Você está na página 1de 53

DIREITO PENAL III – FACIGA - FDG

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE -2023-2


Penas privativas de liberdade. Regimes de cumprimento. Regras. Direitos do
preso. Detração penal.

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE é a sanção penal que retira do


condenado seu direito de locomoção, em razão da prisão por tempo determinado.
O CP, em dez artigos (32 a 42) dispõe sobre as penas privativas de liberdade,
explicitando suas características principais e regulando parcialmente os regimes
de cumprimento de pena. As normas pormenorizadas sobre execução da pena
estão na Lei n. 7.210 de 11 de julho de 1984- LEI DE EXECUÇÃO PENAL -
LEP.

1- ESPÉCIES DE PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE: De acordo com


o art. 32 do CP, as penas podem ser:
a) privativas de liberdade; b) restritivas de direitos, e c) multa.
As penas privativas de liberdade previstas no CP (art. 33) para os crimes
ou delitos são a RECLUSÃO e a DETENÇÃO. A Lei das Contravenções Penais
(LCP-Decreto-Lei n. 3.688 de 03/10/1941) prevê outra pena privativa de
liberdade, que é a PRISÃO SIMPLES (art. 5º, I, da LCP). Dessa forma,
EXISTEM TRÊS ESPÉCIES DE PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE:
RECLUSÃO, DETENÇÃO E PRISÃO SIMPLES – que poderiam ser unificadas sob
a denominação de PENA DE PRISÃO.

2- COMINAÇÃO DAS PENAS- No sistema penal brasileiro, as penas em


abstrato são cominadas de forma:

a) ISOLADA: previsão de uma única pena, prevista com exclusividade pelo


preceito secundário do tipo penal incriminador. Exemplo: art. 121, caput, do CP
(homicídio simples), com pena de reclusão de seis a vinte anos.

b) CUMULATIVA: previsão, em conjunto, de duas espécies de penas. Ex: art.


157, caput, do CP (roubo simples), com penas de reclusão de quatro a dez anos,
e multa;

c) ALTERNATIVA: previsão alternativa de duas modalidades diferentes de pena.


Há duas opções, mas o julgador somente pode aplicar uma delas: art. 140, do
CP (injúria), com pena de detenção um a seis meses ou multa. Outro exemplo:
crime de ameaça – art. 147, CP).

3- DIFERENÇA ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO PENAL: O CP não


estabelece a diferença entre o crime ou delito e a contravenção penal. Diante
disso, o art. 1º da Lei de Introdução do Código Penal-LICP (Decreto-Lei 3.914
de 09 de dezembro de 1941), disciplina:
“Art. 1º. Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de
reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a
que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou multa, ou
ambas, alternativa ou cumulativamente”.

Segundo a doutrina, entre o crime e a contravenção não há diferença


ontológica, isto é, de essência. A diferença é apenas de grau e quantidade. A
contravenção, que Nélson Hungria designava de “crime anão”, compreende os
fatos que, sob a ótica do legislador, são considerados de menor gravidade social,
razão pela qual a pena a ela cominada é de prisão simples ou multa, ou ambas,
alternativa ou cumulativamente, consoante dispõe o já transcrito art. 1º da Lei
de Introdução ao Código Penal. Já para o crime a lei comina pena de reclusão
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa. Dessa forma, O CRITÉRIO DA PENA É O MAIS EFICIENTE
PARA SABER SE UM ILÍCITO PENAL CONSTITUI CRIME OU
CONTRAVENÇÃO.

4- PRISÃO SIMPLES: É EXCLUSIVA DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS


– LCP - (Decreto-Lei n. 3.688 de 03/10/1941) e tem as seguintes
características: a) É cumprida sem rigor penitenciário; b) Só admite seu
cumprimento nos regimes aberto e semiaberto (ainda que pratique falta grave
durante a execução da pena, o sentenciado não poderá ter seu regime regredido
para o regime fechado); c) A pena de prisão simples deve ser cumprida em
estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, sem rigor
penitenciário (LCP, art. 6º). A diferença em relação à pena de detenção, é que
a lei não permite o regime fechado nem mesmo em caso de regressão, ao
contrário do que acontece na pena de detenção. A regressão, quanto à pena de
prisão simples, só ocorre do aberto para o semiaberto. d) O condenado deve
ficar separado daqueles que cumprem pena de reclusão ou detenção; e) O
trabalho é facultativo para penas de até 15 dias.

5- PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE – RECLUSÃO E DETENÇÃO


Afirma Mirabete que, apesar de ter contribuído decisivamente para
eliminar as penas aflitivas, os castigos corporais, as mutilações, etc., não tem,
a pena de prisão, correspondido às esperanças de cumprimento com a finalidade
de recuperação do delinquente. É praticamente impossível a ressocialização do
indivíduo que se encontra preso, quando vive em uma comunidade cujos valores
são totalmente distintos daqueles a que, em liberdade, deverá obedecer. Isso
sem falar nas deficiências intrínsecas ou eventuais do encarceramento, como a
“superpopulação, os atentados sexuais, a falta de ensino e de profissionalização
e a carência de funcionários especializados”.

Apesar dos aspectos negativos da prisão, no que tange à recuperação do


condenado, é inquestionável que CONTINUA A SER O ÚNICO RECURSO
APLICÁVEL PARA OS DELINQUENTES DE ALTA PERICULOSIDADE. A prisão,
não pode ser suprimida do ordenamento jurídico, por constituir INSTRUMENTO
DE REPRESSÃO e MEDIDA DE DEFESA SOCIAL.

A pena privativa de liberdade vem prevista no preceito secundário de


cada tipo penal incriminador, servindo à sua individualização, que permitirá a
aferição da proporcionalidade entre a sanção que é cominada em comparação
com o bem jurídico por ele protegido. O Código Penal prevê duas penas privativas
de liberdade: RECLUSÃO E DETENÇÃO.

6- DIFERENÇAS ENTRE RECLUSÃO E DETENÇÃO

A reforma da parte geral do CP, ocorrida em 1984 (lei 7.209/1984),


manteve a distinção entre as penas de reclusão e de detenção, podendo ser
apontadas algumas diferenças de tratamento tanto no CP como no CPP, a saber:

1-A pena de RECLUSÃO deve ser cumprida, inicialmente, nos regimes


fechado, semiaberto ou aberto. A pena de DETENÇÃO, somente pode ter início
no regime semiaberto ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado (art. 33, caput, do CP);

2-A reclusão é prevista para crimes mais graves; a detenção é reservada


para os crimes mais leves, motivo pelo qual, no instante de criação do tipo penal
incriminador, o legislador sinaliza à sociedade a gravidade do delito.

3-No caso de concurso material, aplicando-se cumulativamente as penas


de reclusão e de detenção, executa-se primeiro a pena de reclusão, considerada
mais grave (arts. 69, caput, e 76 do CP);

4- A reclusão pode acarretar como efeito da condenação, a incapacidade


para o exercício do poder familiar, tutela ou da curatela, nos crimes dolosos,
sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra outrem igualmente titular do
mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra
tutelado ou curatelado – art. 92, II, CP (redação da Lei 13.715 de 24/9/2018).
Vale ressaltar que tal efeito não é possível na pena de detenção.
5 - A reclusão propicia a internação nos casos de medida de segurança;
a detenção permite a aplicação do regime de tratamento ambulatorial (art. 97
do CP), a critério do juiz, que deve analisar o nível de periculosidade do agente.

6-Possibilidade da interceptação de comunicações telefônicas de qualquer


natureza como meio de prova somente nos crimes punidos com reclusão (Lei
9.296/1996, art. 2°, III: “ Art. 2º, caput – Não será admitida a interceptação
de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I
– não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II
– a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado
constituir infração punida, no máximo, com detenção.”

Apesar do legislador, ter mantido no CP a distinção entre RECLUSÃO e


DETENÇÃO, na reforma da parte geral, feita pela Lei 7.209/84, alguns
juristas, entre eles Guilherme de Souza Nucci e Rogério Greco, apregoam a
necessidade de extinção dessas diferenças, argumentando que as diferenças
existentes entre reclusão e detenção são mínimas e, na prática, quase sempre
são irrelevantes. Tais entendimentos foram cristalizados com o advento da Lei
12.403/2011, que trata da fiança no processo penal, estabelecendo que nos
crimes apenados com pena privativa de liberdade que não excederem 4 (quatro)
anos, a autoridade policial poderá concedê-la.

Nos demais casos (artigo 322, parágrafo único, do Código de Processo


Penal) a fiança será requerida ao juiz que terá 48 horas para decidir se concede
ou não, ou seja, NÃO SE FAZ MAIS DISTINÇÃO SE O CRIME FOR APENADO
COM RECLUSÃO OU DETENÇÃO, COMO ANTES DA CITADA LEI. Vale
ressaltar que, o substitutivo do Projeto de Lei nº 236/2012, originário do
Senado Federal, que dispõe sobre o novo Código Penal, não faz mais distinção
entre reclusão e detenção, referindo-se apenas ao termo “prisão”.

7- REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA:

REGIME penitenciário é o meio pelo qual se efetiva o cumprimento da


pena privativa de liberdade. A INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA É FEITA EM
TRÊS ETAPAS: INDIVIDUALIZAÇÃO LEGISLATIVA (fixação do mínimo e do
máximo para a pena em abstrato no momento de criação da norma penal);
INDIVIDUALIZAÇÃO JUDICIAL (momento de aplicação (dosimetria) da sanção
penal na sentença) e a INDIVIDUALIZAÇÃO EXECUTÓRIA (fase de aplicação
efetiva da pena).
LEI DE EXECUÇÃO PENAL: O art. 112 da LEP (Lei 7.210/84), com a
redação dada pela Lei 13.964, de 24/12/2019, estabelece:

“A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva, com a


transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando
o preso tiver cumprido ao menos:
I -16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime
tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II -20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
III – 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o
crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV – 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
V – 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática
de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: a) condenado pela
prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional); b) condenado por exercer o comando, individual
ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime
hediondo ou equiparado; ou c) condenado pela prática de crime de constituição
de milícia privada;
VII – 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática
de crime hediondo ou equiparado;
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
(redação dada pela Lei 13.964, de 24/12/2019).
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se
ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão. (redação dada pela Lei 13.964,
de 24/12/2019).
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre
motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor,
procedimento que também será adotado na concessão do livramento condicional,
indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas
vigentes. (redação da Lei 13.964, de 24/12/2019).
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças
ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018):
I- não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído
pela Lei nº 13.769, de 2018)
II- não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; (Incluído pela Lei
nº 13.769, de 2018)
III- ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
(Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
IV- ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor
do estabelecimento; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
V- não ter integrado organização criminosa. (Incluído pela Lei nº 13.769, de
2018).
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação
do benefício previsto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.769, de
2018). § 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo,
o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei 11.343, de 23
de agosto de 2006 (incluído pela Lei 13.964, de 24/12/2019).
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de
liberdade interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de
cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo
terá como base a pena remanescente. (incluído pela Lei 13.964, de
24/12/2019). § 7º VETADO.

REGIMES PENITENCIÁRIOS NO CÓDIGO PENAL: O CP, no art. 33, caput,


prevê três espécies de REGIMES PENITENCIÁRIOS:

1º) REGIME FECHADO: a PPL é executada em estabelecimento de


segurança máxima ou média (art. 33, § 1º, a);

2º) REGIME SEMIABERTO: a PPL é executada em colônia agrícola,


industrial ou similar (art.33, § 1°, b);

3º) REGIME ABERTO: a PPL é executada em casa de albergado ou


estabelecimento adequado (art. 33, § 1º, c), ou seja, o condenado trabalha ou
frequenta cursos em liberdade, durante o dia, e recolhe-se em casa de
albergado ou estabelecimento similar à noite e nos dias de folga.

8- FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA


PRIVATIVA DE LIBERDADE; De acordo com o art. 110 da LEP e art. 59, III,
do CP, o JUIZ AO PROFERIR SENTENÇA CONDENATÓRIA, DEVERÁ FIXAR
O REGIME NO QUAL O CONDENADO DEVERÁ INICIAR O CUMPRIMENTO
DA PENA DEFINITIVA, com observância do art. 33 do CP, o qual estabelece
distinção quanto à pena de reclusão e detenção.

O JUIZ PARA FIXAR O REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA


DE PRISÃO, DEVE OBSERVAR QUATRO FATORES: 1-O TIPO DE PENA
APLICADA, SE RECLUSÃO OU DETENÇÃO; 2-O QUANTUM DA PENA
DEFINITIVA; 3-SE O CONDENADO É REINCIDENTE OU NÃO; 4-AS
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (ART. 59 DO CP).

A EXECUÇÃO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE está


disciplinada nos arts. 105 a 146-D da LEP. É o juiz sentenciante quem fixa o
regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade (CP, art. 59, III).
Importante lembrar a SÚMULA 719 DO STF: “A IMPOSIÇÃO DO REGIME DE
CUMPRIMENTO DA PENA MAIS SEVERO DO QUE A PENA APLICADA
PERMITIR EXIGE MOTIVAÇÃO IDÔNEA”. Na hipótese de condenação por mais
de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do
regime de cumprimento será feita pelo RESULTADO DA SOMA OU
UNIFICAÇÃO DAS PENAS, observada, quando for o caso, a DETRAÇÃO OU
REMIÇÃO. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena
ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime (art.
111 da LEP). Assim, se durante a execução penal surgirem outras condenações
criminais transitadas em julgado, o JUÍZO DA EXECUÇÃO deverá somar o
restante da pena objeto da execução com as novas penas, estabelecendo, em
seguida, o REGIME DE CUMPRIMENTO PARA O TOTAL DAS PENAS.
9- COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE

É do JUÍZO DAS EXECUÇÕES PENAIS (LEP, art. 1°). E, nos termos


da SÚMULA 192 do STJ: “Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado
a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou
Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração
estadual”.

Ressalte-se que as decisões proferidas pelo Juízo da Execução comportam


o RECURSO DE AGRAVO, normalmente sem efeito suspensivo, previsto pelo art.
197 da LEP. Esse Agravo segue o rito do recurso em sentido estrito, disciplinado
pelo art. 581 e seguintes do CPP, notadamente pela identidade de prazos para
a interposição de ambos. Como preceitua a SÚMULA 700 DO STF: “É DE 5
(CINCO) DIAS O PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO CONTRA
DECISÃO DO JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL”.

10- PENA DE RECLUSÃO: A pena de RECLUSÃO deve ser cumprida


inicialmente em regime (art. 33, caput, 1a. parte): 1º) Fechado; 2º)
Semiaberto; ou 3º) Aberto.
11- CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DE
CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE (FECHADO,
SEMIABERTO OU ABERTO):

Os critérios para a determinação do regime são os seguintes, a teor das


alíneas “a”, “b”, e “c” do § 2° do art. 33 do CP:

a) O REINCIDENTE INICIA O CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA


DE LIBERDADE NO REGIME FECHADO, INDEPENDENTEMENTE DA
QUANTIDADE DE PENA APLICADA. Para amenizar essa regra o STJ
editou a SÚMULA 269: “É ADMISSÍVEL A ADOÇÃO DO REGIME
PRISIONAL SEMIABERTO AOS REINCIDENTES CONDENADOS A
PENA IGUAL OU INFERIOR A 4 (QUATRO) ANOS SE FAVORÁVEIS
AS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS”;

b) O PRIMÁRIO, CUJA PENA SEJA SUPERIOR A 8 (OITO) ANOS


DEVERÁ COMEÇAR A CUMPRI-LA NO REGIME FECHADO;

c) O PRIMÁRIO, CUJA PENA SEJA SUPERIOR A 4 (QUATRO) ANOS


E NÃO EXCEDA A 8 (OITO), PODERÁ, DESDE O PRINCÍPIO,
CUMPRI-LA EM REGIME SEMIABERTO; E

d) O PRIMÁRIO, CUJA PENA SEJA IGUAL OU INFERIOR A 4


(QUATRO) ANOS PODERÁ DESDE O INÍCIO, CUMPRI-LA EM
REGIME ABERTO.

É possível, todavia, que seja imposto em relação ao condenado primário


um regime inicial mais rigoroso do que o permitido exclusivamente pela
quantidade da pena aplicada. Com efeito, dispõe o art. 33, § 3°, do CP: “A
determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com
observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código”. Destarte, nada
impede, exemplificativamente, a fixação do regime fechado ao réu primário
condenado a 5 (cinco) anos de reclusão, se as circunstâncias judiciais do art.
59, caput, do CP lhe forem desfavoráveis.

Não basta, para tanto, o julgador reportar-se apenas à gravidade


abstrata do crime, pois, como estatui a SÚMULA 718 DO STF, editada em
14/10/2003:

“A OPINIÃO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO


CRIME NÃO CONSTITUI MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA A IMPOSIÇÃO
DE REGIME MAIS SEVERO DO QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA
APLICADA”.
Destarte, para aplicar o regime mais severo, o juiz necessita fundamentar
exaustivamente sua escolha, com base em elementos concretos e amparados pelo
ordenamento jurídico. Como estatui a SÚMULA 719 DO STF, editada em
14/10/2003: “A IMPOSIÇÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO MAIS SEVERO
DO QUE A PENA APLICADA PERMITIR EXIGE MOTIVAÇÃO IDÔNEA”.

PENA DE DETENÇÃO: A pena de DETENÇÃO deve ser cumprida em


regime (CP, art. 33, caput, 2a. parte): 1º) Semiaberto ou 2º) Aberto, salvo a
necessidade de transferência para regime fechado. Dessa forma, na pena de
detenção, não se admite o início do cumprimento da pena privativa de liberdade
no fechado, nada obstante seja possível a regressão a esse regime.

EM SÍNTESE, OBEDECENDO A UMA FORMA PROGRESSIVA DE


EXECUÇÃO, DE ACORDO COM O MÉRITO DO CONDENADO, O INÍCIO DO
CUMPRIMENTO DA PENA DE PRISÃO SE DARÁ DA SEGUINTE FORMA, NOS
TERMOS DO ART. 33, § 2º, DO CP:

1º) O CONDENADO A PENA SUPERIOR A OITO ANOS DEVERÁ COMEÇAR O


CUMPRIMENTO EM REGIME FECHADO (alínea a);

2º) O NÃO REINCIDENTE, CUJA PENA SEJA SUPERIOR A QUATRO ANOS


E NÃO EXCEDA A OITO, PODERÁ, DESDE O PRINCÍPIO, CUMPRI-LA EM
REGIME SEMIABERTO (alínea b);

3º) O NÃO REINCIDENTE, CUJA PENA SEJA IGUAL OU INFERIOR A


QUATRO ANOS, PODERÁ, DESDE O INÍCIO, CUMPRI-LA EM REGIME
ABERTO (alínea c).

SE O CONDENADO FOR REINCIDENTE: INICIA SEMPRE EM REGIME


FECHADO, NÃO IMPORTANDO A QUANTIDADE DA PENA IMPOSTA.

EXCEÇÕES: Há, contudo, duas POSSIBILIDADES EXCEPCIONAIS DE O


JUIZ CONCEDER O REGIME ABERTO AO SENTENCIADO A RECLUSÃO
MESMO QUE REINCIDENTE:

1ª) O STF permitiu que, embora reincidente, O SENTENCIADO


ANTERIORMENTE CONDENADO À PENA DE MULTA PUDESSE INICIAR O
CUMPRIMENTO DA PENA EM REGIME ABERTO, DESDE QUE SUA PENA
FOSSE INFERIOR OU IGUAL A QUATRO (04) ANOS. Baseou-se no art. 77,
§ 1º, do CP, que permite a concessão de sursis ao sentenciado que, embora
reincidente, foi condenado anteriormente apenas à pena de multa (RT,
651/360).
2ª) O STJ, por sua vez, também flexibilizou o rigor da regra que impõe
regime inicial fechado ao reincidente, independentemente da quantidade da pena
de reclusão fixada, ao editar a SÚMULA 269, publicada o DJU de 29 de maio
de 2002, estabelecendo que, MESMO NO CASO DE REINCIDENTE, O JUIZ
PODERÁ FIXAR O REGIME INICIAL SEMIABERTO, E NÃO O FECHADO,
QUANDO A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IMPOSTA NA SENTENÇA
CONDENATÓRIA NÃO EXCEDER A 4 ANOS, DESDE QUE SEJAM
FAVORÁVEIS AS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS PREVISTAS NO ART. 59
DO CP.

SÚMULA 269 DO STJ: “É ADMISSÍVEL A ADOÇÃO DO REGIME


PRISIONAL SEMIABERTO AOS REINCIDENTES CONDENADOS A PENA
IGUAL OU INFERIOR A QUATRO ANOS SE FAVORÁVEIS AS
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS”.

Fernando Capez manifesta-se contrário ao entendimento firmado pela


Súmula 269 do STJ, argumentando que, segundo o art. 33, § 2º, b e c, os
regimes iniciais semiaberto e aberto, pressupõem primariedade do sentenciado.
Afirma Capez que, o reincidente que recebe pena de reclusão deve sempre
começar seu cumprimento no regime fechado. TEM SIDO POSIÇÃO
MAJORITÁRIA NA DOUTRINA E NA JURISPRUDÊNCIA NÃO PODER O RÉU
REINCIDENTE RECEBER OUTRO REGIME, MORMENTE QUANDO APENADO
COM RECLUSÃO, QUE NÃO SEJA O FECHADO.

Ressalte-se, porém, que AINDA ESTÁ EM VIGOR A SÚMULA 269 DO


STJ, ACIMA TRANSCRITA. Tal posição harmoniza-se com o entendimento de
que penas curtas, quando cumpridas em regime fechado, somente deterioram
ainda mais o caráter e a personalidade do sentenciado, produzindo mais efeitos
negativos do que positivos. Por isso, o entendimento do STJ permite que o
magistrado, no caso concreto, emita juízo de valor acerca das condições pessoais
do réu, valendo-se das circunstâncias previstas no art. 59 do CP, para inseri-
lo, a despeito de reincidente, no regime semiaberto, mais condizente com penas
não superiores a quatro anos.

REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PPL NOS CRIMES


HEDIONDOS E EQUIPARADOS:

O art. 2º, § 1º, da Lei n. 8072/90 determinava que a pena imposta por
crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo, teria que
ser cumprida exclusivamente em regime fechado. Ocorre que, em data de 23
de fevereiro de 2006, o STF, em polêmica decisão, considerou inconstitucional
referido dispositivo legal (§ 1º do art. 2º da lei 8.072/90) e passou a admitir
a progressão de regime para o cumprimento de pena aplicada aos crimes
hediondos. Em 28 de março de 2007, com a sanção e vigência da Lei n. 11.464,
a polêmica deixou de existir, pois a referida lei determina que a pena por crime
previsto na lei n. 8.072/90 será cumprida em regime inicialmente fechado,
admitindo a progressão após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o
apenado for primário e de 3/5 (três quintos) da pena, se reincidente (percentuais
hoje revogados pelo Lei 13.964, de 24/12/2019).

Registre-se ainda que, em decisão plenária em 2006, o STF declarou a


inconstitucionalidade da proibição à progressão de regime (art. 2º, § 1º, na
redação antiga da Lei dos Crimes Hediondos - Lei 8072/90), por afronta ao
princípio da individualização da pena e só depois a Lei 11.464/2007 derrogou a
vedação à progressão de regime, de forma expressa. Dessa forma, nos crimes
hediondos, previstos taxativamente no art. 1º da Lei 8.072/1990, e nos delitos
a estes equiparados conforme determinação expressa no art. 5º, XLIII, da CF
(tráfico de drogas, tortura e terrorismo), o art. 2º, § 1º, da referida lei,
determina seja a pena privativa de liberdade cumprida em REGIME
INICIALMENTE FECHADO, independentemente da sua quantidade e do perfil
subjetivo do réu (primariedade ou reincidência e circunstâncias judiciais,
favoráveis ou desfavoráveis).

O STF, porém, DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DE TAL


REGRA, por violação aos princípios da individualização da pena e da
proporcionalidade. (HC 111.840/ES, rel. Min. Dias Tóffoli, Plenário, j.
27/06/2012, noticiado no Informativo 672) e também: HC 107.107/SP, rel.
Min. Roberto Barroso, 1ª. Turma, j. 19.8.2014.

O STF e o STJ, já decidiram pela inconstitucionalidade da


obrigatoriedade de aplicação do regime inicial fechado aos condenados por crime
hediondo, por violação aos princípios da individualização da pena e da
proporcionalidade, tanto que já se aplicou o regime inicial aberto ao réu primário
condenado pelo crime de tráfico de drogas, nas hipóteses em que, como corolário
da incidência da causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da lei
11.343/2006, a pena privativa de liberdade não ultrapassou o patamar de quatro
anos.

O STF reafirmou sua jurisprudência dominante no sentido da


inconstitucionalidade da fixação de regime inicial fechado para o cumprimento
de pena com base exclusivamente no art. 2º, § 1º, da Lei 8072/90 (Lei dos
Crimes Hediondos). A decisão ocorreu no Recurso Extraordinário com Agravo
(ARE) 1052700, de relatório do Ministro Edson Fachin, que teve repercussão
geral reconhecida e mérito julgado pelo Plenário Virtual.

FOI FIXADA A SEGUINTE TESE DE REPERCUSSÃO GERAL: “É


inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, parágrafo 1º, da Lei
8072/90, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação,
ater-se aos parâmetros previstos no art. 33 do Código Penal”. Notícia publicada
pelo STF no dia 16 de novembro de 2017.

A SÚMULA VINCULANTE 26, DO STF, disciplina:

Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime


hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990,
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim,
de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.

OBSERVAÇÃO: A Lei 13.285/2016 acrescentou o art. 394-a ao CPP,


prevendo que os processos que apurem a prática de crime hediondo deverão ter
prioridade de tramitação em todas as instâncias.

MUDANÇAS NA PROGRESSÃO DE CRIMES HEDIONDOS E


EQUIPARADOS PROMOVIDAS PELA LEI 13.964/2019:

A Lei 13.964 de 24 de dezembro de 2019 e crimes hediondos:

O art. 112 da LEP (lei 7.210/1984), acabou com qualquer controvérsia


quanto à progressão de regime aos condenados por crimes hediondos e
equiparados, determinando os incisos V, VI, VII e VIII do citado artigo, novos
parâmetros para concessão da progressão de regime, afastou da classificação
de crime hediondo ou equiparado o crime de tráfico de drogas, previsto no §
4º do art. 33 da lei 11.343/2006 (causa de diminuição de pena); determinou
ainda que o cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa
de liberdade interrompe o prazo para a obtenção de progressão no regime de
cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo
terá como base a pena remanescente; não terá direito à saída temporária, o
condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte e
modificou a Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8072/90), incluindo como hediondos:
o crime de roubo circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art.
157, § 2º, inciso V), roubo circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art.
157, § 2ºA, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou
restrito (art. 157, § 2º-B), roubo qualificado pelo resultado lesão corporal
grave ou morte (art. 157, § 3º), extorsão qualificada pela restrição da
liberdade da vítima, com ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, §
3º); furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que
cause perigo comum (art. 155, § 4º-A). O parágrafo único do art. 1° da Lei
8072/90, foi alterado: consideram-se também hediondos, tentados ou
consumados: I – o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da lei
2.889, de 1º de outubro de 1956; II – crime de posse ou porte ilegal de arma
de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da lei 10.826, de 22 de dezembro
de 2003; III – o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art.
17 da lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003; IV – o crime de tráfico
internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da lei
10.826, de 22 de dezembro de 2003 e V – crime de organização criminosa,
quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado.

Regimes penitenciários iniciais da pena de detenção:

a) Se a pena for superior a 4 e inferior a 8 anos: inicia em regime


semiaberto.

b) Se a pena for igual ou inferior a 4 anos: inicia em regime


aberto.

c) Se o condenado for reincidente: inicia no regime mais gravoso


existente, ou seja, no regime semiaberto.

d) Se as circunstâncias judiciais do art. 59 do cp forem


desfavoráveis ao condenado: inicia no regime mais gravoso
existente, ou seja, no regime semiaberto.

e) Não existe regime inicial fechado na pena de detenção (cp, art.


33, caput), a qual começa obrigatoriamente em regime
semiaberto ou aberto. O stj já decidiu que o regime inicial de
cumprimento da pena de detenção deve ser o aberto ou
semiaberto, admitido o regime fechado apenas em caso de
regressão, ressalvado o disposto no art. 10 da 9.034/1995 (lei
de repressão ao crime organizado).

12- REGRAS DO REGIME FECHADO: O regime fechado é aplicado os


condenados de maior periculosidade, exigindo, destarte, maior rigor na
segregação e uma vigilância mais ostensiva. É por isso que o CP determina que
neste regime a pena seja executada em estabelecimento de segurança máxima
ou média. Tais estabelecimentos são as PENITENCIÁRIAS, nas quais, de acordo
com a LEP (art. 88), os condenados deverão ser alojados em celas individuais,
com área mínima de 6 metros quadrados, onde estejam à disposição do preso
dormitório, aparelho sanitário e lavatório, bem como seja preservada a
salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e
condicionamento térmico. Nota-se, assim, a preocupação da legislação em
preservar a privacidade e a dignidade do preso, objetivo raramente alcançado.
Por óbvias questões de segurança, as penitenciárias devem ser construídas em
locais afastados dos centros urbanos, desde que a distância não torne inviável
a visitação dos presos. Todavia, o condenado pode vir a cumprir pena em
estabelecimento fora do local em que reside.

Logo no início do cumprimento da pena em regime fechado, o condenado


deve ser submetido a EXAME CRIMINOLÓGICO, por meio do qual a sua
personalidade é examinada em cotejo com o delito praticado, a fim de se, propor
medidas recuperadoras e avaliar a possibilidade de retorno à delinquência.

TRABALHO DO PRESO: Deverá o condenado trabalhar no período diurno


permanecendo isolado durante a noite. Em geral, o trabalho do condenado em
regime fechado deve ser realizado no interior das penitenciárias, em comum com
os outros presos, observadas as aptidões do condenado. Excepcionalmente, será
admitido trabalho externo, em serviços ou obras públicas, ou entidades privadas,
desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina (art. 36,
LEP).

Sobre o TRABALHO DO PRESO, eis alguns aspectos relevantes:

I) É OBRIGATÓRIO O TRABALHO (salvo para os presos provisórios


e políticos), possuindo finalidade educativa e produtiva, sendo seu
exercício dever e direito do condenado (art. 31 da LEP); ressalte-
se que o trabalho externo a entidade privada dependerá do
consentimento expresso do preso (art. 36, §3°, LEP);

II) SERÁ REMUNERADO, exceto quando constituir-se em prestação


de serviços à comunidade;

III) A REMUNERAÇÃO NÃO PODERÁ SER INFERIOR A ¾ DO


SALÁRIO-MÍNIMO (art. 29 da LEP), e deverá atender: a) à
indenização dos danos causados pelo crime; b) à assistência à
família do condenado; c) pequenas despesas pessoais; d) ao
ressarcimento do Estado pelas despesas efetuadas com a
manutenção do condenado; e) a constituição de um pecúlio, em
caderneta de poupança, que será entregue ao condenado quando
posto em liberdade;

IV) DEVERÁ SER ATRIBUÍDO DE ACORDO COM AS APTIDÕES, A


CONDIÇÃO PESSOAL (SAÚDE, IDADE etc.) E AS
NECESSIDADES FUTURAS DO CONDENADO, ASSIM COMO,
TENDO EM VISTA AS OPORTUNIDADES OFERECIDAS PELO
MERCADO (ART. 32 DA LEP);

V) SERÁ COMPUTADO PARA REMIÇÃO DA PENA, NA PROPORÇÃO


DE 1 DIA DE PENA POR 3 DIAS DE TRABALHO (art. 126, caput,
LEP).

Em resumo, o trabalho do preso não pode ser confundido como agravação


da pena, mas, ao contrário, haverá de ser reconhecido como um importante e
eficaz mecanismo de recuperação e futura reinserção social do condenado.

Podemos assim, resumir as REGRAS DO REGIME FECHADO:

1- LOCAL PARA O CUMPRIMENTO DA PENA – o local adequado é a


PENITENCIÁRIA (art. 87 da LEP).

Pelo sistema legislativo, o CONDENADO DEVE SER ALOJADO EM CELA


INDIVIDUAL, QUE CONTERÁ DORMITÓRIO, APARELHO SANITÁRIO E
LAVATÓRIO. CADA UNIDADE CELULAR DEPENDE DOS SEGUINTES
REQUISITOS BÁSICOS: a) salubridade do ambiente pela concorrência dos
fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência
humana; e b) área mínima de seis metros quadrados (art. 88 da LEP). A
PENITENCIÁRIA MASCULINA SERÁ CONSTRUÍDA EM LOCAL AFASTADO
DO CENTRO URBANO, À DISTÂNCIA QUE NÃO RESTRINJA A VISITAÇÃO
(ART. 90 DA LEP). Embora na realidade ocorra o inverso, A CADEIA PÚBLICA
DESTINA-SE EXCLUSIVAMENTE AO RECOLHIMENTO DE PRESOS
PROVISÓRIOS (ART. 102 DA LEP e art. 300, caput, do CPP). Assim, por falta
de vagas, há muitos sentenciados cumprindo pena, sem qualquer condição de
salubridade e distante dos objetivos da individualização da execução, nas
cadeias e distritos policiais.

2- EXAME CRIMINOLÓGICO - NO INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA


PENA EM REGIME FECHADO, O CONDENADO SERÁ OBRIGATORIAMENTE
SUBMETIDO A EXAME CRIMINOLÓGICO DE CLASSIFICAÇÃO PARA A
INDIVIDUALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO (ART. 34, caput, do CP e art. 8º da
LEP), com vistas a definir o programa individualizador da pena privativa de
liberdade adequada ao condenado (art. 6º da LEP).

O EXAME CRIMINOLÓGICO é realizado pela COMISSÃO TÉCNICA DE


CLASSIFICAÇÃO de cada presídio, que observará a ética profissional, terá
sempre presentes peças ou informações do processo e poderá entrevistar
pessoas, requisitar de repartições ou estabelecimentos privados dados e
informações a respeito do condenado e realizar outras diligências e exames
necessários (art. 9º da LEP). Objetivará o exame criminológico o conhecimento
da inteligência, da vida efetiva e dos princípios morais do preso, para determinar
sua inserção no grupo com o qual conviverá, evitando-se também a transferência
para o regime de semiliberdade ou de prisão albergue, bem como a concessão
de livramento condicional, sem que os sentenciados estejam para tanto
preparados, em flagrante desatenção aos interesses da segurança social.

O EXAME CRIMINOLÓGICO SOMENTE SERÁ REALIZADO APÓS O


TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA, já que visa à
individualização para a execução da pena privativa de liberdade, e será
obrigatório para os que forem submetidos, pela decisão, ao regime fechado, e
facultado para os que estão sujeitos desde o início ao regime semiaberto.

3- TRABALHO INTERNO DIURNO E ISOLAMENTO NOTURNO - FICA


SUJEITO A TRABALHO NO PERÍODO DIURNO E ISOLAMENTO DURANTE O
REPOUSO NOTURNO (art. 34, § 1º, CP). DENTRO DO ESTABELECIMENTO,
O TRABALHO SERÁ EM COMUM, DE ACORDO COM AS APTIDÕES E
OCUPAÇÕES ANTERIORES DO CONDENADO, DESDE QUE COMPATÍVEIS
COM A EXECUÇÃO DA PENA (art. 34, § 2º, CP). ESSE TRABALHO É
OBRIGATÓRIO (LEP, art. 31, caput). Ressalte-se que na atribuição do trabalho
deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades
futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado de
trabalho. Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem
expressão econômica, salvo nas regiões de turismo. Os maiores de 60 (sessenta)
anos poderão solicitar ocupação adequada à sua idade, e os doentes ou
deficientes físicos somente exercerão atividades apropriadas ao seu estado
(LEP, art. 32, §§ 1° a 3°). Afirma Mirabete que os condenados podem trabalhar
na construção, reforma, conservação e melhoramentos do estabelecimento penal
e seus anexos, nos termos do art. 33, parágrafo único, da LEP e que os serviços
auxiliares comuns do estabelecimento (enfermarias, escolas, cozinhas,
lavanderias), sempre que possível, devem ser realizados pelos condenados,
remunerados pelo Estado, pois é um modo não só de ocupar o tempo dos
condenados na forma determinada pela lei, como também é um dos meios de
redução dos gastos públicos.

4) TRABALHO EXTERNO - É ADMISSÍVEL O TRABALHO EXTERNO EM


SERVIÇOS OU OBRAS PÚBLICAS OU EM ENTIDADES PRIVADAS, DESDE
QUE TOMADAS AS CAUTELAS CONTRA A FUGA E EM FAVOR DA
DISCIPLINA (ART. 34, § 3º, CP e 36 da LEP), estabelecendo ainda o art. 37
da LEP, que “A PRESTAÇÃO DE TRABALHO EXTERNO, A SER AUTORIZADA
PELA DIREÇÃO DO ESTABELECIMENTO, DEPENDERÁ DE APTIDÃO,
DISCIPLINA, ALÉM DO CUMPRIMENTO MÍNIMO DE UM SEXTO DA PENA”.

O trabalho externo confere os mesmos direitos do trabalho interno; exige


o preenchimento dos seguintes requisitos: aptidão, disciplina, responsabilidade
e cumprimento de 1/6 da pena; é indispensável o exame criminológico antes de
autorizar o trabalho externo, pois não existe outro meio de avaliar se o
condenado preenche os requisitos subjetivos para o benefício; o trabalho externo
depende de autorização administrativa do diretor do estabelecimento.

DEVEM SER OBSERVADAS ALGUMAS REGRAS QUANTO AO


TRABALHO EXTERNO:

1-O LIMITE MÁXIMO DO NÚMERO DE PRESOS SERÁ DE 10% (DEZ


POR CENTO) DO TOTAL DE EMPREGADOS NA OBRA;

2-CABERÁ AO ÓRGÃO DA ADMINISTRAÇÃO, À ENTIDADE OU À


EMPRESA EMPREITEIRA A REMUNERAÇÃO DESSE TRABALHO;

3-A PRESTAÇÃO DE TRABALHO A ENTIDADE PRIVADA DEPENDE


DO CONSENTIMENTO EXPRESSO DO PRESO (LEP, ART. 36, §§ 1°
A 3°).

Dessa forma, A PRESTAÇÃO DE TRABALHO EXTERNO, A SER


AUTORIZADA PELA DIREÇÃO DO ESTABELECIMENTO, dependerá de
APTIDÃO, DISCIPLINA E RESPONSABILIDADE, ALÉM DO CUMPRIMENTO
MÍNIMO DE 1/6 (UM SEXTO) DA PENA. SERÁ REVOGADA A AUTORIZAÇÃO
DE TRABALHO EXTERNO AO PRESO QUE VIER A PRATICAR FATO
DEFINIDO COMO CRIME, FOR PUNIDO POR FALTA GRAVE, OU FALTAR COM
APTIDÃO, DISCIPLINA OU RESPONSABILIDADE (LEP, art. 37, caput e
parágrafo único).

É ADMISSÍVEL O TRABALHO EXTERNO DO CONDENADO PELA


PRÁTICA DE CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO, POIS NÃO HÁ
RESTRIÇÕES LEGAIS. Logo, por cumprir a pena em regime fechado, aplicam-
se as regras a ele inerentes. Deve ser tomada, porém, redobrada cautela no
tocante à vigilância. A JORNADA NORMAL DE TRABALHO NÃO SERÁ
INFERIOR A SEIS (06) NEM SUPERIOR A OITO (08) HORAS, COM
DESCANSO NOS DOMINGOS E FERIADOS. Aos presos designados para os
serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal poderá ser
atribuído horário especial de trabalho (LEP, art. 33).

Conforme já exposto, o preso que desempenha atividade laborativa tem


direito à remuneração que não pode ser inferior a ¾ do salário-mínimo (CP, art.
39, e LEP, art. 29, caput). Assiste-lhe ainda, direito aos benefícios da
Previdência Social (CP, art. 39, e LEP, art. 41, III). A recusa injustificada do
preso à execução do trabalho caracteriza FALTA GRAVE (LEP, art. 50, IV, c/c
o art. 39, V), acarretando a impossibilidade de obter a progressão de regime
prisional ou o livramento condicional. Entretanto, o trabalho não é obrigatório
ao preso provisório e ao preso político (LEP, artigos 31, parágrafo único e 200).

5- GUIA DE RECOLHIMENTO: transitada em julgado a sentença


penal condenatória, tendo sido determinado o cumprimento da pena em regime
fechado, será ele encaminhado à penitenciária, nos termos do art. 87 da LEP,
expedindo-se, por conseguinte, GUIA DE RECOLHIMENTO para a execução,
uma vez que, sem ela, ninguém poderá ser recolhido para cumprimento de pena
privativa de liberdade (art. 107 da LEP). A guia de recolhimento, extraída pelo
ESCRIVÃO, que a rubricará em todas as folhas e assinará com o juiz, será
remetida à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá: I – o
nome do condenado; II – a sua qualificação civil e o número do registro no órgão
oficial de identificação; III – o inteiro teor da denúncia e da sentença
condenatória, bem como certidão de trânsito em julgado; IV- a informação
sobre os antecedentes e o grau de instrução; V – a data da terminação da pena;
VI – outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento
penitenciário (art. 108 da LEP).

5- AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA: são benefícios aplicáveis aos condenados


em regime fechado ou semiaberto e subdividem-se em PERMISSÃO DE SAÍDA
E SAÍDA TEMPORÁRIA.

PERMISSÃO DE SAÍDA: CONFORME PRECEITUA O ART. 120 DA LEP,


“OS CONDENADOS QUE CUMPREM PENA EM REGIME FECHADO OU
SEMIABERTO E OS PRESOS PROVISÓRIOS PODERÃO OBTER PERMISSÃO
PARA SAIR DO ESTABELECIMENTO MEDIANTE ESCOLTA, QUANDO
OCORRER UM DOS SEGUINTES FATOS: A) FALECIMENTO OU DOENÇA
GRAVE DO CÔNJUGE, COMPANHEIRA, ASCENDENTE, DESCENDENTE OU
IRMÃO; B) NECESSIDADE DE TRATAMENTO MÉDICO”. O parágrafo único
desse dispositivo confere a atribuição para conceder a permissão de saída ao
diretor do estabelecimento onde se encontra o preso. Trata-se, portanto, de
medida meramente administrativa e a permanência do preso fora do
estabelecimento terá duração necessária à finalidade da saída (art. 121 da LEP)

SAÍDA TEMPORÁRIA: CONFORME O ART. 122 DA LEP “OS


CONDENADOS QUE CUMPREM PENA EM REGIME SEMIABERTO PODERÃO
OBTER AUTORIZAÇÃO PARA SAÍDA TEMPORÁRIA DO ESTABELECIMENTO,
SEM VIGILÂNCIA DIRETA, NOS SEGUINTES CASOS: a) visita à família; b)
frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do
segundo grau ou superior, na comarca do juízo da execução; c) participação em
atividades que concorram para o retorno ao convívio social”. O PARÁGRAFO
ÚNICO DO MESMO ARTIGO DISCIPLINA QUE, A AUSÊNCIA DE
VIGILÂNCIA DIRETA NÃO IMPEDE A UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTO DE
MONITORAÇÃO ELETRÔNICA PELO CONDENADO, QUANDO ASSIM
DETERMINAR O JUIZ DA EXECUÇÃO.

A SAÍDA TEMPORÁRIA NÃO SE APLICA AO PRESO EM REGIME


FECHADO, TENDO EM VISTA A NATUREZA MAIS RECLUSA DESSA FORMA
DE CUMPRIMENTO DE PENA, INCOMPATÍVEL COM A LIBERAÇÃO SEM
VIGILÂNCIA, AINDA QUE TEMPORÁRIA. TAMBÉM NÃO DEVERÁ SER
CONCEDIDA NA HIPÓTESE DE REGIME ABERTO, UMA VEZ QUE O
CONDENADO NÃO PRECISA SAIR, POIS JÁ ESTÁ EM LIBERDADE DURANTE
TODO O DIA.

A LEI 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019 DETERMINA QUE NÃO


TERÁ DIREITO À SAÍDA TEMPORÁRIA, O CONDENADO QUE CUMPRE PENA
POR PRATICAR CRIME HEDIONDO COM RESULTADO MORTE.

O art. 124 da LEP estabelece que a saída temporária será concedida por
prazo não superior a sete (07) dias, podendo ser renovada por mais quatro (04)
vezes durante o ano; QUE O JUIZ AO CONCEDER A SAÍDA TEMPORÁRIA,
IMPORÁ AO BENEFICIÁRIO AS SEGUINTES CONDIÇÕES, ENTRE OUTRAS
QUE ENTENDER COMPATÍVEIS COM AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO E A
SITUAÇÃO PESSOAL DO CONDENADO: I- FORNECIMENTO DE ENDEREÇO
ONDE RESIDE A FAMÍLIA A SER VISITADA OU ONDE PODERÁ SER
ENCONTRADO DURANTE O GOZO DO BENEFÍCIO; II- RECOLHIMENTO À
RESIDÊNCIA VISITADA, NO PERÍODO NOTURNO; III- PROIBIÇÃO DE
FREQUENTAR BARES, CASAS NOTURNAS E ESTABELECIMENTOS
CONGÊNERES. O § 2º do mesmo artigo ressalta que “quando se tratar de
frequência a curso profissionalizante, de ensino médio ou superior, o tempo da
saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes”. Tal
dispositivo é corrente porque dificilmente haveria um curso de apenas 7 (sete)
dias de duração, por quatro vezes ao ano. O § 3º DISPÕE QUE NOS DEMAIS
CASOS, AS AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA SOMENTE PODERÃO SER
CONCEDIDAS COM PRAZO MÍNIMO DE 45 (QUARENTA E CINCO) DIAS DE
INTERVALO ENTRE UMA E OUTRA.

O art. 125 da LEP dispõe que o benefício será automaticamente revogado


quando o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por
falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou revelar baixo
grau de aproveitamento do curso. O parágrafo único desse artigo disciplina que,
a recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição no processo
penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do
merecimento do condenado.

13- REGRAS DO REGIME SEMIABERTO

O regime semiaberto é um verdadeiro “meio-termo” na execução de uma


pena privativa de liberdade, pois permite uma segura progressão de regime (a
partir do fechado, é lógico), como também acolhe os condenados a penas de
média ou curta duração. Dessa forma, enquanto para os condenados ao regime
fechado há um forte apelo para a fuga – circunstância que não autoriza uma
progressão direta para o regime aberto – existem aqueles para os quais o
absoluto cerceamento da liberdade física seria desproporcional ao delito
cometido, além de consubstanciar medida deletéria a qualquer esforço de
ressocialização do detento. No regime semiaberto não são usados mecanismos
ostensivos de segurança contra a fuga do condenado, ou seja, na Colônia
Agrícola, industrial ou similar (art. 33, § 1º, letra b, CP), não existirão grades,
fossos, muros, cercas eletrificadas ou guardas armados para evitar a evasão do
preso. Afirma Mirabete que, os estabelecimentos semiabertos têm configuração
arquitetônica mais simples, uma vez que as precauções de segurança são menores
do que as previstas para as penitenciárias. A colônia agrícola, industrial ou
similar deve estar subordinada apenas a um mínimo de segurança e vigilância.
Nela, os presos devem movimentar-se com relativa liberdade, a guarda do
presídio não deve estar armada, a vigilância deve ser discreta e o sentido de
responsabilidade do preso enfatizado.

No regime semiaberto o condenado submete-se a uma jornada diurna de


trabalho em comum, recolhendo-se à noite e nos dias de descanso a alojamento,
que pode ser coletivo, desde que: a) seja mantida a salubridade; b) haja uma
seleção adequada dos presos; c) o limite de ocupação do alojamento atenda aos
objetivos da individualização da pena.

O TRABALHO, EM GERAL, É REALIZADO NO PRÓPRIO


ESTABELECIMENTO (COLÔNIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU SIMILAR),
SENDO ADMITIDO, TODAVIA, EM AMBIENTES EXTERNOS. DE IGUAL
SORTE, A LEI PERMITE QUE O CONDENADO FREQUENTE CURSOS
SUPLETIVOS, PROFISSIONALIZANTES, DE INSTRUÇÃO DE SEGUNDO
GRAU OU SUPERIOR.

Ressalte-se que o caput do art. 35 do CP, determinando a aplicação do


preceito contido no art. 34, leva à conclusão que no regime semiaberto o exame
criminológico, no início do cumprimento da pena, também é obrigatório. No
entanto, o art. 8º, parágrafo único da LEP diz que referido exame é apenas
facultativo para o condenado que inicia a execução no regime semiaberto. Assim,
diante de normas em desarmonia, é certo que impera a aplicação da LEP, pois
esta é lei especial em confronto com o CP.

O preso, no regime semiaberto, tem direito, com autorização judicial, à


saída temporária da colônia, com a finalidade de visitar familiares, frequentar
cursos ou participar de outras atividades relevantes para sua ressocialização,
por prazo não superior a 7 (sete) dias, renovável quatro (04) vezes por ano
(arts. 122, 123, 124 e 125 da LEP).

Dessa forma, podemos resumir as REGRAS DO REGIME SEMIABERTO


EM:

1) LOCAL DE CUMPRIMENTO - a pena deve ser cumprida em COLÔNIA


AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU ESTABELECIMENTO SIMILAR (art. 91, LEP).
O condenado poderá ser alojado em compartimento coletivo, com salubridade do
ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento
térmico adequado à existência humana. Além disso, as dependências coletivas
devem ser dotadas dos seguintes requisitos básicos: a) seleção adequada dos
presos; b) limite de capacidade máxima que atenda os objetivos da
individualização da pena (art. 92 e parágrafo único da LEP).

2- EXAME CRIMINOLÓGICO - o condenado no início do cumprimento da


pena pode também ser submetido a exame criminológico de classificação para
individualização da execução. Embora o art. 35, caput, do CP, preveja a
obrigatoriedade, de ver-se que o art. 8º, parágrafo único, da LEP, fala em
simples faculdade. Como as duas normas entraram em vigor na mesma data,
diante do conflito, entendemos que deve prevalecer a que mais beneficia o
condenado: trata-se, por isso, de SIMPLES FACULDADE DO JUIZ.
3- TRABALHO INTERNO - o condenado fica sujeito a trabalho em
comum durante o período diurno em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar (art. 35, § 1º, CP);

4- TRABALHO EXTERNO: É admissível o trabalho externo, bem como a


frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau
ou superior (art. 35, § 2º, CP).

5- PERMISSÃO DE SAÍDA E SAÍDAS TEMPORÁRIAS - podem ocorrer,


ainda, SAÍDAS SEM VIGILÂNCIA PARA VISITAS À FAMÍLIA OU PARA
PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADES CONCORRENTES PARA O RETORNO AO
CONVÍVIO SOCIAL (PERMISSÃO DE SAÍDA – art. 120 da LEP e SAÍDAS
TEMPORÁRIAS - arts. 122, 123, 124 e 125 da LEP). A autorização para saída
temporária depende, entretanto, de comportamento adequado do sentenciado,
cumprimento mínimo de um SEXTO DA PENA (se primário) ou de UM QUARTO
(se reincidente) e compatibilidade do benefício com os objetivos da pena (art.
123, LEP). Importante também ressaltar a Súmula 40 do STJ: “PARA
OBTENÇÃO DOS BENEFÍCIOS DE SAÍDA TEMPORÁRIA E TRABALHO
EXTERNO, CONSIDERA-SE O TEMPO DE CUMPRIMENTO DA PENA NO
REGIME FECHADO”. A inviabilidade de concessão do regime semiaberto a
estrangeiro condenado no Brasil é posição majoritária, desde que sofra processo
de expulsão, devendo cumprir toda a sua pena no regime fechado para, depois,
ser expulso.

6) A GUIA DE RECOLHIMENTO também é uma exigência para o regime


semiaberto, isso porque o art. 107 da LEP determina que ninguém será recolhido,
para cumprimento de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela
autoridade judiciária.

A FALTA DE VAGA NO REGIME SEMIABERTO E A POSSIBILIDADE


DO JUIZ CONCEDER AO SENTENCIADO O REGIME ABERTO OU PRISÃO
ALBERGUE DOMICILIAR – O STF firmou entendimento no sentido de que deve
ser observado o cumprimento da pena privativa de liberdade na forma prevista
na sentença condenatória. Configurada, porém, a impossibilidade do imediato
cumprimento da sanção penal em Colônia Agrícola, Industrial ou similar por
deficiência do Estado, não se pode manter o condenado preso em regime mais
rigoroso do que o imposto na sentença condenatória. É NECESSÁRIO
ASSEGURAR AO SENTENCIADO O DIREITO DE PERMANECER EM
LIBERDADE, SE POR OUTRO MOTIVO NÃO ESTIVER PRESO, ATÉ QUE O
PODER PÚBLICO PROVIDENCIE VAGA EM ESTABELECIMENTO APROPRIADO.
PARA O STF, A AUSÊNCIA DE VAGAS NO REGIME SEMIABERTO NÃO
IMPLICA A TRANSMUDAÇÃO A PONTO DE ALCANÇAR A FORMA FECHADA.
ASSIM, IMPLICITAMENTE, A CONSEQUÊNCIA NATURAL É A CUSTÓDIA
EM REGIME ABERTO OU, INEXISTENTE A CASA DO ALBERGADO, A PRISÃO
DOMICILIAR. Esse entendimento do STF foi confirmado no julgamento do
Recurso Extraordinário 641320, com repercussão geral entendeu EM
11/05/2016, por maioria de votos, que A FALTA DE ESTABELECIMENTO
PENAL COMPATÍVEL COM A SENTENÇA NÃO AUTORIZA A MANUTENÇÃO
DO CONDENADO EM REGIME MAIS GRAVOSO. O Plenário seguiu o voto do
relator, ministro Gilmar Mendes, e fixou a tese nos seguintes termos: a) a falta
de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
regime prisional mais gravoso; b) os juízes da execução penal poderão avaliar os
estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação
como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se
qualifiquem como "Colônia Agrícola, Industrial" (regime semiaberto) ou "Casa de
Albergado ou estabelecimento adequado" (regime aberto) (art. 33, parágrafo
1º, alíneas "b" e "c"); c) havendo deficit de vagas, deverá determinar-se: (I)
a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (II) a liberdade
eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto
em prisão domiciliar por falta de vagas; (III) o cumprimento de penas restritivas
de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto. Até que
sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a
prisão domiciliar ao sentenciado.

Posteriormente, o STF, editou no final de junho de 2016 e publicada no


dia 08/8/2016, a SÚMULA VINCULANTE Nº 56: “A FALTA DE
ESTABELECIMENTO PENAL ADEQUADO NÃO AUTORIZA A MANUTENÇÃO
DO CONDENADO EM REGIME PRISIONAL MAIS GRAVOSO, DEVENDO-SE
OBSERVAR, NESTA HIPÓTESE, OS PARÂMETROS FIXADOS NO RE 641320”.

Vale ressaltar também, a SÚMULA 491 DO STJ: É INADMISSÍVEL A


CHAMADA PROGRESSÃO PER SALTUM DE REGIME PRISIONAL”.

14- REGRAS DO REGIME ABERTO: No regime aberto, que se baseia na


AUTODISCIPLINA E NO SENSO DE RESPONSABILIDADE do condenado,
procura-se fomentar a readaptação do indivíduo ao convívio social mediante uma
“EXPERIÊNCIA REAL DE LIBERDADE”. Com efeito, nesse regime, o condenado
trabalha, estuda ou exerce atividade autorizada, fora de estabelecimentos
penais e sem vigilância, retornando à CASA DO ALBERGADO (estabelecimento
adequado para a espécie – PRISÃO ALBERGUE) somente para dormir ou passar
os dias de folga. A doutrina tem apontado como vantagens do regime aberto:
melhora da saúde física e mental do preso, pela vida ao ar livre e pela ausência
de enclausuramento; incremento da disciplina em decorrência da conscientização
do condenado no que concerne às suas responsabilidades e autodisciplina;
diminuição do impulso de fuga, quer, pela maior facilidade de contato com a
família, quer pela empolgação decorrente do trabalho; maior economia para o
Estado.

Por fim, a execução da pena privativa de liberdade no regime aberto fica


sujeita à REGRESSÃO, isto é, o condenado poderá ser transferido para regime
mais severo (inclusive para o fechado), nos termos do art. 118 da LEP, quando:

a) VIER A PRATICAR FATO DEFINIDO COMO CRIME DOLOSO OU


FALTA GRAVE (ART. 50, LEP), RESSALTANDO-SE QUE A LEI
13.964, DE 25/12/2019, DETERMINA NO § 6º DO ART. 112 DA
LEP, QUE O COMETIMENTO DE FALTA GRAVE DURANTE A
EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE INTERROMPE O
PRAZO PARA A OBTENÇÃO DA PROGRESSÃO NO REGIME DE
CUMPRIMENTO DA PENA, CASO EM QUE O REINÍCIO DA
CONTAGEM DO REQUISITO OBJETIVO TERÁ COMO BASE A PENA
REMANESCENTE.

b) SOFRER CONDENAÇÃO, POR CRIME ANTERIOR, CUJA PENA,


SOMADA AO RESTANTE DA PENA EM EXECUÇÃO, TORNAR
INCABÍVEL O REGIME;

c) FRUSTRAR OS FINS DA EXECUÇÃO DA PENA;

d) PODENDO, NÃO PAGAR A PENA DE MULTA, CUMULATIVAMENTE


IMPOSTA. (considerado revogado tacitamente, por ser a pena de
multa dívida de valor, nos termos do art. 51 do CP).

Assim, podemos resumir as REGRAS DO REGIME ABERTO EM:

1-BASEIA-SE NA AUTODISCIPLINA E SENSO DE


RESPONSABILIDADE DO CONDENADO (ART. 36, CAPUT, CP). Com o trânsito
em julgado da sentença criminal, o juízo expede mandado de prisão para
encaminhar o condenado ao regime aberto.

2- A PENA É CUMPRIDA NA CASA DO ALBERGADO, cujo prédio deve


situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos e
caracteriza-se pela ausência de obstáculos físicas contra a fuga. Em cada
região, haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá conter, além
dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras.
O estabelecimento terá instalações para os serviços de fiscalização e orientação
dos condenados (arts. 93 a 95 da LEP).

3-O CONDENADO DEVERÁ, FORA DO ESTABELECIMENTO E SEM


VIGILÂNCIA, TRABALHAR, FREQUENTAR CURSO OU EXERCER OUTRA
ATIVIDADE AUTORIZADA, PERMANECENDO RECOLHIDO DURANTE O
REPOUSO NOTURNO E NOS DIAS DE FOLGA (ART. 36, § 1º, CP). O ingresso
do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das
condições impostas pelo juiz. Somente poderá ingressar no regime aberto o
condenado que ESTIVER TRABALHANDO ou COMPROVAR A
IMPOSSIBILIDADE DE FAZÊ-LO IMEDIATAMENTE, E APRESENTAR, PELOS
SEUS ANTECEDENTES OU PELO RESULTADO DOS EXAMES A QUE FOI
SUBMETIDO, FUNDADOS INDÍCIOS DE QUE IRÁ AJUSTAR-SE, COM
AUTODISCIPLINA E SENSO DE RESPONSABILIDADE, AO NOVO REGIME
(arts. 113 a 114 da LEP). ALGUMAS PESSOAS, EM VIRTUDE DE SUA
CONDIÇÃO ESPECIAL, PODEM SER DISPENSADAS DO TRABALHO:
MAIORES DE 70 ANOS, PORTADORES DE DOENÇA GRAVE, AQUELES QUE
POSSUAM FILHO MENOR OU PORTADOR DE DEFICIÊNCIA FÍSICA OU
MENTAL E GESTANTE (art. 114, parágrafo único da LEP).

4- O CONDENADO DEVERÁ SER TRANSFERIDO DO REGIME ABERTO


SE COMETER FATO DEFINIDO COMO CRIME DOLOSO, SE FRUSTRAR OS
FINS DA EXECUÇÃO OU SE, PODENDO, NÃO PAGAR A MULTA
CUMULATIVAMENTE APLICADA (ART. 36, § 2º, CP). Quanto à multa, o seu
não pagamento, afirma Capez, não ensejará a regressão, por ter a Lei
9.268/96, considerado a multa dívida de valor, alterando o art. 51 do CP.
Assim, o regime aberto é uma ponte para a completa reinserção do condenado
na sociedade. O seu cumprimento é realizado em estabelecimento conhecido
como CASA DO ALBERGADO. Esse regime, baseado na autodisciplina e no senso
de responsabilidade do condenado, permite que este, fora do estabelecimento
e sem vigilância, trabalhe, frequente curso ou exerça outra atividade
autorizada, permanecendo recolhido o repouso noturno e nos dias de folga.

5) A GUIA DE RECOLHIMENTO também é uma exigência para o regime


aberto, isso porque o art. 107 da LEP determina que ninguém será recolhido,
para cumprimento de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela
autoridade judiciária.

A CASA DO ALBERGADO= deve ser um prédio situado em centro urbano,


sem obstáculos físicos para evitar fuga, com aposentos para os presos e local
adequado para cursos e palestras (arts. 93 a 95, LEP). Infelizmente, tendo em
vista a inexistência de CASAS DO ALBERGADO em muitas comarcas, consolidou-
se a utilização do regime de PRISÃO ALBERGUE DOMICILIAR (PAD),
originalmente destinada a condenados maiores de setenta (70) anos, condenados
acometidos de doença grave, sentenciadas com filho menor ou deficiente físico
ou mental e condenada gestante (art. 117, LEP).

REMIÇÃO DA PPL: é o benefício de competência do juízo da execução


conferido ao condenado que cumpre pena privativa de liberdade em regime
fechado ou semiaberto, consistente no abatimento de parte da pena na
proporção de UM DIA DE PENA POR TRÊS DIAS DE TRABALHO, sendo que o
preso que estiver impossibilitado de prosseguir no trabalho em virtude de
acidente continuará a beneficiar-se com a remição (art. 126, §§ 1º e 2º, da
LEP). A REMIÇÃO DEPENDE DO MERECIMENTO DO CONDENADO, POIS NÃO
PODEM CONSTAR FALTAS GRAVES EM SEU PRONTUÁRIO. NÃO SE PODE
ESQUECER QUE, ATUALMENTE, A REMIÇÃO PODE OCORRER PELO
TRABALHO, PELO ESTUDO E TAMBÉM PELA LEITURA, CONFORME
REGISTROS ABAIXO. Vale ressaltar o art. 127 da LEP: “Em caso de falta
grave, o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, observado o disposto no
art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar
(redação da Lei 12.433/2011)”.

Nos regimes fechado e semiaberto, o trabalho do preso faz com que


tenha direito à remição. NO REGIME ABERTO, NÃO HÁ PREVISÃO LEGAL
PARA REMIÇÃO DA PENA PELO TRABALHO, UMA VEZ QUE SOMENTE
PODERÁ INGRESSAR NESSE REGIME O CONDENADO QUE ESTIVER
TRABALHANDO OU COMPROVAR A POSSIBILIDADE DE FAZÊ-LO
IMEDIATAMENTE, conforme art. 114, I, da LEP. Vê-se, portanto, que a
condição sine qua non para o início do cumprimento da pena ou mesmo a sua
progressão para o regime aberto é a possibilidade imediata de trabalho do
condenado. Sem trabalho não será possível o regime aberto.

O PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 114 DA LEP DISCIPLINA QUE


PODERÃO SER DISPENSADAS DO TRABALHO AS PESSOAS REFERIDAS NO
ART. 117 DO MESMO DIPLOMA LEGAL, a saber: I – condenado maior de 70
anos; II – condenado acometido de doença grave; III – condenada com filho
menor ou deficiente físico ou mental; IV – condenada gestante. Note-se que a
LEP fala em trabalho, e não em emprego. Portanto, mesmo que o condenado
exerça uma atividade laborativa sem registro, a exemplo de venda de produtos
de forma autônoma, faxina em residências, lavagem de carros, etc., poderá ser
inserido no regime aberto.
REMIÇÃO DA PENA PELO ESTUDO: A Jurisprudência (SÚMULA 341 DO
STJ: “A FREQUÊNCIA A CURSO DE ENSINO FORMAL É CAUSA DE REMIÇÃO
DE PARTE DO TEMPO DE EXECUÇÃO DE PENA SOB REGIME FECHADO OU
SEMIABERTO”), já admitia a remição pelo ESTUDO. Atualmente, EXISTE
PREVISÃO LEGAL PARA REMIÇÃO DA PENA PELO ESTUDO, INCLUSIVE NO
REGIME ABERTO, já que a Lei 12.433 de 30 de junho de 2011, que entrou em
vigor na data de sua publicação, modificou os arts. 126, 127, 128 e 129 da
LEP (Lei 7.210, de 11 de julho de 1984), DETERMINA QUE O CONDENADO
QUE CUMPRE PENA EM REGIME FECHADO OU SEMIABERTO PODERÁ REMIR,
POR TRABALHO OU POR ESTUDO, PARTE DO TEMPO DE EXECUÇÃO DA
PENA, RESSALTANDO-SE QUE A REMIÇÃO POR ESTUDO SERÁ CONTADA
NA PROPORÇÃO DE UM (01) DIA DE PENA A CADA DOZE HORAS DE
FREQUÊNCIA ESCOLAR (ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO, INCLUSIVE
PROFISSIONALIZANTE, OU SUPERIOR, OU AINDA A REQUALIFICAÇÃO
PROFISSIONAL, DIVIDIDAS, NO MÍNIMO EM TRÊS (03) DIAS. A CITADA
LEI acrescentou o § 6º ao art. 126 da LEP para estabelecer que o condenado
que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade
condicional poderão remir pela frequência a curso de ensino regular ou de
educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de
prova, nos moldes já explicitados. As atividades de estudo poderão ser
desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e
deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos
frequentados. Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias
de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem. O
preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos
continuará a beneficiar-se com a remição. O tempo a remir em função das horas
de estudo será acrescido de um terço (1/3), no caso de conclusão de ensino
fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que
certificada pelo órgão competente do sistema de educação. O § 7º do art. 126,
estabelece que o disposto no art. 126 da LEP será aplicado às hipóteses de
prisão cautelar. RESSALTE-SE QUE O CONDENADO QUE FOR PUNIDO POR
FALTA GRAVE PODERÁ TER REVOGADO PELO JUIZ ATÉ 1/3 DO TEMPO
REMIDO, RECOMEÇANDO A CONTAGEM A PARTIR DA DATA DA INFRAÇÃO
DISCIPLINAR (ART. 127 DA LEP).

Com a modificação legal referida, o art. 128 da LEP estabelece que o


tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. O
art. 129 estabelece que a autoridade administrativa encaminhará mensalmente
ao juízo da execução cópia do registro de todos os condenados que estejam
trabalhando ou estudando, com informação dos dias de trabalho ou das horas
de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles, bem como
que o condenado autorizado a trabalhar fora do estabelecimento penal deverá
comprovar mensalmente, por meio de declaração da respectiva unidade de
ensino, a frequência e o aproveitamento escolar, dando-se ao condenado a
relação de seus dias remidos.

IMPORTANTE LEMBRAR que, a Lei 12.245, de 24/05/2010, acrescentou


o § 4º ao art. 83 da LEP para determinar a instalação nos estabelecimentos
penais de salas de aula, destinadas a cursos de ensino básico e
profissionalizantes. Vale salientar, que diante da precária situação do sistema
de execução penal, já que muitos dos estabelecimentos penais não possibilitam
trabalho ou estudo para o apenado, apesar de não existir previsão expressão
na LEP, foi editada uma PORTARIA CONJUNTA (276/2012), do MINISTRO
CORREGEDOR-GERAL DA JUSTIÇA FEDERAL E DO DIRETOR GERAL DO
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL, CRIANDO A REMIÇÃO PELA
LEITURA.

Apesar de divergências doutrinárias, questionando a legalidade de citada


portaria, O STJ já acatou a remição pela leitura, através do Acórdão exarado
no julgamento do HC 312.486 – SP-, (2014, p. 6-8-9), de forma que hoje,
PARA REMIR PELA LEITURA O APENADO TERÁ O PRAZO DE 21 A 30 DIAS
PARA LER UMA OBRA LITERÁRIA E AO FINAL ELABORAR UMA RESENHA,
PODENDO REMIR ATÉ 4 DIAS DE SUA PENA, BEM COMO PODERÁ LER 12
(DOZE) OBRAS E REMIR ATÉ 48 DIAS EM UM (01) ANO.

A REMIÇÃO PELA LEITURA ALCANÇA OS PRESOS CAUTELARES E


DEVE SER REALIZADA DE FORMA VOLUNTÁRIA, SENDO
DISPONIBILIZADA, A CADA 30 DIAS, AO PRESO UMA OBRA LITERÁRIA,
CLÁSSICA, CIENTÍFICA OU FILOSÓFICA. Importante ainda REGISTRAR
QUE O CNJ (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA), expediu a
RECOMENDAÇÃO Nº 44 DE 26/11/2013, na qual dispõe sobre atividades
educacionais complementares para fins de remição da pena pelo estudo e
estabelece critérios para a admissão pela leitura.
CONDIÇÕES GERAIS E OBRIGATÓRIAS IMPOSTAS NO REGIME
ABERTO: O juiz do processo de conhecimento, CONFORME ART. 115 DA LEP,
CASO O REGIME ABERTO SEJA O INICIALMENTE PREVISTO PARA O
CUMPRIMENTO DA PENA, COMO O DA EXECUÇÃO EM CASO DE
PROGRESSÃO DE REGIME, PODERÁ ESTABELECER CONDIÇÕES ESPECIAIS
PARA A CONCESSÃO DO REGIME ABERTO, sem prejuízo das seguintes
CONDIÇÕES GERAIS E OBRIGATÓRIAS:
I- PERMANECER NO LOCAL QUE FOR DESIGNADO, DURANTE O REPOUSO
E NOS DIAS DE FOLGA; II – SAIR PARA O TRABALHO E RETORNAR, NOS
HORÁRIOS FIXADOS; III – NÃO SE AUSENTAR DA CIDADE ONDE RESIDE,
SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL; IV – COMPARECER A JUÍZO PARA
INFORMAR E JUSTIFICAR SUAS ATIVIDADES, QUANDO FOR
DETERMINADO.

O art. 117 da LEP admite, em hipóteses excepcionais, que o sentenciado


cumpra o regime aberto em prisão domiciliar. Nesse caso, o condenado deve
recolher-se à sua residência, durante o período noturno e dias de folga. Essa
forma de prisão domiciliar é admissível quando se trata de pessoa maior de 70
anos, condenado acometido de doença grave, condenada com filho menor ou
doença mental ou, ainda, quando se trata de condenado gestante. A
jurisprudência tem admitido também a prisão domiciliar fora das hipóteses do
art. 117, quando não existe na comarca, albergue no qual o sentenciado possa
recolher-se.

O FUNDAMENTO DO REGIME ABERTO, SEM DÚVIDA, ESTÁ NA


AUTODISCIPLINA E SENSO DE RESPONSABILIDADE DO CONDENADO, JÁ
QUE PERMANECE EM LIBERDADE SEM CUSTÓDIA OU VIGILÂNCIA
DURANTE O DIA, PARA TRABALHAR, FREQUENTAR QUALQUER CURSO OU
EXERCER QUALQUER OUTRA ATIVIDADE AUTORIZADA, BENEFICIANDO-
SE AGORA COM O INSTITUTO DA REMIÇÃO PELO ESTUDO, CONFORME
DISPÕE O § 6º DO ART. 126 DA LEP, ACRESCENTADO PELA LEI 12.433 DE
30/06/2011.

15- REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDDD) – TAMBÉM


CONHECIDO COMO “REGIME FECHADÍSSIMO” – atendendo ao clamor público
de tratamento mais severo aos criminosos de altíssima periculosidade, a Lei
10.792/2003 alterou o art. 52 da LEP para determinar que durante a execução,
ainda que preventiva da pena privativa de liberdade, a prática de fato previsto
como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da ordem
ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo
da sanção penal, ao REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO.

O regime disciplinar diferenciado, que se constitui em uma sanção


disciplinar, também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais
ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal ou da sociedade. Estará igualmente sujeito ao RDD o
preso provisório ou o condenado sobre o qual recaiam fundadas suspeitas de
envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas,
quadrilha ou bando.

ISOLAMENTO PREVENTIVO: Praticada a falta disciplinar, deverá a


autoridade administrativa instaurar por decisão fundamentada, o devido
procedimento disciplinar. Poderá ser decretado o isolamento preventivo do
faltoso pelo prazo de até dez (10) dias, por decisão da própria autoridade
administrativa. Porém, para incluí-lo no RDD, no interesse da disciplina e da
averiguação do fato, dependerá do despacho do juiz competente. O tempo de
isolamento ou inclusão preventiva no RDD será computado no período total. A
autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar diferenciado
dependerá de requerimento circunstanciado, elaborado pelo diretor do
estabelecimento ou por outra autoridade administrativa (por exemplo, o
Secretário de Administração Penitenciária). A decisão judicial sobre a inclusão
do preso em regime disciplinar diferenciado será precedida de manifestação do
Ministério Público e da Defesa, e prolatada no prazo máximo de quinze (15)
dias, pelo Juízo da Execução Penal.

Recentemente, a LEI 13.964, DE 24/12/2019, modificou o art. 52 da


LEP, nos seguintes termos:

“A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e,


quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso
provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal,
ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: I – duração
máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova
falta grave de mesma espécie; II – recolhimento em cela individual; III – visitas
quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações
equiparadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa
da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2
(duas) horas; IV – direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias
para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que não haja
contato com presos do mesmo grupo criminoso; V – entrevistas sempre
monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para
impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização
judicial em contrário; VI – fiscalização do conteúdo da correspondência; VII –
participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência,
garantindo-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso. § 1º O
regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou
condenados, nacionais ou estrangeiros: I – que apresentem alto risco para a
ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade; II – sob os
quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer
título, em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada,
independentemente da prática de falta grave. § 2º REVOGADO. § 3º Existindo
indícios de que o preso exerça liderança em organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais
Estados da Federação, o regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente
cumprido em estabelecimento prisional federal. § 4º Na hipótese dos parágrafos
anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso:
I – continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal de origem ou da sociedade; II – mantém os vínculos com
organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados
também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso,
a operação duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e
os resultados do tratamento penitenciário. § 5º Na hipótese prevista no § 3º
deste artigo, o regime disciplinar diferenciado deverá contar com alta segurança
interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar
contato do preso com membros de sua organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais. § 6º A visita de que trata o
inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio e vídeo e,
com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário. § 7º Após os
primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não
receber a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após
prévio agendamento, ter contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa
da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.

16- CARACTERÍSTICAS DO RDD (LEI 13.964, DE 24/12/2019):


O RDD – REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO – possui as seguintes
características:

1a) DURAÇÃO MÁXIMA DE ATÉ 2 (DOIS) ANOS, SEM PREJUÍZO DE


REPETIÇÃO DA SANÇÃO POR NOVA FALTA GRAVE DE MESMA ESPÉCIE;

2a) RECOLHIMENTO EM CELA INDIVIDUAL;

3a) VISITAS QUINZENAIS, DE 2 (DUAS) PESSOAS POR VEZ, A


SEREM REALIZADAS EM INSTALAÇÕES EQUIPADAS PARA IMPEDIR O
CONTATO FÍSICO E A PASSAGEM DE OBJETOS, POR PESSOA DA FAMÍLIA
OU, NO CASO DE TERCEIRO, AUTORIZADO JUDICIALMENTE COM
DURAÇÃO DE 2 (DUAS) HORAS;
4a) O PRESO TERÁ DIREITO À SAÍDA DA CELA POR DUAS HORAS
DIÁRIAS PARA BANHO DE SOL, EM GRUPOS DE ATÉ 4 (QUATRO) PRESOS,
DESDE QUE NÃO HAJA CONTATO COM PRESOS DO MESMO GRUPO
CRIMINOSO;

5º) ENTREVISTAS SEMPRE MONITORADAS, EXCETO AQUELAS COM


SEU DEFENSOR, EM INSTALAÇÕES EQUIPADAS PARA IMPEDIR O
CONTATO FÍSICO E A PASSAGEM DE OBJETOS, SALVO EXPRESSA
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL EM CONTRÁRIO;

6º) FISCALIZAÇÃO DO CONTEÚDO DA CORRESPONDÊNCIA;

7º) PARTICIPAÇÃO EM AUDIÊNCIAS JUDICIAIS


PREFERENCIALMENTE POR VIDEOCONFERÊNCIA, GARANTINDO-SE A
PARTICIPAÇÃO DO DEFENSOR NO MESMO AMBIENTE DO PRESO.

HIPÓTESES DE APLICAÇÃO E EXECUÇÃO DO RDD:

1º) O RDD PODERÁ SER APLICADO AOS PRESOS PROVISÓRIOS OU


CONDENADOS, NACIONAIS OU ESTRANGEIROS, QUE APRESENTEM ALTO
RISCO PARA A ORDEM E A SEGURANÇA DO ESTABELECIMENTO PENAL OU
DA SOCIEDADE;

2º) AOS PRESOS SOB OS QUAIS RECAIAM FUNDADAS SUSPEITAS


DE ENVOLVIMENTO OU PARTICIPAÇÃO, A QUALQUER TÍTULO, EM
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA OU MILÍCIA
PRIVADA, INDEPENDENTEMENTE DA PRÁTICA DE FALTA GRAVE.

3º) EM CASO DE EXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE QUE O PRESO


EXERCE LIDERANÇA EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, ASSOCIAÇÃO
CRIMINOSA OU MILÍCIA PRIVADA, OU QUE TENHA ATUAÇÃO CRIMINOSA
EM 2 (DOIS) OU MAIS ESTADOS DA FEDERAÇÃO, O RDD SERÁ
OBRIGATORIAMENTE CUMPRIDO EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL
FEDERAL;

4º) NAS HIPÓTESES ANTERIORES, O RDD PODERÁ SER


PRORROGADO SUCESSIVAMENTE, POR PERÍODOS DE 1 (UM) ANO,
EXISTINDO INDÍCIOS DE QUE O PRESO: : I – continua apresentando alto
risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal de origem ou da
sociedade; II – mantém os vínculos com organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil criminal e a função
desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do grupo, a
superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento
penitenciário;

5º) Na hipótese de existência de indícios de que o preso exerce liderança


em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, o que tenha
atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o RDD deverá
contar com alta segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito
à necessidade de se evitar contato do preso com membro de sua organização
criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais;

6º) A visita recebida pelo preso em RDD será gravada em sistema de


áudio ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente
penitenciário;

7º) Após os primeiros 6 (seis) meses de RDD, o preso que não receber a
visita de que trata o inciso III do caput do art. 52 da LEP poderá, após prévio
agendamento ter contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da
família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.

LEGISLAÇÃO LOCAL: Em se tratando o Direito Penitenciário de matéria


de COMPETÊNCIA CONCORRENTE ENTRE A UNIÃO, OS ESTADOS E O
DISTRITO FEDERAL (CF, art. 24, I), estatui o art. 119 da LEP que a legislação
local poderá estabelecer NORMAS COMPLEMENTARES para o cumprimento da
pena privativa de liberdade em regime aberto.

18- PROGRESSÃO E REGRESSÃO DE REGIME

O § 2º do art. 33 do CP determina que as PENAS PRIVATIVAS DE


LIBERDADE DEVERÃO SER EXECUTADAS EM FORMA PROGRESSIVA,
SEGUNDO O MÉRITO DO CONDENADO. A PROGRESSÃO É UM MISTO DE
TEMPO MÍNIMO DE CUMPRIMENTO DE PENA (CRITÉRIO OBJETIVO) COM
O MÉRITO DO CONDENADO (CRITÉRIO SUBJETIVO). A progressão é uma
medida de política criminal que serve de estímulo ao condenado durante o
cumprimento de sua pena. A possibilidade de ir galgando regimes menos rigorosos
faz com que os condenados tenham a esperança de retorno paulatino ao convívio
social. Pode-se definir a progressão de regime como a passagem do condenado
de um regime mais rigoroso para outro mais suave, de cumprimento da pena
privativa de liberdade, desde que satisfeitas todas as exigências legais.

REQUISITOS PARA A PROGRESSÃO DE REGIME: Nos termos do art.


112 da LEP (redação dada pela Lei 13.964, de 24/12/2019), OS REQUISITOS
PARA A PROGRESSÃO SÃO:
1º) OBJETIVOS – consiste no tempo de cumprimento de pena no regime
anterior. A cada nova progressão exige-se o requisito temporal. O novo
cumprimento do percentual de pena, porém, refere-se ao restante da pena e
não à pena inicialmente fixada na sentença. São vários os percentuais de
cumprimento de PPL para progressão de regime, conforme o art. 112 da LEP:

I -16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime


tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;

II -20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime


cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;

III – 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o
crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;

IV – 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime


cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;

V – 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática
de crime hediondo ou equiparado, se for primário;

VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: a) condenado pela


prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional); b) condenado por exercer o comando, individual
ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime
hediondo ou equiparado; ou c) condenado pela prática de crime de constituição
de milícia privada;

VII – 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática
de crime hediondo ou equiparado;

VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
(redação dada pela Lei 13.964, de 24/12/2019).

2º- SUBJETIVOS – Com as modificações operadas pela Lei 13.964 de 24 de


dezembro de 2019 ao art. 112 da LEP:

1- Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se


ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão.

2- No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou


pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente: I- não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a
pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) II- não ter cometido o crime
contra seu filho ou dependente; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) III -
ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; (Incluído
pela Lei nº 13.769, de 2018) IV - ser primária e ter bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; (Incluído pela Lei nº
13.769, de 2018) V- não ter integrado organização criminosa. (Incluído pela
Lei nº 13.769, de 2018).

Importante ressaltar que o § 2º do art. 112 da LEP, determina que a


decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e
precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento
que também será adotado na concessão do livramento condicional, indulto e
comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. Além
disso, o § 4º do mesmo artigo 112, disciplina que o cometimento de novo crime
doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3ºdo
mesmo artigo e o § 5º estabelece que não se considera hediondo ou equiparado,
para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do
art. 33 da Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006 (causa de diminuição de pena)
e finalmente, o § 6º fixa que o cometimento de falta grave durante a execução
da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da progressão
no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do
requisito objetivo terá como base a pena remanescente.

PROGRESSÃO POR SALTO – consiste na passagem direta do regime


fechado para o aberto. Não é permitida pela LEP, a qual exige o cumprimento
de 1/6 da pena no regime anterior, observando-se as regras da Lei n.
11.464/2007, quanto aos crimes hediondos e assemelhados. Por essa razão, a
lei vigente torna obrigatória a passagem pelo regime intermediário (semiaberto).

NO DIA 08 DE MARÇO DE 2017, O STJ EDITOU A SÚMULA 491.” É


INADMISSÍVEL A CHAMADA PROGRESSÃO PER SALTUM DE REGIME
PRISIONAL”.

PROGRESSÃO DE REGIME NOS CRIMES PRATICADOS CONTRA A


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: § 4º DO ART. 33 DO CÓDIGO PENAL:

Nos termos do § 4° do art. 33 do CP, acrescentado pela Lei n.


10.763, de 12/11/2003, o condenado por crime contra a administração
pública terá a progressão de regime de cumprimento de pena condicionada
à reparação do dano que causa ou à devolução do produto do ilícito
praticado, com os acréscimos legais. A exigência legal abrange os crimes
definidos no Título XI da Parte Especial do CP, praticados por funcionário
público ou por particular. A comprovação de efetiva impossibilidade de
reparação do dano causado afasta a exigência, como ocorre nas hipóteses
de sursis especial (art. 78, § 2°, CP) e de livramento condicional (art.
83, inciso IV), para as quais há norma expressa nesse sentido. Sobre a
aplicação do § 4º do art. 33 do Código Penal é essencial apresentar o
Informativo 709 do STJ – Execução Penal, cujo resumo é: Não havendo
na sentença condenatória transitada em julgado determinação expressa
de reparação do dano ou de devolução do produto do ilícito, não pode o
juízo das execuções inserir referida condição para fins de progressão de
regime.

CÁLCULO DA PROGRESSÃO – para o cálculo da progressão deve ser


levada em consideração a pena que falta cumprir, ou seja, DEVE SER ABATIDA
DO TOTAL A PENA CUMPRIDA NO REGIME SEMIABERTO.

REGRESSÃO DE REGIME: É a transferência do condenado para regime mais


rigoroso, na ocorrência de qualquer das hipóteses descritas nos arts. 118 da
LEP, e 36, § 2º, do CP. Ressalte-se que o juiz deve ouvir o condenado antes
de determinar a regressão do que seu regime de cumprimento de pena (art.
118, § 2º, LEP), exigindo-se assim o contraditório. Embora a lei vede a
progressão por salto (saltar diretamente do fechado para o aberto), é
perfeitamente possível regredir do aberto para o fechado, sem passar pelo
semiaberto. Do mesmo modo, a despeito de a pena de detenção não comportar
regime inicial fechado, ocorrendo a regressão, o condenado poderá ser
transferido para aquele regime.

AS HIPÓTESES DE REGRESSÃO SÃO AS SEGUINTES – ART. 118 DA


LEP:
1- PRÁTICA DE FATO DEFINIDO COMO CRIME DOLOSO: em se tratando
de delito culposo ou de contravenção, a regressão ficará a critério do juízo
da execução;
2-PRÁTICA DE FALTA GRAVE – graves são as faltas relacionadas no art. 50
da LEP, dentre as quais, destaca-se a FUGA. Embora não tipifique crime, a
fuga é uma grave violação dos deveres disciplinares do condenado, ensejando
punições na órbita administrativa. Nesse sentido, já decidiu o STJ:”
Constituindo a fuga falta grave que autoriza a regressão para regime mais
rigoroso (LEP, arts. 50 e 118, I), pode o juiz das execuções determinar
cautelarmente a suspensão do regime semiaberto em que se encontrava o
apenado, sem prejuízo do seu direito de ser posteriormente ouvido antes da
decisão final de regressão para o regime fechado (LEP, art. 118, parágrafo
2º)”. 2a. T. REsp 53.817-0/RJ, Min. Edson Vidigal, Ementário STJ, 16/476.

SÚMULA 534 DO STJ, aprovada em 10/06/2015 e publicada no dia


15/06/2015: “A PRÁTICA DE FALTA GRAVE INTERROMPE A CONTAGEM DO
PRAZO PARA PROGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA, O
QUAL SE REINICIA A PARTIR D O COMETIMENTO DESSA INFRAÇÃO”.

Importante registrar o § 6º do art. 112 da LEP, inserido pela Lei 13.964


de 24 de dezembro de 2019, determinando que “O COMETIMENTO DE FALTA
GRAVE DURANTE A EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
INTERROMPE O PRAZO PARA A OBTENÇÃO DA PROGRESSÃO NO REGIME
DE CUMPRIMENTO DA PENA, CASO EM QUE O REINICÍO DA CONTAGEM
DO REQUISITO OBJETIVO TERÁ COMO BASE A PENA REMANESCENTE.”

3- SOFRER CONDENAÇÃO, POR CRIME ANTERIOR, CUJA PENA,


SOMADA AO RESTANTE DA PENA EM EXECUÇÃO, TORNE INCABÍVEL O
REGIME (ART. 111) – É A CHAMADA ADAPTAÇÃO DO REGIME: Nos termos
do art. 111 da LEP, quando “houver condenação por mais de um crime, no mesmo
processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento
será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando
for o caso, a detração ou a remição”. E mais: “Sobrevindo condenação no curso
da execução da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo
cumprida, para determinação do regime”. Portanto, se o sujeito foi condenado
a uma pena de 6 anos, em regime semiaberto, por um processo, e a 4 anos, em
regime aberto, por outro, é obrigatório que o juiz da execução penal estabeleça
um regime único para o cumprimento de 10 anos de reclusão, que, aliás, demanda
o regime fechado;

4-FRUSTRAR OS FINS DA EXECUÇÃO, NO CASO DE ESTAR EM


REGIME ABERTO – isso ocorre quando o condenado assume uma conduta que
demonstre incompatibilidade com o regime aberto. Exemplo: abandonar o
emprego.

5-O NÃO PAGAMENTO DA MULTA CUMULATIVA, NO CASO DE


REGIME ABERTO – Afirma Capez que tal hipótese foi revogada pela Lei 9.268,
de 1º de abril de 1996, que considerou a multa como dívida de valor para fins
de cobrança, sem qualquer possibilidade de repercutir negativamente o seu não
pagamento, no direito de liberdade do condenado.
REGRESSÃO CAUTELAR: nada obstante a omissão legislativa acerca do
assunto, desponta como possível a regressão cautelar, isto é, a suspensão
judicial do regime semiaberto ou aberto até que, em obediência ao art. 118, §
2°, da LEP, o condenado seja ouvido e possa defender-se acerca do
descumprimento das condições do regime. Como destaca Guilherme Nucci: “A
suspensão cautelar implica determinar o seu recolhimento ao regime fechado,
onde, aliás, já poderia estar, caso tenha sido, por exemplo, autuado em
flagrante pela prática de um crime. Se convincentes os argumentos dados pelo
sentenciado, o juiz restabelecerá o regime anterior; caso contrário, confirmará
a regressão definitiva”.

A segunda parte do inciso I do art. 118 da LEP permite a regressão se


o condenado praticar FALTA GRAVE, ressaltando-se que o art. 50 da LEP
elenca as faltas graves. No caso de falta grave, a regressão somente poderá
ser determinada após ser ouvido o condenado, em uma audiência de justificação
(art. 118, § 2º, da LEP).

SÚMULAS RECENTES DO STJ SOBRE A FALTA GRAVE:

SÚMULA 533, aprovada em 10/06/2015 e publicada no dia


15/06/2015:

“PARA O RECONHECIMENTO DA PRÁTICA DE FALTA DISCIPLINAR


NO ÂMBITO DA EXECUÇÃO PENAL, É IMPRESCINDÍVEL A
INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO PELO
DIRETOR DO ESTABELECIMENTO PRISIONAL, ASSEGURADO O
DIREITO DE DEFESA, A SER REALIZADO POR ADVOGADO
CONSTITUÍDO OU DEFENSOR PÚBLICO NOMEADO”.

SÚMULA 534, aprovada em 10/06/2015 e publicada no dia


15/06/2015:

“A PRÁTICA DE FALTA GRAVE INTERROMPE A CONTAGEM DO


PRAZO PARA PROGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA,
O QUAL SE REINICIA A PARTIR DO COMETIMENTO DESSA
INFRAÇÃO”.

SÚMULA 535, aprovada em 10/06/2015 e publicada no dia


15/06/2015:

“A PRÁTICA DE FALTA GRAVE NÃO INTERROMPE O PRAZO PARA


FIM DE COMUTAÇÃO DE PENA OU INDULTO”.
REMIÇÃO E PRÁTICA DE FALTA GRAVE – a Lei 12.433, de 29 de junho
de 2011, modificou a redação do art. 127 da LEP, que passou a determinar:

EM CASO DE FALTA GRAVE, O JUIZ PODERÁ REVOGAR ATÉ 1/3 DO


TEMPO REMIDO, OBSERVADO O DISPOSTO NO ART. 57,
RECOMEÇANDO A CONTAGEM A PARTIR DA DATA DA INFRAÇÃO
DISCIPLINAR.

Essa mudança do artigo 127 da LEP entrou em choque com o teor da


SÚMULA VINCULANTE 9 DO STF, que assim dispões: “O disposto no artigo
127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput
do artigo 58”.
SOBRE ESSE FATO, A POSIÇÃO RECENTE DO STF É A SEGUINTE: ART.
127 DA LEP: PERDA DE DIAS REMIDOS POR FALTA GRAVE E REVISÃO OU
CANCELAMENTO DO ENUNCIADO DA SÚMULA VINCULANTE 9: 1. A
revogação ou modificação do ato normativo em que se fundou a edição do
enunciado de súmula vinculante acarreta, em regra, a necessidade de sua revisão
ou cancelamento pelo Supremo Tribunal Federal, conforme o caso. 2. É
inconstitucional a previsão legislativa de perda dos dias remidos pelo condenado
que cometa falta grave no curso da execução penal” (INFORMATIVO 1084).
RE 1.116.485/RS. Julgamento virtual finalizado em, 28.02.2023.

O RE foi interposto pela DP do Estado do Rio Grande do Sul contra decisão do


TJ-RS que havia decretado a perda de um terço dos dias remidos de um apenado
pelo cometimento de falta grave durante o cumprimento da pena. O TJ-RS
aplicou ao caso o limite previsto na redação atual do art. 127 da LEP. Contudo,
citou a Súmula Vinculante 9 para explicar que a medida não viola nenhum direito
adquirido do condenado. A edição da SV-9, em 2008, baseou-se na redação
então vigente do dispositivo, para declarar que ele fora recepcionado pela CF.
O texto previa que o condenado punido por falta grave perderia o direito ao
tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar.
Ocorre que, após a aprovação da Súmula, o Congresso Nacional editou a Lei
12.433/2011, que alterou o artigo 127 da LEP. No STF, a Defensoria Pública
sustentava que a decretação da perda dos dias remidos pelo TJ-RS teria violado
os dispositivos constitucionais que tratam da individualização da pena e da
fundamentação das decisões judiciais. Ao analisar o RE com repercussão geral,
o STF concluiu ainda que é CONSTITUCIONAL A PERDA DOS DIAS REMIDOS
PELO CONDENADO QUE COMETE FALTA GRAVE DURANTE A EXECUÇÃO
PENAL. A TESE DE REPERCUSSÃO GERAL APROVADA FOI A SEGUINTE: 1.
A revogação ou a modificação do ato normativo em que se fundou a edição de
enunciado de súmula vinculante acarreta, em regra, a necessidade de sua revisão
ou cancelamento pelo Supremo Tribunal Federal, conforme o caso. 2.É
constitucional a previsão legislativa de perda dos dias remidos pelo condenado
que comete falta grave no curso da execução penal. O julgamento se deu na
sessão virtual finalizado em 28/02/2023.

19- ESTABELECIMENTOS ESPECIAIS – REGIME ESPECIAL PARA MULHERES

GARANTIA CONSTITUCIONAL: art. 5º, XLVIII – a pena será cumprida em


estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
sexo do apenado. Art. 5º, L: Às presidiárias serão asseguradas condições para
que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação.

Nos termos do art. 37 do CP, AS MULHERES CUMPREM PENA EM


ESTABELECIMENTO PRÓPRIO, OBSERVANDO-SE OS DEVERES E DIREITOS
INERENTES À SUA CONDIÇÃO PESSOAL, BEM COMO, NO QUE COUBER, O
DISPOSTO NO MESMO DIPLOMA LEGAL.

ENSINO PROFISSIONAL: Art. 19, LEP: o ensino profissional será


ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. Parágrafo único:
A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua condição.

IDOSO: Art. 82, § 1º, LEP: a mulher e o maior de 60 (sessenta) anos,


separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua
condição pessoal.

ESTABELECIMENTO PENAL E OUTROS DIREITOS: 1-BERÇÁRIO: art.


83, § 2º, da LEP – Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão
dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive
amamenta-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. Tais estabelecimentos
deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de suas
dependências internas (§ 3º do referido artigo); 2-CRECHE; art. 89, da LEP –
(...) a penitenciária de mulheres poderá ser dotada de seção para a gestante e
parturiente e de creche com a finalidade de assistir ao menor desamparado cuja
responsável esteja presa; 3-REGIME ABERTO CUMPRIDO EM DOMICÍLIO
(“REGIME DOMICILIAR”): Art. 117, LEP – somente se admitirá o
reconhecimento do beneficiário de regime aberto em residência particular
quando o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular
quando se tratar de: (...) III – condenada com filho menor ou deficiente físico
ou mental; IV – condenada gestante. Importante salientar que NÃO SE DEVE
CONFUNDIR O REGIME DOMICILIAR COM A MEDIDA CAUTELAR “PRISÃO
DOMICILIAR”, que consiste no recolhimento da pessoa “presa provisoriamente”
em sua residência, só podendo dela se ausentar com autorização judicial (art.
317, CPP); 4- PRÉ-NATAL E PÓS-PARTO: art. 14, § 3º, LEP – será assegurado
acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto,
extensivo ao recém-nascido.

Antes de constituir em regalia ou privilégio, a “custódia especial” traduz-


se em uma garantia da dignidade pessoal do condenado. E não poderia ser de
outra maneira, haja vista que tanto as mulheres quanto os sexagenários trazem
consigo características psicológicas e fisiológicas merecedores de particular
atenção.

Dessa forma, procurando evitar a promiscuidade e a prostituição no


sistema carcerário, a lei determina que AS MULHERES CUMPRAM PENA EM
ESTABELECIMENTO PRÓPRIO, OBSERVANDO-SE, OS DEVERES E DIREITOS
INERENTES À SUA CONDIÇÃO PESSOAL, BEM COMO, NO QUE COUBER, O
DISPOSTO CAPÍTULO I DO TÍTULO V DO CP (ARTS. 33 A 36, 37 e 38 a 42
DO CP). As mulheres estão, assim, sujeitas a um regime especial, cumprindo
pena em estabelecimento próprio. Devem ser observados os deveres e os direitos
inerentes à condição pessoal da sentenciada, bem como, no que couber, as
regras referentes às penas privativas de liberdade (art. 37).

NOVAS HIPÓTESES DE PRISÃO DOMICILIAR APÓS A LEI 13.257 DE


8/3/2016:

A Lei 13.257/2016 dispõe sobre as políticas públicas para a primeira


infância e alterou a Lei 8.069/190 (ECA), O CPP, a CLT e as Leis 11.770/2008
e 12.662 de 5/6/2012. O art. 1º da citada lei, estabelece princípios e
diretrizes para a formulação e a implementação de políticas públicas para a
primeira infância em atenção à especificidade e à relevância dos primeiros anos
de vida no desenvolvimento infantil e no desenvolvimento do ser humano. É uma
norma de caráter processual, de forma que se aplica imediatamente aos
processos em cursos, entendendo ainda a doutrina que, por ser uma lei mais
benéfica, pode ser aplicada às pessoas atualmente presas mesmo que por crimes
praticados antes de sua vigência. O CPP, ao tratar da prisão domiciliar, prevê
a possibilidade de o réu, em vez de ficar em prisão preventiva, permanecer
recolhido em sua residência. Trata-se de uma medida cautelar que substitui a
prisão preventiva pelo recolhimento da pessoa em sua residência. Importante
ressaltar que a prisão domiciliar tratada no art. 117 da LEP, trata das hipóteses
de prisão domiciliar previstas para os condenados que cumprem a PPL em REGIME
ABERTO, assunto que será tratada mais adiante.
O art. 317 do CPP, disciplina que a prisão domiciliar consiste no
recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela
ausentar-se com autorização judicial. As hipóteses em que a prisão domiciliar
pode ser concedida estão no art. 318 do CPP, ressaltando-se que a LEI
13.257/2016, que dispõe sobre as políticas públicas para a 1ª. Infância alterou
o rol do art. 318 do CPP, acrescentando os incisos IV, V e VI, ressaltando-se
que quando se tratar de presa gestante, a lei não fala de tempo de gestação e
de sua situação de saúde.

Atualmente, as hipóteses em que a prisão domiciliar pode ser concedida


estão no art. 318 do CPP:

“Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o


agente for: I- Maior de 80 (oitenta) anos; II- extremamente debilitado por
motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa
menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV - gestante; V - mulher
com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI- homem, caso seja o
único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos. Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea
dos requisitos estabelecidos neste artigo.” (grifei).

VALE REGISTRAR que, a LEI 13.769, de 19 de dezembro de 2018,


estabeleceu a SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR PRISÃO
DOMICILIAR DA MULHER GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU RESPONSÁVEL
POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E DISCIPLINOU O REGIME
DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE DE CONDENADAS
NA MESMA SITUAÇÃO.

Dita lei, acresceu ao CPP, os arts. 318-A e 318-B, assim redigidos:

“ART. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou


que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência
será substituída por prisão domiciliar, desde que: I – Não tenha
cometido crime com violência ou grave ameaça à pessoa; II – Não
tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.”

“ART. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-


A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das
medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código”.

20- DIREITOS DO PRESO – o preso conserva todos os direitos não


atingidos pela perda de liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito
à sua integridade física e moral (art.38 do CP). O preso não poderá votar (nem
ser votado) pelo fato de a CF determinar a suspensão dos direitos políticos
enquanto durarem os efeitos da condenação criminal transitada em julgado (art.
15, III). Tal restrição não se aplica ao preso provisório pelo fato de ainda não
estar definitivamente condenado. O art. 5º, XLIX, CF diz que é “assegurado
aos presos o respeito à integridade física e moral”. Foi acrescentado o § 4º ao
art. 19 do ECA para constar que: “SERÁ GARANTIDA A CONVIVÊNCIA DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE COM A MÃE OU O PAI PRIVADO DE
LIBERDADE POR MEIO DE VISITAS PERIÓDICAS PROMOVIDAS PELO
RESPONSÁVEL OU, NAS HIPÓTESES DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL,
PELA ENTIDADE RESPONSÁVEL, INDEPENDENTEMENTE DE AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL”.

DIREITOS ASSEGURADOS PELA LEP (ART. 41): a) uso do próprio nome (não
ser identificado por número ou alcunha); b) alimentação, vestuário e alojamento;
c) receber cuidados médicos e sanitários; d) trabalho remunerado; e) De
comunicar-se com seu advogado, reservadamente; f) Previdência Social; g)
seguro contra acidente de trabalho; h) proteção contra qualquer forma de
sensacionalismo; i) igualdade de tratamento; j) audiência especial com o diretor
do estabelecimento; l) divisão proporcional de ocupação de tempo com trabalho,
descanso e recreação; m) visita dos familiares e dos amigos, em dias
previamente determinados; n) acesso às informações (leitura de jornais, livros,
etc).

O art. 41, XVI, da LEP, incluído pela Lei 10.713/2003, estabelece


ser direito do preso o atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob
pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente.

OS DIREITOS POLÍTICOS DO CONDENADO: CF, art. 15, III: “A


condenação transitada em julgado acarreta a suspensão dos direitos políticos
enquanto durarem seus efeitos. O art. 15, III, da CF é autoexecutável, sendo
desnecessária a norma regulamentadora. A suspensão dos direitos políticos
ocorre mesmo no caso de concessão do sursis, já que se trata de efeito
extrapenal automático e genérico da condenação, que independe da execução ou
suspensão condicional da pena principal. Embora a lei se refira à perda do
mandato eletivo como efeito específico da condenação criminal, que precisa ser
motivadamente declarado na sentença (CP, art. 92, I), esse efeito é inaplicável
em função do art. 15, III da CF (suspensão automática dos direitos políticos
em virtude da condenação penal).
VISITA ÍNTIMA: O direito à visita íntima encerra uma polêmica ainda
não resolvida, infelizmente, pela LEP, de modo que não se pode considerar um
direito do preso. Observa-se que, atualmente, é uma prática comum nos grandes
presídios, autorizada pela direção, como forma de acalmar a população
carcerária, evitar a violência sexual no seu interior e fomentar os laços
familiares do preso com suas companheiras ou esposas. Ressalte-se que, no
tocante aos presídios federais, o DECRETO 6.049/2007 previu expressamente
o direito à visita íntima e que por se tratar de matéria relacionada à execução
da pena, a ordem constitucional determina que deve ser sistematizada por lei.

LIMITAÇÃO DO USO DE ALGEMAS: De acordo com a SÚMULA


VINCULANTE 11, aprovada pelo Plenário do STF em 13 de agosto de 2008:
“SÓ É LÍCITO O USO DE ALGEMAS EM CASO DE RESISTÊNCIA E DE
FUNDADO RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO À INTEGRIDADE FÍSICA
PRÓPRIA OU ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE TERCEIROS,
JUSTIFICADA A EXCEPCIONALIDADE POR ESCRITO, SOB PENA DE
RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA
AUTORIDADE E DE NULIDADE DA PRISÃO OU DO ATO PROCESSUAL A QUE
SE REFERE, SEM PREJUÍZO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO”.

21- DIREITO DO PRESO À EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA: A


execução provisória da pena estabelece a possibilidade de ser antecipada a pena
privativa de liberdade direcionada ao acusado que possui condenação em 1ª. e
2ª. Instância. Dessa forma, trata-se de aplicação, mesmo provisória e passível
de mudança, da pena imposta mediante sentença, ainda que não tenha o trânsito
em julgado.

Desde a promulgação da CF de 1988, o STF adotava o entendimento de


ser possível a execução provisória da pena antes do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória. Em 2009, o posicionamento foi revisto no HC
84.078/MG, de relatoria do Min. Eros Grau, oportunidade em que mesmo o réu
sendo condenado em um Acórdão de Segunda Instância deveria aguardar o
trânsito em julgado do mesmo para que a pena aplicada tivesse o condão de
iniciar a execução. Entretanto, em 17 de fevereiro de 2016, revendo seu
posicionamento nos autos do HC 126.292/SP, o STF retornou ao seu antigo
entendimento, em votação acirrada, por maioria de votos (7x4), tendo como
relator o Min. Teori Zavascki, possibilitando a execução provisória da pena, sem
a necessidade de trânsito em julgado.

A decisão do STF em 2016 provocou muita polêmica, diante do


entendimento de muitos juristas de que deve prevalecer o princípio da presunção
da inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF/88, que diz: “LVII – ninguém
será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”.
NOVA POSIÇÃO DO STF: No dia 07/11/2019, o STF, ao julgar as ADCs (Ações
Declaratórias de Constitucionalidade) 43, 44 e 54 (Rel. Min. Marco Aurélio),
retornou para a sua segunda posição em placar apertado (6x5) e afirmou que o
cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os
recursos. Assim, É PROIBIDA A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. Vale
ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes
do esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que
seja proferida uma decisão judicial individualmente fundamentada, na qual o
magistrado demonstre que estão presentes os requisitos para a prisão preventiva
previstos no art. 312 do CPP. Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes
do trânsito em julgado, mas cautelarmente (preventivamente), e não como
execução provisória da pena. Principais argumentos: 1-O art. 283 do CPP, com
redação dada pela Lei nº 12.403/2011, prevê que “ninguém poderá ser preso
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em
julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão
temporária ou prisão preventiva.”. Esse artigo é plenamente compatível com a
Constituição em vigor. 2- O inciso LVII do art. 5º da CF/88, segundo o qual
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”, não deixa margem a dúvidas ou a controvérsias de interpretação.
3- É infundada a interpretação de que a defesa do princípio da presunção de
inocência pode obstruir as atividades investigatórias e persecutórias do Estado.
A repressão a crimes não pode desrespeitar e transgredir a ordem jurídica e
os direitos e garantias fundamentais dos investigados. A Constituição não pode
se submeter à vontade dos poderes constituídos nem o Poder Judiciário embasar
suas decisões no clamor público.
Importante ressaltar que a nova decisão do STF é vinculante, pois foi
proferida em ADC, que declarou a constitucionalidade do art. 283 do CPP.
Apesar de haver certa divergência doutrinária, prevalece que as decisões
proferidas pelo STF em ação declaratória de constitucionalidade possuem efeitos
vinculantes e erga omnes.
NO DIA 09 DE OUTUBRO DE 2003 FOI EDITADA A SÚMULA 716 DO
STF, PUBLICADA NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO EM 13/10/2003:
“ADMITE-SE A PROGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA OU
A APLICAÇÃO IMEDIATA DE REGIME MENOS SEVERO NELA
DETERMINADA, ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA
CONDENATÓRIA”. Diante da nova posição do STF adotada em 07/11/2019,
prevalece o entendimento que a Súmula 716 não mais produzirá efeitos.
POSIÇÃO RECENTE DO STF: O STF tem maioria de votos pelo entendimento
de que é possível o imediato cumprimento da pena depois da condenação pelo
Tribunal do Júri. Ainda não há definição sobre o alcance dessa definição: se
vale para qualquer pena aplicada no júri ou se só para as superiores a 15 anos
de reclusão. A DECISÃO OCORREU NO DIA 05 DE AGOSTO DE 2023.
No julgamento virtual da Corte, há seis votos no sentido de que é
constitucional iniciar a execução da pena ainda na pendência de recursos
no processo. Ainda não há maioria, no entanto, para definir se esse
procedimento pode ocorrer independentemente do tempo de pena
aplicado ou se só pode ser feita se o réu for condenado a pena menor
15 anos. O relator, Ministro Luís Roberto Barroso, votou no sentido de
que o cumprimento da pena pode começar após a decisão do júri qualquer
que seja a pena aplicada. Sua posição é seguida por outros quatro
ministros. O Ministro Edson Fachin votou no sentido de que é
constitucional a execução imediata da punição se a pena for acima de
15 anos, como prevê a legislação processual penal.

22 - SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL: Pode vir a ocorrer de o


condenado, durante a execução de uma pena privativa de liberdade, passar a
sofrer de doença ou perturbação mental. Em ambas as hipóteses duas soluções
são possíveis. A primeira, e mais simples, consiste em TRANSFERIR O DOENTE
AO HOSPITAL DE CUSTÓDIA OU TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO PARA
ATENDIMENTO ADEQUADO. A outra medida, que possui repercussões mais
severas e só deve ser adotada quando a superveniente falta de higidez mental
for considerável, é a CONVERSÃO DA PENA EM PRIVATIVA DE LIBERDADE
EM MEDIDA DE SEGURANÇA. Uma vez convertida a pena privativa de liberdade
em medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial), a execução
passa a ser regida pelos arts. 171 a 179 da LEP, isto porque, ao contrário da
transferência, a conversão é irreversível. Todavia, a sua duração não pode
ultrapassar o tempo fixado na condenação, até porque “a medida de segurança
substitutiva da pena, disciplinada no art. 183, da Lei de Execução Penal, não
tem relação com a prática do crime nem com a periculosidade que se presume
no inimputável. Pela prática criminosa, o imputável recebe a pena como
retribuição, enquanto ao inimputável se reserva o tratamento considerado
necessário a debelar a periculosidade de que, presume-se seja dotado. Se o
agente é considerado imputável e recebe a pena, a superveniência de doença
mental não tem o condão de retroagir seus efeitos, de modo a alterar o que
ficou decidido e transitou em julgado.

Assim, sobrevindo doença mental, opera-se a transferência do preso para


hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, porém, caso não seja instaurado
incidente de execução para conversão da pena em medida de segurança, ele
continuará cumprindo pena e, ao término dela, deverá ser liberado, mesmo que
não tenha recobrado a higidez mental. Da mesma forma, após o cumprimento
da pena, não mais poderá ser instaurado incidente para transformação em
medida de segurança. A única solução é fazer a transferência, e, caso seja
constatado o caráter duradouro da perturbação mental, proceder-se-á à
conversão em medida de segurança.

23- DETRAÇÃO PENAL - “Detrair” significa “abater o crédito de”.


DETRAÇÃO é a operação pela qual o juiz da execução computa, na pena privativa
de liberdade e na medida de segurança, o período em que o condenado: a) Esteve
preso provisoriamente, no Brasil ou no estrangeiro; b) Esteve preso
administrativamente; c) Esteve internado em Hospital de Custódia ou
Tratamento Psiquiátrico ou outro estabelecimento similar. Assim, DETRAÇÃO
PENAL é o cômputo (a subtração, o abatimento) na pena privativa de liberdade
e na medida de segurança do tempo de prisão provisória cumprida no Brasil ou
no estrangeiro, de prisão administrativa e o de internação em hospital de
custódia ou tratamento psiquiátrico. O CP disciplina a detração penal no art.
42:

“Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança,


o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão
administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos
referidos no artigo anterior” (“hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado”).

A expressão “PRISÃO PROVISÓRIA” refere-se à prisão em flagrante


(CPP, arts. 301 a 310), à preventiva (CPP, arts. 311 a 316), à prisão
determinada por sentença de pronúncia (CPP, art. 408) ou condenatória
recorrível (CPP, art. 393, I) e à prisão temporária (Lei n. 7.960, de
21.12.1989). Ressalte-se que o art. 319 do CPP, que previa a prisão
administrativa, não foi recepcionado pela CF/88 (art. 5º, LXVII, da CF),
permanecendo somente para os casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar (art. 5º, LXI, da CF).

MEDIDA DE SEGURANÇA- admite-se detração do tempo de prisão


provisória em relação ao prazo mínimo de internação. O exame de cessação de
periculosidade, portanto, será feito após o decurso do prazo mínimo fixado, menos
o tempo de prisão provisória. ENTENDE-SE INCABÍVEL A DETRAÇÃO, QUANDO
SE IMPÕE PENA DE MULTA NA SENTENÇA, ATÉ PORQUE O ART. 42 É
TAXATIVO E NÃO MENCIONA A POSSIBILIDADE DE DETRAÇÃO EM
RELAÇÃO À MULTA.

24- PRISÃO ESPECIAL: Pelo teor do art. 295 do CPP, observa-se que o direito
à prisão especial é consagrado, somente, às autoridades e pessoas previamente
delineadas na Lei, valendo dizer que os benefícios só subsistirão até o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória. Estando o réu com prisão temporária
ou preventiva decretada, sem condenação definitiva, fará ele jus ao benefício da
prisão especial, significando que o acusado deverá ser recolhido em local diferente
do destinado aos presos comuns. Mas, não havendo estabelecimento prisional
específico, poderá haver o seu recolhimento no presídio comum, desde que em
cela distinta dos demais detentos. Se detido em prisão especial, está na Lei, o
preso gozará de alguns privilégios inerentes à sua condição, como a proibição de
ser transferido juntamente com outros presos comuns. Como a Lei exige a
existência de um presídio exclusivo para acolher presos especiais e eles
praticamente inexistem, é costume nacional beneficiá-los com prisão domiciliar,
numa verdadeira afronta às regras processuais e ao princípio da igualdade,
consagrado na CF.

Ressalte-se que tramita no Congresso Nacional projeto de lei (já aprovado


no Senado), alterando o art. 295 do CPP, acabando com a prisão especial por
curso superior, mantendo apenas para algumas autoridades como juízes e
membros do Ministério Público da União. O mesmo projeto aumenta a idade para
obtenção de prisão domiciliar de 70 para 80 anos.

POSIÇÃO RECENTE DO STF SOBRE A PRISÃO ESPECIAL AOS PORTADORES


DE DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR: “É incompatível com a Constituição Federal
de 1988, por ofensa ao princípio da isonomia (CF/1988, arts. 3º, IV; e 5º,
caput), a previsão contida no inciso VII do art. 295 do Código de Processo Penal
que concede o direito à prisão especial, até decisão final definitiva, a pessoas
com diploma de ensino superior (INFORMATIVO 1089). ADPF 334/DF.
Julgamento virtual finalizado em 31.03.2023.

25- PRISÃO ALBERGUE DOMICILIAR - O art. 117 da LEP prevê quatro


hipóteses em virtude das quais o condenado que cumpre sua pena em regime
aberto poderá cumpri-la em residência particular, desde que seja: I - maior de
70 (setenta) anos; II - portador de doença grave, a exemplo do que ocorre
com os portadores do vírus do HIV; III - condenada com filho menor ou
deficiente físico ou mental; IV- condenada gestante. A doutrina e a
jurisprudência, em sua maioria, têm considerado como taxativas tais hipóteses,
evitando a ampliação do rol acima elencado.

A PRISÃO DOMICILIAR, portanto, prevista no art. 117 da LEP é


concedida aos condenados que se encontram em REGIME ABERTO. Dessa forma,
somente nas situações excepcionais taxativamente previstas no art. 117 da LEP,
plenamente justificadas em razão das condições pessoais dos condenados, é que
se admite o cumprimento da PPL em residência particular. Vale registrar que, a
jurisprudência do STJ entende que além dos caos previstos na LEP, também se
impõe o cumprimento da pena em prisão domiciliar quando não há vaga em
estabelecimento prisional próprio. Tais hipóteses referem-se apenas aos
condenados definitivos. Porém, a Lei 12.403/11 transplantou o instituto da
prisão domiciliar para a persecução penal, ou seja, atualmente, passou a ser
passível a decretação da prisão domiciliar em caráter cautelar, tanto na
investigação criminal quanto na instrução processual penal, desde que
preenchidos os requisitos legais. AS HIPÓTESES DE CABIMENTO DA
SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR DOMICILIAR estão no art.
318 do CPP, que é TAXATIVO e, não permite interpretação extensiva. De
acordo com o art. 318 do CPP, poderá o juiz substituir a PRISÃO PREVENTIVA
PELA DOMICILIAR QUANDO O AGENTE FOR: MAIOR DE 80 ANOS;
EXTREMAMENTE DEBILITADO POR MOTIVO DE DOENÇA GRAVE; DE IDADE
OU COM DEFICIÊNCIA; GESTANTE; MULHER COM FILHO DE ATÉ 12 ANOS
INCOMPLETOS; HOMEM, CASO SEJA O ÚNICO RESPONSÁVEL PELOS
CUIDADOS DO FILHO DE ATÉ 12 ANOS DE IDADE INCOMPLETOS.

É necessário que fique bem claro que, qualquer que seja a situação
prevista no art. 318 do CPP, a substituição traduz direito subjetivo do
encarcerado. Portanto, é um poder-dever conferido ao juiz. A prisão domiciliar
decretada durante a investigação criminal ou instrução processual penal, consiste
no recolhimento do (a) indiciado (a) ou acusado (a) em sua residência, só podendo
dela se ausentar com a devida autorização judicial.

26- LIMITE DE CUMPRIMENTO DA PENA (CP, ART. 75 – redação da


Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019):“O tempo de cumprimento das penas
privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. § 1º Quando
o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior
a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo
deste artigo”. Importante atentar para a Súmula 715 do STF: “A pena unificada
para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art.
75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios,
como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”.

27- CUMPRIMENTO DA PENA EM OUTRO ESTADO: As penas de


reclusão e de detenção impostas pela justiça de um Estado podem ser cumpridas
em estabelecimento de outro Estado ou da União (art. 85, Lei de Execução
Penal). É fundamental para o preso a proximidade de sua família, elemento que
favorece sua reintegração social. As visitas são, na prisão, a maior regalia. A
lei torna possível a transferência do condenado de um Estado para outro.

28-ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL: Nos termos do art. 61 da LEP, são


órgãos da EXECUÇÃO PENAL: I – O CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA
CRIMINAL E PENITENCIÁRIA (arts. 62 a 64 da LEP); II – O JUÍZO DA
EXECUÇÃO; III – O MINISTÉRIO PÚBLICO; IV- O CONSELHO
PENITENCIÁRIO; V- OS DEPARTAMENTOS PENITENCIÁRIOS; VI – O
PATRONATO; VII – O CONSELHO DA COMUNIDADE.

CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA: tem


sede na Capital da República e é subordinado ao Ministério da Justiça. Foi
instalado em junho de 1980, tem proporcionado, valioso contingente de
informações, de análises, de deliberações e de estímulo intelectual e material
às atividades de prevenção da criminalidade. Objetiva a implementação, em todo
o território nacional, de uma nova política criminal e, principalmente,
penitenciária, com base em periódicas avaliações do sistema criminal,
criminológico e penitenciário, bem como a execução de planos nacionais de
desenvolvimento quanto às metas e prioridades da política a ser executada. É
composto por treze (13) membros designados através de ato do Ministério da
Justiça, dentre professores de Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e
ciências correlatas, bem como por representantes da comunidade e dos
Ministérios da área social, todos com mandato de dois anos, renovado um terço
em cada ano.

JUÍZO DA EXECUÇÃO: a execução penal competirá ao juiz indicado na lei local


de organização judiciária e, na sua ausência, ao da sentença. Está disciplinado
no art. 66 da LEP.

MINISTÉRIO PÚBLICO: fiscalizará a execução da pena e da medida de


segurança, oficiando no processo executivo e nos incidentes da execução. Suas
atribuições estão previstas no art. 68 da LEP.

CONSELHO PENITENCIÁRIO: é órgão consultivo e fiscalizador da execução da


pena, integrado por membros nomeados pelo governador do Estado, do Distrito
Federal e dos Territórios, dentre professores de Direito Penal, Processual
Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por representantes da
comunidade, todos com mandato de quatro (04) anos. Está disciplinado no art.
70 da LEP.

DEPARTAMENTOS PENITENCIÁRIOS: A LEP criou o DEPARTAMENTO


PENITENCIÁRIO NACIONAL e o DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO LOCAL,
ambos com funções estabelecidas nos arts. 71 a 74 da referida legislação. O
Departamento Penitenciário Nacional é órgão executivo da Política Penitenciária
Nacional e de apoio administrativo e financeiro do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária e está subordinado ao Ministério da Justiça. Ressalte-
se que o art. 75 da LEP estabelece que o ocupante do cargo de diretor de
estabelecimento penal deverá ser portador de diploma de nível superior de
Direito, ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Serviços Sociais,
deve possuir experiência administrativa na área e ter idoneidade moral e
reconhecida aptidão para o desempenho da função.

PATRONATO: pode ser público ou particular e destina-se a prestar assistência


aos albergados e aos egressos. Possui atribuições previstas no art. 79 da LEP.
É o estabelecimento destinado a prestar assistência aos albergados e aos
egressos, imbuídos do propósito de orientar os condenados, à pena restritiva de
direitos. No levantamento feito pelo Portal Brasil (Poder Executivo Federal),
publicado em 30/07/2014, existem 16 em todo o Brasil, sendo um apenas para
o público feminino. Têm o poder de fiscalizar o cumprimento das penas de
prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, assim
como colaborar na fiscalização do cumprimento das condições da suspensão da
execução da pena e do livramento condicional.

CONSELHO DA COMUNIDADE: o art. 80 da LEP determina que haverá em


cada Comarca, um Conselho da Comunidade, composto, no mínimo por um
representante de associação comercial ou industrial, um advogado indicado pela
seção da OAB e um assistente social escolhido pela Delegacia Seccional do
Conselho Nacional de Assistentes Sociais. O parágrafo único desse mesmo artigo
estabelece que, na falta da representação prevista no caput, ficará a critério
do juiz da execução a escolha dos integrantes do Conselho. Suas atribuições
estão previstas no art. 81 da LEP.

REFERÊNCIAS

BÁSICAS
1- CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol. 1. São Paulo. Saraiva Jur,
27ª edição, 2023.
2- JESUS, Damásio E. de. Direito Penal, Parte Geral. Vol. 1 – atualizador:
André Estefam. São Paulo: Saraiva Jur, 37ª Edição, 2021.
3- MASSON, Cleber. Direito Penal; parte geral; esquematizado. Vol. 1, São
Paulo, Método, 17ª edição, 2023.
4- MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. Vol. 1. Gen/Atlas, 35ª
edição, 2021.
5- NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Gen/Forense, 19ª.
Edição, Rio de Janeiro, 2023.

COMPLEMENTARES Os presídios locais destinados às pessoas que ainda

6- ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Manual de Direito Penal. São Paulo, Saraiva


Jur, 15ª edição, 2021.

7- BARROS, Francisco Dirceu. Tratado Doutrinário de Direito Penal – Vol. 1:


Parte Geral, 2ª. edição, Editora JH Mizuno, 2021.

8- BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas (em italiano Dei Delitti e dele
pene). Originalmente publicado em 1764.

9- BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, Parte Geral- Vol. 1. São
Paulo, Saraiva Jur, 29ª. edição, 2023.

10- CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal – Parte Geral. Volume único.
Salvador. Bahia, Editora JusPodivm, 12ª edição, 2023.

11- CUNHA, Rogério Sanches. Código Penal para concursos. Salvador. Bahia,
Editora JusPodivm, 16ª edição, 2023.

12- ESTEFAM, André. Direito penal: Parte Geral – Vol. 1. São Paulo, Saraiva
Jur, 12ª edição, 2023.

13- GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Vol. 1. Rio de Janeiro. Editora Gen/Atlas,
25ª, Edição, 2023.

14- GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. Rio de Janeiro. Editora Atlas,
16ª. edição, 2023.

15- MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. São Paulo, Editora Método,
11ª. edição, 2023.

16- NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. Rio de Janeiro.


Editora Thoth, 23ª edição, 2023.

17- PRADO, LUIZ REGIS. Curso de Direito Penal Brasileiro – 21ª. Edição ––
Editora Thoth, Londrina-PR, 2023.

Você também pode gostar