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Portanto, o livramento não deve ser confundido com progressão de regime (ideia de
progressão para preparar o sujeito para liberdade, para o convívio social). A ideia do
livramento não é essa, uma vez que na progressão todos os regimes serão cumpridos em
estabelecimento prisional. Quando se fala em livramento, rompe-se o vínculo com o sistema
prisional, antecipando a liberdade.
Esse instituto tem natureza jurídica de direito público subjetivo do condenado. Uma vez
satisfeitos e reconhecidos os requisitos legais, não pode o juiz negar o benefício.
Requisitos Objetivos
Natureza e quantidade da pena imposta: somente pode ser concedido às penas privativas de
liberdade, sendo indiferente à qualidade da pena (reclusão, detenção ou prisão simples) ou o
regime de cumprimento (aberto, semiaberto ou fechado), desde que a pena seja superior a
dois anos.
Para atingir esse limite mínimo é lícita a soma das penas, mesmo que tenham sido aplicadas
em processos distintos (artigo 84, CP).
Em segundo lugar, a ausência de bons antecedentes no inciso I, faz com que o condenado vá
para a hipótese do inciso II, segundo jurisprudência majoritária.
Por fim, cabe discutir qual seria a reincidência específica a que o legislador está se referindo:
Requisitos Subjetivos
Bons antecedentes: conforme dito, para que o indivíduo possa receber o livramento após o
cumprimento de 1/3 da pena, deve estar presente esse requisito. Uma vez ausente, incide no
inciso II.
Aptidão para prover a própria subsistência com trabalho honesto: a lei não exige que tenha
emprego assegurado no momento da liberação, apenas que tenha condição potencial de, em
prazo razoável, viver às custas de seu próprio e honesto esforço.
Só se concede o livramento depois que o condenado cumpre parte da pena. Nesse sentido,
toda vez que estivermos diante de várias penas, somam-se todas para cálculos de benefícios,
mas para cada pena, observa-se sua fração (percentual) respectiva.
Sendo assim, no exemplo, precisaria 12 anos e 6 meses de pena cumprida para receber o
livramento, que é concedido de uma única vez.
Se o condenado for mudar para a localidade dentro da mesma comarca, não será necessária a
autorização, apenas deve comunicar o novo endereço.
Período de prova
Corresponde ao tempo que resta de pena privativa de liberdade. Devemos ficar atentos com o
limite das penas.
Revogação do livramento
De acordo com o art. 140 da LEP, a revogação do livramento condicional dar-se-á nas
hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do CP.
→Revogação Obrigatória
Art. 86. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecorrível:
Após a concessão do benefício, o sentenciado não praticou nenhum ato que o tornasse indigno
deste.
Exemplo: Supondo esse mesmo condenado a pena de 24 anos que recebeu LC no ano 16.
Supondo que o fato por ele cometido seja um furto e a pena seja de 6 anos. Como é
reincidente, precisa de + de ½ da pena para receber a benesse.
O inciso II é de revogação obrigatória, mas antes se deve observar o art. 84. Com base na conta
realizada, observa se revoga ou não.
De forma simplificada:
Inciso I: sempre volta para o sistema penitenciário
Inciso II: observa-se primeiro o artigo 84, depois verifica-se se volta ou não ao sistema
penitenciário.
→Revogação facultativa
Art. 87. O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer
das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou
contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
Para essa hipótese, é indiferente que a prática seja de crime ou contravenção, antes ou
durante a vigência do benefício, desde que a condenação por crime não seja a pena privativa
de liberdade, lembrando que a condenação por contravenção a pena privativa é causa
facultativa de revogação.
Presentes uma das causas facultativas de revogação poderá o juiz, em vez de revogar, advertir
o liberado ou agravar as condições, consoante o art. 140 da LEP.
Efeitos da Revogação
Art. 88. Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta
na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
Esse artigo é de redação completamente truncada e o que se propõe é que seja substituído
pelos artigos 141 e 142 da LEP (Lei 7210/84).
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento,
computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida,
para a concessão de novo livramento, a somado tempo das duas penas.
É a melhor hipótese para o réu, tratando-se do art. 86, II. Irá computar o período de prova
cumprido e poderá receber novo livramento.
Antes de revogar, deve-se observar a soma das penas dos crimes. Se já for possível a
concessão do livramento, este nem deve ser revogado, apenas estendendo o período de prova
até o restante da soma das penas.
Exemplo: Condenado a 24 anos por crime hediondo que recebeu livramento condicional no
ano 16. No ano 22, recebeu nova condenação por fato anterior à vigência do benefício de 14
anos por homicídio simples. Observa-se:
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o
tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação
à mesma pena, novo livramento.
É a hipótese mais gravosa ao liberado, uma vez que demonstrou não estar preparado para o
retorno antecipado ao convívio social. Ocorrendo a revogação, o período de prova cumprido
não será computado como pena cumprida, devendo o condenado cumprir o restante da pena,
sem direito ao benefício para a mesma pena. Todavia, em relação à nova condenação, poderá
o condenado receber o benefício, logicamente, se presentes os demais requisitos.
De forma simplificada, pense em voltar e cumprir a primeira pena toda e depois a segunda
condenação como nova execução, porque não haverá novo livramento em relação à primeira,
somente em relação à segunda.
Atenção: Se, neste caso, a primeira condenação fosse crime hediondo e a segunda também,
seria reincidente específico, não podendo receber novo livramento para a primeira (porque
revogado) e nem para a segunda (reincidente específico).
Extinção
Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em
julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime
cometido na vigência do livramento.
Esse artigo é impropriamente chamado de prorrogação. Supondo que não saia a sentença do
fato 2, é preciso esperá-la para saber se benefício teria sido revogado ou não. Se condenado,
cai na pior hipótese do art. 86, revoga livramento e não conta período de prova. Mas o que
fazer durante o tempo do “término” do período de prova até o ano da condenação?
“Prorroga” o período de prova, mas não as condições. Não é prorrogação porque não teria
praticado uma infração nesse período. Simplesmente o juiz não pode declarar extinta a pena.
Cabe ainda ressaltar que a Lei 13.964/19 modificou o artigo 112, inciso VI, alínea a, e
inciso VIII, da Lei de Execução Penal, passou a vedar o livramento condicional para os
condenados por crime hediondo ou equiparado, com resultado morte. E artigo 2º, § 9º, da
Lei 12.850/2013, passou a vedar o livramento condicional para o condenado que integra
organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa, se houver
elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo.