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Pena para o direito penal é a sanção imposta pelo Estado ao autor da infração penal,
tendo como obje vo principal a retribuição e a prevenção do delito. A pena é uma das
principais consequências jurídicas do come mento de um crime e deve ser
proporcional à gravidade do delito, levando em conta as circunstâncias em que o crime
foi come do e as condições pessoais do infrator. A pena só pode ser aplicada quando o
autor do delito ver capacidade de entender a ilicitude de sua conduta e de agir de
acordo com esse entendimento. Além disso, é necessário que haja dolo (vontade) ou
culpa (negligência ou imprudência) na conduta do agente.
3. As espécies de pena restri vas de direito no Brasil são: prestação pecuniária, perda de
bens ou valores, prestação de serviço à comunidade ou a en dades públicas,
interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana. As penas restri vas de
direito são sanções penais que subs tuem a pena priva va de liberdade quando
preenchidos certos requisitos, como a não reincidência em crime doloso, a ausência de
violência ou grave ameaça e a pena priva va de liberdade não superior a quatro anos.
As penas restri vas de direito têm por caracterís cas serem autônomas,
personalíssimas, proporcionais e subs tu vas.
4. A dosimetria da pena de multa no direito penal é feita por meio do critério do dia-
multa, que consiste em mul plicar o número de dias-multa pelo valor de cada dia-
multa. O número de dias-multa varia de 10 a 360, conforme as circunstâncias judiciais,
agravantes, atenuantes, majorantes e minorantes, guardando proporcionalidade com a
pena priva va de liberdade aplicada ou aplicável. O valor de cada dia-multa varia de
1/30 até 5 vezes o maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, podendo ser
aumentado até o triplo se o juiz considerar que é ineficaz em virtude da situação
econômica do réu. Na fixação da pena de multa, o juiz deve atender, principalmente, à
situação econômica do réu.
8. O juiz leva em conta os seguintes fatores para fixar o regime inicial da pena priva va de
liberdade: a quan dade da pena aplicada, a reincidência do condenado e as
circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal. Além disso, o juiz deve observar as
regras legais que determinam o regime inicial conforme o po de pena (reclusão ou
detenção), a gravidade do crime (comum ou hediondo) e a situação do condenado
(primário ou reincidente). Segundo o art. 33 do Código Penal, as regras são as
seguintes:
Art. 44. As penas restri vas de direitos são autônomas e subs tuem as priva vas de
liberdade, quando:
I - aplicada pena priva va de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
come do com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo;
As penas alterna vas são as penas restri vas de direitos, que podem ser: prestação
pecuniária, perda de bens ou valores, prestação de serviço à comunidade ou a
en dades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana.
Essas penas estão previstas nos arts. 43 a 48 do Código Penal.
10. Em regra, o reincidente em crime doloso não pode ter a pena priva va de liberdade
subs tuída por penas alterna vas, pois esse é um dos requisitos do art. 44, II, do
Código Penal. No entanto, existe uma exceção prevista no §3º do mesmo ar go, que
permite ao juiz aplicar a subs tuição se, em face da condenação anterior, a medida for
socialmente recomendável e a reincidência não se ver operado em virtude da prá ca
do mesmo crime. Ou seja, se o juiz entender que a subs tuição é mais adequada para
a ressocialização do condenado e que ele não reincidiu na mesma espécie de crime,
ele poderá conceder a subs tuição. Por exemplo, se um indivíduo foi condenado
anteriormente por furto e agora foi condenado por lesão corporal leve, o juiz poderá
subs tuir a pena priva va de liberdade por uma pena restri va de direitos, desde que
atendidos os demais requisitos do art. 44.
§ 2º - Na condenação igual ou inferior a um ano, a subs tuição pode ser feita por
multa ou por uma pena restri va de direitos; se superior a um ano, a pena priva va de
liberdade pode ser subs tuída por uma pena restri va de direitos e multa ou por duas
restri vas de direitos. Poderá ser também suspensa, por dois a quatro anos, se o
condenado for maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde jus ficarem a
suspensão.
O período de prova do sursis humanitário deve ser fixado entre quatro e seis anos, se a
pena for superior a dois anos e inferior a quatro anos, e entre dois e quatro anos, se a
pena for igual ou inferior a dois anos. Durante esse período, o condenado deve cumprir
as condições impostas pelo juiz, que podem ser: não mudar de residência sem
autorização judicial; comparecer periodicamente em juízo; prestar serviços à
comunidade; não frequentar determinados lugares; não se ausentar da comarca sem
autorização judicial; não portar armas; não ingerir bebidas alcoólicas; submeter-se a
tratamento médico. Essas condições estão previstas nos arts. 77 e 78 do Código Penal.
12. Reincidência e maus antecedentes não são a mesma coisa, mas estão relacionados
entre si. A reincidência é uma circunstância agravante que consiste em cometer novo
crime depois de transitar em julgado a sentença que condenou o agente por crime
anterior. A reincidência é analisada na segunda fase da dosimetria da pena e tem como
efeito aumentar a pena dentro dos limites legais do po penal. A reincidência está
prevista no art. 61, I, do Código Penal, que dispõe:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não cons tuem ou
qualificam o crime:
I - a reincidência;
Os maus antecedentes são uma circunstância judicial que consiste em ter o agente
condenações criminais transitadas em julgado por fatos anteriores ao crime atual. Os
maus antecedentes são analisados na primeira fase da dosimetria da pena e têm como
efeito aumentar a pena-base acima do mínimo legal. Os maus antecedentes estão
previstos no art. 59 do Código Penal, que dispõe:
Os maus antecedentes, por outro lado, não têm prazo para deixar de ser considerados.
Mesmo após cinco anos da condenação anterior, o agente permanece com maus
antecedentes e pode ter sua pena-base aumentada em razão disso. No entanto, uma
mesma condenação não pode ser usada para caracterizar tanto a reincidência quanto
os maus antecedentes, pois isso configuraria bis in idem (dupla punição pelo mesmo
fato). Nesse sen do, há a Súmula 241 do STJ, que dispõe:
Súmula 241 - A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
13. Tecnicamente primário no direito penal é o agente que não é reincidente em crime
doloso, mas possui maus antecedentes. Ou seja, é aquele que tem condenações
criminais transitadas em julgado por fatos anteriores ao crime atual, mas que não se
enquadram no conceito de reincidência por terem decorrido mais de cinco anos entre
o cumprimento ou ex nção da pena anterior e o novo crime. O tecnicamente primário
se diferencia do estritamente primário, que é aquele que não tem nenhuma
condenação criminal transitada em julgado por fato anterior ao crime atual, e do
reincidente, que é aquele que comete novo crime depois de transitar em julgado a
sentença que o condenou por crime anterior.
Isso significa que, se houver mais de uma circunstância agravante ou atenuante, o juiz
deve verificar qual delas tem maior relevância para o caso concreto e aplicar a pena de
acordo com essa circunstância. Por exemplo, se o agente cometeu um crime por
mo vo fú l (agravante) e confessou espontaneamente (atenuante), o juiz deve analisar
qual desses elementos tem mais peso na conduta criminosa e fixar a pena mais
próxima do mínimo ou do máximo legal, conforme o caso.