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4) imagine que, durante o processo, seja ouvido o comparsa de Maria Campos, Eugênio Sá

Viana, que optou por realizar acordo de colaboração premiada, e que, em sua oitiva, ele diga
que sabia da existência do envolvimento de um policial federal no esquema, tendo inclusive
ordenado a entrega de cinquenta mil dólares a este policial, mas que não sabia seu nome, nem
sequer teve contato pessoalmente com ele. Poderia o juiz, em seu convencimento, ponderar a
existência do mesmo valor apontado por Eugênio na casa de Antônio, ainda que como prova
subsidiária? Disserte sobre o assunto. (2,0 PONTOS)

Não, o juiz não poderia ponderar sobre o valor da prova, isso ocorre pois compete a violação do art.
243 CPP, onde discorre sobre a possibilidade de mandato judicial, essa prova será constituída como
prova ilícita, em detrimento do fato que o mandato judicial era apenas para o endereço do
apartamento de Antônio que foi especificado na ordem. Deste modo, vimos que no art. 243, I,
determina que na ordem de busca e apreensão deve conter especificamente o endereço elementar da
busca juntamente com o nome do proprietário e morador do imóvel, e no caso mostrado, conclui-se
que foram os policiais que observaram que outro apartamento no mesmo prédio, apartamento esse
que não constava na ordem, era propriedade de Antônio.

5) Depois de intensa discussão doutrinária e jurisprudencial acerca da assim conhecida


“prisão em segunda instância”, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento definitivo das
ADCs 43, 44 e 54, assim concluiu: “PENA – EXECUÇÃO PROVISÓRIA –
IMPOSSIBILIDADE – PRINCÍPIO DA NÃO CULPABILIDADE. Surge constitucional o
artigo 283 do Código de Processo Penal, a condicionar o início do cumprimento da pena ao
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, considerado o alcance da garantia versada
no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, no que direciona a apurar para, selada a
culpa em virtude de título precluso na via da recorribilidade, prender, em execução da sanção,
a qual não admite forma provisória. (ADC 43, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal
Pleno, julgado em 07/11/2019).

Tendo em vista a ementa destacada do julgado, explique a diferença entre prisão provisória,
prisão temporária, prisão em flagrante e prisão preventiva, correlacionando estes institutos
processuais com o princípio constitucional da presunção de inocência ou não culpabilidade.
(2,0 PONTOS)

A prisão temporária é determinada pela lei especifica 7.960/89, onde a trata como uma medida
restritiva de liberdade, justificada pela possibilidade de investigação de crimes graves durante o
inquérito policial. Nesse caso, o juiz tem a faculdade de no curso do inquérito, declarar a prisão e
assim que for instaurado o processo criminal, a prisão pode ser convertida em prisão preventiva.

Art. 1°- 7960/89 Caberá prisão temporária:


I - quando imprescindível para as investigações do
inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou
não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com
qualquer prova admitida na legislação penal, de
autoria ou participação do indiciado nos seguintes
crimes...
O prazo para prisão temporária é de 5 dias em regra, entretanto se for comprovada a necessidade,
poderá ser prorrogada por mais 5 dias. Entretanto, em se tratando de crimes hediondos, tráfico de
entorpecentes, terrorismo ou tortura, o prazo será de 30 dias que poderá ser prorrogado por mais 30
dias. Após o prazo, o preso deve ser solto, salvo se a prisão preventiva for decretada.

A prisão preventiva está abarcada no art. 301 do CPP, o qual dispõe que em todo curso do processo
penal caberá prisão preventiva desde que seja preenchido todos os requisitos para tal, como:
Se o juiz, no prazo de 24H após a prisão em flagrante, converter a prisão em flagrante em preventiva.
Quando o autor não foi preso em flagrante, contudo, as circunstancias fáticas mostrarem a
necessidade de que haja prisão preventiva.
A diferença entre prisão preventiva e prisão temporária é que a prisão temporária se dá no curso do
inquérito policial, enquanto a preventiva ocorre no curso do processo.
O prazo é de até quatro meses a um ano e seis meses.

No que tese a prisão em flagrante, ela ocorre no ato do crime, ou pouco tempo após o crime, tendo o
prazo de 24h para ocorrer e sem que haja a necessidade de ordem judicial, como no caso da prisão
preventiva e da prisão temporária.

Em se tratando do princípio da presunção de inocência e da não culpabilidade, os quais são


princípios constitucionais definidos, entretanto, o grande paradigma se estabelece mediante a prisão
em flagrante, pois há o afastamento da garantia da não culpabilidade do autor, sendo que essa
garantia é afastada, quando há a possibilidade de decretação de prisão sem que haja o devido
processo legal.

6) O art. 2º da Lei 8.072/90, diz que os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de anistia, graça, indulto e
fiança. Nesse caso, já que não é possível a aplicação de fiança para o acusado de crime
hediondo, poderia o juiz decretar sua liberdade provisória? Responda explicando o
posicionamento das Cortes Superiores acerca do tema. (2,0 PONTOS)

Por se tratar de uma medida cautelar de caráter pessoal, para a decretação de liberdade provisória é
necessário se ater aos princípios fumus boni iuris e do periculum in mora, dessa forma, a liberdade
provisória pode ser concedida sem necessária aplicação de fiança, apenas deve-se respeitar os
princípios requisitados. Ao passar do tempo, desde a concessão da lei 8.072/90, acerca dos crimes
hediondos, houve a inadmissibilidade na vedação de liberdade provisória para crimes hediondos e
equiparados, visto que foi entendido a inconstitucionalidade a vedação absoluta de qualquer garantia
fundamental, no que tese, a liberdade.

Em contrapartida, os Tribunais Superiores entenderam que ao juiz que analisar a concessão de


liberdade provisória para crimes hediondos, deve haver a análise profunda juntamente com uma
justificativa plausível, levando em consideração que a aplicação de fiança e a concessão de liberdade
provisória não estão atreladas entre si, a fundamentação deve ocorre por visualização da gravidade
do delito, mesmo que em entendimento jurisprudencial, não deve ser por si só motivo para
decretação de liberdade provisória, pois por se tratar de medida cautelar é necessário a observação do
princípio da necessidade visto que não teria o a decretação de cautelar sem que fosse estritamente
necessário.

Dito isso, entende-se que o principal debate nesse caso, é sobre a diferenciação entre crimes
hediondos e crimes comuns no momento da aplicação da liberdade provisória. Pois se for haver a
comparação, os crimes comuns recebem um ônus maior ao ser resguardado o direito à liberdade,
quanto que para crimes hediondos não há nenhum ônus, visto que para esses crimes não é cabível a
aplicação de fiança.

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