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DIREITO PROCESSUAL PENAL

ATIVIDADE PERSECUTÓRIA:
AULA 04: PRISÃO CAUTELAR NO PROCESSO PENAL E
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS, RELAXAMENTO DA
PRISÃO ILEGAL E LIBERDADE PROVISÓRIA
1) ESPÉCIES DE PRISÃO CAUTELAR NO PROCESSO PENAL
I. ESPÉCIES DE PRISÃO CAUTELAR: existem seis tipos de prisão cautelar.
a) PRISÃO EM FLAGRANTE: medida restritiva de liberdade, de natureza
cautelar e administrativa, que não exige ordem escrita do juiz
b) PRISÃO PREVENTIVA: medida cautelar, restritiva de liberdade,
determinada pelo Juiz em qualquer fase do inquérito ou da instrução
criminal.
c) PRISÃO TEMPORÁRIA: busca assegurar uma eficaz investigação policial.
d) PRISÃO DOMICILIAR: destinada à presos já condenados, que estejam
em regime aberto e se enquadrem em alguma situações (Art. 117 da LEP)
e) PRISÃO DECORRENTE DE PRONÚNCIA: só pode ser decretada em
meio à instrução processual e no momento da prolação da pronúncia.
f) PRISÃO DECORRENTE DE SENTENÇA CONDENATÓRIA
RECORRÍVEL: execução provisória da prisão criminal antes do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória.
b) PRISÃO PREVENTIVA: é medida extrema e excepcional, sendo justificada
a constrição cautelar do indivíduo somente em razão de estarem presentes os
requisitos autorizadores consagrados no Art. 312 do CPP/41 e desde que não
sejam cabíveis as medidas cautelares diversas da prisão.
o ART. 312 CPP/41: “A PRISÃO PREVENTIVA poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria”.

▪ MOMENTO: poderá ser imposta ao agente durante a Fase da Investigação


ou a Fase da Ação Penal.
➢ DURANTE A INVESTIGAÇÃO: poderá ser imposta por: a)
Representação da Autoridade Policial; b) Requerimento do Ministério
Público; c) Requerimento do Ofendido (nos crimes de Ação Penal
Privada). OBS) Não poderá ser decretada de ofício pelo Juiz.
➢ DURANTE A AÇÃO PENAL: poderá ser imposta pelo: a) JUIZ DE
OFÍCIO; b) Requerimento do Ministério Público; c) Requerimento do
Querelante; d) Requerimento do Assistente da Acusação.
o ART. 312 CPP/41: “A PRISÃO PREVENTIVA poderá ser decretada como
(1) garantia da ordem pública, (2) da ordem econômica, (3) por
conveniência da instrução criminal, ou (4) para assegurar a aplicação da
lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente
de autoria”.

1) GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA: expressão vaga e indeterminada.


❑ RENATO BRASILEIRO: a ordem pública deve ser compreendida como o
risco considerável de reiteração de crimes pelo agente caso
permaneça em liberdade, seja porque se trata de sujeito propenso à
prática criminosa ou porque teria os mesmos estímulos relacionados
com o delito cometido caso esteja solto.
❑ GUILHERME NUCCI: a ordem pública é a junção dos fatores gravidade
concreta da infração + repercussão social + periculosidade do agente.
❑ AURY LOPES JÚNIOR: defende a inconstitucionalidade dessa expressão
ao argumento de que, por sua vagueza, presta-se a qualquer senhor
diante da sua maleabilidade conceitual.
2) GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA: expressão vaga e
indeterminada, como o anterior. É aplicado sempre que houver o risco de
reiteração criminosa em crimes contra a ordem econômica e financeira.

3) CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL: para garantir que o


agente não intervenha de forma negativa na produção da prova, seja
ameaçando testemunhas, suprimindo documentos ou alterando o local do
crime. Finda a instrução probatória e se não houver outro motivo que
justifique a constrição cautelar o agente deve ser colocado em liberdade.

4) ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL: deve ser decretada sempre


que houver indícios concretos de que o suspeito ou réu pretende fugir do
distrito da culpa.
▪ REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE: Somente se admite a Prisão
Preventiva se preenchido um dos seguintes requisitos listados abaixo.
Ressalte-se que tais requisitos são não cumulativos, de modo que basta o
preenchimento de apenas um deles para que possa ser decretada a Prisão
Preventiva.
o ART. 313 CPP/41: “Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva: (1) I - nos crimes dolosos punidos com pena
privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; (2) II - se tiver sido
condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado
o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Código Penal; (3) III - se o crime
envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas
protetivas de urgência. Parágrafo único. (4) Também será admitida a prisão
preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando
esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra
hipótese recomendar a manutenção da medida”.
o ART. 314 CPP/41: (5) “A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o
juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas
condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Código Penal”.
1) NOS CRIMES DOLOSOS PUNIDOS COM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
MÁXIMA SUPERIOR A 4 ANOS: é justificado pelo Princípio da
Proporcionalidade e da Homogeneidade, haja vista que, em regra, não havendo
violência ou grave ameaça à pessoa, caberá substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos nos crimes cuja pena máxima não seja
superior a 4 anos. Mão cabe Prisão Preventiva em crimes culposos e em
contravenções penais.
2) SE O AGENTE TIVER SIDO CONDENADO POR OUTRO CRIME DOLOSO,
EM SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO, RESSALVADO O DISPOSTO NO
ART. 64, I, DO CP/40: sendo o réu REINCIDENTE EM CRIME DOLOSO caberá a
prisão preventiva, exceto se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver transcorrido o interregno de 5 anos. Caso o réu seja
reincidente específico em crime doloso e presente um dos fundamentos do art.
312 do CPP/41, poderá ser decretada a prisão preventiva.
3) SE O CRIME ENVOLVER VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER, CRIANÇA, ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA COM
DEFICIÊNCIA, PARA GARANTIR A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS
PROTETIVAS DE URGÊNCIA: nesse caso, a Prisão Preventiva visa dar
efetividade à medida protetiva aplicada anteriormente e independe da
quantidade de pena aplicada.
4) TAMBÉM SERÁ ADMITIDA A PRISÃO PREVENTIVA QUANDO HOUVER
DÚVIDA SOBRE A IDENTIDADE CIVIL DA PESSOA OU QUANDO ESTA NÃO
FORNECER ELEMENTOS SUFICIENTES PARA ESCLARECÊ-LA: CUIDADO!
Antes de decretar a Prisão Preventiva o juiz deve submeter o agente à
Identificação Criminal (Lei nº 12.037/09). Os Tribunais Superiores entendem que
constitui CRIME DE FALSA IDENTIDADE o fato de o agente identificar-se com
nome falso (Súmula 522 do STJ).
5) A PRISÃO PREVENTIVA EM NENHUM CASO SERÁ DECRETADA SE O JUIZ
VERIFICAR PELAS PROVAS CONSTANTES DOS AUTOS TER O AGENTE
PRATICADO O FATO NAS CONDIÇÕES PREVISTAS NOS INCISOS I, II E III
DO CAPUT DO ART. 23 DO CÓDIGO PENAL: CUIDADO! consagra uma
hipótese na qual não se admitirá a prisão preventiva, que é quando o juiz
constatar que o agente praticou o crime acobertado por uma das CAUSAS
EXCLUDENTES DE ILICITUDE. A doutrina entende que, por analogia, também
não deve ser admitida a prisão preventiva quando houver uma causa
EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE.
OBS) DIFERENCIAÇÃO ENTRE EXCESSO DE PRAZO PROVOCADO PELA
ATUAÇÃO DA ACUSAÇÃO PELA INÉRCIA DO PODER JUDICIÁRIO E PELA
DEFESA: Súmula nº 64 do STJ: adverte que não constitui constrangimento ilegal o
excesso de prazo na instrução provocado pela defesa.
c) PRISÃO TEMPORÁRIA: é constrição cautelar do agente decretada pela
AUTORIDADE JUDICIÁRIA durante a fase investigatória, com prazo
predefinido em lei e desde que observado os requisitos delineados no art. 1º
da Lei 7.690/89:
o ART. 1º LEI 7.690/89: “Caberá prisão temporária: (1) I - quando imprescindível
para as investigações do inquérito policial; (2) II - quando o indicado não tiver
residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua
identidade; (3) III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos
seguintes crimes:...”.

1) QUANDO IMPRESCINDÍVEL PARA AS INVESTIGAÇÕES DO INQUÉRITO


POLICIAL: significa que a prisão temporária não é admitida, em nenhuma
hipótese, durante a ação penal. Recebida a denúncia, a prisão temporária não
pode mais ser decretada.
2) QUANDO O INDICIADO NÃO TIVER RESIDÊNCIA FIXA OU NÃO
FORNECER ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO ESCLARECIMENTO DE SUA
IDENTIDADE: a prisão preventiva poderá ser decretada quando não houver
nenhum endereço em que o agente possa ser encontrado, bem como quando não
houver elementos necessários para identificá-lo.
3) QUANDO HOUVER FUNDADAS RAZÕES, DE ACORDO COM
QUALQUER PROVA ADMITIDA NA LEGISLAÇÃO PENAL, DE
AUTORIA OU PARTICIPAÇÃO DO INDICIADO NOS SEGUINTES
CRIMES: esse rol é taxativo:

OBS) Também será cabível a decretação da Prisão Temporária para os


Crimes Hediondos e Equiparados (tráfico de drogas, tortura e terrorismo).
(Art. 3º Lei nº 8.072/90).
• PRAZO (LEI Nº 7.690/89): diante de requerimento do Ministério Público
ou representação da Autoridade Policial, o juiz decretará a Prisão
Temporária do agente pelo PRAZO MÁXIMO DE 5 DIAS, prorrogável
somente uma única vez por igual período se comprovada extrema
necessidade. Tratando-se de Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) o
PRAZO MÁXIMO SERÁ DE 30 DIAS, também prorrogável somente uma
única vez por igual período se comprovada extrema necessidade.

• ULTRAPASSADO O PRAZO: caso ultrapassado período de 5 dias (ou 30


dias, se hediondo), o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade,
salvo se já tiver sido decretada prisão preventiva em seu desfavor.

• DECRETAÇÃO DE OFÍCIO PELO JUIZ: a prisão temporária NÃO pode


ser decretada de ofício pelo Juiz.
d) PRISÃO DOMICILIAR: é o recolhimento do indiciado ou acusado em sua
residência, somente podendo dela ausentar-se com autorização judicial. A
prisão domiciliar é hipótese de substituição da prisão preventiva por razões
de natureza humanitária. Suas hipóteses de aplicação estão disciplinadas no
Art. 318 do CPP/41.
o ART. 318 CPP/41: “Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar
quando o agente for: (1) I - maior de 80 (oitenta) anos; (2) II - extremamente
debilitado por motivo de doença grave; (3) III - imprescindível aos cuidados
especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; (4) IV -
gestante; (5) V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (6)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12
(doze) anos de idade incompletos. Parágrafo único. Para a substituição, o juiz
exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo”.

1) MAIOR DE 80 ANOS: será cabível a prisão domiciliar quando o agente ostentar


mais de 80 anos e estiver fragilizado, razão pela qual a manutenção do cárcere é
medida desarrazoada.
2) EXTREMAMENTE DEBILITADO POR MOTIVO DE DOENÇA GRAVE: caso o
agente esteja extremamente debilitado por motivo de doença grave e não haja a
possibilidade de o tratamento realizar-se no estabelecimento prisional.
3) IMPRESCINDÍVEL AOS CUIDADOS ESPECIAIS DE PESSOA MENOR DE 6
ANOS DE IDADE OU COM DEFICIÊNCIA: será possível a concessão de prisão
domiciliar quando o agente, seja homem ou mulher, for imprescindível aos
cuidados de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência. Para a configuração
dessa hipótese deve-se provar que não há nenhuma outra pessoa responsável
pelos cuidados dessa criança ou desse deficiente.
4) GESTANTE: será cabível a prisão domiciliar à gestante quando o
estabelecimento prisional não possuir condições de oferecer um tratamento
compatível e adequado à gravidez.
5) MULHER COM FILHO DE ATÉ 12 ANOS DE IDADE INCOMPLETOS:
acrescida pelo Marco Civil da Primeira Infância (Lei nº 13.257/16), e tem como
fundamento o melhor interesse da criança. (*)
6) HOMEM, CASO SEJA O ÚNICO RESPONSÁVEL PELOS CUIDADOS DO
FILHO DE ATÉ 12 ANOS DE IDADE INCOMPLETOS: não havendo nenhuma
outra pessoa responsável pelos cuidados de criança (até 12 anos) será cabível a
prisão domiciliar.
OBS) em todas as hipóteses, o ônus da prova do preenchimento dos requisitos
supramencionados recai sobre o possível beneficiário da prisão domiciliar
2) MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO
d) LEI Nº 12.403/11: ampliou o rol de medidas cautelares diversas a fim de
que o magistrado possa aplicar a medida mais adequada ao caso concreto. O
magistrado poderá aplicar uma das nove medidas cautelares diversas
consagradas no art. 319 do CPP/41:
o ART. 319 CPP/41: “São medidas cautelares diversas da prisão: (1) I - comparecimento
periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades; (2) II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses
locais para evitar o risco de novas infrações. (3) III - proibição de manter contato com pessoa
determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela
permanecer distante; (4) IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja
conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; (5) V - recolhimento domiciliar no
período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e
trabalho fixos; (6) VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de
infrações penais; (7) VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados
com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; (8) VIII - fiança, nas infrações
que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu
andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; (9) IX - monitoração
eletrônica”.
1) COMPARECIMENTO PERIÓDICO EM JUÍZO, NO PRAZO E NAS
CONDIÇÕES FIXADAS PELO JUIZ, PARA INFORMAR E JUSTIFICAR
ATIVIDADE: o agente deverá comparecer perante a secretaria do juízo
para informar a sua localização e eventual atividade que esteja exercendo.
Não há determinação acerca da periodicidade em que o sujeito deverá
comparecer ao fórum, de modo que o juiz deverá fixar o prazo conforme o
caso concreto.
2) PROIBIÇÃO DE ACESSO OU FREQUÊNCIA A DETERMINADOS
LUGARES QUANDO, POR CIRCUNSTÂNCIAS RELACIONADAS AO
FATO, DEVA O INDICIADO OU ACUSADO PERMANECER DISTANTE
DESSES LOCAIS PARA EVITAR O RISCO DE NOVAS INFRAÇÕES: visa
afastar o agente de determinado local relacionado à prática criminosa,
podendo se tratar de ambientes públicos ou particulares.
3) PROIBIÇÃO DE MANTER CONTATO COM PESSOA DETERMINADA
QUANDO, POR CIRCUNSTÂNCIAS RELACIONADAS AO FATO, DEVA
O INDICIADO OU ACUSADO DELA PERMANECER DISTANTE: visa
evitar a reiteração criminosa e também resguardara prova testemunhal,
bem como proteger a integridade corporal da vítima.
4) PROIBIÇÃO DE AUSENTAR-SE DA COMARCA QUANDO A
PERMANÊNCIA SEJA CONVENIENTE OU NECESSÁRIA PARA A
INVESTIGAÇÃO OU INSTRUÇÃO: visa resguardar a prova e evitar a fuga
do agente, sendo que a proibição de ausentar-se do país será comunicada
pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território,
intimando-se o agente para a entrega do passaporte no prazo de 24 horas.
5) RECOLHIMENTO DOMICILIAR NO PERÍODO NOTURNO E NOS
DIAS DE FOLGA QUANDO O INVESTIGADO OU ACUSADO TENHA
RESIDÊNCIA E TRABALHO FIXOS: essa medida é menos gravosa que a
prisão preventiva e a prisão domiciliar e funda-se no senso de
responsabilidade do imputado. Além de permitir que o agente continue a
exercer o seu labor, essa medida visa tutelar a prova e também evitar o
risco de fuga.
6) SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA OU DE
ATIVIDADE DE NATUREZA ECONÔMICA OU FINANCEIRA QUANDO
HOUVER JUSTO RECEIO DE SUA UTILIZAÇÃO PARA A PRÁTICA DE
INFRAÇÕES PENAIS: deve ser imposta quando houver indícios de que o
agente se utiliza de sua função pública ou de sua atividade de natureza
econômica ou financeira para a prática do delito.
7) INTERNAÇÃO PROVISÓRIA DO IMPUTADO NAS HIPÓTESES DE
CRIMES PRATICADOS COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA,
QUANDO OS PERITOS CONCLUÍREM SER INIMPUTÁVEL OU SEMI-
IMPUTÁVEL E HOUVER RISCO DE REITERAÇÃO: nos crimes
praticados com violência ou grave ameaça e quando houver risco de
reiteração, constatada a inimputabilidade ou semi-imputabilidade do
agente pelo perito.
8) FIANÇA, NAS INFRAÇÕES QUE A ADMITEM, PARA ASSEGURAR O
COMPARECIMENTO A ATOS DO PROCESSO, EVITAR A OBSTRUÇÃO
DO SEU ANDAMENTO OU EM CASO DE RESISTÊNCIA
INJUSTIFICADA À ORDEM JUDICIAL: será abordado na aula de
liberdade provisória.
9) MONITORAÇÃO ELETRÔNICA (TORNOZELEIRA ELETRÔNICA):
consiste na fixação de um dispositivo de monitoração eletrônica junto o
corpo do imputado a fim de que se conheça exatamente a sua localização.
É uma forma de controle muito utilizada, especialmente em razão do
avanço da tecnologia e da popularização do GPS.
3) RELAXAMENTO DA PRISÃO ILEGAL
4) NOÇÕES GERAIS (LIBERDADE PROVISÓRIA)
I. LIBERDADE COMO REGRA: a liberdade é a regra, sendo a prisão
excepcionalmente justificada pelas circunstâncias fáticas do caso
concreto (Art. 5º, LXVI, CF/88). Assim, o juiz deverá motivar a decisão
judicial com base em ELEMENTOS CONCRETOS DO FATO, IGNORANDO
a gravidade abstrata do delito, o clamor público ou a sensação de
insegurança que a liberdade de determinado agente eventualmente
poderá causar na sociedade.

o Art. 5º, LXVI, CF/88: “ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”.

II. ILEGAL: Jurisprudência dos Tribunais Superiores no sentido de que a


decretação ou manutenção da prisão com base apenas na gravidade em
abstrato do delito é passível de REVOGAÇÃO.
5) LIBERDADE PROVISÓRIA
I. CONCEITO: Liberdade Provisória é o estado de liberdade, circunscrito
em condições, que impede ou substitui a prisão cautelar, atual ou
iminente.
II. CABIMENTO: apenas na prisão em flagrante, quando:
A. AUSENTES OS REQUISITOS QUE AUTORIZAM A DECRETAÇÃO DA
PREVENTIVA (Art. 321 CPP/41: “Ausentes os requisitos que autorizam a
decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade
provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art.
319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste
Código”).
B. PRESENTES EXCLUDENTES DE ILICITUDE (Art. 310, Parágrafo Único,
CPP/41: “Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o
agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do
caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de revogação”).
III. MODALIDADES DE CONCESSÃO:

A. LIBERDADE PROVISÓRIA COM VINCULAÇÃO


(FIANÇA): todo delito é afiançável, salvo os crimes de
racismo, tortura, tráfico, terrorismo, hediondos, delitos
cometidos por grupos armados civis ou militares e contra o
Estado Democrático de Direito (Art. 323 CPP/41).
o Art. 323 CPP/41: “Não será concedida fiança: I - nos
crimes de racismo; II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos
definidos como crimes hediondos; III - nos crimes
cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático”.

B. LIBERDADE PROVISÓRIA SEM VINCULAÇÃO


(FIANÇA): possibilidade do juiz entender desnecessária
ou inadequada a imposição de qualquer medida cautelar,
inclusive a fiança.
IV. RESTRIÇÕES:

A. CRIMES HEDIONDOS E ASSEMELHADOS (TRÁFICO,


TORTURA E TERRORISMO): estas infrações não admitem
a prestação de fiança; contudo, por força da Lei n°
11.464/2007, alterando o art. 2°, II, da Lei n° 8.072/1990,
passaram a admitir liberdade provisória sem fiança.

B. ESTATUTO DO DESARMAMENTO: o STF, apreciando a


ADI-3137, declarou que as infrações agora admitem
liberdade provisória sem fiança.

V. SISTEMA RECURSAL: da CONCESSÃO de liberdade provisória cabe


Recurso em Sentido Estrito (RESE). Já a DENEGAÇÃO do instituto é
irrecorrível, razão pela qual cabível HABEAS CORPUS.
VI. HIPÓTESES SUBSIDIÁRIAS DE CABIMENTO:

A. DISPENSA DA PRESTAÇÃO DE FIANÇA ÀQUELES QUE


SEJAM CONSIDERADOS HIPOSSUFICIENTES (Art. 350
CPP/41: “os casos em que couber fiança, o juiz, verificando
a situação econômica do preso, poderá conceder-lhe
liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes
dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas
cautelares, se for o caso”).
B. AQUELE SURPREENDIDO QUANDO DA PRÁTICA DE
INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (Art.
69. Parágrafo Único, Lei nº 9.099/95: “Ao autor do fato
que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se
exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar,
domicílio ou local de convivência com a vítima”).
6) LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA
I. CONCEITO: a FIANÇA é uma caução (garantia real) para acautelar o
cumprimento das obrigações do afiançado. Já a LIBERDADE PROVISÓRIA
MEDIANTE FIANÇA é o direito subjetivo do beneficiário, que atenda aos
requisitos legais e assuma as respectivas obrigações, de permanecer em
liberdade durante a persecução penal mediante o pagamento de fiança.
II. CABIMENTO: a fiança poderá ser concedida durante o inquérito policial
e até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória
III. OBJETIVOS:
A. Obter a presença do agente a todos os atos da persecução penal,
evitando-se os efeitos deletérios do cárcere preliminar.
B. Com a condenação, objetiva-se também garantir a execução da pena.
C. Ocorrida condenação, o valor prestado ainda vai servir como
indenização à vítima, o pagamento das custas processuais, da
prestação pecuniária e de eventual multa (Art. 336, CAPUT, CPP).
IV. VALOR DA FIANÇA:
A. DE 1 (UM) A 100 (CEM) SALÁRIOS MÍNIMOS: quando se
tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau
máximo, não for superior a 4 (quatro) anos.
B. DE 10 (DEZ) A 200 (DUZENTOS) SALÁRIOS MÍNIMOS:
quando o máximo da PPL cominada for superior a 4
(quatro) anos.
V. CRITÉRIO PARA A FIXAÇÃO DA FIANÇA:
A. A SITUAÇÃO FINANCEIRA DO AFIANÇADO: pode-se
assim reduzir o valor encontrado em até 2/3 e, pela
insuficiência do montante, aumentá-la até 1.000 (mil) vezes
(artigo 325, § 1º, CPP/41).
B. NATUREZA DA INFRAÇÃO
C. AS CIRCUNSTÂNCIAS INDICATIVAS DE PERICULOSIDADE
DO RÉU
D. VIDA PREGRESSA: antecedentes.
E. A IMPORTÂNCIA PROVÁVEL DAS CUSTAS DO PROCESSO:
Art. 326 CPP/41.

VI. MODALIDADES DE FIANÇA:


A. DEPÓSITO OU HIPOTECA: Art. 330 CPP/41.
B. DEPÓSITO EM DINHEIRO DA FIANÇA: Art. 331 CPP/41.
VII. OBRIGAÇÕES DO AFIANÇADO:
A. COMUNICAR AO JUÍZO EVENTUAL MUDANÇA DE
ENDEREÇO E NÃO PODE AUSENTAR-SE POR MAIS DE
OITO DIAS: Art. 328 CPP/41.
B. OBRIGAÇÃO DE COMPARECER PERANTE A AUTORIDADE
TODAS AS VEZES QUE FOR INTIMADO: Art. 327 CPP/41.
C. NÃO PODE DELIBERADAMENTE PRATICAR ATO DE
OBSTRUÇÃO AO ANDAMENTO DO PROCESSO
D. NÃO PODE DESCUMPRIR MEDIDA CAUTELAR IMPOSTA
CUMULATIVAMENTE COM A FIANÇA
E. NÃO PODE RESISTIR INJUSTIFICADAMENTE A ORDEM
JUDICIAL
F. NÃO PODE PRATICAR NOVA INFRAÇÃO PENAL DOLOSA.
VIII.QUEBRA DA FIANÇA: ocasionada pelo descumprimento injustificado
das obrigações do afiançado, podendo ser determinada de ofício ou por
provocação.

IX. CONSEQUÊNCIAS DA QUEBRA DO VALOR DA FIANÇA:


A. PERDA DE METADE DO VALOR CAUCIONADO: que será
recolhido ao fundo penitenciário, depois de deduzidas as
custas e demais encargos a que o acusado estiver
obrigado.
B. IMPOSIÇÃO DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES PELO
JUIZ OU, SE FOR O CASO, A DECRETAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA, COM RECOLHIMENTO AO CÁRCERE: Art.
343 CPP/41.
C. IMPOSSIBILIDADE DE NOVA PRESTAÇÃO DE FIANÇA.
X. PERDA DA FIANÇA:
A. PERDA DA TOTALIDADE DO VALOR DA FIANÇA: caso
condenado, o acusado não se apresentar para o início do
cumprimento da pena definitivamente imposta.

XI. QUEM PODE CONCEDER A FIANÇA? A AUTORIDADE POLICIAL


somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. Nos
demais casos, a fiança será REQUERIDA AO JUIZ, que decidirá em 48
(quarenta e oito) horas (Art. 322 CPP/41).

XII. CASSAÇÃO DA FIANÇA: hipóteses:


A. CONCEDIDA POR EQUÍVOCO (REGRA): deve ser
cassada, de oficio ou por provocação. Só o Judiciário pode
determinar a cassação.
B. INOVAÇÃO NA TIPIFICAÇÃO DO DELITO: reconhecendo-
se a existência de infração inafiançável (Art. 339 CPP/41).
XIII.REFORÇO DA FIANÇA: é a necessidade de complementar a fiança,
ocorre quando (Art. 340 CPP/41):
a) quando for tomada, por equívoco, em valor insuficiente;
b) quando ocorrer a depreciação material ou perecimento
de bens;
c) quando for inovada a classificação do delito.

XIV.INIDONEIDADE DA FIANÇA: a fiança será considerada inidônea ou


SEM EFEITO quando for determinado o seu reforço e este não tiver sido
realizado, sendo, nesse caso, o réu recolhido à prisão se presentes os
requisitos do art. 312 do CPP/41. Ademais, a fiança também será
considerada sem efeito quando houver a sua cassação.
XV. DESTINAÇÃO DA FIANÇA:

A. RÉU ABSOLVIDO: o valor da fiança lhe será devolvido


integralmente, sem qualquer tipo de desconto.

B. RÉU CONDENADO: apresentando-se voluntariamente para


o início do cumprimento da pena, será devolvido ao réu o
valor prestado a título de fiança. Neste caso, porém, serão
abatidos o valor das custas, da indenização do dano, da
prestação pecuniária e também da multa, se for o caso.

C. DECLARADA EXTINTA A PUNIBILIDADE: também haverá a


restituição da fiança ao réu, exceto quando a extinção da
punibilidade se der em razão da prescrição da pretensão
executória, hipótese em que não ocorrerá a restituição.

D. QUEBRADA OU PERDIDA: a fiança os seus valores serão


destinados ao Fundo Penitenciário Nacional.
7) LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA

I. CONCEITO: a LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA ocorre apenas em


algumas HIPÓTESES EXCEPCIONAIS, haja vista a intenção do legislador
em valorizar o instituto da fiança com a edição da Lei nº 12.403/11.
II. CABIMENTO:
A. EXCLUDENTES DE ILICITUDE: sendo afiançável ou
inafiançável o delito, se o juiz verificar que o agente
praticou o delito acobertado por uma das causas
excludentes de ilicitude deve conceder a liberdade
provisória sem fiança, assinando o agente termo de
comparecimento a todos os atos do processo (Art. 310,
Parágrafo Único, CPP/41). DOUTRINA: vem entendendo
que o magistrado também deverá adotar essa postura
quando estiver diante de uma causa excludente da
culpabilidade, com exceção da inimputabilidade.
B. ESTADO DE MISERABILIDADE: nos casos em que
couber a fiança, verificando a situação econômica do
preso, poderá conceder a liberdade provisória sem fiança,
sujeitando-os às obrigações constantes dos Arts. 327 e 328
do CPP/41e a outras medidas cautelares, se for o caso.
III. PROIBIÇÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA: a CF/88 enumera alguns
crimes considerados inafiançáveis, tais como: a) racismo; b) tortura; c)
tráfico; d) terrorismo; e) crimes hediondos; e f) crimes praticados pela
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional
e o Estado Democrático de Direito.

➢ TERIA A CONSTITUIÇÃO ESTABELECIDO UMA ESPÉCIE DE


PRISÃO CAUTELAR OBRIGATÓRIA PARA ESSES CRIMES?
o AURY LOPES JÚNIOR: inobstante que a Constituição tenha se
equivocado em trazer em seu bojo a inafiançabilidade, isso
jamais representou a obrigatoriedade da prisão cautelar, até
porque tal expressão significaria uma antecipação de pena e
consequente violação à presunção de inocência. Assim, caso o
agente seja flagrado praticando um crime inafiançável, poderá
gozar da liberdade provisória sem fiança, cumulada ou não com
as medidas cautelares diversas
➢ ESTATUTO DO DESARMAMENTO:
o STF: declarou a inconstitucionalidade dos artigos 14 e 15 do Estatuto do
Desarmamento que vedavam peremptoriamente a concessão de liberdade
provisória com fiança para os crimes de porte ilegal de arma de fogo e de
disparo de arma de fogo ao argumento de que não seria possível comparar
tais delitos àqueles de natureza hedionda. Declarou inconstitucional o art. 21
da referida lei, vez que previa a vedação da liberdade provisória aos delitos
de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, comércio ilegal de
arma de fogo e tráfico internacional de arma de fogo.

➢ LEI DOS CRIMES HEDIONDOS:


o Em sua redação original, vedava a concessão de liberdade provisória para os
crimes dessa natureza. Porém, com a edição da Lei nº 11.464/07, passou-se a
admitir a liberdade provisória sem fiança.

➢ LEI DE DROGAS:
o STF: declarou, em 2012, a inconstitucionalidade da expressão liberdade
provisória prevista no caput do art. 44 da referida Lei.
IV. CONCLUSÃO: a CF/88, ao estabelecer a inafiançabilidade
de determinados delitos, apenas delineou circunstâncias
em que o legislador ordinário não pode considerar o
pagamento da fiança com condição para a liberdade do
agente. Ou seja, FOI VEDADA A FIANÇA E NÃO A
LIBERDADE PROVISÓRIA. Portanto, é inválida qualquer
decisão que mantenha a custódia cautelar com base em
dispositivo legal que veda a liberdade provisória sem,
contudo, demonstrar fatos concretos que a justifiquem.
8) RELAXAMENTO DA PRISÃO ILEGAL
I. CONCEITO: o RELAXAMENTO é a medida a ser adotada pelo magistrado
sempre que estiver diante de uma prisão ilegal, seja no caso de flagrante,
preventiva ou temporária.

o Art. 5º, LXV, CF/88: “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
autoridade judiciária”.

II. CABIMENTO (IMPRESCINDÍVEL):


a) prisão por fato não descrito como típico;
b) inexistência real de situação flagrancial;
c) excesso de prazo na prisão preventiva;
d) prisão temporária decretada em face de crime não descrito no art. 1º da Lei no
7.960/89;
e) prisão temporária por prazo superior a 5 dias (ou 30, se tratar de crime hediondo).

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