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ASSANE ANLAWE

DIMAS WATECA

LETICIA JONAS

MARIAMO JAMAL AMBASSE

PEDRO FUNBANHANE

Medida da pena (pena concreta)


Formas de comparticipação criminosa
Licenciatura em Direito

Nacala
2021
ASSANE ANLAWE

DIMAS WATECA

LETICIA JONAS

MARIAMO JAMAL AMBASSE

PEDRO FUNBANHANE

Medida da pena (pena concreta)


Formas de comparticipação criminosa

Trabalho de Pesquisa, a ser submetido na


Faculdade do ISCIM, requisitado como
exigência obrigatória para a avaliação na
cadeira de Direito Penal, Curso de licenciatura
em DIREITO.

Docente: Sílvia Gotine

Nacala
2021 2
Índice
1. Introdução................................................................................................................................. 4

2. Objectivos................................................................................................................................. 5

2.1. Objectivo Geral ..................................................................................................................... 5

2.2. Objectivos Específicos .......................................................................................................... 5

3. Medida da pena ........................................................................................................................ 6

3.1 Medida legal da pena ........................................................................................................ 6

3.2 Medida concreta da pena .................................................................................................. 7

4. Formas de comparticipação criminosa ..................................................................................... 8

4.1 Autoria .............................................................................................................................. 8

4.1.1 Modalidades de autoria .............................................................................................. 9

4.2 Formas de participação ................................................................................................... 10

4.2.1 Teorias da participação ............................................................................................ 12

5. Conclusão ............................................................................................................................... 13

6. Referências bibliográficas ...................................................................................................... 14

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1. Introdução
A lei penal faz corresponder à realização de cada crime uma certa pena por via de regra variável
(entre um máximo e um mínimo). Determinada a autoria de um crime, verificado fica o conjunto
dos pressupostos de que depende a verificação de uma consequência ou de um efeito jurídicos, o
que conduz para um novo domínio: o das consequências jurídicas do crime e reacções criminais
18, domínio em que avulta a questão da determinação da medida da pena e, dentro desta, dado o
seu peculiar recorte e dificuldades, a da medida concreta da pena.

Ocupa-se o Capítulo IV do Título III do Código Penal (arts 70.º a 82.º) da escolha e da medida da
pena, ou seja da determinação das consequências jurídicas do facto punível, levada a cabo pelo juiz
conforme a sua natureza, gravidade e forma de execução, escolhendo uma das várias possibilidades
legalmente previstas.

A matéria da comparticipação encontra-se prevista nos arts. 26º, 27º, 28º e 29 CP. A
comparticipação criminosa postula em que várias pessoas concorrem para a prática de um facto
penalmente relevante. Pode-se genericamente definir a comparticipação criminosa para o direito
português como uma situação de pluralidade de intervenientes num facto.

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2. Objectivos
“Os objectivos definem a natureza da pesquisa, o tipo do problema a ser selecionado, o material a
colectar. Portanto os objectivos definem o que se pretende alcançar. [...] os objectivos podem ser
gerais ou específicos, [...].” (CERVO,1978:49), LAKATOS e MARKONI (2010:157).

2.1. Objectivo Geral


“Objectivo geral está ligado a visão global do tema, relaciona-se com o conteúdo e indica os
resultados pretendidos.” (LAKATOS e MARCONI, 2010:2).

O objectivo geral deste trabalho é:

 Debruçar sobre Medida da pena (pena concreta) e Formas de comparticipação criminosa.

2.2. Objectivos Específicos


Segundo LAKATOS e MARKONI (2010:2), objectivo especifico é a operacionalização do
objectivo geral, este apresenta um carácter concreto, tem função intermediária e instrumental,
permitindo atingir o objectivo geral, aplicar as situações particulares.

Este trabalho tem como objectivos específicos os seguintes:

 Falar da medida da pena e comparticipação criminosa.


 Apresentar os aspectos fundamentais sobre a medida de pena (pena concreta).
 Descrever as formas de comparticipação criminosa.

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3. Medida da pena
3.1 Medida legal da pena
No domínio da escolha e da medida da pena, o art. 70.° do Código Penal fornece o critério geral
para a escolha da pena, e o art. 71.º trata da determinação da medida da pena que compreende
também a dispensa da pena e a declaração de impunidade.

A determinação da medida da pena supõe a determinação da medida legal ou abstracta da pena


(num primeiro momento determina-se a moldura legal aplicável ao caso concreto) e da medida
judicial ou concreta da pena (num segundo momento determina-se a pena a aplicar concretamente).
Como resulta da Parte Especial, a lei criou uma moldura penal abstracta mais ou menos ampla,
igual para todos os casos subsumíveis ao mesmo preceito legal, dentro de cujos limites deve ser
fixada a pena, moldura a que se pode chamar «da pena normal ou geral».

Mas o legislador considera frequentemente, a partir daqueles tipos de crimes fundamentais,


determinadas circunstâncias que modificam aquela moldura penal abstracta, ou seja, circunstâncias
modificativas que, tanto podem acarretar uma diminuição (circunstâncias atenuantes) como uma
elevação (circunstâncias agravantes ou qualificativas) e, por outro lado, cria, na Parte Especial,
tipos de crimes especialmente graves (ou qualificados), ou menos graves (ou privilegiados), como,
por exemplo, nos arts. 132.°, 133.°.

São, em síntese, as seguintes as circunstâncias modificativas comuns a todos os crimes:

 agravante: reincidência (art. 76.º);


 atenuantes:
 previstas expressamente, ope judicis: comissão por omissão (art. 10.º, n.º 3), erro
censurável sobre a ilicitude (art. 17.º, n.º 2), excesso de legítima defesa (art. 33.º, n.º
1), estado de necessidade desculpante (art. 35.º, n.º 1) e jovem delinquente (art. 4.º
do DL n.º 401/82);
 previstas expressamente, ope legis: tentativa (art. 23.º, n.º 2), cumplicidade (art.
27.º, n.º 2) e consentimento do ofendido não conhecido (art. 38.º, n.º 4);
 não previstas expressamente, ope judicis: atenuação especial (art. 72.º). (Santos,
1997)

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3.2 Medida concreta da pena
Se for caso da dispensa de pena ou adiamento da sentença (art. 74.°) ou das medidas de correcção
ao jovem delinquente (art. 6.°, do D.L. n.° 401/82) poder-se-á ficar pela determinação da medida
legal ou abstracta da pena. Mas, não o sendo, haverá que concretizar ou individualizar a pena. Ou
seja, haverá que determinar a medida concreta da pena.

Um dos princípios basilares do Código Penal reside na compreensão de que toda a pena tem de ter
como suporte axiológico-normativo uma culpa concreta, 26 como desde logo o pronuncia o seu
art. 13.°, ao dispor que só é punível o facto praticado com dolo ou, nos casos especialmente
previstos na lei, com negligência.

Esse princípio da culpa significa não só que não há pena sem culpa, mas também que a culpa decide
da medida da pena, ou seja, a culpa não constitui apenas o pressuposto-fundamento da validade da
pena, mas a medida da culpa afirma-se também como limite máximo da mesma pena, o que como
se refere no Preâmbulo do Código de 1982 e que foi mantido na presente publicação é aceite mesmo
pelos autores que dão uma maior tónica à prevenção geral. Mas já não se verifica o mesmo acordo
quanto ao papel que cabe à culpa na determinação concreta da pena, apresentando-se três posições:

 teoria da pena exacta (Punkstrafe) - no acto de determinação da pena o juiz parte da pena
que, de acordo com o seu critério, corresponde à culpa (pena exacta), modificando-a depois
em função dos outros fins das penas, combinando diferentes possibilidades de
sancionamento, sem que possa ultrapassar o limite imposto pela culpa;
 teoria da margem de liberdade (Spielraumtheorie) - a pena concreta é fixada entre um
limite mínimo (já adequado à culpa) e um limite máximo (ainda adequado à culpa),
determinados em função da culpa, intervindo os outros fins das penas (as exigências da
prevenção geral e, sobretudo, da prevenção especial) dentro destes limites;
 teoria do valor de emprego ou dos graus (Stellenwerttheorie) - a culpa só é tomada em
conta no momento de determinação da duração da pena, e as razões de prevenção
(designadamente, especial) decidem, sem intervenção da culpa, da escolha do tipo da pena
(prisão, multa, suspensão da pena, regime de prova, admoestação) e só desta. (Santos,
1997)

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4. Formas de comparticipação criminosa
A comparticipação criminosa assenta na distinção fundamental entre autoria e participação.

As diversas figuras da autoria e da participação por referência à lei são as seguintes:

a) Autoria (art. 26º CP)


 Autoria singular;
 Autoria mediata;
 co-autoria.

Figuras que estão previstas no art. 26º CP.

b) Participação criminosa são formas de envolvimento menos grave, pressupõem sempre um


autor e são:
 A instigação corresponde, aquele que dá uma indicação, dá uma ordem a outrem para
que esse outrem cometa um facto ilícito;
 A cumplicidade é o acto de auxílio, de apoio a um facto praticado por outrem.

4.1 Autoria
A ideia básica que está subjacente a um conceito extensivo de autoria é a da equiparação causal
dos diversos contributos: quem é causa de um facto, ou quem se torna causal por um facto, é o
autor do mesmo. Este conceito extensivo pode ainda ser visto puramente como um conceito
extensivo ou, de uma forma mais radical, como um conceito unitário, isto é: há quem entenda que
se teria de partir de uma ideia de causalidade; e sempre que ela fosse essencial para o facto ter-se-
ia um autor.

Se porventura alguém fosse causal para o facto, mas o seu contributo não fosse essencial, já não se
teria autor. Esta posição distingue-se de uma outra, também de base casualista, que é mais radical,
que é esta: a partir do memento em que se identifica que alguém é causa, não há distinções a fazer,
todos são autores (trata-se por exemplo do sistema seguindo no direito austríaco).

O conceito extensivo parte de uma ideia de causalidade, mas há formas radicais de ler este conceito
extensivo:

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 Um conceito causal de autor pode ser unitário, e no conceito unitário quem der causa ao
homicídio é autor sempre, independente da distinção que se possa fazer quanto à
essencialidade da causa.
 Num conceito meramente extensivo parte-se duma ideia de causalidade, mas pode-se fazer
distinções consoante o contributo seja essencial ou não seja essencial. (Correia, 2021)

4.1.1 Modalidades de autoria


a) Autoria material

O autor do facto é aquele que tem o domínio da acção. Há um aspecto a referir: as figuras da
comparticipação criminosa são regras de imputação do facto a um certo sujeito. Enquanto a teoria
da imputação objectiva relaciona uma acção e um certo resultado, a teoria da comparticipação
criminosa (teoria do domínio do facto) relaciona um certo agente com uma acção.

Nos casos de autoria material o autor do facto ilícito é aquele que tiver materialmente o domínio
da acção típica. Mas estes casos não levantam particulares problemas, porque quem tem o domínio
do acção típica preenche desde logo o tipo da parte especial, em rigor seria desnecessária previsão
de uma situação de autoria material.

Corresponde à primeira proposição do art. 26º CP quando se diz que “é punível como autor quem
executa o facto por si mesmo”, deve entender-se esta expressão como aquele que no fundo detém
o domínio positivo da acção que integra o tipo de ilícito. (Correia, 2021)

b) Autoria mediata

O domínio do facto já se materializa de uma forma diferente vem prevista na segunda proposição
do art. 26º CP e traduz-se naquela situação em que alguém pratica o facto “por intermédio de
outrem”.

Na perspectiva de Roxin significa que a pessoa não tem materialmente o domínio da acção; mas
tem ainda perante o facto uma situação de poder que lhe permite conduzir a lesão para o bem
jurídico. (Correia, 2021)

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c) Co-autoria

Nestas situações tem-se uma repartição de funções em que existe, por parte de cada um dos co-
autores, um domínio funcional do facto, isto é, de acordo com o contributo que presta, o sujeito,
pelo papel que tem, pela função que desempenha dentro do plano, detém um domínio funcional do
facto.

A co-autoria está prevista na terceira proposição do art. 26º CP quando se diz “toma parte directa
na sua execução, por acordo ou juntamente com outro ou outros”.

Um dos elementos da co-autoria é um elemento de carácter misto, que é o acordo, ou seja, para
existir co-autoria é necessário que exista um acordo, este é uma concertação de vontades para a
prática do facto; pode ser uma decisão conjunta prévia, ou pode ser uma decisão no momento da
prática do facto.

Esta concertação de vontades existe na co-autoria e não existe na autoria mediata:

 Na autoria mediata existe uma vontade de dirigir o facto por parte do autor mediato, mas
não há concertação de vontades;
 Na co-autoria há esta concertação de vontades.

Portanto, é necessário um acordo, este pode ser:

 Prévio ao facto;
 Ou pode ocorrer no momento da prática do facto.

Pode ser por outro lado:

 Expresso;
 Tácito.

O que é necessário é que exista um acordo que se traduz nesta concertação de vontades para a
prática do facto. (Correia, 2021)

4.2 Formas de participação


As formas de participação são formas de envolvimento no facto em relação às quais não se
identifica no participante um momento de domínio, isto é, o participante é um sujeito que contribui
para um facto, mas não detém o domínio do facto, este domínio depende do autor.
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A participação caracteriza-se por o participante não ter o domínio do facto ilícito, apenas tem o
domínio do seu contributo.

As figuras da participação criminosa são:

 instigação;
 cumplicidade.

O instigador é aquele sujeito que de acordo com o art. 26º in fine CP determina outrem à prática
de um facto;

O cúmplice é o agente que presta auxílio material ou moral à prática do facto.

De acordo com o Código Penal é o princípio da acessoriedade limitada, ou seja, os participantes


são responsáveis não porque praticam um facto, mas porque prestam um contributo para o facto.
Esta acessoriedade é limitada neste sentido: para existir responsabilidade do participante é preciso
que o autor material pratique um facto com algumas características.

Em parte estão referidas no art. 26º CP: é necessário que haja execução do facto ou começo de
execução. Para além disso, a doutrina divide-se em saber que características devem ter esse facto:
se tem que ser um facto típico, se tem que ser típico e ilícito, se tem que ser típico, ilícito e culposo
ou se, de uma forma externa, terá que ser típico, ilícito, culposo e punível.

O Código Penal aponta para o princípio da acessoriedade limitada, isto é, o facto praticado pelo
autor material tem que ser típico e ilícito, e isto é suficiente para responsabilizar o participante.

Da conjugação de três elementos retira-se que o facto tem que ser típico e ilícito:

 Do conceito de execução: a responsabilidade dos participantes depende sempre de


execução por parte do autor;
 Da existência do art. 28º CP: demonstra que o grau de ilicitude se comunica entre
participantes;
 Do art. 29º CP: o que está para além da ilicitude, ou seja, a culpa e a punibilidade é
ponderado em termos pessoais.

Em matéria de comparticipação criminosa, quando existe uma causa de exclusão da ilicitude, ela
aproveita a todos.

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Quer da instigação, quer da cumplicidade, dependem sempre desta execução de um facto típico e
ilícito por parte de terceiro, por parte do autor. O que significa que no sistema português, não existe
punição da cumplicidade tentada e também não existe punição da instigação tentada. (Correia,
2021)

4.2.1 Teorias da participação


 Teoria da acessoriedade limitada (art. 28º CP)
 Teoria da acessoriedade mínima
 Teoria da acessoriedade extrema
 Teoria da hiperacessoriedade
 A participação em cadeia
 A participação sucessiva
 A participação menor importância
 Cooperação dolosamente distinta. (Sobrinho, 2013)

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5. Conclusão
Com término do trabalho, visto que a medida da pena, esteve sempre ligado à aplicação das penas
e à sua coerência e aos condicionamentos do julgador nessa aplicação, bem como os instrumentos
que pudessem contribuir para afastar a disparidade injustificada na aplicação das penas e o papel a
desempenhar pelo Ministério Público.

Com o que foi exposto é possível dizer que é de fundamental importância a distinção entre autoria
e participação. Tais figuras foram positivadas em 1984, quando da reforma do Código Penal,
visando imprimir maior racionalidade na análise das condutas criminosas.

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6. Referências bibliográficas
Correia, P. E. (24 de Abril de 2021). octalberto. Obtido de
https://octalberto.wixsite.com/octalberto/blank-87

Santos, M. S. ( 1997). MEDIDA CONCRETA DA PENA (NO SUPREMO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA). Lisboa.

Sobrinho, E. G. (1 de Outubro de 2013). ambitojuridico. Obtido de


https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/autoria-e-participacao-no-direito-
penal-brasileiro/

LAKATOS, Eva Maria. MARCONI Maria de Andrade, Metodologia do Trabalho Científico.

4Ed,São Paulo. 1992.

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