Você está na página 1de 58

alfaconcursos.com.

br

SUMÁRIO
DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................. 2
CONSTITUCIONALISMO ANTIGO............................................................................................................... 2
CONSTITUCINALISMO MODERNO ............................................................................................................ 3
CARACTERÍSTICAS: ............................................................................................................................... 3
CONTEXTO HISTÓRICO DO NEOCONSTITUCIONALISMO ........................................................................... 4
NEOCONSTITUCIONALISMO, CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO OU CONSTITUCIONALISMO
HODIERNO ............................................................................................................................................... 4
CARACTERÍSTICAS: ............................................................................................................................... 6
HERMENÊUTICA ....................................................................................................................................... 6
EFICÁCIA NORMATIVA DOS PRINCÍPIOS ................................................................................................... 6
FORÇA NORMATIVA DA JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................ 7
FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO ................................................................................................... 7
ORDENAMENTO ESCALONADO ................................................................................................................ 7
PODER CONSTITUINTE ............................................................................................................................. 7
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO ......................................................................................................... 8
CARACTERÍSTICAS: ............................................................................................................................... 8
EXERCÍCIOS .............................................................................................................................................. 9

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA GERAL DO DIREITO


CONSTITUCIONAL
CONSTITUCIONALISMO ANTIGO
O Direito Constitucional como conhecemos é fruto de uma teoria que surgiu a partir do
Estado Moderno, século XVIII.
Porém, desde que o homem começa a se organizar com estruturação de sociedade,
sendo as mais simples ou mais complexas, essa organização se pauta por uma norma superior.
Ela poderia ter como fundamento a vontade dos Deuses ou de um Deus ou a vontade de um
rei. A isso é dado o nome de constitucionalismo antigo.
Desde Grécia, Roma até a Idade Média e Absolutismo não havia um Código organizado.
O Poder exercido por esses grupos vem de uma divindade. Não havia um código organizado
com o nome de constituição.
A partir do movimento do humanismo, século XVI, a ideia de que o poder está vinculado
a uma divindade deixar de ser absoluta, ou seja, com esse momento há uma desvinculação do
exercício do poder a vontade divina e passa a ser vinculada a vontade do próprio homem (o
rei).
É nesse momento histórico que surgem os estados nações e, nesse contexto, dois estados
nações ganham destaque: França e Inglaterra.
A Inglaterra faz uma revolução no século XVII, mais aproximadamente de 1684 a 1689,
constituindo-se em uma monarquia parlamentarista. Isso porque, procura-se uma separação
das funções do poder, ou seja, uma separação do Poder Executivo e o Poder Legislativo.
Já a França possuía um absolutismo duro e forte, bem mais forte que o absolutismo
inglês.
A França, no início do século XVIII, os burgueses, um grupo que era detentor de grande
parte da riqueza, percebem que eles não faziam parte da formação do Estado, em outras
palavras, não faziam parte do poder.
Desta forma, a revolução francêsa acontece, porque o poder é voltado para a nobreza e o
Clero excluindo o povo. Inclusive uma camada do povo que, embora não fossem nobres e não
eclesiásticos e não tivesse representantes no poder, possuíam a riqueza necessária para
sustentar a monarquia, o clero e a nobreza.
Sendo assim, influenciados pelo Iluminismo, desenvolvido primeiro por John Locke, na
Inglaterra, e depois o Barão de Montesquieu, na França, chegam a conclusão que todo aquele
que exerce o poder tende a exacerba-lo, por isso, é necessária a separação dos poderes com o
objetivo de separar os poderes é que se garanta direitos. Direitos que antes estavam inatos,
não estavam escritos, numa lei universal ou natural, que agora estão escritos, positivados.

Grécia e Roma Estado Liberal

Idade Média e
Absolutismo

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

CONSTITUCINALISMO MODERNO
Ao final do século XVIII até o século XX, Inglaterra e França passam por duas grandes
revoluções liberais que acabam com os Estados Absolutistas e criam o Estado Liberal. Esse
estado liberal tem uma grande característica, as constituições escritas, que são fruto do Poder
Constituinte. Inaugurando o Constitucionalismo Moderno.
Movimento que traz uma constituição escrita, positivada, com uma posição superior as
demais normas do ordenamento jurídico e garante os direitos fundamentais cujo detentor do
poder é o povo.
Portanto, a constituição no constitucionalismo moderno visa organizar a estrutura do
estado trazendo a forma de estado, a forma de governo, o sistema de governo e o regime de
governo inclusive trazendo limites ao Estado por meio dos direitos fundamentais.

CARACTERÍSTICAS:
 Revoluções do séc. XVIII (Francêsa e Inglesa);
 França e Inglaterra;
 Constituição hierarquicamente superior;
 Surgimento dos Direitos Fundamentais e;
 Separação dos Poderes.

Observação sobre Separação dos Poderes:


Existem, no constitucionalismo moderno, três grandes exemplos de separação de
poderes feitas de formas distintas.
No modelo francês, o poder judiciário deve apenas dizer o direito, ou seja, o juiz é a
boca da lei, um mero aplicador da lei.
Já no modelo americano, existem três grandes poderes que têm suas funções típicas e
atípicas e cada poder tem a prerrogativa de fiscalizar os demais poderes. É a ideia de check
and balance. Os americanos, em 1803, criam o controle de constitucionalidade difuso, o
judicial review, mecanismo que possibilita a revisão de atos do Poder Executivo e Poder
Legislativo que não estejam de acordo com a Constituição.
E o modelo brasileiro, que teve sua primeira constituição de 1824 (primeira e única
constituição monarca do Brasil). Ela não traz a separação de poderes conforme a ideia de John
Locke ou de Montesquieu.
Dom Pedro I baseia-se nas ideias de Benjamin Constant na qual a separação dos poderes
não se fazia em 3 grupo (Legislativo, Executivo e Judiciário), mais sim em 4 grupos:
Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. Esse quarto poder serviria justamente para
dilimir as tensões entre os demais poderes.
Porém, o imperador desvirtua a ideia de Poder Moderador tornando-o maior do que os
demais poderes suprimindo-os.

Qual a função dos direitos fundamentais no constitucionalismo moderno?


A função dos direitos fundamentais no constitucionalismo moderno é conter
a força do Estado, ou seja, é por um limite no poder estatal. Os direitos
fundamentais são uma limitação ao poder de arbítrio estatal.
Essas primeiras limitações, por exemplo, direito de propriedade, direito à
vida (no sentido de que o Estado não pode retirá-la de forma arbitrária), direito a
igualdade, nacionalidade, apenas para fins didáticos, são classificados como direitos

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

fundamentais de primeira geração ou dimensão. Também são conhecidos como


direitos civis, políticos, de defesa, de não intervenção ou ainda direitos negativos.

Dica: Utilize a nomenclatura que o examinador utilizar. Caso ele utilize dimensão, use
dimensão. Caso utilize geração, utilize-se de geração também.

LEMBRANDO QUE...
No Brasil, a forma de estado é a Federalismo
A forma de governo é a Republicana;
O sistema de governo é o Presidencialismo; e
O regime de governo é o Democrático.

CONTEXTO HISTÓRICO DO NEOCONSTITUCIONALISMO


Contudo, com as mudanças que ocorrem no mundo, o constitucionalismo moderno deixa
de atender os anseios da sociedade.
A Revolução Industrial faz com que as pessoas deixem de viver nos campos, ou seja, na
área rural, para viverem em áreas urbanas. Portanto, passam a trabalhar em fábricas movidas
a carvão e a média de vida era baixa e existiam várias pestes.
A educação era voltada para as camadas mais altas da sociedade. O trabalho infantil era
algo comum.
Então, as camadas mais baixas da sociedade, começam a reivindicar direitos como a
regulamentação do seu trabalho.
Ao final do século XIX, houve a 1º Guerra Mundial. Com a volta dos sobreviventes dessa
guerra, eles começam a reivindicar uma assistência, pois, eles não poderiam continuar como
militares já que muitos deles voltavam mutilados e também não poderiam reinserir-se no
mercado de trabalho.
Além disso, nos Estados Unidos, no final da década de 1920, acontece a grande crise
econômica pelo excesso de produção industrial conhecida como a grande queda na bolsa de
valores americana.
A solução para esse problema de excesso produção é criar o modo de vida americano,
american way of life fazendo com que as famílias americanas tornem-se bem consumistas.
E então, da metade da década de 1930 até 1945, tem-se a 2º Guerra Mundial.
Ao fim da 2º Guerra Mundial, quando os países vencedores se reúnem (o Brasil
participou desta reunião sendo um dos países formadores da ONU), eles começam a perceber
que aquela forma de estado trazida pelo constitucionalismo moderno não correspondem mais
aos anseios sociais.
Já haviam tido duas experiências, uma em 1917, no México, e outra em 1919, na
Alemanha com a Constituição de Weimar que traziam direitos fundamentais que não exigiam
uma prestação negativa do Estado, o contrário, eram direitos fundamentais que traziam uma
obrigação prestacionista do Estado.

NEOCONSTITUCIONALISMO, CONSTITUCIONALISMO
CONTEMPORÂNEO OU CONSTITUCIONALISMO HODIERNO
O neoconstitucionalismo começa no final do século XVIII e vai até 1948, chegando a
conclusão de que não basta a obrigação do Estado de não fazer, não basta o Estado ser Liberal,

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

pois, a humanidade passou por atrocidades contra os homens e perpetradas pelo próprio
homem.
É necessário então reorganizar os Estados, portanto, reorganizar o Direito
Constitucional, ficando essa reorganização conhecida como Neoconstitucionalismo, que no
Brasil só chega no final da década de 1980.
A Constituição Federal de 1988 é a primeira constituição brasileira que traz uma visão
neoconstitucionalista.
Sendo assim, com a revolução industrial, há um releitura do Direito Constitucional, pelo
neoconstitucionalismo, com o objetivo de concretizar os direitos fundamentais.
Isso porque, o constitucionalismo moderno tinha por objetivo organizar o Estado
trazendo alguns direitos fundamentais como limitadores do poder estatal.
Já o neoconstitucionalismo entende que o Estado organizado serve para concretizar
direitos fundamentais.
Além disso, tanto para a banca da PC/PR quanto para o CEBRASPE banca examinadora
da prova de Delegado Federal, no neoconstitucionalismo a função de concretizar os
direitos fundamentais não é uma função exclusiva do Estado, porque, é uma função da
sociedade também.
Por isso, por diversas vezes, o texto constitucional de 1988 deixa claro que a sociedade
também tem a obrigação de concretizar os direitos constitucionais trazidos em seu texto.
Por exemplo, tem-se o art. 227 da CRFB que traz o princípio da paternidade
responsável.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar


à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.

Já o princípio da separação dos poderes no neoconstuticionalismo, os três poderes


(Executivo, Legislativo e Judiciário) ou funções representam o poder, ou seja, as três
representam o povo. Portanto, o Poder Judiciário, assim como o Legislativo, também traz uma
representação popular.
Pois, o neoconstitucionalismo insere na própria na estrutura do Estado a democracia,
segundo o art. 1 da CRFB, o Brasil é um Estado Democrático de Direito. Ser democrático não é
exclusivamente o direito ao voto. O voto é uma das expressões democráticas, umas das mais
importantes, porém, não é a única forma de expressão da nossa democracia.
No neoconstitucionalismo, há diversas formas de manifestação do espírito
democrático, mas há também, por exemplo, a ação popular, a liberdade de expressão,
audiências públicas. Existe, inclusive, a participação por meio da desobediência civil, ou seja, a
greve. Desde que essa greve não se torne ilegal e quem decide se a greve é legal ou não é o
poder judiciário.
Recentemente, tem-se diversas decisões do Poder Judiciário que concretizam direitos
fundamentais. Portanto, ele é sim um representante do povo para o neoconstitucionalismo.
Além do exercício direto do poder por meio do plesbicito, referendo e iniciativa
popular, art. 14, incisos I ao III da CRFB.

Cuidado!
Não confunda o Neoconstitucionalismo com o Pós-positivismo.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

O pós-positivismo ele sai do campo do positivismo formalista em que o


Direito é apenas as leis. Para o pós-positivismo a lei é apenas um das expressões
do Direito.
Já o neoconstitucionalismo é mais amplo que o pós-positivismo, pois o
primeiro traz uma nova forma de enxergar o Estado.

CARACTERÍSTICAS:
 Alteração na hermenêutica;
 Eficácia normativa dos princípios;
 Força normativa da jurisprudência;
 Força normativa da Constituição;
 Aperfeiçoamento e expansão do Controle de Constitucionalidade;
 Expansão da Teoria dos Direitos Fundamentais.

HERMENÊUTICA
É o método que se tem para revelar o Direito utilizando de vários objetos, um desses
objetos é a interpretação.
Com o neoconstitucionalismo, saiu-se dos métodos de interpretação clássicos
(métodos literais ou gramaticais, histórico, sistemático, teleológico e sociológico) para novos
métodos de interpretação (tópico-problemático, hermenêutico-concretizador, normativo
estruturante).

Tópico-problemático
O método tópico-problemático de interpretação constitucional pressupõem que a
Constituição é um sistema aberto de normas, o que significa dizer que cada uma das normas
constitucionais admite interpretações distintas, que podem variar no tempo e também que
um problema é uma questão que admite, também, respostas distintas e ainda que a norma
deve ser pensada a partir do problema.

Hermenêutico-concretizador
O método hermenêutico-concretizador reconhece a importância do aspecto subjetivo da
interpretação, ou seja, da pré-compreensão que o intérprete possui acerca dos elementos
envolvidos no texto a ser por ele interpretado. Essa pré-compreensão faz com que o
intérprete, na primeira leitura do texto, extraia dele um determinado conteúdo, que deve ser
comparado com a realidade existente.

Normativo estruturante
No método normativo-estruturante a primeira ideia é a de que a norma jurídica não se
identifica com seu texto, ou seja, o texto jurídico é diferente da norma, esta é o resultado de
um processo de concretização.

EFICÁCIA NORMATIVA DOS PRINCÍPIOS


Além desses novos métodos de interpretação, houve a inclusão dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade. E também uma nova visão na qual os princípios são

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

normas, ou seja, eles são espécies de normas jurídicas. Portanto, os princípios que eram meios
de interpretação do direito passam a configurar como espécies de normas.
A partir de então, há a possibilidade de ter uma decisão pautada apenas em um
princípio constitucional, pois nos princípios eu tenho axiomas ou valores.

FORÇA NORMATIVA DA JURISPRUDÊNCIA


Embora o sistema vigente no Brasil ainda seja o Civil Law, mas desde a década de 1990,
com as ações de controle de constitucionalidade, com a Emenda Constitucional nº 45 e com o
Código de Processo Civil de 2015 trouxeram a importância do precedente.
Portanto, quando o precedente tiver um efeito vinculante, ele terá uma eficácia
normativa.

FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO


Força normativa da Constituição é a eficácia irradiante da constituição por meio da
qual todas as demais normas passam pelo filtro constitucional, ou seja, nenhuma lei, no
sentido amplo da palavra, pode contrariar a norma constitucional.

ORDENAMENTO ESCALONADO

Bloco
Constitucional
CRFB,
ADCT,
Emendas Constitucionais,
Princípios Constitucionais e
TIDH (art. 5, § 3º).

Lei Ordinário, Lei Complementar, Medidas Provisórias, demais


Tratados.
Art. 59 da CRFB

PODER CONSTITUINTE
Surgindo na França, final do século XVIII, cunhada por Emmanuel Joseph Sieyès, o
Poder Constituinte é a teoria do poder supremo da Constituição.

Conceito
O Poder Constituinte é um poder político, fundamental e supremo capaz de criar as
normas constitucionais, organizar o Estado, delimitar os poderes do Estado fixando as
competências do Estado

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

Desta forma, o Poder Constituinte é a manifestação soberana de vontade dos


indivíduos para gerar um núcleo social.
Esse poder constituinte tem o poder originário, que cria o Estado e depois esse poder
originário deixará competências para o poder constituinte derivado. Isso em constituições
que admitem alterações.

O poder constituinte originário manifestou-se uma única vez?


Não. O Brasil teve pelo menos 7 Constituições, portanto, o Poder
Constituinte se manifestou várias vezes já que a cada nova constituição há um
novo poder Constituinte originário.

PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO


O poder constituinte originário é o poder que estabelece a constituição que funda uma
nova ordem jurídica constitucional.
No Brasil, todas as normas trazidas pelo poder constituinte originário não possuem
hierarquia entre elas e são absolutamente constitucionais. Não se adota a Teoria do
Professor Otto Bachoff de normas constitucionais inconstitucionais.

Observação:
Caso a questão não fale nada que deseja saber sobre as características modernas,
contemporâneas do Poder Constituinte Originário, atente-se apenas as 3 características
clássicas.

CARACTERÍSTICAS:
 Inicial uma vez que inaugura uma nova ordem jurídica;
 Autônomo já que só aqueles que compõem o poder constituinte originário podem
decidir e fixa os termos da nova constituição; e
 Ilimitado*.

Cuidado!
Vê-se em alguns manuais de Direito Constitucional que o poder
constituinte origanário é ilimitado, porque ele não sofre qualquer limitação prévia
de direito. Essa é uma visão clássica.
Porém, na visão da teoria contemporânea, o poder constituinte originário
possui sim limitações. Essas limitações heterônomas, transcendentes e imanentes.
Heterônomas, pois, as normas que trazem limitações ao poder constituinte
originário são de ordem internacional, são Tratados Internacionais de Direitos
Humanos.
Transcendentes porque veda-se o retrocesso, ou seja, a nova constituição
não poderia trazer menos direitos fundamentais do que a atual.
E imanente que está ligada a nossa soberania e a nossa forma federativa
de estado.
Atualmente a CESPE (CEBRASPE) não utiliza o termo ilimitado, mas sim
incondicionado que também está correto.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

EXERCÍCIOS
1. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 -
Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma
invenção do constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu de
que apenas poderes moderados eram compatíveis com a liberdade. Mas como seria
possível restringir o poder soberano, tendo a sua autoridade sido entendida ao longo da
modernidade justamente como um poder que não encontrava limites no direito
positivo? Uma soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de
poderes políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de soberania, que
sofreu uma deflação.
Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da soberania limitada. In: Teoria &
Sociedade. n.º 19, 2011, p. 201 (com adaptações).

Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de Constituição,


classificações das Constituições e poder constituinte.

A exigência de poderes políticos limitados após a manifestação do poder constituinte


originário fundamenta tanto o sentido lógico-jurídico quanto o sentido jurídico-positivo
da Constituição.
( ) Certo ( ) Errado
COMENTÁRIO:
O sentido lógico-jurídico propõe uma norma que fundamenta a Constituição e
que não é posta pelo Estado, sendo apenas pressuposta, metafísica. Essa norma
está no topo do ordenamento jurídico gerando um ordenamento escalonado.
Por outro lado, o sentido jurídico-positivo constitui uma lei posta pelo Estado,
é a Constituição escrita, a norma que fundamenta o ordenamento jurídico.
Portanto, os poderes políticos limitados devem respeitar o Poder Constituinte
originário, ilimitado juridicamente, bem como a soberania limitada deve respeitar a
soberania ilimitada, da mesma maneira que a norma posta pelo Estado deve
respeitar a norma fundamental hipotética.

2. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA -
Delegado de Polícia Civil
O poder constituinte originário
A. é fático e soberano, incondicional e preexistente à ordem jurídica.
B. é reformador, podendo emendar e reformular.
C. é decorrente e normativo, subordinado e condicionado aos limites da própria
Constituição. D. é atuante junto ao Poder Legislativo comum, com critérios específicos e
de forma contínua. E. é derivado e de segundo grau, culminando em atividade diferida.

COMENTÁRIO:
O Poder Constituinte é fático e soberano, isso significa dizer que ele não sofre
qualquer limitação prévia do Direito, tem a ver com a característica da autonomia
do poder constituinte.

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

O Poder Constituinte é incondicional ou incondicionado, ou ainda, ilimitado,


pois, não se sujeita a nenhuma norma anterior para a sua manifestação. Pode agir
livremente, sem condições ou formas pré-estabelecidas.
Além disso, também é preexistente à ordem jurídica,uma vez que ele
inaugura uma nova ordem jurídica do zero, rompendo com a anterior. Portanto,
esse pré-existência pode ser conhecida como a característica chamada de poder
inicial.

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

Gabarito
1. CERTO
2. A

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
PODER CONSTITUINTE DERIVADO ..................................................................................................................... 2
CONCEITO .................................................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTIDAS...................................................................................................................................... 2
ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE DERIVADO ............................................................................................ 4
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR/REVISOR..................................................................... 4
PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE ...................................................................................... 5
PODER CONSTITUINTE DERIVADO DIFUSO ............................................................................................... 7
NORMAS CONSTITUCIONAIS ......................................................................................................................... 7
EFEITOS TEMPORAIS DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ............................................................................... 8
CONSTITUIÇÃO .............................................................................................................................................. 9
CONCEITO .................................................................................................................................................. 9
BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE .............................................................................................................. 9
SENTIDOS DA CONSTITUIÇÃO...................................................................................................................... 10
QUESTÕES........................................................................................................................................................ 12
GABARITO ........................................................................................................................................................ 14

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

PODER CONSTITUINTE DERIVADO


CONCEITO
É a competência atribuída pelo poder constituinte originário para que alguns órgãos
possam alterar o texto originário da constituição.
Neste sentido, possui características próprias delimitadas pelo Poder Constituinte
Originário. A Constituição Federal não traz expressamente as características do Poder
Constituinte Derivado, porém, há um artigo do qual pode ser abstraído as características
desse poder, a saber, art. 60 da CRFB.

CARACTERÍSTICAS
 O Poder Constituinte Derivado é um poder de direito e não um poder de fato,
porque as próprias normas da Constituição determinam a sua ocorrência;
 Poder condicionado, pois, manifesta-se nos limites e possibilidades trazidos
previamente na Constituição;
 É um poder limitado, pois sofre restrições temporais, circunstanciais e
materiais.

Limites do Poder Constituinte Derivado


 Limitação temporal: Existe uma corrente minoritária da doutrina que afirma que o
limite temporal não existe, mas a corrente majoritária reconhece sua existência.
Para essa corrente minoritária, o limite temporal estava previsto no art. 3 do ADCT
que já teve sua eficácia exaurida.
Porém, para a doutrina majoritária, o fundamento do limite temporal encontra-
se no art. 60, § 5º da CRFB e o art.3 do ADCT.

[art.60, CRFB] § 5º A matéria constante de proposta de emenda


rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova
proposta na mesma sessão legislativa.

Início da sessão Termino da sessão


legislativa legislativa NOVA DISCUSSÃO SOBRE
02 de Fevereiro DE 2019 22 de Dezembro DE 2019 A PEC

PEC REJEITADA Início de uma nova


sessão legislativa
02 Fevereiro de 2020

A PEC não foi aprovada no primeiro semestre da sessão legislativa.


Essa PEC pode voltar a ser votada no segundo semestre?
Não! A sessão legislativa dura de 02 de fevereiro até 22 de dezembro de
cada ano, portanto, caso seja rejeitada naquele ano, a PEC só poderá voltar a ser
discutida na sessão legislativa do ano seguinte.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

 Limitação circunstancial: ocorrem circunstâncias ou situações previstas


anteriormente na Constituição em que ela não poderá ser alterada. Essas
circunstâncias são excepcionais e temporárias. São elas: intervenção, estado de
defesa e estado de sítio, art. 60, § 1º da CRFB.

[art.60, CRFB] § 1º A Constituição não poderá ser emendada na


vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de
sítio.

 Limitação material: os limites materiais são as cláusulas pétreas, art. 60, § 4º da


CRFB.

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente


a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

O art. 60, § 4º da CRFB traz as cláusulas pétreas explícitas, porém, existem,


segundo a doutrina majoritária, as cláusulas pétreas implícitas que é uma leitura
horizontal das cláusulas pétreas, uma leitura ampliativa. Sendo assim, nem todas
as cláusulas pétreas têm essa leitura ampliativa. Por exemplo, o inciso II do § 4º,
art. 60 da CRFB não sofre essa leitura ampliativa.
Numa leitura ampliativa, além da forma de estado, a forma de governo também
é cláusula pétrea, ou seja, além da Federação ser uma cláusula pétrea, a República
também é.
Ademais, quando se diz que a separação de poderes é uma cláusula pétrea, por
consequência a autonomia ou independência desses poderes também torna-se
uma cláusula pétrea.
 Por fim, numa visão ampliativa, não só os direitos e garantias individuais são
cláusulas pétreas, mais também, os direitos e garantias coletivos são considerados
cláusulas pétreas implícitas.

Importante!
A obrigatoriedade do voto não é cláusula pétrea!

A PEC pode ampliar alguma cláusula pétrea?


Sim, poderá. Por exemplo, tem-se a Emenda Constitucional (EC) nº
45/2004 que ampliou o rol do art. 5 inserindo o § 3º e alguns incisos, sendo assim,
ampliando o rol de direitos fundamentais individuais.
Os incisos inseridos por essa EC nº 45 também são cláusulas pétreas ou
apenas o poder constituinte originário pode criar cláusulas pétreas?
A corrente minoritária afirma que esses incisos introduzidos pela EC nº 45
também são cláusulas pétreas, pois, há uma vedação ao retrocesso. Portanto, uma
vez introduzidos não podem ser retirados da Constituição Federal, caso contrário

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

estaria havendo um retrocesso, uma regressão de direitos fundamentais


individuais.
Contudo, a doutrina majoritária, entende que a ampliação do rol de
direitos do art. 5 é possível, porém, essa ampliação não estará coberta
pelo manto da cláusula pétrea. Pois, segundo essa corrente, o poder
constituinte derivado não é capaz de gerar cláusulas pétreas, apenas o
poder constituinte originário teria essa capacidade. (Essa segunda visão é
adotada pela banca CESPE/CEBRASPE).

ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE DERIVADO


PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR/REVISOR
É o poder que alterará a Constituição Federal e as constituições estaduais. Ele é uma
alteração formal, ou seja, tem um processo predefinido na constituição, art. 60, § 2º da CRFB.

§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso


Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

Observação:
O Presidente da República é um legitimado a propor uma reforma a constituição,
contudo, ele só poderá participar no momento de propositura da PEC. Isso porque, a proposta
de emenda a constituição (PEC) não passa pela sanção ou veto do Presidente da República e
nem publicação.

Em linhas gerais, o processo legislativo de emendas constitucionais tem um relator,


passa pela comissão própria da emenda, também pela comissão financeira e tributária e pela
comissão de constituição e justiça (CCJ). Diferentemente dos demais processos legislativos, a
PEC passa primeiramente na CCJ e depois pelas outras comissões.
A PEC é votada na Câmara de Deputados Federais e no Senado Federal em dois turnos
e em cada turno o quorum de votação é de 3/5.
Viu-se que a um prazo para essa aprovação, ou seja, se ela for rejeitada na sessão
legislativa não poderá voltar a ser discutida na mesma sessão em que fora rejeitada. E
também que a limites circunstanciais e materiais.
Quando se trata de EC, elas podem acrescentar um texto, retirá-lo total ou
parcialmente ou ainda modificar determinado artigo e existem ainda as emendas avulsas.
As emendas avulsas cuidam de uma situação específica, geralmente, elas são editadas,
produzem os seus efeitos e depois extinguem-se sozinhas, pois têm um caráter temporário.
Exemplos: EC nº 91, 106 e 107.
Em regra, a troca de partido durante o mandato faz com que ele perca o seu mandato
por infidelidade partidária. Isso porque o mandato pertence ao partido e não ao parlamentar,
exceto em situações permitidas pela Lei dos Partidos Políticos permita.
A EC nº 91 permitiu, temporariamente, aos parlamentares trocarem de partido durante
o ano de 2017 sem que eles perdessem o mandato. Ela trouxe uma norma constitucional
temporária, não tem mais efeitos e não alterou nenhuma norma constitucional, por isso, é
uma emenda constitucional avulsa.
A EC nº 106, emenda constitucional tratando de regras de direito financeiro, é uma
emenda constitucional avulsa. Porque, ela tem uma prazo que a princípio é até 31 de

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

dezembro de 2020 e permite que os entes federativos tenham um gasto fora dos limites das
leis orçamentárias, ou seja, do teto orçamentário previsto na constituição por conta da
pandemia de covid-19 e atenuou as normas de licitação constitucionais durante o período de
pandemia e também flexibilizou as normas para contratação de pessoal temporariamente.
Ademais, a PC nº 107 também se encaixa na classificação de emenda constitucional
avulsa. Porque, alterou as datas previstas constitucionalmente das datas de eleições
municipais de 2020, exclusivamente, por conta também da pandemia de covid-19. Além de ser
uma emenda constitucional avulsa, a EC nº 107 traz a derrotabilidade das normas
constitucionais contrárias a ela.
A constituição possui normas da espécie regras e da espécie princípios. Algumas normas
constitucionais sobre eleições não são principiológicas, ou seja, são normas da espécie regra,
portanto, apenas formalmente constitucionais. A EC nº 107 traz normas também da espécie
regra que contrariam as normas constitucionais já existentes.
Então, a emenda avulsa nº 107 está “derrotando” as normais constitucionais já
existentes. Em outras palavras, as normais constitucionais já existentes serão
temporariamente ineficazes no período da vigência e eficácia da EC nº 107.
Sendo assim, não pode-se falar em inconstitucionalidade da EC nº 107 e nem mesmo das
normas constitucionais anteriores a respeito do assunto, uma vez que a uma excepcionalidade
no conteúdo da norma da emenda constitucional avulsa.
Portanto, a derrotabilidade das normas é uma técnica constitucional de aplicabilidade
das normas que tem grande probabilidade de incidência na prova de Delegado de Polícia
Federal.
O poder constituinte reformador traz normas sempre pontuais que têm um determinado
tema. Já as emendas de revisão podem revisar qualquer tema dentro da constituição,
portanto, as emendas de revisão não possuem um tema específico.
As emendas de revisão têm um período previamente estipulado no próprio texto
originário. No caso do Brasil, elas já ocorreram em 1994, art. 3 do ADCT e já produziu seus
efeitos. Elas possuem uma forma menos rígida de votação para a alteração do texto
constitucional.
As Emendas Constitucionais de Revisão e as Emendas Constitucionais de Reforma têm,
segundo o STF, a mesma natureza jurídica. Ambas são espécies de alteração formal da
Constituição e estão submetidas aos mesmos limites e características do Poder Constituinte
Derivado.
Em alguns manuais de direito constitucional pode-se encontrar que as emendas
constitucionais derivadas de revisão são diferentes das emendas constitucionais derivadas de
reforma. Contudo, a única grande diferença importante para o momento é o âmbito de
abrangência. Um vez que a emenda constitucional derivada de revisão possui um âmbito
maior de incidência que a emenda constitucional derivada de reforma.

PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE


O poder constituinte derivado decorrente é a competência que o poder constituinte
originário outorgou aos estados elaborem as suas constituições estaduais.
Portanto, as constituições estaduais elas inovam no ordenamento jurídico, porém, essa
inovação precisa respeitar as normas simétricas, ou seja, respeitam uma simetria entre a
Constituição Federal e Constituição Estadual.
Existem algumas normas na Constituição a despeito da simetria das normas a
constituição federal com as constituições dos estados, exemplo, art. 25 e art. 125 da CRFB, ou
seja, normais que servem de parâmetros para as constituições estaduais.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas


Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam
vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão,
os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a
edição de medida provisória para a sua regulamentação.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os
princípios estabelecidos nesta Constituição.

Dica: Nas provas para Delegado de Polícia Estadual, procure e leia a


constituição estadual do estado para o qual você está prestando prova.
As normas simétricas possuem relevância principalmente quando se fala
em foro por prerrogativa de função. Pois, o STF tem entendido que as normas das
constituições estaduais sobre foro de prerrogativa de função que não guardam
simetria com a Constituição Federal não podem ter eficácia no mundo jurídico,
porque são inconstitucionais.
As constituições estaduais podem criar foro por prerrogativa de funções
desde que esse foro possua uma simetria com a Constituição Federal e que não fira
a competência do Tribunal do Júri.
Súmula Vinculante nº 45 do STF: A competência constitucional do tribunal
do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido
exclusivamente pela Constituição Estadual.

Os municípios organizam-se por Lei Orgânica, porém, a Lei Orgânica municipal não tem
natureza jurídica de Constituição.
O Distrito Federal não possui constituição própria, ele é regido por Lei Orgânica, art. 32
da CRFB. Essa Lei Orgânica ora tem natureza de constituição estadual, uma vez que, em geral,
traz normas inerentes as constituições estaduais e ora tem natureza de Lei Orgânica
Municipal. Por isso, diz-se que a Lei Orgânica Distrital tem natureza jurídica mista.
Portanto, a Lei Orgânica Distrital é um parâmetro de controle de constitucionalidade
distrital já que as constituições estaduais são parâmetros de constitucionalidade estadual e a
Lei Orgânica Distrital tem natureza de Constituição Estadual.

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-


se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo
de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição.

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Por fim, a Constituição Federal de 1988 não traz uma lista, ou seja, um rol taxativo de
normas simétricas paras as Constituições dos estados. Essa decisão do quê será norma
simétrica ou não fica a cargo da doutrina e jurisprudência.

NORMAS DE SIMETRIA
 Princípios Constitucionais sensíveis – art. 34, incisos VII da CRFB;
 As limitações ao poder de tributar, ou seja, os princípios constitucionais
tributários;
 Os direitos e garantias fundamentais;
 A repartição de competência administrativas e legislativas dos entes federados;
 Limitações relativas a organização e independência dos Poderes, ou seja, a
estrutura dos Poderes;
 Processo Legislativo.

Cuidado!
O processo legislativo previsto na CRFB é um processo legislativo bicameral. Já os
processos legislativos dos estados e municípios são unicamerais. Sendo assim, a uma
reprodução de normas, contudo, respeita-se a peculiariedade desses entes unicamerais.
A Medida Provisória não é uma norma de reprodução obrigatória. Os Poderes
Executivos dos estados e dos municípios podem ou não expedir medidas provisórias, caso
tenham essa previsão na Constituição Estadual e na Lei Orgânica, respectivamente.

PODER CONSTITUINTE DERIVADO DIFUSO


Mutação constitucional ou poder constituinte derivado difuso possui este nome,
porque mais de um órgão pode realizar a mutação constitucional. A mutação pode ser
realizada tanto pelo Poder Judiciário quanto pelos Legislativos e Executivo.
A mutação é um processo de alteração informal da Constituição, portanto, não há um
processo escrito e fechado para essa alteração, ela precisa respeitar a própria semântica da
constituição, ou seja, a concordância prática da constituição.
Além disso, a mutação constitucional é um processo informal de alteração, porque
altera a interpretação das normas constitucionais, sem, contudo, alterar o texto desta norma.
Não confunda com a interpretação conforme a Constituição que ocorre no texto
infraconstitucional.

NORMAS CONSTITUCIONAIS
Conceito:
São todas as disposições inseridas numa Constituição ou reconhecidas por ela, só pelo
fato de aderirem ao texto constitucional ou serem admitidas por ele, essas normas serão
constitucionais, sejam elas materiais ou formais.

Espécies:
As normais constitucionais podem ser da espécie regra ou da espécie princípio.

Classificação das Normas Constitucionais quanto a sua eficácia:


De acordo com o Professor José Afonso da Silva, existem normas constitucionais
quanto a eficácia: plena, contida e limitada.

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

 Normas de eficácia plena: É aquela norma que produz todos os seus efeitos
desde o momento da sua existência. Portanto, ela independe de uma norma
inconstitucional para delimitar o seu alcance.

 Normas de eficácia contida: As normas de eficácia contida também produzem


todos os seus efeitos desde a sua promulgação, porém, podem sobre limitações
infraconstitucionais. Isso porque ela traz um mandamento constitucional que
permite a sua limitação ou regulamentação infraconstitucional. Exemplo: art. 5,
inciso XIII da CRFB.

[art.5 da CRFB] XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício


ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer;

Portanto, podem existir leis infraconstitucionais regulamentando qualquer


trabalho, ofício ou profissão, pois, a própria constituição autoriza.

 Normas de eficácia limitada:


As normas de eficácia limitada também produz efeitos imediatos, pois, já
possuem o efeito vinculante dos poderes e também serve de parâmetro no
controle de constitucionalidade, principalmente no controle de
constitucionalidade por omissão.
Contudo, para produzir os efeitos que se que com aquela norma, precisa-se da
lei infraconstitucional.
As normas de eficácia limitada são divididas em normas de princípio institutivo
e normas de princípio programático.
As normas de princípio institutivo servem para criar órgãos e instituições,
como, por exemplo, Defensoria Pública e Ministério Público. Já as normas de
princípio programático servem para instituir programas de governo em sua
grande maioria ligadas aos direitos sociais.
A falta de regulamentação dessas normas são o mandado de injunção e a ação de
inconstitucionalidade por omissão.
Observação:
Não existe norma constitucional sem efeito, porque possuem força normativa.
Portanto, as demais leis não podem se opor a elas.

EFEITOS TEMPORAIS DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS


 Recepção Material: é a validação de constitucionalidade da norma anterior a
nova constituição que for materialmente compatível com o novo ordenamento
constitucional. A recepção é tácita, casuística, não expressa. Essa recepção é
material, porque a recepção se preocupará com a matéria legislada e não com a
forma legislativa da lei anterior. Por exemplo, tem-se o Código Tributário Nacional
(CTN), elaborado a luz da constituição de 1946 como lei ordinária foi
recepcionado como lei complementar pela Constituição de 1967 e mantida a sua
recepção pela Constituição de 1988.
Existe algum caso no qual a forma me impedirá a recepção da norma?

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

Sim. Caso a lei anterior a constituição era de competência de um ente federativo e a


competência legislativa passa a ser de outro ente, essa norma não poderá ser
recepcionada.

 Revogação: também pode ser conhecida como não-recepção. Quando uma norma
anterior a constituição é contrária ao novo ordenamento jurídico, ela será
revogada, ou seja, deixará de existir e de produzir efeitos. Essa revogação também
é tácita, não expressa.

Importante:
Não existe inconstitucionalidade superveniente de norma infraconstitucional. A norma
anterior a Constituição vigente só pode ser recepcionada ou revogada, ela jamais será
inconstitucional a luz do novo ordenamento jurídico. Isso porque, a norma só pode ser
considerada inconstitucional se ela for uma norma contemporânea a constituição vigente.

 Desconstitucionalização: a constituição anterior deixa de ter validade enquanto


constituição, ou seja, ela deixa de ser uma norma constitucional e passa a ser uma
norma infraconstitucional de forma expressa pela nova constituição.

Importante:
O STF entende que não existe direito adquirido em face de uma nova constituição.

 Repristinação: as constituições não são repristináveis no Brasil, salvo se essa


Repristinação for expressa. Repristinar é dar nova existência a norma
anteriormente revogada.

Importante:
Não confunda Repristinação com efeito Repristinação. No efeito represtinatório há uma
inconstitucionalidade da norma que faz a lei por ela revogada voltar a existência de forma
tácita, por exemplo, art. 11, § 2º da Lei nº 9.868/99. O efeito represtinatório só não acontece
se a lei anteriormente revogada possuir a mesma inconstitucionalidade.

CONSTITUIÇÃO
CONCEITO
Constituição é a lei fundamental, lei das leis, a lei que define o modo concreto de ser e de
existir do Estado, a Lei que ordena e disciplina os seus elementos essenciais (poder-governo,
povo, território e finalidade) - Dirley da Cunha Júnior.
As constituições revelam a particular maneira de ser do Estado. Deve ser possível
detectar nelas os direitos e deveres, competências, encargos, funções legislativa, executiva e
jurisdicional, limites para o exercício do poder.

BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE
Quando se fala em bloco de constitucionalidade, fala-se das normas que são entendidas
como constitucionais. No Brasil, o bloco de constitucionalidade é considerado restrito, porque
para fazer parte do bloco de constitucionalidade, a norma necessita nascer do poder
constituinte originário ou poder constituinte derivado. Portanto, serão parte do bloco de

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

constitucionalidade as normas que tiverem passado pelo processo legislativo próprio das
normas constitucionais.
Sendo assim, fazem parte do bloco de constitucionalidade:
 Art. 1º ao art. 250 da CRFB;
 ADCT;
 Emendas Constitucionais;
 Princípios Constitucionais Implícitos;
 Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com quorum de EC –
art. 5, § 3º da CRFB.

Observação:
Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com quorum de EC:
Tratado de New York;
Protocolo Facultativo do Tratado de New York, ambos no Decreto nº 6949/09;
Tratado de Marraqueche, Decreto nº 9.522/18.

Sendo assim, essas normas são os parâmetros para o controle de constitucionalidade.

Importante!
O preâmbulo não faz parte do bloco de constitucionalidade, pois não possui força
normativa.

SENTIDOS DA CONSTITUIÇÃO
Concepção Sociológica: Foi proposta inicialmente por Ferdinand Lassalle e enxerga a
Constituição sob o aspecto da relação entre os fatos sociais dentro do Estado. Para ele, a
constituição demostra os fatores reais de poder.

Concepção Política: Prisma que se dá nesta concepção é o político. Defendida por Carl
Schmitt no livro "Teoria da Constituição".

Concepção Jurídica ou concepção puramente normativa da Constituição: Hans


Kelsen - Teoria Pura do Direito.

Força Normativa da Constituição: Todas as normas constitucionais precisam estar


revestida de um mínimo de eficácia, sob pena de figurar “letra morta em papel” o princial
doutrinador a respeito do assunto é Konrad Hesse.

Constitucionalização Simbólica: É aquela em que há predomínio ou hipertrofia da


função simbólica (essencialmente político-ideológica) em detrimento da função jurídico-
instrumental (de caráter normativo-jurídico). – idealizada por Marcelo Neves.

Constituição Aberta: Segundo Peter Häberle, deve-se recusar a ideia de que a


interpretação deve ser monopolizada exclusivamente pelos juristas, pois a constituição deve
ser aberta a sociedade. Para que a Constituição se concretize e necessário que todos os
cidadãos se envolvam num processo de interpretação e aplicação da constituição.

Concepção Cultural: A Constituição é fruto da cultura existente dentro de determinado


contexto histórico, em uma determinada sociedade, e ao mesmo tempo, é condicionante dessa

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

mesma cultura, pois o direito é fruto da atividade humana. José Afonso da Silva é um dos
autores que defendem essa concepção.

Constituição Dúctil: Remete ao jurista italiano GUSTAVO ZAGREBELSKY, para quem as


constituições atuais podem ser consideradas tanto pluralistas quanto dúcteis. “Pluralistas,
porque não representam uma única ideologia, já que são obras de consenso formado a partir
de recíprocas concessões acertadas entre forças políticas distintas. Dúcteis, porque veiculam
conteúdos tendencialmente contraditórios entre si, sem que se lhes possa traçar uma
hierarquia rigorosa. Pelo contrário, eles devem ser assim preservados, de modo a conceder
ampla margem à configuração legislativa, além de abertos a possíveis ponderações judiciais.
Assim, estabelecem-se mútuas relações entre legislador e juiz, política e justiça. Numa
constituição dúctil e repleta de princípios, dificilmente haverá matérias subtraídas, seja da
justiça, seja da política”

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

QUESTÕES
1. Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE -
Delegado de Polícia
Acerca do poder de reforma e de revisão constitucionais e dos limites ao poder
constituinte derivado, assinale a opção correta.
A. Além dos limites explícitos presentes no texto constitucional, o poder de reforma da
CF possui limites implícitos; assim, por exemplo, as normas que dispõem sobre o
processo de tramitação e votação das propostas de emenda não podem ser suprimidas,
embora inexista disposição expressa a esse respeito.
B. Emendas à CF somente podem ser apresentadas por proposta de um terço, no
mínimo, dos membros do Congresso Nacional.
C. Emenda e revisão constitucionais são espécies do gênero reforma constitucional, não
havendo, nesse sentido, à luz da CF, traços diferenciadores entre uma e outra.
D. Não se insere no âmbito das atribuições do presidente da República sancionar as
emendas à CF, mas apenas promulgá-las e encaminhá-las à publicação.
E. Se uma proposta de emenda à CF for considerada prejudicada por vício de natureza
formal, ela poderá ser reapresentada após o interstício mínimo de dez sessões
legislativas e ser apreciada em dois turnos de discussão e votação.

2. Ano: 2020 Banca: UFPR Órgão: Câmara de Curitiba - PR Prova: UFPR - 2020 - Câmara de
Curitiba - PR - Procurador Jurídico
Levando em consideração o sistema de reforma constitucional presente na Constituição
de 1988, assinale a alternativa correta.
A. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de um terço, no mínimo, dos
membros do Senado Federal, ou de dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara
dos Deputados.
B. No sistema brasileiro, o Presidente da República não detém competência para a
iniciativa de reforma constitucional.
C. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de
estado de defesa ou de estado de sítio.
D. A emenda à Constituição será promulgada pelo Presidente da República, com o
respectivo número de ordem.
E. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda que promova a abolição da
forma republicana de Estado, da jurisdição una, dos direitos sociais, da justiça eleitoral
e dos tribunais de contas.

3. Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE


Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos direitos e garantias
fundamentais, julgue o item a seguir.

Em se tratando de norma constitucional contida, enquanto não sobrevier condição que


reduza sua aplicabilidade, considera-se plena sua eficácia.
( )Certo ( )Errado

4. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA -
Delegado de Polícia Civil
De acordo com a doutrina majoritária, quanto à origem, as Constituições podem ser
classificadas como

MUDE SUA VIDA!


12
alfaconcursos.com.br

A. promulgadas, que são ditas democráticas por se originarem da participação popular


por meio do voto e da elaboração de normas constitucionais.
B. outorgadas, que surgem da tradição, dos usos e costumes, da religião ou das relações
políticas e econômicas.
C. cesaristas, que são as derivadas de uma concessão do governante, ou seja, daquele
que tem a titularidade do poder constituinte originário.
D. pactuadas, que são formadas por dois mecanismos distintos de participação popular,
o plebiscito e o referendo, ambos com o objetivo de legitimar a presença do detentor do
poder.
E. históricas, que surgem do pacto entre o soberano e a organização nacional e
englobam muitas das Constituições monárquicas.

5. Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPF Prova: CESPE / CEBRASPE - 2013 -
Polícia Federal - Delegado
No que se refere à CF e ao poder constituinte originário, julgue o item subsequente.
No sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos fatores reais do poder em uma
sociedade.
( ) Certo ( ) Errado

MUDE SUA VIDA!


13
alfaconcursos.com.br

GABARITO
1. Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE -
Delegado de Polícia
Acerca do poder de reforma e de revisão constitucionais e dos limites ao poder
constituinte derivado, assinale a opção correta.
A. Além dos limites explícitos presentes no texto constitucional, o poder de reforma da
CF possui limites implícitos; assim, por exemplo, as normas que dispõem sobre o
processo de tramitação e votação das propostas de emenda não podem ser suprimidas,
embora inexista disposição expressa a esse respeito.
B. Emendas à CF somente podem ser apresentadas por proposta de um terço, no
mínimo, dos membros do Congresso Nacional.
C. Emenda e revisão constitucionais são espécies do gênero reforma
constitucional, não havendo, nesse sentido, à luz da CF, traços diferenciadores entre
uma e outra.
D. Não se insere no âmbito das atribuições do presidente da República sancionar as
emendas à CF, mas apenas promulgá-las e encaminhá-las à publicação.
E. Se uma proposta de emenda à CF for considerada prejudicada por vício de natureza
formal, ela poderá ser reapresentada após o interstício mínimo de dez sessões
legislativas e ser apreciada em dois turnos de discussão e votação.

GABARITO A
LETRA A Essa alternativa está correta, pois, segundo a doutrina majoritária
existem limites explícitos e implícitos para a alteração da Constituição.
LETRA B Existem outros legitimados para propor uma PEC, art. 60, inciso I ao
III da CRFB.
LETRA C Esta alternativa está equivocada, pois, emendas constitucionais
derivadas de revisão, art. 3º do ADCT, não são a mesma coisa que emendas
constitucionais derivadas de reforma, art. 60 da CRFB.
LETRA D As Ecs não passam pelo presidente, a não ser na propositura, caso
dele parta a proposta de emenda.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
LETRA E Esta alternativa está em desacordo com o art. 60, § 5º da CRFB.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

2. Ano: 2020 Banca: UFPR Órgão: Câmara de Curitiba - PR Prova: UFPR - 2020 - Câmara de
Curitiba - PR - Procurador Jurídico
Levando em consideração o sistema de reforma constitucional presente na Constituição
de 1988, assinale a alternativa correta.
A. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de um terço, no mínimo,
dos membros do Senado Federal, ou de dois terços, no mínimo, dos membros da
Câmara dos Deputados.
B. No sistema brasileiro, o Presidente da República não detém competência para a
iniciativa de reforma constitucional.

MUDE SUA VIDA!


14
alfaconcursos.com.br

C. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de


estado de defesa ou de estado de sítio.
D. A emenda à Constituição será promulgada pelo Presidente da República, com o
respectivo número de ordem.
E. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda que promova a abolição da
forma republicana de Estado, da jurisdição una, dos direitos sociais, da justiça
eleitoral e dos tribunais de contas.

GABARITO C
LETRA A Esta alternativa traz um quorum equivocado para a votação da EC,
de acordo com art. 60, § 2º da CRFB.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros.
LETRA B O Presidente é sim um dos legitimados a propor uma EC, conforme
art. 60, inciso II da CRFB.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
II - do Presidente da República;
LETRA C Esta alternativa está correta de acordo com o art. 60, § 1º da CRFB,
que traz os limites circunstanciais para a EC.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
LETRA D Esta alternativa está incorreta de acordo com o art. 60, § 3º da
CRFB. Pois, o presidente não é legitimado para promulgar a EC.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
LETRA E Esta alternativa está equivocada, porque a forma de Estado é a
federação. A República é a forma de governo e não a forma de Estado.

3. Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE


Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos direitos e garantias
fundamentais, julgue o item a seguir.

Em se tratando de norma constitucional contida, enquanto não sobrevier condição que


reduza sua aplicabilidade, considera-se plena sua eficácia.
( )Certo ( )Errado

GABARITO CERTO
As normas de eficácia contida também produzem todos os seus efeitos desde
a sua promulgação, porém, podem sobre limitações infraconstitucionais.

4. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA -
Delegado de Polícia Civil
De acordo com a doutrina majoritária, quanto à origem, as Constituições podem ser
classificadas como

MUDE SUA VIDA!


15
alfaconcursos.com.br

A. promulgadas, que são ditas democráticas por se originarem da participação popular


por meio do voto e da elaboração de normas constitucionais.
B. outorgadas, que surgem da tradição, dos usos e costumes, da religião ou das relações
políticas e econômicas.
C. cesaristas, que são as derivadas de uma concessão do governante, ou seja, daquele
que tem a titularidade do poder constituinte originário.
D. pactuadas, que são formadas por dois mecanismos distintos de participação popular,
o plebiscito e o referendo, ambos com o objetivo de legitimar a presença do detentor do
poder.
E. históricas, que surgem do pacto entre o soberano e a organização nacional e
englobam muitas das Constituições monárquicas.

GABARITO A
LETRA A Correto. A Constituição promulgada é uma constituição democrática,
com participação popular. Ela é fruto de uma Assembleia Nacional Constituinte,
eleita pelo povo, para, em nome dele, atuar, nascendo, portanto, da deliberação da
representação legítima popular.
LETRA B Outorgada é a Constituição imposta, de maneira unilateral, por um
agente que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar, por
exemplo, um imperador.
LETRA C É formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um
Imperador (plebiscitos napoleônicos) ou um Ditador (plebiscito de Pinochet, no
Chile). A participação popular, nesses casos, não é democrática, pois visa apenas
ratificar a vontade do detentor do poder.
LETRA D As constituições pactuadas surgem através de um pacto da
burguesia com a realiza e caracteriza a expressão do poder de apenas uma parte
da sociedade.
LETRA E As Constituições históricas, constituem-se através de um lento e
contínuo processo de formação, ao longo do tempo. Além disso, as constituições
históricas, geralmente, não estão escritas em um único documento.

5. Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPF Prova: CESPE / CEBRASPE - 2013 -
Polícia Federal - Delegado
No que se refere à CF e ao poder constituinte originário, julgue o item subsequente.
No sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos fatores reais do poder em uma
sociedade.
( ) Certo ( ) Errado
GABARITO CERTO
Ferdinand Lassalle, defende o sentido sociológico de Constituição. Ele enxerga
a Constituição sob o aspecto da relação entre os fatos sociais dentro do Estado.
Para ele, a constituição demostra os fatores reais de poder. Portanto, a afirmação
está correta.

MUDE SUA VIDA!


16
alfaconcursos.com.br

MUDE SUA VIDA!


17
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................................................ 2
DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS ....................................................................................................... 2
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA................................................................................................................. 3
CONCEITO .................................................................................................................................................. 4
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS....................................................................................... 5
1. HISTORICIDADE ...................................................................................................................................... 5
2. UNIVERSALIDADE................................................................................................................................... 6
3. RELATIVIDADE........................................................................................................................................ 7
4. IRRENUNCIABILIDADE ............................................................................................................................ 8
5. INALIENABILIDADE ................................................................................................................................. 8
6. IMPRESCRITIBILIDADE ........................................................................................................................... 8
7. UNIDADE, INDIVISIBILIDADE E INTERDEPENDÊNCIA ............................................................................. 8
QUESTÕES.......................................................................................................................................................... 9
GABARITO ........................................................................................................................................................ 10

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS FUNDAMENTAIS
DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS
O erro mais comum dos estudantes é apenas decorar os artigos da constituição
referentes a matéria.
Isso é um equivoco, porque não há direitos fundamentais apenas no art. 5º da CRFB.
Esse artigo traz um rol meramente exemplificativo de direitos fundamentais individuais.
Porém, ao longo da constituição tem-se outros direitos fundamentais e tem-se também os
direitos fundamentais oriundos de tratados internacionais de direitos humanos.
Sendo assim, para iniciar os estudos dos direitos fundamentais é preciso em primeiro
lugar entender a teoria dos direitos fundamentais.
Isso faz com que o candidato consiga em qualquer questão, não importa que o
examinador mude o exemplo, pois, o candidato conseguirá identificar as características dos
direitos fundamentais e como resolver aquela questão.
Além disso, fez-se necessário um estudo cada vez mais o estudo da jurisprudência. Pois,
tem sido uma tendência das bancas colocar as jurisprudências, principalmente do STF, em
formato de questões.
Esse fenômeno acontece por conta do Constitucionalismo Contemporâneo, que já se
conversou em aulas anteriores, pois ele coloca os direitos fundamentais em primeiro plano,
como objetivo principal na Constituição e traz uma ideia de judicialização da política.
Um vez que vive-se cada vez mais num sociedade muito complexa na qual existem vários
subgrupos que desejam ter seus direitos reconhecidos, algumas das demandas desses grupos
são judicializadas, ou seja, são levadas ao Poder Judiciário.
Neste sentido, a partir da década de 1990, mais com o auge a partir dos anos 2000, cada
vez mais as pessoas se socorreram do judiciário para a concretização dos seus direitos
fundamentais.
Desta forma, tem-se muitas decisões judiciais que reafirmam direitos fundamentais e
acabam tornando-se jurisprudências. Então, conhecer essas jurisprudências também é
importante.
Anteriormente se viu que o Estado Democrático de Direito. A afirmação deste Estado
requer a afirmação de direitos fundamentais, em outras palavras, não há Estado Democrático
de Direitos sem que haja neste Estado um rol de direitos fundamentais.
Pois, são os direitos fundamentais que irão por limites ao poder atribuído ao Estado pelo
povo, que é o verdadeiro detentor do poder, art. 1, PÚ DA CRFB. Porém, mantém-se na mão do
povo instrumentos de participação no Estado. Daí a ideia de democracia semi participativa.

[art.1] Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce


por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.

Sendo assim, o que limita o poder estatal num primeiro momento são os direitos
fundamentais.
Os rol de direitos fundamentai são os pilares éticos, jurídicos e e políticos de uma
constituição.
Portanto, os direitos fundamentais são transportados pelo legislador constituinte de
1988 para o início da Constituição Federal, no qual se encontram no Título II desta com o
intuito de demonstrar a importância desses direitos.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

O principal objetivo é a promoção, a valorização desses direitos fundamentais. Pois, eles


servem para limitar o poder do Estado, mas mais do que isso, numa visão contemporânea do
Direito Constitucional, ele também serve para afirmar a dignidade da pessoa humana.
Desta maneira, o conceito de direito fundamental é grupo de normas, encontrados
principalmente na Constituição, que servem para limitar o poder do estado, serve também
para reafirmar o princípio da dignidade da pessoa humana.
Isso significa que os direitos fundamentais não servem para limitar apenas o Estado,
mas também qualquer abuso do particula sobre os direitos fundamentais, ou seja, os direitos
fundamentais também balizam as relações entre os indivíduos.
Portanto, os direitos fundamentais regem tanto relações de direito público (eficácia
vertical dos direitos fundamentais) quanto relações de direito privado (eficácia horizontal dos
direitos fundamentais).

EXEMPLO
Direito a associação
É livre o direito de associação no Brasil, mas ninguém é obrigado a associar-
se ou a permanecer associado. Sendo assim, o associado pode sair da associação a
qualquer momento.
Existe também a possibilidade das demais pessoas associadas não desejarem
a presença de um determinado associado por uma razão qualquer.
Quando isso acontece, esse associado não pode ser expulso dessa associação.
Portanto, inicia-se um processo em que esse associado tem de ter garantido o
direito de defender-se e manifestar-se contrário ao seu desligamento.
Desta forma, o devido processo legal também está presente na órbita
horizontal do direito fundamental, em outras palavras, entre os particulares.

Ademais, frisa-se que a Constituição Federal é ubíqua, ou seja, ela irradia em outros
ordenamentos jurídicos. Assim sendo, há normas infraconstitucionais com caráter de direito
fundamental.
Existem ainda, os princípios implícitos e os direitos fundamentais implícitos que são
estão expressos na Constituição, mas são extraídos do texto constitucional por meio da
interpretação hermenêutica.

EXEMPLO
Princípio da Busca à Felicidade
Esse princípio é reconhecido pelo STF e está presente em um documento que
o Brasil assinou e é signatário, Carta de Jarcata. Esse princípio também é conhecido
como princípio da eudaimonia.
É um princípio implicito que está relacionado aos direitos fundamentais, art.
226 da CRFB, por exemplo, é uma norma eudaimonia.

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA


A dignidade da pessoa humana, art. 1º, inciso III da CRFB, não é um direito fundamental,
ela é mais do que isso. A dignidade da pessoa humana é um fundamento e um valor.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;

Como a dignidade da pessoa humana é um valor, ela está acima do próprio Direito.
Assim sendo, a dignidade da pessoa humana tem uma função normogenética. Função
normogenética significa que uma norma pode criar outras normas, sejam essas normas
criadas normas regras ou normas princípios.
A dignidade da pessoa humana foi inspirada, principalmente, nas ideias de Immanuel
Kant. A ideia de Kant era que o homem (ser humano) é fim em si mesmo.
Isso porque, o ser humano é racional, tem uma autonomia sobre si, pois tem uma
consciência. Então, o ser humano não pode ser um meio para nada, desta maneira, o homem
não pode ser meio de exploração seja para o trabalho escravo, tortura entre outros.
Para Kant, a vida humana não tem um preço ou um valor, pois, ele não é um objeto. As
coisas (os objetos) têm valor, o ser humano tem dignidade.
Além disso, é importante ressaltar que a dignidade é vista sobre três aspectos
diferentes: o valor intrínseco, autonomia e o valor comunitário.

VALOR INTRÍNSECO
Valor intrínseco é como a pessoa se reconhece. O valor intrínseco já surge com o
nascimento da pessoa e ninguém pode retirá-lo.
Porém, não se pode confundir o fato da pessoa ter um valor intrínseco com o fato dela
poder ser responsabilizada por algo. Ter valor intrínseco não retira a responsabilização por
seus atos. A pessoa pode responder civil, administrativa e penalmente por suas atitudes.
Essa responsabilização dar-se justamente para atender a dignidade da pessoa humana.
Desta maneira, se antes da construção jurídica da ideia de dignidade da pessoa humana,
tenha-se penas cruéis e degradantes, tortura, hoje, sobre sua égide essas penas são vedadas.
Por exemplo, se há uma multa advinda de um ilícito administrativo, o valor dessa multa
deve ser equânime, proporcional a violação administrativa cometida.

AUTONOMIA
Autonomia é o que se faz com essa dignidade humana. O que o ser humano faz no seu
âmbito de liberdade. Como a pessoa vai construir a sua dignidade.
Luis Roberto Barroso fala que o ser humano só possui essa autonomia se ele vive em
uma liberdade e no caso do Brasil, uma liberdade republicana.
Sendo assim, se o ser humano tiver condições mínimas de existência, ou seja, um rol
mínimo de direitos fundamentais, ela possui autonomia. Caso contrário, ainda que o indivíduo
não perceba a sua falta de autonomia, ele não a possui.

VALOR COMUNITÁRIO
O valor comunitário é a posição de uma pessoa frente a outra pessoa. Tem a ver com
alteridade, como um ser humano se percebe diante do outro.

CONCEITO
Segundo o Professor Dirley da Cunha Júnior, direitos fundamentais são um conjunto de
normas, princípios, prerrogativas, deveres e institutos, inerentes à soberania popular, que
garantem a convivência pacífica, digna, livre e igualitária, independentemente de credo, raça,

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

cor, condição econômica ou status social. Sem direitos fundamentais o homem não vive, não
convive e não sobrevive.
Portanto, ter direitos fundamentais também significa respeitar os direitos fundamentais
dos outros.
São os direitos fundamentais que garante uma discriminação positiva, ou seja, uma
isonomia material entre todos os cidadãos.
Por fim, o alemão Robert Alexy defende em seu livro “Teoria dos Direitos Fundamentais”
que as dimensões dos direitos fundamentais confundem-se com a evolução da própria
história da humanidade.
Para ele, essa teoria é fruto de um processo histórico que se confunde com a própria
evolução da sociedade, é um DOMÍNIO ÉTICO-POLÍTICO-JURÍDICO DO SABER HUMANO, que
segundo Robert Alexy encontra no cristianismo o seu ápice: Gálatas, 3:28 “NÃO HÁ JUDEU
NEM GREGO, NÃO HÁ VARÃO NEM MULHER, POIS TODOS VÓS SOIS UM EM CRISTO JESUS
(Direitos Fundamentais e Estado Constitucional Democrático, p.32).

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


1. HISTORICIDADE
São frutos de processo histórico, vão surgindo e se afirmando com o passar dos anos e se
relacional com o devir social e da luta da Humanidade para que se afirme o respeito à pessoas.
Ou seja, surgem em momentos históricos diversos, sendo esta a base para a ideia de gerações
de direitos.
A cada época histórica, a cada momento histórico surgem novos direitos fundamentais
ou ocorre uma afirmação de um direito já existente.
Por exemplo, recentemente, entrou em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
(LGPD), Lei nº 13.853, de 2019, dando maior proteção ao direito de privacidade das pessoas
na internet.
Ainda a respeito da historicidade, o Professor Karel Vasak que em 1970 resolveu
organizar esses direitos fundamentais em grupos. Mas, isso não significa que os países
implementaram os direitos fundamentais ao mesmo tempo e na mesma ordem.
Karel Vasak utilizou o lema da Revolução Francesa - Liberdade, igualdade e fraternidade
– e dividir os direitos fundamentais de acordo com esse lema, ou seja, dividiu os direitos
fundamentais em três gerações ou dimensões de direito.
Essa divisão foi apenas acadêmica não significando que um direito que está numa
geração/dimensão não tenha características de uma outra geração/dimensão.
Historicidade significa também que, a partir do momento que o grupo de direitos
fundamentais surge numa sociedade, não seria possível retirá-lo dessa sociedade.
Essa característica traz a ideia de vedação ao retrocesso ou efeito cliquect, ou seja, uma
vez adquirido pela sociedade, esse direito não poderia ser retirado.

O legislador deve observar a característica da historicidade? É possível que o


legislador que atua com uma liberdade de conformação elaborar uma norma
excluindo determinado direito fundamentais por acreditar que ele não é mais
interessante para a sociedade?
NÃO! A liberdade de conformação é o âmbito que o legislador tem para atuar,
para fazer a norma e não está acima da norma constitucional. O legislador também
está sujeito a característica da historicidade.
Exemplo: União estável e direito sucessório

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

A Constituição Federal reconheceu a União Estável. Porém, o Código Civil de


1916 não versava sobre união estável. Então, precisava-se de leis
infraconstitucionais para tratar do assunto, já que o CC/1916 não regulamentava o
assunto.
Só em 1996 que passou a existir uma lei que se regulamenta o direito
sucessório para a União Estável.
Contudo, em 2003, entra em vigor o Código Civil de 2002 (CC/02) que
diminui os direitos sucessórios previstos na lei de 1996, ou seja, retrocedendo em
matéria de direitos fundamentais no que tange a sucessão de pessoas em união
estável com o art. 1790 do CC/02.
Desta forma, o STF entendeu que haveria uma vedação ao retrocesso como
característica desse direito fundamental das pessoas em união estável e declarou
inconstitucional o art. 1790 do CC/02.
Com relação ao poder do legislador constituinte originário, ele é ilimitado,
mas não é absoluto.
Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco capitaneiam uma
corrente majoritária no Direito Constitucional que defende que o poder constituinte
originário possuem três limitações: limite imanente, transcendente e heterônomo.
O limite imanente estaria vinculado a soberania. Sendo assim, não seria
possível limitar a soberania do Estado, por exemplo, dando poder a algum outro
país para intervir no país.
Já o limite transcendente diz que o poder constituinte originário deveria
respeitar os direitos fundamentais historicamente conquistados na vigência da
constituição anterior.
Por fim, o limite heterônomo diz que o poder constituinte originário deve
respeitar as normas de direitos humanos do ordenamento internacional ao qual o
país seja signatário para a confecção de uma nova constituição.

2. UNIVERSALIDADE
Essa ideia de universalidade surgiu após a 2º Guerra Mundial com a criação da ONU
(Organização das Nações Unidas) por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948 que inspira a Constituição Federal de 1988. Portanto, sendo também uma característica
dos direitos fundamentais.
Destinam-se, de modo indiscriminado, a todos os seres humanos. A proteção à pessoa
humana é uma obrigação mundial e não uma questão meramente interna de cada Estado.
Todo ser humano, em qualquer ponto do globo terrestre em que ele se encontre, possui
direitos fundamantais.
Porém, essa destinação de direitos não precisa ser uniforme. O estrangeiro não possui os
mesmos direitos que os brasileiros referentes ao direitos fundamentais de nacionalidade e os
dele decorrente. Por exemplo, o direito ao voto. O estrangeiro não tem direito de votar, uma
vez que esse direito decorre da nacionalidade brasileira.
Assim como, há direitos fundamentais que são inerentes apenas aos estrangeiros, pois,
tem ligação com a sua condição de alienígena, por exemplo, direito ao asilo político.

Concepção Universalista x Relativismo Cultural

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Universalidade é a característica que destina direitos fundamentais a todos os


seres humanos, indiscriminadamente.
Não se pode confundir Universalidade com relativismo cultural.
Relativismo Cultural ou Cultura é uma espécie de manifestação humana que
não agride o ser humano nem física e nem psicologicamente. O Relativismo Cultural
defende o respeito as diversas culturas, pois, suas práticas só podem ser lidas
dentro do contexto cultural daquela sociedade que a detém.
Se a cultura agredir a existência humana, ela precisa se adequar a
universalidade dos direitos fundamentais.

3. RELATIVIDADE
Os direitos e garantias fundamentais são, em regra, relativos entre si e não absolutos.

PROIBIÇÃO de TORTURA e DO TRATAMENTO DESUMANO OU


DEGRADANTE e VEDAÇÃO A REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA A ESCRAVO
A proibição de tortura e do tratamento desumano ou degradante e vedação a
redução a condição análoga a escravo não são uma exceção a relatividade dos
direitos constitucionais.
Isso porque ninguém tem direito a ter esses três tratamentos.
Tanto é assim que o Brasil não admite a Teoria da Bomba Relógio.

Uma vez que se entende que os direitos fundamentais são relativos, significa que eles
possuem limites.
Os direitos fundamentais enquanto direitos de hierarquia constitucional somente
podem ser limitados por expressa disposição constitucional (restrição imediata) ou mediante
lei originária promulgada com fundamento imediato na própria Constituição (restrição
mediata).
Por exemplo, o exercício de ofício, trabalho ou profissão é livre. Porém, a própria
constituição permite que a legislação infraconstitucional limite o exercício do ofício, trabalho
ou profissão, art. 5º, inciso XIII da CRFB.
Da análise dos direitos fundamentais pode-se extrair a conclusão direta de que direitos,
liberdades, poderes e garantias são passíveis de limitação ou restrição. É preciso não perder
de vista, porém, que tais restrições são limitadas.
A limitação não pode ser feita de tal forma que o direito fundamental seja esvaziado por
completo, ou seja, fique sem aplicação.
Cogita-se aqui dos chamados “limites dos limites”, que balizam a ação do legislador
quando restringe direitos individuais. Esses limites que decorrem da própria Constituição,
referem-se tanto à necessidade de proteção de um núcleo essencial do direito fundamental
quanto à clareza, determinação, generalidade e proporcionalidade das restrições impostas.
Faz-se uma análise da proporcionalidade desse limite, analisa-se que a limitação é
proporcional para o exercício de determinado direito fundamental.
A proporcionalidade possui três elementos para a sua análise: adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito.

ADEQUAÇÃO
Possibilidades fáticas de promover o fim do direito, fomentar o melhor direito.

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

NECESSIDADE
Comparação das normas aplicáveis ao caso.

PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO


Lei do sopesamento, ou seja, as vantagens que se promoverá com determinada conduta
têm de ser maiores que as desvantagens. Portanto há uma fórmula de pesagem. As vantagens
promovidas pelo meio devem superar as desvantagens provocadas.

4. IRRENUNCIABILIDADE
As pessoas não têm o poder de dispor sobre a proteção à sua dignidade, não possuindo a
faculdade de renunciar aos direitos inerentes à dignidade humana.
As pessoas podem renunciar alguns aspectos econômicos dos direitos fundamentais,
mas não os direitos fundamentais como um todo.

5. INALIENABILIDADE
O direitos fundamentais não são objetos de comércio, sendo assim não podem ser
vendidos. Isso não significa que não possam ter uma valoração econômica, como o direito à
propriedade.

6. IMPRESCRITIBILIDADE
A pretensão de respeito e concretização dos direitos fundamentais não se esgota pelo
passar dos anos, é imprescritível e atemporal, podendo ser exigido a qualquer tempo.
Por exemplo, temos o direito fundamental de reconhecimento da paternidade que pode
ocorrer a qualquer tempo na vida de um indivíduo. Contudo o direito a pensão alimentícia que
decorre do direito de paternidade é prescritível.

7. UNIDADE, INDIVISIBILIDADE E INTERDEPENDÊNCIA


Os direitos fundamentais devem ser compreendidos como um bloco único, indivisível e
interdependente, todos são importantes para a afirmação da dignidade da pessoa humana.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

QUESTÕES
1. Os direitos fundamentais são prerrogativas próprias dos cidadãos em função de sua
especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos e
mecanismos necessários para a proteção, a salvaguarda ou o exercício desses direitos. Com
relação a esse assunto, julgue o item que se segue.

Ações afirmativas, como a reserva de vagas para negros em concursos públicos, são
uma forma de garantia dos direitos fundamentais e visam minimizar ou eliminar uma
situação histórica de desigualdade ou discriminação.
( ) Certo ( ) Errado

2. Os direitos fundamentais são prerrogativas próprias dos cidadãos em função de sua


especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos e
mecanismos necessários para a proteção, a salvaguarda ou o exercício desses direitos. Com
relação a esse assunto, julgue o item que se segue.

Os direitos fundamentais não podem ser considerados absolutos, posto que todos os
direitos são passíveis de relativização e podem entrar em conflito entre si.
( ) Certo ( ) Errado

3. Ano: 2020 Banca: UFPR Órgão: Câmara de Curitiba - PR Prova: UFPR - 2020 - Câmara
de Curitiba - PR - Procurador Jurídico
[...] não se pode deduzir que todos os direitos fundamentais possam ser aplicados e
protegidos da mesma forma, embora todos eles estejam sob a guarda de um regime jurídico
reforçado, conferido pelo legislador constituinte. (HACHEM, Daniel Wunder. Mandado de
Injunção e Direitos Fundamentais, 2012.)
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
A) É compatível com a posição do autor inferir-se que, não obstante o reconhecimento do
princípio da aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias
fundamentais, há peculiaridades nas consequências jurídicas extraíveis de cada direito
fundamental, haja vista existirem distintos níveis de proteção.
B) É compatível com a posição do autor a recusa ao reconhecimento do princípio da
aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais no
sistema constitucional brasileiro.
C) O autor se refere particularmente à distinção existente entre direitos fundamentais
políticos e direitos fundamentais sociais, haja vista a mais ampla proteção constitucional aos
primeiros, que não estão limitados ao mínimo existencial.
D) O autor se refere particularmente à distinção entre os direitos fundamentais que
consistem em cláusulas pétreas e os direitos fundamentais que não estão protegidos por
essa cláusula, sendo que a maior proteção dada aos primeiros os torna imunes à incidência
da reserva do possível.
E) O autor se refere particularmente à distinção entre os direitos fundamentais que estão
expressos na Constituição de 1988 e aqueles que estão implícitos, decorrendo dos princípios
por ela adotados, haja vista o expresso regime diferenciado de proteção estabelecido em
nível constitucional para esses dois grupos de direitos.

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

GABARITO
1. Os direitos fundamentais são prerrogativas próprias dos cidadãos em função de sua
especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos e
mecanismos necessários para a proteção, a salvaguarda ou o exercício desses direitos. Com
relação a esse assunto, julgue o item que se segue.

Ações afirmativas, como a reserva de vagas para negros em concursos públicos, são
uma forma de garantia dos direitos fundamentais e visam minimizar ou eliminar uma
situação histórica de desigualdade ou discriminação.
GABARITO CERTO
COMENTÁRIO:
O STF reconheceu as ações afirmativas como formas de garantia da isonomia
material dos direitos fundamentais na ADPF Nº 186/DF.

2. Os direitos fundamentais são prerrogativas próprias dos cidadãos em função de sua


especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos e
mecanismos necessários para a proteção, a salvaguarda ou o exercício desses direitos. Com
relação a esse assunto, julgue o item que se segue.

Os direitos fundamentais não podem ser considerados absolutos, posto que todos os
direitos são passíveis de relativização e podem entrar em conflito entre si.
GABARITO CERTO
COMENTÁRIO:
Essa questão traz a característica da relatividade dos direitos fundamentais
que sustenta que os direitos fundamentais concorrem entre si e sendo assim são
passíveis de relativização entre eles.
Além disso, os direitos fundamentais podem ser limitados por expressa
disposição constitucional (restrição imediata) ou mediante lei originária promulgada
com fundamento imediato na própria Constituição (restrição mediata), apenas.

3. Ano: 2020 Banca: UFPR Órgão: Câmara de Curitiba - PR Prova: UFPR - 2020 - Câmara
de Curitiba - PR - Procurador Jurídico
[...] não se pode deduzir que todos os direitos fundamentais possam ser aplicados e
protegidos da mesma forma, embora todos eles estejam sob a guarda de um regime jurídico
reforçado, conferido pelo legislador constituinte. (HACHEM, Daniel Wunder. Mandado de
Injunção e Direitos Fundamentais, 2012.)
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
A) É compatível com a posição do autor inferir-se que, não obstante o reconhecimento do
princípio da aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias
fundamentais, há peculiaridades nas consequências jurídicas extraíveis de cada direito
fundamental, haja vista existirem distintos níveis de proteção.
B) É compatível com a posição do autor a recusa ao reconhecimento do princípio da
aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais no
sistema constitucional brasileiro.

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

C) O autor se refere particularmente à distinção existente entre direitos fundamentais


políticos e direitos fundamentais sociais, haja vista a mais ampla proteção constitucional
aos primeiros, que não estão limitados ao mínimo existencial.
D) O autor se refere particularmente à distinção entre os direitos fundamentais que
consistem em cláusulas pétreas e os direitos fundamentais que não estão protegidos por
essa cláusula, sendo que a maior proteção dada aos primeiros os torna imunes à
incidência da reserva do possível.
E) O autor se refere particularmente à distinção entre os direitos fundamentais que estão
expressos na Constituição de 1988 e aqueles que estão implícitos, decorrendo dos princípios
por ela adotados, haja vista o expresso regime diferenciado de proteção estabelecido
em nível constitucional para esses dois grupos de direitos.
GABARITO A
COMENTÁRIO:
LETRA A Esta alternativa está correta, porque, não obstante o art. 5º, § 1º
da CRFB diga que “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
têm aplicação imediata” essa eficácia se refere a eficácia jurídica o que se difere da
eficácia social.
LETRA B Não há como recusar a aplicação imediata as normas de direito
constitucional, pois todas nascem com eficácia jurídica plena e com eficácia
irradiante. Portanto, revogam qualquer norma anterior contrária a elas e tornam
inconstitucionais as normas posteriores que a contrariam.
LETRA C Não há um grau maior de proteção a um direito fundamental do que
a outros, todos são igualmente importantes.
LETRA D Novamente a questão tenta afirmar que há direitos fundamentais
que são mais importantes que os outros e, por isso, merecem mais proteção. Isso
não é verdade, pois, todos os direitos fundamentais gozam do mesmo grau de
proteção constitucional.
LETRA E Tanto os direitos fundamentais explícitos quantos os implícitos
gozam do mesmo grau de proteção. Não há hierarquia entre os direitos
fundamentais, pois, não há direito fundamental absoluto.

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
AÇÕES CONSTITUCIONAIS ................................................................................................................................. 2
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 2
MANDADO DE SEGURANÇA .......................................................................................................................... 2
SUJEITO ATIVO DO MANDADO DE SEGURANÇA ....................................................................................... 4
SUJEITO PASSIVO DO MANDADO DE SEGURANÇA ................................................................................... 4
CABIMENTO ............................................................................................................................................... 5
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO ......................................................................................................... 6
LEGITIMADOS ............................................................................................................................................ 6
PRAZO ........................................................................................................................................................ 8
MANDADO DE SEGURANÇA EM RELAÇÕES DE TRATO SUCESSIVO .......................................................... 8
HABEAS DATA ................................................................................................................................................ 8
CABIMENTO ............................................................................................................................................... 9
PRAZOS .................................................................................................................................................... 10
MANDADO DE INJUNÇÃO............................................................................................................................ 10
OMISSÃO INCONSTITUCIONAL ................................................................................................................ 11
MANDADO DE INJUNÇÃO ESTADUAL ...................................................................................................... 13
QUESTÕES........................................................................................................................................................ 13
GABARITO ........................................................................................................................................................ 16

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

AÇÕES CONSTITUCIONAIS
INTRODUÇÃO
Ações constitucionais é uma nomenclatura ampla, um gênero, que contempla duas
espécies (tipos) de ações contidas na Constituição Federal de 1988 (CRFB).
Essas espécies são: Ações Constitucionais de Controle de Constitucionalidade e os
Remédios Constitucionais ou também denominados de Instrumentos de Tutela das
Liberdades.
As Ações Constitucionais de Controle de Constitucionalidade são especiais, porque elas
têm a função de verificar a validade das leis infraconstitucionais frente a Constituição Federal.
São espécies de ação de controle de constitucionalidade: Ação Direta de
Inconstitucionalidade, Ação Direta de Constitucionalidade, Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão e Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental.
Contudo, nesta aula, o foco será o segundo tipo de ações constitucionais, ou seja, os
remédios constitucionais.
São espécies de instrumento constitucional: Mandado de Segurança, Mandado de
Injunção, Habeas Corpus, Habeas Data, Ação Civil Pública, Ação Popular e Ações de
Improbidade Administrativa.
Irá ser trabalhado, mais precisamente, aqueles Instrumentos de Tutela das Liberdades
com maior incidência nas provas para Delegado de Polícia com foco nas provas de Delegado
de Polícia Federal e Delegado da Polícia Civil do Paraná.
Contudo, não há como estudar os dois grupos de ações constitucionais apenas com as
normas expressas na CRFB. Isso porque, cada ação constitucional possui legislação
infraconstitucional própria.
Portanto, ao programar-se para estudar este conteúdo, a lei infraconstitucional deve ser
inserido nesta programação.
Cabe frisar ainda que os Instrumentos de Tutela das Liberdades, com a expressão
“Liberdades” no plural visa alcançar, em maior ou menor grau, as cinco liberdades do caput
do art. 5 da CRFB e não apenas a liberdade ambulatorial tutelada pelo Habeas Corpus.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

MANDADO DE SEGURANÇA
O Mandado de Segurança (MS) está presente no art. 5º, incisos LXIX e LXX da CRFB com
regulamentação infraconstitucional pela Lei nº 12.016 de 2009.

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data ,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

b) organização sindical, entidade de classe ou associação


legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,
em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Segundo Hely Lopes Meirelles, o Mandado de Segurança é o meio constitucional posto à


disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou
universalidade reconhecida por lei, para a proteção de direito individual ou coletivo, líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato
de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
Esse instrumentoconstitucional nasceu com a Constituição Federal de 1934 e foi
inspirado no juicio de amparo mexicano. Só a título de conhecimento, também foi em 1934
que foi introduzido a Ação Polular.
Infraconstitucionalmente, é possível falar em mandado de segurança até antes de 1934,
pois, houve uma lei brasileira datada do ano de 1926 tratando de mandado de segurança.
Isso porque, no Brasil, durante toda época de colonial e até 1926 imperava a doutrina do
habeas corpus, ou seja, o habeas corpus além de tutelar o direito ambulatorial, tutelava
também o direito líquido e certo maculado, ferido por um ato de ilegalidade de uma
autoridade administrativa.
Sabe-se que o habeas corpus é o instrumento constitucional mais antigo, pois, sua
existência data de uma lei inglesa de 1679 e ele não tinha a função somente de tutelar a
liberdade de ir, vir e permanecer. Por isso, o nome doutrina do habeas corpus.
Importante ressaltar que, embora previsto infraconstitucionalmente desde 1926 e
presente na Constituição Federal do Brasil de 1934, o mandado de segurança não foi previsto
na Constituição Federal seguinte, ou seja, na Constituição Federal brasileira de 1937. Uma
constituição outorgada que representava as ideias do Estado Novo de Getúlio Vargas.
Porém, o mandado de segurança volta a ser previsto pela Constituição Federal de 1946 e
na de 1967, inclusive da grande emanda de 1969.
A grande inovação no mandado de segurança previsto na Constituição Federal de 1988 é
que, além da figura do mandado de segurança individual, a CRFB de 1988 traz a figura do
mandado de segurança coletivo.
No processo civil, sabe-se que, quando o autor ingressa com uma demanda, inicia-se o
processo. Quando o réu ainda não foi citado, o autor pode desistir desse processo e ainda,
quando o réu já foi citado, caso haja concordância do réu, o autor também poderá desistir do
processo. Porém, depois do saneamento do processo, o autor não pode mais desistir do
processo. Portanto, dependendo da fase processual, o autor poderá ou não desistir do
processo.
Já no mandado de segurança, o impetrante pode desistir do mandado de segurança a
qualquer tempo, inclusive se ele tiver obtido sentença concessiva da segurança. Isso porque,
trata-se de uma ação constitucional e, muitas vezes, desistir do mandado de segurança não é
desistir do direito nele consubstanciado.
Lembre-se que o mandado de segurança, embora possa ter consequências patrimoniais,
não é uma ação de cobrança. Ele serve somente para proteger o direito líquido e certo. Por
isso, desistir do mandado de segurança, não significa desistir da ação de cobrança decorrente
do direito líquido e certo.
Além disso, o mandado de segurança é um instrumento residual, porque só caberá
mandado de segurança quando não couber o habeas corpus ou habeas data.
Por exemplo, tem-se no ordenamento apenas uma hipótese de prisão civil por divida,
que é a hipótese de prisão por não pagamento de pensão alimentícia. Sendo assim, os casos de
prisão civil por pensão alimentícia e os casos de prisões penais, quando houver ilegalidade são
passíveis de habeas corpus, em regra.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Agora, o habeas data serve para tutelar o direito a informações pessoais e também é
uma ação personalíssima, quando o acesso a essas informações seja negado. Por isso, tem
mais probabilidade de ser confundido com o Mandado de Segurança.
O mandado de segurança é o instrumento para obter informações de um determinado
órgão ou certidões de informações sobre um órgão.
Quanto ao direito líquido e certo, não se trata de um direito que não precisa de prova,
mas sim um direito que consegue se comprovar de plano. Por exemplo, com prova
documental, uma ata notarial.
Portanto, tecnicamente é um fato líquido e certo, porque, na verdade, o direito não
precisa ser provado, mas sim o fato. No mandado de segurança não há fase de instrução
probatória.
Não é sempre que as provas do direito líquido e certo não estão na posse do impetrante
e sim na posse da autoridade coatora. Isso não impede que o instrumento constitucional seja
utilizado. Para tanto, o autor informará essa circunstância na inicial e pedirá ao juiz que
determine a autoridade coatora o fornecimento dessas provas.
Contudo, ao ingressar com o mandado de segurança a pessoa não apresenta na inicial as
provas necessárias ou indica que a autoridade coatora está na posse das provas necessárias
ao direito líquido e certo, o mandado de segurança é extinto sem a resolução do mérito por
falta de pressuposto processual.
Essa pessoa só conseguirá impetrar outro mandado de segurança, caso consiga
comprovar novo direito líquido e certo surgido da mesma relação processual, pois, o primeiro
mandado de segurança extinto faz coisa julgada formal. Neste caso, ainda cabe a propositura
de uma ação ordinária.
Diferentemente se ao impetrar o mandado de segurança, ao analisar o mérito o juiz
afirmar que não há segurança a ser concedida. Pois, como houve análise de mérito, essa
decisão faz coisa julgada material. Sendo assim, não será possível ingressar com um novo
mandado de segurança e tão pouco com uma ação ordinária.

SUJEITO ATIVO DO MANDADO DE SEGURANÇA


O mandado de segurança é uma ação constitucional personalíssima. Sendo assim, no
momento de ingresso desse instrumento não se admite a substituição processual.
Podem ingressar com um mandado de segurança qualquer pessoa física ou jurídica.
Também podem ingressar com o writ órgãos com capacidade processual, como, a mesa da
Câmara dos Deputados, o Ministério Público.
Alguns órgãos podem ingressar com o mandado de segurança apenas para defenderem
suas funções institucionais ou na defesa de seus interesses, como é o caso dos Tribunais de
Justiça e das Secretarias Estaduais.
Também podem ingressar com o writ as universalidades de direito reconhecidas por lei,
por exemplo, o espólio.

SUJEITO PASSIVO DO MANDADO DE SEGURANÇA


No mandado de segurança, réu e autoridade coatora não são a mesma coisa. O réu no
mandado de segurança é sempre a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que
preste um serviço de relevância pública que sofrerá os ônus da concessão da ordem de
segurança.
Suponha-se que a pessoa queira ingressar com um mandado de segurança em face de
um secretário de saúde do estado. Sendo assim, o réu será o governo daquele estado já a
autoridade coatora é a pessoa que deveria fazer ou deixar de fazer algo que fere o direito
líquido e certo dessa pessoa.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

Portanto, no mandado de segurança, embora a autoridade coatora não seja parte no


processo, necessita-se indicar o réu e a autoridade coatora, na forma do art. 6º, caput da Lei nº
12.016/09.
A necessidade de informar a autoridade coatora possui duas funções. É ela que vai
prestar as informações relevantes para o mandado, além disso, é a autoridade coatora que irá
definir a competência desse mandado de segurança.
Importante ressaltar que o foro por prerrogativa de função não se aplica a ações que não
tenham natureza penal.
Porém, os tribunais superiores, os tribunais de justiça e os tribunais regionais federais
têm em sua organização regras próprias com relação à matéria e à pessoa nas ações
constitucionais.

Art. 6º A petição inicial, que deverá preencher os requisitos


estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias
com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na
segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica
que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce
atribuições.

TEORIA DA ENCAMPAÇÃO
A Teoria da encampação ocorre quando o autor do mandado de segurança
equivoca-se quanto a diferenciação entre réu e autoridade coatora.
Sendo assim, o autor declara uma pessoa como autoridade coatora, porém,
quem realmente é responsável e presta as informações é uma terceira pessoa.
Pela Teoria da Encampação, essas informações serão válidas se cumpridos os
três requisitos da Súmula nº 628 do STJ.
Súmula nº 628 do STJ:
“A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando
presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou
informações e a que ordenou a prática do ato impugnado;
b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e
c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição
Federal.”
Caso haja modificação de competência, o mandado de segurança deve ser
extinto.

CABIMENTO
Cabe mandado de segurança para proteção de direito individual (ou coletivo, quando o
mandado de segurança for coletivo). Por exemplo, Sandro impetra mandado de segurança
para obter uma certidão de um determinado órgão, porque precisa apresentar essa certidão
na etapa de uma prova. Inclusive, ele faz um pedido liminar no mandado de segurança que
impetra, o que é perfeitamente cabível.
Contudo, a liminar em sede de mandado de segurança é uma liminar com mais
características da tutela satisfativa que e assemelha-se muito mais com uma tutela antecipada
do que com uma tutela cautelar.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos
administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias
de serviço público.
Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
 de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução;
 de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
 de decisão judicial transitada em julgado.

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO


A definição de mandado de segurança coletivo é a mesma que a definição do mandado
de segurança individual. A diferença estão nos legitimados.

LEGITIMADOS
Os legitimados do mandado de segurança coletivo estão no art. 5º, LXX da CRFB, já
transcrito anteriormente, e no art. 21 da Lei nº 12.016/09.

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por


partido político com representação no Congresso Nacional, na
defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à
finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de
classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos
líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às
suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de


segurança coletivo podem ser:

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os


transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo
ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária
por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei,


os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação
específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do
impetrante.

Pela Lei nº 12.016/09, os partido políticos com representação no Congresso Nacional só


podem impetrar mandado de segurança, caso seja na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária. A isso é dado o nome de pertinência
temática. Essa pertinência temática não tem previsão constitucional.

A Lei nº 12.016/09 torna-se insconstitucional por trazer a pertinência


temática que não está na CRFB?

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Sim. Pode, porque, a CRFB traz um mínimo de exigência que pode ser
ampliada por lei infraconstitucional desde que não retire o núcleo essencial do
mandado de segurança.

A representação no Congresso Nacional por parte do partido político é


verificada em qual momento?
A representação do partido político no Congresso Nacional deve ser verificada
tanto no momento da impetração do mandado de segurança quanto no momento
de julgamento do instrumentoconstitucional.
Isso porque, o mandado de segurança é uma ação personalíssima. Portanto,
diferentemente da ação direta de inconstitucionalidade na qual a verificação da
representação do partido político no Congresso Nacional ocorre somente na
propositura da ação, pois, a ação não tem sujeitos, mas apenas legitimados, o
mandado de segurança precisa de verificar novamente a capacidade do legitimado
no momento do julgamento.
Caso ocorra de no momento de julgamento o partido político impetrante do
mandado de segurança tenha perdido sua representação no Congresso Nacional, o
mandado de segurança será extinto por falta de legitimidade.

MANDADO DE SEGURANÇA COMO FORMA DE CONTROLE DE


CONSTITUCIONALIDADE PREVENTIVO
Os parlamentares podem se valer do mandado de segurança para controlar a
constitucionalidade de um projeto de lei ou de emenda a constituição (art. 59 a 69
da CRFB), principalmente no que se refere ao art. 60, § 4º da CRFB, a saber, cláusulas
petreas.
A isso dar-se o nome de controle de constitucionalidade difuso preventivo.
Neste caso, no momento do julgamento desse mandado de segurança o
parlamentar impetrante precisa ainda estar como parlamentar no Congresso Nacional ?
Sim, sobre pena de ter o mandado de segurança extinto por falta de legitimidade, pois,
este parlamentar perdeu seu direito subjetivo de impetração do mandado.
Além disso, caso no momento de julgamento desse mandado de segurança o projeto de
lei ou o projeto de emenda a constituição já tiver sido convertido, esse mandado de segurança
não poderá ser julgado. Porque, não cabe mandado de segurança contra lei ou emenda
consitucional, ou seja, esse mandado de segurança será extinto por perda do objeto da ação.
Portanto, será necessário a propositura de uma ação de declaração de
inconstitucionalidade.

O único legitimando que exige um ano de funcionamento são as associações. Contudo,


em casos muito excepcionais o juiz poderá desconsiderar a falta do requisito de constituição e
funcionamento a mais de um ano da associação para a impetração do mandado de segurança.
As associações, os sindicatos e as entidades de classe também possuem pertinência
temática para a impetração do mandado de segurança.

Quais são os direitos que são protegidos pelo mandado de segurança


coletivo?

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

São protegidos pelo mandado de segurança coletivo os direitos coletivos


estrito senso e os direitos individuais homogênios.
No mandado de segurança coletivo a indeterminação é relativa, ou seja, em
algum momento ocorrerá sua determinação.
Embora os direitos difusos sejam transindividuais assim como o direitos
individuais homogênios, os direitos difusão são absolutamente indeterminados, ou
seja, não há como determinar os sujeitos abrangidos pelos direitos difusos em
momento algum.
Portanto, os direitos difusos não são protegidos pelo mandado de segurança
coletivo.

PRAZO
O prazo para o mandado de segurança é de 120 dias corridos, ou seja, não segue a
contagem do processo civil de dias úteis.
Esse prazo de 120 dias só é aplicável aos mandados de segurança por ação. Embora ele
seja um prazo decadencial, ele não atinge o fundo do direito como acontece no processo civil.
Isso porque a decadência do writ opera-se na utilização do mandado de segurança.
Portanto, a parte ao perder o prazo decadencial pode utilizar-se da ação ordinária para
conseguir o seu bem jurídico objeto do writ.
Uma vez que não há prazo para mandado de segurança por omissão, porém, caso a lei
traga um prazo para a análise do seu direito líquido e certo pela administração pública e essa
análise não ocorrer dentro desse prazo estabelecido em lei, após esse prazo passa a contar o
prazo decadencial do mandado de segurança.

MANDADO DE SEGURANÇA EM RELAÇÕES DE TRATO SUCESSIVO


Há duas possibilidades. A primeira é quando na relação de trato sucessivo houver uma
supressão da vantagem a outra é quando ocorre uma redução da vantagem.
A título de exemplo, supanha-se que Jeferson, servidor público, recebe seus vencimentos
normalmente e ele tem direito a uma gratificação recebida mensalmente que já se incorporou
ao salário de Jeferson.
Em março de 2020, a administração pública retira essa gratificação dos servidores. Essa
supressão da vantagem é passível de mandado de segurança, mas o prazo decadencial de 120
dias é contado uma única vez no primeiro mês de supressão da vantagem.
Porém, caso essa gratificação ao em vez de ser retirada, ela seja diminuída havendo uma
redução na vantagem, neste caso, o prazo de 120 dias é contado a cada recebimento da
gratificação reduzida.

HABEAS DATA
O habeas data é uma ação que tem por finalidade garantir o acesso de uma pessoa a
informações sobre ela que estejam armazenadas em arquivos ou bancos de dados de
entidades governamentais ou públicas. Trata-se de uma garantia, um writ, um instrumento
constitucional previsto no art. 5º, LXXII, “a”, da CF/88:

Art. 5º (…)
LXXII — Conceder-se-á

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à


pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de entidades governamentais ou de caráter público;

Embora o habeas data só tenha chegado ao Brasil com a Constituição Federal de 1988,
ele surgiu em 1776.
É o instrumento constitucional colocado ao dispor das pessoas físicas ou jurídicas,
brasileiras ou estrangeiras, para que solicitem ao Poder Judiciário a exibição ou a retificação
de dados constantes em registros públicos ou privados.

CABIMENTO
Para que seja concedido o habeas data é essencial a recusa da administração em prestar
a informação.
 Ação constitucional, de conteúdo cível e rito sumário, destinada a defender:
 Direito de obter informações relativas ao impetrante, inseridas em repartições
públicas e privadas;
 Direito de reconhecer os responsáveis pelos registros armazenados;
 Direito de contestar dados inverídicos e eliminá-los, tomando as medidas judiciais
cabíveis;
 Atualizar dados ultrapassados ou anotar explicações sobre dados verdadeiros, mas
justificáveis, que estejam sob pendência judicial ou amigável.
Por exemplo, suponha-se que uma pessoa tem um imóvel e que deseja vende-lo. Desta
forma, essa pessoa tira as certidões do imóvel para mostrar aos possíveis compradores que
está tudo correto com o imóvel sendo, portanto, uma aquisição segura.
Porém, ao retirar as certidões, a pessoa percebe que consta no Registro Geral de Imóveis
(RGI) uma ação antiga que já encontra-se extinta. Ela pode utilizar-se do habeas data para
atualizar essas informações diante do RGI, desde que haja a negativa da administração pública
de fazê-lo pelas vias administrativas.

O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos


dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes
dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração
fazendária dos entes estatais. No caso concreto, o STF reconheceu que o
contribuinte pode ajuizar habeas data para ter acesso às informações relacionadas
consigo e que estejam presentes no sistema SINCOR da Receita Federal. O SINCOR
(Sistema de Conta Corrente de Pessoa Jurídica) é um banco de dados da Receita
Federal no qual ela armazena as informações sobre os débitos e créditos dos
contribuintes pessoas jurídicas. A decisão foi tomada com base no SINCOR, mas
seu raciocínio poderá ser aplicado para outros bancos de dados mantidos pelos
órgãos fazendários. STF. Plenário. RE 673707/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
17/6/2015 (repercussão geral) (Info 790).
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Possibilidade de se obter dados do
contribuinte que constem nos sistemas dos órgãos fazendários. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/45c48cce2e2d
7fbdea1afc51c7c6ad26>.

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

Súmula nº 2 do STJ:
“Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houve recusa
de informações por parte da autoridade administrativa.”
Se não houve recusa administrativa, não tem motivo para o autor propor a
ação. Falta interesse de agir (interesse processual).

PRAZOS
O habeas data tem previsão infraconstitucional na Lei nº 9.507/97. Nesta lei, o artigo
mais importante é o art. 8.
Isso porque, ele estabelece prazos para a administração pública se manifeste a respeito
do requerimento administrativo por informações.

Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts.


282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas
vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos
por cópia na segunda.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez
dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de
quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art.
4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.

MANDADO DE INJUNÇÃO
O mandado de injunção está presente no art. 5º, inciso LXXI da CRFB e na Lei nº
13.300/16 e busca suprir uma omissão de norma infraconstitucional que impede a fruição de
um direito.

[Art. 5º] LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a


falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania

[Art. 2º Lei 13.300/16] Conceder-se-á mandado de injunção sempre


que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais


ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas
referidos no art. 2º e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para
editar a norma regulamentadora.
Um exemplo de mandado de injunção é a questão da greve dos servidores públicos, que
embora tenham esse direito previsto constitucionalmente nunca tiveram esse direito
regulamentado infraconstitucionalmente. Diante das várias ações de mandado de injunção ao

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

longo do tempo o STF decidiu em sede de repercussão geral que enquanto houver omissão
legislativa, os servidores públicos utilizaram como parâmetro a legislação de greve do regime
trabalhista da CLT.
Além disso, é importante frisar que o STF entendeu que os militares e todos aqueles
servidores públicos da área de segurança pública, ou seja, todos aqueles constantes no art.
144 da CRFB não possuem direito a greve, pois, trata-se de uma questão de segurança pública
e nacional e não só os militares conforme o art. 142 da CRFB.

OMISSÃO INCONSTITUCIONAL
A omissão inconstitucional ocorre quando a constituição determinou um fazer
legislativo, porque, a norma constitucional não é de eficácia plena ou contida, ou seja, é uma
norma de eficácia limitada e o legislador permanece inerte.
A omissão é o não fazer do legislador e inverte o mandado constitucional.
Essa norma constitucional que deve ser elaborada ela pode ser uma norma para conferir
direitos subjetivos ou para conferir direitos objetivos.

Exemplo:
Direito subjetivo = direito de greve, aposentadoria especial por insalubridade.
Direito objetivo = mandado de criminalização do racismo, tráfico, tortura, terrorismo.

Quando a omissão é sobre um direito subjetivo, o instrumento utilizado é o mandado de


injunção. Mas, quando a omissão é sobre um direito objetivo, o instrumento cabível é a ação
direta de inconstitucionalidade por omissão.

SÍNDROME DA INEFETIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS


A Síndrome da Inefetividade das Normas Constitucionais advém da omissão
legislativa, compreende-se a ausência de regulamentação adequada de normas de
eficácia limitada, pois embora estas normas estejam expressas na constituição, a
falta de regulamentação impedem o efetivo exercício de direitos previstos na
própria Constituição.
O mandado de injunção, art. 5º, LXXI da CRFB e a ação direta de
inconstitucionalidade por omissão (ADO), art. 103, § 2º da CRFB, são os
instrumentos cabíveis contra a inefetividade das normas constitucionais.

Essa falta da norma regulamentadora pode ser: total ou parcial.

TOTAL
Quando não houver norma alguma tratando sobre a matéria.

PARCIAL
Quando existir norma regulamentando, mas esta regulamentação for insuficiente e, em
virtude disso, não tornar viável o exercício pleno do direito, liberdade ou prerrogativa
prevista na Constituição.

É importante ressaltar que a mora legislativa não possui um prazo definido, a mora será
verificada caso a caso a depender da omissão.
Sendo assim, até 2007, o STF reconhecia a omissão legislativa dos mandados de
injunção, porém, adotava-se a Teoria Não Concretista na qual embora a omissão fosse

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

reconhecida o STF não determinava nenhum fazer legislativo. Portanto, a decisão ao


legislador competente para que ele desse andamento ao processo legislativo.
Acontece que esse processo legislativo sequer era iniciado, havia por parte do legislativo
a continuidade da omissão.
Diante disso, a partir de 2007, o STF mudou seu posicionamento para um visão
concretista passando a não só reconhecer a omissão legislativa, mas também fazendo uma
equidade, ou seja, utilizando de normas já existentes como parâmetros de efetivação de
direitos enquanto a omissão legislativa não for sanada.
A Lei nº 13.300/16 adotou tanto a Teoria Concretista Direta, mencionada
anteriormente, quanto a Teoria Concretista Intermediária, conforme art. 8º da referida lei.

Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a


injunção para:

I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a


edição da norma regulamentadora;

II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos,


das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as
condições em que poderá o interessado promover ação própria
visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no
prazo determinado.

Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o


inciso I do caput quando comprovado que o impetrado deixou de
atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido
para a edição da norma.

A regra é utilizar-se primeiro da Teoria Concretista Intermediária e a exceção é a


utilização da Teoria Concretista Direta.
Por isso, quando o juiz reconhece a injunção, ele determina um prazo razoável para que
o impetrado promova a edição da norma e na sequência ele estabelece as condições que se
dará o exercício daquele direito enquanto a lei não for elaborada.
Porém, quando já tiver outro mandado de injunção que não foi cumprido, independente
e qual juízo tenha expedido a decisão informando sobre a omissão inconstitucional e a decisão
não tenham sido observada, o próprio juízo julgador do novo mandado viabilizará a
concretização do direito subjetivo.

NATUREZA DA NORMA REGULAMENTADORA


A norma que irá regulamentar pode ter natureza jurídica legislativa ou administrativa.
Desta forma, a pessoa pode impetrar um mandado de injunção em face do legislador que deve
elaborar a norma. Mas também, pode ingressar por a falta de uma norma administrativa.

ADMINISTRATIVO: quando o responsável pela sua edição é um órgão, entidade ou


autoridade administrativo. Exemplo: um decreto, uma resolução administrativa etc.

LEGISLATIVO: quando o direito constitucional está inviabilizado pela falta de uma lei.

Assim como o mandado de segurança, o mandado de injunção também possui forma


individual e a forma coletiva, ou seja, existe mandado de injunção individual e coletivo.
Portanto, também não cabe para tutelar direito difuso.

MUDE SUA VIDA!


12
alfaconcursos.com.br

INDIVIDUAL: proposto por qualquer pessoa física ou jurídica, em nome próprio, defendendo
interesse próprio, isto é, pedindo que o Poder Judiciário torna viável o exercício de um direito,
liberdade ou prerrogativa seu e que está impossibilitado pela falta de norma
regulamentadora.

COLETIVO: proposto por legitimados restritos previstos na Lei, em nome próprio, mas
defendendo interesses alheios. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por
mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade
indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria (art. 12, parágrafo
único, da LMI).
O mandado de injunção coletivo não foi previsto expressamente pelo texto da CF/88,
mas mesmo assim sempre foi admitido pelo STF e atualmente encontra-se disciplinado pela
Lei nº 13.300/2016.

LEGITIMADOS PARA IMPETRAR UM MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO


 Ministério Público,
 Partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou
relacionados com a finalidade partidária;
 Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou
associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial;
 Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal .
São os mesmos que do mandado de segurança coletivo. A exceção é a Defensoria Pública
que no mandado de injunção coletivo figura como autora do instrumento constitucional.
Neste caso não há substituição processual, a Defensoria sequer necessita de autorização
de qualquer pessoa do grupo representado.

MANDADO DE INJUNÇÃO ESTADUAL


É possível que exista mandado de injunção no âmbito estadual, desde que isso seja
previsto na respectiva Constituição Estadual (art. 125, § 1º, da CF/88). Vale ressaltar que o MI
estadual também deverá observar as normas procedimentais da Lei nº 13.300/2016.

QUESTÕES

MUDE SUA VIDA!


13
alfaconcursos.com.br

1. Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2020 - TJ-PA - Oficial
de Justiça - Avaliador
A Constituição Federal de 1988 prevê o uso do mandado de injunção como uma
garantia constitucional sempre que a falta de norma regulamentadora tornar inviável o
exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. Nesse sentido, segundo o STF, o cabimento do
mandado de injunção pressupõe a demonstração da existência de omissão legislativa
relativa ao gozo de liberdades ou direitos garantidos constitucionalmente pelas normas
constitucionais de eficácia
A) plena lato sensu.
B) contida lato sensu.
C) plena stricto sensu.
D) contida stricto sensu.
E) limitada stricto sensu.

2. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Campo Grande - MS Prova:
CESPE - 2019 - Prefeitura de Campo Grande - MS - Procurador Municipal

Acerca dos direitos e das garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de


1988, julgue o item a seguir.

Entidade sindical constituída há menos de um ano e sediada em município da


Federação tem legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo a fim de
garantir direito líquido e certo de seus filiados que tenha sido lesado por ato de
autoridade da administração fazendária federal.
( ) Certo ( ) Errado

3. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM -
Analista Judiciário - Direito

Acerca dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item subsequente.

É cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo contra ilegalidade
praticada por diretor de sociedade de economia mista em decisão que homologa o
resultado de licitação ou em atos de gestão comercial.
( ) Certo ( )Errado

4. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TCE-RO Prova: CESPE - 2019 - TCE-RO -
Procurador do Ministério Público de Contas

Determinado cidadão solicitou acesso a documentos presentes em processo


administrativo de prestação de contas de convênio celebrado entre a União e o
município onde ele residia. A autoridade competente para analisar o pedido decidiu-se
pelo seu indeferimento, com base no fato de que os documentos solicitados não eram
relacionados a dados pessoais do solicitante. Irresignado, o cidadão ajuizou uma ação
judicial.

Nessa situação hipotética, a ação adequada ao caso é o


A) habeas corpus.
B) mandado de injunção.

MUDE SUA VIDA!


14
alfaconcursos.com.br

C) direito de petição.
D) mandado de segurança.
E) habeas data.

5. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEFAZ-RS Prova: CESPE - 2019 - SEFAZ-
RS - Auditor Fiscal da Receita Estadual - Bloco II
Acerca das ações constitucionais, assinale a opção correta.

A) Mandado de injunção destina-se a regulamentar normas constitucionais de eficácia


contida e de eficácia limitada.
B) Ação popular pode ser ajuizada por pessoa física ou jurídica, podendo figurar como
réus a administração pública e pessoa física ou jurídica que tenha causado danos ao
meio ambiente e(ou) ao patrimônio público, histórico e cultural.
C) Nas ações de habeas corpus, o juiz está adstrito à causa de pedir e aos pedidos
formulados.
D) Mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político legalmente
constituído e em funcionamento há pelo menos um ano.
E) Habeas data pode ser impetrado tanto por pessoa física, brasileira ou estrangeira,
quanto por pessoa jurídica, sendo uma ação isenta de custas.

MUDE SUA VIDA!


15
alfaconcursos.com.br

GABARITO
1. Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2020 - TJ-PA -
Oficial de Justiça - Avaliador
A Constituição Federal de 1988 prevê o uso do mandado de injunção como uma
garantia constitucional sempre que a falta de norma regulamentadora tornar inviável o
exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. Nesse sentido, segundo o STF, o cabimento do
mandado de injunção pressupõe a demonstração da existência de omissão legislativa
relativa ao gozo de liberdades ou direitos garantidos constitucionalmente pelas normas
constitucionais de eficácia
A) plena lato sensu.
B) contida lato sensu.
C) plena stricto sensu.
D) contida stricto sensu.
E) limitada stricto sensu.
GABARITO E
COMENTÁRIO:
A norma de eficácia plena produz seus efeitos imediatamente. A norma de
eficácia contida também, porém, a norma infraconstitucional pode limita-la.
Portanto, a única alternativa restante é a LETRA E.
Isso porque, a norma de eficácia limitada necessita da norma
infraconstitucional para produzir todos os seus efeitos. A não edição dessa norma
gera uma omissão inconstitucional.
Art. 5º, LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.

2. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Campo Grande - MS Prova:
CESPE - 2019 - Prefeitura de Campo Grande - MS - Procurador Municipal

Acerca dos direitos e das garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de


1988, julgue o item a seguir.

Entidade sindical constituída há menos de um ano e sediada em município da


Federação tem legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo a fim de
garantir direito líquido e certo de seus filiados que tenha sido lesado por ato de
autoridade da administração fazendária federal.
GABARITO CERTO
COMENTÁRIO:
Entidade sindical não precisa do prazo de sua constituição. Esse prazo de um
ano é apenas para as associações na forma do art. 5º,inciso LXX da CRFB e art. 21,
caput da Lei nº 12.016/09.
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido
político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses

MUDE SUA VIDA!


16
alfaconcursos.com.br

legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização


sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos
da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus
estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial.

3. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM -
Analista Judiciário - Direito

Acerca dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item subsequente.

É cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo contra ilegalidade
praticada por diretor de sociedade de economia mista em decisão que homologa o
resultado de licitação ou em atos de gestão comercial.
( ) Certo ( )Errado
GABARITO ERRADO
COMENTÁRIO:
Contra decisão que homologa o resultado de licitação cabe mandado de
segurança. Contudo, não é cabível mandado de segurança contra atos de gestão
comercial de sociedades de economia mista, na forma do art. 1, § 2º da Lei nº
12.016/09.
Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver
justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam
quais forem as funções que exerça.
[...] § 2º - Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão
comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de
economia mista e de concessionárias de serviço público.

4. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TCE-RO Prova: CESPE - 2019 - TCE-RO -
Procurador do Ministério Público de Contas

Determinado cidadão solicitou acesso a documentos presentes em processo


administrativo de prestação de contas de convênio celebrado entre a União e o
município onde ele residia. A autoridade competente para analisar o pedido decidiu-se
pelo seu indeferimento, com base no fato de que os documentos solicitados não eram
relacionados a dados pessoais do solicitante. Irresignado, o cidadão ajuizou uma ação
judicial.

Nessa situação hipotética, a ação adequada ao caso é o


A) habeas corpus.
B) mandado de injunção.
C) direito de petição.
D) mandado de segurança.

MUDE SUA VIDA!


17
alfaconcursos.com.br

E) habeas data.
GABARITO D
COMENTÁRIO:
LETRA A O caso em tela não trata de direito ambulatorial, portanto, não se
trata de habeas corpos, pois, não houve cerceamento ou ameaça de cerceamento
de liberdade de locomoção.
LETRA B Não há omissão legislativa presente no caso concreto, portanto, não
se trata de mandado de injunção.
LETRA C Não é o direito de petição, pois, para que fosse o direito de petição
seria necessário falar em ilegalidade ou abuso de poder. Conforme art. 5º, XXXIV,
alínea “a” da CRFB – “são a todos assegurados, independentemente do pagamento
de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder.”
LETRA D Esta é a alternativa correta, pois, é o mandado de segurança o
instrumento correto. Pois, trata-se de um direito líquido e certo assegurado
constitucionalmente, a saber, o direito de informação e publicidade dos atos da
administração pública.
LETRA E Não se trata de habeas data, pois, as informações requisitadas pelo
cidadão não são informações pessoais dele, mas sim referentes a órgãos públicos.

5. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEFAZ-RS Prova: CESPE - 2019 - SEFAZ-
RS - Auditor Fiscal da Receita Estadual - Bloco II
Acerca das ações constitucionais, assinale a opção correta.

A) Mandado de injunção destina-se a regulamentar normas constitucionais de eficácia


contida e de eficácia limitada.
B) Ação popular pode ser ajuizada por pessoa física ou jurídica, podendo figurar como
réus a administração pública e pessoa física ou jurídica que tenha causado danos ao
meio ambiente e(ou) ao patrimônio público, histórico e cultural.
C) Nas ações de habeas corpus, o juiz está adstrito à causa de pedir e aos pedidos
formulados.
D) Mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político legalmente
constituído e em funcionamento há pelo menos um ano.
E) Habeas data pode ser impetrado tanto por pessoa física, brasileira ou estrangeira,
quanto por pessoa jurídica, sendo uma ação isenta de custas.

GABARITO E
COMENTÁRIO:
LETRA A O Mandado de injunção não se destina a regulamentar normas
constitucionais de eficácia contida, mas apenas normas de eficácia limitada.
Portanto, alternativa incorreta.
LETRA B A ação popular não pode ser ajuizada por pessoa jurídica, mas,
apenas por pessoa física com cidadania brasileira, na forma do art. 5, inciso LXXIII
da CRFB e também Súmula nº 365 do STF, por isso, esta alternativa está incorreta.
art. 5, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado

MUDE SUA VIDA!


18
alfaconcursos.com.br

participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico


e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência.
Súmula nº 365 do STF: “PESSOA JURÍDICA NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA
PROPOR AÇÃO POPULAR.”
LETRA C A apreciação do Habeas Corpus, o juiz não está vinculado à causa
de pedir e ao pedido formulados, mas sim na ilegalidade da prisão efetuada. Por
isso, esta alternativa está incorreta.
LETRA D O prazo de constituição e funcionamento a pelo menos um ano é
um requisito das associações e não dos partidos políticos. Portanto, alternativa
incorreta.
LETRA E CORRETA. Conforme art.5, inciso LXXII e LXXVII da CRFB.
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo.
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data , e, na
forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

MUDE SUA VIDA!


19

Você também pode gostar