que achou o relógio, na verdade, soubesse que não
podia ficar com as coisas dos outros, mas acreditasse que o relógio era um relógio que ele tinha perdido
horas antes (quando, na verdade, era o relógio de outra pessoa). Nesse caso, o agente sabia que não podia
praticar a conduta de “se apropriar de coisa alheia perdida” (Não há, portanto, erro de proibição), mas
acreditou que a coisa não era “alheia”, achando que fosse sua (erro de tipo). Ficou clara a diferença?

Agente comete o fato criminoso POR ACHAR


ERRO DE PROIBIÇÃO
QUE A CONDUTA NÃO É PROIBIDA ==5fa25==

O erro de proibição pode ser direto (que é a hipótese mencionada) ou indireto. O erro de proibição
indireto ocorre quando o agente atua acreditando que existe uma causa de justificação que o ampare.
Contudo, não confundam o erro de proibição indireto com o erro de tipo permissivo. Ambos se referem à
existência de uma causa de justificação (excludente de ilicitude), mas há uma diferença fundamental entre
eles:

• Erro de tipo permissivo – O agente atua acreditando que, no caso concreto, estão presentes os
requisitos fáticos que caracterizam a causa de justificação e, portanto, sua conduta seria justa.
Ex.: José atira contra seu filho, de madrugada, pois acreditava tratar-se de um ladrão
(acreditava que as circunstâncias fáticas autorizariam agir em legítima defesa).
• Erro de proibição indireto – O agente atua acreditando que existe, EM ABSTRATO, alguma
descriminante (causa de justificação) que autorize sua conduta. Trata-se de erro sobre a
existência e/ou limites de uma causa de justificação em abstrato. Erro, portanto, sobre o
ordenamento jurídico6. Ex.: José encontra-se num barco que está a naufragar. Como possui
muitos pertences, precisa de dois botes, um para se salvar e outro para salvar seus bens.
Contudo, Marcelo também está no barco e precisa salvar sua vida. José, no entanto, agride
Marcelo, impedindo-o de entrar no segundo bote, já que tinha a intenção de utilizá-lo para
proteger seus bens. Neste caso, José não representou erroneamente a realidade fática (sabia
exatamente o que estava se passando). José, contudo, errou quanto aos limites da causa de
justificação (estado de necessidade), que não autoriza o sacrifício de um bem maior (vida de
Marcelo) para proteger um bem menor (pertences de José).

5 Não se exige que o agente conheça EXATAMENTE a tipificação penal de sua conduta, bastando que ele saiba que sua conduta é
ilícita. Assim, se o agente pratica uma determinada conduta que sabe ser ilícita (embora não saiba a qual crime se refere), NÃO HÁ
ERRO DE PROIBIÇÃO. Haveria, aqui, o que se chama de “erro de subsunção”, que é irrelevante para fins de determinação da
responsabilidade penal do agente. Isso ocorre porque não se exige do agente que saiba EXATAMENTE a que tipo penal corresponde
sua conduta. Basta que se verifique ser possível ao agente, de acordo com suas características pessoas e sociais, saber que sua
conduta é ilícita (Isso é o que se chama de VALORAÇÃO PARALELA NA ESFERA DO PROFANO, OU DO LEIGO).
6 BITENCOURT, Op. cit., p. 524/525

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4 Descriminante putativa x delito putativo

Não se deve confundir descriminante putativa com delito putativo.

As descriminantes putativas são quaisquer situações nas quais o agente incida em erro por acreditar
que está presente uma situação que, se de fato existisse, tornaria sua ação legítima (a doutrina majoritária
limita estes casos às excludentes de ilicitude).

EXEMPLO: Imagine que o agente está numa casa de festas e ouça gritos de “fogo”! Supondo
haver um incêndio, corre atropelando pessoas, agredindo quem está na frente, para poder
se salvar. Na verdade, tudo não passava de um trote. Nesse caso, o agente agrediu pessoas
(moderadamente, é claro), para se salvar, supondo haver uma situação que, se existisse
(incêndio) justificaria a sua conduta (estado de necessidade). Dessa forma, há uma
descriminante putativa por estado de necessidade putativo (descriminante putativa).

No delito putativo acontece exatamente o oposto do que ocorre no erro de tipo, no erro de proibição
e nas descriminantes putativas (seja de que natureza forem). O agente acredita que está cometendo o
crime, quando, na verdade, está cometendo um INDIFERENTE PENAL.

EXEMPLO: Um cidadão, sem querer, esbarra no carro de um terceiro, causando danos no


veículo. Com medo de ser preso, foge. Na verdade, ele acredita que está cometendo crime
de DANO CULPOSO, mas não sabe que o CRIME DE DANO CULPOSO NÃO EXISTE.
Portanto, há, aqui, DELITO PUTATIVO.

DESCRIMINANTES PUTATIVAS X DELITO PUTATIVO


Agente acredita não estar cometendo crime algum, por
DESCRIMINANTES PUTATIVAS incidir em erro. Contudo, está praticando uma conduta
típica e ilícita.
Agente comete um INDIFERENTE PENAL, mas acredita
DELITO PUTATIVO
estar praticando crime.

DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO PENAL

 Arts. 20 e 21 do CP - Tratam do erro (em suas mais variadas formas):

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Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a


consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
 STF - RHC 79788 – O STF possui alguns julgados no sentido de ser possível o reconhecimento da ocorrência
de erro de tipo em relação ao crime de estupro de vulnerável, quando a vítima claramente aparenta ter bem
mais que 14 anos:

(...) O erro quanto à idade da ofendida é o que a doutrina chama de erro de tipo, ou seja, o
erro quanto a um dos elementos integrantes do erro do tipo. A jurisprudência do tribunal
reconhece a atipicidade do fato somente quando se demonstra que a ofendida aparenta
ter idade superior a 14 (quatorze) anos. Precedentes. No caso, era do conhecimento do
réu que a ofendida tinha 12 (doze) anos de idade. 3. Tratando-se de menor de 14 (quatorze)
anos, a violência, como elemento do tipo, é presumida. Eventual experiência anterior da

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ofendida não tem força para descaracterizar essa presunção legal. Precedentes. Ademais,
a demonstração de comportamento desregrado de uma menina de 12 (doze) anos implica
em revolver o contexto probatório. Inviável em Habeas. 4. O casamento da ofendida com
terceiro, no curso da ação penal, é causa de extinção da punibilidade (CP, art. 107, VIII). Por
analogia, poder-se-ia admitir, também, o concubinato da ofendida com terceiro.
Entretanto, tal alegação deve ser feita antes do trânsito em julgado da decisão
condenatória. O recorrente só fez após o trânsito em julgado. Negado provimento ao
recurso.

(RHC 79788, Relator(a): Min. NELSON JOBIM, Segunda Turma, julgado em 02/05/2000, DJ
17-08-2001 PP-00052 EMENT VOL-02039-01 PP-00142)

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ERRO DE TIPO ACIDENTAL


O erro de tipo acidental nada mais é que um erro na execução do fato criminoso ou um desvio no nexo
causal da conduta com o resultado1. Pode se apresentar de diversas formas:

1.1 Erro sobre a pessoa (error in persona)

Aqui o agente pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, por confundi-la com a pessoa que
deveria ser o alvo do delito. Neste caso, o erro é irrelevante, pois o agente responde como se tivesse
praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA. Essa previsão está no art. 20, §3° do CP.

Aqui o sujeito executa perfeitamente a conduta, ou seja, não existe falha na execução do delito. O erro
está em momento anterior (na representação mental da vítima).

Ex.: João quer matar seu pai, pois está com raiva em razão da partilha dos bens de sua mãe.
João fica na espreita e, quando vê uma pessoa chegar, acreditando ser seu pai, mira bem
no crânio e lasca um balaço certeiro, fazendo com que a vítima caia desfalecida. Após,
verifica que a pessoa não era seu pai, mas seu irmão.

Neste caso o agente responderá como se tivesse praticado o delito contra seu pai (pessoa visada) e
não pelo homicídio contra seu irmão. Trata-se da teoria da equivalência.

1.2 Erro sobre o nexo causal

No erro sobre o nexo causal o agente alcança o resultado efetivamente pretendido, mas em razão de
um nexo causal diferente daquele que o agente planejou. Pode ser de duas espécies:

1.2.1 Erro sobre o nexo causal em sentido estrito

Aqui o agente, com um só ato, provoca o resultado pretendido (mas com nexo causal diferente).

Ex.: José dispara dois tiros contra Maria, visando sua morte. Maria, em razão dos disparos, cai na
piscina, e morre por afogamento.

O agente responde pelo que efetivamente ocorreu (morte por afogamento).2

1.2.2 Dolo geral ou aberratio causae

Aqui temos o que se chama de DOLO GERAL OU SUCESSIVO. É o engano no que se refere ao meio de
execução do delito. Ocorre quando o agente, acreditando já ter ocorrido o resultado pretendido, prática
outro ato, mas ao final verifica que este último foi o que provocou o resultado.

1 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 376


2 Por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 380

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Ex.: O agente atira contra a vítima, visando sua morte. Acreditando que a vítima já morreu,
atira o corpo num rio, visando sua ocultação. Mais tarde, descobre-se que esta última
conduta foi a que causou a morte da vítima, por afogamento, pois ainda estava viva.

Embora, tenhamos dois crimes (um homicídio doloso tentado na primeira conduta e um homicídio
culposo consumado na segunda conduta), a Doutrina majoritária entende que o agente responde por
apenas um crime, pelo crime originalmente previsto (homicídio doloso consumado 3), tendo sido adotada
a TEORIA UNITÁRIA (ou princípio unitário).4

Mas qual o nexo causal que se deve considerar? O pretendido ou o efetivamente ocorrido? Embora
não haja unanimidade, prevalece o entendimento de que deve o agente responder pelo nexo causal
efetivamente ocorrido (e não pelo pretendido).5

1.3 Erro na execução (aberratio ictus)

Aqui o agente atinge pessoa diversa daquela que fora visada, não por confundi-la, mas por ERRAR NA
HORA DE EXECUTAR O DELITO. Imagine que o agente, tentando acertar “A”, erre o tiro e acaba acertando
“B”. No erro sobre a pessoa o agente não “erra o alvo”, ele “acerta o alvo”, mas o alvo foi confundido. SÃO
COISAS DIFERENTES!

A aberratio ictus pode decorrer de mero acidente durante a execução do delito (não houve má
execução pelo infrator, mas mero acidente).

Ex.: José deseja matar Maria. Sabendo que Maria usa seu carro todas as manhãs para ir ao
trabalho, coloca uma bomba no veículo, que será acionada assim que for dada a partida no
carro. Maria, contudo, não usa o carro naquele dia, e quem acaba ligando o veículo é seu
marido, que vem a falecer em razão da bomba. Vejam que, aqui, o agente não errou na
hora de executar o ato criminoso, mas acabou atingindo pessoa diversa em razão de
acidente no curso da empreitada criminosa.

Nesse caso, assim como no erro sobre a pessoa, o agente responde pelo crime originalmente
pretendido. Esta é a previsão do art. 73 do CP6.

No que tange às consequências, o erro na execução pode ser de duas ordens:

3 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Volume 1. Ed. Impetus. Niterói-RJ, 2015, p. 360
4 Doutrina minoritária (mas muito importante) sustenta que o agente deva responder por dois crimes em concurso: homicídio doloso
tentado (primeira conduta) + homicídio culposo consumado (segunda conduta). Trata-se da adoção da teoria do desdobramento.
5 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 380/381
6Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender,

atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste
Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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1.3.1 Erro sobre a execução com unidade simples (Aberratio ictus de resultado único)

O agente atinge somente a pessoa diversa daquela visada. Neste caso, responde como se tivesse
atingido a pessoa visada (e não aquela efetivamente atingida), da mesma forma como ocorre no erro sobre
a pessoa.

EXEMPLO: José quer lesionar Maria, e atira contra ela uma pedra. Todavia, erra o alvo e
acaba acertando Paulo. Neste caso, José responde pela lesão corporal praticada. Todavia,
devemos levar em consideração as condições pessoais de Maria, não as de Paulo, na hora
de aplicar a pena. Assim, se Maria era a mãe de José, José terá sua pena agravada (crime
praticado contra ascendente, art. 61, II, “e” do CP), mesmo não tendo atingido Maria.

1.3.2 Erro sobre a execução com unidade complexa (Aberratio ictus de resultado duplo)

O agente atinge a vítima não visada, mas atinge também a vítima originalmente pretendida. Nesse
caso, responde pelos dois crimes, em CONCURSO FORMAL.

EXEMPLO: José quer lesionar Maria, e atira contra ela uma pedra. Todavia, além de acertar Maria, a pedra
acaba acertando também Paulo, que passava na hora. Neste caso, José responde pelos dois crimes.

1.4 Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio


delicti ou aberratio criminis)

Aqui o agente pretendia cometer um crime, mas, por acidente ou erro na execução, acaba cometendo
outro. Aqui há uma relação de pessoa x coisa (ou coisa x pessoa). Na aberratio ictus há uma relação de
pessoa x pessoa. Pode ser de duas espécies:

1.4.1 Com unidade simples

O agente atinge apenas o resultado NÃO PRETENDIDO. O agente responde apenas por um delito, da
seguinte forma:

▪ Pessoa visada, coisa atingida – Responde pelo dolo em relação à pessoa (tentativa de homicídio ou
lesões corporais).

Ex.: José atira contra Maria, querendo sua morte. Contudo, erra na execução e acaba por
atingir uma planta. Neste caso, José responde apenas pela tentativa de homicídio.

▪ Coisa visada, pessoa atingida – Responde apenas pelo resultado ocorrido em relação à pessoa.

Ex.: Imagine que alguém atire uma pedra num veículo parado, com o dolo de danificá-lo
(art. 163 do CP). Entretanto, o agente erra o alvo e atinge o dono, que estava perto,
causando-lhe a morte (art. 121, §3º do CP). Nesse caso, o agente acaba por cometer CRIME
DIVERSO DO PRETENDIDO. Responderá apenas pelo crime praticado efetivamente
(homicídio culposo).

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1.4.2 Com unidade complexa

O agente atinge tanto o alvo (coisa ou pessoa) quanto a coisa (ou pessoa) não pretendida. Aplica-se,
neste caso, a mesma regra do erro na execução: atingindo ambos os bens jurídicos (o pretendido e o não
pretendido) responderá por AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO FORMAL (art. 70 do CP).7

CUIDADO! Se o agente visa atingir uma pessoa (lesões corporais, por exemplo) e, além de atingir a pessoa
visada, acaba também quebrando uma vidraça, ele NÃO responde por lesões corporais dolosas + dano
culposo, pois NÃO HÁ CRIME DE DANO CULPOSO.

1.5 Erro sobre o objeto (error in objecto)

Aqui o agente incide em erro sobre a COISA visada, sobre o objeto material do delito.

Ex.: O agente pretende subtrair uma valiosa obra de arte. Entra à noite na residência mas
==5fa25==

acaba furtando um quadro de pequeno valor, por confundir com a obra pretendida.

O CP não previu esta hipótese de erro, mas diante de sua possibilidade fática, a Doutrina se debruçou
sobre o tema. Uma vez ocorrendo erro sobre o objeto, não há qualquer relevância para fins de afastamento
do do dolo ou da culpa, bem como não se afasta a culpabilidade. O agente responderá pelo delito.

Mas qual delito? Neste caso, há divergência doutrinária. A doutrina majoritária, porém, sustenta que
o agente deve responder pela conduta efetivamente praticada (independentemente da coisa visada).
Assim, no exemplo anterior, o agente responderia pelo furto do quadro de pequeno valor (e não pelo furto
da obra de arte valiosa).

DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO PENAL

 Arts. 20 e 21 do CP - Tratam do erro (em suas mais variadas formas):

Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

7 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 379

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Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a


consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FGV/2023/CGE-SC/AUDITOR)

Arthur é servidor público de determinado órgão da Administração Pública, quando recebe uma ligação
ameaçadora, informando que sua esposa, Aline, está em poder de sequestradores, devendo Arthur praticar
determinado ato administrativo, em benefício dos criminosos, sob pena de grave ofensa à integridade física
de Aline. Arthur se sente ameaçado e apavorado, com justo receio pela integridade física de sua esposa.

No caso narrado, na hipótese de Arthur efetivamente praticar o ato de ofício requerido, é correto afirmar
que

A) Arthur responderá por prevaricação caso não se comprove o efetivo risco à integridade física de Aline.

B) Arthur age em excludente de ilicitude, uma vez que a situação narrada representa estado de necessidade.

C) Arthur age em excludente de culpabilidade, uma vez que a situação narrada é de coação moral irresistível.

D) se Aline estiver realmente sob poder de criminosos, é o caso de coação física irresistível.

E) Arthur age em erro de tipo, por não saber se Aline está efetivamente sob o poder dos criminosos,
excluindo-se a tipicidade.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, na hipótese de Arthur efetivamente praticar o ato de ofício requerido, é correto afirmar que terá
agido em coação moral irresistível (art. 22 do CP), que é causa excludente de culpabilidade, por
inexigibilidade de conduta diversa:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

GABARITO: Letra C

2. (FGV/2022/TRT13)

Mário estava em uma festa e ficou completamente embriagado após ingerir um refrigerante sem saber que
o barman tinha incluído uma substância entorpecente em sua bebida. Nessa situação, Mário subtraiu o
celular de Alice e foi embora do local. Posteriormente, foi constatado, na perícia, que Mário estava
completamente embriagado e sem capacidade de determinar o caráter ilícito do fato.

Nesse caso, é correto afirmar que Mário

A) não responderá por crime, tendo em vista que houve exclusão da ilicitude, em razão do exercício regular
de direito.

B) não responderá por crime, tendo em vista que houve exclusão da culpabilidade, em razão do exercício
regular de direito.

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C) não responderá por crime, tendo em vista que, em razão da imputabilidade do agente, existe uma
excludente de culpabilidade.

D) não responderá por crime, tendo em vista que, em razão da inimputabilidade, houve exclusão da
culpabilidade.

E) praticou o crime de furto, previsto no art. 155, caput do CP.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, Mário será isento de pena tendo em vista sua inimputabilidade em razão da embriaguez
acidental completa, decorrente de caso fortuito, o que gera exclusão da culpabilidade, nos termos do art.
28, §1º do CP:

Art. 28 (...) § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

GABARITO: Letra D

3. (FGV/2022/SEAD-AP)

Alice, 16 anos, foi sequestrada por Túlio, três dias antes de Túlio completar 18 anos. Após passar 9 dias em
cativeiro, as investigações para encontrar Alice foram bem sucedidas e Alice foi então libertada.

Nessa situação hipotética, podemos afirmar que Túlio

A) deve responder por ato infracional análogo ao crime de sequestro e cárcere privado.

B) será considerado inimputável e não será penalmente responsabilizado.

C) será considerado inimputável e será penalmente responsabilizado.

D) será considerado imputável para todos os fins penais, porque trata-se de crime continuado, em que a
consumação se prolonga no tempo.

E) será considerado imputável para todos os fins penais, porque trata-se de crime permanente, em que a
consumação se prolonga no tempo.

COMENTÁRIOS

Pela teoria da atividade (ou da ação), considera-se praticado o crime no momento da conduta, ainda que
outro seja o momento do resultado (art. 4º do CP).

O crime em questão (sequestro) é um crime permanente, ou seja, sua execução se prolonga no tempo, e
todo o período de permanência (período da execução do delito) é considerado como “momento do crime”.
Logo, o crime começou a ser praticado quando Túlio tinha menos de 18 anos, mas só terminou de executar
o delito quando já possuía mais de 18 anos.

Assim, Túlio chegou a praticar a conduta criminosa já sendo maior de idade (ainda que tenha começado a
execução antes), de forma que será considerado imputável, ou seja, deverá responder pelo crime.

GABARITO: Letra E

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4. (FGV/2022/SENADO)

Durante assalto a uma joalheria, dois homens armados obrigaram a gerente, mediante grave ameaça, a abrir
o cofre e a acondicionar as joias que estavam guardadas ali em uma mochila, que eles levaram consigo na
fuga.

Com base no caso descrito e no conceito tripartite de crime, assinale a afirmativa correta.

A) A cooperação da gerente com os roubadores é um fato penalmente atípico.

B) Em razão da ameaça, a gerente não agiu com dolo ao colaborar com os roubadores.

C) A gerente não agiu de forma culpável, apesar de haver cometido um injusto penal.

D) A gerente cometeu o crime de roubo em concurso de agentes, mas é favorecida por uma escusa
absolutória.

E) A gerente agiu em legítima defesa, razão por que a sua colaboração com os roubadores é justificada.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, a gerente agiu em situação de coação moral irresistível (art. 22 do CP), que é causa excludente
de culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Logo, a gerente não agiu de forma culpável, apesar de haver cometido um injusto penal (injusto penal = fato
típico + ilicitude).

GABARITO: Letra C

5. (FGV/2022/PCAM)

O conceito analítico de crime o divide em Fato Típico; Ilícito ou Antijurídico e Culpável. A culpabilidade, por
sua vez, é composta pela imputabilidade, pela potencial consciência da ilicitude e pela inexigibilidade de
conduta diversa.

Dentre as causas que excluem a imputabilidade penal encontram-se:

A) coação física irresistível, menoridade e embriaguez acidental completa.

B) embriaguez acidental incompleta, menoridade e obediência hierárquica.

C) embriaguez acidental completa, menoridade e doença mental.

D) embriaguez preordenada, coação moral irresistível e erro de proibição.

E) coação moral irresistível, exercício regular de direito e menoridade.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, apenas a letra C está correta, eis que a embriaguez acidental completa (art. 28, §1º do CP), a
menoridade (art. 27 do CP) e a doença mental (art. 26 do CP) podem afastar a imputabilidade penal.

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Friso, porém, que a doença mental nem sempre irá afastar a imputabilidade penal, somente quando o agente
era, em razão da doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

GABARITO: Letra C

6. (FGV/2022/TJDFT)

Constituem elementos da culpabilidade:

A) inimputabilidade, potencial consciência da lei e inexigibilidade de uma conduta diversa;

B) maioridade, potencial consciência da lei e inexigibilidade de uma conduta diversa;

C) imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e exigibilidade de uma conduta diversa;

D) maioridade, potencial conhecimento da ilicitude e exigibilidade de uma conduta diversa;

E) imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e inexigibilidade de uma conduta diversa.

COMENTÁRIOS

Os elementos da culpabilidade, considerando-se que o CP adota a teoria normativa pura da culpabilidade


(mais precisamente a teoria limitada) são: imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e
exigibilidade de uma conduta diversa.

A ausência de qualquer destes elementos, portanto, gera ausência de culpabilidade e o agente será isento
de pena.

GABARITO: Letra C

7. (FGV/2022/MPE-BA/ESTÁGIO JURÍDICO)

Esteban, jovem graduando em Direito, viaja com a associação atlética de sua universidade para festividades
em cidade do interior do Estado. Em meio às confraternizações, substância entorpecente é oferecida a
Esteban por seus colegas. A fim de superar sua timidez, o agente aceita consumir as referidas drogas,
atingindo embriaguez completa. Ao recobrar os sentidos, Esteban tinha em sua posse um relógio que furtou
naquela noite, tendo os colegas lhe contado que havia também agredido alunos da universidade rival,
invadido domicílio e praticado crime de dano aos pertences dos citados alunos.

Acerca da culpabilidade e da teoria da actio libera in causa, é correto afirmar que:

A) a embriaguez por caso fortuito ou força maior não atenua nem isenta o réu de pena;

B) ao passo que a embriaguez voluntária agrava a pena do agente, a embriaguez preordenada apenas
justifica a imposição de pena criminal;

C) Esteban não poderá ser responsabilizado criminalmente, posto que ausente vontade livre e consciente,
em razão da embriaguez completa;

D) o direito penal brasileiro apenas autoriza a punição do agente quando a embriaguez é preordenada, assim
entendida a conduta do agente que se utiliza da substância para praticar o crime;

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E) tratando-se de embriaguez voluntária, culposa ou preordenada, o agente poderá ser responsabilizado


pelas ações praticadas no contexto de embriaguez, fixando-se como parâmetro para aferição da
culpabilidade o momento de consumo da substância.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, o agente deverá ser responsabilizado pelos crimes praticados, eis que, nos termos do Código
Penal (art. 28, §1º), somente a embriaguez acidental (aquela decorrente de caso fortuito ou força maior)
completa (que retira totalmente a capacidade do agente) é que afasta a imputabilidade do agente e,
portanto, afasta sua culpabilidade.

A embriaguez voluntária (agente quer se embriagar), culposa (se embriaga pela imprudência na ingestão da
substância e a embriaguez preordenada (agente quer se embriagar com a intenção de cometer o delito
embriagado) não afastam a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, II do CP, sendo necessário registrar
que a embriaguez preordenada funciona, ainda, como circunstância agravante, nos termos do art. 61, II, “L”
do CP.

Nos casos de embriaguez não acidental (culposa, voluntária ou preordenada) o agente é punido em razão da
teoria da actio libera in causa, ou seja, apesar de o agente não ter capacidade de discernimento ou de
autodeterminação ao tempo da conduta delituosa, deverá ser punido porque tinha total capacidade quando
decidiu, deliberadamente, ingerir a substância (álcool ou outra). Assim, deve ser responsabilizado pelos
eventuais atos criminosos que venha a praticar em situação de embriaguez, pois tinha plena consciência de
seus atos no momento em que se colocou na situação de embriaguez.

GABARITO: Letra E

8. (FGV/2021/TJSC/NOTÁRIO)

Flávia, pessoa humilde, presta serviços de faxineira em serventia extrajudicial localizada na cidade de
Florianópolis. Em determinada data, Flávia foi abordada na saída de sua residência por pessoas ligadas ao
tráfico dominante na localidade, que determinaram que ela transportasse e guardasse arma de fogo em seu
trabalho, pois terceiro iria no dia seguinte ao local para buscar o material bélico. Os traficantes afirmaram
que se Flávia não atendesse àquela determinação, seria expulsa de sua casa, não tendo mais onde morar,
bem como que sua mãe também sofreria as consequências. Em razão disso, Flávia transportou um revólver,
de calibre de uso permitido, mas com numeração de série suprimida, para o trabalho, escondendo o material
em uma lixeira.
Após receber denúncia, a autoridade policial determinou a realização de diligência no local.

Com autorização dos responsáveis, os policiais civis apreenderam a arma guardada por Flávia, que esclareceu
o ocorrido.

Considerando apenas as informações expostas, é correto afirmar que Flávia agiu:

A) sob coação moral resistível, devendo ser reconhecida a prática do crime de porte de arma de fogo de uso
permitido, com causa de diminuição de pena;

B) sob coação física irresistível, afastando-se a culpabilidade de sua conduta;

C) sob coação moral irresistível, afastando-se a culpabilidade de sua conduta;

D) sob coação moral irresistível, afastando-se a ilicitude de sua conduta;

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E) em legítima defesa, afastando-se a ilicitude de sua conduta.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, Flávia agiu sob coação moral irresistível, pois somente praticou o fato típico e ilícito porque fora
ameaçada pelas pessoas ligadas ao tráfico de drogas. Logo, não há exigibilidade de conduta diversa nesse
caso, de maneira que ficará afastada a culpabilidade de Flávia, nos termos do art. 22 do CP.

GABARITO: Letra C

9. (FGV / 2020 / MPE-RJ)

Ramon foi denunciado pela prática de um crime de estupro simples, sendo constatado ao longo da instrução,
por meio de exame de insanidade mental, que, na data dos fatos, ele era inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato em razão de desenvolvimento mental incompleto.

Confirmada a autoria e a materialidade, no momento das alegações finais, caberá ao promotor de justiça
buscar:

A) o reconhecimento da autoria e materialidade, sendo, porém, o agente isento de pena, de modo que
caberá aplicação de medida de segurança em razão da inimputabilidade de Ramon;

B) a absolvição própria do agente, não sendo aplicada qualquer pena privativa de liberdade ou medida de
segurança, diante da inimputabilidade do agente;

C) a absolvição imprópria de Ramon, aplicando-se pena privativa de liberdade, com causa de diminuição de
pena em razão da inimputabilidade;

D) a condenação do réu, reduzindo-se a pena aplicada, porém, em um a dois terços em razão da semi-
imputabilidade do agente;

E) a absolvição imprópria de Ramon, aplicando-se medida de segurança, diante da semi-imputabilidade do


agente.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, como restou comprovado que Ramon, em razão de doença mental, era, ao tempo do fato,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de sua conduta, deverá o Juiz, uma vez comprovada a
autoria e a materialidade do fato, reconhecer a isenção de pena pela inimputabilidade decorrente de doença
mental, proferindo sentença absolutória imprópria, de modo que caberá aplicação de medida de segurança
em razão da inimputabilidade de Ramon:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

GABARITO: Letra A

10. (FGV / 2018 / CÂMARA DE SALVADOR)

No dia 25 de dezembro de 2017, Carlos, funcionário público, recebe uma visita inesperada de João, seu
superior hierárquico, em sua residência. João informa a Carlos que estava sendo investigado pela prática de

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um delito e exige que este altere informação em determinado documento público, mediante falsificação, de
modo a garantir que não sejam obtidas provas do crime que vinha sendo investigado, assegurando que, caso
a ordem não fosse cumprida, sequestraria o filho de Carlos e que a restrição da liberdade perduraria até o
atendimento da exigência. Diante desse comportamento de João, Carlos falsifica o documento público, mas
vem a ser descoberto e denunciado pela prática do crime previsto no Art. 297 do Código Penal (falsificação
de documento público).

Com base apenas nessas informações, o advogado de Carlos deveria alegar, em busca de sua absolvição, a
ocorrência de:

A) coação moral irresistível, causa de exclusão da culpabilidade;

B) estrita obediência à ordem de superior hierárquico, causa de exclusão da culpabilidade;

C) estado de necessidade, causa de exclusão da ilicitude;

D) coação moral irresistível, causa de exclusão da ilicitude;

E) estrita obediência à ordem de superior hierárquico, causa de exclusão da ilicitude.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, Carlos agiu sob coação moral irresistível, pois somente praticou o fato típico e ilícito porque fora
ameaçado por João. Logo, não há exigibilidade de conduta diversa nesse caso, de maneira que ficará afastada
a culpabilidade de Carlos, nos termos do art. 22 do CP.

GABARITO: Letra A

11. (FGV – 2018 – TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Gabriel, 25 anos, desferiu, de maneira imotivada,
diversos golpes de madeira na cabeça de Fábio, seu irmão mais novo. Após ser denunciado pelo crime de
lesão corporal gravíssima, foi realizado exame de insanidade mental, constatando-se que, no momento da
agressão, Gabriel, em razão de desenvolvimento mental incompleto, não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato.

Diante da conclusão do laudo pericial, deverá ser reconhecida a:

(A) inimputabilidade do agente, afastando-se a culpabilidade;

(B) semi-imputabilidade do agente, afastando-se a culpabilidade;

(C) inimputabilidade do agente, afastando-se a tipicidade;

(D) semi-imputabilidade do agente, que poderá funcionar como causa de redução de pena;

(E) semi-imputabilidade do agente, afastando-se a tipicidade.

COMENTÁRIOS

Neste caso, como o agente não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato, deve ser
considerado SEMI-IMPUTÁVEL, respondendo pelo crime, mas com pena reduzida de um a dois terços em
razão da semi-imputabilidade, na forma do art. 26, §único do CP:

Art. 26 (...)

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Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado
não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Perceba-se que há uma diferença ENORME entre ser inteiramente incapaz, que é o caso do inimputável (art.
26) e não ser inteiramente capaz (parcialmente capaz), que é o caso da questão (art. 26, §único do CP).

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

12. (FGV – 2015 – TCM-SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO – CIÊNCIAS JURÍDICAS) Dois prefeitos de cidades
vizinhas, Ricardo e Bruno, encontram-se em um bar, após uma reunião cansativa de negócios. Ricardo
bebia doses de whisky e, mesmo não sendo essa sua intenção, acabou ficando embriagado. Enquanto isso,
Bruno bebia apenas refrigerante, mas foi colocado em seu copo um comprimido de substância psicotrópica
por um eleitor de sua cidade, que também o deixou completamente embriagado. Após, ainda alterados,
cada um volta para a sede de sua prefeitura e apropriam-se de bens públicos para proveito próprio.

Considerando o fato narrado, é correto afirmar que:

(A) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez de ambos decorreu de força maior;

(B) Ricardo deverá responder pelo crime praticado, enquanto Bruno é isento de pena;

(C) Ricardo e Bruno deverão responder pelos crimes praticados, pois a embriaguez nunca exclui a
imputabilidade penal;

(D) Ricardo e Bruno, caso sejam denunciados, responderão criminalmente perante a Câmara de Vereadores;

(E) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez do primeiro foi culposa e do segundo decorreu
de força maior.

COMENTÁRIOS

No caso em tela, apenas Ricardo responderá pelo delito que praticou, pois sua embriaguez decorreu de culpa
sua, o que não afasta a imputabilidade penal. Bruno, por sua vez, não pode responder pelo crime praticado,
pois sua embriaguez completa decorreu de força maior (ação de terceira pessoa), não tendo ocorrido por
culpa de Bruno. Vejamos:

Emoção e paixão

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
(...)

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos


análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso


fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de

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entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse


entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

13. (FGV – 2015 – TCE-RJ – AUDITOR) A embriaguez provocada pelo uso do álcool pode excluir a
culpabilidade quando:

a) for preordenada;

b) decorrer de força maior e diminuir a capacidade de entender a ilicitude do fato;

c) for culposa;

d) for patológica;

e) for habitual.

COMENTÁRIOS

A embriaguez, como regra, não exclui a culpabilidade. Assim, a embriaguez preordenada, a embriaguez
culposa e a embriaguez habitual não são capazes de afastar a imputabilidade penal.

Com relação à embriaguez decorrente de força maior, ela só excluirá a imputabilidade penal quando RETIRAR
POR COMPLETO a capacidade de o agente entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com este entendimento. Caso apenas diminua essa capacidade (letra B), o agente responderá pelo delito,
mas terá sua pena diminuída.

Por fim, em relação à embriaguez patológica, ela é equiparada à doença mental, motivo pelo qual PODE
afastar a culpabilidade do agente (nos termos do art. 26 do CP, não do art. 28), de forma que a letra D (apesar
de incompleta) está correta.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

14. (FGV – 2015 – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA-AL – PROCURADOR) A doutrina majoritária brasileira


entende que haverá crime diante de uma conduta típica, ilícita e culpável.

Sobre a culpabilidade, assinale a afirmativa correta.

a) O erro de tipo é causa de exclusão da culpabilidade em seu elemento potencial da ilicitude.

b) A conduta em coação física irresistível, apesar de típica e ilícita, não enseja punição do agente por ausência
de culpabilidade.

c) O estrito cumprimento do dever legal é tratado pelo Código Penal como causa excludente de
culpabilidade.

d) A embriaguez culposa completa não exclui a imputabilidade penal.

e) O exercício regular do direito é causa legal de exclusão da culpabilidade.

COMENTÁRIOS

A) ERRADA: Item errado, pois o erro de tipo afasta a tipicidade, não a culpabilidade.

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B) ERRADA: Item errado, pois a coação FÍSICA irresistível exclui a conduta. A coação MORAL irresistível é que
exclui a culpabilidade.

C) ERRADA: Item errado, pois o estrito cumprimento do dever legal não atua sobre a culpabilidade, mas
sobre a ilicitude do fato.

D) CORRETA: Item correto, pois a embriaguez CULPOSA nunca exclui a culpabilidade, ainda que seja
completa.

E) ERRADA: Item errado, pois o exercício regular do direito não atua sobre a culpabilidade, mas sobre a
ilicitude do fato.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

15. (FGV – 2015 – OAB – XVI EXAME DE ORDEM) Patrício e Luiz estavam em um bar, quando o primeiro,
mediante ameaça de arma de fogo, obriga o último a beber dois copos de tequila. Luiz ficou inteiramente
embriagado. A dupla, então, deixou o local, sendo que Patrício conduzia Luiz, que caminhava com muitas
dificuldades. Ao encontrarem Juliana, que caminhava sozinha pela calçada, Patrício e Luiz, se utilizando da
arma que era portada pelo primeiro, constrangeram-na a com eles praticar sexo oral, sendo flagrados por
populares que passavam ocasionalmente pelo local, ocorrendo a prisão em flagrante. Denunciados pelo
crime de estupro, no curso da instrução, mediante perícia, restou constatado que Patrício era possuidor
de doença mental grave e que, quando da prática do fato, era inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do seu comportamento, situação, aliás, que permaneceu até o momento do julgamento. Também
ficou demonstrado que, no momento do crime, Luiz estava completamente embriagado. O Ministério
Público requereu a condenação dos acusados. Não havendo dúvida com relação ao injusto, tecnicamente,
a defesa técnica dos acusados deverá requerer, nas alegações finais,

A) a absolvição dos acusados por força da inimputabilidade, aplicando, porém, medida de segurança para
ambos.

B) a absolvição de Luiz por ausência de culpabilidade em razão da embriaguez culposa e a absolvição Patrício,
com aplicação, para este, de medida de segurança.

C) a absolvição de Luiz por ausência de culpabilidade em razão da embriaguez completa decorrente de força
maior e a absolvição imprópria de Patrício, com aplicação, para este, de medida de segurança.

D) a absolvição imprópria de Patrício, com a aplicação de medida de segurança, e a condenação de Luiz na


pena mínima, porque a embriaguez nunca exclui a culpabilidade.

COMENTÁRIOS

No caso em tela o Juiz deverá absolver Luiz, em razão da ausência de culpabilidade, por inimputabilidade
decorrente de embriaguez completa proveniente de força maior, nos termos do art. 28, §1º do CP. Em
relação a Patrício, deverá receber sentença de absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança,
nos termos do art. 26 do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

16. (FGV – 2015 – OAB – XVII EXAME DE ORDEM) Durante um assalto a uma instituição bancária, Antônio
e Francisco, gerentes do estabelecimento, são feitos reféns. Tendo ciência da condição deles de gerentes
e da necessidade de que suas digitais fossem inseridas em determinado sistema para abertura do cofre,
os criminosos colocam, à força, o dedo de Antônio no local necessário, abrindo, com isso, o cofre e

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subtraindo determinada quantia em dinheiro. Além disso, sob a ameaça de morte da esposa de Francisco,
exigem que este saia do banco, levando a sacola de dinheiro juntamente com eles, enquanto apontam
uma arma de fogo para os policiais que tentavam efetuar a prisão dos agentes.

Analisando as condutas de Antônio e Francisco, com base no conceito tripartido de crime, é correto afirmar
que

A) Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco não responderá por
ausência de ilicitude em sua conduta.

B) Antônio não responderá pelo crime por ausência de ilicitude, enquanto Francisco não responderá por
ausência de culpabilidade em sua conduta.

C) Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco não responderá por
ausência de culpabilidade em sua conduta.

D) Ambos não responderão pelo crime por ausência de culpabilidade em suas condutas.

COMENTÁRIOS

No caso em tela, Antônio foi vítima de coação FÍSICA irresistível (não teve vontade alguma, escolha alguma),
de forma que fica afastada a própria configuração do fato típico, dada a ausência de conduta. Francisco, por
sua vez, foi vítima de coação MORAL irresistível, de maneira que agiu sem culpabilidade, nos termos do art.
22 do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

17. (FGV – 2013 – OAB – XI EXAME DE ORDEM) Para aferição da inimputabilidade por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, assinale a alternativa que indica o critério adotado
pelo Código Penal vigente.

a) Biológico.

b) Psicológico.

c) Psiquiátrico.

d) Biopsicológico.

COMENTÁRIOS

Para a aferição da inimputabilidade o CP adotou os critérios “meramente biológico” e “biopsicológico”. O


primeiro foi adotado em relação aos menores de idade, ou seja, basta que sejam menores de 18 anos, sem
que haja necessidade de qualquer avaliação específica das condições psicológicas do agente no caso
concreto.

O critério biopsicológico, por sua vez, foi adotado em relação aos doentes mentais, nos termos do art. 26 do
CP.

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

18. (FGV – 2012 – OAB – VIII EXAME DE ORDEM) Analise as hipóteses abaixo relacionadas e assinale a
alternativa que apresenta somente causas excludentes de culpabilidade.

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a) Erro de proibição; embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior; coação moral
irresistível.

b) Embriaguez culposa; erro de tipo permissivo; inimputabilidade por doença mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

c) Inimputabilidade por menoridade; estrito cumprimento do dever legal; embriaguez incompleta.

d) Embriaguez incompleta proveniente de caso fortuito ou força maior; erro de proibição; obediência
hierárquica.

COMENTÁRIOS

Das alternativas apresentadas a única que traz apenas hipóteses de exclusão da culpabilidade é a letra A,
pois tanto o erro de proibição quanto a embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior e
a coação moral irresistível são causas de exclusão da culpabilidade, nos termos dos arts. 21, 22 e 28, §1º do
CP.

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

19. (FGV – IX EXAME UNIFICADO DA OAB) Acerca das causas excludentes de ilicitude e extintivas de
punibilidade, assinale a afirmativa incorreta.

A) A coação moral irresistível exclui a culpabilidade, enquanto que a coação física irresistível exclui a própria
conduta, de modo que, nesta segunda hipótese, sequer chegamos a analisar a tipicidade, pois não há
conduta penalmente relevante.

B) Em um bar, Caio, por notar que Tício olhava maliciosamente para sua namorada, desfere contra este um
soco no rosto. Aturdido, Tício vai ao chão, levantando-se em seguida, e vai atrás de Caio e o interpela quando
este já estava saindo do bar. Ao voltar-se para trás, atendendo ao chamado, Caio é surpreendido com um
soco no ventre. Tício praticou conduta típica, mas amparada por uma causa excludente de ilicitude.

C) Mévio, atendendo a ordem dada por seu líder religioso e, com o intuito de converter Rufus, permanece
na residência deste à sua revelia, ou seja, sem o seu consentimento. Neste caso, Mévio, mesmo cumprindo
ordem de seu superior e mesmo sendo tal ordem não manifestamente ilegal, pratica crime de violação de
domicílio (Art. 150 do Código Penal), não estando amparado pela obediência hierárquica.

D) O consentimento do ofendido não foi previsto pelo nosso ordenamento jurídico-penal como uma causa
de exclusão da ilicitude. Todavia, sua natureza justificante é pacificamente aceita, desde que, entre outros
requisitos, o ofendido seja capaz de consentir e que tal consentimento recaia sobre bem disponível.

COMENTÁRIOS

A) O item está perfeito. A coação pode ser física ou moral. A coação física exclui a própria conduta, já que há
mero movimento corporal, sem qualquer elemento subjetivo. Portanto, atuando sobre a conduta, exclui-se
o fato típico (tipicidade). A coação moral irresistível, por sua vez, não exclui o fato típico, mas a culpabilidade,
pois o agente pratica conduta (atividade corporal + elemento subjetivo), mas essa conduta está viciada, já
que o agente está sob forte ameaça, de forma que ausente o elemento da culpabilidade consistente na
exigibilidade de conduta diversa. O art. 22 do CP trata da situação, embora diga apenas “coação irresistível”:

Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

B) O item está errado. No caso, Tício não está amparado por nenhuma causa de exclusão da ilicitude. Trata-
se, apenas, de vingança;

C) O item está correto. Nesse caso não há possibilidade de se falar em obediência hierárquica, primeiro
porque esta causa de exclusão da culpabilidade só é admissível nas relações de serviço público, e em segundo
lugar porque a ordem é manifestamente ilegal;

D) O item está correto. O nosso ordenamento previu apenas quatro espécies de causas de exclusão da
ilicitude, não estando entre elas o consentimento do ofendido. Contudo, a Doutrina entende que o
consentimento do ofendido, desde que válido e em relação a bens disponíveis, constitui-se como uma causa
de exclusão da ilicitude, já que tornaria a ação legítima, deixando de ser injusta, portanto.

Portanto, a ALTERNATIVA ERRADA É A LETRA B.

20. (FCC – 2017 – TRF5 – OFICIAL DE JUSTIÇA) A coação moral irresistível

a) torna o fato atípico.

b) é causa excludente de ilicitude.

c) é circunstância que sempre atenua a pena.

d) tem o mesmo tratamento legal da coação física irresistível.

e) é causa de isenção da pena.

COMENTÁRIOS

A coação moral irresistível é causa de exclusão da culpabilidade, pois afasta um dos elementos da
culpabilidade que é a “exigibilidade de conduta diversa”. A expressão “causa de isenção de pena” não é
errada, pois o CP, muitas vezes, trata de causas de exclusão da culpabilidade como “causas de isenção de
pena”.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

21. (FCC – 2015 – TRE-RR – ANALISTA JUDICIÁRIO) Paulo é estudante de uma determinada faculdade do
Estado de Roraima, cursando o primeiro semestre. No início deste ano de 2015 Paulo é submetido a um
trote acadêmico violento e, amarrado, é obrigado a consumir à força bebida alcoólica e substância
entorpecente. Após o trote, Paulo, completamente embriagado e incapacitado de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento por conta desta embriaguez e do
uso de droga, desloca-se até uma Delegacia de Polícia da cidade de Boa Vista, onde tramita um inquérito
contra ele por crime de lesão corporal dolosa decorrente de uma briga em uma casa noturna, e oferece R$
10.000,00 em dinheiro ao Delegado de Polícia para que este não dê prosseguimento às investigações.
Paulo acaba preso em flagrante pela Autoridade Policial. No caso hipotético exposto, Paulo

a) praticou crime de corrupção ativa e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de condenação.

b) é isento de pena pelo crime cometido nas dependências da Delegacia de Polícia.

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c) praticou crime de corrupção ativa e não terá a pena reduzida no caso de condenação pela embriaguez.

d) praticou crime de concussão e não terá a pena reduzida no caso de condenação.

e) praticou crime de concussão e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de condenação.

COMENTÁRIOS

Paulo praticou a conduta típica prevista no art. 333 do CP, ou seja, em tese teria praticado o delito de
corrupção ativa.

Contudo, a questão deixa claro que ele se encontrava inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, situação decorrente de embriaguez ocasionada
por FORÇA MAIOR. Assim, Paulo é inimputável e, segundo o CP, isento de pena (afasta a culpabilidade), nos
termos do art. 28, §1º do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

22. (FCC – 2015 – TRT9 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) São causas de inimputabilidade previstas no Código Penal,
além de doença mental e desenvolvimento mental incompleto ou retardado:

a) emoção e paixão; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior; idade inferior a 18
anos.

b) idade inferior a 16 anos; embriaguez voluntária; coação irresistível.

c) idade inferior a 18 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior.

d) idade inferior a 21 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior; legítima
defesa.

e) emoção e paixão; idade inferior a 18 anos; embriaguez preordenada.

COMENTÁRIOS

Dentre as alternativas apresentadas, apenas a letra C traz hipóteses de inimputabilidade previstas no CP,
pois a idade inferior a 18 anos é causa de inimputabilidade, bem como o é a embriaguez completa,
decorrente de caso fortuito ou força maior, nos termos do art. 27 e 28, §1º do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

23. (FCC – 2015 – TRE-AP – ANALISTA JUDICIÁRIO) Maria é aprovada no vestibular para uma determinada
Universidade Federal. No dia da matrícula, Maria, caloura, é recebida pelos alunos veteranos da
universidade e submetida a um trote acadêmico violento. Além de outras coisas que foi obrigada a fazer,
Maria foi amarrada em uma cadeira de bar e obrigada a ingerir bebida alcoólica até ficar completamente
embriagada e sem qualquer possibilidade de entender o caráter ilícito de um fato ou de determinar-se de
acordo com este entendimento. Maria é liberada do trote e sai do bar, dirigindo-se até o seu veículo que
estava estacionado em via pública, sem conseguir movimentá-lo. Abordada por policiais, desacatou-os.
Neste caso, no que concerne ao crime de desacato,

(A) terá a pena reduzida de um a dois terços.

(B) estará isenta de pena.

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(C) terá a pena reduzida de metade.

(D) terá a pena reduzida em 1/6.

(E) terá a pena aumentada de 1/3.

COMENTÁRIOS

No caso em tela Maria estará isenta de pena, pois é considerada inimputável neste caso. A embriaguez
completa, desde que proveniente de caso fortuito ou força maior (como foi o caso), exclui a imputabilidade
penal, nos termos do art. 28, §1º do CP, desde que o agente seja, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

24. (FCC – 2014 – TRF4 – OFICIAL DE JUSTIÇA) No direito brasileiro legislado, desde que subtraia por
completo o entendimento da ilicitude ou a determinação por ela, a embriaguez terá, genericamente, o
condão de excluir total ou parcialmente a imputabilidade penal quando for

(A) não preordenada.

(B) oriunda de culpa consciente.

(C) oriunda de culpa inconsciente.

(D) oriunda de caso fortuito.

(E) não premeditada.

COMENTÁRIOS

A embriaguez somente pode excluir total ou parcialmente a imputabilidade penal quando for oriunda de
caso fortuito ou força maior, nos termos do art. 28, §§1º e 2º do CP:

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
(...)

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso


fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

25. (FCC – 2014 – TJ-CE – JUIZ) Na coação moral irresistível, há exclusão da

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a) antijuridicidade.

b) culpabilidade, por inimputabilidade.

c) culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa.

d) tipicidade.

e) culpabilidade, por impossibilidade de conhecimento da ilicitude.

COMENTÁRIOS

A coação MORAL irresistível exclui a culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa. Vejamos o art. 22
do CP:

Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Embora o artigo fale apenas em coação irresistível, somente a coação MORAL irresistível exclui a
culpabilidade. A coação FÍSICA irresistível exclui o fato típico, pois não há um dos elementos, que é a conduta,
por ausência de vontade.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

26. (FCC – 2014 – CÂMARA MUNICIPAL-SP – PROCURADOR LEGISLATIVO) Há uma crítica doutrinária
bastante conhecida e frequente ao fundamento teórico da punição, no direito brasileiro, dos crimes
cometidos em estado de embriaguez. Pode-se sintetizá-la afirmando que essa punição, ao fundar-se na
teoria

a) da equivalência dos antecedentes causais, simplesmente equaliza as diversas modalidades de embriaguez,


não permitindo uma justa diferenciação de seus variados graus de reprovabilidade.

b) objetiva pura alemã, não considera as diversas situações subjetivas desencadeantes da embriaguez, e, por
consequência, não propicia a devida diferenciação entre seus variados graus de reprovabilidade.

c) da actio libera in causa, não é facilmente extensível aos casos de embriaguez não preordenada ou mesmo
meramente culposa, propiciando-se, eventualmente, situações de responsabilização penal estritamente
objetiva.

d) puramente normativa da culpabilidade (Welzel), esvazia o juízo da consciência da ilicitude que, de efetivo
e concreto, se torna puramente exigível e potencial, respondendo o agente indistintamente pelo crime, ainda
que compreensivelmente não tivesse condições ou razões reais para não se embriagar nas circunstâncias em
que o fato se deu.

e) monista temperada, acaba comportando situações graves de impunidade, notadamente nos crimes
cometidos com culpa consciente e limítrofes ao dolo eventual.

COMENTÁRIOS

O item correto é o da letra C. Isso porque o Brasil adotou a teoria da actio libera in causa, segundo a qual o
agente deve ser punido pelo crime praticado em estado de embriaguez se ele se colocou livremente nessa

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situação (ainda que culposamente ou sem intenção de praticar crimes). Tal teoria prega que embora não
haja imputabilidade no momento do crime, existia livre consciência no momento da embriaguez, ou seja, a
ação era consciente “na causa” (a embriaguez).

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

27. (FCC – 2013 – TJ-PE – TITULAR NOTARIAL) A inimputabilidade por peculiaridade mental ou etária
exclui da conduta a

a) tipicidade.

b) tipicidade e a antijuridicidade, respectivamente.

c) antijuridicidade.

d) antijuridicidade e a culpabilidade, respectivamente.

e) culpabilidade.

COMENTÁRIOS

A inimputabilidade por doença mental ou em razão da idade gera exclusão da culpabilidade, por ser a
inimputabilidade um elemento da culpabilidade que, por sua vez, é o terceiro elemento na divisão analítica
do crime.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

28. (FCC – 2012 – TRF5 – ANALISTA JUDICIÁRIO) Em matéria penal, a embriaguez incompleta, resultante
de caso fortuito ou de força maior,

a) não suprime a imputabilidade penal, mas diminui a capacidade de entendimento gerando uma causa geral
de diminuição de pena.

b) não exclui, nem diminui, a imputabilidade penal, não operando qualquer efeito na aplicação da pena.

c) é hipótese de elisão da imputabilidade penal porque afeta a capacidade de compreensão, tornando o


agente isento de pena.

d) não exclui, nem diminui, a imputabilidade penal, servindo como circunstância agravante.

e) embora não suprima a imputabilidade penal, é censurável, e serve como circunstância agravante.

COMENTÁRIOS

Tal embriaguez NÃO exclui a imputabilidade penal, pois não é completa. Contudo, é causa de diminuição de
pena. Vejamos:

Art. 28 (...)

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,


proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

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29. (FCC – 2011 – TCE-SP – PROCURADOR) Constitui causa de exclusão da culpabilidade

A) a embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, em virtude da impossibilidade de o


agente conhecer a ilicitude do fato.

B) o erro sobre a ilicitude do fato, em decorrência da não imputabilidade do agente.

C) a doença mental ou o desenvolvimento mental incompleto ou retardado, em função de não se poder


exigir conduta diversa do agente.

D) a menoridade, em virtude da impossibilidade de o agente conhecer a ilicitude do fato.

E) a coação moral irresistível, em função de não se poder exigir conduta diversa do agente.

COMENTÁRIOS

A) ERRADA: Como vimos no art. 28, § 1° do CP a embriaguez fortuita completa só exclui a culpabilidade
quando o agente for inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito da conduta ou de determinar-se
conforme este entendimento, consequência esta que é possível, mas não inerente à embriaguez completa.

B) ERRADA: Pois nem sempre o erro sobre a ilicitude exclui a culpabilidade. Esse erro deverá ser escusável.
Mais, ainda que exclua a culpabilidade, não será por falta de imputabilidade, mas por ausência de potencial
consciência da ilicitude. CUIDADO!

C) ERRADA: A simples presença da doença não exclui a culpabilidade. Como vimos, o Brasil adotou o critério
biopsicológico, sendo necessário que, além da doença, fique provado que o agente não era capaz de
entender o caráter ilícito da conduta.

D) ERRADA: A menoridade, de fato, exclui a culpabilidade, mas não pela ausência de potencial consciência
da ilicitude, como diz a questão, mas por ausência de imputabilidade, num critério meramente biológico.

E) CORRETA: A coação moral irresistível exclui a culpabilidade, pois, nas circunstâncias, não se podia exigir
do agente que se comportasse conforme o Direito.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

30. (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR) A coação moral irresistível e a obediência hierárquica são
causas de exclusão da

A) culpabilidade.

B) antijuridicidade.

C) ilicitude.

D) tipicidade.

E) punibilidade.

COMENTÁRIOS

A) CORRETA: Trata-se de causas em que não há um dos elementos da culpabilidade, que é a inexigibilidade
de conduta diversa. Assim, a alternativa está correta.

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B) ERRADA: Como vimos, as causas que excluem a ilicitude são: a) estado de necessidade; b) legítima defesa;
c) exercício regular de um direito; d) estrito cumprimento do dever legal.

C) ERRADA: A ilicitude é sinônimo de antijuridicidade, portanto, está incorreta, nos termos do comentário à
alternativa B.

D) ERRADA: A exigibilidade de conduta diversa é um dos elementos da culpabilidade, não da tipicidade,


motivo pelo qual a questão está incorreta, já que a tipicidade é meramente o juízo de subsunção entre o fato
cometido e a hipótese legal incriminadora, que faz surgir a presunção de ilicitude.

E) ERRADA: Ocorrendo uma dessas circunstâncias, a culpabilidade resta afastada, de forma que o crime não
existe (pois a culpabilidade é um de seus elementos). Assim, não surge o poder de punir do Estado
(punibilidade).

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

31. (FCC – 2010 – MPE-SE – ANALISTA – DIREITO) Desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
embriaguez decorrente de caso fortuito e menoridade constituem, dentre outras, excludentes de

A) tipicidade

B) ilicitude

C) punibilidade

D) antijuridicidade

E) culpabilidade

COMENTÁRIOS

A) ERRADA: Constituem hipóteses de exclusão da culpabilidade, em razão da ausência de imputabilidade do


agente, nos termos dos arts. 26, 27 e 28 do CP.

B) ERRADA: Constituem hipóteses de exclusão da culpabilidade, em razão da ausência de imputabilidade do


agente, nos termos dos arts. 26, 27 e 28 do CP.

C) ERRADA: Constituem hipóteses de exclusão da culpabilidade, em razão da ausência de imputabilidade do


agente, nos termos dos arts. 26, 27 e 28 do CP.

D) ERRADA: Constituem hipóteses de exclusão da culpabilidade, em razão da ausência de imputabilidade do


agente, nos termos dos arts. 26, 27 e 28 do CP.

E) CORRETA: Conforme estudamos, se o agente se encontrar em uma dessas condições, restará excluída a
sua culpabilidade, posto que a lei considera que, nestas hipóteses, o agente não podia entender o caráter
ilícito de sua conduta e se comportar conforme o Direito.

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

32. (FCC – 2011 – TER/AP – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Exclui a imputabilidade penal, nos
termos preconizados pelo Código Penal,

A) a embriaguez voluntária pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

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B) a emoção e a paixão.

C) a embriaguez culposa pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

D) se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou


retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.

E) a embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior, se o agente era, ao tempo da ação
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.

COMENTÁRIOS

A) ERRADA: A embriaguez voluntária não exclui a culpabilidade, em nenhuma hipótese, nos termos do art.
28, II do CP.

B) ERRADA: Nos termos do art. 28, I do CP, a emoção e a paixão também não excluem a culpabilidade.

C) ERRADA: A embriaguez culposa, tal qual a voluntária, não exclui a culpabilidade do agente, nos termos do
art. 28, II do CP.

D) ERRADA: Se ele não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, será considerado semi-
imputável, mas deverá ser condenado e sua pena ser diminuída, em razão da menor culpabilidade em
relação aos demais.

E) CORRETA: Nos termos do art. 28, § 1° do CP, se o agente estava involuntariamente embriagado, de
maneira completa, de forma que não tinha condições de entender o caráter ilícito do fato e se comportar
conforme o Direito, estará excluída sua culpabilidade.

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

33. (FCC – 2007 – ISS/SP – AUDITOR-FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL) São pressupostos da culpabilidade

a) a falta de cuidado, a previsibilidade do resultado e a exigibilidade de conduta diversa.

b) a imputabilidade, a possibilidade de conhecimento da ilicitude e a falta de cuidado.

c) a previsibilidade do resultado, a imputabilidade e a falta de cuidado.

d) a possibilidade de conhecer a ilicitude, a exigibilidade de conduta diversa e a falta de cuidado.

e) a imputabilidade, a possibilidade de conhecer a ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.

COMENTÁRIOS

A culpabilidade é um juízo acerca das condições pessoais do agente, de forma a aferir se a este pode ser
imputado o fato típico e ilícito.

A Doutrina moderna elenca três elementos para a culpabilidade:

Imputabilidade - O agente deve ser penalmente imputável (Maior de 18 anos e mentalmente são);

Potencial consciência da ilicitude - Deve ser analisado se aquela pessoa, naquelas circunstâncias, tinha
condições de entender que sua conduta era contrária ao Direito;

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Exigibilidade de conduta diversa - Devem ser analisadas as circunstâncias pessoais e fáticas para se saber se
a pessoa que praticou o fato típico e ilícito se encontrava em condições de agir de outra maneira ou se não
era possível exigir desta pessoa que agisse conforme o Direito.

Assim, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

34. (FCC – 2007 – ISS/SP – AUDITOR-FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL) A doença mental, a perturbação
de saúde mental e o desenvolvimento mental incompleto ou retardado

a) refletem na culpabilidade, de modo a excluí-la ou a atenuá-la.

b) excluem a ilicitude da conduta.

c) isentam sempre de pena.

d) extinguem a punibilidade.

e) excluem a tipicidade.

COMENTÁRIOS

Todos estes fatores (doença mental, perturbação mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado) interferem diretamente na culpabilidade do agente, e podem levar à inimputabilidade (excluindo
a culpabilidade) ou à semi-imputabilidade (atenuando a pena). Vejamos:

Inimputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado
não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Assim, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

35. (FCC – 2008 – PGE/SP – PROCURADOR) Exclui a culpabilidade, em decorrência da não-


imputabilidade,

a) a emoção.

b) a embriaguez não-acidental.

c) a coação moral irresistível.

d) a menoridade.

e) o erro sobre a ilicitude do fato.

COMENTÁRIOS

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A culpabilidade é o Juízo de reprovabilidade acerca do fato praticado pelo agente. Temos como elemento da
culpabilidade:

▪ IMPUTABILIDADE;

▪ POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE;

▪ EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA.

Dentre as afirmativas à disposição, a única que contempla uma causa que exclui a IMPUTABILIDADE é a letra
D, que trata da menoridade. Vejamos:

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos


às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Embora a coação moral irresistível exclua a culpabilidade, nos termos do art. 22 do CP, não o faz sobre a
imputabilidade, mas sobre a exigibilidade de conduta diversa.

O erro sobre a ilicitude do fato também PODE excluir a culpabilidade, mas não age sobre a imputabilidade,
mas sobre a potencial consciência da ilicitude, nos termos do art. 21 do CP.

Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

36. (FCC – 2007 – MPU – ANALISTA) Considere:

I. Estado de necessidade.

II. Estrito cumprimento de dever legal.

III. Obediência hierárquica.

IV. Exercício regular de um direito.

V. Legítima defesa putativa.

São excludentes da culpabilidade SOMENTE o que se considera em

a) I e V.

b) II e III.

c) III e V.

d) I, II e IV.

e) II, III e IV.

COMENTÁRIOS

As causas excludentes de culpabilidade estão previstas no art. 22 do CP. Vejamos:

Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

No entanto, a legítima defesa putativa também é considerada causa de exclusão de culpabilidade (embora
parte da Doutrina entenda que se trate de exclusão da ilicitude). A legítima defesa putativa é a conduta na
qual o agente pratica o ato acreditando que está acobertado por uma situação de legítima defesa, quando,
na verdade, não está. Vejamos o que diz o art. 20, §1º do CP:

Art. 20 - (...)

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

37. (FCC - 2013 - TJ-PE - Juiz) A coação moral irresistível e a obediência hierárquica excluem a

a) tipicidade e a culpabilidade, respectivamente.

b) tipicidade.

c) culpabilidade.

d) culpabilidade e a tipicidade, respectivamente.

e) punibilidade e a ilicitude, respectivamente.

COMENTÁRIOS

Tanto a coação MORAL irresistível quanto a obediência hierárquica excluem a culpabilidade, conforme prevê
o art. 22 do CP:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

38. (VUNESP – 2019 – ISS-GUARULHOS – AUDITOR)

Assinale a alternativa correta, no que tange ao tratamento que o CP dá à imputabilidade penal (arts. 26 a
28).

A) Aplicar-se-á exclusivamente medida de segurança se, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado o agente não era inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

B) É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

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C) Os menores de 21 (vinte e um) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
estabelecidas na legislação especial.

D) A emoção ou a paixão excluem a imputabilidade penal para os delitos que exigem especial fim de agir.

E) A embriaguez culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, exclui a imputabilidade penal.

COMENTÁRIOS

a) ERRADA: Item errado, pois neste caso temos a figura do semi-imputável, que não é isento de pena, mas
tem sua pena reduzida de um a dois terços, na forma do art. 26, § único do CP.

b) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão do art. 26 do CP:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

c) ERRADA: Item errado, pois a maioridade penal é alcançada aos 18 anos, ou seja, a inimputabilidade por
idade atinge apenas os menores de 18 anos, na forma do art. 27 do CP.

d) ERRADA: Item errado, pois a emoção e a paixão não afastam a imputabilidade penal, nos termos do art.
28, I do CP.

e) ERRADA: Item errado, pois a embriaguez voluntária ou culposa não afasta a imputabilidade penal, na
forma do art. 28, II do CP.

GABARITO: LETRA B

39. (VUNESP – 2018 – PC-BA - ESCRIVÃO) A respeito da imputabilidade penal, é correto afirmar que tal
instituto

(A) figura como um dos elementos da culpabilidade.

(B) cuida da capacidade física do agente de praticar o ilícito.

(C) figura como um dos requisitos da punibilidade.

(D) não exclui da aplicação da lei penal fato praticado durante a embriaguez involuntária completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior.

(E) não exclui a menoridade (criança e adolescente) da aplicação da lei penal.

COMENTÁRIOS

a) CORRETA: Item correto, pois a imputabilidade penal é um dos elementos da culpabilidade (os outros dois
são a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa).

b) ERRADA: Item errado, pois a imputabilidade penal cuida da capacidade MENTAL do agente de entender o
caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com este entendimento.

c) ERRADA: Item errado, pois a imputabilidade penal é um dos elementos da culpabilidade, não da
punibilidade.

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d) ERRADA: Item errado, pois no caso de embriaguez acidental completa (decorrente de caso fortuito ou
força maior), afasta-se a imputabilidade penal do agente, na forma do art. 28, §1º do CP.

e) ERRADA: Item errado, pois a menoridade afasta a imputabilidade penal, conforme art. 27 do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

40. (VUNESP – 2018 – PC-BA - INVESTIGADOR) De acordo com o Estatuto Penal brasileiro, são elementos
da culpabilidade a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
Sobre a imputabilidade, assinale a alternativa correta.

(A) O conceito de imputabilidade penal compreende a capacidade mental do indivíduo, considerando-se


apenas a sua idade ao tempo do crime.

(B) Entre as causas de exclusão da imputabilidade, encontra-se a embriaguez completa ou incompleta, mas
sempre voluntária.
==5fa25==

(C) A legislação penal brasileira adotou o critério Biopsicológico como aquele de aferição da imputabilidade,
independentemente da idade do infrator ao tempo do fato.

(D) Ao agente que, em virtude da perturbação da saúde mental, não for inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, poderá ser imposta pena como
sanção, porém com redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços).

(E) O agente que por embriaguez incompleta e voluntária não for, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato será isento de pena.

COMENTÁRIOS

a) ERRADA: Item errado, pois a idade do agente é um dos fatores, mas não é o único. O agente pode ser
maior de idade e ser, ainda assim, considerado inimputável por outro motivo.

b) ERRADA: Item errado, pois a embriaguez voluntária nunca afasta a imputabilidade penal, na forma do art.
28, II do CP.

c) ERRADA: Item errado, pois em relação à menoridade penal, o critério adotado foi o biológico, ou seja, leva-
se em conta apenas a idade. Em relação ao critério biopsicológico, ele foi adotado, por exemplo, no que
tange à inimputabilidade por doença mental.

d) CORRETA: Item correto, pois neste caso temos a situação do semi-imputável, que pode receber pena, mas
com redução de um a dois terços, conforme art. 26, § único do CP.

e) ERRADA: Item errado, pois a embriaguez voluntária nunca afasta a imputabilidade penal, na forma do art.
28, II do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

41. (VUNESP – 2017 – DPE-RO – DEFENSOR PÚBLICO) Sendo positivos os elementos que configuram o
delito e constatada a semi-imputabilidade do acusado, o juiz pode, atendendo aos demais critérios legais,

a) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou absolvê-lo, pois não há outra previsão legal.

b) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou determinar que se submeta a tratamento ambulatorial ou, ainda,
determinar sua internação.

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c) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou determinar que se submeta a tratamento ambulatorial, pois não
há outra previsão legal.

d) absolver o acusado, por ausência de tipicidade, especialmente por falta de elemento subjetivo do tipo ou
suspender o processo, pois não há outra previsão legal.

e) declarar extinta a punibilidade do acusado ou absolvê-lo por ausência de tipicidade, especialmente por
falta de elemento subjetivo do tipo.

COMENTÁRIOS

No caso de semi-imputável o Juiz poderá reduzir a pena de um a dois terços, na forma do art. 26, § único do
CP. Todavia, o Juiz pode, ainda, substituir a pena privativa de liberdade por medida de segurança, que pode
consistir em internação ou tratamento ambulatorial, na forma do art. 98 do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

42. (VUNESP – 2016 – TJ-SP – TITULAR NOTARIAL) Assinale a alternativa correta.

a) A embriaguez culposa, por álcool ou substância de efeitos análogos, exclui a imputabilidade penal.

b) O agente que em virtude de perturbação da saúde mental não era, ao tempo da ação, inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, é isento de
pena.

c) A paixão ou a emoção não excluem a imputabilidade penal.

d) Os menores de dezoito anos são semi-imputáveis, pois estão sujeitos às normas do Estatuto da Criança e
do Adolescente.

COMENTÁRIOS

a) ERRADA: Item errado, pois a embriaguez CULPOSA não exclui a imputabilidade penal, nos termos do art.
28, II do CP.

b) ERRADA: Item errado, pois para que haja a exclusão da imputabilidade é necessário que o agente seja
INTEIRAMENTE INCAPAZ. No caso, a questão disse que o agente não era inteiramente capaz, o que significa
que era parcialmente capaz. Neste caso, não ficará isento de pena, mas poderá ter sua pena reduzida de um
a dois terços, na forma do art. 26, § único do CP.

c) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 28, I do CP.

d) ERRADA: Item errado, pois os menores de 18 anos são INIMPUTÁVEIS, e não semi-imputáveis, nos termos
do art. 27 do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

43. (VUNESP – 2016 – IPSMI – PROCURADOR) Tício, maior de 18 anos, é portador de doença mental,
necessitando de medicação diária. A doença, por si só, não prejudica a capacidade de compreensão.
Todavia, a medicação, ingerida em conjunto com bebida alcoólica em quantidade, provoca surtos
psicóticos, com exclusão da capacidade de entendimento. Tício sabe dos efeitos do álcool, em excesso, em
seu organismo, mas costuma beber, moderadamente, justamente para desfrutar dos efeitos que, segundo
ele, “dá barato”. Em uma festa, Tício, sem saber que se tratava de uma garrafa de absinto (bebida de alto

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teor alcoólico), pensando ser gim, preparou um coquetel de frutas e ingeriu. Ao recobrar a consciência,
soube que esfaqueou dois de seus melhores amigos, causando a morte de um e lesão de natureza grave
em outro. A respeito da situação, é correto afirmar que

a) Tício, devido à doença mental, é inimputável, sendo isento de pena.

b) Tício é inimputável, sendo isento de pena, pois praticou o crime em estado de completa embriaguez,
decorrente de caso fortuito.

c) Tício é imputável, pois a embriaguez completa decorreu de culpa. Entretanto, faz jus à redução da pena.

d) Tício é imputável, sendo punido de forma agravada, em vista da embriaguez pré-ordenada.

e) Tício, por ser maior de 18 anos, é imputável, sendo irrelevante a circunstância de ter praticado o crime em
estado de completa embriaguez.

COMENTÁRIOS

Questão polêmica! Em casos como este é difícil entender como o agente poderia ser considerado
inimputável, mas o fato é que houve, a princípio, embriaguez acidental. Vejamos:

O agente não é inimputável por doença mental ou menoridade, então esqueçamos isso.

Com relação à embriaguez, ela foi dolosa? Não, pois o agente não queria se embriagar.

A embriaguez foi culposa? Aí é que está o ponto central da questão. No meu modo de ver, e no modo de ver
da Banca, não foi culposa. O agente sabia que estava ingerindo álcool (pois pensou que era Gim), MAS NÃO
SABIA que estava ingerindo absinto, que possui uma graduação alcoólica MUITO superior. Neste caso,
podemos dizer que a embriaguez se deu por culpa do agente, ou seja, porque ele bebeu muito,
imprudentemente, e acabou se embriagando? Creio que não.

Neste caso, o mais razoável é admitir que o agente, de fato, se embriagou em razão de caso fortuito. Assim,
por se tratar de embriaguez completa acidental (caso fortuito), será o agente considerado inimputável.

Naturalmente que o senso comum nos conduz à conclusão de que uma pessoa que faz isso deve ser punida.
Todavia, a resposta da questão deve se pautar exclusivamente pelo que dispõe o CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

44. (VUNESP – 2015 – MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA) Assinale a alternativa correta a respeito
da imputabilidade penal.

(A) Comprovada a doença mental ou o desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o agente será
considerado inimputável para os efeitos legais.

(B) Aos inimputáveis e aos semi-imputáveis, comprovada essa condição por perícia médica, será substituída
a pena por medida de segurança consistente em internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico.

(C) A imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade, ao lado da potencial consciência sobre a ilicitude
do fato e a exigibilidade de conduta diversa.

(D) A imputabilidade, de acordo com o Código Penal, pode se dar por doença mental, imaturidade natural
ou embriaguez do agente.

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(E) A emoção e a paixão, além de não afastarem a imputabilidade penal do agente, podem ser consideradas
como circunstâncias agravantes no momento da fixação da pena.

COMENTÁRIOS

A) ERRADA: Será necessário comprovar, ainda, que em razão destes fatos ele era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, nos termos do art. 26 do CP.

B) ERRADA: Os semi-imputáveis não recebem medida de segurança, mas pena, que pode ser reduzida de um
a dois terços, nos termos do art. 26, § único do CP.

C) CORRETA: Item correto, pois estes são os três elementos da culpabilidade, segundo a teoria limitada da
culpabilidade, adotada pelo CP.

D) ERRADA: Item errado, pois a inimputabilidade, segundo o CP, pode se dar por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, por menoridade ou por embriaguez acidental,
decorrente de caso fortuito ou força maior.

E) ERRADA: Item errado, pois a emoção pode, eventualmente, configurar ATENUANTE genérica, e não
agravante, nos termos do art. 61, III, c, do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

45. (VUNESP – 2015 – PC/CE – ESCRIVÃO) No tocante às disposições do Código Penal relativas à
culpabilidade e imputabilidade, é correto afirmar que

(A) a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

(B) a embriaguez culposa pelo álcool ou substância de efeitos análogos exclui a imputabilidade penal.

(C) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

(D) a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

(E) a embriaguez voluntária pelo álcool ou substância de efeitos análogos exclui a imputabilidade penal.

COMENTÁRIOS

A) ERRADA: Item errado, pois o agente, neste caso, será inimputável, nos termos do art. 26 do CP.

B) ERRADA: A embriaguez culposa não exclui a imputabilidade penal.

C) ERRADA: Item errado, pois se a ordem é manifestamente ilegal aquele que cumpre a ordem também
responde pelo delito, não havendo exclusão de sua culpabilidade.

D) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 26, § único do CP:

Art. 26 (...)

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Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado
não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

E) ERRADA: A embriaguez voluntária ou culposa não exclui a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, II
do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

46. (VUNESP – 2015 – PC/CE – INSPETOR) No tocante às disposições previstas no Código Penal relativas
à culpabilidade, é correto afirmar que

(A) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal,
de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

(B) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal,
de superior hierárquico, é punível o autor da coação ou da ordem tendo o autor do fato a pena diminuída
de um a dois terços.

(C) o fato cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, não excluiu a culpabilidade do autor do fato.

(D) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, mesmo que
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

(E) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, mesmo que
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, é punível o autor da coação ou da ordem tendo o autor do
fato a pena diminuída de um a dois terços.

COMENTÁRIOS

A) CORRETA: Item correto, pois esta é a previsão contida no art. 22 do CP.

B) ERRADA: O executor do ato, neste caso, não pratica crime, diante da exclusão da culpabilidade.

C) ERRADA: Item errado, pelos fundamentos já expostos.

D) ERRADA: Item errado, pois se a ordem é manifestamente ilegal, o executor da ordem também responde
pelo delito.

E) ERRADA: Item errado, pois se a ordem é manifestamente ilegal, o executor da ordem também responde
pelo delito, sem redução de pena.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

47. (VUNESP – 2015 – PC/CE – INSPETOR) Nos termos do Código Penal, a imputabilidade penal é excluída
pela

(A) emoção.

(B) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que torna o autor, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.

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(C) embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, que privou o autor, ao tempo da ação ou da
omissão, da plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

(D) embriaguez completa e culposa que torna o autor, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

(E) paixão.

COMENTÁRIOS

Dentre as alternativas apresentadas apenas a letra B corresponde a uma causa de exclusão da culpabilidade,
nos termos do art. 26 do CP:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

A letra C está errada porque não basta que a embriaguez acidental prive o agente da plena capacidade. É
necessário que ele fique INTEIRAMENTE INCAPAZ de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

48. (VUNESP – 2014 – PC-SP – DELEGADO DE POLÍCIA) A tese supralegal de inexigibilidade de conduta
diversa, se acolhida judicialmente, importa em exclusão

a) da imputabilidade.

b) da pena.

c) de punibilidade.

d) do crime.

e) de culpabilidade.

COMENTÁRIOS

O reconhecimento da inexigibilidade de conduta diversa implica a exclusão da culpabilidade, eis que um dos
elementos da culpabilidade é a EXIGIBILIDADE de conduta diversa.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

49. (VUNESP – 2015 – PC-CE – DELEGADO DE POLÍCIA) Considere que determinado sujeito, portador de
desenvolvimento mental incompleto, ao tempo da ação tinha plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato, mas era inteiramente incapaz de determinar-se de acordo com esse entendimento – o que
fora clinicamente atestado nos autos em perícia oficial. Em consonância com o texto legal do art. 26 do
CP, ao proferir sentença deve o juiz reconhecer sua

a) inimputabilidade.

b) imputabilidade.

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c) semi-imputabilidade, absolvendo-lhe e aplicando-lhe medida de segurança.

d) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe pena diminuída.

e) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe medida de segurança.

COMENTÁRIOS

Como o agente era, ao tempo da ação ou da omissão, INTEIRAMENTE INCAPAZ de determinar-se de acordo
com o Direito, deverá ser reconhecida sua INIMPUTABILIDADE, por força do art. 26 do CP:

Inimputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Veja que o art. 26 exige que o agente seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato OU
(alternativo, portanto) de determinar-se conforme este entendimento, que é o caso da questão.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

50. (VUNESP - 2013 - TJ-SP - ADVOGADO) O gerente de uma determinada agência bancária, após longa
sessão de tortura psicológica infligida a ele pelos bandidos, fornece a chave para abertura do cofre da
agência bancária. Sua conduta encontra guarida na excludente de;

a) ilicitude denominada legítima defesa.

b) ilicitude denominada obediência hierárquica.

c) culpabilidade denominada actio libera in causa.

d) ilicitude denominada coação física irresistível.

e) culpabilidade denominada coação moral irresistível.

COMENTÁRIOS

O gerente, neste caso, agiu sob coação moral irresistível, de maneira que sua conduta está amparada por
uma causa de exclusão da culpabilidade. Vejamos:

Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

51. (VUNESP – 2009 – TJ-SP – JUIZ) Com relação à coação moral irresistível, é correto afirmar que

a) exclui a culpabilidade.

b) exclui a tipicidade.

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c) exclui a antijuridicidade.

d) o coato age sem vontade.

COMENTÁRIOS

A coação moral irresistível é uma causa de exclusão da culpabilidade, pois o agente que recebe a coação age
em razão de uma vontade viciada, decorrente da coação, de forma que se reconhece, no caso, a
inexigibilidade de conduta diversa (não se pode exigir que pratique outra conduta). Neste caso, responde
apenas o autor da coação.

Vejamos:

Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

52. (VUNESP – 2009 – TJ-SP – JUIZ) O pai que, tendo o filho sequestrado e ameaçado de morte, é coagido
por sequestradores armados e forçado a dirigir-se a certa agência bancária para efetuar um roubo a fim
de obter a quantia necessária para o pagamento do resgate e livrar o filho do cárcere privado em que se
encontra pode, em tese, lograr a absolvição com base na alegação de

a) inexigibilidade de conduta diversa.

b) legítima defesa.

c) exercício regular de direito.

d) estrito cumprimento de dever legal.

COMENTÁRIOS

Neste caso temos um exemplo clássico de coação moral irresistível. A coação moral irresistível é uma causa
de exclusão da culpabilidade, pois o agente que recebe a coação age em razão de uma vontade viciada,
decorrente da coação, de forma que se reconhece, no caso, a inexigibilidade de conduta diversa (não se pode
exigir que pratique outra conduta). Neste caso, responde apenas o autor da coação.

Vejamos:

Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETR A.

53. (VUNESP – 2008 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO) "A" foi condenado por crime de roubo. Todavia,
após a prolação da sentença, veio aos autos a prova de que "A" é menor de 18 anos de idade. Nesse caso,

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a) "A" deve ser absolvido por não constituir o fato infração penal.

b) "A" deve ser absolvido por ser inimputável.

c) deve ser anulada ab initio a ação penal, em razão da inimputabilidade do autor do fato.

d) "A" deve ter declarada extinta a punibilidade.

COMENTÁRIOS

No caso em tela, a ação penal deve ser anulada desde o início por ilegitimidade passiva, já que o réu não
poderia figurar nesta condição (de réu), pois os menores de 18 anos (na data do fato) são absolutamente
inimputáveis, respondendo perante o ECA apenas. Vejamos:

Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos


às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

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EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FGV / 2022 / PCERJ)
Perseu, funcionário da loja Olimpo, tem sua atenção chamada para um telefone celular de última geração,
exibido por Medusa, outra funcionária do estabelecimento. Ciente de que o salário que ambos recebem não
permitiria a aquisição do referido aparelho, Perseu passa a questionar a origem do bem, sendo informado
que Medusa o havia recebido de presente de Teseu, seu namorado. Perseu, então, monta um plano para
furtar o celular, aproveitando o término antecipado do seu expediente para levar a bolsa de Medusa.
Chegando em casa, constata que no interior da bolsa havia uma carteira com cartões e sem dinheiro,
maquiagem, guarda-chuva, óculos de sol, óculos de grau, fones de ouvido e o carregador do celular, vindo a
descobrir, por terceiros, que o telefone estava em poder de Medusa, permanecendo o tempo todo no bolso
traseiro da sua calça.
Diante do narrado, Perseu:
(A) responderá por furto, por erro acidental;
(B) responderá por furto, por erro na execução do crime;
(C) não responderá por furto, por erro acidental;
(D) não responderá por furto, por erro na execução do crime;
(E) não responderá por furto, por erro de proibição.

COMENTÁRIOS

Nesse caso houve o que se chama de erro sobre o objeto (error in objecto), modalidade de erro acidental na
qual o agente apenas se equivoca quanto ao objeto material do crime, mas isso não afasta sua
responsabilidade penal (ex.: invadir uma casa para furtar um relógio de marca e se confundir, subtraindo
uma réplica).

GABARITO: Letra A

2. (FGV / 2022 / PM-AM)

Durante operação policial, Alberto, ao incursionar por uma viela, se depara com Sérgio portando um guarda-
chuva. Devido à tensão do momento, Alberto pensa que o objeto nas mãos de Sérgio é uma arma de fogo e,
em razão disso, efetua disparo com sua arma, o que leva Sergio a óbito. Nesse caso, é correto afirmar que a
hipótese é de erro de tipo

A) essencial, na modalidade erro provocado por terceiro.

B) acidental, na modalidade erro na execução.

C) acidental, na modalidade erro sobre a pessoa.

D) essencial, na modalidade erro de tipo permissivo ou delito putativo por erro de tipo.

E) essencial, na modalidade erro de tipo incriminador.

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COMENTÁRIOS

Nesse caso houve o que se chama de erro de tipo permissivo, pois houve um erro sobre os pressupostos
fáticos de uma causa de justificação, ou seja, uma situação de descriminante putativa (no caso, legítima
defesa putativa) por erro sobre as circunstâncias fáticas. O agente policial atuou acreditando que havia uma
situação de agressão injusta iminente contra sua vida (acreditou que havia um criminoso armado prestes a
atirar contra o agente policial), motivo pelo qual atuou com a intenção de repelir a injusta agressão iminente
(agressão injusta que NÃO existia).

Nesse caso, aplica-se o art. 20,§1º do CP:

Art. 20 (...) § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Ou seja, o agente será isento de pena, a menos que se considere que o erro cometido deriva de culpa (caso
se entenda que o agente poderia ter sido mais cauteloso nas circunstâncias), hipótese na qual será
responsabilizado na forma culposa (no caso, homicídio culposo).

Todavia, a letra D, dada como correta, contém um erro. Apesar de se tratar de erro de tipo permissivo, não
se trata de delito putativo por erro de tipo. Delito putativo por erro de tipo ocorre quando o agente pratica
um INDIFERENTE PENAL (conduta sem relevância penal), mas acredita que está praticando crime (ex.:
transporta sal de cozinha acreditando que é cocaína. O agente acredita estar praticando crime, mas não está
praticando conduta típica). Portanto, a questão deveria ter sido anulada, por não haver resposta correta.

GABARITO: Letra D (ANULÁVEL)

3. (FGV / 2022 / PCERJ)


Em determinado set de filmagens, Hades, produtor técnico, entrega arma de fogo verdadeira, devidamente
municiada, para o ator Ares, fazendo-o acreditar que se trata de arma cenográfica, sem potencial de efetuar
disparos. Já tendo lido o script e presenciado os ensaios, Hades sabia previamente que, nas cenas que seriam
filmadas, Ares deveria apontar a arma para Atena e, após breve diálogo, efetuar o disparo para a cena fatal.
Querendo a morte de Atena, em razão de desavenças pretéritas, Hades faz a substituição da arma,
fornecendo-a diretamente a Ares, irrogando o famoso “quebre a perna”. Ares efetua o disparo e ceifa a vida
de Atena.
Do ponto de vista jurídico-penal:
(A) Ares e Hades responderão por homicídio doloso, o primeiro como autor e o segundo como partícipe;
(B) Ares e Hades responderão por homicídio doloso, o primeiro como partícipe e o segundo como autor;
(C) Ares e Hades responderão por homicídio doloso, como coautores;
(D) Ares responderá por homicídio culposo e Hades por homicídio doloso;
(E) Ares não responderá por crime e Hades responderá por homicídio doloso.

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Quanto à responsabilização de Hades (agente provocador), não há discussão, na medida em que se valeu de
Ares como mero instrumento para alcançar o resultado, configurando verdadeira autoria mediata decorrente
de erro determinado por terceiro.

Quanto à responsabilização de ARES, o ator que efetuou o disparo, certamente não é possível sua
responsabilização na forma dolosa, eis que incorreu em erro de tipo essencial determinado por terceiro, o que
afasta o dolo, na forma do art. 20 do CP:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Porém, seria possível sua responsabilização na forma culposa?

Tal só seria possível se considerarmos que ARES (agente provocado e mero executor) cometeu erro evitável
pelas circunstâncias, ou seja, que o erro de ARES (o ator) deriva de culpa1. Para chegarmos a essa conclusão,
seria necessário acreditar que ARES possuiria um dever objetivo de cuidado consistente na obrigação de
checar a arma antes de utilizá-la na cena, o que não parece a solução adequada.2

Pelo princípio da confiança, de crucial aplicação para a perfeita interpretação da existência (ou não) de um
suposto dever objetivo de cuidado, não age com culpa aquele que atua na legítima expectativa de que os
demais envolvidos no evento criminoso agirão dentro da lei, cumprindo cada um o seu dever.

Assim, hipoteticamente, se numa sala de cirurgia o médico recebe do instrumentador um bisturi não esterilizado
e o utiliza, causando a morte do paciente, naturalmente que o médico não terá agido com culpa, eis que
apenas agiu na legítima expectativa de que o instrumento estava pronto (e em perfeitas condições) para uso,
não sendo razoável imaginar que o médico tivesse a obrigação de checar se o instrumento havia passado pelo
processo de esterilização.

Posto isso, concluir que ARES teria agido com culpa no que tange ao resultado narrado na questão implicaria
dizer que ele deveria ter checado se a arma era verdadeira e estava municiada, o que não parece adequado.

Nem se pode invocar que ARES deveria saber tratar-se de uma arma real, e não uma arma cenográfica, eis
que nem todas as pessoas possuem conhecimento técnico suficiente para realizar tal distinção. Diferentemente
seria o caso de ARES, além de ator, ser um conhecido entusiasta de armas, alguém com profundo conhecimento
em armas de fogo, e capaz de perceber a diferença prima facie.

Como a questão não traz qualquer elemento nesse sentido, não há como se admitir que ARES responda por
homicídio culposo.

Inicialmente a Banca considerou (bizarramente) como correta a assertiva que diz que a Hades responderá por
homicídio doloso e Ares responderá por homicídio culposo. Porém, após muita (legítima) gritaria, inclusive com
recurso elaborado pelo Prof. Renan Araujo, o gabarito foi alterado para a alternativa correta: Ares (o ator)
não responderá por crime e Hades responderá por homicídio doloso.

1 MASSON, Cléber. Direito Penal. Vol. 1, Ed. Método – 3º edição, São Paulo/SP, 2009. P. 288

2 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Geral. 7º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p.216/217

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GABARITO: Letra E

4. (FGV/2021/TJSC/NOTÁRIO)
Hugo, funcionário de estabelecimento comercial, insatisfeito com seu empregador e querendo causar-lhe
prejuízo, devidamente uniformizado e identificado, entrega a Jairo, cliente da loja, um aparelho celular que
estava exposto à venda, dizendo tratar-se de um brinde. Jairo, então, coloca o aparelho em seu bolso e sai
da loja, quando é imediatamente abordado por seguranças do local, que encontram o objeto em sua posse
e o levam à delegacia de polícia, onde foi indiciado pelo crime de furto.
Considerando apenas as informações expostas, é correto afirmar que Jairo:
A) poderá ser responsabilizado pelo crime imputado, mas com causa de diminuição de pena, pois agiu em
erro de proibição evitável;
B) poderá ser responsabilizado pelo crime imputado, mas apenas na modalidade culposa, pois agiu em erro
de tipo acidental;
C) não poderá ser punido pelo crime imputado, pois estará isento de pena em razão de erro de proibição
inevitável;
D) não praticou o crime imputado, pois atuou em erro de tipo provocado por terceiro;
E) não praticou o crime imputado, pois atuou em erro de tipo acidental.

COMENTÁRIOS

Quanto à responsabilização Hugo (agente provocador), não há discussão, na medida em que se valeu de Jairo
como mero instrumento para alcançar o resultado (o prejuízo patrimonial ao empregador), configurando
verdadeira autoria mediata decorrente de erro determinado por terceiro.

Quanto à responsabilização de Jairo, certamente não é possível sua responsabilização na forma dolosa, eis
que incorreu em erro de tipo essencial determinado por terceiro, o que afasta o dolo, na forma do art. 20 do
CP:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Jairo pegou para si a coisa alheia móvel porque acreditava ser sua (acreditava ter sido agraciado com um
presente).

Logo, Jairo somente poderia ser responsabilizado (na forma culposa) se ficasse evidenciado que houve pelo
menos culpa de sua parte e desde que houvesse punição pelo crime de furto na forma culposa. Esses requisitos,
porém, não estão presentes.

GABARITO: Letra D

5. (FGV/2021/TJRO)
Ao lado das hipóteses de erros essenciais figuram os chamados erros acidentais, que, ao contrário daqueles,
incidem sobre elementos não essenciais à configuração do crime, não afetando a decisão a respeito da
imputação. Uma hipótese de erro acidental é:

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A) erro de tipo;
B) erro sobre a pessoa;
C) erro de proibição;
D) descriminantes putativas;
E) erro mandamental.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, apenas o erro sobre a pessoa configura uma hipótese de erro acidental. O erro de tipo e o erro
de proibição configuram outras modalidades de erro. As descriminantes putativas, a seu turno, podem
configurar erro de tipo permissivo ou erro de proibição indireto, não se tratando de erro acidental.

Por fim, o erro mandamental nada mais é que o erro em crimes omissivos, decorrente do desconhecimento
da norma mandamental (norma que determina o agir, criminalizando a omissão) ou do desconhecimento
das circunstâncias fáticas que obrigariam a atuação do agente que se omitiu.

GABARITO: Letra B

6. (FGV/2018/MPE-AL)
Durante uma festa rave, Bernardo, 19 anos, conhece Maria, e, na mesma noite, eles vão para um hotel e
mantém relações sexuais. No dia seguinte, Bernardo é surpreendido pela chegada de policiais militares no
hotel, que realizam sua prisão em flagrante, informando que Maria tinha apenas 13 anos. Bernardo, então,
é encaminhado para a Delegacia, apesar de esclarecer que acreditava que Maria era maior de idade, devido
a seu porte físico e pelo fato de que era proibida a entrada de menores de 18 anos na festa rave. Diante da
situação narrada, Bernardo agiu em
A) erro de tipo, tornando a conduta atípica.
B) erro de tipo, afastando o dolo, mas permitindo a punição pelo crime de estupro de vulnerável culposo.
C) erro de proibição, afastando a culpabilidade do agente pela ausência de potencial conhecimento da
ilicitude.
D) erro sobre a pessoa, tornando a conduta atípica.
E) erro de tipo permissivo, gerando causa de redução de pena.

COMENTÁRIOS

Em tese, Bernardo teria praticado o delito do art. 217-A do CP (estupro de vulnerável), por ter mantido
relação sexual com pessoa menor de 14 anos. Contudo, no caso concreto, podemos afirmar que o agente
agiu em erro de tipo essencial, pois representou equivocadamente a realidade (acreditava que Maria tivesse
mais de 14 anos), incorrendo em erro sobre um dos elementos que integram o tipo penal (ser a vítima menor
de 14 anos), nos termos do art. 20 do CP.

Logo, não será punido na forma dolosa. Seria possível a punição na forma culposa se: a) pudéssemos
considerar tratar-se de erro evitável; b) houvesse o tipo penal de estupro de vulnerável na forma culposa.

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Ainda que o primeiro requisito pudesse estar presente, o segundo certamente não está, logo, a conduta de
Bernardo será necessariamente considerada atípica.

GABARITO: Letra A

7. (FGV/2020/MPE-RJ)
Thiago, pessoa financeiramente humilde, alugou uma bicicleta avaliada em R$ 2.000,00 pelo período de 2
(duas) horas para ir até uma entrevista de emprego. Após a entrevista, chateado por não ter conseguido a
vaga pretendida, acabou por pegar a bicicleta de outra pessoa que estava estacionada no mesmo local,
acreditando ser a que alugara. Apesar de o modelo e o valor da bicicleta serem idênticos ao da que havia
alugado, as cores eram diferentes. Cinco minutos depois, Thiago veio a ser abordado por policiais militares
que souberam dos fatos, sendo indiciado, em sede policial, pela prática do crime de furto simples doloso.
No momento do oferecimento da denúncia, o promotor de justiça deverá concluir que a conduta de Thiago
é:
A) típica, mas deverá ser reconhecida causa de diminuição de pena em razão do erro de proibição, que não
era inevitável;
B) típica, mas deverá ser imputado o crime contra o patrimônio de natureza culposa, já que o erro de tipo
era evitável;
C) atípica, em razão do reconhecimento do princípio da insignificância;
D) atípica, diante do erro de proibição;
E) atípica, diante do erro de tipo.

COMENTÁRIOS

Nesse caso o agente subtraiu para si coisa alheia móvel, o que configuraria furto (art. 155 do CP). Porém,
podemos afirmar que o agente agiu em erro de tipo essencial, pois representou equivocadamente a
realidade (acreditava ser sua a coisa que pegou), incorrendo em erro sobre um dos elementos que integram
o tipo penal (“coisa alheia”), nos termos do art. 20 do CP.

Como não existe punição para o crime de furto na forma culposa, ainda que se se tratasse de erro evitável,
o agente não seria responsabilizado criminalmente. Logo, sua conduta é atípica.

GABARITO: Letra E

8. (FGV/2021/FUNSAÚDE)
Durante operação policial em localidade com presença de criminosos armados, o policial Jonathan, temendo
pela sua integridade física e de seus colegas policiais, se assusta ao ver sair de uma casa um homem
segurando um guarda-chuva com ponta metálica.
Por pensar tratar-se de uma arma de fogo e não de um guarda-chuva, Jonathan atira e vem a matar a vítima,
Caio, que saía de casa em direção ao trabalho.
Acerca do erro praticado por Jonathan, assinale a opção que indica a tese de direito material que poderia ser
usada em sua defesa.

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A) Erro de proibição, que, se for entendido como inevitável, isenta de pena e se for evitável poderá reduzi-
la de um sexto a um terço, nos termos do Art. 21 do CP.
B) Erro de tipo incriminador, na medida em que errou sobre um elemento constitutivo do crime, o que
poderia, nos termos do Art. 20, caput, do CP, afastar o dolo e permitir a punição por crime culposo, que
existe no caso do homicídio.
C) Erro na execução, na medida em que pensou que Caio estivesse portando uma arma de fogo, o que faz
com que ele seja isento de pena, nos termos do Art. 73 do CP.
D) Erro de tipo permissivo, previsto no Art. 20, § 1º, do CP, na medida em que acreditava estar diante de
uma situação fática que, se existisse, tornaria sua ação legítima. Se o erro for tido como justificável, ficará
isento de pena. Caso se entenda como evitável, responderá pelo crime na modalidade culposa, legalmente
prevista no caso do homicídio.
E) Erro sobre o objeto, modalidade de erro acidental na qual o agente confunde um objeto com outro, o que
poderá isentar o réu de pena.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, o agente policial agiu acreditando estar atuando em legítima defesa, pois imaginou tratar-se de
um criminoso armado e, portanto, imaginou haver situação fática (agressão injusta iminente) que autorizaria
sua conduta (autorizaria a legítima defesa).

Houve, portanto, legítima defesa putativa. No caso, uma descriminante putativa por erro sobre as
circunstâncias fáticas.

Assim, houve o que se chama de erro de tipo permissivo, previsto no Art. 20, § 1º, do CP, na medida em que
acreditava estar diante de uma situação fática que, se existisse, tornaria sua ação legítima. Se o erro for tido
como justificável, ficará isento de pena. Caso se entenda como evitável, responderá pelo crime na
modalidade culposa, legalmente prevista no caso do homicídio:

Art. 20 (...) § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

GABARITO: Letra D

9. (FGV / 2019 / OAB)


Regina dá à luz seu primeiro filho, Davi. Logo após realizado o parto, ela, sob influência do estado puerperal,
comparece ao berçário da maternidade, no intuito de matar Davi. No entanto, pensando tratar-se de seu
filho, ela, com uma corda, asfixia Bruno, filho recém-nascido do casal Marta e Rogério, causando-lhe a morte.
Descobertos os fatos, Regina é denunciada pelo crime de homicídio qualificado pela asfixia com causa de
aumento de pena pela idade da vítima.
Diante dos fatos acima narrados, o(a) advogado(a) de Regina, em alegações finais da primeira fase do
procedimento do Tribunal do Júri, deverá requerer

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A) o afastamento da qualificadora, devendo Regina responder pelo crime de homicídio simples com causa
de aumento, diante do erro de tipo.
B) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser
reconhecida a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser descendente da agente.
C) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo ser
reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de
quem se pretendia atingir.
D) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, podendo ser reconhecida a
agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se
pretendia atingir.

COMENTÁRIOS

Nesse caso, houve erro sobre a pessoa (error in persona), modalidade de erro acidental prevista no art. 20,
§3º do CP:

Art. 20 (...) § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Não há que se falar em erro na execução (aberratio ictus), pois a execução foi perfeitamente realizada. O
erro ocorre antes da execução, no momento da representação da vítima, da visualização de quem seria o
alvo da conduta.

Logo, pela teoria da equivalência, devemos considerar as condições da vítima visada (e não as da vítima
atingida). Assim, Regina responderá como se tivesse matado o próprio filho.

Quando a mãe, sob a influência do estado puerperal, mata o próprio filho, durante o parto ou logo após, há
crime de infanticídio (art.123 do CP) e não homicídio. Deve haver, portanto, a desclassificação para
infanticídio.

Porém, não será aplicada a agravante de ter sido o crime praticado contra descendente (art. 61, II, “e” do
CP), pois tal circunstância já é elemento do tipo, e sua consideração também como agravante no infanticídio
geraria bis in idem, ou seja, dupla punição pelo mesmo fato/circunstância.

GABARITO: Letra B

10. (FGV – 2019 – DPE-RJ – TÉCNICO JURÍDICO)


Ao final das comemorações da noite de Natal com sua família, Paulo, quando deixava o local, acabou por
levar consigo o presente do seu primo Caio, acreditando ser o seu, tendo em vista que as caixas dos presentes
eram idênticas. Após perceber o sumiço do seu presente e acreditando ter sido vítima de crime patrimonial,
Caio compareceu à Delegacia para registrar o ocorrido, ocasião em que foram ouvidas testemunhas
presenciais, que afirmaram ter visto Paulo sair com aquele objeto. Paulo, ao tomar conhecimento da

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investigação, compareceu em sede policial e indicou onde o objeto estava, sendo o bem apreendido no dia
seguinte em sua residência. Preocupado com sua situação jurídica, Paulo procurou a Defensoria Pública.
Sob o ponto de vista jurídico, sua conduta impõe o reconhecimento de que:
A) ocorreu erro de proibição, afastando a culpabilidade ou gerando causa de redução de pena, a depender
de ser considerado vencível ou invencível;
B) foi praticado crime de furto, mas deverá ser reconhecida a causa de diminuição de pena do
arrependimento posterior;
C) houve erro sobre a pessoa, devendo ser consideradas as características daquele que se pretendia atingir;
D) ocorreu erro de tipo, o que faz com que, no caso concreto, sua conduta seja considerada atípica;
E) houve erro na execução (aberratio ictus), logo a conduta deverá ser considerada atípica.

COMENTÁRIOS

Neste caso, houve erro DE TIPO. O agente (Paulo) sabe que subtrair coisa alheia móvel é crime (não há,
portanto, erro sobre a ilicitude da conduta). Todavia, Paulo acredita que está pegando coisa própria, e não
coisa alheia. Veja, portanto, que o erro de Paulo incide sobre um dos elementos do tipo (o elemento “coisa
alheia”, já que acredita ser coisa própria). Assim, temos erro de tipo.

GABARITO: LETRA D

11. (FGV – 2017 – OAB - XXIII EXAME DE ORDEM) Pedro, jovem rebelde, sai à procura de Henrique, 24
anos, seu inimigo, com a intenção de matá-lo, vindo a encontrá-lo conversando com uma senhora de 68
anos de idade. Pedro saca sua arma, regularizada e cujo porte era autorizado, e dispara em direção ao
rival. Ao mesmo tempo, a senhora dava um abraço de despedida em Henrique e acaba sendo atingida pelo
disparo. Henrique, que não sofreu qualquer lesão, tenta salvar a senhora, mas ela falece.
Diante da situação narrada, em consulta técnica solicitada pela família, deverá ser esclarecido pelo advogado
que a conduta de Pedro, de acordo com o Código Penal, configura
A) crime de homicídio doloso consumado, apenas, com causa de aumento em razão da idade da vítima.
B) crime de homicídio doloso consumado, apenas, sem causa de aumento em razão da idade da vítima.
C) crimes de homicídio culposo consumado e de tentativa de homicídio doloso em relação a Henrique.
D) crime de homicídio culposo consumado, sem causa de aumento pela idade da vítima.

COMENTÁRIOS

No presente caso tivemos um homicídio doloso consumado, pois houve erro na execução, na forma do art.
73 do CP. Não há aumento de pena em razão da agravante de ter sido praticado contra pessoa idosa, pois
consideram-se as condições pessoais da vítima visada, e não as da vítima atingida, nos termos do art. 73 c/c
art. 20, §3º do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

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12. (FGV – 2017 – OAB – XXII EXAME DE ORDEM) Tony, a pedido de um colega, está transportando uma
caixa com cápsulas que acredita ser de remédios, sem ter conhecimento que estas, na verdade, continham
Cloridrato de Cocaína em seu interior. Por outro lado, José transporta em seu veículo 50g de Cannabis
Sativa L. (maconha), pois acreditava que poderia ter pequena quantidade do material em sua posse para
fins medicinais.
Ambos foram abordados por policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática do crime
de tráfico de entorpecentes.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José deverá alegar em favor dos
clientes, respectivamente, a ocorrência de
A) erro de tipo, nos dois casos.
B) erro de proibição, nos dois casos.
C) erro de tipo e erro de proibição.
D) erro de proibição e erro de tipo.

COMENTÁRIOS

No primeiro caso temos erro de tipo, previsto no art. 20 do CP, pois o agente praticou o fato típico por incidir
em ERRO sobre um dos elementos do tipo penal (substância entorpecente), já que acredita que não se
tratava de substância entorpecente, e sim de remédio.

No segundo caso tivemos erro de proibição, pois o agente sabia exatamente o que estava carregando, mas
acreditava que sua conduta era lícita perante o Direito Penal, ou seja, trata-se de um erro sobre a existência
ou limites da norma penal. Portanto, ERRO DE PROIBIÇÃO, nos termos do art. 21 do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

13. (FGV - 2016 - OAB - XX EXAME DE ORDEM) Wellington pretendia matar Ronaldo, camisa 10 e melhor
jogador de futebol do time Bola Cheia, seu adversário no campeonato do bairro. No dia de um jogo do
Bola Cheia, Wellington vê, de costas, um jogador com a camisa 10 do time rival. Acreditando ser Ronaldo,
efetua diversos disparos de arma de fogo, mas, na verdade, aquele que vestia a camisa 10 era Rodrigo,
adolescente que substituiria Ronaldo naquele jogo. Em virtude dos disparos, Rodrigo faleceu.
Considerando a situação narrada, assinale a opção que indica o crime cometido por Wellington.
A) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro na execução.
B) Homicídio consumado, considerando-se as características de Rodrigo.
C) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro sobre a pessoa.
D) Tentativa de homicídio contra Ronaldo e homicídio culposo contra Rodrigo.

COMENTÁRIOS

No caso em tela, temos o fenômeno do erro sobre a pessoa, previsto no art. 20, §3º do CP. Neste caso, o
agente responde pelo crime de acordo com as características da vítima pretendida, e não de acordo com as

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características da vítima atingida. Assim, Wellington responderá por homicídio doloso consumado,
considerando-se as características pessoais de Ronaldo, a vítima visada.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

14. (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Pedro e Paulo bebiam em um bar da cidade quando teve
início uma discussão sobre futebol. Pedro, objetivando atingir Paulo, desfere contra ele um disparo que
atingiu o alvo desejado e também terceira pessoa que se encontrava no local, certo que ambas as vítimas
faleceram, inclusive aquela cuja morte não era querida pelo agente.
Para resolver a questão no campo jurídico, deve ser aplicada a seguinte modalidade de erro:
A) erro sobre a pessoa.
B) aberratio ictus.
==5fa25==

C) aberratio criminis.
D) erro determinado por terceiro.

COMENTÁRIOS

Neste caso ocorreu aberratio ictus, ou erro na execução, pois em virtude de acidente o agente atingiu pessoa
diversa daquela que pretendia atingir (embora também tenha atingido a vítima visada, motivo pelo qual
responderá pelos dois delitos em concurso formal, nos termos do art. 73 c/c art. 70 do CP).

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

15. (FGV – 2014 – OAB – XIV EXAME DE ORDEM) Eslow, holandês e usuário de maconha, que nunca antes
havia feito uma viagem internacional, veio ao Brasil para a Copa do Mundo. Assistindo ao jogo Holanda x
Brasil decidiu, diante da tensão, fumar um cigarro de maconha nas arquibancadas do estádio.
Imediatamente, os policiais militares de plantão o prenderam e o conduziram à Delegacia de Polícia.
Diante do Delegado de Polícia, Eslow, completamente assustado, afirma que não sabia que no Brasil a
utilização de pequena quantidade de maconha era proibida, pois, no seu país, é um hábito assistir a jogos
de futebol fumando maconha.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a principal tese defensiva.
a) Eslow está em erro de tipo essencial escusável, razão pela qual deve ser absolvido.
b) Eslow está em erro de proibição direto inevitável, razão pela qual deve ser isento de pena.
c) Eslow está em erro de tipo permissivo escusável, razão pela qual deve ser punido pelo crime culposo.
d) Eslow está em erro de proibição, que importa em crime impossível, razão pela qual deve ser absolvido.

COMENTÁRIOS

Na hipótese narrada o agente se encontra em ERRO DE PROIBIÇÃO, pois incidiu em erro sobre a existência
de norma incriminadora. Quanto a ser, ou não, um erro evitável, trata-se de uma questão mais nebulosa. O
enunciado, contudo, tenta deixar claro que o agente, de fato, não sabia e nem poderia saber da proibição,

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já que é pessoa que nunca viajou para fora da Holanda, etc. Assim, o enunciado deixa transparecer que se
trata de erro de proibição inevitável e, sendo assim, o agente fica isento de pena, por força do art. 21 do CP.

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

16. (FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA) Acerca da culpabilidade no estudo da teoria do crime,
assinale a afirmativa incorreta.
a) Para a teoria normativa que surgiu com o finalismo, houve a migração do dolo e da culpa para a tipicidade,
passando a culpabilidade a ser um juízo de valor que se faz sobre a conduta típica e ilícita.
b) No tocante a imputabilidade, o Código Penal adotou o critério biopsicológico, sendo indispensável que a
causa geradora da inimputabilidade esteja presente no momento da conduta.
c) No erro de proibição o erro recai sobre a ilicitude do fato, imaginando o agente ser lícito o que é ilícito,
podendo atenuar a culpabilidade, nunca, porém, a excluindo.
d) Para a teoria limitada da culpabilidade, o erro de tipo permissivo exclui o dolo; se o erro for vencível há
crime culposo se previsto em lei.
e) A coação moral irresistível pode ser exercida diretamente sobre o agente ou sobre um terceiro, somente
respondendo o autor da coação.

COMENTÁRIOS

A) CORRETA: A teoria normativa da culpabilidade surgiu para atender à teoria finalista do delito, de forma
que o dolo e a culpa foram transferidos da culpabilidade para o fato típico, restando a culpabilidade como
uma análise meramente normativa, um juízo de valor a respeito da conduta do agente, à luz da norma penal;

B) CORRETA: O item está correto, pois o CP adotou o critério biopsicológico no que tange à imputabilidade
penal, devendo, no caso de inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, a causa geradora da inimputabilidade estar presente quando da realização da conduta. Apenas
uma ressalva quanto a este item: O CP também adotou o critério meramente biológico quanto à
inimputabilidade, ao determinar que os menores de 18 anos são inimputáveis;

C) ERRADA: O item está errado, pois embora a definição de erro de proibição esteja correta, o item erra ao
afirmar que o erro de proibição nunca poderá excluir a culpabilidade, pois o erro de proibição, quando
inevitável, exclui a culpabilidade, na forma do art. 21 do CP:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

D) CORRETA: O item está correto, pois a teoria limitada da culpabilidade distingue as descriminantes
putativas em “de fato” e “de direito”. Esta teoria fora adotada pelo CP. Assim, no erro de tipo permissivo, o
agente fica isento de pena, caso se trate de erro inevitável. Caso se trate de erro evitável, o agente
responderá pelo delito na forma culposa (como punição por sua falta de cuidado), conforme prevê o art. 20
do CP:

Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

E) CORRETA: A coação moral irresistível, que é causa de exclusão da culpabilidade, pode ser exercida
diretamente sobre o agente ou sobre um terceiro. O que importa, aqui, é que a coação tenha por finalidade
atingir o agente, influenciando na sua tomada de decisão.

Portanto, A ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA C.

17. (FGV – IX EXAME UNIFICADO DA OAB) Jaime, brasileiro, passou a morar em um país estrangeiro no
ano de 1999. Assim como seu falecido pai, Jaime tinha por hábito sempre levar consigo acessórios de arma
de fogo, o que não era proibido, levando-se em conta a legislação vigente à época, a saber, a Lei n.
9.437/97. Tal hábito foi mantido no país estrangeiro que, em sua legislação, não vedava a conduta.
Todavia, em 2012, Jaime resolve vir de férias ao Brasil. Além de matar as saudades dos familiares, Jaime
também queria apresentar o país aos seus dois filhos, ambos nascidos no estrangeiro. Ocorre que, dois
dias após sua chegada, Jaime foi preso em flagrante por portar ilegalmente acessório de arma de fogo,
conduta descrita no Art. 14 da Lei n. 10.826/2003, verbis : “Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob
guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar”.
Nesse sentido, podemos afirmar que Jaime agiu em hipótese de
A) erro de proibição direto.
B) erro de tipo essencial.
C) erro de tipo acidental.
D) erro sobre as descriminantes putativas.

COMENTÁRIOS

Partindo-se da premissa de que, de fato, Jaime não sabia que sua conduta era prevista como crime, temos
um caso de erro de proibição direto, pois recai sobre a potencial consciência da ilicitude do fato em abstrato.

Nos termos do art. 21 do CP:

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Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

18. (FGV - 2010 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 3 - Primeira Fase (Fev/2011) Joaquim, desejoso de
tirar a vida da própria mãe, acaba causando a morte de uma tia (por confundi-la com aquela). Tendo como
referência a situação acima, é correto afirmar que Joaquim incorre em erro
A) de tipo essencial escusável – inevitável – e deverá responder pelo crime de homicídio sem a incidência da
agravante relativa ao crime praticado contra ascendente (haja vista que a vítima, de fato, não era a sua
genitora).
B) de tipo acidental na modalidade error in persona e deverá responder pelo crime de homicídio com a
incidência da agravante relativa ao crime praticado contra ascendente (mesmo que a vítima não seja, de
fato, a sua genitora).
C) de proibição e deverá responder pelo crime de homicídio qualificado pelo fato de ter objetivado atingir
ascendente (preserva-se o dolo, independente da identidade da vítima).
D) de tipo essencial inescusável – evitável –, mas não deverá responder pelo crime de homicídio qualificado,
uma vez que a pessoa atingida não era a sua ascendente.

COMENTÁRIOS

No caso em tela, Joaquim praticou o que se chama de crime por erro sobre a pessoa, na medida em que
visualizou mal a vítima, mas acertou na execução. Nesse caso, o CP determina que o agente seja punido pelo
crime que tentou em relação à pessoa visada, e não em relação à pessoa efetivamente atingida. Vejamos:

Art. 20 (...)

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a afirmativa CORRETA É A LETRA B.

19. (FGV – 2013 – OAB – XII EXAME DE ORDEM) Bráulio, rapaz de 18 anos, conhece Paula em um show
de rock, em uma casa noturna. Os dois, após conversarem um pouco, resolvem dirigir-se a um motel e ali,
de forma consentida, o jovem mantém relações sexuais com Paula. Após, Bráulio descobre que a moça,
na verdade, tinha apenas 13 anos e que somente conseguira entrar no show mediante apresentação de
carteira de identidade falsa.
A partir da situação narrada, assinale a afirmativa correta.
A) Bráulio deve responder por estupro de vulnerável doloso.
B) Bráulio deve responder por estupro de vulnerável culposo.
C) Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de tipo essencial.

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D) Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de proibição direto.

COMENTÁRIOS

Em tese, Bráulio praticou o delito do art. 217-A do CP (estupro de vulnerável), por ter mantido relação sexual
com pessoa menor de 14 anos. Contudo, no caso concreto, podemos afirmar que Bráulio agiu em erro de
tipo essencial, pois representou equivocadamente a realidade (acreditava que Paula tivesse mais de 14
anos), incorrendo em erro sobre um dos elementos que integram o tipo penal (ser a vítima menor de 14
anos), nos termos do art. 20 do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

20. (FGV – 2010 – OAB – II EXAME DE ORDEM) Arlete, em estado puerperal, manifesta a intenção de
matar o próprio filho recém-nascido. Após receber a criança no seu quarto para amamentá-la, a criança é
levada para o berçário. Durante a noite, Arlete vai até o berçário, e, após conferir a identificação da criança,
a asfixia, causando a sua morte. Na manhã seguinte, é constatada a morte por asfixia de um recém-
nascido, que não era o filho de Arlete.
Diante do caso concreto, assinale a alternativa que indique a responsabilidade penal da mãe.
(A) Crime de homicídio, pois, o erro acidental não a isenta de reponsabilidade.
(B) Crime de homicídio, pois, uma vez que o art. 123 do CP trata de matar o próprio filho sob influência do
estado puerperal, não houve preenchimento dos elementos do tipo.
(C) Crime de infanticídio, pois houve erro quanto à pessoa.
(D) Crime de infanticídio, pois houve erro ssencial.

COMENTÁRIOS

No caso narrado no enunciado Arlete deverá responder pelo delito de infanticídio, previsto no art. 123 do
CP. Isso porque houve o que se chama de ERRO SOBRE A PESSOA, ou seja, Arlete representou
equivocadamente a realidade, agindo contra o filho de outra pessoa, acreditando que estava praticando a
conduta contra o próprio filho. Em casos tais, o agente responde pelo delito como se tivesse atingido a
pessoa que, de fato, pretendia atingir, nos termos do art. 20, §3º do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

21. (FCC – 2019 – DPE-SP – DEFENSOR)


Daniel, com 18 anos de idade, conhece Rebeca, com 13 anos de idade, em uma festa e a convida para sair.
Os dois começam a namorar e, cerca de 6 meses depois, Rebeca decide perder a virgindade com Daniel. O
rapaz, mesmo sabendo da idade da jovem e da proibição legal de praticar conjunção carnal ou outro ato
libidinoso com menor de 14 anos, ainda que com seu consentimento, mantém relação sexual com Rebeca,
acreditando que o fato de namorarem seria uma causa de justificação que tornaria a sua conduta permitida,
causa essa que, na verdade, não existe. Ocorre que os pais de Rebeca, ao descobrirem sobre o
relacionamento de sua filha com Daniel, comunicaram os fatos à polícia. Daniel é denunciado pelo delito de

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estupro de vulnerável e a defesa alega que ele agiu em erro. De acordo com a teoria limitada da
culpabilidade, Daniel incorreu em erro
A) de tipo.
B) sobre a pessoa.
C) de proibição direto.
D) de proibição indireto.
E) de tipo permissivo.

COMENTÁRIOS

Aqui temos a figura do erro de proibição indireto. O agente sabe que sua conduta está prevista na lei como
um fato típico (não há erro de proibição DIRETO, portanto). Todavia, apesar de ter conhecimento disso, o
agente acredita que, nas circunstâncias, existe na lei uma causa de justificação para sua conduta, ou seja,
que existe na lei uma excludente de ilicitude em seu favor (que não existe, não tem previsão legal).

GABARITO: Letra A

22. (FCC – 2018 – MPE-PB – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) O erro sobre elementos do tipo,
previsto no artigo 20 do Código Penal,
a) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
b) sempre isenta o agente de pena.
c) não isenta o agente de pena, mas esta será diminuída de um sexto a um terço.
d) não tem relevância na punição do agente, pois o desconhecimento da lei é inescusável.
e) se inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um terço.

COMENTÁRIOS

O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui dolo e também exclui qualquer possibilidade
de punição a título de culpa, caso se trate de erro inevitável; em se tratando de erro de tipo evitável, será
possível a punição a título culposo, desde que haja previsão legal. Vejamos o art. 20 do CP:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

GABARITO: Letra A

23. (FCC – 2018 – DPE-AM – DEFENSOR PÚBLICO) No Direito Penal brasileiro, o erro
a) sobre os elementos do tipo impede a punição do agente, pois exclui a tipicidade subjetiva em todas as
suas formas
b) determinado por terceiro faz com que este responda pelo crime.
c) sobre a pessoa leva em consideração as condições e qualidades da vítima para fins de aplicação da pena.

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d) de proibição exclui o dolo, tornando a conduta atípica.


e) sobre a ilicitude do fato isenta o agente de pena quando evitável.

COMENTÁRIOS

a) ERRADA: Item errado, pois o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui dolo e também
exclui qualquer possibilidade de punição a título de culpa, caso se trate de erro inevitável; TODAVIA, em se
tratando de erro de tipo EVITÁVEL, será possível a punição a título culposo, desde que haja previsão legal.
Vejamos o art. 20 do CP:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

b) CORRETA: Item correto, nos termos do art. 20, §2º do CP:

Art. 20 (...) § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

c) ERRADA: Item errado, pois em havendo erro sobre a pessoa, devem ser consideradas as condições
pessoais da vítima VISADA e não as condições da vítima efetiva, na forma do art. 20, §3º do CP:

Art. 20 (...) § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

d) ERRADA: Item errado, pois o erro de proibição não afasta o dolo. Afasta a culpabilidade, se inevitável; se
evitável, é apenas causa de diminuição de pena, nos termos do art. 21 do CP.

e) ERRADA: Item errado, pois o erro de proibição afasta a culpabilidade (isenta de pena) somente e for um
erro inevitável; se evitável, é apenas causa de diminuição de pena, nos termos do art. 21 do CP.

GABARITO: Letra B

24. (FCC – 2018 – DPE-AM – ANALISTA) O erro de tipo, no Direito Penal,


a) exclui a culpabilidade subjetiva, impedindo a punição do agente.
b) quando escusável, permite a punição por crime culposo.
c) é incabível em crimes hediondos e equiparados.
d) é inescusável nos crimes da Lei de Drogas, no desconhecimento da lei penal.
e) incide sobre o elemento constitutivo do tipo e exclui o dolo.

COMENTÁRIOS

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O erro de tipo (erro sobre os elementos constitutivos do tipo legal) exclui o dolo e a culpa, se for um erro
inevitável (escusável ou desculpável); em se tratando de erro de tipo evitável (inescusável ou indesculpável),
afasta-se a punição a título doloso, mas permite-se a punição a título culposo, se houver previsão legal, na
forma do art. 20 do CP:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

25. (FCC – 2017 – POLITEC-AP – PERITO MÉDICO LEGISTA) Após uma discussão em um bar, Pedro decide
matar Roberto. Para tanto, dirige-se até sua residência onde arma-se de um revólver. Ato contínuo,
retorna ao estabelecimento e efetua um disparo em direção a Roberto. Contudo, erra o alvo, atingindo
Antônio, balconista que ali trabalhava, ferindo-o levemente no ombro. Diante do caso hipotético, Pedro
praticou, em tese, o(s) crime(s) de
a) lesão corporal leve.
b) lesão corporal culposa.
c) homicídio tentado e lesão corporal leve.
d) lesão corporal culposa e tentativa de homicídio.
e) homicídio na forma tentada.

COMENTÁRIOS

Neste caso houve erro na execução (aberratio ictus), de maneira que o agente responderá como se tivesse
atingido a pessoa que efetivamente pretendia atingir, na forma do art. 73 do CP, c/c art. 20, §3º do CP. Neste
caso, é irrelevante que o agente não tivesse dolo de matar em relação à vítima ATINGIDA. Assim, responderá
por tentativa de homicídio (homicídio na forma tentada).

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

26. (FCC – 2015 – TCM-GO – PROCURADOR) A respeito das causas excludentes da culpabilidade, é correto
afirmar que
a) o desconhecimento da lei nos crimes culposos isenta o agente de pena.
b) o erro invencível sobre a ilicitude do fato não isenta o réu de pena.
c) na coação moral irresistível o coator responde por dolo e o coacto por culpa.
d) as descriminantes putativas excluem a culpabilidade.
e) na obediência hierárquica é dispensável a existência de relação de direito público entre superior e
subordinado.

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COMENTÁRIOS

a) ERRADA: Item errado, pois o desconhecimento da lei é inescusável. Em havendo erro de proibição
ESCUSÁVEL o agente ficará isento de pena, nos termos do art. 21 do CP.

b) ERRADA: Item errado, pois em havendo erro de proibição ESCUSÁVEL (invencível) o agente ficará isento
de pena, nos termos do art. 21 do CP.

c) ERRADA: Item errado, pois na coação moral irresistível só responde o coator, nos termos do art. 22 do CP.

d) CORRETA: As descriminantes putativas podem ser de fato ou de direito, ou seja, podem estar relacionadas
aos pressupostos objetivos de uma causa de justificação (erro de fato) ou sobre a existência e limites da
própria causa de justificação (erro de direito). Pela teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP, as
primeiras recebem tratamento similar ao destinado ao erro de tipo, e as segundas recebem o mesmo
tratamento destinado ao erro de proibição. Isso não significa, contudo, que as descriminantes putativas por
erro de fato sejam SINÔNIMO de erro de tipo. Não se trata de erro de tipo, pois o agente não comete
qualquer equívoco quando aos elementos que integram o tipo. Trata-se de erro quando à existência fática
de uma excludente de ilicitude, mas que por questões de política criminal recebe tratamento similar ao
destinado ao erro de tipo (o agente fica isento de pena se o erro é escusável ou responde na modalidade
culposa, se prevista em lei, caso o erro seja inescusável).

e) ERRADA: Item errado, pois tal relação é indispensável para a configuração da obediência hierárquica.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

27. (FCC – 2015 – DPE-MA – DEFENSOR PÚBLICO) Se o agente oferece propina a um empregado de uma
sociedade de economia mista, supondo ser funcionário de empresa privada com interesse exclusivamente
particular, incide em
a) erro sobre a pessoa.
b) descriminante putativa.
c) erro de tipo.
d) erro sobre a ilicitude do fato inevitável.
e) erro sobre a ilicitude do fato evitável.

COMENTÁRIOS

Se o agente ignora a condição de funcionário público do agente, pode-se afirmar que ocorreu, no caso em
tela, ERRO DE TIPO (erro sobre um dos elementos que compõem o tipo penal), previsto no art. 20 do CP.

Portanto, a ALTERNATIAVA CORRETA É A LETRA C.

28. (FCC – 2015 - TCE-CE - Procurador de Contas) A diferença entre erro sobre elementos do tipo e erro
sobre a ilicitude do fato reside na circunstância de que
a) o erro de tipo exclui a culpabilidade, o de fato a imputabilidade.

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b) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a culpabilidade.


c) o erro de tipo exclui a reprovabilidade da conduta, o de fato o elemento do injusto.
d) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a invencibilidade do erro.
e) a discriminante putativa é o que distingue o erro de tipo do erro de fato.

COMENTÁRIOS

O erro de tipo escusável exclui o dolo, afastando-se, portanto, o fato típico (já que o dolo é elemento da
conduta, que é elemento do fato típico), nos termos do art. 20 do CP. Em se tratando de erro inescusável se
admite a punição a título de culpa, se houver previsão legal.

Em relação ao erro sobre a ilicitude do fato, ou erro de proibição, caso escusável (desculpável), exclui a
culpabilidade do agente. Se inescusável, diminui a pena imposta, nos termos do art. 21 do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

29. (FCC – 2015 - TJ-PE - JUIZ SUBSTITUTO) Em matéria de erro, correto afirmar que
a) o erro sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa
b) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal não exclui a possibilidade de punição por crime culposo.
c) o erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, isenta de pena.
d) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui a culpabilidade.
e) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena, considerando-se as condições
ou qualidades da vítima, e não as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

COMENTÁRIOS

O erro de tipo (erro sobre elemento constitutivo do tipo penal) exclui o dolo, mas permite a punição a título
culposo, caso se trate de erro indesculpável e o tipo penal admita punição na forma culposa, nos termos do
art. 20 do CP.

O erro sobre a ilicitude do fato (erro de proibição) isenta de pena (exclui a culpabilidade pela ausência de
potencial consciência da ilicitude, se desculpável. Em se tratando de erro indesculpável, o agente não fica
isento de pena, mas terá a pena diminuída, nos termos do art. 21 do CP.

Por fim, em caso de erro sobre a pessoa o agente NÃO fica isento de pena. Todavia devem ser consideradas
as condições pessoais da vítima visada, não da vítima atingida, nos termos do art. 20, §3º do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

30. (FCC – 2015 – TJ-SE – JUIZ) A, cidadão americano, vem para o Brasil em férias, trazendo alguns
cigarros de maconha. Está ciente que mesmo em seu país o consumo da substância não é amplamente
permitido, mas, como possui câncer em fase avançada, possui receita médica emitida por especialista
americano para utilizar substâncias que possuam THC. Ao passar pelo controle policial do aeroporto, é

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detido pelo crime de tráfico de drogas. Nesta situação, é possível alegar que A encontrava-se em situação
de erro de:
a) tipo.
b) tipo permissivo.
c) proibição direto.
d) proibição indireto.
e) tipo indireto.

COMENTÁRIOS

Neste caso o agente incorreu em erro sobre a existência ou limites de uma causa de justificação. Trata-se,
portanto, de erro NORMATIVO, erro sobre a existência (em abstrato) de uma norma permissiva (que existe
em seu país de origem). Trata-se, portanto, de erro de proibição indireto. Não se trata de erro de proibição
direto porque o agente conhece a norma que criminaliza a conduta, mas acredita que há outra norma
excepcionando o caráter criminoso.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

31. (FCC – 2015 – TRT9 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Maria, a fim de cuidar do machucado de seu filho que
acabou de cair da bicicleta, aplica sobre o ferimento da criança ácido corrosivo, pensando tratar-se de uma
pomada cicatrizante, vindo a agravar o ferimento. A situação descrita retrata hipótese tratada no Código
Penal como:
a) erro de proibição.
b) erro na execução.
c) estado de necessidade.
d) exercício regular de direito.
e) erro de tipo.

COMENTÁRIOS

Neste caso, Maria incidiu em erro de tipo, pois incorreu em erro sobre as circunstâncias fáticas, de maneira
que acabou por causar lesões corporais em seu filho sem que tivesse o dolo de provocar tal resultado. Caso
se verifique que se tratou de erro indesculpável, poderá responder por lesão corporal na forma culposa, nos
termos do art. 20 do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

32. (FCC – 2015 – TCE-AM – AUDITOR) O erro sobre a pessoa contra a qual o crime é praticado
a) não isenta de pena o agente.
b) exclui o dolo.
c) exclui o dolo, mas prevalece a culpa.

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d) não isenta de pena o agente, porém deve sempre ser considerado na sentença.
e) é um crime impossível

COMENTÁRIOS

O erro sobre a pessoa não isenta o agente de pena. Neste caso, porém, devem ser consideradas as condições
pessoais da pessoa visada, e não as da pessoa efetivamente atingida, nos termos do art. 20, §3º do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

33. (FCC – 2015 – TJ-AL - Juiz Substituto) O erro inescusável sobre


a) a ilicitude do fato constitui causa de diminuição da pena.
b) elementos do tipo permite a punição a título de culpa, se acidental.
c) elementos do tipo isenta de pena.
d) elementos do tipo exclui o dolo e a culpa, se essencial.
e) a ilicitude do fato exclui a antijuridicidade da conduta.

COMENTÁRIOS

O erro inescusável (indesculpável) sobre a ilicitude do fato NÃO isenta o agente de pena, mas é causa de
diminuição de pena, nos termos do art. 21 do CP.

O erro inescusável sobre elemento constitutivo do tipo penal afasta o dolo, mas permite a punição a título
culposo, nos casos de erro essencial (desde que haja previsão de punição a título de culpa em relação ao tipo
penal).

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

34. (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR) O erro sobre a ilicitude do fato


A) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
B) reflete na culpabilidade, sempre isentando de pena.
C) exclui o dolo e a culpa.
D) reflete na culpabilidade, de modo a excluí-la ou atenuá-la.
E) extingue a punibilidade

COMENTÁRIOS

A) ERRADO: O erro que exclui o dolo é o erro de tipo, e permite a punição por crime culposo se se tratar de
erro inescusável.

B) ERRADO: Embora reflita na culpabilidade, nem sempre isenta de pena, apenas quando se tratar de erro
de proibição escusável, ou seja, o agente não tinha condições de entender o caráter ilícito de sua conduta.

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C) ERRADO: O erro sobre a ilicitude age na culpabilidade, logo, não tem a ver com dolo e culpa, que são
elementos da conduta e, portanto, do fato típico.

D) CORRETA: O erro de proibição reflete na culpabilidade, e a exclui quando for erro escusável. Quando for
erro inescusável, porém, atenua a culpabilidade do agente e, por conseqüência, a pena aplicável.

E) ERRADA: A extinção da punibilidade pressupõe a sua existência. Desta forma, a alternativa está errada.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

35. (FCC – 2011 – TRT 1°RG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA) O erro inevitável sobre a ilicitude do
fato
A) isenta o réu de pena.
B) não isenta o réu de pena, mas implica na redução de um sexto a um terço.
C) não isenta o réu de pena, mas constitui circunstância atenuante.
D) não isenta o réu de pena, nem possibilita a atenuação da pena.
E) exclui a ilicitude do fato.

COMENTÁRIOS

A) CORRETA: O erro de proibição inevitável (escusável) exclui a culpabilidade, pois o agente, naquelas
circunstâncias, não tinha condições de conhecer o caráter ilícito da conduta.

B) ERRADA: Essa diminuição de pena se aplica ao erro de proibição evitável (ou inescusável), no qual o
agente, mediante algum esforço, poderia conhecer o caráter ilícito da conduta.

C) ERRADA: Como dito acima, presente o erro de proibição escusável, o réu estará isento de pena, por ser
excluída a culpabilidade.

D) ERRADA: Pois, o erro de proibição inevitável (escusável) exclui a culpabilidade, pois o agente, naquelas
circunstâncias, não tinha condições de conhecer o caráter ilícito da conduta.

E) ERRADA: A ilicitude do fato nada tem a ver com as verificações acerca da culpabilidade do agente, diante
de determinado erro sobre a licitude ou não do fato. A ilicitude está ligada ao fato criminoso, enquanto o
erro de proibição se refere à potencial consciência da ilicitude, que é elemento da culpabilidade.

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

36. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Segurança) O erro inevitável sobre a ilicitude
do fato
A) isenta o réu de pena.
B) não isenta o réu de pena, mas implica na redução de um sexto a um terço.
C) não isenta o réu de pena, mas constitui circunstância atenuante.

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D) não isenta o réu de pena, nem possibilita a atenuação da pena.


E) exclui a ilicitude do fato.

COMENTÁRIOS

O erro sobre a ilicitude do fato, ou erro de proibição, é o fenômeno no qual o agente pratica a conduta
supondo tratar-se de conduta penalmente admitida, quando, na verdade, a conduta é penalmente típica.

O art. 21 do CP estabelece que, se esse erro for inevitável (ou seja, se mesmo mediante um esforço
intelectual razoável, não fosse realmente possível saber que era ilícita a conduta), o agente estará isento de
pena:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

37. (FCC - 2010 - TRE-AL - Analista Judiciário - Área Administrativa) A dispara seu revólver e mata B,
acreditando tratar-se de um animal. A respeito dessa hipótese é correto afirmar que se trata de
A) fato típico, pois o dolo abrangeu todos os elementos objetivos do tipo.
B) erro de proibição, que exclui a culpabilidade.
C) erro de proibição, que gera apenas a diminuição da pena, posto que inescusável.
D) erro de tipo, que exclui o dolo e a culpa, se escusável.
E) erro quanto à existência de excludente de ilicitude (descriminante putativa).

COMENTÁRIOS

Na hipótese, não se trata de erro de proibição, pois o agente não cometeu erro quanto à licitude ou ilicitude
da conduta (art. 21 do CP), mas cometeu um erro sobre uma circunstância fática.

Também não há que se falar em fato típico, eis que o agente incidiu em erro sobre elemento constitutivo do
tipo penal do art. 121 (“alguém” = pessoa humana).

Não há, ainda, hipótese de descriminante putativa, pois o agente não imaginou estar diante de uma situação
que lhe permitisse agir em legítima defesa, estado de necessidade ou qualquer outra excludente de ilicitude
(pelo menos a questão não disse isso).

Assim, trata-se, como já disse, de erro sobre elemento constitutivo do tipo penal, ou ERRO DE TIPO, que se
for inevitável (ou escusável) exclui o dolo e a culpa.

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

38. (FCC - 2007 - TRE-MS - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Considere os exemplos
abaixo:

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I. Casar-se com pessoa cujo cônjuge foi declarado morto para os efeitos civis, mas estava vivo.
II. Aplicar no ferimento do filho ácido corrosivo, supondo que está utilizado uma pomada.
III. Matar pessoa gravemente enferma, a seu pedido, para livrá-la de mal incurável, supondo que a eutanásia
é permitida.
IV. Ingerir a gestante substância abortiva, supondo que estava tomando um calmante.
Há erro de tipo nas situações indicadas APENAS em
A) I, II e III.
B) I e III.
C) I, III e IV.
D) II e III.
E) II e IV.

COMENTÁRIOS

I) ERRADA: Nesse caso não há erro de tipo, mas fato atípico, pois se o cônjuge foi declarado morto para
efeitos civis, o casamento anterior não mais existia, de forma que não há que se falar em crime de bigamia,
art. 235 do CP:

Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.

§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo
essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.

§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não
a bigamia, considera-se inexistente o crime.

Assim, não houve prática da conduta prevista no tipo penal mediante incursão em erro sobre circunstância
fática. Simplesmente não foi praticada a conduta prevista no tipo penal.

II) CORRETA: Aqui, de fato, há a prática da conduta descrita no art. 129 do CP (lesões corporais). No entanto,
essa conduta é praticada mediante erro sobre circunstância fática (o agente imagina que o ácido é uma
pomada). Portanto, é hipótese de erro de tipo.

III) ERRADA: Aqui temos um caso de erro de proibição, pois o erro do agente reside não na circunstância
fática, que é perfeitamente delimitada, mas nas consequências penais, pois o agente imagina que sua
conduta é permitida pela lei penal, quando não o é.

IV) CORRETA: Nesse caso, embora o agente pratique a conduta descrita no art. 124 do CP, o faz por estar
representando erroneamente uma situação fática (acreditar que está tomando calmante, quando, na
verdade, está ingerindo substância abortiva):

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

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Pena - detenção, de um a três anos.

Havendo, pois, erro fático quanto a elemento constitutivo do tipo penal, estamos diante de erro de tipo.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

39. (FCC – 2009 – TJ/PA – OFICIAL DE JUSTIÇA) O erro de proibição quando escusável exclui a
A) imputabilidade.
B) culpabilidade.
C) punibilidade.
D) antijuridicidade.
E) conduta.

COMENTÁRIOS

O erro sobre a ilicitude do fato, ou erro de proibição, é o fenômeno no qual o agente pratica a conduta
supondo tratar-se de conduta penalmente admitida, quando, na verdade, a conduta é penalmente típica.

O art. 21 do CP estabelece que, se esse erro for inevitável, ou escusável (ou seja, se mesmo mediante um
esforço intelectual razoável, não fosse realmente possível saber que era ilícita a conduta), o agente estará
isento de pena:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Afastando-se, desta forma, a potencial consciência da ilicitude, estará ausente um dos elementos da
culpabilidade, restando esta afastada.

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

40. (FCC – 2012 – DPE-SP – DEFENSOR PÚBLICO) Em Direito Penal, o erro


a) de tipo, se for invencível, exclui a tipicidade dolosa e a culposa.
b) que recai sobre a existência de situação de fato que justificaria a ação, tornando-a legítima, é tratado pelo
Código Penal como erro de proibição, excluindo-se, pois, a tipicidade da conduta.
c) de tipo exclui o dolo e a culpa grave, mas não a culpa leve.
d) de proibição é irrelevante para o Direito Penal, pois, nos termos do caput do art. 21 do Código Penal, "o
desconhecimento da lei é inescusável".
e) de proibição exclui a consciência da ilicitude, que, desde o advento da teoria finalista, integra o dolo e a
culpa.

COMENTÁRIOS

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A) CORRETA: Esta é a previsão do art. 20 do CP:

Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

B) ERRADA: Esse erro pode ser tratado como erro de tipo, não como erro de proibição;

C) ERRADA: Não há diferenciação entre culpa grave e leve, tampouco para fins de caracterização do erro de
tipo;

D) ERRADA: O erro de proibição é RELEVANTE e, caso escusável, ISENTA DE PENA; Caso inescusável, gera
redução de pena, nos termos do art. 21 do CP;

E) ERRADA: De fato, o erro de proibição exclui a potencial consciência da ilicitude (se escusável), mas esse é
um elemento da CULPABILIDADE, não estando dentro do dolo ou da culpa, que são elementos do FATO
TÍPICO.

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

41. (FCC – 2006 – BCB – PROCURADOR) O erro sobre a ilicitude do fato


a) reflete na culpabilidade, de modo a excluir a pena ou diminuí-la.
b) exclui o dolo e a culpa.
c) reflete na culpabilidade, sempre isentando de pena.
d) extingue a punilidade.
e) exclui o dolo, mas permite a punção por crime culposo, se previsto em lei.

COMENTÁRIOS

O erro sobre a ilicitude do fato, ou ERRO DE PROIBIÇÃO, se caracteriza como a ausência de conhecimento
acerca da proibição do conduta que se realiza, afetando diretamente a análise da culpabilidade do agente.
Pode ser um erro desculpável ou indesculpável, com consequências diversas.

Se escusável o erro (desculpável) o agente fica isento de pena. Se inescusável (indesculpável), o agente terá
a pena reduzida de um sexto a um terço. Nos termos do art. 21 do CP:

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Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a


consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, vemos que o erro sobre a ilicitude do fato pode isentar de pena ou diminuir a pena do agente, a
depender do tipo de erro.

Assim, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

42. (FCC – 2006 – BCB – PROCURADOR) Excluem a ilicitude e a imputabilidade, respectivamente,


a) a obediência hierárquica e a embriaguez acidental completa.
b) a coação moral irresistível e a doença mental.
c) a desistência voluntária e o desenvolvimento mental incompleto.
d) o exercício regular de direito e a menoridade.

COMENTÁRIOS

As causas de exclusão da ilicitude estão previstas no art. 23 do CP. Vejamos:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Já as causas legais de exclusão da culpabilidade estão previstas no art. 22 do CP, que determina a exclusão
da culpabilidade do agente que pratica o fato sob coação moral irresistível ou em cumprimento a ordem não
manifestamente ilegal de superior hierárquico. Vejamos:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

No entanto, a menoridade também é considerada causa de exclusão da culpabilidade, pois gera a


inimputabilidade do agente. Vejamos:

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Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos


às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Assim, a afirmativa que traz respectivamente uma causa de exclusão da ilicitude e uma causa de exclusão da
imputabilidade é a letra D.

Assim, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

01. (VUNESP – 2014 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO) Agente imputável e menor de 21 anos à época
do fato criminoso ocorrido em 10 de junho de 2006. Foi denunciado como incurso no art. 157, caput, do
CP. A denúncia foi recebida em 29 de junho de 2006 e até 01 de julho de 2014 não havia sido prolatada
sentença. Diante disso, pode-se afirmar que
a) ocorreu a pretensão punitiva estatal, considerado o máximo da pena abstratamente cominada à infração.
b) ocorrerá a prescrição da pretensão punitiva estatal somente depois de decorridos seis anos da data supra
mencionada (01.07.2014).
c) ocorrerá a prescrição da pretensão punitiva estatal somente depois de decorridos quatro anos da data
supra mencionada (01.07.2014).
d) antes da prolação da sentença condenatória não se pode falar em ocorrência da pretensão punitiva
estatal.

COMENTÁRIOS

No caso, o delito previsto é o de roubo, cuja pena máxima prevista é de 10 anos de reclusão.

Assim, em tese, o crime prescreveria em 16 anos, nos termos do art. 109, II do CP.

Contudo, o agente era menor de 21 anos na data do fato, logo, esse prazo cai pela metade (08 anos), nos
termos do art. 115 do CP.

O recebimento da denúncia interrompeu o curso do prazo de prescrição (art. 117, I do CP), que voltou a
correr do zero, a partir daquela data.

A data atual (segundo a questão) para fins de cálculo da prescrição é dia 01.07.2014. Vemos que entre a
última interrupção da prescrição e a data atual já transcorreram mais de 08 anos, motivo pelo qual operou-
se a prescrição.

p.s.: a alternativa A contém um erro de digitação. Faltou simplesmente a palavra “prescrição”, o que torna o
item sem sentido. Contudo, foi mero esquecimento da Banca. Para quem fez a prova, possuem razão em
recorrer. Para nós, vamos simplesmente “fingir” que a palavra “prescrição” foi colocada lá, antes de
“pretensão punitiva”. Desta forma não perdemos a questão.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

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43. (VUNESP – 2014 – TJ-SP – JUIZ) Para o Código Penal (art. 20, § 1.º), quando a descriminante putativa
disser respeito aos pressupostos fáticos da excludente, estamos diante de:
a) Excludente de antijuridicidade.
b) Erro de tipo.
c) Erro de proibição.
d) Excludente de culpabilidade.

COMENTÁRIOS

De acordo com a teoria da culpabilidade adotada pelo CP (teoria limitada), as descriminantes putativas
relativas a erro sobre os pressupostos fáticos da ilicitude serão consideradas como erro de tipo:

Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

44. (VUNESP - 2013 - PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Imagine que João confunda seu aparelho de
telefone celular com o de seu colega Pedro e, descuidadamente, leve para sua casa o aparelho de Pedro.
Ao perceber o equívoco, João imediatamente comunica-se com Pedro e informa o ocorrido.
No dia seguinte, João devolve o aparelho ao colega sem qualquer dano. Analisando a hipótese narrada, é
possível afirmar que João
a) cometeu crime de furto, mas não será punido em vista do instituto da desistência voluntária.
b) não cometeu crime algum.
c) cometeu crime de apropriação indébita, mas não será punido em vista do instituto da desistência
voluntária.
d) cometeu crime de furto, mas não será punido em vista do instituto do arrependimento eficaz.
e) cometeu crime de apropriação indébita, mas não será punido em vista do instituto do arrependimento
eficaz.

COMENTÁRIOS

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No caso em tela João não praticou qualquer crime, pois apesar de ter subtraído para si o aparelho de outra
pessoa, agiu em erro sobre um dos elementos constitutivos do tipo penal (neste caso, o tipo seria o art. 155
do CP, tendo João incidido em erro sobre o elemento “coisa alheia”, já que acreditou que a coisa era sua, e
não alheia). Neste caso, João não pratica crime, pois fica afastada a tipicidade da conduta:

Erro sobre elementos do tipo(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

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EXERCÍCIOS PARA PRATICAR

1. (FGV/2023/CGE-SC/AUDITOR)

Arthur é servidor público de determinado órgão da Administração Pública, quando recebe uma ligação
ameaçadora, informando que sua esposa, Aline, está em poder de sequestradores, devendo Arthur praticar
determinado ato administrativo, em benefício dos criminosos, sob pena de grave ofensa à integridade física
de Aline. Arthur se sente ameaçado e apavorado, com justo receio pela integridade física de sua esposa.

No caso narrado, na hipótese de Arthur efetivamente praticar o ato de ofício requerido, é correto afirmar
que

A) Arthur responderá por prevaricação caso não se comprove o efetivo risco à integridade física de Aline.

B) Arthur age em excludente de ilicitude, uma vez que a situação narrada representa estado de necessidade.

C) Arthur age em excludente de culpabilidade, uma vez que a situação narrada é de coação moral irresistível.

D) se Aline estiver realmente sob poder de criminosos, é o caso de coação física irresistível.

E) Arthur age em erro de tipo, por não saber se Aline está efetivamente sob o poder dos criminosos,
excluindo-se a tipicidade.

2. (FGV/2022/TRT13)

Mário estava em uma festa e ficou completamente embriagado após ingerir um refrigerante sem saber que
o barman tinha incluído uma substância entorpecente em sua bebida. Nessa situação, Mário subtraiu o
celular de Alice e foi embora do local. Posteriormente, foi constatado, na perícia, que Mário estava
completamente embriagado e sem capacidade de determinar o caráter ilícito do fato.

Nesse caso, é correto afirmar que Mário

A) não responderá por crime, tendo em vista que houve exclusão da ilicitude, em razão do exercício regular
de direito.

B) não responderá por crime, tendo em vista que houve exclusão da culpabilidade, em razão do exercício
regular de direito.

C) não responderá por crime, tendo em vista que, em razão da imputabilidade do agente, existe uma
excludente de culpabilidade.

D) não responderá por crime, tendo em vista que, em razão da inimputabilidade, houve exclusão da
culpabilidade.

E) praticou o crime de furto, previsto no art. 155, caput do CP.

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3. (FGV/2022/SEAD-AP)

Alice, 16 anos, foi sequestrada por Túlio, três dias antes de Túlio completar 18 anos. Após passar 9 dias em
cativeiro, as investigações para encontrar Alice foram bem sucedidas e Alice foi então libertada.

Nessa situação hipotética, podemos afirmar que Túlio

A) deve responder por ato infracional análogo ao crime de sequestro e cárcere privado.

B) será considerado inimputável e não será penalmente responsabilizado.

C) será considerado inimputável e será penalmente responsabilizado.

D) será considerado imputável para todos os fins penais, porque trata-se de crime continuado, em que a
consumação se prolonga no tempo.

E) será considerado imputável para todos os fins penais, porque trata-se de crime permanente, em que a
consumação se prolonga no tempo.

4. (FGV/2022/SENADO)

Durante assalto a uma joalheria, dois homens armados obrigaram a gerente, mediante grave ameaça, a abrir
o cofre e a acondicionar as joias que estavam guardadas ali em uma mochila, que eles levaram consigo na
fuga.

Com base no caso descrito e no conceito tripartite de crime, assinale a afirmativa correta.

A) A cooperação da gerente com os roubadores é um fato penalmente atípico.

B) Em razão da ameaça, a gerente não agiu com dolo ao colaborar com os roubadores.

C) A gerente não agiu de forma culpável, apesar de haver cometido um injusto penal.

D) A gerente cometeu o crime de roubo em concurso de agentes, mas é favorecida por uma escusa
absolutória.

E) A gerente agiu em legítima defesa, razão por que a sua colaboração com os roubadores é justificada.

5. (FGV/2022/PCAM)

O conceito analítico de crime o divide em Fato Típico; Ilícito ou Antijurídico e Culpável. A culpabilidade, por
sua vez, é composta pela imputabilidade, pela potencial consciência da ilicitude e pela inexigibilidade de
conduta diversa.

Dentre as causas que excluem a imputabilidade penal encontram-se:

A) coação física irresistível, menoridade e embriaguez acidental completa.

B) embriaguez acidental incompleta, menoridade e obediência hierárquica.

C) embriaguez acidental completa, menoridade e doença mental.

D) embriaguez preordenada, coação moral irresistível e erro de proibição.

E) coação moral irresistível, exercício regular de direito e menoridade.

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6. (FGV/2022/TJDFT)

Constituem elementos da culpabilidade:

A) inimputabilidade, potencial consciência da lei e inexigibilidade de uma conduta diversa;

B) maioridade, potencial consciência da lei e inexigibilidade de uma conduta diversa;

C) imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e exigibilidade de uma conduta diversa;

D) maioridade, potencial conhecimento da ilicitude e exigibilidade de uma conduta diversa;

E) imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e inexigibilidade de uma conduta diversa.

7. (FGV/2022/MPE-BA/ESTÁGIO JURÍDICO)

Esteban, jovem graduando em Direito, viaja com a associação atlética de sua universidade para festividades
em cidade do interior do Estado. Em meio às confraternizações, substância entorpecente é oferecida a
Esteban por seus colegas. A fim de superar sua timidez, o agente aceita consumir as referidas drogas,
atingindo embriaguez completa. Ao recobrar os sentidos, Esteban tinha em sua posse um relógio que furtou
naquela noite, tendo os colegas lhe contado que havia também agredido alunos da universidade rival,
invadido domicílio e praticado crime de dano aos pertences dos citados alunos.

Acerca da culpabilidade e da teoria da actio libera in causa, é correto afirmar que:

A) a embriaguez por caso fortuito ou força maior não atenua nem isenta o réu de pena;

B) ao passo que a embriaguez voluntária agrava a pena do agente, a embriaguez preordenada apenas
justifica a imposição de pena criminal;

C) Esteban não poderá ser responsabilizado criminalmente, posto que ausente vontade livre e consciente,
em razão da embriaguez completa;

D) o direito penal brasileiro apenas autoriza a punição do agente quando a embriaguez é preordenada, assim
entendida a conduta do agente que se utiliza da substância para praticar o crime;

E) tratando-se de embriaguez voluntária, culposa ou preordenada, o agente poderá ser responsabilizado


pelas ações praticadas no contexto de embriaguez, fixando-se como parâmetro para aferição da
culpabilidade o momento de consumo da substância.

8. (FGV/2021/TJSC/NOTÁRIO)

Flávia, pessoa humilde, presta serviços de faxineira em serventia extrajudicial localizada na cidade de
Florianópolis. Em determinada data, Flávia foi abordada na saída de sua residência por pessoas ligadas ao
tráfico dominante na localidade, que determinaram que ela transportasse e guardasse arma de fogo em seu
trabalho, pois terceiro iria no dia seguinte ao local para buscar o material bélico. Os traficantes afirmaram
que se Flávia não atendesse àquela determinação, seria expulsa de sua casa, não tendo mais onde morar,
bem como que sua mãe também sofreria as consequências. Em razão disso, Flávia transportou um revólver,
de calibre de uso permitido, mas com numeração de série suprimida, para o trabalho, escondendo o material
em uma lixeira.
Após receber denúncia, a autoridade policial determinou a realização de diligência no local.

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Com autorização dos responsáveis, os policiais civis apreenderam a arma guardada por Flávia, que esclareceu
o ocorrido.

Considerando apenas as informações expostas, é correto afirmar que Flávia agiu:

A) sob coação moral resistível, devendo ser reconhecida a prática do crime de porte de arma de fogo de uso
permitido, com causa de diminuição de pena;

B) sob coação física irresistível, afastando-se a culpabilidade de sua conduta;

C) sob coação moral irresistível, afastando-se a culpabilidade de sua conduta;

D) sob coação moral irresistível, afastando-se a ilicitude de sua conduta;

E) em legítima defesa, afastando-se a ilicitude de sua conduta.

9. (FGV / 2020 / MPE-RJ)

Ramon foi denunciado pela prática de um crime de estupro simples, sendo constatado ao longo da instrução,
por meio de exame de insanidade mental, que, na data dos fatos, ele era inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato em razão de desenvolvimento mental incompleto.

Confirmada a autoria e a materialidade, no momento das alegações finais, caberá ao promotor de justiça
buscar:

A) o reconhecimento da autoria e materialidade, sendo, porém, o agente isento de pena, de modo que
caberá aplicação de medida de segurança em razão da inimputabilidade de Ramon;

B) a absolvição própria do agente, não sendo aplicada qualquer pena privativa de liberdade ou medida de
segurança, diante da inimputabilidade do agente;

C) a absolvição imprópria de Ramon, aplicando-se pena privativa de liberdade, com causa de diminuição de
pena em razão da inimputabilidade;

D) a condenação do réu, reduzindo-se a pena aplicada, porém, em um a dois terços em razão da semi-
imputabilidade do agente;

E) a absolvição imprópria de Ramon, aplicando-se medida de segurança, diante da semi-imputabilidade do


agente.

10. (FGV / 2018 / CÂMARA DE SALVADOR)

No dia 25 de dezembro de 2017, Carlos, funcionário público, recebe uma visita inesperada de João, seu
superior hierárquico, em sua residência. João informa a Carlos que estava sendo investigado pela prática de
um delito e exige que este altere informação em determinado documento público, mediante falsificação, de
modo a garantir que não sejam obtidas provas do crime que vinha sendo investigado, assegurando que, caso
a ordem não fosse cumprida, sequestraria o filho de Carlos e que a restrição da liberdade perduraria até o
atendimento da exigência. Diante desse comportamento de João, Carlos falsifica o documento público, mas
vem a ser descoberto e denunciado pela prática do crime previsto no Art. 297 do Código Penal (falsificação
de documento público).

Com base apenas nessas informações, o advogado de Carlos deveria alegar, em busca de sua absolvição, a
ocorrência de:

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A) coação moral irresistível, causa de exclusão da culpabilidade;

B) estrita obediência à ordem de superior hierárquico, causa de exclusão da culpabilidade;

C) estado de necessidade, causa de exclusão da ilicitude;

D) coação moral irresistível, causa de exclusão da ilicitude;

E) estrita obediência à ordem de superior hierárquico, causa de exclusão da ilicitude.

11. (FGV – 2018 – TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Gabriel, 25 anos, desferiu, de maneira imotivada,
diversos golpes de madeira na cabeça de Fábio, seu irmão mais novo. Após ser denunciado pelo crime de
lesão corporal gravíssima, foi realizado exame de insanidade mental, constatando-se que, no momento da
agressão, Gabriel, em razão de desenvolvimento mental incompleto, não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato.
Diante da conclusão do laudo pericial, deverá ser reconhecida a:
(A) inimputabilidade do agente, afastando-se a culpabilidade;
(B) semi-imputabilidade do agente, afastando-se a culpabilidade;
(C) inimputabilidade do agente, afastando-se a tipicidade;
(D) semi-imputabilidade do agente, que poderá funcionar como causa de redução de pena;
(E) semi-imputabilidade do agente, afastando-se a tipicidade.

12. (FGV – 2015 – TCM-SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO – CIÊNCIAS JURÍDICAS) Dois prefeitos de cidades
vizinhas, Ricardo e Bruno, encontram-se em um bar, após uma reunião cansativa de negócios. Ricardo
bebia doses de whisky e, mesmo não sendo essa sua intenção, acabou ficando embriagado. Enquanto isso,
Bruno bebia apenas refrigerante, mas foi colocado em seu copo um comprimido de substância psicotrópica
por um eleitor de sua cidade, que também o deixou completamente embriagado. Após, ainda alterados,
cada um volta para a sede de sua prefeitura e apropriam-se de bens públicos para proveito próprio.
Considerando o fato narrado, é correto afirmar que:
(A) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez de ambos decorreu de força maior;
(B) Ricardo deverá responder pelo crime praticado, enquanto Bruno é isento de pena;
(C) Ricardo e Bruno deverão responder pelos crimes praticados, pois a embriaguez nunca exclui a
imputabilidade penal;
(D) Ricardo e Bruno, caso sejam denunciados, responderão criminalmente perante a Câmara de Vereadores;
(E) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez do primeiro foi culposa e do segundo decorreu
de força maior.

13. (FGV – 2015 – TCE-RJ – AUDITOR) A embriaguez provocada pelo uso do álcool pode excluir a
culpabilidade quando:
a) for preordenada;
b) decorrer de força maior e diminuir a capacidade de entender a ilicitude do fato;

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c) for culposa;
d) for patológica;
e) for habitual.

14. (FGV – 2015 – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA-AL – PROCURADOR) A doutrina majoritária brasileira


entende que haverá crime diante de uma conduta típica, ilícita e culpável.
Sobre a culpabilidade, assinale a afirmativa correta.
a) O erro de tipo é causa de exclusão da culpabilidade em seu elemento potencial da ilicitude.
b) A conduta em coação física irresistível, apesar de típica e ilícita, não enseja punição do agente por ausência
de culpabilidade.
c) O estrito cumprimento do dever legal é tratado pelo Código Penal como causa excludente de
culpabilidade.
d) A embriaguez culposa completa não exclui a imputabilidade penal.
e) O exercício regular do direito é causa legal de exclusão da culpabilidade.
15. (FGV – 2015 – OAB – XVI EXAME DE ORDEM) Patrício e Luiz estavam em um bar, quando o primeiro,
mediante ameaça de arma de fogo, obriga o último a beber dois copos de tequila. Luiz ficou inteiramente
embriagado. A dupla, então, deixou o local, sendo que Patrício conduzia Luiz, que caminhava com muitas
dificuldades. Ao encontrarem Juliana, que caminhava sozinha pela calçada, Patrício e Luiz, se utilizando da
arma que era portada pelo primeiro, constrangeram-na a com eles praticar sexo oral, sendo flagrados por
populares que passavam ocasionalmente pelo local, ocorrendo a prisão em flagrante. Denunciados pelo
crime de estupro, no curso da instrução, mediante perícia, restou constatado que Patrício era possuidor
de doença mental grave e que, quando da prática do fato, era inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do seu comportamento, situação, aliás, que permaneceu até o momento do julgamento. Também
ficou demonstrado que, no momento do crime, Luiz estava completamente embriagado. O Ministério
Público requereu a condenação dos acusados. Não havendo dúvida com relação ao injusto, tecnicamente,
a defesa técnica dos acusados deverá requerer, nas alegações finais,
A) a absolvição dos acusados por força da inimputabilidade, aplicando, porém, medida de segurança para
ambos.
B) a absolvição de Luiz por ausência de culpabilidade em razão da embriaguez culposa e a absolvição Patrício,
com aplicação, para este, de medida de segurança.
C) a absolvição de Luiz por ausência de culpabilidade em razão da embriaguez completa decorrente de força
maior e a absolvição imprópria de Patrício, com aplicação, para este, de medida de segurança.
D) a absolvição imprópria de Patrício, com a aplicação de medida de segurança, e a condenação de Luiz na
pena mínima, porque a embriaguez nunca exclui a culpabilidade.

16. (FGV – 2015 – OAB – XVII EXAME DE ORDEM) Durante um assalto a uma instituição bancária, Antônio
e Francisco, gerentes do estabelecimento, são feitos reféns. Tendo ciência da condição deles de gerentes
e da necessidade de que suas digitais fossem inseridas em determinado sistema para abertura do cofre,
os criminosos colocam, à força, o dedo de Antônio no local necessário, abrindo, com isso, o cofre e

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subtraindo determinada quantia em dinheiro. Além disso, sob a ameaça de morte da esposa de Francisco,
exigem que este saia do banco, levando a sacola de dinheiro juntamente com eles, enquanto apontam
uma arma de fogo para os policiais que tentavam efetuar a prisão dos agentes.
Analisando as condutas de Antônio e Francisco, com base no conceito tripartido de crime, é correto afirmar
que
A) Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco não responderá por
ausência de ilicitude em sua conduta.
B) Antônio não responderá pelo crime por ausência de ilicitude, enquanto Francisco não responderá por
ausência de culpabilidade em sua conduta.
C) Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco não responderá por
ausência de culpabilidade em sua conduta.
D) Ambos não responderão pelo crime por ausência de culpabilidade em suas condutas.

17. (FGV – 2013 – OAB – XI EXAME DE ORDEM) Para aferição da inimputabilidade por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, assinale a alternativa que indica o critério adotado
pelo Código Penal vigente.
a) Biológico.
b) Psicológico.
c) Psiquiátrico.
d) Biopsicológico.

18. (FGV – 2012 – OAB – VIII EXAME DE ORDEM) Analise as hipóteses abaixo relacionadas e assinale a
alternativa que apresenta somente causas excludentes de culpabilidade.
a) Erro de proibição; embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior; coação moral
irresistível.
b) Embriaguez culposa; erro de tipo permissivo; inimputabilidade por doença mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
c) Inimputabilidade por menoridade; estrito cumprimento do dever legal; embriaguez incompleta.
d) Embriaguez incompleta proveniente de caso fortuito ou força maior; erro de proibição; obediência
hierárquica.

19. (FGV – IX EXAME UNIFICADO DA OAB) Acerca das causas excludentes de ilicitude e extintivas de
punibilidade, assinale a afirmativa incorreta.
A) A coação moral irresistível exclui a culpabilidade, enquanto que a coação física irresistível exclui a própria
conduta, de modo que, nesta segunda hipótese, sequer chegamos a analisar a tipicidade, pois não há
conduta penalmente relevante.
B) Em um bar, Caio, por notar que Tício olhava maliciosamente para sua namorada, desfere contra este um
soco no rosto. Aturdido, Tício vai ao chão, levantando-se em seguida, e vai atrás de Caio e o interpela quando
este já estava saindo do bar. Ao voltar-se para trás, atendendo ao chamado, Caio é surpreendido com um
soco no ventre. Tício praticou conduta típica, mas amparada por uma causa excludente de ilicitude.

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C) Mévio, atendendo a ordem dada por seu líder religioso e, com o intuito de converter Rufus, permanece
na residência deste à sua revelia, ou seja, sem o seu consentimento. Neste caso, Mévio, mesmo cumprindo
ordem de seu superior e mesmo sendo tal ordem não manifestamente ilegal, pratica crime de violação de
domicílio (Art. 150 do Código Penal), não estando amparado pela obediência hierárquica.
D) O consentimento do ofendido não foi previsto pelo nosso ordenamento jurídico-penal como uma causa
de exclusão da ilicitude. Todavia, sua natureza justificante é pacificamente aceita, desde que, entre outros
requisitos, o ofendido seja capaz de consentir e que tal consentimento recaia sobre bem disponível.

20. (FCC – 2017 – TRF5 – OFICIAL DE JUSTIÇA) A coação moral irresistível


a) torna o fato atípico.
b) é causa excludente de ilicitude.
c) é circunstância que sempre atenua a pena.
d) tem o mesmo tratamento legal da coação física irresistível.
e) é causa de isenção da pena.

21. (FCC – 2015 – TRE-RR – ANALISTA JUDICIÁRIO) Paulo é estudante de uma determinada faculdade do
Estado de Roraima, cursando o primeiro semestre. No início deste ano de 2015 Paulo é submetido a um
trote acadêmico violento e, amarrado, é obrigado a consumir à força bebida alcoólica e substância
entorpecente. Após o trote, Paulo, completamente embriagado e incapacitado de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento por conta desta embriaguez e do
uso de droga, desloca-se até uma Delegacia de Polícia da cidade de Boa Vista, onde tramita um inquérito
contra ele por crime de lesão corporal dolosa decorrente de uma briga em uma casa noturna, e oferece R$
10.000,00 em dinheiro ao Delegado de Polícia para que este não dê prosseguimento às investigações.
Paulo acaba preso em flagrante pela Autoridade Policial. No caso hipotético exposto, Paulo
a) praticou crime de corrupção ativa e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de condenação.
b) é isento de pena pelo crime cometido nas dependências da Delegacia de Polícia.
c) praticou crime de corrupção ativa e não terá a pena reduzida no caso de condenação pela embriaguez.
d) praticou crime de concussão e não terá a pena reduzida no caso de condenação.
e) praticou crime de concussão e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de condenação.

22. (FCC – 2015 – TRT9 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) São causas de inimputabilidade previstas no Código Penal,
além de doença mental e desenvolvimento mental incompleto ou retardado:
a) emoção e paixão; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior; idade inferior a 18
anos.
b) idade inferior a 16 anos; embriaguez voluntária; coação irresistível.
c) idade inferior a 18 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior.
d) idade inferior a 21 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior; legítima
defesa.
e) emoção e paixão; idade inferior a 18 anos; embriaguez preordenada.

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23. (FCC – 2015 – TRE-AP – ANALISTA JUDICIÁRIO) Maria é aprovada no vestibular para uma determinada
Universidade Federal. No dia da matrícula, Maria, caloura, é recebida pelos alunos veteranos da
universidade e submetida a um trote acadêmico violento. Além de outras coisas que foi obrigada a fazer,
Maria foi amarrada em uma cadeira de bar e obrigada a ingerir bebida alcoólica até ficar completamente
embriagada e sem qualquer possibilidade de entender o caráter ilícito de um fato ou de determinar-se de
acordo com este entendimento. Maria é liberada do trote e sai do bar, dirigindo-se até o seu veículo que
estava estacionado em via pública, sem conseguir movimentá-lo. Abordada por policiais, desacatou-os.
Neste caso, no que concerne ao crime de desacato,
(A) terá a pena reduzida de um a dois terços.
(B) estará isenta de pena.
(C) terá a pena reduzida de metade.
(D) terá a pena reduzida em 1/6.
(E) terá a pena aumentada de 1/3.

24. (FCC – 2014 – TRF4 – OFICIAL DE JUSTIÇA) No direito brasileiro legislado, desde que subtraia por
completo o entendimento da ilicitude ou a determinação por ela, a embriaguez terá, genericamente, o
condão de excluir total ou parcialmente a imputabilidade penal quando for
(A) não preordenada.
(B) oriunda de culpa consciente.
(C) oriunda de culpa inconsciente.
(D) oriunda de caso fortuito.
(E) não premeditada.

25. (FCC – 2014 – TJ-CE – JUIZ) Na coação moral irresistível, há exclusão da


a) antijuridicidade.
b) culpabilidade, por inimputabilidade.
c) culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa.
d) tipicidade.
e) culpabilidade, por impossibilidade de conhecimento da ilicitude.

26. (FCC – 2014 – CÂMARA MUNICIPAL-SP – PROCURADOR LEGISLATIVO) Há uma crítica doutrinária
bastante conhecida e frequente ao fundamento teórico da punição, no direito brasileiro, dos crimes
cometidos em estado de embriaguez. Pode-se sintetizá-la afirmando que essa punição, ao fundar-se na
teoria
a) da equivalência dos antecedentes causais, simplesmente equaliza as diversas modalidades de embriaguez,
não permitindo uma justa diferenciação de seus variados graus de reprovabilidade.
b) objetiva pura alemã, não considera as diversas situações subjetivas desencadeantes da embriaguez, e, por
consequência, não propicia a devida diferenciação entre seus variados graus de reprovabilidade.

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c) da actio libera in causa, não é facilmente extensível aos casos de embriaguez não preordenada ou mesmo
meramente culposa, propiciando-se, eventualmente, situações de responsabilização penal estritamente
objetiva.
d) puramente normativa da culpabilidade (Welzel), esvazia o juízo da consciência da ilicitude que, de efetivo
e concreto, se torna puramente exigível e potencial, respondendo o agente indistintamente pelo crime, ainda
que compreensivelmente não tivesse condições ou razões reais para não se embriagar nas circunstâncias em
que o fato se deu.
e) monista temperada, acaba comportando situações graves de impunidade, notadamente nos crimes
cometidos com culpa consciente e limítrofes ao dolo eventual.

27. (FCC – 2013 – TJ-PE – TITULAR NOTARIAL) A inimputabilidade por peculiaridade mental ou etária
exclui da conduta a
a) tipicidade.
b) tipicidade e a antijuridicidade, respectivamente.
c) antijuridicidade.
d) antijuridicidade e a culpabilidade, respectivamente.
e) culpabilidade.

28. (FCC – 2012 – TRF5 – ANALISTA JUDICIÁRIO) Em matéria penal, a embriaguez incompleta, resultante
de caso fortuito ou de força maior,
a) não suprime a imputabilidade penal, mas diminui a capacidade de entendimento gerando uma causa geral
de diminuição de pena.
b) não exclui, nem diminui, a imputabilidade penal, não operando qualquer efeito na aplicação da pena.
c) é hipótese de elisão da imputabilidade penal porque afeta a capacidade de compreensão, tornando o
agente isento de pena.
d) não exclui, nem diminui, a imputabilidade penal, servindo como circunstância agravante.
e) embora não suprima a imputabilidade penal, é censurável, e serve como circunstância agravante.

29. (FCC – 2011 – TCE-SP – PROCURADOR) Constitui causa de exclusão da culpabilidade


A) a embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, em virtude da impossibilidade de o
agente conhecer a ilicitude do fato.
B) o erro sobre a ilicitude do fato, em decorrência da não imputabilidade do agente.
C) a doença mental ou o desenvolvimento mental incompleto ou retardado, em função de não se poder
exigir conduta diversa do agente.
D) a menoridade, em virtude da impossibilidade de o agente conhecer a ilicitude do fato.
E) a coação moral irresistível, em função de não se poder exigir conduta diversa do agente.

30. (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR) A coação moral irresistível e a obediência hierárquica são
causas de exclusão da
A) culpabilidade.

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B) antijuridicidade.
C) ilicitude.
D) tipicidade.
E) punibilidade.

31. (FCC – 2010 – MPE-SE – ANALISTA – DIREITO) Desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
embriaguez decorrente de caso fortuito e menoridade constituem, dentre outras, excludentes de
A) tipicidade
B) ilicitude
C) punibilidade
D) antijuridicidade
E) culpabilidade
==5fa25==

32. (FCC – 2011 – TER/AP – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Exclui a imputabilidade penal, nos
termos preconizados pelo Código Penal,
A) a embriaguez voluntária pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
B) a emoção e a paixão.
C) a embriaguez culposa pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
D) se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
E) a embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior, se o agente era, ao tempo da ação
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.

33. (FCC – 2007 – ISS/SP – AUDITOR-FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL) São pressupostos da culpabilidade
a) a falta de cuidado, a previsibilidade do resultado e a exigibilidade de conduta diversa.
b) a imputabilidade, a possibilidade de conhecimento da ilicitude e a falta de cuidado.
c) a previsibilidade do resultado, a imputabilidade e a falta de cuidado.
d) a possibilidade de conhecer a ilicitude, a exigibilidade de conduta diversa e a falta de cuidado.
e) a imputabilidade, a possibilidade de conhecer a ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.

34. (FCC – 2007 – ISS/SP – AUDITOR-FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL) A doença mental, a perturbação
de saúde mental e o desenvolvimento mental incompleto ou retardado
a) refletem na culpabilidade, de modo a excluí-la ou a atenuá-la.
b) excluem a ilicitude da conduta.
c) isentam sempre de pena.
d) extinguem a punibilidade.
e) excluem a tipicidade.

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35. (FCC – 2008 – PGE/SP – PROCURADOR) Exclui a culpabilidade, em decorrência da não-


imputabilidade,
a) a emoção.
b) a embriaguez não-acidental.
c) a coação moral irresistível.
d) a menoridade.
e) o erro sobre a ilicitude do fato.

36. (FCC – 2007 – MPU – ANALISTA) Considere:


I. Estado de necessidade.
II. Estrito cumprimento de dever legal.
III. Obediência hierárquica.
IV. Exercício regular de um direito.
V. Legítima defesa putativa.
São excludentes da culpabilidade SOMENTE o que se considera em
a) I e V.
b) II e III.
c) III e V.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

37. (FCC - 2013 - TJ-PE - Juiz) A coação moral irresistível e a obediência hierárquica excluem a
a) tipicidade e a culpabilidade, respectivamente.
b) tipicidade.
c) culpabilidade.
d) culpabilidade e a tipicidade, respectivamente.
e) punibilidade e a ilicitude, respectivamente.

38. (vunesp – 2019 – iss-guarulhos – auditor)


Assinale a alternativa correta, no que tange ao tratamento que o CP dá à imputabilidade penal (arts. 26 a
28).
A) Aplicar-se-á exclusivamente medida de segurança se, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado o agente não era inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
B) É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

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C) Os menores de 21 (vinte e um) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
estabelecidas na legislação especial.
D) A emoção ou a paixão excluem a imputabilidade penal para os delitos que exigem especial fim de agir.
E) A embriaguez culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, exclui a imputabilidade penal.

39. (VUNESP – 2018 – PC-BA - ESCRIVÃO) A respeito da imputabilidade penal, é correto afirmar que tal
instituto
(A) figura como um dos elementos da culpabilidade.
(B) cuida da capacidade física do agente de praticar o ilícito.
(C) figura como um dos requisitos da punibilidade.
(D) não exclui da aplicação da lei penal fato praticado durante a embriaguez involuntária completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior.
(E) não exclui a menoridade (criança e adolescente) da aplicação da lei penal.

40. (VUNESP – 2018 – PC-BA - INVESTIGADOR) De acordo com o Estatuto Penal brasileiro, são elementos
da culpabilidade a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
Sobre a imputabilidade, assinale a alternativa correta.
(A) O conceito de imputabilidade penal compreende a capacidade mental do indivíduo, considerando-se
apenas a sua idade ao tempo do crime.
(B) Entre as causas de exclusão da imputabilidade, encontra-se a embriaguez completa ou incompleta, mas
sempre voluntária.
(C) A legislação penal brasileira adotou o critério Biopsicológico como aquele de aferição da imputabilidade,
independentemente da idade do infrator ao tempo do fato.
(D) Ao agente que, em virtude da perturbação da saúde mental, não for inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, poderá ser imposta pena como
sanção, porém com redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços).
(E) O agente que por embriaguez incompleta e voluntária não for, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato será isento de pena.

41. (VUNESP – 2017 – DPE-RO – DEFENSOR PÚBLICO) Sendo positivos os elementos que configuram o
delito e constatada a semi-imputabilidade do acusado, o juiz pode, atendendo aos demais critérios legais,
a) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou absolvê-lo, pois não há outra previsão legal.
b) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou determinar que se submeta a tratamento ambulatorial ou, ainda,
determinar sua internação.
c) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou determinar que se submeta a tratamento ambulatorial, pois não
há outra previsão legal.
d) absolver o acusado, por ausência de tipicidade, especialmente por falta de elemento subjetivo do tipo ou
suspender o processo, pois não há outra previsão legal.
e) declarar extinta a punibilidade do acusado ou absolvê-lo por ausência de tipicidade, especialmente por
falta de elemento subjetivo do tipo.

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42. (VUNESP – 2016 – TJ-SP – TITULAR NOTARIAL) Assinale a alternativa correta.


a) A embriaguez culposa, por álcool ou substância de efeitos análogos, exclui a imputabilidade penal.
b) O agente que em virtude de perturbação da saúde mental não era, ao tempo da ação, inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, é isento de
pena.
c) A paixão ou a emoção não excluem a imputabilidade penal.
d) Os menores de dezoito anos são semi-imputáveis, pois estão sujeitos às normas do Estatuto da Criança e
do Adolescente.

43. (VUNESP – 2016 – IPSMI – PROCURADOR) Tício, maior de 18 anos, é portador de doença mental,
necessitando de medicação diária. A doença, por si só, não prejudica a capacidade de compreensão.
Todavia, a medicação, ingerida em conjunto com bebida alcoólica em quantidade, provoca surtos
psicóticos, com exclusão da capacidade de entendimento. Tício sabe dos efeitos do álcool, em excesso, em
seu organismo, mas costuma beber, moderadamente, justamente para desfrutar dos efeitos que, segundo
ele, “dá barato”. Em uma festa, Tício, sem saber que se tratava de uma garrafa de absinto (bebida de alto
teor alcoólico), pensando ser gim, preparou um coquetel de frutas e ingeriu. Ao recobrar a consciência,
soube que esfaqueou dois de seus melhores amigos, causando a morte de um e lesão de natureza grave
em outro. A respeito da situação, é correto afirmar que
a) Tício, devido à doença mental, é inimputável, sendo isento de pena.
b) Tício é inimputável, sendo isento de pena, pois praticou o crime em estado de completa embriaguez,
decorrente de caso fortuito.
c) Tício é imputável, pois a embriaguez completa decorreu de culpa. Entretanto, faz jus à redução da pena.
d) Tício é imputável, sendo punido de forma agravada, em vista da embriaguez pré-ordenada.
e) Tício, por ser maior de 18 anos, é imputável, sendo irrelevante a circunstância de ter praticado o crime em
estado de completa embriaguez.

44. (VUNESP – 2015 – MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA) Assinale a alternativa correta a respeito
da imputabilidade penal.
(A) Comprovada a doença mental ou o desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o agente será
considerado inimputável para os efeitos legais.
(B) Aos inimputáveis e aos semi-imputáveis, comprovada essa condição por perícia médica, será substituída
a pena por medida de segurança consistente em internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico.
(C) A imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade, ao lado da potencial consciência sobre a ilicitude
do fato e a exigibilidade de conduta diversa.
(D) A imputabilidade, de acordo com o Código Penal, pode se dar por doença mental, imaturidade natural
ou embriaguez do agente.
(E) A emoção e a paixão, além de não afastarem a imputabilidade penal do agente, podem ser consideradas
como circunstâncias agravantes no momento da fixação da pena.

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45. (VUNESP – 2015 – PC/CE – ESCRIVÃO) No tocante às disposições do Código Penal relativas à
culpabilidade e imputabilidade, é correto afirmar que
(A) a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(B) a embriaguez culposa pelo álcool ou substância de efeitos análogos exclui a imputabilidade penal.
(C) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(D) a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(E) a embriaguez voluntária pelo álcool ou substância de efeitos análogos exclui a imputabilidade penal.

46. (VUNESP – 2015 – PC/CE – INSPETOR) No tocante às disposições previstas no Código Penal relativas
à culpabilidade, é correto afirmar que
(A) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal,
de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(B) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal,
de superior hierárquico, é punível o autor da coação ou da ordem tendo o autor do fato a pena diminuída
de um a dois terços.
(C) o fato cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, não excluiu a culpabilidade do autor do fato.
(D) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, mesmo que
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(E) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, mesmo que
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, é punível o autor da coação ou da ordem tendo o autor do
fato a pena diminuída de um a dois terços.

47. (VUNESP – 2015 – PC/CE – INSPETOR) Nos termos do Código Penal, a imputabilidade penal é excluída
pela
(A) emoção.
(B) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que torna o autor, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
(C) embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, que privou o autor, ao tempo da ação ou da
omissão, da plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
(D) embriaguez completa e culposa que torna o autor, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(E) paixão.

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48. (VUNESP – 2014 – PC-SP – DELEGADO DE POLÍCIA) A tese supralegal de inexigibilidade de conduta
diversa, se acolhida judicialmente, importa em exclusão
a) da imputabilidade.
b) da pena.
c) de punibilidade.
d) do crime.
e) de culpabilidade.

49. (VUNESP – 2015 – PC-CE – DELEGADO DE POLÍCIA) Considere que determinado sujeito, portador de
desenvolvimento mental incompleto, ao tempo da ação tinha plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato, mas era inteiramente incapaz de determinar-se de acordo com esse entendimento – o que
fora clinicamente atestado nos autos em perícia oficial. Em consonância com o texto legal do art. 26 do
CP, ao proferir sentença deve o juiz reconhecer sua
a) inimputabilidade.
b) imputabilidade.
c) semi-imputabilidade, absolvendo-lhe e aplicando-lhe medida de segurança.
d) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe pena diminuída.
e) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe medida de segurança.

50. (VUNESP - 2013 - TJ-SP - ADVOGADO) O gerente de uma determinada agência bancária, após longa
sessão de tortura psicológica infligida a ele pelos bandidos, fornece a chave para abertura do cofre da
agência bancária. Sua conduta encontra guarida na excludente de;
a) ilicitude denominada legítima defesa.
b) ilicitude denominada obediência hierárquica.
c) culpabilidade denominada actio libera in causa.
d) ilicitude denominada coação física irresistível.
e) culpabilidade denominada coação moral irresistível.

51. (VUNESP – 2009 – TJ-SP – JUIZ) Com relação à coação moral irresistível, é correto afirmar que
a) exclui a culpabilidade.
b) exclui a tipicidade.
c) exclui a antijuridicidade.
d) o coato age sem vontade.

52. (VUNESP – 2009 – TJ-SP – JUIZ) O pai que, tendo o filho sequestrado e ameaçado de morte, é coagido
por sequestradores armados e forçado a dirigir-se a certa agência bancária para efetuar um roubo a fim
de obter a quantia necessária para o pagamento do resgate e livrar o filho do cárcere privado em que se
encontra pode, em tese, lograr a absolvição com base na alegação de

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a) inexigibilidade de conduta diversa.


b) legítima defesa.
c) exercício regular de direito.
d) estrito cumprimento de dever legal.

53. (VUNESP – 2008 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO) "A" foi condenado por crime de roubo. Todavia,
após a prolação da sentença, veio aos autos a prova de que "A" é menor de 18 anos de idade. Nesse caso,
a) "A" deve ser absolvido por não constituir o fato infração penal.
b) "A" deve ser absolvido por ser inimputável.
c) deve ser anulada ab initio a ação penal, em razão da inimputabilidade do autor do fato.
d) "A" deve ter declarada extinta a punibilidade.

GABARITO

1. LETRA C
2. LETRA D
3. LETRA E
4. LETRA C
5. LETRA C
6. ALTERNATIVA C
7. ALTERNATIVA E
8. ALTERNATIVA C
9. ALTERNATIVA A
10. ALTERNATIVA A
11. ALTERNATIVA D
12. ALTERNATIVA B
13. ALTERNATIVA D
14. ALTERNATIVA D
15. ALTERNATIVA C
16. ALTERNATIVA C
17. ALTERNATIVA D
18. ALTERNATIVA A
19. ALTERNATIVA B
20. ALTERNATIVA E
21. ALTERNATIVA B
22. ALTERNATIVA C
23. ALTERNATIVA B

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24. ALTERNATIVA D
25. ALTERNATIVA C
26. ALTERNATIVA C
27. ALTERNATIVA E
28. ALTERNATIVA A
29. ALTERNATIVA E
30. ALTERNATIVA A
31. ALTERNATIVA E
32. ALTERNATIVA E
33. ALTERNATIVA E
34. ALTERNATIVA A
35. ALTERNATIVA D
36. ALTERNATIVA C
37. ALTERNATIVA C
38. ALTERNATIVA B
39. ALTERNATIVA A
40. ALTERNATIVA D
41. ALTERNATIVA B
42. ALTERNATIVA C
43. ALTERNATIVA B
44. ALTERNATIVA C
45. ALTERNATIVA D
46. ALTERNATIVA A
47. ALTERNATIVA B
48. ALTERNATIVA E
49. ALTERNATIVA A
50. ALTERNATIVA E
51. ALTERNATIVA A
52. ALTERNATIVA A
53. ALTERNATIVA C

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EXERCÍCIOS PARA PRATICAR

1. (FGV / 2022 / PCERJ)


Perseu, funcionário da loja Olimpo, tem sua atenção chamada para um telefone celular de última geração,
exibido por Medusa, outra funcionária do estabelecimento. Ciente de que o salário que ambos recebem não
permitiria a aquisição do referido aparelho, Perseu passa a questionar a origem do bem, sendo informado
que Medusa o havia recebido de presente de Teseu, seu namorado. Perseu, então, monta um plano para
furtar o celular, aproveitando o término antecipado do seu expediente para levar a bolsa de Medusa.
Chegando em casa, constata que no interior da bolsa havia uma carteira com cartões e sem dinheiro,
maquiagem, guarda-chuva, óculos de sol, óculos de grau, fones de ouvido e o carregador do celular, vindo a
descobrir, por terceiros, que o telefone estava em poder de Medusa, permanecendo o tempo todo no bolso
traseiro da sua calça.
Diante do narrado, Perseu:
(A) responderá por furto, por erro acidental;
(B) responderá por furto, por erro na execução do crime;
(C) não responderá por furto, por erro acidental;
(D) não responderá por furto, por erro na execução do crime;
(E) não responderá por furto, por erro de proibição.

2. (FGV / 2022 / PM-AM)

Durante operação policial, Alberto, ao incursionar por uma viela, se depara com Sérgio portando um guarda-
chuva. Devido à tensão do momento, Alberto pensa que o objeto nas mãos de Sérgio é uma arma de fogo e,
em razão disso, efetua disparo com sua arma, o que leva Sergio a óbito. Nesse caso, é correto afirmar que a
hipótese é de erro de tipo

A) essencial, na modalidade erro provocado por terceiro.

B) acidental, na modalidade erro na execução.

C) acidental, na modalidade erro sobre a pessoa.

D) essencial, na modalidade erro de tipo permissivo ou delito putativo por erro de tipo.

E) essencial, na modalidade erro de tipo incriminador.

3. (FGV / 2022 / PCERJ)

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Em determinado set de filmagens, Hades, produtor técnico, entrega arma de fogo verdadeira, devidamente
municiada, para o ator Ares, fazendo-o acreditar que se trata de arma cenográfica, sem potencial de efetuar
disparos. Já tendo lido o script e presenciado os ensaios, Hades sabia previamente que, nas cenas que seriam
filmadas, Ares deveria apontar a arma para Atena e, após breve diálogo, efetuar o disparo para a cena fatal.
Querendo a morte de Atena, em razão de desavenças pretéritas, Hades faz a substituição da arma,
fornecendo-a diretamente a Ares, irrogando o famoso “quebre a perna”. Ares efetua o disparo e ceifa a vida
de Atena.
Do ponto de vista jurídico-penal:
(A) Ares e Hades responderão por homicídio doloso, o primeiro como autor e o segundo como partícipe;
(B) Ares e Hades responderão por homicídio doloso, o primeiro como partícipe e o segundo como autor;
(C) Ares e Hades responderão por homicídio doloso, como coautores;
(D) Ares responderá por homicídio culposo e Hades por homicídio doloso;
(E) Ares não responderá por crime e Hades responderá por homicídio doloso.

4. (FGV/2021/TJSC/NOTÁRIO)
Hugo, funcionário de estabelecimento comercial, insatisfeito com seu empregador e querendo causar-lhe
prejuízo, devidamente uniformizado e identificado, entrega a Jairo, cliente da loja, um aparelho celular que
estava exposto à venda, dizendo tratar-se de um brinde. Jairo, então, coloca o aparelho em seu bolso e sai
da loja, quando é imediatamente abordado por seguranças do local, que encontram o objeto em sua posse
e o levam à delegacia de polícia, onde foi indiciado pelo crime de furto.
Considerando apenas as informações expostas, é correto afirmar que Jairo:
A) poderá ser responsabilizado pelo crime imputado, mas com causa de diminuição de pena, pois agiu em
erro de proibição evitável;
B) poderá ser responsabilizado pelo crime imputado, mas apenas na modalidade culposa, pois agiu em erro
de tipo acidental;
C) não poderá ser punido pelo crime imputado, pois estará isento de pena em razão de erro de proibição
inevitável;
D) não praticou o crime imputado, pois atuou em erro de tipo provocado por terceiro;
E) não praticou o crime imputado, pois atuou em erro de tipo acidental.

5. (FGV/2021/TJRO)
Ao lado das hipóteses de erros essenciais figuram os chamados erros acidentais, que, ao contrário daqueles,
incidem sobre elementos não essenciais à configuração do crime, não afetando a decisão a respeito da
imputação. Uma hipótese de erro acidental é:
A) erro de tipo;
B) erro sobre a pessoa;
C) erro de proibição;
D) descriminantes putativas;
E) erro mandamental.

6. (FGV/2018/MPE-AL)

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Durante uma festa rave, Bernardo, 19 anos, conhece Maria, e, na mesma noite, eles vão para um hotel e
mantém relações sexuais. No dia seguinte, Bernardo é surpreendido pela chegada de policiais militares no
hotel, que realizam sua prisão em flagrante, informando que Maria tinha apenas 13 anos. Bernardo, então,
é encaminhado para a Delegacia, apesar de esclarecer que acreditava que Maria era maior de idade, devido
a seu porte físico e pelo fato de que era proibida a entrada de menores de 18 anos na festa rave. Diante da
situação narrada, Bernardo agiu em
A) erro de tipo, tornando a conduta atípica.
B) erro de tipo, afastando o dolo, mas permitindo a punição pelo crime de estupro de vulnerável culposo.
C) erro de proibição, afastando a culpabilidade do agente pela ausência de potencial conhecimento da
ilicitude.
D) erro sobre a pessoa, tornando a conduta atípica.
E) erro de tipo permissivo, gerando causa de redução de pena.
==5fa25==

7. (FGV/2020/MPE-RJ)
Thiago, pessoa financeiramente humilde, alugou uma bicicleta avaliada em R$ 2.000,00 pelo período de 2
(duas) horas para ir até uma entrevista de emprego. Após a entrevista, chateado por não ter conseguido a
vaga pretendida, acabou por pegar a bicicleta de outra pessoa que estava estacionada no mesmo local,
acreditando ser a que alugara. Apesar de o modelo e o valor da bicicleta serem idênticos ao da que havia
alugado, as cores eram diferentes. Cinco minutos depois, Thiago veio a ser abordado por policiais militares
que souberam dos fatos, sendo indiciado, em sede policial, pela prática do crime de furto simples doloso.
No momento do oferecimento da denúncia, o promotor de justiça deverá concluir que a conduta de Thiago
é:
A) típica, mas deverá ser reconhecida causa de diminuição de pena em razão do erro de proibição, que não
era inevitável;
B) típica, mas deverá ser imputado o crime contra o patrimônio de natureza culposa, já que o erro de tipo
era evitável;
C) atípica, em razão do reconhecimento do princípio da insignificância;
D) atípica, diante do erro de proibição;
E) atípica, diante do erro de tipo.

8. (FGV/2021/FUNSAÚDE)
Durante operação policial em localidade com presença de criminosos armados, o policial Jonathan, temendo
pela sua integridade física e de seus colegas policiais, se assusta ao ver sair de uma casa um homem
segurando um guarda-chuva com ponta metálica.
Por pensar tratar-se de uma arma de fogo e não de um guarda-chuva, Jonathan atira e vem a matar a vítima,
Caio, que saía de casa em direção ao trabalho.
Acerca do erro praticado por Jonathan, assinale a opção que indica a tese de direito material que poderia ser
usada em sua defesa.
A) Erro de proibição, que, se for entendido como inevitável, isenta de pena e se for evitável poderá reduzi-
la de um sexto a um terço, nos termos do Art. 21 do CP.

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B) Erro de tipo incriminador, na medida em que errou sobre um elemento constitutivo do crime, o que
poderia, nos termos do Art. 20, caput, do CP, afastar o dolo e permitir a punição por crime culposo, que
existe no caso do homicídio.
C) Erro na execução, na medida em que pensou que Caio estivesse portando uma arma de fogo, o que faz
com que ele seja isento de pena, nos termos do Art. 73 do CP.
D) Erro de tipo permissivo, previsto no Art. 20, § 1º, do CP, na medida em que acreditava estar diante de
uma situação fática que, se existisse, tornaria sua ação legítima. Se o erro for tido como justificável, ficará
isento de pena. Caso se entenda como evitável, responderá pelo crime na modalidade culposa, legalmente
prevista no caso do homicídio.
E) Erro sobre o objeto, modalidade de erro acidental na qual o agente confunde um objeto com outro, o que
poderá isentar o réu de pena.

9. (FGV / 2019 / OAB)


Regina dá à luz seu primeiro filho, Davi. Logo após realizado o parto, ela, sob influência do estado puerperal,
comparece ao berçário da maternidade, no intuito de matar Davi. No entanto, pensando tratar-se de seu
filho, ela, com uma corda, asfixia Bruno, filho recém-nascido do casal Marta e Rogério, causando-lhe a morte.
Descobertos os fatos, Regina é denunciada pelo crime de homicídio qualificado pela asfixia com causa de
aumento de pena pela idade da vítima.
Diante dos fatos acima narrados, o(a) advogado(a) de Regina, em alegações finais da primeira fase do
procedimento do Tribunal do Júri, deverá requerer
A) o afastamento da qualificadora, devendo Regina responder pelo crime de homicídio simples com causa
de aumento, diante do erro de tipo.
B) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser
reconhecida a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser descendente da agente.
C) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo ser
reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de
quem se pretendia atingir.
D) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, podendo ser reconhecida a
agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se
pretendia atingir.

10. (FGV – 2019 – DPE-RJ – TÉCNICO JURÍDICO)


Ao final das comemorações da noite de Natal com sua família, Paulo, quando deixava o local, acabou por
levar consigo o presente do seu primo Caio, acreditando ser o seu, tendo em vista que as caixas dos presentes
eram idênticas. Após perceber o sumiço do seu presente e acreditando ter sido vítima de crime patrimonial,
Caio compareceu à Delegacia para registrar o ocorrido, ocasião em que foram ouvidas testemunhas
presenciais, que afirmaram ter visto Paulo sair com aquele objeto. Paulo, ao tomar conhecimento da
investigação, compareceu em sede policial e indicou onde o objeto estava, sendo o bem apreendido no dia
seguinte em sua residência. Preocupado com sua situação jurídica, Paulo procurou a Defensoria Pública.
Sob o ponto de vista jurídico, sua conduta impõe o reconhecimento de que:
A) ocorreu erro de proibição, afastando a culpabilidade ou gerando causa de redução de pena, a depender
de ser considerado vencível ou invencível;

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B) foi praticado crime de furto, mas deverá ser reconhecida a causa de diminuição de pena do
arrependimento posterior;
C) houve erro sobre a pessoa, devendo ser consideradas as características daquele que se pretendia atingir;
D) ocorreu erro de tipo, o que faz com que, no caso concreto, sua conduta seja considerada atípica;
E) houve erro na execução (aberratio ictus), logo a conduta deverá ser considerada atípica.

11. (FGV – 2017 – OAB - XXIII EXAME DE ORDEM) Pedro, jovem rebelde, sai à procura de Henrique, 24
anos, seu inimigo, com a intenção de matá-lo, vindo a encontrá-lo conversando com uma senhora de 68
anos de idade. Pedro saca sua arma, regularizada e cujo porte era autorizado, e dispara em direção ao
rival. Ao mesmo tempo, a senhora dava um abraço de despedida em Henrique e acaba sendo atingida pelo
disparo. Henrique, que não sofreu qualquer lesão, tenta salvar a senhora, mas ela falece.
Diante da situação narrada, em consulta técnica solicitada pela família, deverá ser esclarecido pelo advogado
que a conduta de Pedro, de acordo com o Código Penal, configura
A) crime de homicídio doloso consumado, apenas, com causa de aumento em razão da idade da vítima.
B) crime de homicídio doloso consumado, apenas, sem causa de aumento em razão da idade da vítima.
C) crimes de homicídio culposo consumado e de tentativa de homicídio doloso em relação a Henrique.
D) crime de homicídio culposo consumado, sem causa de aumento pela idade da vítima.

12. (FGV – 2017 – OAB – XXII EXAME DE ORDEM) Tony, a pedido de um colega, está transportando uma
caixa com cápsulas que acredita ser de remédios, sem ter conhecimento que estas, na verdade, continham
Cloridrato de Cocaína em seu interior. Por outro lado, José transporta em seu veículo 50g de Cannabis
Sativa L. (maconha), pois acreditava que poderia ter pequena quantidade do material em sua posse para
fins medicinais.
Ambos foram abordados por policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática do crime
de tráfico de entorpecentes.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José deverá alegar em favor dos
clientes, respectivamente, a ocorrência de
A) erro de tipo, nos dois casos.
B) erro de proibição, nos dois casos.
C) erro de tipo e erro de proibição.
D) erro de proibição e erro de tipo.

13. (FGV - 2016 - OAB - XX EXAME DE ORDEM) Wellington pretendia matar Ronaldo, camisa 10 e melhor
jogador de futebol do time Bola Cheia, seu adversário no campeonato do bairro. No dia de um jogo do
Bola Cheia, Wellington vê, de costas, um jogador com a camisa 10 do time rival. Acreditando ser Ronaldo,
efetua diversos disparos de arma de fogo, mas, na verdade, aquele que vestia a camisa 10 era Rodrigo,
adolescente que substituiria Ronaldo naquele jogo. Em virtude dos disparos, Rodrigo faleceu.
Considerando a situação narrada, assinale a opção que indica o crime cometido por Wellington.
A) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro na execução.

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B) Homicídio consumado, considerando-se as características de Rodrigo.


C) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro sobre a pessoa.
D) Tentativa de homicídio contra Ronaldo e homicídio culposo contra Rodrigo.

14. (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Pedro e Paulo bebiam em um bar da cidade quando teve
início uma discussão sobre futebol. Pedro, objetivando atingir Paulo, desfere contra ele um disparo que
atingiu o alvo desejado e também terceira pessoa que se encontrava no local, certo que ambas as vítimas
faleceram, inclusive aquela cuja morte não era querida pelo agente.
Para resolver a questão no campo jurídico, deve ser aplicada a seguinte modalidade de erro:
A) erro sobre a pessoa.
B) aberratio ictus.
C) aberratio criminis.
D) erro determinado por terceiro.

15. (FGV – 2014 – OAB – XIV EXAME DE ORDEM) Eslow, holandês e usuário de maconha, que nunca antes
havia feito uma viagem internacional, veio ao Brasil para a Copa do Mundo. Assistindo ao jogo Holanda x
Brasil decidiu, diante da tensão, fumar um cigarro de maconha nas arquibancadas do estádio.
Imediatamente, os policiais militares de plantão o prenderam e o conduziram à Delegacia de Polícia.
Diante do Delegado de Polícia, Eslow, completamente assustado, afirma que não sabia que no Brasil a
utilização de pequena quantidade de maconha era proibida, pois, no seu país, é um hábito assistir a jogos
de futebol fumando maconha.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a principal tese defensiva.
a) Eslow está em erro de tipo essencial escusável, razão pela qual deve ser absolvido.
b) Eslow está em erro de proibição direto inevitável, razão pela qual deve ser isento de pena.
c) Eslow está em erro de tipo permissivo escusável, razão pela qual deve ser punido pelo crime culposo.
d) Eslow está em erro de proibição, que importa em crime impossível, razão pela qual deve ser absolvido.

16. (FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA) Acerca da culpabilidade no estudo da teoria do crime,
assinale a afirmativa incorreta.
a) Para a teoria normativa que surgiu com o finalismo, houve a migração do dolo e da culpa para a tipicidade,
passando a culpabilidade a ser um juízo de valor que se faz sobre a conduta típica e ilícita.
b) No tocante a imputabilidade, o Código Penal adotou o critério biopsicológico, sendo indispensável que a
causa geradora da inimputabilidade esteja presente no momento da conduta.
c) No erro de proibição o erro recai sobre a ilicitude do fato, imaginando o agente ser lícito o que é ilícito,
podendo atenuar a culpabilidade, nunca, porém, a excluindo.
d) Para a teoria limitada da culpabilidade, o erro de tipo permissivo exclui o dolo; se o erro for vencível há
crime culposo se previsto em lei.
e) A coação moral irresistível pode ser exercida diretamente sobre o agente ou sobre um terceiro, somente
respondendo o autor da coação.

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17. (FGV – IX EXAME UNIFICADO DA OAB) Jaime, brasileiro, passou a morar em um país estrangeiro no
ano de 1999. Assim como seu falecido pai, Jaime tinha por hábito sempre levar consigo acessórios de arma
de fogo, o que não era proibido, levando-se em conta a legislação vigente à época, a saber, a Lei n.
9.437/97. Tal hábito foi mantido no país estrangeiro que, em sua legislação, não vedava a conduta.
Todavia, em 2012, Jaime resolve vir de férias ao Brasil. Além de matar as saudades dos familiares, Jaime
também queria apresentar o país aos seus dois filhos, ambos nascidos no estrangeiro. Ocorre que, dois
dias após sua chegada, Jaime foi preso em flagrante por portar ilegalmente acessório de arma de fogo,
conduta descrita no Art. 14 da Lei n. 10.826/2003, verbis : “Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob
guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar”.
Nesse sentido, podemos afirmar que Jaime agiu em hipótese de
A) erro de proibição direto.
B) erro de tipo essencial.
C) erro de tipo acidental.
D) erro sobre as descriminantes putativas.

18. (FGV - 2010 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 3 - Primeira Fase (Fev/2011) Joaquim, desejoso de
tirar a vida da própria mãe, acaba causando a morte de uma tia (por confundi-la com aquela). Tendo como
referência a situação acima, é correto afirmar que Joaquim incorre em erro
A) de tipo essencial escusável – inevitável – e deverá responder pelo crime de homicídio sem a incidência da
agravante relativa ao crime praticado contra ascendente (haja vista que a vítima, de fato, não era a sua
genitora).
B) de tipo acidental na modalidade error in persona e deverá responder pelo crime de homicídio com a
incidência da agravante relativa ao crime praticado contra ascendente (mesmo que a vítima não seja, de
fato, a sua genitora).
C) de proibição e deverá responder pelo crime de homicídio qualificado pelo fato de ter objetivado atingir
ascendente (preserva-se o dolo, independente da identidade da vítima).
D) de tipo essencial inescusável – evitável –, mas não deverá responder pelo crime de homicídio qualificado,
uma vez que a pessoa atingida não era a sua ascendente.

19. (FGV – 2013 – OAB – XII EXAME DE ORDEM) Bráulio, rapaz de 18 anos, conhece Paula em um show
de rock, em uma casa noturna. Os dois, após conversarem um pouco, resolvem dirigir-se a um motel e ali,
de forma consentida, o jovem mantém relações sexuais com Paula. Após, Bráulio descobre que a moça,
na verdade, tinha apenas 13 anos e que somente conseguira entrar no show mediante apresentação de
carteira de identidade falsa.
A partir da situação narrada, assinale a afirmativa correta.
A) Bráulio deve responder por estupro de vulnerável doloso.
B) Bráulio deve responder por estupro de vulnerável culposo.

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C) Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de tipo essencial.
D) Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de proibição direto.

20. (FGV – 2010 – OAB – II EXAME DE ORDEM) Arlete, em estado puerperal, manifesta a intenção de
matar o próprio filho recém-nascido. Após receber a criança no seu quarto para amamentá-la, a criança é
levada para o berçário. Durante a noite, Arlete vai até o berçário, e, após conferir a identificação da criança,
a asfixia, causando a sua morte. Na manhã seguinte, é constatada a morte por asfixia de um recém-
nascido, que não era o filho de Arlete.
Diante do caso concreto, assinale a alternativa que indique a responsabilidade penal da mãe.
(A) Crime de homicídio, pois, o erro acidental não a isenta de reponsabilidade.
(B) Crime de homicídio, pois, uma vez que o art. 123 do CP trata de matar o próprio filho sob influência do
estado puerperal, não houve preenchimento dos elementos do tipo.
(C) Crime de infanticídio, pois houve erro quanto à pessoa.
(D) Crime de infanticídio, pois houve erro essencial.

21. (FCC – 2019 – DPE-SP – DEFENSOR)


Daniel, com 18 anos de idade, conhece Rebeca, com 13 anos de idade, em uma festa e a convida para sair.
Os dois começam a namorar e, cerca de 6 meses depois, Rebeca decide perder a virgindade com Daniel. O
rapaz, mesmo sabendo da idade da jovem e da proibição legal de praticar conjunção carnal ou outro ato
libidinoso com menor de 14 anos, ainda que com seu consentimento, mantém relação sexual com Rebeca,
acreditando que o fato de namorarem seria uma causa de justificação que tornaria a sua conduta permitida,
causa essa que, na verdade, não existe. Ocorre que os pais de Rebeca, ao descobrirem sobre o
relacionamento de sua filha com Daniel, comunicaram os fatos à polícia. Daniel é denunciado pelo delito de
estupro de vulnerável e a defesa alega que ele agiu em erro. De acordo com a teoria limitada da
culpabilidade, Daniel incorreu em erro
A) de tipo.
B) sobre a pessoa.
C) de proibição direto.
D) de proibição indireto.
E) de tipo permissivo.
22. (FCC – 2018 – MPE-PB – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) O erro sobre elementos do tipo,
previsto no artigo 20 do Código Penal,
a) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
b) sempre isenta o agente de pena.
c) não isenta o agente de pena, mas esta será diminuída de um sexto a um terço.
d) não tem relevância na punição do agente, pois o desconhecimento da lei é inescusável.
e) se inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um terço.
23. (FCC – 2018 – DPE-AM – DEFENSOR PÚBLICO) No Direito Penal brasileiro, o erro

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a) sobre os elementos do tipo impede a punição do agente, pois exclui a tipicidade subjetiva em todas as
suas formas
b) determinado por terceiro faz com que este responda pelo crime.
c) sobre a pessoa leva em consideração as condições e qualidades da vítima para fins de aplicação da pena.
d) de proibição exclui o dolo, tornando a conduta atípica.
e) sobre a ilicitude do fato isenta o agente de pena quando evitável.

24. (FCC – 2018 – DPE-AM – ANALISTA) O erro de tipo, no Direito Penal,


a) exclui a culpabilidade subjetiva, impedindo a punição do agente.
b) quando escusável, permite a punição por crime culposo.
c) é incabível em crimes hediondos e equiparados.
d) é inescusável nos crimes da Lei de Drogas, no desconhecimento da lei penal.
e) incide sobre o elemento constitutivo do tipo e exclui o dolo.
25. (FCC – 2017 – POLITEC-AP – PERITO MÉDICO LEGISTA) Após uma discussão em um bar, Pedro decide
matar Roberto. Para tanto, dirige-se até sua residência onde arma-se de um revólver. Ato contínuo,
retorna ao estabelecimento e efetua um disparo em direção a Roberto. Contudo, erra o alvo, atingindo
Antônio, balconista que ali trabalhava, ferindo-o levemente no ombro. Diante do caso hipotético, Pedro
praticou, em tese, o(s) crime(s) de
a) lesão corporal leve.
b) lesão corporal culposa.
c) homicídio tentado e lesão corporal leve.
d) lesão corporal culposa e tentativa de homicídio.
e) homicídio na forma tentada.

26. (FCC – 2015 – TCM-GO – PROCURADOR) A respeito das causas excludentes da culpabilidade, é correto
afirmar que
a) o desconhecimento da lei nos crimes culposos isenta o agente de pena.
b) o erro invencível sobre a ilicitude do fato não isenta o réu de pena.
c) na coação moral irresistível o coator responde por dolo e o coacto por culpa.
d) as descriminantes putativas excluem a culpabilidade.
e) na obediência hierárquica é dispensável a existência de relação de direito público entre superior e
subordinado.

27. (FCC – 2015 – DPE-MA – DEFENSOR PÚBLICO) Se o agente oferece propina a um empregado de uma
sociedade de economia mista, supondo ser funcionário de empresa privada com interesse exclusivamente
particular, incide em
a) erro sobre a pessoa.
b) descriminante putativa.

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c) erro de tipo.
d) erro sobre a ilicitude do fato inevitável.
e) erro sobre a ilicitude do fato evitável.

28. (FCC – 2015 - TCE-CE - Procurador de Contas) A diferença entre erro sobre elementos do tipo e erro
sobre a ilicitude do fato reside na circunstância de que
a) o erro de tipo exclui a culpabilidade, o de fato a imputabilidade.
b) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a culpabilidade.
c) o erro de tipo exclui a reprovabilidade da conduta, o de fato o elemento do injusto.
d) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a invencibilidade do erro.
e) a discriminante putativa é o que distingue o erro de tipo do erro de fato.

29. (FCC – 2015 - TJ-PE - JUIZ SUBSTITUTO) Em matéria de erro, correto afirmar que
a) o erro sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa
b) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal não exclui a possibilidade de punição por crime culposo.
c) o erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, isenta de pena.
d) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui a culpabilidade.
e) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena, considerando-se as condições
ou qualidades da vítima, e não as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

30. (FCC – 2015 – TJ-SE – JUIZ) A, cidadão americano, vem para o Brasil em férias, trazendo alguns
cigarros de maconha. Está ciente que mesmo em seu país o consumo da substância não é amplamente
permitido, mas, como possui câncer em fase avançada, possui receita médica emitida por especialista
americano para utilizar substâncias que possuam THC. Ao passar pelo controle policial do aeroporto, é
detido pelo crime de tráfico de drogas. Nesta situação, é possível alegar que A encontrava-se em situação
de erro de:
a) tipo.
b) tipo permissivo.
c) proibição direto.
d) proibição indireto.
e) tipo indireto.

31. (FCC – 2015 – TRT9 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Maria, a fim de cuidar do machucado de seu filho que
acabou de cair da bicicleta, aplica sobre o ferimento da criança ácido corrosivo, pensando tratar-se de uma
pomada cicatrizante, vindo a agravar o ferimento. A situação descrita retrata hipótese tratada no Código
Penal como:
a) erro de proibição.
b) erro na execução.

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c) estado de necessidade.
d) exercício regular de direito.
e) erro de tipo.

32. (FCC – 2015 – TCE-AM – AUDITOR) O erro sobre a pessoa contra a qual o crime é praticado
a) não isenta de pena o agente.
b) exclui o dolo.
c) exclui o dolo, mas prevalece a culpa.
d) não isenta de pena o agente, porém deve sempre ser considerado na sentença.
e) é um crime impossível

33. (FCC – 2015 – TJ-AL - Juiz Substituto) O erro inescusável sobre


a) a ilicitude do fato constitui causa de diminuição da pena.
b) elementos do tipo permite a punição a título de culpa, se acidental.
c) elementos do tipo isenta de pena.
d) elementos do tipo exclui o dolo e a culpa, se essencial.
e) a ilicitude do fato exclui a antijuridicidade da conduta.

34. (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR) O erro sobre a ilicitude do fato


A) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
B) reflete na culpabilidade, sempre isentando de pena.
C) exclui o dolo e a culpa.
D) reflete na culpabilidade, de modo a excluí-la ou atenuá-la.
E) extingue a punibilidade

35. (FCC – 2011 – TRT 1°RG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA) O erro inevitável sobre a ilicitude do
fato
A) isenta o réu de pena.
B) não isenta o réu de pena, mas implica na redução de um sexto a um terço.
C) não isenta o réu de pena, mas constitui circunstância atenuante.
D) não isenta o réu de pena, nem possibilita a atenuação da pena.
E) exclui a ilicitude do fato.

36. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Segurança) O erro inevitável sobre a ilicitude
do fato
A) isenta o réu de pena.
B) não isenta o réu de pena, mas implica na redução de um sexto a um terço.
C) não isenta o réu de pena, mas constitui circunstância atenuante.

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D) não isenta o réu de pena, nem possibilita a atenuação da pena.


E) exclui a ilicitude do fato.

37. (FCC - 2010 - TRE-AL - Analista Judiciário - Área Administrativa) A dispara seu revólver e mata B,
acreditando tratar-se de um animal. A respeito dessa hipótese é correto afirmar que se trata de
A) fato típico, pois o dolo abrangeu todos os elementos objetivos do tipo.
B) erro de proibição, que exclui a culpabilidade.
C) erro de proibição, que gera apenas a diminuição da pena, posto que inescusável.
D) erro de tipo, que exclui o dolo e a culpa, se escusável.
E) erro quanto à existência de excludente de ilicitude (descriminante putativa).

38. (FCC - 2007 - TRE-MS - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Considere os exemplos
abaixo:
I. Casar-se com pessoa cujo cônjuge foi declarado morto para os efeitos civis, mas estava vivo.
II. Aplicar no ferimento do filho ácido corrosivo, supondo que está utilizado uma pomada.
III. Matar pessoa gravemente enferma, a seu pedido, para livrá-la de mal incurável, supondo que a
eutanásia é permitida.
IV. Ingerir a gestante substância abortiva, supondo que estava tomando um calmante.
Há erro de tipo nas situações indicadas APENAS em
A) I, II e III.
B) I e III.
C) I, III e IV.
D) II e III.
E) II e IV.

39. (FCC – 2009 – TJ/PA – OFICIAL DE JUSTIÇA) O erro de proibição quando escusável exclui a
A) imputabilidade.
B) culpabilidade.
C) punibilidade.
D) antijuridicidade.
E) conduta.

40. (FCC – 2012 – DPE-SP – DEFENSOR PÚBLICO) Em Direito Penal, o erro


a) de tipo, se for invencível, exclui a tipicidade dolosa e a culposa.
b) que recai sobre a existência de situação de fato que justificaria a ação, tornando-a legítima, é tratado pelo
Código Penal como erro de proibição, excluindo-se, pois, a tipicidade da conduta.
c) de tipo exclui o dolo e a culpa grave, mas não a culpa leve.

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d) de proibição é irrelevante para o Direito Penal, pois, nos termos do caput do art. 21 do Código Penal, "o
desconhecimento da lei é inescusável".
e) de proibição exclui a consciência da ilicitude, que, desde o advento da teoria finalista, integra o dolo e a
culpa.

41. (FCC – 2006 – BCB – PROCURADOR) O erro sobre a ilicitude do fato


a) reflete na culpabilidade, de modo a excluir a pena ou diminuí-la.
b) exclui o dolo e a culpa.
c) reflete na culpabilidade, sempre isentando de pena.
d) extingue a punilidade.
e) exclui o dolo, mas permite a punção por crime culposo, se previsto em lei.

42. (FCC – 2006 – BCB – PROCURADOR) Excluem a ilicitude e a imputabilidade, respectivamente,


a) a obediência hierárquica e a embriaguez acidental completa.
b) a coação moral irresistível e a doença mental.
c) a desistência voluntária e o desenvolvimento mental incompleto.
d) o exercício regular de direito e a menoridade.

43. (VUNESP – 2014 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO) Agente imputável e menor de 21 anos à época do
fato criminoso ocorrido em 10 de junho de 2006. Foi denunciado como incurso no art. 157, caput, do CP.
A denúncia foi recebida em 29 de junho de 2006 e até 01 de julho de 2014 não havia sido prolatada
sentença. Diante disso, pode-se afirmar que
a) ocorreu a pretensão punitiva estatal, considerado o máximo da pena abstratamente cominada à infração.
b) ocorrerá a prescrição da pretensão punitiva estatal somente depois de decorridos seis anos da data supra
mencionada (01.07.2014).
c) ocorrerá a prescrição da pretensão punitiva estatal somente depois de decorridos quatro anos da data
supra mencionada (01.07.2014).
d) antes da prolação da sentença condenatória não se pode falar em ocorrência da pretensão punitiva
estatal.

44. (VUNESP – 2014 – TJ-SP – JUIZ) Para o Código Penal (art. 20, § 1.º), quando a descriminante putativa
disser respeito aos pressupostos fáticos da excludente, estamos diante de:
a) Excludente de antijuridicidade.
b) Erro de tipo.
c) Erro de proibição.
d) Excludente de culpabilidade.

45. (VUNESP - 2013 - PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Imagine que João confunda seu aparelho de
telefone celular com o de seu colega Pedro e, descuidadamente, leve para sua casa o aparelho de Pedro.
Ao perceber o equívoco, João imediatamente comunica-se com Pedro e informa o ocorrido.

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No dia seguinte, João devolve o aparelho ao colega sem qualquer dano. Analisando a hipótese narrada, é
possível afirmar que João
a) cometeu crime de furto, mas não será punido em vista do instituto da desistência voluntária.
b) não cometeu crime algum.
c) cometeu crime de apropriação indébita, mas não será punido em vista do instituto da desistência
voluntária.
d) cometeu crime de furto, mas não será punido em vista do instituto do arrependimento eficaz.
e) cometeu crime de apropriação indébita, mas não será punido em vista do instituto do arrependimento
eficaz.

GABARITO

1. ALTERNATIVA A
2. ALTERNATIVA D (ANULÁVEL)
3. ALTERNATIVA E
4. ALTERNATIVA D
5. ALTERNATIVA B
6. ALTERNATIVA A
7. ALTERNATIVA E
8. ALTERNATIVA D
9. ALTERNATIVA B
10. ALTERNATIVA D
11. ALTERNATIVA B
12. ALTERNATIVA C
13. ALTERNATIVA C
14. ALTERNATIVA B
15. ALTERNATIVA B
16. ALTERNATIVA C
17. ALTERNATIVA A
18. ALTERNATIVA B
19. ALTERNATIVA C
20. ALTERNATIVA C
21. ALTERNATIVA A
22. ALTERNATIVA A
23. ALTERNATIVA B
24. ALTERNATIVA E
25. ALTERNATIVA E
26. ALTERNATIVA D

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27. ALTERNATIVA C
28. ALTERNATIVA B
29. ALTERNATIVA B
30. ALTERNATIVA D
31. ALTERNATIVA E
32. ALTERNATIVA A
33. ALTERNATIVA A
34. ALTERNATIVA D
35. ALTERNATIVA A
36. ALTERNATIVA A
37. ALTERNATIVA D
38. ALTERNATIVA E
39. ALTERNATIVA B
40. ALTERNATIVA A
41. ALTERNATIVA A
42. ALTERNATIVA D
43. ALTERNATIVA A
44. ALTERNATIVA B
45. ALTERNATIVA B

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