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Autor:
Renan Araujo, Equipe Penal e
Processo Penal
Aula 04
12 de Abril de 2021
Renan Araujo, Equipe Penal e Processo Penal
Aula 04
Sumário
2 Requisitos ............................................................................................................................................ 4
3 Modalidades ...................................................................................................................................... 9
2 Espécies ............................................................................................................................................ 18
2 - Súmulas do STJ................................................................................................................................... 28
GABARITO .................................................................................................................................................. 66
Na aula de hoje vamos estudar dois temas muito importantes. O primeiro deles está relacionado à própria
figura delituosa e sua caracterização, que é o concurso de agentes.
O segundo está relacionado aos efeitos da prática criminosa, mais especificamente, à aplicação da pena, que
é o concurso de crimes.
Bons estudos!
CONCURSO DE PESSOAS
O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração de dois ou mais agentes para a
prática de um delito ou contravenção penal.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Casos de impunibilidade
Mas como compreender a natureza jurídico-penal de uma conduta criminosa praticada por diversas
pessoas? Três teorias surgiram:
• Pluralista (ou pluralística) - Para esta teoria cada pessoa responderia por um crime próprio,
existindo tantos crimes quantos forem os participantes da conduta delituosa, já que a cada
um corresponde uma conduta própria, um elemento psicológico próprio e um resultado
igualmente particular1.
• Dualista (ou dualística) – Segundo esta teoria, há um crime para os autores, que realizam a
conduta típica emoldurada no ordenamento positivo, e outro crime para os partícipes, que
desenvolvem uma atividade secundária.
1
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral. Ed. Saraiva, São Paulo, 2015, p. 548
• EVENTUAL – Neste caso, o tipo penal não exige que o fato seja praticado por mais de uma
pessoa. Isso não impede, contudo, que eventual ele venha a ser praticado por mais de uma
pessoa (Ex.: Furto, roubo, homicídio).
• NECESSÁRIO – Nesta hipótese o tipo penal exige que a conduta seja praticada por mais de
uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral): Aqui os
agentes praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma finalidade criminosa (associação
criminosa, art. 288 do CPP); b) condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de
encontro): Nesta modalidade os agentes praticam condutas que se encontram e produzem,
juntas, o resultado pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso os agentes
praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de rixa)
2 Requisitos
Mas quais são os requisitos para que se possa falar em concurso de pessoas? Cinco são os requisitos
para que seja caracterizado o concurso de pessoas. Vejamos:
Para que possamos falar em concurso de pessoas, é necessário que tenhamos mais de uma pessoa a
colaborar para o ato criminoso. É necessário que sejam agentes culpáveis? A doutrina se divide, mas
prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem ter discernimento, de maneira que a ausência
de culpabilidade por doença mental, por exemplo, afastaria o concurso de agentes, devendo ser reconhecida
a autoria mediata.
Assim, se uma pessoa, perfeitamente mental e maior de 18 anos (penalmente imputável) determina a
um doente mental (sem qualquer discernimento) que realize um homicídio, não há concurso de pessoas,
mas autoria mediata, pois o autor do crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa sem vontade
como mero instrumento2 para praticar o crime. Não há concurso, pois um dos agentes não era culpável.
Todavia, é bom ressaltar que, nos crimes plurissubjetivos3, se um dos colaboradores não é culpável
por qualquer razão, mesmo assim permanece o crime. Nos crimes eventualmente plurissubjetivos (crime
2
WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956, p. 106
3
Aqueles em que necessariamente deve haver mais de um agente, como no crime de associação criminosa, por exemplo –
art. 288 do CP
de furto, por exemplo, que eventualmente pode ser um crime qualificado pelo concurso de pessoas, embora
seja, em regra, unissubjetivo) também não é necessário que todos os agentes sejam culpáveis, bastando
que apenas um o seja para que reste configurado o delito em sua forma qualificada.
Nessas duas últimas hipóteses, no entanto, não há propriamente concurso de pessoas, mas o que a
Doutrina chama de concurso impróprio, ou concurso aparente de pessoas. Contudo, essa ressalva só se
aplica ao caso de concurso entre culpável e “não culpável que possui discernimento”. Assim, se o agente
culpável se vale de alguém sem culpabilidade como mero instrumento, sem que ele possua qualquer
discernimento, teremos sempre autoria mediata.
A autoria mediata ocorre quando o agente (autor mediato) se vale de uma pessoa como instrumento
(autor imediato) para a prática do delito.
EXEMPLO: José, maior e capaz, entrega uma arma de fogo a uma criança de 05 anos,
dizendo que ela deve colocar a arma na cabeça de Maria e fazer uma brincadeira, pois ao
apertar o gatilho, sairá água da arma. A criança aperta o gatilho e Maria morre. Neste caso,
temos autoria mediata, pois José (autor mediato) se valeu da criança (executor) como mero
instrumento para a prática do delito.
Todavia, não basta que o executor seja um inimputável, ele deve ser um verdadeiro INSTRUMENTO do
mandante, ou seja, ele não deve ter qualquer discernimento no caso concreto.
Ex.: José e Pedro (este menor de idade, com 17 anos) combinam de matar Maria. José arma
o plano e entrega a arma a Pedro, que a executa. Neste caso, Pedro é inimputável por ser
4
Estatuto da Criança e do Adolescente.
5
Art. 157, §2º, II do CP.
menor de 18 anos, mas possui discernimento, não se pode dizer que foi um mero
“instrumento” de José. Assim, aqui não teremos autoria mediata, mas concurso aparente
de pessoas.
Ex.2: José, maior e capaz, entrega a Mauro (um doente mental sem nenhum discernimento)
uma arma e diz para ele atirar em Maria, que vem a óbito. Neste caso há autoria mediata,
pois Mauro (o inimputável) foi mero instrumento nas mãos de José.
Mas esta é a única hipótese de autoria mediata? A resposta é negativa. A melhor Doutrina divide a
autoria mediata em três hipóteses, basicamente6:
1 – Autoria mediata por erro do executor – Neste caso, aquele que pratica a conduta foi induzido a erro
pelo mandante (erro de tipo ou erro de proibição). Ex.: Médico que entrega à enfermeira uma injeção
contendo determinada substância tóxica, e determina que esta aplique no paciente, alegando que se trata
de morfina, para aliviar a dor7. A enfermeira, aqui, não atua dolosamente (do ponto de vista “finalístico”),
pois apesar de dar causa à morte do paciente (causalidade física, pois foi ela quem injetou a substância), não
dirigiu sua conduta a este resultado. O domínio do fato pertencia ao médico, o real infrator.
2 – Autoria mediata por coação do executor – Aqui o infrator coage uma terceira pessoa a praticar um delito.
Em se tratando de coação MORAL irresistível, teremos um agente não culpável (a coação moral irresistível
afasta a culpabilidade). Desta forma, aquele que executa o faz em situação de não culpabilidade. A
culpabilidade recai apenas sobre o coator, não sobre o coagido. Ex.: Médico que determina à enfermeira que
aplique sobre o paciente uma dose cavalar de veneno. O médico, porém, não esconde da enfermeira que se
trata de veneno, ao contrário deixa isso bem claro. Porém, diz à enfermeira que se ela não fizer o que foi
determinado, irá matar sua filha. Vejam que, neste caso, a enfermeira sabe que está injetando o veneno, de
forma que age dolosamente, mas ainda assim sem culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa.
3 – Autoria mediata por inimputabilidade do agente – Nesta hipótese o infrator se vale de uma pessoa
inimputável para a prática do delito. A inimputabilidade, aqui, pressupõe que o executor (inimputável) não
tenha discernimento necessário8. Caso o executor, mesmo inimputável, possua discernimento, não haverá
autoria mediata. Ex.: José, 20 anos, organiza um plano para furtar uma loja de eletrônicos, e combina com
Marcelo, de 17, a execução do plano. Neste caso, não há autoria mediata, pois Marcelo, a despeito de sua
inimputabilidade legal, tem discernimento para não ser considerado como “objeto”. Por outro lado, no
mesmo exemplo, imaginemos que Marcelo tenha 30 anos, mas seja absolutamente incapaz de entender o
que se passa (doente mental completo). Neste caso, a inimputabilidade de Marcelo afasta o reconhecimento
do concurso de pessoas com José, que responderá como autor mediato do crime.
É cabível autoria mediata nos crimes próprios e de mão própria? Em relação aos crimes próprios se
admite a autoria mediata, desde que o autor MEDIATO reúna as condições especiais exigidas pelo tipo
penal.
6
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 560
7
O exemplo é de Hans Welzel. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 106)
8
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 107-108
Mas, e se Maria é quem fosse a servidora e Paulo fosse um particular? Poderia haver autoria
mediata? Não, neste caso não poderíamos falar em autoria mediata.
Contudo, se não há autoria mediata e não há concurso de pessoas (pois não há concurso de pessoas
entre coator e coagido), Paulo ficará impune? Não, a Doutrina desenvolveu, para tais casos, a figura da
AUTORIA POR DETERMINAÇÃO. Consiste, basicamente, em punir aquele que, embora não sendo autor nem
partícipe, exerce sobre a conduta domínio EQUIPARADO à figura da autoria. 9
Não se pode considerar o agente como autor por não reunir os elementos necessários para tanto.
Também não se pode considerá-lo como partícipe, eis que a participação pressupõe o crime praticado por
outro autor (e não há). Ele será punido, portanto, por ser o autor da determinação para a conduta (ter sido
o responsável por sua ocorrência).
Em relação aos crimes de mão própria, contudo, não se admite a figura da autoria mediata, eis que o
crime não pode ser realizado por interposta pessoa (Ex.: A testemunha, no crime de falso testemunho, não
pode coagir alguém a depor em seu lugar, prestando testemunho falso).
Neste caso, porém, exemplificativamente, se a testemunha for coagida por terceira pessoa, esta
terceira pessoa poderá ser considerada AUTOR por determinação, conforme explicado anteriormente.
A participação do agente deve ser relevante para a produção do resultado, de forma que a colaboração
que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal.
Além disso, a colaboração deve ser prévia ou concomitante à execução, ou seja, anterior à
consumação do delito. Se a colaboração for posterior à consumação do delito, como o fato já ocorreu, não
há concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro crime (favorecimento real, receptação, etc.).
9
PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. São Paulo, 2008, p.
580/581
Também é conhecido como concurso de vontades. Assim, para que haja concurso de pessoas, é
necessário que a colaboração dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo menos tenha havido
adesão de um à conduta do outro.
Deste modo, a colaboração meramente causal, sem que tenha havido combinação entre os agentes,
não caracteriza o concurso de pessoas. Trata-se do princípio da convergência. Caso haja colaboração dos
agentes para a conduta criminosa, mas sem vínculo subjetivo entre eles, estaremos diante da autoria
colateral, e não da coautoria.
Também conhecido como unidade de infração penal para todos os agentes, está fundamentado
no art. 29 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984).
Daí podemos perceber que, se 20 pessoas colaboram para a prática de um delito (homicídio, por
exemplo), todas elas respondem pelo homicídio, independentemente da conduta que tenham praticado (um
apenas conseguiu a arma, o outro dirigiu o veículo da fuga, outro atraiu a vítima, etc.). As condutas dos
agentes, portanto, devem constituir algo juridicamente unitário10.
Importante ressaltar que, em alguns casos, os atos preparatórios já configuram fato punível, seja
porque a lei assim expressamente determina, seja porque eles constituem tipo penal autônomo.
10
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 553
3 Modalidades
3.1 Coautoria
Para entendermos o fenômeno da coautoria, devemos, primeiramente, estudar o que seria a autoria
do delito.
O conceito extensivo de autor não diferencia autor e partícipe, considerando que todos aqueles que
concorrem para o crime são autores do delito. Esse conceito é baseado numa premissa “causal-naturalista”
de que todo aquele que dá causa ao delito (por qualquer forma), deve ser considerado autor do crime.
Contudo, como pelo conceito extensivo de autor não era possível definir quem era autor e quem era
partícipe, surgiu a teoria subjetiva da participação, que considerava como autor aquele que pratica o fato
como próprio, que quer o crime “como próprio”, como seu, e partícipe aquele que quer o fato como alheio,
pratica uma conduta acessória ao “crime de outra pessoa”.11 Isso era fundamental para a fixação da pena de
cada um, já que aos autores deveriam ser aplicadas penas, em tese, mais severas.
Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que soluções, surgiu o conceito restritivo de
autor12. Para esta teoria restritiva13, autor e partícipe não se confundem. Autor será aquele que praticar a
conduta descrita no núcleo do tipo penal (subtrair, matar, roubar, etc.). Todos os demais, que de alguma
forma prestarem colaboração (material ou moral), serão considerados partícipes. Esta foi a teoria adotada
pelo CP.
Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e partícipe, precisamos saber qual é o critério para
se diferenciar um do outro. Três teorias surgiram.
A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor é quem realiza a conduta prevista
no núcleo do tipo, sendo partícipes todos os outros que colaboraram para isso, mas não realizaram a conduta
descrita no núcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de homicídio, somente seria autor aquele
que efetivamente praticasse a conduta de “matar” alguém. Todos os outros colaboradores seriam partícipes.
O grande problema desta teoria é considerar o autor intelectual (mandante) como partícipe, e não como
autor. Mais que isso: Essa teoria não explica o fenômeno da autoria mediata (quando alguém se vale de um
inimputável para cometer um crime).
A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor é quem colabora com participação
de maior importância para o crime, e partícipe é quem colabora com participação reduzida,
independentemente de quem pratica o núcleo do tipo (verbo que descreve a conduta criminosa – matar,
subtrair, etc.).
11
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 555
12
PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. São Paulo, 2008, p. 572.
13
Também chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva.
A terceira e última teoria, a teoria do domínio do fato, criada pelo pai do finalismo, Hans Welzel14, e
posteriormente desenvolvida por Claus Roxin, defende que autor é todo aquele que possui o domínio da
conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta prevista no núcleo do tipo) ou não 15. Para
esta teoria, o autor seria aquele que decide o trâmite do crime, sua prática ou não, etc. Essa teoria explica,
satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que mesmo sem praticar o núcleo do tipo (“matar
alguém”), possui o domínio do fato, pois tem o poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa.
Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que contribui para a prática do delito16, embora não
tenha poder de direção sobre a conduta delituosa. O partícipe só controla a própria vontade, mas a não a
conduta criminosa em si, pois esta não lhe pertence.
A teoria do domínio do fato tem por finalidade estabelecer uma diferenciação entre autor e partícipe a partir
da noção de “controle da situação”. Aquele que, mesmo não executando a conduta descrita no núcleo do
tipo, possui todo o controle da situação, inclusive com a possibilidade de intervir a qualquer momento para
fazer cessar a conduta, deve ser considerado autor, e não partícipe.
2 - Domínio da vontade - O agente não realiza a conduta diretamente, mas é o "senhor do crime",
controlando a vontade do executor, que é um mero instrumento do delito (hipótese de autoria mediata).
A teoria do domínio do fato, porém, não se aplica aos crimes culposos, pois neste não há domínio
final do fato, pois o fato final (resultado) não é buscado pelos agentes, que pretendiam outro resultado 18.
14
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 105
15
MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoría general del delito. Ed. Temis Editorial. Bogotá, 1999, p. 155-156
16
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p.117-119
17
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 557-558
18
Idem, p. 558
A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal, considerando autor aquele que realiza a conduta
descrita no núcleo do tipo, já que denota sua “vontade de autor” (animus auctoris), em contraposição à
“vontade de colaboração” do partícipe (animus socii). Entretanto, considera-se adotada a teoria do domínio
do fato para os crimes em que há autoria mediata, autoria intelectual, etc., de forma a complementar a
teoria adotada.
Esta é, portanto, a posição doutrinária a respeito da posição do CP sobre a diferença entre autor e
partícipe.
Desta maneira, após entendermos quem seria considerado autor do delito para o CP, podemos definir
a coautoria como a espécie de concurso de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita
no núcleo do tipo penal. Assim, no crime de roubo, se duas ou mais pessoas entram num banco, portando
armas, e anunciam um assalto, todas elas praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo do art. 157, § 2°,
I e II do CP (subtrair para si ou para outrem, mediante violência ou grave ameaça...). Logo, todas são
coautoras do delito. No mesmo exemplo, porém, o dono do carro, que emprestou o veículo para a fuga, é
mero partícipe.
Não confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve haver vínculo subjetivo ligando as
condutas de ambos os autores. Na autoria colateral, ambos praticam o núcleo do tipo, mas um não age em
acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B, desafetos de C, sem que um saiba da existência do
outro, escondem-se atrás de árvores esperando a passagem de C, a fim de matá-lo. Quando C passa, ambos
atiram, e C vem a óbito. Nesse caso, não houve coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, aí vai mais uma
informação: Imaginem que o laudo identifique que apenas uma bala atingiu C, direto na cabeça, levando-o
a óbito. Nesse caso, o laudo não conseguiu apontar de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como
não se pode definir quem efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de homicídio TENTADO,
pois não se pode atribuir a nenhum deles o homicídio consumado, já que o laudo é inconclusivo quanto a
isto. Este é o fenômeno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo em conluio, com vínculo
subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de pessoas, ambos responderiam por crime de homicídio
CONSUMADO, pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que levou C a óbito.
A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que é aquela na qual a conduta dos agentes são diversas
e se somam, de forma a produzir o resultado. Assim, se Ricardo segura a vítima para que Poliana a espanque,
ambos são coautores do crime de lesão corporal, mediante coautoria funcional.
Porém, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que é a hipótese em que ambos os coautores
realizam a mesma conduta. Assim, no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem a vítima, ambos
seriam coautores mediante coautoria material.
Abaixo vou mostrar para vocês algumas hipóteses polêmicas de aplicação do instituto da coautoria:
➢ Admite-se a coautoria nos crimes próprios, desde que ambos os agentes possuam a qualidade
exigida pela lei, ou que, aqueles que não a possuem, ao menos tenham ciência de que o outro agente
age nessa qualidade.
➢ Não se admite a coautoria nos crimes de mão-própria, pois são considerados de conduta infungível,
só podendo ser praticados pelo sujeito especificamente descrito pela lei.
➢ A Doutrina se divide quanto à possibilidade de coautoria em crimes omissivos, da seguinte forma:
➢ Na autoria mediata não há concurso de pessoas entre autor mediato autor imediato, respondendo
apenas o autor mediato, que se valeu de alguém sem culpabilidade para a execução do delito.
➢ Entretanto, é possível coautoria e também participação na autoria mediata, desde que haja
colaboração entre os agentes mediatos. NUNCA HAVERÁ CONCURSO DE PESSOAS ENTRE AUTOR
MEDIATO E AUTOR IMEDIATO.
➢ CUIDADO! Na coação física irresistível, não há autoria mediata, mas autoria direta, pois o agente
que realiza a ação não possui conduta, já que não há vontade. Nesse caso, aquele que pratica a
coação física irresistível é autor direto, não mediato;
➢ Admite-se a autoria mediata nos crimes próprios, mas não nos crimes de mão própria (há alguns
doutrinadores que entendem ser possível).
3.2 Participação
Moral – É aquela na qual o agente não ajuda materialmente na prática do crime, mas instiga ou induz
alguém a praticar o crime. A instigação ocorre quando o partícipe age no psicológico do autor do
crime, reforçando a ideia criminosa, que já existe na mente deste. O induzimento, por sua vez, ocorre
quando o partícipe faz surgir a vontade criminosa na mente do autor, que não tinha pensado no
delito;
Material – A participação material é aquela na qual o partícipe presta auxílio ao autor, seja
fornecendo objeto para a prática do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc. É também
chamada de cumplicidade. Este auxílio não pode ser prestado após a consumação, salvo se o auxílio
foi previamente ajustado.
Já que o partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal, como puni-lo?
A punibilidade do partícipe não pode ser realizada diretamente pela descrição do fato típico. De fato,
aquele que empresta uma arma para que alguém mate outra pessoa, não poderia responder por homicídio,
pois o art. 121 do CP diz: “matar alguém”. Aquele que empresta a arma não está “matando”, por isso se diz
que não há, aqui, adequação típica imediata.
Como a conduta do partícipe é considerada acessória em relação à conduta do autor (que é principal),
o partícipe é punido em razão da teoria da acessoriedade19. Porém, existem quatro teorias da acessoriedade:
• Teoria da acessoriedade mínima – Entende que a conduta principal deva ser um fato típico,
não importando se é ou não um fato ilícito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e João combinam
de matar Paulo. Na data combinada para a execução, Marcio guia o carro até o local e fica
esperando do lado de fora. João se dirige até Paulo e, após uma discussão, Paulo começa a
agredir João, que na verdade mata Paulo em legítima defesa. João matou Paulo em legítima
defesa e não em razão do ajuste com Marcio (não tendo praticado fato ilícito, mas apenas
típico), mas por esta teoria, mesmo assim Marcio responderia como partícipe do crime. Veja
que João, de fato, matou Paulo. Contudo, o fato não é ilícito, pois João agiu em legítima
defesa. Porém, para esta teoria, ainda que a conduta de João seja considerada apenas típica,
mas não ilícita, Marcio deveria ser punido. O pior de tudo é que, neste caso, Márcio, que não
praticou a conduta seria punido, mas João seria absolvido pela legítima defesa.
• Teoria da acessoriedade limitada – Exige que o fato praticado (conduta principal) seja pelo
menos uma conduta típica e ilícita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do partícipe
Marcio não é punível, pois a conduta principal, apesar de típica, não é ilícita. Veja que, para
esta corrente Doutrinária, se o fato praticado pelo autor NÃO FOR ILÍCITO (Ainda que seja
um fato típico), em razão de legítima defesa, etc., o partícipe não deve ser punido.
19
A teoria da acessoriedade deriva de uma das teorias dos FUNDAMENTOS da punibilidade do partícipe, que é a TEORIA DO
FAVORECIMENTO (ou da CAUSAÇÃO), que diz que o partícipe deve ser punido por ter coloborado para que o delito fosse
realizado. Em contraposição a esta, havia a teoria da participação na culpabilidade, que defendia que o partícipe deveria ser
punido apenas por exercer “influência negativa” sobre o autor. Esta última foi abandonada pela Doutrina há algumas
décadas.
• Teoria da acessoriedade máxima – Para esta teoria, o partícipe só será punido se o fato for
típico, ilícito e praticado por agente culpável. Essa teoria faz exigência irrazoável, pois a
culpabilidade é uma questão pessoal do agente, não guardando relação com o fato. Assim,
imagine que Carlos, maior de idade, seja partícipe de um roubo praticado por Lucas, menor
de idade. Para esta corrente, Carlos não poderia responder pelo roubo praticado (na
qualidade de partícipe), pois Lucas (o autor principal) é inimputável (não tem culpabilidade),
sendo o fato apenas típico e ilícito, sem o complemento da culpabilidade.
• Teoria da hiperacessoriedade – Exige que, além de o fato ser típico e ilícito e o agente
culpável, o autor tenha sido efetivamente punido para que o partícipe responda pelo crime. É
ainda mais irrazoável que a última. Imagine que José seja partícipe de um roubo praticado por
Marcelo. No decorrer do processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extinção da
punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta corrente, como houve extinção da
punibilidade em relação a Marcelo (o autor do delito), o partícipe (José) não poderá mais
ser punido.
O Nosso CP não adotou expressamente nenhuma das quatro teorias, mas com certeza não adotou
a teoria da acessoriedade mínima nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas).
A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao nosso sistema é a teoria da acessoriedade
limitada20, exigindo que o fato seja somente típico e ilícito para que o partícipe responda pelo crime.
➢ A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação é de menor importância (art. 29, § 1°
do CP). Isto não se aplica às hipóteses de coautoria, mas apenas à participação;
➢ A Doutrina admite a participação nos crimes comissivos por omissão, quando o partícipe devia e
podia evitar o resultado (art. 13, § 2° do CP).
➢ A participação inócua não se pune. Assim, se A empresta uma faca a B, de forma a auxiliá-lo a matar
C, e B mata C usando seu revólver, a participação de A foi absolutamente inócua, pois em nada
auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a matar C, e B realiza a conduta porque já
estava determinado a isso, a instigação promovida por A não teve qualquer eficácia, pois B já mataria
C de qualquer forma.
➢ Participação em cadeia é possível: Assim, se A empresta uma arma a B, para que este a empreste a
C, a fim de que este último mate D, tanto A quanto B são partícipes do crime, por prestarem auxílio
material em cadeia.
20
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 565
➢ A participação em ação alheia ocorre quando o partícipe, sem qualquer liame subjetivo com o autor,
contribui de maneira culposa para a prática do delito. Assim, o funcionário público que não tranca a
porta da repartição ao final do expediente, e esta vem a ser furtada por um particular na madrugada,
responde por peculato culposo (art. 312, § 2° do CP), enquanto o particular responde por furto. Não
há concurso de pessoas pois falta o liame subjetivo entre ambos (coerência de vontades).
Por sua vez, a mera circunstância não é indispensável à caracterização do crime, pois apenas agregam
um fato que, se presente, aumenta ou diminui a pena. Assim, o “motivo torpe” é uma circunstância não-
elementar, ou mera circunstância, pois caso o fato seja praticado sem essa circunstância, continua a existir
homicídio, no entanto, sem a qualificadora.
Podem ser subjetivas (de caráter pessoal), quando relativas à pessoa do agente. É o caso da condição
de funcionário público, que é pessoal, pois se refere ao agente.
Podem ser, ainda, objetivas (ou de caráter real), quando se referem ao fato criminoso em si, seu
modus operandi, etc. Assim, o emprego de violência, no crime de roubo (art. 157 do CP) é uma elementar
objetiva.
Com base nesses três institutos (elementares, circunstâncias e condições pessoais), podemos extrair
três regras do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(...) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
EXEMPLO: Imaginem que Camila e Herval combinam de realizar um furto a uma casa que
imaginam estar vazia. Camila espera no carro enquanto Herval adentra à residência.
Entretanto, ao chegar à residência, Herval se depara com dois seguranças, e troca tiros com
ambos, levando-os a óbito (sinistro esse cara). Após, entra na casa e subtrai diversos bens.
Volta ao carro e ambos fogem.
Camila não quis participar de um latrocínio (que foi o que efetivamente ocorreu), mas apenas de um
furto. Assim, segundo a primeira parte do § 2° do art. 29 do CP, responderá somente pelo furto.
Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o latrocínio era provável (se soubesse,
por exemplo, que Herval estava armado e que havia a possibilidade de ter seguranças na casa), a pena do
crime de furto (não a do latrocínio!!) será aumentada até a metade.
A lei diz “até a metade”, logo, o aumento pode não chegar a esse patamar. O aumento de pena irá
variar conforme o grau de previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila não se predispôs, mas era
previsível.
CUIDADO MASTER! Existe uma questão muito controvertida no que se refere ao concurso de pessoas. É a
possibilidade (ou não) de concurso de pessoas em crimes CULPOSOS.
São muitas, MUITAS ideias diferentes. Cada autor inventa alguma coisa para vender seu livro, certo? Bom,
resumidamente, podemos definir a Doutrina majoritária da seguinte forma:
COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO – É possível, pois é possível que duas pessoas, de comum acordo,
resolvam praticar uma conduta imprudente, por exemplo. Ex.: Dois rapazes resolvem atirar um móvel do 10º
andar de um prédio, sem intenção de atingir ninguém, mas acabam lesionando uma pessoa.
DOLOSA – Não cabe participação dolosa em crime culposo, pois a Doutrina entende que não há “unidade
de vontades” entre os agentes (um quer o resultado a título de dolo, e o outro, executor, é apenas um
descuidado). Assim, não há “vínculo subjetivo” entre eles no que tange ao resultado. Logo, cada um responde
por sua conduta.
CULPOSA – É possível, pois é possível que alguém, por culpa, induza, instigue ou preste auxílio ao executor
de uma conduta também culposa, e haveria “unidade de vontades”.
CUIDADO: O STJ entende que NÃO cabe nenhum tipo de participação em crime culposo. Parte da Doutrina
também segue este entendimento.
6 Multidão delinquente
Também chamada de “multidão criminosa”21, são considerados pela doutrina como aqueles atos em
que inúmeras (incontáveis, uma multidão) pessoas praticam o mesmo delito, agindo em concurso de
pessoas, muitas vezes sem um acordo prévio, mas cada uma aderindo tacitamente à conduta da outra. Ex.:
Linchamentos, brigas de torcidas organizadas, saques a lojas ou a carretas tombadas, etc.
21
O termo “multidão criminosa” é utilizado, dentre outros, por René Ariel Dotti (cf. DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal,
Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais. 4º ed. São Paulo. 2012, p. 459)
A Doutrina sustenta que, mesmo nestes casos, têm-se CONCURSO DE PESSOAS, pois há vínculo
subjetivo entre estas pessoas, ainda que tácito (não explícito). O agente que praticar o delito nestas
condições, porém, deverá ter sua pena atenuada, nos termos do art. 65, e do CP, já que se trata de situação
em que há maior vulnerabilidade psicológica para que uma pessoa venha a aderir a uma conduta criminosa.
Por outro lado, os que promoverem, organizarem ou liderarem a conduta criminosa terão suas penas
agravadas (art. 62, I do CP).
CONCURSO DE CRIMES
1 Conceito e natureza
Assim como é plenamente possível que duas ou mais pessoas se unam para praticar determinado
delito, é plenamente possível que de uma mesma conduta (ou de uma série de condutas interligadas) surjam
vários crimes.
O concurso de crimes pode ser de três espécies: concurso formal, concurso material e crime
continuado.
A exata caracterização de cada um dos institutos é bastante importante, pois isso influenciará na
adoção do sistema de aplicação da pena.
2 Espécies
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição
de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Nesse fenômeno, o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais resultados. Pode ser
homogêneo, quando todos os crimes praticados são idênticos, ou heterogêneo, quando os crimes são
diferentes.
c
Esse cúmulo de penas deve ser aplicado pelo Juiz na hora da sentença, se os processos tiverem sido
reunidos por conexão, ou pelo Juiz da execução, caso tenham sido aplicadas as penas em processos diversos
(nos termos do art. 66, III, a da LEP).
Se for imposta pena de reclusão a um dos crimes e de detenção a outro, executa-se primeiramente a
de reclusão, nos termos do art. 69, caput, segunda parte, do CP.
Só será possível a aplicação de penas restritivas de direitos a um dos crimes se em relação aos outros
foi aplicada pena também restritiva de direitos ou, em caso de ter sido aplicada pena privativa de liberdade,
esta foi suspensa (é o chamado sursis), nos termos do art. 69, § 1° do CP.
As penas restritivas de direitos podem ser cumpridas simultaneamente, desde que compatíveis.
Assim, a pena de limitação de final de semana não pode ser cumprida simultaneamente com outra restritiva
de direitos idêntica (limitação de final de semana), pois nesse caso o agente estaria cumprindo apenas uma
das penas (e pagando as duas o malandro!). Entretanto, é plenamente possível o cumprimento simultâneo
de pena restritiva de direitos consistente em prestação de serviços à comunidade e outra consistente em
prestação pecuniária ($$), pois isso não importa em prejuízo a ninguém (nem ao Estado nem ao infrator).
Só é possível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) se o somatório das penas
mínimas previstas para todos os crimes for inferior a um ano. Assim, se o acusado praticou dois crimes em
concurso material, sendo a pena mínima de ambos estipulada em 03 meses de detenção, é possível a
suspensão condicional do processo.
No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não. Nos termos do art. 70 do CP:
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Primeiramente, deve ser esclarecido a vocês que deve haver unidade de conduta e pluralidade de
resultados. No entanto, a unidade de conduta não significa unidade de atos, pois existem condutas que
podem ser fracionadas em diversos atos, como no caso de alguém que mata outra pessoa com diversas
pauladas na cabeça. Embora neste caso haja diversos atos, há unidade de conduta.
O concurso formal será homogêneo se todos os crimes cometidos mediante a conduta única forem
idênticos, e será heterogêneo se os crimes praticados forem diversos.
Via de regra, no concurso formal o sistema utilizado é o da exasperação, utilizando-se como base a
pena do crime mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade (art. 70, primeira parte, do CP).
22
É possível o reconhecimento de concurso formal próprio entre crimes dolosos, desde que seja possível compreender que
houve uma única empreitada criminosa, ou seja, os crimes faziam parte de um único intento criminoso (ex.: José entra num
ônibus e rouba o dinheiro relativo às passagens e também rouba o celular de um passageiro). Não há, aqui, crime único,
ante a diversidade dos patrimônios lesados, devendo, no entendimento do STJ, ser reconhecido o concurso formal de
crimes.
O quantum do aumento (entre 1/6 e metade da pena usada como base) será definido mediante a
análise da quantidade de crimes praticados. Se praticados poucos crimes, aplica-se o aumento mínimo; se
praticados diversos crimes mediante a única conduta, aplica-se o aumento em seu montante máximo.
Trata-se, portanto, de uma fórmula de aplicação da pena que visa a beneficiar o réu, em razão do
menor desvalor de sua conduta.
Há, ainda, a figura que se denominou de cúmulo material benéfico, que ocorre quando o sistema da
exasperação se mostra prejudicial ao réu em relação ao sistema da cumulação.
7
EXEMPLO: Imaginem que o agente tenha cometido homicídio doloso simples (pena de 06
a 20 anos) e tenha, culposamente, mediante a mesma conduta, lesionado levemente uma
terceira pessoa, cometendo o crime de lesões corporais culposas em concurso formal com
o homicídio (art. 129, § 6° do CP, pena de 02 meses a um ano de detenção).
Nesse exemplo acima, o sistema da exasperação é muito prejudicial ao réu. Imaginem que o infrator
tenha sido condenado pelo crime de homicídio a 10 anos de reclusão (crime mais grave). Nesse caso, pelo
sistema da exasperação, por ter havido concurso formal, essa pena deve ser aumentada de 1/6 até a metade.
Logo, a pena dele variará de 11 anos e 08 meses a 15 anos de reclusão (pena base + 1/6 e pena base +
metade). Pelo sistema do cúmulo material, como a pena de lesões culposas é bem pequena, a pena do
agente variaria de 10 anos e dois meses a 11 anos de reclusão. Nesse caso, percebam, o sistema da
exasperação é prejudicial ao réu. Assim, a lei estabelece que, nesse caso, ELE NÃO SE APLICA, aplicando-se
o sistema do cúmulo material, pois o sistema da exasperação foi criado para beneficiar o réu e não pode ser
aplicado quando resultar em prejuízo a ele. Nos termos do § único do art. 70 do CP:
Art. 70 (...) Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do
art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Também conhecido como continuidade delitiva, é a espécie de concurso de crimes na qual o agente
pratica diversas condutas, praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condições são
considerados pela Lei (por uma ficção jurídica) como crime único. Nos termos do art. 71 do CP:
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-
se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Teoria da ficção jurídica – Para esta teoria, a continuidade delitiva é uma ficção, pois, na verdade,
existem diversos crimes, tendo a Lei considerado os diversos atos como apenas um crime, para fins
de aplicação da pena. Esta teoria foi desenvolvida por Francesco Carrara;
Teoria da realidade, ou da unidade real – Para esta teoria, o crime continuado é, por sua própria
natureza, um único delito, não havendo que se falar em ficção jurídica.
1
O nosso CP adotou a teoria da ficção jurídica, pois a consideração dos diversos delitos como um
único crime se dá apenas para fins de aplicação da pena, tanto que, no que tange à prescrição, eles são
considerados crimes autônomos, nos termos do art. 119 do CP:
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena
de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A pluralidade de conduta decorre da redação do art. 71, que fala em “mediante mais de uma ação
ou omissão”.
A pluralidade de crimes causa polêmica. O que seriam crimes da mesma espécie? A Doutrina e a
Jurisprudência não são pacíficas. Parte minoritária entende que crimes da mesma espécie são aqueles que
tutelam o mesmo bem jurídico. Assim, para essa corrente, furto, estelionato, apropriação indébita, etc.,
seriam todos crimes da mesma espécie, pois seriam todos “crimes contra o patrimônio”.
No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de que crimes da mesma espécie são
aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada,
consumados ou tentados. Assim, seriam crimes da mesma espécie roubo e roubo qualificado.
Vejamos:
(...) (AgRg no AREsp 311.775/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
27/05/2014, DJe 03/06/2014)
Entretanto, essa corrente entende que, além de serem tratados no mesmo dispositivo legal, devem
tutelar o mesmo bem jurídico. Assim, roubo simples (art. 157) e latrocínio (art. 157, § 3° do CP) não seriam
crimes da mesma espécie, pois o latrocínio tutela, ainda, o direito à vida, e não somente o patrimônio.
(...) 1. Os crimes de roubo e latrocínio, apesar de serem do mesmo gênero, não são da
mesma espécie. No crime de roubo, a conduta do agente ofende o patrimônio. No delito
de latrocínio, ocorre lesão ao patrimônio e à vida da vítima, não havendo homogeneidade
de execução na prática dos dois delitos, razão pela qual tem aplicabilidade a regra do
concurso material.
a
(...) (HC 186.575/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/08/2013,
DJe 04/09/2013)
Por fim, a semelhança entre os delitos deve obedecer à conexão de quatro gêneros: temporal,
espacial, modal e ocasional.
A conexão temporal exige que os crimes tenham sido cometidos na mesma época. Mesma época não
implica mesmo momento. A jurisprudência tem entendido que os crimes não podem ter sido cometidos em
um lapso temporal superior a 30 dias. No entanto, no que se refere aos crimes contra a ordem tributária, o
STF já entendeu que pode haver continuidade delitiva desde que os delitos tenham sido cometidos em lapso
temporal não superior a 03 anos.
A conexão espacial indica que, para que seja considerada continuidade delitiva, os crimes devem ser
cometidos no mesmo local. A Jurisprudência entende que a conexão espacial só estará presente se os crimes
forem cometidos na mesma cidade, ou, no máximo, na mesma região metropolitana.
A conexão modal se verifica quando o agente pratica o crime sempre da mesma maneira, seja pelo
modo de execução, pela utilização de comparsas, etc.
A conexão ocasional não possui previsão expressa na Lei, mas parte da Doutrina a entende como a
necessidade de que os primeiros crimes tenham proporcionado uma ocasião que gerou a prática dos crimes
subsequentes.
Com relação à unidade de desígnios, ou seja, a necessidade de que todos os crimes praticados na verdade
tenham sido partes de um único projeto criminoso, a Doutrina é dividida, mas a maioria da Doutrina, bem
como a Jurisprudência, entendem ser necessária essa unidade de desígnios, de forma que a mera reunião
dos demais requisitos não configura a continuidade delitiva se os crimes foram praticados de maneira
isolada, sem nenhum vínculo entre eles. Isso significa que a maioria da Doutrina e a Jurisprudência adotam
a teoria objetivo-subjetiva, desprezando a teoria objetiva pura, que não prevê a necessidade de unidade de
desígnios.
Existem três espécies de crime continuado: simples, qualificado e específico. Entretanto, em todos
os casos se aplica o sistema da exasperação.
No crime continuado simples, as penas dos delitos parcelares são as mesmas. Exemplo: 10 furtos
simples praticados em continuidade delitiva. Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de
1/6 a 2/3 (varia conforme a quantidade de delitos).
No crime continuado qualificado, as penas dos delitos praticados são diferentes, de modo que se
aplica a pena do mais grave deles, aumentada de 1/6 a 2/3.
Por fim, o crime continuado específico está previsto no § único do art. 71 do CP:
Art. 71 (...) Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Assim, nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, sendo as vítimas
diferentes, poderá o Juiz aplicar a pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada até o triplo.
Vejam que se adotou o mesmo sistema da exasperação, entretanto, o § único previu um quantum maior a
ser acrescido à pena-base. A lei não estabelece a quantidade mínima nesse caso, mas a Jurisprudência,
inclusive o STF, entende que o mínimo aqui também é de 1/6.
Aqui também se aplica a regra do “concurso material benéfico”, ou seja, se o sistema da exasperação
se mostrar mais gravoso, deverá ser aplicado o sistema do cúmulo material.
Se durante a execução do crime continuado sobrevir lei nova, mais gravosa ao réu, esta última é
aplicada, pois se considera que o crime continuado está sendo praticado enquanto não cessa a continuidade
delitiva. Assim, sendo o tempo do crime o momento em que cessa a continuidade, a lei nova chegou a vigorar
antes de sua consumação, aplicando-se a este, por ser a lei vigente ao tempo do crime.
SÚMULA Nº 711
Nos crimes continuados, por haver mera ficção jurídica de crime único, apenas para fins de aplicação
da pena, a prescrição é calculada em relação a cada crime isoladamente.
Entretanto, para o cálculo da prescrição RETROATIVA (a que leva em consideração a pena “em
concreto”), leva-se em conta a pena mínima estabelecida para a pena-base, desprezando-se o acréscimo
que seria aplicado em decorrência da continuidade delitiva.
Para termos uma ideia de como isso influencia a prescrição, se utilizássemos os “dois anos
e seis meses” como base para o cálculo da prescrição retroativa, ela ocorreria em 08 anos,
por força do art. 109, IV do CP.
Como devemos considerar a pena aplicada, sem o acréscimo (02 anos), a prescrição
retroativa terá o prazo de 04 anos, por força do art. 109, V do CP.
SÚMULA Nº 497
Assim, o art. 72 do CP prevê a aplicação do sistema do cúmulo material no que tange às penas de
multa. Essa aplicação é inquestionável no concurso material e no concurso formal.
A primeira corrente (amplamente majoritária na Doutrina) entende que esta regra também se aplica
ao crime continuado, por não ter a Lei feito qualquer distinção.
A segunda corrente (majoritária na Jurisprudência, inclusive no STJ), entende que, nesse caso, não
se aplica a regra do art. 72, por ter a lei entendido que se trata de crime único, mediante ficção jurídica.
CÓDIGO PENAL
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Casos de impunibilidade
Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em
que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção,
executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição
de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro,
aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena
de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
SÚMULAS PERTINENTES
1 - Súmulas do STF
Súmula 711 do STF – Trata da solução ao conflito aparente de leis penais no tempo, no que tange aos
crimes continuados e permanentes:
SÚMULA Nº 711
Súmula 497 do STF – Trata do cálculo do prazo prescricional relativamente ao crime continuado,
desprezando-se o acréscimo de pena decorrente da continuidade delitiva:
SÚMULA Nº 497
Súmula 723 do STF – Trata da forma de cálculo da pena mínima para fins de cabimento da suspensão
condicional do processo em relação ao crime continuado. Deve ser considerada a pena da infração mais
grave, acrescida do aumento 1/6 (aumento mínimo decorrente da continuidade delitiva):
Súmula 723
2 - Súmulas do STJ
Súmula 243 do STJ – Seguindo a mesma linha da súmula 723 do STF, só que com uma abrangência maior,
esta súmula trata da forma de cálculo da pena mínima para fins de cabimento da suspensão condicional do
processo em relação ao concurso de crimes em geral (crime continuado, concurso formal e concurso
material). Não será cabível o benefício da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95)
quando a pena mínima, já com o acréscimo decorrente da majoração (concurso formal ou crime continuado)
ou do somatório (concurso material), ultrapassar um ano:
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
STJ - RESP 1306731/RJ – O STJ firmou entendimento no sentido de que não se pode condenar um dos
comparsas por homicídio culposo e outro por homicídio doloso, quando reconhecida a ocorrência de
concurso de agentes. Isso porque o concurso de pessoas, dada a adoção da teoria monista, pressupõe a
unidade de infrações penais, objetiva e subjetivamente, ou seja, todos devem responder pelo mesmo delito,
e sob o mesmo elemento subjetivo (dolo ou culpa):
(...)
(REsp 1306731/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em
22/10/2013, DJe 04/11/2013)
STJ - HC 235.827/SP – O STJ firmou entendimento no sentido de é cabível a coautoria em crimes culposos,
embora não seja cabível a participação:
(...) 2. A doutrina majoritária admite a coautoria em crime culposo. Para tanto, devem ser
preenchidos os requisitos do concurso de agentes: a) pluralidade de agentes, b) relevância
causal das várias condutas, c) liame subjetivo entre os agentes e d) identidade de infração
penal. In casu, a conduta do pai não teve relevância causal direta para o homicídio culposo
na direção de veículo automotor.
Outrossim, não ficou demonstrado o liame subjetivo entre pai e filho no que concerne à
imprudência na direção do automóvel, não podendo, por conseguinte, atribuir-se a pai e
filho a mesma infração penal praticada pelo filho.
3. Não há qualquer elemento nos autos que demonstre que o pai efetivamente autorizou
o filho a pegar as chaves do carro na data dos fatos, ou seja, tem-se apenas ilações e
presunções, destituídas de lastro fático e probatório. Ademais, o crime culposo, ainda que
praticado em coautoria, exige dos agentes a previsibilidade do resultado. Portanto, não
sendo possível, de plano, atestar a conduta do pai de autorizar a saída do filho com o
carro, muito menos se pode a ele atribuir a previsibilidade do acidente de trânsito
causado.
==c471a==
(HC 235.827/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em
03/09/2013, DJe 18/09/2013)
STJ - RESP 1582601/DF – O STJ firmou entendimento quanto aos parâmetros para fixação do aumento
decorrente da continuidade delitiva, devendo ser considerada a quantidade de infrações penais praticadas:
(...)
(REsp 1582601/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
26/04/2016, DJe 02/05/2016)
STJ - RESP 1028062/RS – O STJ firmou entendimento no sentido de que, para a caracterização da
continuidade delitiva, não bastam os elementos de natureza objetiva (conexão espacial, temporal, etc.),
sendo necessário também que esteja presente o requisito de ordem subjetiva, consistente na existência
de vínculo subjetivo entre as condutas delituosas, ou seja, que o agente tenha praticado os crimes na
consciência de que se tratava de uma única empreitada criminosa (ainda que desdobrada em vários atos
criminosos):
(...) (REsp 1028062/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
02/02/2016, DJe 23/02/2016)
STJ - RESP 1287277/MT – O STJ firmou entendimento no sentido de que o fato de os delitos terem sido
praticados contra vítimas diferentes não afasta a possibilidade de reconhecimento da continuidade
delitiva:
2. O fato de os crimes terem sido praticados contra vítimas diversas não impede o
reconhecimento do crime continuado, notadamente quando os atos tiverem sido
praticados no mesmo contexto fático (AgRg no REsp n. 1.359.778/MG).
(...) (REsp 1287277/MT, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
07/04/2016, DJe 20/04/2016)
STJ - AGRG no RESP 1509655/SP – Embora não haja unanimidade quanto ao lapso temporal dentro do
qual se poderia falar em continuidade delitiva, o STJ possui alguns julgados, como este abaixo, no qual
entendeu que não é possível reconhecer a continuidade delitiva quando há lapso temporal superior a 30
dias entre as condutas:
2. Na espécie, em que houve a utilização de passaporte falso por quatro vezes, mas
transcorrido aproximadamente 150 dias entre a segunda e a terceira condutas, deve ser
afastada a incidência do art. 71 do CP quanto a estas ações.
3. Insurgência desprovida.
(AgRg no REsp 1509655/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
10/11/2015, DJe 19/11/2015)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE – 2019 – TJAM – ANALISTA)
Julgue o próximo item, relativos a pena, sua aplicação e a medidas de segurança.
No concurso formal, caso o agente tenha praticado dois crimes mediante uma ação dolosa, devem-se aplicar
cumulativamente as penas se os crimes concorrentes resultarem de desígnios autônomos.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois neste caso estaremos diante do concurso formal impróprio ou imperfeito, devendo ser
aplicado o sistema do cúmulo material (soma das penas), e não o sistema da exasperação, na forma do art.
70, parte final, do CP:
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
GABARITO: CORRETA
COMENTÁRIOS
Item errado, pois essa é a definição de concurso de agentes. A autoria colateral ocorre quando dois ou mais
agentes atuam visando ao mesmo resultado, mas agem autonomamente, ou seja, não estão unidos por um
vínculo subjetivo (cada um age por si).
GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS
Item errado, pois para a teoria da acessoriedade limitada (adotada no Brasil, de acordo com a maioria da
Doutrina), para que o partícipe seja punido, é necessário que a conduta do autor seja um fato típico e ilícito,
pelo menos.
GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS
Item correto. No caso em tela houve a autoria colateral, e não concurso de agentes, vez que os agentes
atuaram visando a obtenção do mesmo resultado, mas agiram autonomamente, ou seja, não estavam unidos
por um vínculo subjetivo. Assim, cada um responde apenas por sua própria conduta. Como não se pode
precisar exatamente de qual arma partiu o tiro fatal, não se pode imputar o resultado a nenhum dois dois,
de forma que ambos respondem pelo crime na forma tentada.
GABARITO: CORRETA
COMENTÁRIOS
Item correto, pois neste caso teremos participação moral, vez que Aline instigou (reforçou uma ideia já
existente) Clara a praticar o delito, que efetivamente ocorreu.
GABARITO: CORRETA
COMENTÁRIOS
Item correto. No caso em tela, Elton quis, em bom português, “matar dois coelhos com uma só cajadada”,
ou seja, pretendeu alcançar os dois resultados mediante uma só conduta. Aqui temos o chamado concurso
formal impróprio ou imperfeito, previsto no art. 70, parte final, do CP, motivo pelo qual será aplicado o
sistema do cúmulo material (soma das penas).
GABARITO: CORRETA
COMENTÁRIOS
Item errado, pois para a teoria da acessoriedade limitada, adotada no Brasil, de acordo com a maioria da
Doutrina, para que o partícipe seja punido, é necessário que a conduta do autor seja um fato típico e ilícito,
pelo menos.
GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS
Item errado, pois basta, como regra, a participação de DOIS ou mais agentes na atividade delituosa (e não
três, como diz a questão).
GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o art. 30 do CP estabelece que, como regra, não se comunicam as condições e
circunstâncias de caráter pessoal, SALVO quando elementares do crime. Ou seja, existe exceção, o que torna
a questão errada.
GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS
Item errado, pois na cooperação dolosamente distinta, também chamada de participação em crime menos
grave, um dos agentes quis participar de um delito menos grave do que aquele que efetivamente ocorreu.
Neste caso, o agente receberá a pena relativa ao crime menos grave, que quis praticar. Tal pena pode ser
aumentada até a metade, caso fosse previsível o resultado mais grave, na forma do art. 29, §2º do CP.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a Doutrina majoritária entende ser possível a coautoria nos crimes culposos, já que duas
ou mais pessoas poderiam, em união de desígnios (acordo de vontades), reunir-se para a prática de uma
conduta arriscada, que venha a causar um resultado não pretendido. Não seria possível, de acordo com a
Doutrina majoritária, a participação em crime culposo. Há, portanto, possibilidade de concurso de pessoas,
na modalidade de coautoria.
12. (CESPE – 2017 – SERES-PE – AGENTE PENITENCIÁRIO – ADAPTADA) Na sentença condenatória, o juiz
deve sempre aplicar penas iguais para o autor, o coautor e o partícipe.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois cada agente receberá sua pena na medida de sua culpabilidade, ou seja, as penas aplicadas
aos agentes não serão, necessariamente, as mesmas. Como regra, pela adoção da teoria monista, todos
respondem pelo mesmo CRIME (pelo mesmo tipo penal), mas isso não importa aplicação de penas idênticas
para todos os envolvidos no delito.
13. (CESPE – 2016 – PC-GO – DELEGADO DE POLÍCIA – ADAPTADA) O concurso de agentes na realização
de um crime pressupõe sempre o prévio ajuste de vontades na consecução de um resultado danoso
desejado por todos.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois não é necessário que haja um PRÉVIO ajuste entre os agentes, bastando que haja vínculo
subjetivo entre eles, como ocorre, por exemplo, na hipótese de um agente aderir à conduta do outro (ex.:
José está agredindo Paulo. Ricardo presencia a cena e se alia à José, ajudando-o a agredir Paulo).
14. (CESPE – 2016 – PC-PE – AGENTE) Roberto, Pedro e Lucas planejaram furtar uma relojoaria. Para a
consecução desse objetivo, eles passaram a vigiar a movimentação da loja durante algumas noites.
Quando perceberam que o lugar era habitado pela proprietária, uma senhora de setenta anos de idade,
que dormia, quase todos os dias, em um quarto nos fundos do estabelecimento, eles desistiram de seu
plano. Certa noite depois dessa desistência, sem a ajuda de Roberto, quando passavam pela frente da loja,
Pedro e Lucas perceberam que a proprietária não estava presente e decidiram, naquele momento, realizar
o furto. Pedro ficou apenas vigiando de longe as imediações, e Lucas entrou na relojoaria com uma sacola,
quebrou a máquina registradora, pegou o dinheiro ali depositado e alguns relógios, saiu em seguida,
encontrou-se com Pedro e deu-lhe 10% dos valores que conseguiu subtrair da loja.
Na situação hipotética descrita no texto acima,
a) Pedro e Lucas serão responsabilizados pelo mesmo tipo penal e terão necessariamente a mesma pena.
COMENTÁRIOS
Neste caso, Roberto não responde por crime algum, pois houve desistência do plano inicialmente
pretendido, não tendo havido o início da execução em relação àquele plano, de forma que aquele ajuste não
é punível, nos termos do art. 31 do CP (letra D errada).
Pedro e Lucas, porém, posteriormente, deram início a um novo plano, que se concretizou, de maneira que
ambos responderão pelo crime de furto. Todavia, a pena dos agentes não será necessariamente a mesma,
pois irá variar de acordo com a culpabilidade de cada um (letras A e C erradas).
O direito penal brasileiro distingue autor e partícipe, sendo autor aquele que realiza a conduta descrita no
núcleo do tipo e partícipes os demais que contribuem na empreitada criminosa (letra B errada).
Por fim, se a atuação de Pedro for considerada como participação de menor importância, a pena dele poderá
ser diminuída, de um sexto a um terço, nos termos do art. 29, §1º do CP (correta a letra E).
15. (CESPE – 2016 – PC-PE – ESCRIVÃO) A respeito do concurso de pessoas, assinale a opção correta.
a) Em relação à participação no concurso de pessoas, a legislação penal brasileira adota a teoria da
acessoriedade mínima.
b) Situação hipotética: José, gerente de loja, mesmo ciente de que um dos vendedores subtraía dinheiro do
caixa, nada fez para impedir o crime, agindo sem liame subjetivo e intenção de obter vantagem econômica.
Assertiva: Nessa situação, o gerente responderá em coautoria pelo crime de furto, com ação omissiva.
c) Em se tratando de crimes plurissubjetivos, como, por exemplo, o crime de rixa, não há que se falar em
participação, já que a pluralidade de agentes integra o tipo penal: todos são autores.
d) Situação hipotética: O motorista João e sua mulher, Maria, trafegavam por uma rodovia, quando ambos,
deliberadamente, deixaram de prestar socorro a uma pessoa gravemente ferida, sem que houvesse risco
pessoal para qualquer um deles. João foi instigado por Maria, que estava no banco do carona, a não parar o
veículo, e, por fim, em acordo de vontades com Maria, assim efetivamente procedeu. Assertiva: Nessa
situação, João responderá como autor pelo crime de omissão de socorro e Maria será tida como inimputável.
e) Haverá participação culposa em crime doloso na situação em que um médico, agindo com negligência,
fornece ao enfermeiro substância letal para ser ministrada a um paciente, e o enfermeiro, embora
percebendo o equívoco, decide ministrá-la com a intenção de matar o paciente.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: O CP brasileiro, de acordo com a Doutrina majoritária, adota a teoria da acessoriedade limitada,
segundo a qual a conduta do partícipe é punível quando a conduta do autor for, ao menos, típica e ilícita.
b) ERRADA: Item errado, pois não há coautoria neste caso. José, o gerente, será responsabilizado pelo crime
de furto em razão de sua omissão (crime omissivo impróprio), mas por não haver vínculo subjetivo entre os
agentes, cada um responderá isoladamente por sua conduta.
c) CORRETA: Item correto, pois todos os participantes da rixa são coautores do delito. Todavia, há aqueles
que não participam DA RIXA, mas de alguma forma prestam auxílio (ex.: emprestam uma arma, incentivam,
etc.). Estes serão partícipes do crime, e não autores. A questão, portanto, apesar de estar correta, não faz a
diferenciação mais apropriada entre as situações, o que dava margem à anulação.
d) ERRADA: Item errado, pois neste caso ambos responderão como autores do crime omissivo, já que ambos
praticaram o núcleo descrito no tipo penal, ao deixarem de socorrer a vítima.
e) ERRADA: Item errado, pois neste caso, dada a diferença entre o elemento subjetivo de cada um dos
agentes, não haverá concurso de agentes. O enfermeiro responderá por homicídio doloso e o médico por
homicídio culposo.
16. (CESPE – 2016 – TJ-AM – JUIZ – ADAPTADA) Tendo o CP adotado a teoria monista, não há como punir
diferentemente todos quantos participem direta ou indiretamente para a produção do resultado danoso.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o fato de o CP ter adotado a teoria monista significa apenas que, como regra, todos os
agentes devem responder pelo mesmo tipo penal, mas não significa que terão necessariamente a mesma
pena, já que cada um será penalizado na medida de sua culpabilidade, nos termos do art. 29 do CP.
17. (CESPE – 2016 – TJ-AM – JUIZ – ADAPTADA) É impossível o concurso de pessoas nos crimes culposos,
ante a ausência de vínculo subjetivo entre os agentes na produção do resultado danoso.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois é perfeitamente possível a ocorrência de concurso de pessoas em crime culposo, desde
que haja vínculo subjetivo entre os agentes, ou seja, desde que os agentes atuem de forma descuidada
(imprudente, negligente ou imperita) em conluio (ex.: dois irmãos combinam de arremessar, um para o
outro, um tijolo pesado, mesmo sabendo que o tijolo poderia atingir um pedestre. O tijolo, de fato, atinge o
pedestre, causando-lhes lesões corporais. Neste caso, podemos falar em crime de lesões corporais culposas
praticado em concurso de agentes).
Não há, portanto, união com vistas ao resultado, que não é pretendido pelos agentes. Todavia, há união para
a prática da conduta descuidada.
18. (CESPE – 2016 – TRE-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) A respeito do concurso de
pessoas, assinale a opção correta.
a) As circunstâncias objetivas se comunicam, mesmo que o partícipe delas não tenha conhecimento.
b) Em se tratando de peculato, crime próprio de funcionário público, não é possível a coautoria de um
particular, dada a absoluta incomunicabilidade da circunstância elementar do crime.
c) A determinação, o ajuste ou instigação e o auxílio não são puníveis.
d) Tratando-se de crimes contra a vida, se a participação for de menor importância, a pena aplicada poderá
ser diminuída de um sexto a um terço.
e) No caso de um dos concorrentes optar por participar de crime menos grave, a ele será aplicada a pena
referente a este crime, que deverá ser aumentada mesmo na hipótese de não ter sido previsível o resultado
mais grave.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois para a comunicação das circunstâncias objetivas é necessário que tenham
ingressado na esfera de conhecimento do partícipe.
b) ERRADA: Item errado, pois admite-se o concurso de agentes em crimes próprios, desde que um dos
agentes ostente a condição exigida pelo tipo e o outro comparsa saiba dessa condição.
c) ERRADA: Item errado, pois a determinação, o ajuste ou instigação e o auxílio, COMO REGRA, não são
puníveis se o crime não chega pelo menos a ser tentado, na forma do art. 31 do CP.
d) CORRETA: De fato, se a participação for de menor importância, a pena aplicada poderá ser diminuída de
um sexto a um terço, na forma do art. 29, §1º do CP. Tal previsão se aplica, inclusive, aos crimes contra a
vida, motivo pelo qual a afirmativa está errada.
e) ERRADA: Item errado, pois o aumento de pena na cooperação dolosamente distinta só se dará se o agente
que quis participar de crime menos grave podia prever a ocorrência do resultado mais grave, nos termos do
art. 29, §2º do CP.
19. (CESPE – 2014 - CÂMARA DOS DEPUTADOS - POLICIAL LEGISLATIVO) Paulo e João foram
surpreendidos nas dependências da Câmara dos Deputados quando subtraíam carteiras e celulares dos
casacos e bolsas de pessoas que ali transitavam. Paulo tem dezessete anos e teve acesso ao local por
intermédio de João, que é servidor da Casa.
COMENTÁRIOS
O item está errado. A inimputabilidade não impede o reconhecimento do concurso de agentes, conforme
entendimento doutrinário majoritário. Nos crimes eventualmente plurissubjetivos (crime de furto, por
exemplo, que eventualmente pode ser um crime qualificado pelo concurso de pessoas, embora seja, em
regra, unissubjetivo) não é necessário que todos os agentes sejam imputáveis, bastando que apenas um o
seja. Nesse caso, no entanto, não há propriamente concurso de pessoas, mas o que a Doutrina chama de
concurso impróprio, ou concurso aparente de pessoas. De toda forma, temos uma hipótese de concurso de
agentes.
20. (CESPE – 2014 – TJ/SE – TÉCNICO) No que se refere a concurso de pessoas, aplicação da pena,
medidas de segurança e ação penal, julgue os itens a seguir.
Em se tratando de autoria colateral, não existe concurso de pessoas.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois na autoria colateral dois agentes praticam a conduta ao mesmo tempo, mas não há
qualquer vínculo subjetivo entre eles, ou seja, eles não agem em conluio, não há combinação entre ambos.
Ausente o vínculo subjetivo, ou seja, o vínculo de vontade entre ambos, não há concurso de pessoas.
21. (CESPE – 2014 – TJ-SE – TITULAR NOTARIAL – ADAPTADA) Caso dois agentes, previamente ajustados,
tenham praticado crime de roubo, com o uso de arma de fogo, e, em consequência dos disparos feitos com
a arma, a vítima faleça, o comparsa que não disparou os tiros somente responde pelos atos que
efetivamente tiver praticado, não devendo ser responsabilizado pelos disparos que resultaram no óbito
da vítima.
COMENTÁRIOS
Item errado. Estando ambos agindo em concurso de pessoas, ambos respondem pelo resultado advindo da
conduta, ainda que os disparos tenham sido realizados apenas por um dos agentes:
(...) 4. Por oportuno, registre-se, ao contrário do que sustenta a impetração, mesmo que o
paciente não tenha sido o responsável pela efetuação dos disparos de arma de fogo que
culminaram no óbito de uma das vítimas, deve responder como coautor pelo roubo
seguido de morte.
(...)
(HC 185.167/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 15/03/2011, DJe
08/02/2012)
22. (CESPE – 2013 – PG-DF – PROCURADOR) Marcos, imbuído de animus necandi, disparou tiros de
revólver em Ricardo por não ter recebido deste pagamento referente a fornecimento de maconha. Apesar
de ferido gravemente, Ricardo sobreviveu. Marcos, para chegar ao local onde Ricardo se encontrava, foi
conduzido em motocicleta por Rômulo, que sabia da intenção homicida do amigo, embora desconhecesse
o motivo, e concordava em ajudá-lo. Ricardo foi atingido pelas costas enquanto caminhava em via pública,
e Marcos e Rômulo, ao verem a vítima tombar, fugiram, supondo tê-la matado.
COMENTÁRIOS
Item correto. Rômulo responderá pelo mesmo delito de Marcos, na qualidade de coautor (coautoria
funcional), embora haja quem defenda tratar-se de participação. Seja como for, responderá pelo delito.
Contudo, a qualificadora do motivo torpe não será imputada a Rômulo, pois se trata de circunstância de
caráter pessoal e que sequer entrou na esfera de conhecimento de Rômulo, de forma que eventual
imputação da qualificadora a este comparsa seria odiosa manifestação de responsabilidade penal objetiva.
23. (CESPE – 2013 – TJ-RN – JUIZ – ADAPTADA) De acordo com a teoria da acessoriedade limitada, para
a punibilidade da participação basta que a conduta principal constitua fato típico.
COMENTÁRIOS
Item errado. De acordo com tal teoria a punibilidade da participação depende de que a conduta principal
seja típica e ilícita. A teoria que exige apenas a tipicidade da conduta principal como requisito para a
punibilidade da participação é a teoria da acessoriedade mínima.
24. (CESPE – 2013 – TJ-RN – JUIZ – ADAPTADA) Considere que Carlos, Mércia e José, empregados de uma
grande empresa em Natal, tenham oferecido bombons envenenados ao seu chefe, Mário, que morreu
após ingerir unicamente os bombons oferecidos por Mércia. Considere, ainda, que os três tenham agido
de forma independente, sem ter ciência da conduta dos demais. Nessa situação, de acordo com a teoria
da causalidade material, resta configurada a autoria colateral, devendo Carlos, Mércia e José responder
pela prática de homicídio consumado.
COMENTÁRIOS
Neste caso, não há concurso de agentes, apenas autoria colateral. Em casos tais, cada agente responde
apenas por sua conduta, isoladamente. Assim, Mércia responderá por homicídio doloso consumado e os
demais responderão, apenas, por tentativa de homicídio.
25. (CESPE – 2013 – TJ-RN – JUIZ – ADAPTADA) Considere que, em uma noite escura, Mel induza a prima
Maria a disparar contra Pedro ao fazê-la acreditar que atirava em um animal feroz que rondava a casa de
campo em que estavam. Nessa situação, ficando comprovado que Maria matou Pedro em erro de tipo
escusável determinado pela prima, que sabia da realidade dos fatos, Mel responderá como autora mediata
do crime de homicídio.
COMENTÁRIOS
Neste caso, Maria agiu em erro determinado por terceiro (Mel), de forma que somente o terceiro (Mel) é
que responderá pelo delito, já que se tratava de erro escusável. Vejamos:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Neste caso, temos uma hipótese de autoria mediata, pois Maria agiu sem dolo, decorrente do erro de tipo
permissivo escusável, determinado por terceiro. Assim, apenas o terceiro responderá pelo delito. Trata-se
de utilização da teoria do domínio do fato, já que Maria, induzida a erro, foi utilizada como instrumento por
Mel, sendo esta uma das hipóteses de autoria mediata.
26. (CESPE – 2013 – BACEN – PROCURADOR – ADAPTADA) As hipóteses de coação moral irresistível e
obediência hierárquica são de autoria mediata, e, por suas naturezas e consequências, excluem a ilicitude
da conduta.
COMENTÁRIOS
Item errado. Embora tais hipóteses sejam exemplos de autoria mediata (eis que somente o mandante ou
coator responderá pelo delito), haverá exclusão da culpabilidade, e não da ilicitude, nos termos do art. 22
do CP.
27. (CESPE – 2013 – SEFAZ-ES – AUDITOR FISCAL - ADAPTADA) As elementares objetivas do tipo sempre
se comunicam, ainda que o partícipe não tenha conhecimento delas.
COMENTÁRIOS
As elementares objetivas do tipo sempre se comunicam ao partícipe, mas é necessário que estas elementares
objetivas tenham entrado na esfera de conhecimento do agente, sob pena de responsabilização objetiva.
28. (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Julgue os itens seguintes, a
respeito de concurso de pessoas, tipicidade, ilicitude, culpabilidade e fixação da pena.
Caso um indivíduo obtenha de um amigo, por empréstimo, uma arma de fogo, dando-lhe ciência de sua
intenção de utilizá-la para matar outrem, o amigo que emprestar a arma será considerado partícipe do
homicídio se o referido indivíduo cometer o crime pretendido, ainda que este não utilize tal arma para fazê-
lo e que o amigo não o estimule a praticá-lo.
COMENTÁRIOS
Item errado. Isto porque para que alguém seja considerado partícipe de um delito é necessário prestar auxílio
MATERIAL ou MORAL. No caso, não haveria auxílio MATERIAL, pois a arma utilizada não foi a mesma
emprestada pelo amigo. Também não houve auxílio moral, pois a própria questão deixa claro que o amigo
não estimulou o agente a praticar o crime. Assim, não há participação penalmente punível.
29. (CESPE - 2015 - TJDFT – TÉCNICO) Em relação à improbidade administrativa, ao concurso de pessoas
e às hipóteses de extinção da punibilidade, julgue os itens subsecutivos.
Caracteriza-se a autoria colateral na hipótese de dois agentes, imputáveis, cada um deles desconhecendo a
conduta do outro, praticarem atos convergentes para a produção de um delito a que ambos visem, mas o
resultado ocorrer em virtude do comportamento de apenas um deles.
COMENTÁRIOS
Item correto. Na autoria colateral o resultado advém da conduta de apenas um dos agentes, não havendo
vínculo subjetivo entre eles. Exatamente por não haver vínculo subjetivo entre os agentes, não há que se
falar em concurso de pessoas, de maneira que somente aquele que efetivamente deu causa ao resultado é
que responderá pelo delito. Não sendo possível determinar qual das condutas deu causa ao resultado, ambos
respondem pelo delito na forma tentada.
30. (CESPE - 2015 - TJDFT – TÉCNICO) Em relação à improbidade administrativa, ao concurso de pessoas
e às hipóteses de extinção da punibilidade, julgue os itens subsecutivos.
Pode haver participação dolosa em crime culposo, não sendo necessário, para a caracterização do concurso
de pessoas, que autor e partícipes tenham atuado com o mesmo elemento subjetivo-normativo.
COMENTÁRIOS
Item errado. A Doutrina majoritária (e a jurisprudência também majoritária) não admite a participação
dolosa em crime culposo, tampouco a participação culposa em crime doloso. A Doutrina exige que a
participação possua a mesma natureza volitiva (elemento de vontade) do crime para o qual o partícipe
contribui. Há, contudo, corrente doutrinária (inclusive adotada pelo STJ) que nega possibilidade de
participação em crime culposo, ainda que se trate de participação culposa.
31. (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTIÇA) Idealizada por Welzel e Roxin e considerada objetivo-
subjetiva, a teoria do domínio do fato diferencia autoria de participação em função da prática dos atos
executórios do delito.
COMENTÁRIOS
Item errado. A teria do domínio do fato diferencia autor e partícipe não com base na prática dos atos
executórios (isso quem o faz é a teoria objetivo-formal). A teoria do domínio do fato diferencia autor e
partícipe tendo com fundamento o domínio sobre o curso da empreitada criminosa. Todo aquele que possui
o domínio do curso da conduta criminosa (seja pelo domínio da ação, da vontade ou pelo domínio funcional
do fato) é considerado autor do delito.
32. (CESPE - 2007 - TJ-PI - JUIZ) No concurso de pessoas, há quatro teorias que explicam o tratamento da
acessoriedade na participação. De acordo com a teoria da hiperacessoriedade, para se punir a conduta do
partícipe, é preciso que o fato principal seja
I típico.
II antijurídico.
II culpável.
IV punível.
COMENTÁRIOS
Conforme estudamos, a teoria da hiperacessoriedade é a mais radical de todas as quatro, exigindo, para a
punibilidade do partícipe, que a conduta principal deva ser típica, ilícita, culpável e punível.
33. (CESPE - 2009 - PC-RN - AGENTE DE POLÍCIA) Acerca do concurso de pessoas, assinale a opção correta.
A) Considere que Lia e Lena estivessem discutindo dentro do carro quando, acidentalmente, Lia atropelou
um pedestre que atravessava na faixa de segurança. Nessa situação hipotética, Lia e Lena deverão responder
pela prática de homicídio culposo.
B) O crime de falso testemunho admite coautoria e participação.
C) Considere que Mévio e Leo tenham resolvido furtar uma casa supostamente abandonada. Nesse furto,
considere que Leo tenha ficado vigiando a entrada, enquanto Mévio entrou para subtrair os bens; dentro da
residência, Mévio descobriu que a mesma estava habitada e acabou agredindo o morador; após levarem os
objetos para um local seguro, Mévio narrou o fato para Leo. Considerando essa situação hipotética, Mévio
deverá responder pelo crime de roubo e Leo, por furto.
D) No crime de induzimento ou instigação ao suicídio, o agente que instiga age como partícipe e o suicida é,
ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo.
E) As circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam entre os coautores e partícipes do crime.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Nesse caso não há concurso de agentes, pois não há participação culposa em crime culposo,
segundo entendimento do STJ. Neste caso, somente Lia responderá pelo delito.
B) ERRADA: A grande maioria da Doutrina entende não haver possibilidade de coautoria nesse caso, por se
tratar de crime de mão-própria. No entanto, parte da Doutrina entende que pode haver coautoria quando
há coação moral resistível de um terceiro sobre aquele que comete o crime. A participação, atualmente, é
admitida.
C) CORRETA: Aqui, trata-se da hipótese de cooperação dolosamente distinta. Leo não pretendeu praticar um
roubo, e sim um furto, devendo responder apenas por este, e não pelo roubo, que foi praticado apenas por
Mévio. Entretanto, nos termos do art. 29, § 2° do CP, se o crime de roubo era previsível, a pena de Leo pode
ser aumentada até a metade, mas ele sempre responderá pelo crime de furto apenas.
D) ERRADA: No crime de instigação ao suicídio, quem instiga é autor do crime (pratica o núcleo do tipo), e
não mero partícipe do delito. Assim, a alternativa está errada.
E) ERRADA: As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam, nos termos do art. 30 do
CP, salvo se forem elementares do delito.
34. (CESPE - 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO - ÁREA JUDICIÁRIA - ESPECÍFICOS) Considere
que os indivíduos João e José — ambos com animus necandi, mas um desconhecendo a conduta do outro
— atirem contra Francisco, e que a perícia, na análise dos atos, identifique que José seja o responsável
pela morte de Francisco. Nessa situação hipotética, José responderá por homicídio consumado e João, por
tentativa de homicídio. Certo ou Errado?
COMENTÁRIOS
CORRETA: Como ambos não agiram com vínculo subjetivo, não há coautoria, mas autoria colateral,
afastando-se, desta forma, o concurso de pessoas, respondendo cada um apenas pela sua conduta. Assim,
a afirmativa está correta.
35. (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) O concurso de pessoas, no sistema penal
brasileiro, adotou a teoria monística, com temperamentos, uma vez que estabelece certos graus de
participação, em obediência ao princípio da individualização da pena. Certo ou Errado?
COMENTÁRIOS
CORRETA: Conforme estudamos, o nosso CP adotou a teoria monista no concurso de pessoas, de forma que
todos aqueles que cooperam para a prática do delito, por ele respondem, nos termos do art. 29 do CP. No
entanto, o CP determina que a pena de cada um dos agentes deve ser calculada na medida de sua
culpabilidade, o que demonstra a adoção de uma teoria monista mitigada, ou temperada.`
36. (CESPE - 2008 - PC-TO - DELEGADO DE POLÍCIA) Considere a seguinte situação hipotética.
Fernando, Cláudio e Maria, penalmente imputáveis, associaram-se com Geraldo, de 17 anos de idade, com
o fim de cometer estelionato. Alugaram um apartamento e adquiriram os equipamentos necessários à
prática delituosa, chegando, em conluio, à concretização de um único crime.
Nessa situação, o grupo, com exceção do adolescente, responderá apenas pelo crime de estelionato, não se
caracterizando o delito de quadrilha ou bando, em face da necessidade de associação de, no mínimo, quatro
pessoas para a tipificação desse delito, todas penalmente imputáveis.
COMENTÁRIOS
A afirmativa está errada, pois o nosso sistema jurídico-penal adotou a teoria da acessoriedade limitada,
ainda que não o tenha feito de forma expressa, mas é este o entendimento doutrinário dominante. Por esta
teoria, para que haja participação, é suficiente que o partícipe tenha praticado fato típico e ilícito, não sendo
necessário que seja culpável (o inimputável não é culpável).
Portanto, neste caso, a participação do adolescente é penalmente relevante para a caracterização do crime
de quadrilha ou bando.
37. (CESPE - 2008 - PC-TO - DELEGADO DE POLÍCIA) Considere a seguinte situação hipotética.
Luiz, imputável, aderiu deliberadamente à conduta de Pedro, auxiliando-o no arrombamento de uma porta
para a prática de um furto, vindo a adentrar na residência, onde se limitou, apenas, a observar Pedro, durante
a subtração dos objetos, mais tarde repartidos entre ambos.
Nessa situação, Luiz responderá apenas como partícipe do delito pois atuou em atos diversos dos executórios
praticados por Pedro, autor direto.
COMENTÁRIOS
Luiz responderá como coautor do delito, pois o arrombamento da porta é um ato integrante do núcleo do
tipo, já que faz parte do iter da execução do crime.
38. (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) O concurso de pessoas, no sistema penal
brasileiro, adotou a teoria monística, com temperamentos, uma vez que estabelece certos graus de
participação, em obediência ao princípio da individualização da pena.
COMENTÁRIOS
O art. 29 do CP diz:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Esse artigo evidencia a adoção da teoria monista, eis que estabelece a unidade de crime para aqueles que
participam do mesmo fato. No entanto, entende-se que a teoria monista adotada foi “mitigada” pela
possibilidade de aplicação de graus diferentes de culpa a cada participante.
39. (CESPE - 2011 - PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) Quanto ao concurso de pessoas, o
direito penal brasileiro acolhe a teoria monista, segundo a qual todos os indivíduos que colaboraram para
a prática delitiva devem, como regra geral, responder pelo mesmo crime. Tal situação pode ser, todavia,
afastada, por aplicação do princípio da intranscendência das penas, para a hipótese legal em que um dos
colaboradores tenha desejado participar de delito menos grave, caso em que deverá ser aplicada a pena
deste.
COMENTÁRIOS
A questão está praticamente toda correta. No entanto, peca ao afirmar que a teoria monista pode ser
mitigada pelo princípio da intranscendência da pena. Está errado. A teoria monista é mitigada pelo princípio
da individualização da pena, pois a pena de cada um deve corresponder ao seu grau de culpa no fato.
40. (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ÁREA DE DIREITO) A teoria do domínio do
fato é aplicável para a delimitação de coautoria e participação, sendo coautor aquele que presta
contribuição independente e essencial à prática do delito, mas não obrigatoriamente à sua execução.
COMENTÁRIOS
A teoria do domínio do fato (ou do domínio final do fato) é a teoria segundo a qual autor é aquele que,
mesmo não realizando o núcleo do tipo (não sendo executor), possui ingerência decisiva acerca do
cometimento ou não da infração (o mandante, por exemplo).
COMENTÁRIOS
42. (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Ocorre a coautoria sucessiva quando, após iniciada
a conduta típica por um único agente, houver a adesão de um segundo agente à empreitada criminosa,
sendo que as condutas praticadas por cada um, dentro de um critério de divisão de tarefas e união de
desígnios, devem ser capazes de interferir na consumação da infração penal.
COMENTÁRIOS
A afirmativa está perfeita. O concurso de agentes pode ser prévio, quando ambos se unem antes do início
da execução do delito e sucessiva, quando ambos se unem para a prática do delito após o início da
execução.
43. (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTIÇA) No tocante à participação, o CP adota o critério
da hiperacessoriedade, razão pela qual, para que o partícipe seja punível, será necessário se comprovar
que ele concorreu para a prática de fato típico e ilícito.
COMENTÁRIOS
De fato, para que o partícipe seja punível, é necessário que ele tenha praticado fato típico e ilícito. No
entanto, essa teoria não é a da hiperacessoriedade, mas a da acessoriedade limitada.
44. (CESPE - 2008 - STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) A participação ínfima ou de somenos
é tratada pelo CP da mesma maneira que a menor participação, tendo ambas como conseqüência a
incidência de minorante da pena em um sexto a um terço.
COMENTÁRIOS
A menor participação, por sua vez, é aquela que se analisa em comparação com a participação de outro
agente, mais importante, e não gera a diminuição da pena.
45. (CESPE - 2004 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA - REGIONAL) De acordo com o sistema
adotado pelo Código Penal, é possível impor aos partícipes da mesma atividade delituosa penas de
intensidades desiguais.
COMENTÁRIOS
A afirmativa está correta, pois se baseia no art. 29 do CP, que estabelece que a pena deverá corresponder
ao grau de participação do agente no delito. Vejamos:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
46. (CESPE - 2008 - STF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Em caso de concurso de pessoas para
a prática de crime, se algum dos concorrentes participar apenas do crime menos grave, será aplicada a ele
a pena relativa a esse crime, mesmo que seja previsível o resultado mais grave.
COMENTÁRIOS
A questão está MUITO mal formulada. A princípio, a questão está correta, por corresponder ao que prevê
o art. 29, §2° do CP, que trata da chamada cooperação dolosamente distinta. Vejamos:
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Porém, a questão não fala que no caso de ser previsível o crime mais grave, a pena a ser aplicada será a do
MENOS GRAVE, com o acréscimo previsto na lei.
A questão é muito mal formulada e deveria ter sido anulada, eis que está correta, tendo a banca a
considerado como errada.
47. (CESPE - 2010 - AGU - PROCURADOR) Ao crime plurissubjetivo aplica-se a norma de extensão do art.
29 do Código Penal, que dispõe sobre o concurso de pessoas, sendo este exemplo de norma de adequação
típica mediata.
COMENTÁRIOS
A adequação típica imediata é a adequação perfeita da conduta do agente ao que prevê o tipo penal. Ex.:
Matar alguém. Só há adequação típica imediata na conduta daquele que efetivamente mata alguém.
Entretanto, como punir aquele que dá a arma para o agente matar a vítima? Isso se dá através de normas
de extensão, que geram a chamada adequação típica mediata. A norma do art. 29 é uma delas, pois permite
punir pessoas que, a princípio, não praticaram condutas previstas no tipo penal.
48. (CESPE - 2008 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Valdir e Júlio combinaram praticar
um crime de furto, assim ficando definida a divisão de tarefas entre ambos: Valdir entraria na residência
de seu ex-patrão Cláudio, pois este estava viajando de férias e, portanto, a casa estaria vazia; Júlio
aguardaria dentro do carro, dando cobertura à empreitada delitiva. No dia e local combinados, Valdir
entrou desarmado na casa e Júlio ficou no carro. Entretanto, sem que eles tivessem conhecimento, dentro
da residência estava um agente de segurança contratado por Cláudio. Ao se deparar com o segurança,
Valdir constatou que ele estava cochilando em uma cadeira, com uma arma de fogo em seu colo. Valdir
então pegou a arma de fogo, anunciou o assalto e, em face da resistência do segurança, findou por atirar
em sua direção, lesionando-o gravemente. Depois disso, subtraiu todos os bens que guarneciam a
residência.
Nessa situação, deve-se aplicar a Júlio a pena do crime de furto, uma vez que o resultado mais grave não foi
previsível.
COMENTÁRIOS
A questão procura deixar bem claro que Júlio não tinha como saber que acabaria ocorrendo um roubo, eis
que os donos da casa estavam viajando e seu comparsa entrou DESARMADO na casa. Assim, não tendo sido
previsível o crime mais grave (roubo), aplica-se ao comparsa que não o cometeu, a pena do crime menos
grave (furto), em razão do art. 29, §2° do CP:
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
49. (CESPE - 2013 - PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Em relação ao concurso de pessoas, o CP adota
a teoria monista, segundo a qual todos os que contribuem para a prática de uma mesma infração penal
cometem um único crime, distinguindo-se, entretanto, os autores do delito dos partícipes.
COMENTÁRIOS
O item está correto. O CP adota, como regra, a teoria monista no concurso de agentes, de forma que todos
os que participam de uma conduta criminosa respondem pelo mesmo delito, embora existam exceções
pontuais. Além disso, o CP adota também a teoria diferenciadora, distinguindo autores (aqueles que
praticam o núcleo do tipo penal) e partícipes (aqueles que prestam auxílio na prática da conduta), num
conceito restritivo de autor.
50. (CESPE - 2013 - PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Considere a seguinte situação hipotética.
Aproveitando-se da facilidade do cargo por ele exercido em determinado órgão público, Artur, servidor
público, em conluio com Maria, penalmente responsável, subtraiu dinheiro da repartição pública onde
trabalha. Maria, que recebeu parte do dinheiro subtraído, desconhecia ser Artur funcionário público.
Nessa situação hipotética, Artur cometeu o crime de peculato e Maria, o delito de furto.
COMENTÁRIOS
O item está correto. Ambos praticaram a conduta prevista no art. 312, §1º do CP, que caracteriza o delito de
peculato (modalidade peculato-furto):
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em
proveito próprio ou alheio:
Contudo, Maria não possui a condição de “funcionário público”, que é elementar do tipo penal. Além disso,
Maria não sabe que seu comparsa é funcionário público, devendo responder apenas por furto (art. 155 do
CP). Caso Maria soubesse que seu comparsa era funcionário público, responderia juntamente com ele por
peculato-furto.
51. (CESPE - 2013 - PC-BA - ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Acerca do concurso de crimes, do concurso de pessoas
e das causas de exclusão da ilicitude, julgue os itens que se seguem.
No concurso de pessoas, a caracterização da coautoria fica condicionada, entre outros requisitos, ao prévio
ajuste entre os agentes e à necessidade da prática de idêntico ato executivo e crime.
COMENTÁRIOS
O item está errado. O ajuste entre os comparsas pode ser prévio à conduta ou concomitante a ela (nunca
posterior à sua realização!). Além disso, não é necessário que os coautores pratiquem o mesmo ato executivo
(EXEMPLO: Um pode segurar e o outro agredir, mas ambos serão coautores de lesão corporal), nem mesmo
se exige que sejam tipificados pelo mesmo delito, como ocorre na hipótese de peculato-furto, no qual os
agentes podem responder por crimes diversos, caso o agente que não é funcionário público não conheça
essa condição de seu comparsa.
52. (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO) Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue
os próximos itens.
Tratando-se de concurso de agentes, quando comprovada a vontade de um dos autores do fato em participar
de crime menos grave, a pena será diminuída até a metade, na hipótese de o resultado mais grave ter sido
previsível, não podendo, contudo, ser inferior ao mínimo da pena cominada ao crime efetivamente
praticado.
COMENTÁRIOS
O item está errado. Trata-se da chamada cooperação dolosamente distinta. Na cooperação dolosamente
distinta um dos comparsas quis participar de crime menos grave do que aquele que fora efetivamente
praticado. Neste caso, ele responde pelo crime que se dispôs a praticar, e não por aquele que fora
efetivamente praticado.
Contudo, caso o crime “mais grave” (e que foi praticado) tivesse sido previsível, este agente terá a pena
aumentada até a metade. Vejamos:
Art. 29 – (...)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
53. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA) Considere que Joana, penalmente imputável, tenha
determinado a Francisco, também imputável, que desse uma surra em Maria e que Francisco, por questões
pessoais, tenha matado Maria. Nessa situação, Francisco e Joana deverão responder pela prática do delito
de homicídio, podendo Joana beneficiar-se de causa de diminuição de pena.
COMENTÁRIOS
Aqui temos um caso de cooperação dolosamente distinta. Na cooperação dolosamente distinta um dos
comparsas quis participar de crime menos grave do que aquele que fora efetivamente praticado. Neste caso,
ele responde pelo crime que se dispôs a praticar, e não por aquele que fora efetivamente praticado.
Contudo, caso o crime “mais grave” (e que foi praticado) tivesse sido previsível, este agente terá a pena
aumentada até a metade. Vejamos:
Art. 29 – (...)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Na hipótese, Joana somente se dispôs a ser autora intelectual do delito de “lesão corporal”, não homicídio,
devendo responder por lesão corporal, e Francisco por homicídio.
54. (CESPE - 2013 - SERPRO - ANALISTA - ADVOCACIA) Havendo concurso de pessoas para a prática de
crime, caso um dos agentes participe apenas de crime menos grave, será aplicada a ele a pena relativa a
esse crime, desde que não seja previsível resultado mais grave.
COMENTÁRIOS
Essa questão é polêmica. O CESPE deu como correta, mas entendo estar errada.
Temos aqui a cooperação dolosamente distinta. Na cooperação dolosamente distinta, o agente que quis
praticar o crime menos grave SEMPRE responde pelo crime menos grave. O que pode acontecer é haver
aumento de pena até a metade, no caso de o crime mais grave ser previsível, mas ainda assim o agente
responderá pela pena do crime menos grave, só que majorada. Vejamos:
Art. 29 – (...)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Assim, entendo que a questão está errada, mas o CESPE entendeu como correta.
55. (CESPE - 2013 - TJ-DF - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Se determinada pessoa,
querendo chegar rapidamente ao aeroporto, oferecer pomposa gorjeta a um taxista para que este dirija
em velocidade acima da permitida e, em razão disso, o taxista atropelar e, consequentemente, matar uma
pessoa, a pessoa que oferecer a gorjeta participará de crime culposo.
COMENTÁRIOS
A Doutrina majoritária (há, portanto, controvérsia) não admite participação em crime culposo, pois por se
tratar de uma violação a um dever objetivo de cuidado, seria pessoal e, portanto, impossível de vinculação
subjetiva. O STJ adota este entendimento. Desta forma, não seria admitida, sequer, a coautoria em crimes
culposos, embora parte da Jurisprudência admita.
Nos dizeres de Luiz Flavio Gomes:” Parte da doutrina tradicional e da jurisprudência brasileira admite
coautoria em crime culposo. Quanto à participação a doutrina é praticamente unânime: não é possível nos
crimes culposos. A verdade é que a culpa (como infração do dever de cuidado ou como criação de um risco
proibido relevante) é pessoal. Doutrinariamente, portanto, também não é sustentável a possibilidade de
coautoria em crime culposo. Cada um responde pela sua culpa, pela sua parcela de contribuição para o risco
criado. A jurisprudência admite coautoria em crime culposo, mas tecnicamente não deveria ser assim, mesmo
porque a coautoria exige uma concordância subjetiva entre os agentes. Todas as situações em que ela
vislumbra coautoria podem ser naturalmente solucionadas com o auxílio do instituto da autoria colateral."
56. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Em 18/2/2011, às 21 horas, na
cidade X, João, que planejara detalhadamente toda a empreitada criminosa, Pedro, Jerônimo e Paulo, de
forma livre e consciente, em unidade de desígnios com o adolescente José, que já havia sido processado
por atos infracionais, decidiram subtrair para o grupo uma geladeira, um fogão, um botijão de gás e um
micro-ondas, pertencentes a Lúcia, que não estava em casa naquele momento. Enquanto João e Pedro
permaneceram na rua, dando cobertura à ação criminosa, Paulo, Jerônimo e José entraram na residência,
tendo pulado um pequeno muro e utilizado grampos para abrir a porta da casa. Antes da subtração dos
bens, Jerônimo, arrependido, evadiu-se do local e chamou a polícia. Ainda assim, Paulo e José se
apossaram de todos os bens referidos e fugiram antes da chegada da polícia.
Dias depois, o grupo foi preso, mas os bens não foram encontrados.
Na delegacia, verificou-se que João, Pedro e Paulo já haviam sido condenados anteriormente pelo crime de
estelionato, mas a sentença não havia transitado em julgado e que Jerônimo tinha sido condenado, em
sentença transitada em julgado, por contravenção penal.
De acordo com a teoria objetivo-material, considera-se Paulo autor do crime de furto e João e Pedro,
partícipes.
COMENTÁRIOS
Mais uma questão polêmica e da qual eu discordo do gabarito. A teoria objetivo-material distingue autor e
partícipe da seguinte forma: autor é quem colabora com participação de maior importância para o crime, e
partícipe é quem colabora com participação de menor importância, independentemente de quem pratica o
núcleo do tipo.
Assim, o item está errado, pois de acordo com esta teoria João e Pedro praticaram condutas altamente
relevantes para o delito, sendo considerados autores do crime. João, inclusive, arquitetou toda a empreitada
criminosa.
Desta forma, eu entendo a questão como errada, embora o CESPE tenha dado a questão como correta.
57. (CESPE - 2013 - TC-DF - PROCURADOR) Ângelo, funcionário público exercente do cargo de fiscal da
Agência de Fiscalização do DF (AGEFIS), no exercício de suas funções, exigiu vantagem indevida do
comerciante Elias, de R$ 2.000,00 para que o estabelecimento não fosse autuado em razão de
irregularidades constatadas. Para a prática do delito, Ângelo foi auxiliado por seu primo, Rubens, taxista,
que o conduziu em seu veículo até o local da fiscalização, previamente acordado e consciente tanto da
ação delituosa que seria empreendida quanto do fato de que Ângelo era funcionário público. Antes que
os valores fossem entregues, o comerciante, atemorizado, conseguiu informar policiais militares acerca
dos fatos, tendo sido realizada a prisão em flagrante de Ângelo.
A condição de funcionário público comunica-se ao partícipe Rubens, que tinha prévia ciência do cargo
ocupado por seu primo e acordou sua vontade com a dele para auxiliá-lo na prática do delito, de forma que
os dois deverão estar incursos no mesmo tipo penal.
COMENTÁRIOS
O item está correto. No caso de concurso de agentes para a prática de crime PRÓPRIO (que exige do infrator
alguma qualidade especial, como a de funcionário público), ainda que um dos comparsas não possua esta
qualidade, ela se estende a ele, por força do art. 30 do CP, desde que tenha conhecimento de que seu
comparsa possui esta qualidade. Vejamos:
58. (CESPE – 2016 – TRE-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA - ADAPTADA) Não se aplica a
continuidade delitiva quando os delitos atingirem bens jurídicos personalíssimos de pessoas diversas,
segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o fato de os delitos atingirem bens jurídicos personalíssimos de diversas pessoas não é
impeditivo para o reconhecimento da continuidade delitiva, prevista no art. 71 do CP.
59. (CESPE – 2016 – TRE-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA - ADAPTADA) Configura-se
concurso material a ação única lesiva ao patrimônio de diversas pessoas.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois neste caso não teremos concurso material, e sim concurso formal de crimes, que poderá
ser concurso formal próprio ou impróprio, a depender das circunstâncias, nos termos do art. 70 do CP.
60. (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PÚBLICO) Em caso de concurso formal de crimes, a pena privativa
de liberdade não pode exceder a que seria cabível pela regra do concurso material. Certo ou Errado?
COMENTÁRIOS
CORRETA: Esta é a previsão do art. 70, § único do CP, pois no concurso formal se adota, em regra, o sistema
da exasperação na aplicação da pena, como forma de beneficiar o réu em razão do menor desvalor de sua
conduta. No entanto, se esse sistema se mostrar mais gravoso ao infrator, deverá ser aplicado o sistema do
cúmulo material. Trata-se do chamado “cúmulo material benéfico”.
61. (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO) No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá
sobre a pena de cada um deles, isoladamente.
COMENTÁRIOS
CORRETA: Esta é a previsão literal do art. 119 do CP: Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da
punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Lembrando que pela súmula n° 497 do STF, a prescrição com base na pena em concreto, nos crimes
continuados, é calculada com base na pena-base aplicada, sem o quantum de exasperação referente à
continuidade delitiva.
62. (CESPE - 2013 - PC-BA - ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Acerca do concurso de crimes, do concurso de pessoas
e das causas de exclusão da ilicitude, julgue os itens que se seguem.
No que diz respeito ao concurso de crimes, o direito brasileiro adota o sistema do cúmulo material e o da
exasperação na aplicação da pena.
COMENTÁRIOS
O item está correto. De fato, em havendo concurso de crimes, dois podem ser os sistemas aplicados: O da
exasperação (aplicação da pena de um dos crimes, com aumento) e o do cúmulo material (aplicação da pena
de todos os delitos, somadas). O sistema a ser aplicado, em cada caso, dependerá da natureza do concurso
de crimes (concurso formal, concurso material ou crime continuado).
63. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Em 15/10/2005, nas dependências
do banco Y, Carlos, com o objetivo de prejudicar direitos da instituição financeira, preencheu e assinou
declaração falsa na qual se autodenominava Maurício. No mesmo dia, foi até outra agência do mesmo
banco e, agindo da mesma forma, declarou falsamente chamar-se Alexandre.
Em 1/5/2010, Carlos foi denunciado, tendo a denúncia sido recebida em 24/5/2010. Após o devido
processo legal, em sentença proferida em 23/8/2012, o acusado foi condenado a um ano e dois meses de
reclusão, em regime inicialmente aberto, e ao pagamento de doze dias-multa, no valor unitário mínimo
legal. A pena privativa de liberdade foi substituída por uma pena restritiva de direitos e multa. O MP não
apelou da sentença condenatória.
Com relação à situação hipotética acima, julgue os itens seguintes.
As ações de Carlos configuram crime continuado, visto que as condições de tempo, lugar e modo de execução
foram as mesmas em ambos os casos, tendo a ação subsequente dado continuidade à primeira.
COMENTÁRIOS
O item está correto, pois Carlos praticou crimes da mesma natureza em circunstâncias tempo, lugar e modo
de execução foram as mesmas em ambos os casos, tendo a ação subsequente dado continuidade à primeira.
Vejam que o modus operandi é o mesmo, ou seja, ele se apresenta com nome falso. Além disso, as duas
condutas foram praticadas no mesmo dia (Os Tribunais entendem que devem ser praticadas num lapso
máximo de 30 dias entre uma e outra).
Vejamos:
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-
se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Clara, tendo descoberto uma traição amorosa de seu namorado, comentou com sua amiga Aline que tinha
a intenção de matá-lo. Aline, então, começou a instigar Clara a consumar o pretendido. Nessa situação, se
Clara cometer o crime, Aline poderá responder como partícipe do crime.
12. (CESPE – 2017 – SERES-PE – AGENTE PENITENCIÁRIO – ADAPTADA) Na sentença condenatória, o juiz
deve sempre aplicar penas iguais para o autor, o coautor e o partícipe.
13. (CESPE – 2016 – PC-GO – DELEGADO DE POLÍCIA – ADAPTADA) O concurso de agentes na realização
de um crime pressupõe sempre o prévio ajuste de vontades na consecução de um resultado danoso
desejado por todos.
14. (CESPE – 2016 – PC-PE – AGENTE) Roberto, Pedro e Lucas planejaram furtar uma relojoaria. Para a
consecução desse objetivo, eles passaram a vigiar a movimentação da loja durante algumas noites.
Quando perceberam que o lugar era habitado pela proprietária, uma senhora de setenta anos de idade,
que dormia, quase todos os dias, em um quarto nos fundos do estabelecimento, eles desistiram de seu
plano. Certa noite depois dessa desistência, sem a ajuda de Roberto, quando passavam pela frente da loja,
Pedro e Lucas perceberam que a proprietária não estava presente e decidiram, naquele momento, realizar
o furto. Pedro ficou apenas vigiando de longe as imediações, e Lucas entrou na relojoaria com uma sacola,
quebrou a máquina registradora, pegou o dinheiro ali depositado e alguns relógios, saiu em seguida,
encontrou-se com Pedro e deu-lhe 10% dos valores que conseguiu subtrair da loja.
Na situação hipotética descrita no texto acima,
a) Pedro e Lucas serão responsabilizados pelo mesmo tipo penal e terão necessariamente a mesma pena.
15. (CESPE – 2016 – PC-PE – ESCRIVÃO) A respeito do concurso de pessoas, assinale a opção correta.
a) Em relação à participação no concurso de pessoas, a legislação penal brasileira adota a teoria da
acessoriedade mínima.
b) Situação hipotética: José, gerente de loja, mesmo ciente de que um dos vendedores subtraía dinheiro do
caixa, nada fez para impedir o crime, agindo sem liame subjetivo e intenção de obter vantagem econômica.
Assertiva: Nessa situação, o gerente responderá em coautoria pelo crime de furto, com ação omissiva.
c) Em se tratando de crimes plurissubjetivos, como, por exemplo, o crime de rixa, não há que se falar em
participação, já que a pluralidade de agentes integra o tipo penal: todos são autores.
d) Situação hipotética: O motorista João e sua mulher, Maria, trafegavam por uma rodovia, quando ambos,
deliberadamente, deixaram de prestar socorro a uma pessoa gravemente ferida, sem que houvesse risco
pessoal para qualquer um deles. João foi instigado por Maria, que estava no banco do carona, a não parar o
veículo, e, por fim, em acordo de vontades com Maria, assim efetivamente procedeu. Assertiva: Nessa
situação, João responderá como autor pelo crime de omissão de socorro e Maria será tida como inimputável.
e) Haverá participação culposa em crime doloso na situação em que um médico, agindo com negligência,
fornece ao enfermeiro substância letal para ser ministrada a um paciente, e o enfermeiro, embora
percebendo o equívoco, decide ministrá-la com a intenção de matar o paciente.
16. (CESPE – 2016 – TJ-AM – JUIZ – ADAPTADA) Tendo o CP adotado a teoria monista, não há como punir
diferentemente todos quantos participem direta ou indiretamente para a produção do resultado danoso.
17. (CESPE – 2016 – TJ-AM – JUIZ – ADAPTADA) É impossível o concurso de pessoas nos crimes culposos,
ante a ausência de vínculo subjetivo entre os agentes na produção do resultado danoso.
18. (CESPE – 2016 – TRE-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) A respeito do concurso de
pessoas, assinale a opção correta.
a) As circunstâncias objetivas se comunicam, mesmo que o partícipe delas não tenha conhecimento.
b) Em se tratando de peculato, crime próprio de funcionário público, não é possível a coautoria de um
particular, dada a absoluta incomunicabilidade da circunstância elementar do crime.
c) A determinação, o ajuste ou instigação e o auxílio não são puníveis.
d) Tratando-se de crimes contra a vida, se a participação for de menor importância, a pena aplicada poderá
ser diminuída de um sexto a um terço.
e) No caso de um dos concorrentes optar por participar de crime menos grave, a ele será aplicada a pena
referente a este crime, que deverá ser aumentada mesmo na hipótese de não ter sido previsível o resultado
mais grave.
19. (CESPE – 2014 - CÂMARA DOS DEPUTADOS - POLICIAL LEGISLATIVO) Paulo e João foram
surpreendidos nas dependências da Câmara dos Deputados quando subtraíam carteiras e celulares dos
casacos e bolsas de pessoas que ali transitavam. Paulo tem dezessete anos e teve acesso ao local por
intermédio de João, que é servidor da Casa.
20. (CESPE – 2014 – TJ/SE – TÉCNICO) No que se refere a concurso de pessoas, aplicação da pena,
medidas de segurança e ação penal, julgue os itens a seguir.
Em se tratando de autoria colateral, não existe concurso de pessoas.
21. (CESPE – 2014 – TJ-SE – TITULAR NOTARIAL – ADAPTADA) Caso dois agentes, previamente ajustados,
tenham praticado crime de roubo, com o uso de arma de fogo, e, em consequência dos disparos feitos com
a arma, a vítima faleça, o comparsa que não disparou os tiros somente responde pelos atos que
efetivamente tiver praticado, não devendo ser responsabilizado pelos disparos que resultaram no óbito
da vítima.
22. (CESPE – 2013 – PG-DF – PROCURADOR) Marcos, imbuído de animus necandi, disparou tiros de
revólver em Ricardo por não ter recebido deste pagamento referente a fornecimento de maconha. Apesar
de ferido gravemente, Ricardo sobreviveu. Marcos, para chegar ao local onde Ricardo se encontrava, foi
conduzido em motocicleta por Rômulo, que sabia da intenção homicida do amigo, embora desconhecesse
o motivo, e concordava em ajudá-lo. Ricardo foi atingido pelas costas enquanto caminhava em via pública,
e Marcos e Rômulo, ao verem a vítima tombar, fugiram, supondo tê-la matado.
23. (CESPE – 2013 – TJ-RN – JUIZ – ADAPTADA) De acordo com a teoria da acessoriedade limitada, para
a punibilidade da participação basta que a conduta principal constitua fato típico.
24. (CESPE – 2013 – TJ-RN – JUIZ – ADAPTADA) Considere que Carlos, Mércia e José, empregados de uma
grande empresa em Natal, tenham oferecido bombons envenenados ao seu chefe, Mário, que morreu
após ingerir unicamente os bombons oferecidos por Mércia. Considere, ainda, que os três tenham agido
de forma independente, sem ter ciência da conduta dos demais. Nessa situação, de acordo com a teoria
da causalidade material, resta configurada a autoria colateral, devendo Carlos, Mércia e José responder
pela prática de homicídio consumado.
25. (CESPE – 2013 – TJ-RN – JUIZ – ADAPTADA) Considere que, em uma noite escura, Mel induza a prima
Maria a disparar contra Pedro ao fazê-la acreditar que atirava em um animal feroz que rondava a casa de
campo em que estavam. Nessa situação, ficando comprovado que Maria matou Pedro em erro de tipo
escusável determinado pela prima, que sabia da realidade dos fatos, Mel responderá como autora mediata
do crime de homicídio.
26. (CESPE – 2013 – BACEN – PROCURADOR – ADAPTADA) As hipóteses de coação moral irresistível e
obediência hierárquica são de autoria mediata, e, por suas naturezas e consequências, excluem a ilicitude
da conduta.
27. (CESPE – 2013 – SEFAZ-ES – AUDITOR FISCAL - ADAPTADA) As elementares objetivas do tipo sempre
se comunicam, ainda que o partícipe não tenha conhecimento delas.
28. (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Julgue os itens seguintes, a
respeito de concurso de pessoas, tipicidade, ilicitude, culpabilidade e fixação da pena.
Caso um indivíduo obtenha de um amigo, por empréstimo, uma arma de fogo, dando-lhe ciência de sua
intenção de utilizá-la para matar outrem, o amigo que emprestar a arma será considerado partícipe do
homicídio se o referido indivíduo cometer o crime pretendido, ainda que este não utilize tal arma para fazê-
lo e que o amigo não o estimule a praticá-lo.
29. (CESPE - 2015 - TJDFT – TÉCNICO) Em relação à improbidade administrativa, ao concurso de pessoas
e às hipóteses de extinção da punibilidade, julgue os itens subsecutivos.
Caracteriza-se a autoria colateral na hipótese de dois agentes, imputáveis, cada um deles desconhecendo a
conduta do outro, praticarem atos convergentes para a produção de um delito a que ambos visem, mas o
resultado ocorrer em virtude do comportamento de apenas um deles.
30. (CESPE - 2015 - TJDFT – TÉCNICO) Em relação à improbidade administrativa, ao concurso de pessoas
e às hipóteses de extinção da punibilidade, julgue os itens subsecutivos.
Pode haver participação dolosa em crime culposo, não sendo necessário, para a caracterização do concurso
de pessoas, que autor e partícipes tenham atuado com o mesmo elemento subjetivo-normativo.
31. (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTIÇA) Idealizada por Welzel e Roxin e considerada objetivo-
subjetiva, a teoria do domínio do fato diferencia autoria de participação em função da prática dos atos
executórios do delito.
32. (CESPE - 2007 - TJ-PI - JUIZ) No concurso de pessoas, há quatro teorias que explicam o tratamento
da acessoriedade na participação. De acordo com a teoria da hiperacessoriedade, para se punir a conduta
do partícipe, é preciso que o fato principal seja
I típico.
II antijurídico.
II culpável.
IV punível.
A quantidade de itens certos é igual a
A) 0.
B) 1.
C) 2.
D) 3.
E) 4.
33. (CESPE - 2009 - PC-RN - AGENTE DE POLÍCIA) Acerca do concurso de pessoas, assinale a opção
correta.
A) Considere que Lia e Lena estivessem discutindo dentro do carro quando, acidentalmente, Lia atropelou
um pedestre que atravessava na faixa de segurança. Nessa situação hipotética, Lia e Lena deverão responder
pela prática de homicídio culposo.
B) O crime de falso testemunho admite coautoria e participação.
C) Considere que Mévio e Leo tenham resolvido furtar uma casa supostamente abandonada. Nesse furto,
considere que Leo tenha ficado vigiando a entrada, enquanto Mévio entrou para subtrair os bens; dentro da
residência, Mévio descobriu que a mesma estava habitada e acabou agredindo o morador; após levarem os
objetos para um local seguro, Mévio narrou o fato para Leo. Considerando essa situação hipotética, Mévio
deverá responder pelo crime de roubo e Leo, por furto.
D) No crime de induzimento ou instigação ao suicídio, o agente que instiga age como partícipe e o suicida é,
ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo.
E) As circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam entre os coautores e partícipes do crime.
34. (CESPE - 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO - ÁREA JUDICIÁRIA - ESPECÍFICOS) Considere
que os indivíduos João e José — ambos com animus necandi, mas um desconhecendo a conduta do outro
— atirem contra Francisco, e que a perícia, na análise dos atos, identifique que José seja o responsável
pela morte de Francisco. Nessa situação hipotética, José responderá por homicídio consumado e João, por
tentativa de homicídio. Certo ou Errado?
35. (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) O concurso de pessoas, no sistema penal
brasileiro, adotou a teoria monística, com temperamentos, uma vez que estabelece certos graus de
participação, em obediência ao princípio da individualização da pena. Certo ou Errado?
36. (CESPE - 2008 - PC-TO - DELEGADO DE POLÍCIA) Considere a seguinte situação hipotética.
Fernando, Cláudio e Maria, penalmente imputáveis, associaram-se com Geraldo, de 17 anos de idade, com
o fim de cometer estelionato. Alugaram um apartamento e adquiriram os equipamentos necessários à
prática delituosa, chegando, em conluio, à concretização de um único crime.
Nessa situação, o grupo, com exceção do adolescente, responderá apenas pelo crime de estelionato, não se
caracterizando o delito de quadrilha ou bando, em face da necessidade de associação de, no mínimo, quatro
pessoas para a tipificação desse delito, todas penalmente imputáveis.
37. (CESPE - 2008 - PC-TO - DELEGADO DE POLÍCIA) Considere a seguinte situação hipotética.
Luiz, imputável, aderiu deliberadamente à conduta de Pedro, auxiliando-o no arrombamento de uma porta
para a prática de um furto, vindo a adentrar na residência, onde se limitou, apenas, a observar Pedro, durante
a subtração dos objetos, mais tarde repartidos entre ambos.
Nessa situação, Luiz responderá apenas como partícipe do delito pois atuou em atos diversos dos executórios
praticados por Pedro, autor direto.
38. (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) O concurso de pessoas, no sistema penal
brasileiro, adotou a teoria monística, com temperamentos, uma vez que estabelece certos graus de
participação, em obediência ao princípio da individualização da pena.
39. (CESPE - 2011 - PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) Quanto ao concurso de pessoas, o
direito penal brasileiro acolhe a teoria monista, segundo a qual todos os indivíduos que colaboraram para
a prática delitiva devem, como regra geral, responder pelo mesmo crime. Tal situação pode ser, todavia,
afastada, por aplicação do princípio da intranscendência das penas, para a hipótese legal em que um dos
colaboradores tenha desejado participar de delito menos grave, caso em que deverá ser aplicada a pena
deste.
40. (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ÁREA DE DIREITO) A teoria do domínio
do fato é aplicável para a delimitação de coautoria e participação, sendo coautor aquele que presta
contribuição independente e essencial à prática do delito, mas não obrigatoriamente à sua execução.
42. (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Ocorre a coautoria sucessiva quando, após
iniciada a conduta típica por um único agente, houver a adesão de um segundo agente à empreitada
criminosa, sendo que as condutas praticadas por cada um, dentro de um critério de divisão de tarefas e
união de desígnios, devem ser capazes de interferir na consumação da infração penal.
43. (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTIÇA) No tocante à participação, o CP adota o critério
da hiperacessoriedade, razão pela qual, para que o partícipe seja punível, será necessário se comprovar
que ele concorreu para a prática de fato típico e ilícito.
44. (CESPE - 2008 - STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) A participação ínfima ou de somenos
é tratada pelo CP da mesma maneira que a menor participação, tendo ambas como conseqüência a
incidência de minorante da pena em um sexto a um terço.
45. (CESPE - 2004 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA - REGIONAL) De acordo com o sistema
adotado pelo Código Penal, é possível impor aos partícipes da mesma atividade delituosa penas de
intensidades desiguais.
46. (CESPE - 2008 - STF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Em caso de concurso de pessoas para
a prática de crime, se algum dos concorrentes participar apenas do crime menos grave, será aplicada a ele
a pena relativa a esse crime, mesmo que seja previsível o resultado mais grave.
47. (CESPE - 2010 - AGU - PROCURADOR) Ao crime plurissubjetivo aplica-se a norma de extensão do art.
29 do Código Penal, que dispõe sobre o concurso de pessoas, sendo este exemplo de norma de adequação
típica mediata.
48. (CESPE - 2008 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Valdir e Júlio combinaram praticar
um crime de furto, assim ficando definida a divisão de tarefas entre ambos: Valdir entraria na residência
de seu ex-patrão Cláudio, pois este estava viajando de férias e, portanto, a casa estaria vazia; Júlio
aguardaria dentro do carro, dando cobertura à empreitada delitiva. No dia e local combinados, Valdir
entrou desarmado na casa e Júlio ficou no carro. Entretanto, sem que eles tivessem conhecimento, dentro
da residência estava um agente de segurança contratado por Cláudio. Ao se deparar com o segurança,
Valdir constatou que ele estava cochilando em uma cadeira, com uma arma de fogo em seu colo. Valdir
então pegou a arma de fogo, anunciou o assalto e, em face da resistência do segurança, findou por atirar
em sua direção, lesionando-o gravemente. Depois disso, subtraiu todos os bens que guarneciam a
residência.
Nessa situação, deve-se aplicar a Júlio a pena do crime de furto, uma vez que o resultado mais grave não foi
previsível.
49. (CESPE - 2013 - PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Em relação ao concurso de pessoas, o CP
adota a teoria monista, segundo a qual todos os que contribuem para a prática de uma mesma infração
penal cometem um único crime, distinguindo-se, entretanto, os autores do delito dos partícipes.
50. (CESPE - 2013 - PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Considere a seguinte situação hipotética.
Aproveitando-se da facilidade do cargo por ele exercido em determinado órgão público, Artur, servidor
público, em conluio com Maria, penalmente responsável, subtraiu dinheiro da repartição pública onde
trabalha. Maria, que recebeu parte do dinheiro subtraído, desconhecia ser Artur funcionário público.
Nessa situação hipotética, Artur cometeu o crime de peculato e Maria, o delito de furto.
51. (CESPE - 2013 - PC-BA - ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Acerca do concurso de crimes, do concurso de pessoas
e das causas de exclusão da ilicitude, julgue os itens que se seguem.
No concurso de pessoas, a caracterização da coautoria fica condicionada, entre outros requisitos, ao prévio
ajuste entre os agentes e à necessidade da prática de idêntico ato executivo e crime.
52. (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO) Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue
os próximos itens.
Tratando-se de concurso de agentes, quando comprovada a vontade de um dos autores do fato em participar
de crime menos grave, a pena será diminuída até a metade, na hipótese de o resultado mais grave ter sido
previsível, não podendo, contudo, ser inferior ao mínimo da pena cominada ao crime efetivamente
praticado.
53. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA) Considere que Joana, penalmente imputável, tenha
determinado a Francisco, também imputável, que desse uma surra em Maria e que Francisco, por questões
pessoais, tenha matado Maria. Nessa situação, Francisco e Joana deverão responder pela prática do delito
de homicídio, podendo Joana beneficiar-se de causa de diminuição de pena.
54. (CESPE - 2013 - SERPRO - ANALISTA - ADVOCACIA) Havendo concurso de pessoas para a prática de
crime, caso um dos agentes participe apenas de crime menos grave, será aplicada a ele a pena relativa a
esse crime, desde que não seja previsível resultado mais grave.
55. (CESPE - 2013 - TJ-DF - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Se determinada pessoa,
querendo chegar rapidamente ao aeroporto, oferecer pomposa gorjeta a um taxista para que este dirija
em velocidade acima da permitida e, em razão disso, o taxista atropelar e, consequentemente, matar uma
pessoa, a pessoa que oferecer a gorjeta participará de crime culposo.
56. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Em 18/2/2011, às 21 horas, na
cidade X, João, que planejara detalhadamente toda a empreitada criminosa, Pedro, Jerônimo e Paulo, de
forma livre e consciente, em unidade de desígnios com o adolescente José, que já havia sido processado
por atos infracionais, decidiram subtrair para o grupo uma geladeira, um fogão, um botijão de gás e um
micro-ondas, pertencentes a Lúcia, que não estava em casa naquele momento. Enquanto João e Pedro
permaneceram na rua, dando cobertura à ação criminosa, Paulo, Jerônimo e José entraram na residência,
tendo pulado um pequeno muro e utilizado grampos para abrir a porta da casa. Antes da subtração dos
bens, Jerônimo, arrependido, evadiu-se do local e chamou a polícia. Ainda assim, Paulo e José se
apossaram de todos os bens referidos e fugiram antes da chegada da polícia.
Dias depois, o grupo foi preso, mas os bens não foram encontrados.
Na delegacia, verificou-se que João, Pedro e Paulo já haviam sido condenados anteriormente pelo crime de
estelionato, mas a sentença não havia transitado em julgado e que Jerônimo tinha sido condenado, em
sentença transitada em julgado, por contravenção penal.
De acordo com a teoria objetivo-material, considera-se Paulo autor do crime de furto e João e Pedro,
partícipes.
57. (CESPE - 2013 - TC-DF - PROCURADOR) Ângelo, funcionário público exercente do cargo de fiscal da
Agência de Fiscalização do DF (AGEFIS), no exercício de suas funções, exigiu vantagem indevida do
comerciante Elias, de R$ 2.000,00 para que o estabelecimento não fosse autuado em razão de
irregularidades constatadas. Para a prática do delito, Ângelo foi auxiliado por seu primo, Rubens, taxista,
que o conduziu em seu veículo até o local da fiscalização, previamente acordado e consciente tanto da
ação delituosa que seria empreendida quanto do fato de que Ângelo era funcionário público. Antes que
os valores fossem entregues, o comerciante, atemorizado, conseguiu informar policiais militares acerca
dos fatos, tendo sido realizada a prisão em flagrante de Ângelo.
A condição de funcionário público comunica-se ao partícipe Rubens, que tinha prévia ciência do cargo
ocupado por seu primo e acordou sua vontade com a dele para auxiliá-lo na prática do delito, de forma que
os dois deverão estar incursos no mesmo tipo penal.
58. (CESPE – 2016 – TRE-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA - ADAPTADA) Não se aplica a
continuidade delitiva quando os delitos atingirem bens jurídicos personalíssimos de pessoas diversas,
SEGUNDO o entendimento do Supremo Tribunal Federal.
59. (CESPE – 2016 – TRE-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA - ADAPTADA) Configura-se
concurso material a ação única lesiva ao patrimônio de diversas pessoas.
60. (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PÚBLICO) Em caso de concurso formal de crimes, a pena privativa
de liberdade não pode exceder a que seria cabível pela regra do concurso material. Certo ou Errado?
61. (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO) No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá
sobre a pena de cada um deles, isoladamente.
62. (CESPE - 2013 - PC-BA - ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Acerca do concurso de crimes, do concurso de pessoas
e das causas de exclusão da ilicitude, julgue os itens que se seguem.
No que diz respeito ao concurso de crimes, o direito brasileiro adota o sistema do cúmulo material e o da
exasperação na aplicação da pena.
63. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Em 15/10/2005, nas dependências
do banco Y, Carlos, com o objetivo de prejudicar direitos da instituição financeira, preencheu e assinou
declaração falsa na qual se autodenominava Maurício. No mesmo dia, foi até outra agência do mesmo
banco e, agindo da mesma forma, declarou falsamente chamar-se Alexandre.
GABARITO
34. CORRETA
35. CORRETA
36. ERRADA
37. ERRADA
38. CORRETA
39. ERRADA
40. CORRETA
41. ERRADA
42. CORRETA
43. ERRADA
44. ERRADA
45. CORRETA
46. ERRADA
47. ERRADA
48. CORRETA
49. CORRETA
50. CORRETA
51. ERRADA
52. ERRADA
53. ERRADA
54. CORRETA
55. ERRADA
56. CORRETA
57. CORRETA
58. ERRADA
59. ERRADA
60. CORRETA
61. CORRETA
62. CORRETA
63. CORRETA