do tempo de prisão ou de internação que o condenado cumpriu antes da condenação (art. 42 CP). Com a Lei 12.736/12, todo o tempo de privação de liberdade anterior à prolação da sentença condenatória deverá ser computado pelo magistrado sentenciante (art. 387§2ºCPP) para definição do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade. A competência para aplicação da detração penal cabia ao Juízo das Execuções, agora, tal competência passou a ser do Juízo da Condenação que já deverá se manifestar sobre tal quando da sentença penal condenatória. NATUREZA JURÍDICA DA DETRAÇÃO
A DETRAÇÃO é uma medida compensatória
que visa impedir excesso na execução da pena. Tal “medida compensatória” ao individualizar e definir o regime inicial de cumprimento de pena assume natureza material, devendo incidir sobre fatos anteriores, pela retroatividade da norma penal mais benéfica. DOSIMETRIA DA PENA O juiz da fase de conhecimento, após fazer a dosimetria da pena, nos termos do art. 68 CP, estabelecerá o regime cabível, de acordo com a pena fixada. Após, nos termos do art. 387§2ºCPP, fixará regime mais brando se o tempo de prisão cautelar for superior ao lapso para a primeira progressão de regime. Caso o tempo de prisão cautelar do réu for inferior ao lapso necessário para a primeira progressão de regime, o juiz constará tal conclusão sem alterar o regime inicial fixado na etapa anterior, para ser analisado pelo juízo da execução. REGIME INICIAL VERSUS PROGRESSÃO 1) O regime inicial de cumprimento de pena remete ao regime que se dará o início do cumprimento da reprimenda (fechado, semiaberto e aberto); 2) A progressão de regime considera tanto o regime inicial de cumprimento de pena com também o montante da pena e o comportamento do indivíduo INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 12.736? - Art. 5º, XLVI: “ A lei regulará a individualização da pena”: Tal individualização passa por um plano abstrato (cominação de penas aos delitos), outro concreto (aplicação da pena ao agente criminoso na sentença penal condenatória) e a execução penal – a LEP prevê toda a cadeia evolutiva de benefícios a serem concedidos ao condenado durante o cumprimento da pena – ao menos 1/6 da pena para progressão e o bom comportamento carcerário. LEI 12.736 E REGRESSÃO
Existe entendimento doutrinário e
jurisprudencial no sentido de não ser permitida a regressão, durante a execução da pena, para um regime pior do que aquele fixado na sentença condenatória. Como ficará a regressão p o preso condenado no regime aberto? VEDAÇÃO A PROTEÇÃO DEFICIENTE
A proibição de proteção deficiente é
importante na aplicação dos direitos fundamentais de proteção, ou seja, na perspectiva do dever de proteção, que se consubstancia naqueles casos em que o Estado não pode abrir mão da proteção do Direito Penal para garantir a proteção de um direito fundamental. HIPÓTESES:
Prisão provisória no Brasil ou no estrangeiro;
Prisão administrativa;
Internação em casas de saúde.
PRISÃO PROVISÓRIA É toda aquela que antecede uma sentença penal condenatória transitada em julgado e podem ser: a)Prisão em flagrante (artigos 301 a 310) b)Prisão preventiva (artigos 311 a 316) c)Prisão temporária Lei 7.960/89 d)Prisão em razão de pronúncia e)Prisão em razão de sentença condenatória Com a Lei 12.234/10, passaram a ser tratadas por “Prisões Cautelares”. FLAGRANTE (ART.301CPP) Flagrante vem de flagrare que significa queimar. Flagrante é uma qualidade do delito, é o delito que está sendo cometido. -Natureza Jurídica: a) Ato administrativo: pq dispensa ordem judicial; b) Prisão cautelar: pq antecede sentença penal condenatória transitada em julgado; c) Medida precautelar: pq visa colocar o conduzido a disposição do juiz para ele decidir... ART. 301 CPP a)Flagrante facultativo: Qualquer um do povo poderá prender quem se encontre em estado de flagrante delito. b)Flagrante compulsório: A Autoridade Policial e seus agentes deverão prender quem for encontrado em flagrante delito, uma vez que em razão do disposto no art. 13§2º assumem a condição de garantidores. ART. 302 CPP – PRISÃO EM FLAGRANTE a)Flagrante próprio, perfeito ou verdadeiro (artigo 302 I e II CPP): Quando o agente está cometendo a infração penal, ou quando o agente acabou de cometê-la (quase flagrante). b)Flagrante impróprio, irreal ou imperfeito (art.302, III CPP) Quando o agente é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor de infração. Enquanto durar a perseguição, o agente estará em estado de flagrância, não importando o tempo desta. c)Flagrante presumido (art.302, IV CPP): Quando o agente é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração penal (flagrante ficto). Os incisos do art.302 CPP são taxativos. A expressão “logo depois” reclama a relação de imedialidade entre a prática da infração e a captura do agente. As expressões “logo depois” e “logo após” devem ser interpretadas restritivamente, não se admitindo ampliação. ART. 303 CPP – CRIMES PERMANENTES
Nos crimes permanentes a consumação se
prolonga no tempo e, enquanto durar a permanência, perdurará o estado de flagrância. Crimes permanentes são aqueles que causam uma situação danosa ou perigosa que se prolonga no tempo. FLAGRANTE PREPARADO OU PROVOCADO Súmula 145 STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. No flagrante preparado, o agente é estimulado ou induzido, pela vítima, ou pela polícia, a cometer a infração penal com a finalidade de prendê-lo. (É o crime putativo por obra do agente provocador, também conhecido por crime de ensaio, de experiência ou provocado). FLAGRANTE - TÓXICOS “O tráfico ilícito de entorpecentes é um crime de ação múltipla, estando prevista no bojo do tipo penal a conduta ter em depósito, de modo que o acusado mantinha as drogas em depósito antes da simulação de compra feita pelos agentes policiais, inviável reconhecimento do crime impossível em razão do flagrante preparado. Precedentes do STJ e do STF.” (HC 10317/SP, 5ªT. Min. Napoleão Nunes Mais Filho – DJ 28/10/08) FLAGRANTE ESPERADO
No flagrante esperado não há qualquer
estimulação ao agente. A polícia tendo conhecimento de que o crime irá acontecer se posiciona a fim de evitá-lo. O agente poderá responder por crime tentado. FLAGRANTE DIFERIDO OU PRORROGADO Lei 9.304/95 – Combate ao Crime Organizado O flagrante diferido diz respeito a situação em que os policiais, encontrando um suspeito da prática de crimes vinculados à lei em questão, em situação de flagrante, deixem de prendê-lo, imediatamente, mantendo-o sob observação e acompanhamento, com vistas a alcançar também os demais membros da organização criminosa. Lei 11.343/06 - art. 53: O MP tem de ser ouvido e com autorização judicial FLAGRANTE FORJADO, MAQUINADO OU URDIDO
Não se trata de flagrante, mas sim de abuso
de autoridade (Javanesa). Forjar significa adulterar ou falsificar, sendo assim podemos conceituar o flagrante forjado como aquele em que a situação de flagrância foi fabricada por terceiro, no intuito de incriminar pessoa inocente. A pessoa responderá ou por denunciação caluniosa (art. 342 CP), ou abuso de autoridade. PRISÃO PREVENTIVA
Medida cautelar pessoal prevista nos artigos
311 a 316 CPP Pressupostos: a)Natureza da infração (delitos apenados com reclusão, incabível nos crimes culposos) b)Probabilidade de condenação (fumus boni juris) c)Perigo na demora (periculum in mora) d)Controle jurisdicional prévio PRISÃO PREVENTIVA
Momento da decretação: Em qualquer fase do IP
Durante a instrução processual: desde o
ajuizamento da ação penal até o término de coleta de provas (artigos 402, 411§2º e 533 CPP) Perdura pelo tempo que for necessária (81 dias) PRESSUPOSTOS DA P. PREVENTIVA Art. 312 CPP a)Prova da existência do crime: Certeza de que ocorreu uma infração penal. b)Indícios suficientes de autoria: É a fundada suspeita de que o investigado (indiciado ou réu) é o autor da infração penal. FUNDAMENTOS OU OBJETIVOS (ART. 312 CPP)
a)Garantia da ordem pública;
b)Garantia da ordem econômica; c)Conveniência da instrução criminal; d)Para assegurar a aplicação da lei penal: A)GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA Gravidade da infração + repercussão social + periculosidade do agente. “Desde que a permanência do réu, livre e solto possa dar motivo a novos crimes, ou causa repercussão danosa e prejudicial ao meio social é cabível a decretação de sua prisão” (TJSP, JTJ 240/330 e 336). B)GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA
Incluída pela Lei Antitruste (Lei 8.884/94);
Aplica-se nos casos da Lei 8.137/90 (Crimes contra a ordem tributária). C)CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
A atuação do agente perturbando o
desenvolvimento de instrução criminal, com a colheita de provas, é motivo para se ensejar a decretação da prisão preventiva. Ex.: ameaça a testemunhas (art. 344 CP) D)PARA ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL
Assegurar a finalidade útil do processo para
que o Estado possa exercer seu jus puniendi. DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA Art. 313 CPP A p.p., de acordo com a Lei 12.403/11 só será decretada : I – Nos crimes dolosos punidos com pena privativa máxima superior a 04 anos; II – se o agente tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o art. 64 I CP III – Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. Pu – no caso de dúvida sobre a identidade do agente. P. PREVENTIVA NÃO SERÁ DECRETADA
Art. 314 CPP
Não cabe p.p. nos casos de exclusão da ilicitude (art.23 CP): Estado de necessidade
Legítima defesa
E.C.D.L. ou E.R.D. PRISÃO TEMPORÁRIA LEI 7960/89
Lei 7960/89 – veio substituir a prisão para
averiguação Visa assegurar uma eficaz investigação policial, quando se tratar de apuração de infração penal de natureza grave Temos de conjugar os incisos I e II com o III do art.1º da Lei 7.960/9 O inciso III é taxativo HIPÓTESES DA PRISÃO TEMPORÁRIA Inciso I (aquele imprescindível para as investigações do inquérito policial) com o III; Inciso II (quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade) com o III; O art2º§ 4º da Lei 8072/90 possibilitou a decretação da prisão temporária a todos os delitos hediondos e equiparados. PRAZOS DA PRISÃO TEMPORÁRIA
A P.T. terá o prazo máximo de 05 dias,
prorrogáveis, uma vez, por igual período, no caso de extrema e comprovada necessidade. Crimes hediondos: 30 dias, prorrogáveis por outros 30 (art. 2º §4º da Lei 8072/90) Findo o prazo, o agente tem de ser, automaticamente, colocado em liberdade. PRISÃO POR VÁRIOS DELITOS Art. 111 da LEP: Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo, ou em processos diferentes, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. “Para aplicação do princípio da detração penal deve existir um nexo de causalidade entre a prisão provisória e a pena privativa de liberdade”. - Damásio PRISÃO ADMINISTRATIVA
Prisão administrativa não se confunde com a
prisão civil stricto sensu, não tem natureza penal e pode decorrer de infração disciplinar, hierárquica, ou mesmo de infrações praticadas por particulares, nacionais ou estrangeiros contra a Administração Pública” - Bitencourt Mirabete, Greco e Delmanto: cabe detração.
Bitencourt: não cabe detração.
INTERNAÇÃO EM CASAS DE SAÚDE
Hospitais de custódia e tratamento
psiquiátrico. A detração se refere ao tempo que o juiz determinou para a realização do primeiro exame de cessação de periculosidade. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO
Por interpretação analógica, a detração
penal será cabível nas penas restritivas de direitos, como limitação de fim de semana e prestação de serviços à comunidade.