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SUMÁRIO
DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................. 2
CONSTITUCIONALISMO ANTIGO............................................................................................................... 2
CONSTITUCINALISMO MODERNO ............................................................................................................ 3
CARACTERÍSTICAS: ............................................................................................................................... 3
CONTEXTO HISTÓRICO DO NEOCONSTITUCIONALISMO ........................................................................... 4
NEOCONSTITUCIONALISMO, CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO OU CONSTITUCIONALISMO
HODIERNO ............................................................................................................................................... 4
CARACTERÍSTICAS: ............................................................................................................................... 6
HERMENÊUTICA ....................................................................................................................................... 6
EFICÁCIA NORMATIVA DOS PRINCÍPIOS ................................................................................................... 6
FORÇA NORMATIVA DA JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................ 7
FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO ................................................................................................... 7
ORDENAMENTO ESCALONADO ................................................................................................................ 7
PODER CONSTITUINTE ............................................................................................................................. 7
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO ......................................................................................................... 8
CARACTERÍSTICAS: ............................................................................................................................... 8
EXERCÍCIOS .............................................................................................................................................. 9
Idade Média e
Absolutismo
CONSTITUCINALISMO MODERNO
Ao final do século XVIII até o século XX, Inglaterra e França passam por duas grandes
revoluções liberais que acabam com os Estados Absolutistas e criam o Estado Liberal. Esse
estado liberal tem uma grande característica, as constituições escritas, que são fruto do Poder
Constituinte. Inaugurando o Constitucionalismo Moderno.
Movimento que traz uma constituição escrita, positivada, com uma posição superior as
demais normas do ordenamento jurídico e garante os direitos fundamentais cujo detentor do
poder é o povo.
Portanto, a constituição no constitucionalismo moderno visa organizar a estrutura do
estado trazendo a forma de estado, a forma de governo, o sistema de governo e o regime de
governo inclusive trazendo limites ao Estado por meio dos direitos fundamentais.
CARACTERÍSTICAS:
Revoluções do séc. XVIII (Francêsa e Inglesa);
França e Inglaterra;
Constituição hierarquicamente superior;
Surgimento dos Direitos Fundamentais e;
Separação dos Poderes.
Dica: Utilize a nomenclatura que o examinador utilizar. Caso ele utilize dimensão, use
dimensão. Caso utilize geração, utilize-se de geração também.
LEMBRANDO QUE...
No Brasil, a forma de estado é a Federalismo
A forma de governo é a Republicana;
O sistema de governo é o Presidencialismo; e
O regime de governo é o Democrático.
NEOCONSTITUCIONALISMO, CONSTITUCIONALISMO
CONTEMPORÂNEO OU CONSTITUCIONALISMO HODIERNO
O neoconstitucionalismo começa no final do século XVIII e vai até 1948, chegando a
conclusão de que não basta a obrigação do Estado de não fazer, não basta o Estado ser Liberal,
pois, a humanidade passou por atrocidades contra os homens e perpetradas pelo próprio
homem.
É necessário então reorganizar os Estados, portanto, reorganizar o Direito
Constitucional, ficando essa reorganização conhecida como Neoconstitucionalismo, que no
Brasil só chega no final da década de 1980.
A Constituição Federal de 1988 é a primeira constituição brasileira que traz uma visão
neoconstitucionalista.
Sendo assim, com a revolução industrial, há um releitura do Direito Constitucional, pelo
neoconstitucionalismo, com o objetivo de concretizar os direitos fundamentais.
Isso porque, o constitucionalismo moderno tinha por objetivo organizar o Estado
trazendo alguns direitos fundamentais como limitadores do poder estatal.
Já o neoconstitucionalismo entende que o Estado organizado serve para concretizar
direitos fundamentais.
Além disso, tanto para a banca da PC/PR quanto para o CEBRASPE banca examinadora
da prova de Delegado Federal, no neoconstitucionalismo a função de concretizar os
direitos fundamentais não é uma função exclusiva do Estado, porque, é uma função da
sociedade também.
Por isso, por diversas vezes, o texto constitucional de 1988 deixa claro que a sociedade
também tem a obrigação de concretizar os direitos constitucionais trazidos em seu texto.
Por exemplo, tem-se o art. 227 da CRFB que traz o princípio da paternidade
responsável.
Cuidado!
Não confunda o Neoconstitucionalismo com o Pós-positivismo.
CARACTERÍSTICAS:
Alteração na hermenêutica;
Eficácia normativa dos princípios;
Força normativa da jurisprudência;
Força normativa da Constituição;
Aperfeiçoamento e expansão do Controle de Constitucionalidade;
Expansão da Teoria dos Direitos Fundamentais.
HERMENÊUTICA
É o método que se tem para revelar o Direito utilizando de vários objetos, um desses
objetos é a interpretação.
Com o neoconstitucionalismo, saiu-se dos métodos de interpretação clássicos
(métodos literais ou gramaticais, histórico, sistemático, teleológico e sociológico) para novos
métodos de interpretação (tópico-problemático, hermenêutico-concretizador, normativo
estruturante).
Tópico-problemático
O método tópico-problemático de interpretação constitucional pressupõem que a
Constituição é um sistema aberto de normas, o que significa dizer que cada uma das normas
constitucionais admite interpretações distintas, que podem variar no tempo e também que
um problema é uma questão que admite, também, respostas distintas e ainda que a norma
deve ser pensada a partir do problema.
Hermenêutico-concretizador
O método hermenêutico-concretizador reconhece a importância do aspecto subjetivo da
interpretação, ou seja, da pré-compreensão que o intérprete possui acerca dos elementos
envolvidos no texto a ser por ele interpretado. Essa pré-compreensão faz com que o
intérprete, na primeira leitura do texto, extraia dele um determinado conteúdo, que deve ser
comparado com a realidade existente.
Normativo estruturante
No método normativo-estruturante a primeira ideia é a de que a norma jurídica não se
identifica com seu texto, ou seja, o texto jurídico é diferente da norma, esta é o resultado de
um processo de concretização.
normas, ou seja, eles são espécies de normas jurídicas. Portanto, os princípios que eram meios
de interpretação do direito passam a configurar como espécies de normas.
A partir de então, há a possibilidade de ter uma decisão pautada apenas em um
princípio constitucional, pois nos princípios eu tenho axiomas ou valores.
ORDENAMENTO ESCALONADO
Bloco
Constitucional
CRFB,
ADCT,
Emendas Constitucionais,
Princípios Constitucionais e
TIDH (art. 5, § 3º).
PODER CONSTITUINTE
Surgindo na França, final do século XVIII, cunhada por Emmanuel Joseph Sieyès, o
Poder Constituinte é a teoria do poder supremo da Constituição.
Conceito
O Poder Constituinte é um poder político, fundamental e supremo capaz de criar as
normas constitucionais, organizar o Estado, delimitar os poderes do Estado fixando as
competências do Estado
Observação:
Caso a questão não fale nada que deseja saber sobre as características modernas,
contemporâneas do Poder Constituinte Originário, atente-se apenas as 3 características
clássicas.
CARACTERÍSTICAS:
Inicial uma vez que inaugura uma nova ordem jurídica;
Autônomo já que só aqueles que compõem o poder constituinte originário podem
decidir e fixa os termos da nova constituição; e
Ilimitado*.
Cuidado!
Vê-se em alguns manuais de Direito Constitucional que o poder
constituinte origanário é ilimitado, porque ele não sofre qualquer limitação prévia
de direito. Essa é uma visão clássica.
Porém, na visão da teoria contemporânea, o poder constituinte originário
possui sim limitações. Essas limitações heterônomas, transcendentes e imanentes.
Heterônomas, pois, as normas que trazem limitações ao poder constituinte
originário são de ordem internacional, são Tratados Internacionais de Direitos
Humanos.
Transcendentes porque veda-se o retrocesso, ou seja, a nova constituição
não poderia trazer menos direitos fundamentais do que a atual.
E imanente que está ligada a nossa soberania e a nossa forma federativa
de estado.
Atualmente a CESPE (CEBRASPE) não utiliza o termo ilimitado, mas sim
incondicionado que também está correto.
EXERCÍCIOS
1. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 -
Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma
invenção do constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu de
que apenas poderes moderados eram compatíveis com a liberdade. Mas como seria
possível restringir o poder soberano, tendo a sua autoridade sido entendida ao longo da
modernidade justamente como um poder que não encontrava limites no direito
positivo? Uma soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de
poderes políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de soberania, que
sofreu uma deflação.
Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da soberania limitada. In: Teoria &
Sociedade. n.º 19, 2011, p. 201 (com adaptações).
2. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA -
Delegado de Polícia Civil
O poder constituinte originário
A. é fático e soberano, incondicional e preexistente à ordem jurídica.
B. é reformador, podendo emendar e reformular.
C. é decorrente e normativo, subordinado e condicionado aos limites da própria
Constituição. D. é atuante junto ao Poder Legislativo comum, com critérios específicos e
de forma contínua. E. é derivado e de segundo grau, culminando em atividade diferida.
COMENTÁRIO:
O Poder Constituinte é fático e soberano, isso significa dizer que ele não sofre
qualquer limitação prévia do Direito, tem a ver com a característica da autonomia
do poder constituinte.
Gabarito
1. CERTO
2. A
SUMÁRIO
PODER CONSTITUINTE DERIVADO ..................................................................................................................... 2
CONCEITO .................................................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTIDAS...................................................................................................................................... 2
ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE DERIVADO ............................................................................................ 4
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR/REVISOR..................................................................... 4
PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE ...................................................................................... 5
PODER CONSTITUINTE DERIVADO DIFUSO ............................................................................................... 7
NORMAS CONSTITUCIONAIS ......................................................................................................................... 7
EFEITOS TEMPORAIS DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ............................................................................... 8
CONSTITUIÇÃO .............................................................................................................................................. 9
CONCEITO .................................................................................................................................................. 9
BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE .............................................................................................................. 9
SENTIDOS DA CONSTITUIÇÃO...................................................................................................................... 10
QUESTÕES........................................................................................................................................................ 12
GABARITO ........................................................................................................................................................ 14
CARACTERÍSTICAS
O Poder Constituinte Derivado é um poder de direito e não um poder de fato,
porque as próprias normas da Constituição determinam a sua ocorrência;
Poder condicionado, pois, manifesta-se nos limites e possibilidades trazidos
previamente na Constituição;
É um poder limitado, pois sofre restrições temporais, circunstanciais e
materiais.
Importante!
A obrigatoriedade do voto não é cláusula pétrea!
Observação:
O Presidente da República é um legitimado a propor uma reforma a constituição,
contudo, ele só poderá participar no momento de propositura da PEC. Isso porque, a proposta
de emenda a constituição (PEC) não passa pela sanção ou veto do Presidente da República e
nem publicação.
dezembro de 2020 e permite que os entes federativos tenham um gasto fora dos limites das
leis orçamentárias, ou seja, do teto orçamentário previsto na constituição por conta da
pandemia de covid-19 e atenuou as normas de licitação constitucionais durante o período de
pandemia e também flexibilizou as normas para contratação de pessoal temporariamente.
Ademais, a PC nº 107 também se encaixa na classificação de emenda constitucional
avulsa. Porque, alterou as datas previstas constitucionalmente das datas de eleições
municipais de 2020, exclusivamente, por conta também da pandemia de covid-19. Além de ser
uma emenda constitucional avulsa, a EC nº 107 traz a derrotabilidade das normas
constitucionais contrárias a ela.
A constituição possui normas da espécie regras e da espécie princípios. Algumas normas
constitucionais sobre eleições não são principiológicas, ou seja, são normas da espécie regra,
portanto, apenas formalmente constitucionais. A EC nº 107 traz normas também da espécie
regra que contrariam as normas constitucionais já existentes.
Então, a emenda avulsa nº 107 está “derrotando” as normais constitucionais já
existentes. Em outras palavras, as normais constitucionais já existentes serão
temporariamente ineficazes no período da vigência e eficácia da EC nº 107.
Sendo assim, não pode-se falar em inconstitucionalidade da EC nº 107 e nem mesmo das
normas constitucionais anteriores a respeito do assunto, uma vez que a uma excepcionalidade
no conteúdo da norma da emenda constitucional avulsa.
Portanto, a derrotabilidade das normas é uma técnica constitucional de aplicabilidade
das normas que tem grande probabilidade de incidência na prova de Delegado de Polícia
Federal.
O poder constituinte reformador traz normas sempre pontuais que têm um determinado
tema. Já as emendas de revisão podem revisar qualquer tema dentro da constituição,
portanto, as emendas de revisão não possuem um tema específico.
As emendas de revisão têm um período previamente estipulado no próprio texto
originário. No caso do Brasil, elas já ocorreram em 1994, art. 3 do ADCT e já produziu seus
efeitos. Elas possuem uma forma menos rígida de votação para a alteração do texto
constitucional.
As Emendas Constitucionais de Revisão e as Emendas Constitucionais de Reforma têm,
segundo o STF, a mesma natureza jurídica. Ambas são espécies de alteração formal da
Constituição e estão submetidas aos mesmos limites e características do Poder Constituinte
Derivado.
Em alguns manuais de direito constitucional pode-se encontrar que as emendas
constitucionais derivadas de revisão são diferentes das emendas constitucionais derivadas de
reforma. Contudo, a única grande diferença importante para o momento é o âmbito de
abrangência. Um vez que a emenda constitucional derivada de revisão possui um âmbito
maior de incidência que a emenda constitucional derivada de reforma.
Os municípios organizam-se por Lei Orgânica, porém, a Lei Orgânica municipal não tem
natureza jurídica de Constituição.
O Distrito Federal não possui constituição própria, ele é regido por Lei Orgânica, art. 32
da CRFB. Essa Lei Orgânica ora tem natureza de constituição estadual, uma vez que, em geral,
traz normas inerentes as constituições estaduais e ora tem natureza de Lei Orgânica
Municipal. Por isso, diz-se que a Lei Orgânica Distrital tem natureza jurídica mista.
Portanto, a Lei Orgânica Distrital é um parâmetro de controle de constitucionalidade
distrital já que as constituições estaduais são parâmetros de constitucionalidade estadual e a
Lei Orgânica Distrital tem natureza de Constituição Estadual.
Por fim, a Constituição Federal de 1988 não traz uma lista, ou seja, um rol taxativo de
normas simétricas paras as Constituições dos estados. Essa decisão do quê será norma
simétrica ou não fica a cargo da doutrina e jurisprudência.
NORMAS DE SIMETRIA
Princípios Constitucionais sensíveis – art. 34, incisos VII da CRFB;
As limitações ao poder de tributar, ou seja, os princípios constitucionais
tributários;
Os direitos e garantias fundamentais;
A repartição de competência administrativas e legislativas dos entes federados;
Limitações relativas a organização e independência dos Poderes, ou seja, a
estrutura dos Poderes;
Processo Legislativo.
Cuidado!
O processo legislativo previsto na CRFB é um processo legislativo bicameral. Já os
processos legislativos dos estados e municípios são unicamerais. Sendo assim, a uma
reprodução de normas, contudo, respeita-se a peculiariedade desses entes unicamerais.
A Medida Provisória não é uma norma de reprodução obrigatória. Os Poderes
Executivos dos estados e dos municípios podem ou não expedir medidas provisórias, caso
tenham essa previsão na Constituição Estadual e na Lei Orgânica, respectivamente.
NORMAS CONSTITUCIONAIS
Conceito:
São todas as disposições inseridas numa Constituição ou reconhecidas por ela, só pelo
fato de aderirem ao texto constitucional ou serem admitidas por ele, essas normas serão
constitucionais, sejam elas materiais ou formais.
Espécies:
As normais constitucionais podem ser da espécie regra ou da espécie princípio.
Normas de eficácia plena: É aquela norma que produz todos os seus efeitos
desde o momento da sua existência. Portanto, ela independe de uma norma
inconstitucional para delimitar o seu alcance.
Revogação: também pode ser conhecida como não-recepção. Quando uma norma
anterior a constituição é contrária ao novo ordenamento jurídico, ela será
revogada, ou seja, deixará de existir e de produzir efeitos. Essa revogação também
é tácita, não expressa.
Importante:
Não existe inconstitucionalidade superveniente de norma infraconstitucional. A norma
anterior a Constituição vigente só pode ser recepcionada ou revogada, ela jamais será
inconstitucional a luz do novo ordenamento jurídico. Isso porque, a norma só pode ser
considerada inconstitucional se ela for uma norma contemporânea a constituição vigente.
Importante:
O STF entende que não existe direito adquirido em face de uma nova constituição.
Importante:
Não confunda Repristinação com efeito Repristinação. No efeito represtinatório há uma
inconstitucionalidade da norma que faz a lei por ela revogada voltar a existência de forma
tácita, por exemplo, art. 11, § 2º da Lei nº 9.868/99. O efeito represtinatório só não acontece
se a lei anteriormente revogada possuir a mesma inconstitucionalidade.
CONSTITUIÇÃO
CONCEITO
Constituição é a lei fundamental, lei das leis, a lei que define o modo concreto de ser e de
existir do Estado, a Lei que ordena e disciplina os seus elementos essenciais (poder-governo,
povo, território e finalidade) - Dirley da Cunha Júnior.
As constituições revelam a particular maneira de ser do Estado. Deve ser possível
detectar nelas os direitos e deveres, competências, encargos, funções legislativa, executiva e
jurisdicional, limites para o exercício do poder.
BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE
Quando se fala em bloco de constitucionalidade, fala-se das normas que são entendidas
como constitucionais. No Brasil, o bloco de constitucionalidade é considerado restrito, porque
para fazer parte do bloco de constitucionalidade, a norma necessita nascer do poder
constituinte originário ou poder constituinte derivado. Portanto, serão parte do bloco de
constitucionalidade as normas que tiverem passado pelo processo legislativo próprio das
normas constitucionais.
Sendo assim, fazem parte do bloco de constitucionalidade:
Art. 1º ao art. 250 da CRFB;
ADCT;
Emendas Constitucionais;
Princípios Constitucionais Implícitos;
Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com quorum de EC –
art. 5, § 3º da CRFB.
Observação:
Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com quorum de EC:
Tratado de New York;
Protocolo Facultativo do Tratado de New York, ambos no Decreto nº 6949/09;
Tratado de Marraqueche, Decreto nº 9.522/18.
Importante!
O preâmbulo não faz parte do bloco de constitucionalidade, pois não possui força
normativa.
SENTIDOS DA CONSTITUIÇÃO
Concepção Sociológica: Foi proposta inicialmente por Ferdinand Lassalle e enxerga a
Constituição sob o aspecto da relação entre os fatos sociais dentro do Estado. Para ele, a
constituição demostra os fatores reais de poder.
Concepção Política: Prisma que se dá nesta concepção é o político. Defendida por Carl
Schmitt no livro "Teoria da Constituição".
mesma cultura, pois o direito é fruto da atividade humana. José Afonso da Silva é um dos
autores que defendem essa concepção.
QUESTÕES
1. Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE -
Delegado de Polícia
Acerca do poder de reforma e de revisão constitucionais e dos limites ao poder
constituinte derivado, assinale a opção correta.
A. Além dos limites explícitos presentes no texto constitucional, o poder de reforma da
CF possui limites implícitos; assim, por exemplo, as normas que dispõem sobre o
processo de tramitação e votação das propostas de emenda não podem ser suprimidas,
embora inexista disposição expressa a esse respeito.
B. Emendas à CF somente podem ser apresentadas por proposta de um terço, no
mínimo, dos membros do Congresso Nacional.
C. Emenda e revisão constitucionais são espécies do gênero reforma constitucional, não
havendo, nesse sentido, à luz da CF, traços diferenciadores entre uma e outra.
D. Não se insere no âmbito das atribuições do presidente da República sancionar as
emendas à CF, mas apenas promulgá-las e encaminhá-las à publicação.
E. Se uma proposta de emenda à CF for considerada prejudicada por vício de natureza
formal, ela poderá ser reapresentada após o interstício mínimo de dez sessões
legislativas e ser apreciada em dois turnos de discussão e votação.
2. Ano: 2020 Banca: UFPR Órgão: Câmara de Curitiba - PR Prova: UFPR - 2020 - Câmara de
Curitiba - PR - Procurador Jurídico
Levando em consideração o sistema de reforma constitucional presente na Constituição
de 1988, assinale a alternativa correta.
A. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de um terço, no mínimo, dos
membros do Senado Federal, ou de dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara
dos Deputados.
B. No sistema brasileiro, o Presidente da República não detém competência para a
iniciativa de reforma constitucional.
C. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de
estado de defesa ou de estado de sítio.
D. A emenda à Constituição será promulgada pelo Presidente da República, com o
respectivo número de ordem.
E. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda que promova a abolição da
forma republicana de Estado, da jurisdição una, dos direitos sociais, da justiça eleitoral
e dos tribunais de contas.
4. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA -
Delegado de Polícia Civil
De acordo com a doutrina majoritária, quanto à origem, as Constituições podem ser
classificadas como
5. Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPF Prova: CESPE / CEBRASPE - 2013 -
Polícia Federal - Delegado
No que se refere à CF e ao poder constituinte originário, julgue o item subsequente.
No sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos fatores reais do poder em uma
sociedade.
( ) Certo ( ) Errado
GABARITO
1. Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE -
Delegado de Polícia
Acerca do poder de reforma e de revisão constitucionais e dos limites ao poder
constituinte derivado, assinale a opção correta.
A. Além dos limites explícitos presentes no texto constitucional, o poder de reforma da
CF possui limites implícitos; assim, por exemplo, as normas que dispõem sobre o
processo de tramitação e votação das propostas de emenda não podem ser suprimidas,
embora inexista disposição expressa a esse respeito.
B. Emendas à CF somente podem ser apresentadas por proposta de um terço, no
mínimo, dos membros do Congresso Nacional.
C. Emenda e revisão constitucionais são espécies do gênero reforma
constitucional, não havendo, nesse sentido, à luz da CF, traços diferenciadores entre
uma e outra.
D. Não se insere no âmbito das atribuições do presidente da República sancionar as
emendas à CF, mas apenas promulgá-las e encaminhá-las à publicação.
E. Se uma proposta de emenda à CF for considerada prejudicada por vício de natureza
formal, ela poderá ser reapresentada após o interstício mínimo de dez sessões
legislativas e ser apreciada em dois turnos de discussão e votação.
GABARITO A
LETRA A Essa alternativa está correta, pois, segundo a doutrina majoritária
existem limites explícitos e implícitos para a alteração da Constituição.
LETRA B Existem outros legitimados para propor uma PEC, art. 60, inciso I ao
III da CRFB.
LETRA C Esta alternativa está equivocada, pois, emendas constitucionais
derivadas de revisão, art. 3º do ADCT, não são a mesma coisa que emendas
constitucionais derivadas de reforma, art. 60 da CRFB.
LETRA D As Ecs não passam pelo presidente, a não ser na propositura, caso
dele parta a proposta de emenda.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
LETRA E Esta alternativa está em desacordo com o art. 60, § 5º da CRFB.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
2. Ano: 2020 Banca: UFPR Órgão: Câmara de Curitiba - PR Prova: UFPR - 2020 - Câmara de
Curitiba - PR - Procurador Jurídico
Levando em consideração o sistema de reforma constitucional presente na Constituição
de 1988, assinale a alternativa correta.
A. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de um terço, no mínimo,
dos membros do Senado Federal, ou de dois terços, no mínimo, dos membros da
Câmara dos Deputados.
B. No sistema brasileiro, o Presidente da República não detém competência para a
iniciativa de reforma constitucional.
GABARITO C
LETRA A Esta alternativa traz um quorum equivocado para a votação da EC,
de acordo com art. 60, § 2º da CRFB.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros.
LETRA B O Presidente é sim um dos legitimados a propor uma EC, conforme
art. 60, inciso II da CRFB.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
II - do Presidente da República;
LETRA C Esta alternativa está correta de acordo com o art. 60, § 1º da CRFB,
que traz os limites circunstanciais para a EC.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
LETRA D Esta alternativa está incorreta de acordo com o art. 60, § 3º da
CRFB. Pois, o presidente não é legitimado para promulgar a EC.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
LETRA E Esta alternativa está equivocada, porque a forma de Estado é a
federação. A República é a forma de governo e não a forma de Estado.
GABARITO CERTO
As normas de eficácia contida também produzem todos os seus efeitos desde
a sua promulgação, porém, podem sobre limitações infraconstitucionais.
4. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA -
Delegado de Polícia Civil
De acordo com a doutrina majoritária, quanto à origem, as Constituições podem ser
classificadas como
GABARITO A
LETRA A Correto. A Constituição promulgada é uma constituição democrática,
com participação popular. Ela é fruto de uma Assembleia Nacional Constituinte,
eleita pelo povo, para, em nome dele, atuar, nascendo, portanto, da deliberação da
representação legítima popular.
LETRA B Outorgada é a Constituição imposta, de maneira unilateral, por um
agente que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar, por
exemplo, um imperador.
LETRA C É formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um
Imperador (plebiscitos napoleônicos) ou um Ditador (plebiscito de Pinochet, no
Chile). A participação popular, nesses casos, não é democrática, pois visa apenas
ratificar a vontade do detentor do poder.
LETRA D As constituições pactuadas surgem através de um pacto da
burguesia com a realiza e caracteriza a expressão do poder de apenas uma parte
da sociedade.
LETRA E As Constituições históricas, constituem-se através de um lento e
contínuo processo de formação, ao longo do tempo. Além disso, as constituições
históricas, geralmente, não estão escritas em um único documento.
5. Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPF Prova: CESPE / CEBRASPE - 2013 -
Polícia Federal - Delegado
No que se refere à CF e ao poder constituinte originário, julgue o item subsequente.
No sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos fatores reais do poder em uma
sociedade.
( ) Certo ( ) Errado
GABARITO CERTO
Ferdinand Lassalle, defende o sentido sociológico de Constituição. Ele enxerga
a Constituição sob o aspecto da relação entre os fatos sociais dentro do Estado.
Para ele, a constituição demostra os fatores reais de poder. Portanto, a afirmação
está correta.
SUMÁRIO
DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................................................ 2
DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS ....................................................................................................... 2
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA................................................................................................................. 3
CONCEITO .................................................................................................................................................. 4
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS....................................................................................... 5
1. HISTORICIDADE ...................................................................................................................................... 5
2. UNIVERSALIDADE................................................................................................................................... 6
3. RELATIVIDADE........................................................................................................................................ 7
4. IRRENUNCIABILIDADE ............................................................................................................................ 8
5. INALIENABILIDADE ................................................................................................................................. 8
6. IMPRESCRITIBILIDADE ........................................................................................................................... 8
7. UNIDADE, INDIVISIBILIDADE E INTERDEPENDÊNCIA ............................................................................. 8
QUESTÕES.......................................................................................................................................................... 9
GABARITO ........................................................................................................................................................ 10
DIREITOS FUNDAMENTAIS
DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS
O erro mais comum dos estudantes é apenas decorar os artigos da constituição
referentes a matéria.
Isso é um equivoco, porque não há direitos fundamentais apenas no art. 5º da CRFB.
Esse artigo traz um rol meramente exemplificativo de direitos fundamentais individuais.
Porém, ao longo da constituição tem-se outros direitos fundamentais e tem-se também os
direitos fundamentais oriundos de tratados internacionais de direitos humanos.
Sendo assim, para iniciar os estudos dos direitos fundamentais é preciso em primeiro
lugar entender a teoria dos direitos fundamentais.
Isso faz com que o candidato consiga em qualquer questão, não importa que o
examinador mude o exemplo, pois, o candidato conseguirá identificar as características dos
direitos fundamentais e como resolver aquela questão.
Além disso, fez-se necessário um estudo cada vez mais o estudo da jurisprudência. Pois,
tem sido uma tendência das bancas colocar as jurisprudências, principalmente do STF, em
formato de questões.
Esse fenômeno acontece por conta do Constitucionalismo Contemporâneo, que já se
conversou em aulas anteriores, pois ele coloca os direitos fundamentais em primeiro plano,
como objetivo principal na Constituição e traz uma ideia de judicialização da política.
Um vez que vive-se cada vez mais num sociedade muito complexa na qual existem vários
subgrupos que desejam ter seus direitos reconhecidos, algumas das demandas desses grupos
são judicializadas, ou seja, são levadas ao Poder Judiciário.
Neste sentido, a partir da década de 1990, mais com o auge a partir dos anos 2000, cada
vez mais as pessoas se socorreram do judiciário para a concretização dos seus direitos
fundamentais.
Desta forma, tem-se muitas decisões judiciais que reafirmam direitos fundamentais e
acabam tornando-se jurisprudências. Então, conhecer essas jurisprudências também é
importante.
Anteriormente se viu que o Estado Democrático de Direito. A afirmação deste Estado
requer a afirmação de direitos fundamentais, em outras palavras, não há Estado Democrático
de Direitos sem que haja neste Estado um rol de direitos fundamentais.
Pois, são os direitos fundamentais que irão por limites ao poder atribuído ao Estado pelo
povo, que é o verdadeiro detentor do poder, art. 1, PÚ DA CRFB. Porém, mantém-se na mão do
povo instrumentos de participação no Estado. Daí a ideia de democracia semi participativa.
Sendo assim, o que limita o poder estatal num primeiro momento são os direitos
fundamentais.
Os rol de direitos fundamentai são os pilares éticos, jurídicos e e políticos de uma
constituição.
Portanto, os direitos fundamentais são transportados pelo legislador constituinte de
1988 para o início da Constituição Federal, no qual se encontram no Título II desta com o
intuito de demonstrar a importância desses direitos.
EXEMPLO
Direito a associação
É livre o direito de associação no Brasil, mas ninguém é obrigado a associar-
se ou a permanecer associado. Sendo assim, o associado pode sair da associação a
qualquer momento.
Existe também a possibilidade das demais pessoas associadas não desejarem
a presença de um determinado associado por uma razão qualquer.
Quando isso acontece, esse associado não pode ser expulso dessa associação.
Portanto, inicia-se um processo em que esse associado tem de ter garantido o
direito de defender-se e manifestar-se contrário ao seu desligamento.
Desta forma, o devido processo legal também está presente na órbita
horizontal do direito fundamental, em outras palavras, entre os particulares.
Ademais, frisa-se que a Constituição Federal é ubíqua, ou seja, ela irradia em outros
ordenamentos jurídicos. Assim sendo, há normas infraconstitucionais com caráter de direito
fundamental.
Existem ainda, os princípios implícitos e os direitos fundamentais implícitos que são
estão expressos na Constituição, mas são extraídos do texto constitucional por meio da
interpretação hermenêutica.
EXEMPLO
Princípio da Busca à Felicidade
Esse princípio é reconhecido pelo STF e está presente em um documento que
o Brasil assinou e é signatário, Carta de Jarcata. Esse princípio também é conhecido
como princípio da eudaimonia.
É um princípio implicito que está relacionado aos direitos fundamentais, art.
226 da CRFB, por exemplo, é uma norma eudaimonia.
Como a dignidade da pessoa humana é um valor, ela está acima do próprio Direito.
Assim sendo, a dignidade da pessoa humana tem uma função normogenética. Função
normogenética significa que uma norma pode criar outras normas, sejam essas normas
criadas normas regras ou normas princípios.
A dignidade da pessoa humana foi inspirada, principalmente, nas ideias de Immanuel
Kant. A ideia de Kant era que o homem (ser humano) é fim em si mesmo.
Isso porque, o ser humano é racional, tem uma autonomia sobre si, pois tem uma
consciência. Então, o ser humano não pode ser um meio para nada, desta maneira, o homem
não pode ser meio de exploração seja para o trabalho escravo, tortura entre outros.
Para Kant, a vida humana não tem um preço ou um valor, pois, ele não é um objeto. As
coisas (os objetos) têm valor, o ser humano tem dignidade.
Além disso, é importante ressaltar que a dignidade é vista sobre três aspectos
diferentes: o valor intrínseco, autonomia e o valor comunitário.
VALOR INTRÍNSECO
Valor intrínseco é como a pessoa se reconhece. O valor intrínseco já surge com o
nascimento da pessoa e ninguém pode retirá-lo.
Porém, não se pode confundir o fato da pessoa ter um valor intrínseco com o fato dela
poder ser responsabilizada por algo. Ter valor intrínseco não retira a responsabilização por
seus atos. A pessoa pode responder civil, administrativa e penalmente por suas atitudes.
Essa responsabilização dar-se justamente para atender a dignidade da pessoa humana.
Desta maneira, se antes da construção jurídica da ideia de dignidade da pessoa humana,
tenha-se penas cruéis e degradantes, tortura, hoje, sobre sua égide essas penas são vedadas.
Por exemplo, se há uma multa advinda de um ilícito administrativo, o valor dessa multa
deve ser equânime, proporcional a violação administrativa cometida.
AUTONOMIA
Autonomia é o que se faz com essa dignidade humana. O que o ser humano faz no seu
âmbito de liberdade. Como a pessoa vai construir a sua dignidade.
Luis Roberto Barroso fala que o ser humano só possui essa autonomia se ele vive em
uma liberdade e no caso do Brasil, uma liberdade republicana.
Sendo assim, se o ser humano tiver condições mínimas de existência, ou seja, um rol
mínimo de direitos fundamentais, ela possui autonomia. Caso contrário, ainda que o indivíduo
não perceba a sua falta de autonomia, ele não a possui.
VALOR COMUNITÁRIO
O valor comunitário é a posição de uma pessoa frente a outra pessoa. Tem a ver com
alteridade, como um ser humano se percebe diante do outro.
CONCEITO
Segundo o Professor Dirley da Cunha Júnior, direitos fundamentais são um conjunto de
normas, princípios, prerrogativas, deveres e institutos, inerentes à soberania popular, que
garantem a convivência pacífica, digna, livre e igualitária, independentemente de credo, raça,
cor, condição econômica ou status social. Sem direitos fundamentais o homem não vive, não
convive e não sobrevive.
Portanto, ter direitos fundamentais também significa respeitar os direitos fundamentais
dos outros.
São os direitos fundamentais que garante uma discriminação positiva, ou seja, uma
isonomia material entre todos os cidadãos.
Por fim, o alemão Robert Alexy defende em seu livro “Teoria dos Direitos Fundamentais”
que as dimensões dos direitos fundamentais confundem-se com a evolução da própria
história da humanidade.
Para ele, essa teoria é fruto de um processo histórico que se confunde com a própria
evolução da sociedade, é um DOMÍNIO ÉTICO-POLÍTICO-JURÍDICO DO SABER HUMANO, que
segundo Robert Alexy encontra no cristianismo o seu ápice: Gálatas, 3:28 “NÃO HÁ JUDEU
NEM GREGO, NÃO HÁ VARÃO NEM MULHER, POIS TODOS VÓS SOIS UM EM CRISTO JESUS
(Direitos Fundamentais e Estado Constitucional Democrático, p.32).
2. UNIVERSALIDADE
Essa ideia de universalidade surgiu após a 2º Guerra Mundial com a criação da ONU
(Organização das Nações Unidas) por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948 que inspira a Constituição Federal de 1988. Portanto, sendo também uma característica
dos direitos fundamentais.
Destinam-se, de modo indiscriminado, a todos os seres humanos. A proteção à pessoa
humana é uma obrigação mundial e não uma questão meramente interna de cada Estado.
Todo ser humano, em qualquer ponto do globo terrestre em que ele se encontre, possui
direitos fundamantais.
Porém, essa destinação de direitos não precisa ser uniforme. O estrangeiro não possui os
mesmos direitos que os brasileiros referentes ao direitos fundamentais de nacionalidade e os
dele decorrente. Por exemplo, o direito ao voto. O estrangeiro não tem direito de votar, uma
vez que esse direito decorre da nacionalidade brasileira.
Assim como, há direitos fundamentais que são inerentes apenas aos estrangeiros, pois,
tem ligação com a sua condição de alienígena, por exemplo, direito ao asilo político.
3. RELATIVIDADE
Os direitos e garantias fundamentais são, em regra, relativos entre si e não absolutos.
Uma vez que se entende que os direitos fundamentais são relativos, significa que eles
possuem limites.
Os direitos fundamentais enquanto direitos de hierarquia constitucional somente
podem ser limitados por expressa disposição constitucional (restrição imediata) ou mediante
lei originária promulgada com fundamento imediato na própria Constituição (restrição
mediata).
Por exemplo, o exercício de ofício, trabalho ou profissão é livre. Porém, a própria
constituição permite que a legislação infraconstitucional limite o exercício do ofício, trabalho
ou profissão, art. 5º, inciso XIII da CRFB.
Da análise dos direitos fundamentais pode-se extrair a conclusão direta de que direitos,
liberdades, poderes e garantias são passíveis de limitação ou restrição. É preciso não perder
de vista, porém, que tais restrições são limitadas.
A limitação não pode ser feita de tal forma que o direito fundamental seja esvaziado por
completo, ou seja, fique sem aplicação.
Cogita-se aqui dos chamados “limites dos limites”, que balizam a ação do legislador
quando restringe direitos individuais. Esses limites que decorrem da própria Constituição,
referem-se tanto à necessidade de proteção de um núcleo essencial do direito fundamental
quanto à clareza, determinação, generalidade e proporcionalidade das restrições impostas.
Faz-se uma análise da proporcionalidade desse limite, analisa-se que a limitação é
proporcional para o exercício de determinado direito fundamental.
A proporcionalidade possui três elementos para a sua análise: adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito.
ADEQUAÇÃO
Possibilidades fáticas de promover o fim do direito, fomentar o melhor direito.
NECESSIDADE
Comparação das normas aplicáveis ao caso.
4. IRRENUNCIABILIDADE
As pessoas não têm o poder de dispor sobre a proteção à sua dignidade, não possuindo a
faculdade de renunciar aos direitos inerentes à dignidade humana.
As pessoas podem renunciar alguns aspectos econômicos dos direitos fundamentais,
mas não os direitos fundamentais como um todo.
5. INALIENABILIDADE
O direitos fundamentais não são objetos de comércio, sendo assim não podem ser
vendidos. Isso não significa que não possam ter uma valoração econômica, como o direito à
propriedade.
6. IMPRESCRITIBILIDADE
A pretensão de respeito e concretização dos direitos fundamentais não se esgota pelo
passar dos anos, é imprescritível e atemporal, podendo ser exigido a qualquer tempo.
Por exemplo, temos o direito fundamental de reconhecimento da paternidade que pode
ocorrer a qualquer tempo na vida de um indivíduo. Contudo o direito a pensão alimentícia que
decorre do direito de paternidade é prescritível.
QUESTÕES
1. Os direitos fundamentais são prerrogativas próprias dos cidadãos em função de sua
especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos e
mecanismos necessários para a proteção, a salvaguarda ou o exercício desses direitos. Com
relação a esse assunto, julgue o item que se segue.
Ações afirmativas, como a reserva de vagas para negros em concursos públicos, são
uma forma de garantia dos direitos fundamentais e visam minimizar ou eliminar uma
situação histórica de desigualdade ou discriminação.
( ) Certo ( ) Errado
Os direitos fundamentais não podem ser considerados absolutos, posto que todos os
direitos são passíveis de relativização e podem entrar em conflito entre si.
( ) Certo ( ) Errado
3. Ano: 2020 Banca: UFPR Órgão: Câmara de Curitiba - PR Prova: UFPR - 2020 - Câmara
de Curitiba - PR - Procurador Jurídico
[...] não se pode deduzir que todos os direitos fundamentais possam ser aplicados e
protegidos da mesma forma, embora todos eles estejam sob a guarda de um regime jurídico
reforçado, conferido pelo legislador constituinte. (HACHEM, Daniel Wunder. Mandado de
Injunção e Direitos Fundamentais, 2012.)
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
A) É compatível com a posição do autor inferir-se que, não obstante o reconhecimento do
princípio da aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias
fundamentais, há peculiaridades nas consequências jurídicas extraíveis de cada direito
fundamental, haja vista existirem distintos níveis de proteção.
B) É compatível com a posição do autor a recusa ao reconhecimento do princípio da
aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais no
sistema constitucional brasileiro.
C) O autor se refere particularmente à distinção existente entre direitos fundamentais
políticos e direitos fundamentais sociais, haja vista a mais ampla proteção constitucional aos
primeiros, que não estão limitados ao mínimo existencial.
D) O autor se refere particularmente à distinção entre os direitos fundamentais que
consistem em cláusulas pétreas e os direitos fundamentais que não estão protegidos por
essa cláusula, sendo que a maior proteção dada aos primeiros os torna imunes à incidência
da reserva do possível.
E) O autor se refere particularmente à distinção entre os direitos fundamentais que estão
expressos na Constituição de 1988 e aqueles que estão implícitos, decorrendo dos princípios
por ela adotados, haja vista o expresso regime diferenciado de proteção estabelecido em
nível constitucional para esses dois grupos de direitos.
GABARITO
1. Os direitos fundamentais são prerrogativas próprias dos cidadãos em função de sua
especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos e
mecanismos necessários para a proteção, a salvaguarda ou o exercício desses direitos. Com
relação a esse assunto, julgue o item que se segue.
Ações afirmativas, como a reserva de vagas para negros em concursos públicos, são
uma forma de garantia dos direitos fundamentais e visam minimizar ou eliminar uma
situação histórica de desigualdade ou discriminação.
GABARITO CERTO
COMENTÁRIO:
O STF reconheceu as ações afirmativas como formas de garantia da isonomia
material dos direitos fundamentais na ADPF Nº 186/DF.
Os direitos fundamentais não podem ser considerados absolutos, posto que todos os
direitos são passíveis de relativização e podem entrar em conflito entre si.
GABARITO CERTO
COMENTÁRIO:
Essa questão traz a característica da relatividade dos direitos fundamentais
que sustenta que os direitos fundamentais concorrem entre si e sendo assim são
passíveis de relativização entre eles.
Além disso, os direitos fundamentais podem ser limitados por expressa
disposição constitucional (restrição imediata) ou mediante lei originária promulgada
com fundamento imediato na própria Constituição (restrição mediata), apenas.
3. Ano: 2020 Banca: UFPR Órgão: Câmara de Curitiba - PR Prova: UFPR - 2020 - Câmara
de Curitiba - PR - Procurador Jurídico
[...] não se pode deduzir que todos os direitos fundamentais possam ser aplicados e
protegidos da mesma forma, embora todos eles estejam sob a guarda de um regime jurídico
reforçado, conferido pelo legislador constituinte. (HACHEM, Daniel Wunder. Mandado de
Injunção e Direitos Fundamentais, 2012.)
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
A) É compatível com a posição do autor inferir-se que, não obstante o reconhecimento do
princípio da aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias
fundamentais, há peculiaridades nas consequências jurídicas extraíveis de cada direito
fundamental, haja vista existirem distintos níveis de proteção.
B) É compatível com a posição do autor a recusa ao reconhecimento do princípio da
aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais no
sistema constitucional brasileiro.
SUMÁRIO
AÇÕES CONSTITUCIONAIS ................................................................................................................................. 2
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 2
MANDADO DE SEGURANÇA .......................................................................................................................... 2
SUJEITO ATIVO DO MANDADO DE SEGURANÇA ....................................................................................... 4
SUJEITO PASSIVO DO MANDADO DE SEGURANÇA ................................................................................... 4
CABIMENTO ............................................................................................................................................... 5
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO ......................................................................................................... 6
LEGITIMADOS ............................................................................................................................................ 6
PRAZO ........................................................................................................................................................ 8
MANDADO DE SEGURANÇA EM RELAÇÕES DE TRATO SUCESSIVO .......................................................... 8
HABEAS DATA ................................................................................................................................................ 8
CABIMENTO ............................................................................................................................................... 9
PRAZOS .................................................................................................................................................... 10
MANDADO DE INJUNÇÃO............................................................................................................................ 10
OMISSÃO INCONSTITUCIONAL ................................................................................................................ 11
MANDADO DE INJUNÇÃO ESTADUAL ...................................................................................................... 13
QUESTÕES........................................................................................................................................................ 13
GABARITO ........................................................................................................................................................ 16
AÇÕES CONSTITUCIONAIS
INTRODUÇÃO
Ações constitucionais é uma nomenclatura ampla, um gênero, que contempla duas
espécies (tipos) de ações contidas na Constituição Federal de 1988 (CRFB).
Essas espécies são: Ações Constitucionais de Controle de Constitucionalidade e os
Remédios Constitucionais ou também denominados de Instrumentos de Tutela das
Liberdades.
As Ações Constitucionais de Controle de Constitucionalidade são especiais, porque elas
têm a função de verificar a validade das leis infraconstitucionais frente a Constituição Federal.
São espécies de ação de controle de constitucionalidade: Ação Direta de
Inconstitucionalidade, Ação Direta de Constitucionalidade, Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão e Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental.
Contudo, nesta aula, o foco será o segundo tipo de ações constitucionais, ou seja, os
remédios constitucionais.
São espécies de instrumento constitucional: Mandado de Segurança, Mandado de
Injunção, Habeas Corpus, Habeas Data, Ação Civil Pública, Ação Popular e Ações de
Improbidade Administrativa.
Irá ser trabalhado, mais precisamente, aqueles Instrumentos de Tutela das Liberdades
com maior incidência nas provas para Delegado de Polícia com foco nas provas de Delegado
de Polícia Federal e Delegado da Polícia Civil do Paraná.
Contudo, não há como estudar os dois grupos de ações constitucionais apenas com as
normas expressas na CRFB. Isso porque, cada ação constitucional possui legislação
infraconstitucional própria.
Portanto, ao programar-se para estudar este conteúdo, a lei infraconstitucional deve ser
inserido nesta programação.
Cabe frisar ainda que os Instrumentos de Tutela das Liberdades, com a expressão
“Liberdades” no plural visa alcançar, em maior ou menor grau, as cinco liberdades do caput
do art. 5 da CRFB e não apenas a liberdade ambulatorial tutelada pelo Habeas Corpus.
MANDADO DE SEGURANÇA
O Mandado de Segurança (MS) está presente no art. 5º, incisos LXIX e LXX da CRFB com
regulamentação infraconstitucional pela Lei nº 12.016 de 2009.
Agora, o habeas data serve para tutelar o direito a informações pessoais e também é
uma ação personalíssima, quando o acesso a essas informações seja negado. Por isso, tem
mais probabilidade de ser confundido com o Mandado de Segurança.
O mandado de segurança é o instrumento para obter informações de um determinado
órgão ou certidões de informações sobre um órgão.
Quanto ao direito líquido e certo, não se trata de um direito que não precisa de prova,
mas sim um direito que consegue se comprovar de plano. Por exemplo, com prova
documental, uma ata notarial.
Portanto, tecnicamente é um fato líquido e certo, porque, na verdade, o direito não
precisa ser provado, mas sim o fato. No mandado de segurança não há fase de instrução
probatória.
Não é sempre que as provas do direito líquido e certo não estão na posse do impetrante
e sim na posse da autoridade coatora. Isso não impede que o instrumento constitucional seja
utilizado. Para tanto, o autor informará essa circunstância na inicial e pedirá ao juiz que
determine a autoridade coatora o fornecimento dessas provas.
Contudo, ao ingressar com o mandado de segurança a pessoa não apresenta na inicial as
provas necessárias ou indica que a autoridade coatora está na posse das provas necessárias
ao direito líquido e certo, o mandado de segurança é extinto sem a resolução do mérito por
falta de pressuposto processual.
Essa pessoa só conseguirá impetrar outro mandado de segurança, caso consiga
comprovar novo direito líquido e certo surgido da mesma relação processual, pois, o primeiro
mandado de segurança extinto faz coisa julgada formal. Neste caso, ainda cabe a propositura
de uma ação ordinária.
Diferentemente se ao impetrar o mandado de segurança, ao analisar o mérito o juiz
afirmar que não há segurança a ser concedida. Pois, como houve análise de mérito, essa
decisão faz coisa julgada material. Sendo assim, não será possível ingressar com um novo
mandado de segurança e tão pouco com uma ação ordinária.
TEORIA DA ENCAMPAÇÃO
A Teoria da encampação ocorre quando o autor do mandado de segurança
equivoca-se quanto a diferenciação entre réu e autoridade coatora.
Sendo assim, o autor declara uma pessoa como autoridade coatora, porém,
quem realmente é responsável e presta as informações é uma terceira pessoa.
Pela Teoria da Encampação, essas informações serão válidas se cumpridos os
três requisitos da Súmula nº 628 do STJ.
Súmula nº 628 do STJ:
“A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando
presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou
informações e a que ordenou a prática do ato impugnado;
b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e
c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição
Federal.”
Caso haja modificação de competência, o mandado de segurança deve ser
extinto.
CABIMENTO
Cabe mandado de segurança para proteção de direito individual (ou coletivo, quando o
mandado de segurança for coletivo). Por exemplo, Sandro impetra mandado de segurança
para obter uma certidão de um determinado órgão, porque precisa apresentar essa certidão
na etapa de uma prova. Inclusive, ele faz um pedido liminar no mandado de segurança que
impetra, o que é perfeitamente cabível.
Contudo, a liminar em sede de mandado de segurança é uma liminar com mais
características da tutela satisfativa que e assemelha-se muito mais com uma tutela antecipada
do que com uma tutela cautelar.
Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos
administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias
de serviço público.
Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução;
de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
de decisão judicial transitada em julgado.
LEGITIMADOS
Os legitimados do mandado de segurança coletivo estão no art. 5º, LXX da CRFB, já
transcrito anteriormente, e no art. 21 da Lei nº 12.016/09.
Sim. Pode, porque, a CRFB traz um mínimo de exigência que pode ser
ampliada por lei infraconstitucional desde que não retire o núcleo essencial do
mandado de segurança.
PRAZO
O prazo para o mandado de segurança é de 120 dias corridos, ou seja, não segue a
contagem do processo civil de dias úteis.
Esse prazo de 120 dias só é aplicável aos mandados de segurança por ação. Embora ele
seja um prazo decadencial, ele não atinge o fundo do direito como acontece no processo civil.
Isso porque a decadência do writ opera-se na utilização do mandado de segurança.
Portanto, a parte ao perder o prazo decadencial pode utilizar-se da ação ordinária para
conseguir o seu bem jurídico objeto do writ.
Uma vez que não há prazo para mandado de segurança por omissão, porém, caso a lei
traga um prazo para a análise do seu direito líquido e certo pela administração pública e essa
análise não ocorrer dentro desse prazo estabelecido em lei, após esse prazo passa a contar o
prazo decadencial do mandado de segurança.
HABEAS DATA
O habeas data é uma ação que tem por finalidade garantir o acesso de uma pessoa a
informações sobre ela que estejam armazenadas em arquivos ou bancos de dados de
entidades governamentais ou públicas. Trata-se de uma garantia, um writ, um instrumento
constitucional previsto no art. 5º, LXXII, “a”, da CF/88:
Art. 5º (…)
LXXII — Conceder-se-á
Embora o habeas data só tenha chegado ao Brasil com a Constituição Federal de 1988,
ele surgiu em 1776.
É o instrumento constitucional colocado ao dispor das pessoas físicas ou jurídicas,
brasileiras ou estrangeiras, para que solicitem ao Poder Judiciário a exibição ou a retificação
de dados constantes em registros públicos ou privados.
CABIMENTO
Para que seja concedido o habeas data é essencial a recusa da administração em prestar
a informação.
Ação constitucional, de conteúdo cível e rito sumário, destinada a defender:
Direito de obter informações relativas ao impetrante, inseridas em repartições
públicas e privadas;
Direito de reconhecer os responsáveis pelos registros armazenados;
Direito de contestar dados inverídicos e eliminá-los, tomando as medidas judiciais
cabíveis;
Atualizar dados ultrapassados ou anotar explicações sobre dados verdadeiros, mas
justificáveis, que estejam sob pendência judicial ou amigável.
Por exemplo, suponha-se que uma pessoa tem um imóvel e que deseja vende-lo. Desta
forma, essa pessoa tira as certidões do imóvel para mostrar aos possíveis compradores que
está tudo correto com o imóvel sendo, portanto, uma aquisição segura.
Porém, ao retirar as certidões, a pessoa percebe que consta no Registro Geral de Imóveis
(RGI) uma ação antiga que já encontra-se extinta. Ela pode utilizar-se do habeas data para
atualizar essas informações diante do RGI, desde que haja a negativa da administração pública
de fazê-lo pelas vias administrativas.
Súmula nº 2 do STJ:
“Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houve recusa
de informações por parte da autoridade administrativa.”
Se não houve recusa administrativa, não tem motivo para o autor propor a
ação. Falta interesse de agir (interesse processual).
PRAZOS
O habeas data tem previsão infraconstitucional na Lei nº 9.507/97. Nesta lei, o artigo
mais importante é o art. 8.
Isso porque, ele estabelece prazos para a administração pública se manifeste a respeito
do requerimento administrativo por informações.
MANDADO DE INJUNÇÃO
O mandado de injunção está presente no art. 5º, inciso LXXI da CRFB e na Lei nº
13.300/16 e busca suprir uma omissão de norma infraconstitucional que impede a fruição de
um direito.
longo do tempo o STF decidiu em sede de repercussão geral que enquanto houver omissão
legislativa, os servidores públicos utilizaram como parâmetro a legislação de greve do regime
trabalhista da CLT.
Além disso, é importante frisar que o STF entendeu que os militares e todos aqueles
servidores públicos da área de segurança pública, ou seja, todos aqueles constantes no art.
144 da CRFB não possuem direito a greve, pois, trata-se de uma questão de segurança pública
e nacional e não só os militares conforme o art. 142 da CRFB.
OMISSÃO INCONSTITUCIONAL
A omissão inconstitucional ocorre quando a constituição determinou um fazer
legislativo, porque, a norma constitucional não é de eficácia plena ou contida, ou seja, é uma
norma de eficácia limitada e o legislador permanece inerte.
A omissão é o não fazer do legislador e inverte o mandado constitucional.
Essa norma constitucional que deve ser elaborada ela pode ser uma norma para conferir
direitos subjetivos ou para conferir direitos objetivos.
Exemplo:
Direito subjetivo = direito de greve, aposentadoria especial por insalubridade.
Direito objetivo = mandado de criminalização do racismo, tráfico, tortura, terrorismo.
TOTAL
Quando não houver norma alguma tratando sobre a matéria.
PARCIAL
Quando existir norma regulamentando, mas esta regulamentação for insuficiente e, em
virtude disso, não tornar viável o exercício pleno do direito, liberdade ou prerrogativa
prevista na Constituição.
É importante ressaltar que a mora legislativa não possui um prazo definido, a mora será
verificada caso a caso a depender da omissão.
Sendo assim, até 2007, o STF reconhecia a omissão legislativa dos mandados de
injunção, porém, adotava-se a Teoria Não Concretista na qual embora a omissão fosse
LEGISLATIVO: quando o direito constitucional está inviabilizado pela falta de uma lei.
INDIVIDUAL: proposto por qualquer pessoa física ou jurídica, em nome próprio, defendendo
interesse próprio, isto é, pedindo que o Poder Judiciário torna viável o exercício de um direito,
liberdade ou prerrogativa seu e que está impossibilitado pela falta de norma
regulamentadora.
COLETIVO: proposto por legitimados restritos previstos na Lei, em nome próprio, mas
defendendo interesses alheios. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por
mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade
indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria (art. 12, parágrafo
único, da LMI).
O mandado de injunção coletivo não foi previsto expressamente pelo texto da CF/88,
mas mesmo assim sempre foi admitido pelo STF e atualmente encontra-se disciplinado pela
Lei nº 13.300/2016.
QUESTÕES
1. Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2020 - TJ-PA - Oficial
de Justiça - Avaliador
A Constituição Federal de 1988 prevê o uso do mandado de injunção como uma
garantia constitucional sempre que a falta de norma regulamentadora tornar inviável o
exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. Nesse sentido, segundo o STF, o cabimento do
mandado de injunção pressupõe a demonstração da existência de omissão legislativa
relativa ao gozo de liberdades ou direitos garantidos constitucionalmente pelas normas
constitucionais de eficácia
A) plena lato sensu.
B) contida lato sensu.
C) plena stricto sensu.
D) contida stricto sensu.
E) limitada stricto sensu.
2. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Campo Grande - MS Prova:
CESPE - 2019 - Prefeitura de Campo Grande - MS - Procurador Municipal
3. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM -
Analista Judiciário - Direito
É cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo contra ilegalidade
praticada por diretor de sociedade de economia mista em decisão que homologa o
resultado de licitação ou em atos de gestão comercial.
( ) Certo ( )Errado
4. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TCE-RO Prova: CESPE - 2019 - TCE-RO -
Procurador do Ministério Público de Contas
C) direito de petição.
D) mandado de segurança.
E) habeas data.
5. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEFAZ-RS Prova: CESPE - 2019 - SEFAZ-
RS - Auditor Fiscal da Receita Estadual - Bloco II
Acerca das ações constitucionais, assinale a opção correta.
GABARITO
1. Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2020 - TJ-PA -
Oficial de Justiça - Avaliador
A Constituição Federal de 1988 prevê o uso do mandado de injunção como uma
garantia constitucional sempre que a falta de norma regulamentadora tornar inviável o
exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. Nesse sentido, segundo o STF, o cabimento do
mandado de injunção pressupõe a demonstração da existência de omissão legislativa
relativa ao gozo de liberdades ou direitos garantidos constitucionalmente pelas normas
constitucionais de eficácia
A) plena lato sensu.
B) contida lato sensu.
C) plena stricto sensu.
D) contida stricto sensu.
E) limitada stricto sensu.
GABARITO E
COMENTÁRIO:
A norma de eficácia plena produz seus efeitos imediatamente. A norma de
eficácia contida também, porém, a norma infraconstitucional pode limita-la.
Portanto, a única alternativa restante é a LETRA E.
Isso porque, a norma de eficácia limitada necessita da norma
infraconstitucional para produzir todos os seus efeitos. A não edição dessa norma
gera uma omissão inconstitucional.
Art. 5º, LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.
2. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Campo Grande - MS Prova:
CESPE - 2019 - Prefeitura de Campo Grande - MS - Procurador Municipal
3. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM -
Analista Judiciário - Direito
É cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo contra ilegalidade
praticada por diretor de sociedade de economia mista em decisão que homologa o
resultado de licitação ou em atos de gestão comercial.
( ) Certo ( )Errado
GABARITO ERRADO
COMENTÁRIO:
Contra decisão que homologa o resultado de licitação cabe mandado de
segurança. Contudo, não é cabível mandado de segurança contra atos de gestão
comercial de sociedades de economia mista, na forma do art. 1, § 2º da Lei nº
12.016/09.
Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver
justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam
quais forem as funções que exerça.
[...] § 2º - Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão
comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de
economia mista e de concessionárias de serviço público.
4. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TCE-RO Prova: CESPE - 2019 - TCE-RO -
Procurador do Ministério Público de Contas
E) habeas data.
GABARITO D
COMENTÁRIO:
LETRA A O caso em tela não trata de direito ambulatorial, portanto, não se
trata de habeas corpos, pois, não houve cerceamento ou ameaça de cerceamento
de liberdade de locomoção.
LETRA B Não há omissão legislativa presente no caso concreto, portanto, não
se trata de mandado de injunção.
LETRA C Não é o direito de petição, pois, para que fosse o direito de petição
seria necessário falar em ilegalidade ou abuso de poder. Conforme art. 5º, XXXIV,
alínea “a” da CRFB – “são a todos assegurados, independentemente do pagamento
de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder.”
LETRA D Esta é a alternativa correta, pois, é o mandado de segurança o
instrumento correto. Pois, trata-se de um direito líquido e certo assegurado
constitucionalmente, a saber, o direito de informação e publicidade dos atos da
administração pública.
LETRA E Não se trata de habeas data, pois, as informações requisitadas pelo
cidadão não são informações pessoais dele, mas sim referentes a órgãos públicos.
5. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEFAZ-RS Prova: CESPE - 2019 - SEFAZ-
RS - Auditor Fiscal da Receita Estadual - Bloco II
Acerca das ações constitucionais, assinale a opção correta.
GABARITO E
COMENTÁRIO:
LETRA A O Mandado de injunção não se destina a regulamentar normas
constitucionais de eficácia contida, mas apenas normas de eficácia limitada.
Portanto, alternativa incorreta.
LETRA B A ação popular não pode ser ajuizada por pessoa jurídica, mas,
apenas por pessoa física com cidadania brasileira, na forma do art. 5, inciso LXXIII
da CRFB e também Súmula nº 365 do STF, por isso, esta alternativa está incorreta.
art. 5, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado