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PENAS

RESTRITIVAS DE
DIREITOS E MULTA

PROFESSORA: ALETEIA ALVES


QUESTÃO – APLICAÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE
 Caio, Mário e João são denunciados pela prática de um mesmo crime de estupro (Art.
213 do CP). Caio possuía uma condenação anterior definitiva pela prática de crime
de deserção, delito militar próprio, ao cumprimento de pena privativa de liberdade. Já
Mário possuía uma condenação anterior, com trânsito em julgado, pela prática de crime
comum, com aplicação exclusiva de pena de multa. Por fim, João possuía condenação
definitiva pela prática de contravenção penal à pena privativa de liberdade. No momento
da sentença, o juiz reconhece agravante da reincidência em relação aos
três denunciados. Considerando apenas as informações narradas, de acordo com o
Código Penal, o advogado dos réus
A) não poderá buscar o afastamento da agravante, já que todos são reincidentes.
B) poderá buscar o afastamento da agravante em relação a Mário, já que somente Caio e João são
reincidentes.
C) poderá buscar o afastamento da agravante em relação a João, já que somente Caio e Mário são
reincidentes.
D) poderá buscar o afastamento da agravante em relação a Caio e João, já que somente Mário é
reincidente.
 CONCEITO: SÃO TAMBÉM CHAMADAS
“PENAS ALTERNATIVAS”, POIS BUSCAM
EVITAR UMA DESNECESSÁRIA
PENAS IMPOSIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE
RESTRITIVAS LIBERDADE NAS SITUAÇÕES
DE DIREITO EXPRESSAMENTE INDICADAS EM LEI,
RELATIVAS A INDIVÍDUOS DOTADOS
DE CONDIÇÕES PESSOAIS
FAVORÁVEIS E ENVOLVIDOS NA
PRÁTICA DE INFRAÇÕES PENAIS DE
REDUZIDA GRAVIDADE. (MASSON,
2020, p. 618).
ESPÉCIES DE PENAS
RESTRITIVAS DE DIREITOS
 Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III – (VETADO)
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.

OBS: ESSE ROL É EXAUSTIVO. MAGISTRADO NÃO PODERÁ CRIAR OUTRA


ESPÉCIE DE PENA RESTRITIVA DE DIREITOS.
NATUREZA JURÍDICA

SÃO PENAS:

SUBSTITUTIVAS: Resultam em procedimento judicial que, após aplicação da


pena privativa de liberdade, efetua a substituição da pena por uma ou mais
penas restritivas de direitos, desde que presente os requisitos legais.

AUTÔNOMAS: Porque não podem ser cumuladas com a pena privativa de


liberdade. O magistrado aplica a pena privativa de liberdade e, se possível,
depois a substitui por uma restritiva de direitos. É vedado somá-las.

EXCEÇÃO: CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. LEI 9.503/1997.


REQUISITOS OBJETIVOS E
SUBJETIVOS
 Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem
as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o
crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou,
qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias
indicarem que essa substituição seja suficiente.
Quanto à natureza do crime:
• Em se tratando de crime doloso, deve ser
cometido SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA À PESSOA.
• Infrações Penais de Menor Potencial
REQUISITOS Ofensivo – quando praticadas com emprego
de violência, ex: lesão leve, PREVALECE O
OBJETIVOS ENTENDIMENTO DE QUE PODERÁ SER
APLICADA A PENA RESTRITIVA DE DIREITOS,
substituindo a pena privativa de liberdade.
• CRIMES CULPOSOS – É POSSÍVEL A
SUSBTITUIÇÃO EM TODOS OS CRIMES
CULPOSOS. Ex: Art. 121, parag. 3º, CP.
REQUISITOS OBJETIVOS
➢ Quanto à quantidade da pena aplicada:
1) Nos crimes dolosos, desde que não tenha sido praticado
com o emprego de violência ou grave ameaça – O LIMITE
É DE 4 ANOS. (Art. 44, I, CP).
2) Nos concursos de crimes, tanto o somatório das penas
(cúmulo material) o percentual acrescentado ao crime de
maior gravidade (exasperação) – não podem ultrapassar 4
anos.
3) CRIMES CULPOSOS – É possível a substituição,
independente da quantidade de pena privativa de
liberdade.
REQUISITOS SUBJETIVOS
 REGRA GERAL: Não ser reincidente em crime doloso (Art. 44, II,
CP);
 EXCEÇÃO: Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar
a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a
medida seja socialmente recomendável e a reincidência não
tenha ocorrido com a prática de um mesmo crime.

MEDIDA SOCIALMENTE NÃO SE TRATAR DE REINCIDENTE


RECOMENDÁVEL ESPECÍFICO
 PRINCÍPIO DA SUFICIÊNCIA: A pena
restritiva de direitos precisa ser
adequada e suficiente para atingir as
finalidades da pena. Tanto a retribuição
do mal praticado pelo crime como a
prevenção de novos crimes devem ser
REQUISITOS alcançadas pela pena restritiva de
SUBJETIVOS direitos.

 Art. 44. III, CP – a culpabilidade, os


antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como
os motivos e as circunstâncias indicarem
que essa substituição seja suficiente.
EXCEÇÃO
 TRÁFICO DE DROGAS – EM GERAL, REGIME FECHADO, MAS O
PARÁGRAFO 4º, DO ART. 33, DA Lei 11.343/2006, para o STF admite a
substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
fundamenta-se no princípio da individualização da pena.
 Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:
 Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
 § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão
ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de
bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre
organização criminosa.
MOMENTO DA SUBSTITUIÇÃO

OCORRE NA SENTENÇA CONDENATÓRIA

1º Utiliza o critério trifásico

2º Define o regime inicial

3º Decide sobre o cabimento de pena restritiva de


direitos;
REGRAS DA SUBSTITUIÇÃO
 Art. 44, § 2o, CP: Na condenação igual ou inferior a um ano, a
substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos;
se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de
direitos.

 OBS: O artigo acima fala em substituição por pena de multa ou por


pena restritiva de direitos.

 Art. 60, § 2o, CP: § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior
a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os
critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
Analisando o art. 44, §2º e 60 § 2º, ambos do CP, é
possível a substituição de pena privativa de
liberdade por pena de multa?

 PREVALECE O ENTENDIMENTO: É POSSÍVEL A


SUBSTITUIÇÃO, POIS DEVE SER APLICADO O
ARTIGO MAIS FAVORÁVEL AO RÉU, O QUAL TAMBÉM
É O MAIS RECENTE. (MAJORITÁRIA).

 NÃO SERIA POSSÍVEL A SUBSTITUIÇÃO PORQUE OS


DOIS ARTIGOS DEVERIAM SER INTERPRETADOS EM
CONJUNTO. (MINORITÁRIA).
REGRAS DA SUBSTITUIÇÃO
 CONDENAÇÃO SUPERIOR A 1 (UM) ANO:

1) A pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma


pena restritiva de direitos E uma pena de multa;

2) Nesses casos, a pena privativa de liberdade também


poderá ser substituída por duas penas restritivas de direitos,
onde o condenado cumprirá simultaneamente as que forem
compatíveis entre si, e sucessivamente as demais.
RECONVERSÃO OBRIGATÓRIA DA PENA
RESTRITIVA DE DIREITOS EM PRIVATIVA DE
LIBERDADE
 Converteu-se a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos.
Com um descumprimento injustificado da restrição imposta,
RECONVERTE-SE novamente a pena restritiva de direitos em
privativa de liberdade. Ex: Prestação de serviços à comunidade –
deixou de prestar antes do tempo estipulado.

 Art. 44, § 4o, CP: A pena restritiva de direitos converte-se em


privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado
da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de
direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou
reclusão.
RECONVERSÃO FACULTATIVA
 Art. 44, § 5o, CP - Sobrevindo condenação a pena privativa de
liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá
sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível
ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
 Condenação superveniente a pena privativa de liberdade pela
prática de outro crime não impõe a reconversão da pena
privativa de direitos.
 Não é porque foi condenado por outro crime que haverá
reconversão daquele que já houve a substituição por restritiva
de direitos.
GENÉRICAS OU GERAIS: São as que substituem as
penas privativas de liberdade em qualquer crime,
desde que presentes os requisitos legais. Ex:
Prestação pecuniária, perda de bens e valores,
prestação de serviços à comunidade ou entidades
públicas, proibição de frequentar determinados
PENAS lugares e limitação de final de semana.
RESTRITIVAS
DE DIREITOS ESPECÍFICAS OU ESPECIAIS: São aquelas que
EM ESPÉCIE substituem as penas privativas de liberdade
aplicadas como decorrência da práticas de
crimes determinados. Ex: Interdições
temporárias, salvo proibição de frequentar
determinados lugares, e proibição de inscrever-
se em concurso, avaliação ou exames públicos.
CONVERSÃO DAS PENAS
RESTRITIVAS DE DIREITOS
 Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na
forma deste e dos arts. 46, 47 e 48.
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância
fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e
sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual
condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação
pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a
legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como
teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo
agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime.
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
➢ Definição – art. 45, § 1o , CP;
➢ Tem caráter unilateral, impositivo e cogente;
➢ Não pode ser inferior a 1 nem superior a 360 salários mínimos;
➢ O Código Penal impõe que o pagamento seja feito em dinheiro,
mas, se o beneficiário concordar, a prestação pecuniária poderá
ser de outra natureza, como obras de arte, imóveis, automóveis,
jóias.
➢ Ex: Pedreiro que cometeu crime poderá pagar com serviços até
atingir o montante da prestação pecuniária.
➢ Caso não pague, a pena será reconvertida.
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA X MULTA
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA MULTA
PENA RESTRITIVA DE DIREITOS PENA PECUNIÁRIA PROPRIAMENTE
DITA

DESTINADA À VÍTIMA, DEPENDENTES, DESTINADA AO FUNDO


OU ENTIDADE PÚBLICA OU PRIVADA PENITENCIÁRIO
COM DESTINAÇÃO SOCIAL
1 A 360 SALÁRIOS MÍNIMOS CALCULA-SE ENTRE 10 E 360 DIAS-
MULTA (CADA UM VALE 1/30 DO
SALÁRIO MÍNIMO ATÉ 5 SALÁRIOS
MÍNIMOS.
VALOR PAGO SERÁ DEDUZIDO DE NÃO OCORRE COM A PENA DE MULTA
EVENTUAL CONDENAÇÃO EM AÇÃO
DE REPARAÇÃO CIVIL
Consiste na retirada de bens e valores integrantes do patrimônio
lícito do condenado, transferindo-os ao Fundo Penitenciário Nacional.

Pena exclusivamente para crimes. Leva em conta a vantagem

PERDA DE
auferida pelo condenado ou terceiro, decorrente do crime.

BENS E
Não pode ser aplicada a contravenções penais.

VALORES Perda de bens e valores não poderá passar da pessoa do condenado.

Limite máximo: o prejuízo causado pelo crime ou proveito obtido por


agente ou por terceiro em consequência da prática do crime.

Proveito engloba o bem (Ex: relógio furtado, jóia produzida com


derretimento do relógio ou bicicleta comprada com valor do relógio).

Confisco é diferente – recai sobre instrumentos ou produtos do crime


– CUNHO ILÍCITO.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À
COMUNIDADE
 Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. (Redação dada pela
Lei nº 9.714, de 1998)
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição
de tarefas gratuitas ao condenado.
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais,
escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou
estatais.
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do
condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação,
fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a
pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À
COMUNIDADE
 Consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado, a ser realizada em entidades
assistenciais, como: hospitais, orfanatos, escolas, outros;
 Aplicável somente aos casos de condenações superiores a 6 meses de privação de
liberdade;
 Possui um caráter de privação de liberdade, pois o condenado terá que ficar confinado
prestando serviços à comunidade, mas não é retirado do convívio social;
 1 (uma) hora de tarefa por dia de condenação – de modo que não atrapalhe a jornada
normal de trabalho. (hora-tarefa);
 Se a pena substituída for de 1 ano, é facultado ao condenado cumpri-la em menos
tempo, que não poderá ser inferior a 6 meses;
 Entidade beneficiada encaminhará mensalmente ao juiz da execução relatório
circunstanciado das atividades do condenado.
INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE
DIREITOS – Art. 47, CP
Proibição do exercício
de profissão,
Proibição de exercício
atividade ou ofício Suspensão de
de cargo, função ou
que dependam de autorização ou
atividade pública,
habilitação especial, habilitação para
bem como de
de licença ou dirigir veículo;
mandado eletivo;
autorização do poder
público;

Proibição de
Proibição de
inscrever-se em
frequentar
concurso, avaliação
determinados lugares;
ou exames públicos.
LIMITAÇÃO DE FINAL DE
SEMANA
 Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação
de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas
diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento
adequado.
 Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser
ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas
atividades educativas.
 OBS: Na falta do referido estabelecimento, o indivíduo não
poderá ser submetido ao cumprimento da reprimenda em
presídio, configurando situação mais gravosa.
 CONCEITO: É UMA ESPÉCIE
DE SANÇÃO PENAL, DE
CUNHO PATRIMONIAL,
PENA DE CONSISTENTE NO
MULTA PAGAMENTO DE
DETERMINADO VALOR EM
DINHEIRO EM FAVOR DO
FUNDO PENITENCIÁRIO
NACIONAL. (MASSON, 2020, p.
643).
FUNDO PENITENCIÁRIO
NACIONAL
 O Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), instituído no âmbito no
Ministério da Justiça e Segurança Pública, é gerido pelo Departamento
Penitenciário Nacional (Depen) e tem a finalidade de proporcionar
recursos e meios para finalizar e apoiar as atividades e os programas
de modernização e aprimoramento do sistema penitenciário nacional
(Lei complementar 79/1994, art. 1º). (MASSON, 2020, p. 643).

 As multas decorrentes de sentença penal condenatória transitada em


julgado são alguns dos recursos que contribuem para esse fundo
penitenciário.
APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA
 CRITÉRIO ADOTADO PARA A APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA É O
DIA-MULTA – Indica-se a quantidade de dias-multa referentes à
pena, com base no art. 49, CP.

 Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário


da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no
mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior
a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato,
nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos
índices de correção monetária.
A APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA SEGUE UM SISTEMA BIFÁSICO –
sua aplicação consiste na análise de duas fases distintas e
sucessivas:

1ª fase: O JUIZ ESTABELECE O NÚMERO DE DIAS-MULTA QUE


PODERÁ VARIAR ENTRE O MÍNIMO DE 10 E O MÁXIMO DE 360 DIAS-
MULTA. (Para chegar a esse número o magistrado considera todas

APLICAÇÃO
as etapas da dosimetria da pena de uma só vez: circunstâncias
judiciais do art. 59, CP, agravantes e atenuantes, além das causas
de aumento e diminuição de pena).
DA PENA DE
MULTA 2ª fase: Define qual será o valor de cada dia-multa. O valor não
poderá ser inferior a 1/30 do salário mínimo nem superior a 5
vezes o salário mínimo.

1/30 do salário mínimo < Valor do dia-multa < 5X o salário


mínimo
Art. 60 - Na fixação da
pena de multa o juiz OBS: Portanto, o juiz
deve atender, deve considerar a
principalmente, à situação econômica do
situação econômica do réu.
réu.(CP).
IMPORTANTE
Esse método permite a
perfeita individualização
da pena. (art. 5º, XLVI,
CF/88).
 Ex1: Pessoa comente um crime de
estelionato. Infrator tem elevado poder
econômico. As circunstâncias judiciais são
favoráveis. Juiz – deve aplicar o número
SITUAÇÕES de dias-multa no mínimo legal – por ex:
HIPOTÉTICAS 10 dias-multa. Porém, na 2ª fase, estipula
um valor relevante para cada dia-multa.
Ex: 5X o salário mínimo, ou seja, 5 x
1.320,00. Logo, o estelionatário deverá
pagar em sua pena de multa por 10 dias
de 6.600,00. – Total: 66.000,00 reais.
 Ex2: Pessoa com péssimos antecedentes
criminais, com personalidade agressiva,
conduta social desajustada e que
rotineiramente pratica condutas criminosas,
mas com situação financeira precária
SITUAÇÕES comete um extorsão. Juiz - deve aplicar o
número de dias-multa bem acima do mínimo
HIPOTÉTICAS legal e estipular um valor baixo para cada
dia-multa. Ex: 1ª fase: 100 dias-multa. 2ª
fase: valor do dia-multa: 1/30 salários-
mínimos. 1/30 X 1.320,00 = 44,00 reais –
valor de cada dia-multa.
 Assim, 100 dias-multa X 44,00 = 4.400,00
reais.
Devido ao elevado poder econômico do
réu, se mesmo fixando a pena no
máximo legal, ainda assim a sanção
pecuniária parecer ineficaz – nessa
hipótese o juiz poderá (tem a faculdade)
SITUAÇÕES de aumentar seu valor até o triplo. (3X).
EXCEPCIONAIS
Art. 60, § 1º - A multa pode ser
aumentada até o triplo, se o juiz
considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, é ineficaz, embora
aplicada no máximo.
Nos crimes contra a propriedade industrial (Art. 197, parágrafo
43, da Lei 9.279/1996) e nos crimes previstos entre os artigos
33 e 39 da Lei 11.343/2006) – o valor final da pena poderá ser
aumentado até o décuplo. OBS: Esse mesmo artigo autoriza a
redução da pena de multa em até 10 vezes, dependendo das
condições pessoais do agente a vantagem auferida pelo mesmo.

No crimes contra o sistema financeiro


SITUAÇÕES nacional, o valor do dia-multa poderá ser
EXCEPCIONAIS estendido até o décuplo (Art. 33, Lei
7.492/1986).

Se a pena de multa for a única aplicável,


poderá ser reduzida até a metade
dependendo da situação econômica do réu.
(Art. 76, parágrafo único, Lei 9.099/1995).
PAGAMENTO E EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA

Pagamento voluntário – até 10 dias após o trânsito em julgado da sentença


condenatória.

Na omissão do condenado – Ministério Público executa a pena de multa (Ação


Penal Pública – privativa do MP – art. 129, I, CF/88).
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da
execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (CP).

Antes da Lei 9.268/1996 – crime convertido em detenção e contravenção


penal convertia em prisão simples. Nova redação do art. 51, CP (Lei
13.964/2019) – inadimplemento = DÍVIDA DE VALOR.

Procede-se com a penhora de bens do devedor.


LIMITE DAS PENAS
 Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de
liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.

§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de


liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem
elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste
artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do
cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se,
para esse fim, o período de pena já cumprido.
LIMITE DAS PENAS

CRIMES 40 anos para cumprimento da pena


privativa de liberdade
 LIMITES

CONTRAVENÇÕES 5 anos para cumprimento


PENAIS da pena privativa de liberdade
FUNDAMENTOS
 VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL DA PENA DE CARÁTER
PERPÉTUO.

 É POSSÍVEL A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR TEMPO


SUPERIOR A 40 ANOS, POIS DIVERSAS CONDENAÇÕES
PODEM RESULTAR EM UM TOTAL DE PENAS SUPERIOR A
ESSE LIMITE.

 A PROIBIÇÃO DO CUMPRIMENTO DE PENA ACIMA DE 40


ANOS SE COADUNA COM A DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA.
CONCEITO: A unificação das penas é a
transformação de várias penas em
uma única. Pode ocorrer por:

• Razões de política criminal: evitar o


UNIFICAÇÃO cumprimento de uma pena privativa de
DE PENAS caráter perpétuo. No sistema penal brasileiro
adota o limite máximo de 40 anos;
• Adequação de tipicidade: nos casos em que
restou configurado o crime continuado, mas a
aplicação de suas regras não foi possível pelo
juiz da ação penal, reservando-se essa tarefa
para a fase executória.
IMPORTANTE

 O SISTEMA DE UNIFICAÇÃO DAS PENAS NÃO PODE SER


APLICADO PARA FINS DE BENEFÍCIOS COMO LIVRAMENTO
CONDICIONAL, REMIÇÃO, PROGRESSÃO DE REGIMES.

 A COMPETÊNCIA PARA UNIFICAÇÃO DAS PENAS É DO JUIZ


DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS.
 Art. 66. Compete ao Juiz da execução: (...)
III - decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
HAVENDO UMA NOVA CONDENAÇÃO,
POSTERIOR AO INÍCIO DO CUMPRIMENTO
DA PENA, SERÁ FEITA UMA NOVA
UNIFICAÇÃO, DESPREZANDO-SE O
NOVA PERÍODO DE PENA JÁ CUMPRIDO.
CONDENAÇÃO
E UNIFICAÇÃO
DAS PENAS Art. 75. § 2º - Sobrevindo condenação
por fato posterior ao início do
cumprimento da pena, far-se-á nova
unificação, desprezando-se, para esse
fim, o período de pena já cumprido.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA

 PESSOA É CONDENADA A CUMPRIR 30 ANOS DE RECLUSÃO, POR


ESTUPRO SEGUIDO DE MORTE.
 QUANDO JÁ HAVIA CUMPRIDO 5 ANOS, MATA DOIS OUTROS
PRESIDIÁRIOS DENTRO DO PRESÍDIO. A NOVA CONDENAÇÃO SÓ
TRANSITA EM JULGADO QUANDO ELE JÁ ESTÁ HÁ 10 ANOS NA PRISÃO.
ELE RECEBE UMA PENA DE 30 ANOS PELA MORTE DOS DOIS PRESOS.
 HAVERÁ UNIFICAÇÃO DAS PENAS A PARTIR DESSA NOVA CONDENAÇÃO,
DESPREZANDO-SE O PERÍODO JÁ CUMPRIDO DA PENA ANTERIOR.
PORTANTO, UNIFICA-SE O RESTANTE DA 1ª PENA (20 ANOS) COM A NOVA
PENA (30 ANOS). TERIA AINDA 50 ANOS A CUMPRIR.
 FICARÁ, DEPOIS DA UNIFICAÇÃO, 40 ANOS PRESO. NÃO IMPORTANDO
OS 10 ANOS CUMPRIDOS ANTERIORMENTE.

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