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DIREITO 4º PERÍODO
DISCENTE
ARTUR FERREIRA DA PAZ
INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………01
Conceito e características………………………………………………………………………….01
Regras para a substituição das penas privativas de liberdade por restritivas de direitos…..04
Prestação pecuniária……………………………………………………………………………….04
Conclusão……………………………………………………………………………………………07
Referências bibliográficas…………………………………………………………………………08
Introdução:
Temos como penas restritivas de direito, as prerrogativas outorgadas pelo sistema judicial,
com o objetivo de ressocializar e reintegrar o infrator na sociedade. Tais prerrogativas
possuem um papel fundamental de auxiliar na manutenção e boa aplicação das leis e regras
sociais. Aperfeiçoam ainda o senso de empatia e analisam aplicadamente todas as
características interligadas ao “iter criminis”, onde detalhes como: o tipo de crime, réu
reincidente em crime doloso, antecedentes, culpabilidade e circunstâncias relacionadas à vida
do indivíduo, contam bastante na decisão final.
Conceito e características:
As penas restritivas de direito são nada mais que medidas punitivas aplicadas pelo sistema
judicial que não afetam a liberdade do condenado, afetando assim, demais esferas de direitos,
promovendo a ressocialização e reinserção do indivíduo na sociedade, resguardando o bem
jurídico afetado e compensando o dano causado. Tais penas são aplicadas à condenados por
crimes “leves”, e podem incluir prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de
serviços à comunidade ou à entidades públicas, interdição temporária de direitos e/ou
limitação de fim de semana. Essas medidas têm como um dos principais objetivos, buscar
evitar o encarceramento desnecessário, uma vez que o sistema carcerário brasileiro
encontra-se em estado de superlotação e desordem.
As principais características ligadas à essas penas são: a substituição da prisão, uma vez
que o condenado pagará pelo delito de forma contrária à restrição de liberdade.
Ressocialização, onde o objetivo é de analisar o caso e reparar a “ferida social” ligada ao
cometimento da ação e inserir o indivíduo nas atividades sociais novamente. Diversidade na
escolha do cumprimento da pena, como dito acima, existem uma gama de alternativas para o
condenado pagar por seu delito, como por exemplo a prestação de serviços à comunidade ou
a limitação de fim de semana, que é uma forma em que o mesmo deve cumprir sua pena
geralmente aos finais de semana, em regime de prisão domiciliar. Pode-se citar também, as
obrigações que o infrator pode estar sujeito à realizar, como programas de reeducação, pagar
quantias em dinheiro, entre outras, tudo isso ligado à acompanhamentos judiciais, prestando
contas de seu progresso e obrigações.
Um dos maiores benefícios ligados à estas penas é a redução de gastos por parte do Estado
para manter o sistema prisional, uma vez que tais penas alternativas geralmente não
necessitam de uma preocupação dispendiosa quanto no encarceramento, gerando assim uma
flexibilização e maior facilidade no sistema carcerário.
Os requisitos objetivos são nada mais do que aqueles possíveis de se analisar de prontidão,
como a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos e crime não cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou crime culposo em qualquer circunstância. Outro
requisito é a ausência de reincidência por parte do réu em crime doloso, tendo em vista que,
caso contrário, o mesmo não poderá se privilegiar de tais prerrogativas. É necessário também,
que as penas restritivas sejam proporcionais ao delito, analisando acuradamente todos os
detalhes subjetivos e objetivos ocorridos e suas circunstâncias.
Como parte essencial dos requisitos subjetivos das penas restritivas de direito, temos a
viabilidade da aplicação, onde é necessário analisar se estas são penas capazes do condenado
executá-las e cabíveis. Pode-se contar também com o fator das circunstâncias financeiras do
réu, tendo em vista que se estabelecida uma pena assim, a mesma deve ser proporcional e se
adequar às condições financeiras do indivíduo. O tribunal irá avaliar também a capacidade
física e mental do réu, para que seja revista a condição do mesmo de cumprir a espécie
determinada de pena. Fatores como disposição e cooperação do réu necessitam de ser
analisados para ter a certeza de que o mesmo estará disposto a cumprir tudo que lhe for
pedido e ao mesmo tempo participar de ações que facilitariam essa ressocialização. Por fim,
são averiguadas as questões éticas e morais, como a idoneidade, se é conveniente para este
condenado específico receber uma pena restritiva, ou se o mesmo possui características que
indicam uma possível reincidência futura, levando o tribunal a repensar a possibilidade de
uma pena restritiva de direitos.
Segundo a lei nº 8072/90, os crimes hediondos são delitos cometidos com certa gravidade,
onde suas vítimas acabam por sofrer consequências graves, gerando assim, em sua grande
maioria, repulsa e comoção da sociedade, como por exemplo o estupro, latrocínio, homícidio
qualificado, etc. Em se tratando das penas restritivas de direito, a lei prevê que os crimes
hediondos devem ser cumpridos inicialmente em regime fechado, estabelecendo penas mais
severas e, nestes estes casos, sendo mais rigorosa nas questões da progressão, portanto, as
penas restritivas de direito podem estar limitadas ou totalmente impossibilitada de sua
aplicação.
Segundo o artigo 1º da lei nº 11340/2006: “Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da
Constituição Federal,da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência
contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do
Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência
doméstica e familiar.”
Temos que, delitos cometidos na previsão desta lei, ainda podem ser acobertados pelas
penas restritivas de direito como uma alternativa extra à pena aplicada, como o afastamento
do agressor em relação à vítima, ligado à uma limitação de fim de semana, que é uma
alternativa das PRD 's. Contudo, tal alternativa estará totalmente sempre sujeita à análise,
cabendo ao juiz decidir o que tais circunstâncias necessitam, seja uma pena mais severa ou se
há a possibilidade de uma flexibilização no cumprimento da mesma.
Regras para a substituição das penas privativas de liberdade por restritivas de direitos:
Neste contexto, sob um olhar geral, temos que inicialmente, a regra primordial é que a
pena seja abaixo de 4 anos, onde o crime não seja cometido com violência ou grave ameaça.
O condenado deverá preencher todos os requisitos, tanto objetivos quanto subjetivos, como a
questão da reincidência, antecedentes, se apresenta ou não indícios de um possível não
cumprimento das obrigações impostas pelo juiz, etc. Outro critério que não se deve
desconsiderar é a proporcionalidade, uma vez que a pena privativa de liberdade deve ser
substituída por pena restritiva de direito de uma maneira proporcional ao delito, onde as
circunstâncias e todo o contexto deve ser rigorosamente analisado.
Prestação Pecuniária:
Está previsto no artigo 43 do Código Penal, a prestação pecuniária como primeira forma de
atuação das penas restritivas de direito. De acordo com o artigo 45:
“ § 1º - A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada
pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta)
salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação
de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.”
Este pagamento consiste em uma forma de obrigação onde o condenado pagará por seu
delito em forma de multa, indenização ou compensação financeira, podendo ser destinada à
vítimas, entidades públicas ou projetos sociais. Temos que esta prestação pecuniária é uma
espécie de reparação do prejuízo causado à vítima, levando em conta a análise das condições
financeiras do condenado, se o mesmo possui capacidade de cumprir tal obrigação que lhe for
imposta e o teto não sendo inferior a 1 (um) salário mínimo e nem superior a 360 (trezentos e
sessenta) salários mínimos.
Temos que, neste tipo de condenação, a mesma poderá ser substituída somente em casos
em que a pena privativa de liberdade for maior que 6 (seis) meses, sendo imposto ao
condenado a obrigação de trabalhar gratuitamente sendo prestadas em entidades assistenciais,
escolas, orfanatos, em programas comunitários, etc. Deve-se observar também as aptidões
físicas e mentais do infrator, não ultrapassando e nem reduzindo limites em que o mesmo
apresente conseguir exercer ou não. As aptidões profissionais têm papel fundamental na
decisão do juiz, uma vez que essas habilidades podem ser utilizadas para a execução de
trabalhos específicos na área em que o condenado possuir domínio, como por exemplo um
construtor em uma reforma de alguma entidade.
Este tipo de pena também deve levar em consideração os horários do condenado, não
podendo a pena prejudicar suas demais atividades diárias, como horário de trabalho e
obrigações familiares, sendo atribuído 1 (uma) hora de prestação de serviços à comunidade
para cada 1 (um) dia de condenação, logo, se na sentença o réu estiver condenado a cumprir
um ano de pena, o mesmo deverá cumprir 365 (trezentos e sessenta e cinco) horas de
serviços.
É importante ressaltar também, que nos casos de penas superiores a 1 (um) ano, o
condenado tem a possibilidade de escolher trabalhar mais tempo para diminuir a condenação
mais rapidamente, desde que nesse meio tempo seja cumprido no mínimo a metade do tempo
total da condenação, logo, se o réu foi condenado à 2 (dois) anos, ele poderá trabalhar mais
horas por dia desde que essas horas extras não ultrapasse 1 (um) ano do cumprimento final.
Conclusão:
Contudo, concluímos que as penas restritivas de direito são medidas totalmente essenciais
ao bom funcionamento e aplicação das necessidades impostas à “pequenos” infratores, onde
não haveria a necessidade de uma pena privativa de liberdade, tendo em vista que atingir a
liberdade de um indivíduo é uma restrição mais severa e poderia ser, muitas vezes,
desproporcional ao delito cometido, uma vez que aplicar uma pena de regime fechado em um
crime de fraude em concurso público não seria condizente com a gravidade do delito. A ideia
da ressocialização, da reintegração e da reabilitação do indivíduo na sociedade se torna uma
excelente proposta, tendo em vista que todos os meios e circunstâncias da vida do infrator
que poderiam “ajudar” o mesmo a cometer tal delito, não devem ser descartadas, como por
exemplo o ambiente familiar, o trabalho, seu valores, etc.
Portanto, como nem tudo pode ter 100% de acerto, as penas restritivas de direito ainda
necessitam de certas modificações, apesar de serem muito boas para tais objetivos citados
acima, muitas das vezes, os indivíduos ainda acabam voltando a cometer crimes ou até
mesmo burlando as penas, como ocorre muitas vezes em casos das casas de albergado. Por
fim, podemos concluir que as PRD’s desempenham importante função no direito e na
sociedade brasileira, organizando e administrando de maneira mais adequada o direito penal
e, acima de tudo, auxiliando na reeducação e reestruturação social de uma parte da população
que se via distante ou dispersa de certos postos em nosso país.
Referências bibliográficas:
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral, - 17 ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003817/artigo-311a-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-
dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/secao/art-43-penas-restritivas-de-direitos-codigo-penal
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