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SEXUALIDADE no
Sistema Prisional
MÓDULO 2
Garantias legais, recebimento
e procedimentos de custódia
de pessoas LGBTI+ presas
EXPEDIENTE
Apresentação 05
Objetivos do módulo 05
Síntese do Módulo 52
Referências 54
GÊNERO E SEXUALIDADE
NO SISTEMA PRISIONAL
APRESENTAÇÃO
Olá, cursista!
No primeiro módulo do curso, discutimos conceitos que nos permitem
uma melhor compreensão das especificidades das pessoas LGBTI+.
Também vimos dados acerca da presença e da diversidade de pessoas
que se autodeclaram LGBTI+ no Sistema Prisional brasileiro.
• as garantias legais;
• os procedimentos necessários para cuidados em saúde;
• o respeito ao nome social;
• o uso de itens específicos;
• a prevenção a violências.
Objetivos do módulo
Assim, a CF, de 1988, em seu art. 3º, inciso IV, expressa o seguinte:
SAIBA MAIS
Unidade e)3Assegurar
— Dos procedimentos
que as visitasdeconjugais,
custódia onde são permitidas,
sejam concedidas na base de igualdade a todas as pessoas
3.1 Da saúde da pessoa
aprisionadas ouLGBTI+
detidas, independente do gênero de sua
3.2 Do acesso
parceiradaoupessoa LGBTI+ ao mundo do trabalho
parceiro;
3.3 Do acesso da pessoa LGBTI+ à educação
3.4 A assistência social àopessoa
f) Proporcionar LGBTI+
monitoramento independente das ins-
3.5 A assistência
talações dereligiosa à pessoa
detenção LGBTI+do Estado e também por
por parte
organizações não-governamentais, inclusive organizações
que trabalhem nas áreas de orientação sexual e identidade
de gênero; e
Os Estados deverão:
I - material;
II - à saúde;
III - jurídica;
IV - educacional;
V - social;
VI - religiosa. (BRASIL, 1984).
QR CODE
Entrevista
1
Nesta unidade prisional, há um espaço
garantido para quem é LGBTI+ com
intuito de garantir a sua segurança.
2
Você faz parte da população
LGBTI+? Como você se define:
lésbica, gay, bissexual, mulher trans,
travesti, homem trans?
3
Caso a pessoa presa seja mulher trans,
travesti, homem trans ou intersexual,
perguntar se possui nome social.
Caso se trate de uma pessoa trans ou intersexual que tenha nome so-
cial, inserir o nome no registro de admissão prisional, e, a partir deste
momento, sempre se referir à pessoa pelo nome social inserido no
formulário de admissão.
É necessário entender que este não é um apelido, mas sim um nome cujas
pessoas trans, travestis e intersexos possuem direito de uso, garantido
pelo Decreto Federal n° 8.727, de 28 de abril de 2016. É possível que
o nome social da pessoa presa não conste na Guia de Recolhimento à
Prisão; entretanto, a unidade prisional deve questionar a sua existência
com intuito de incluir no registro de admissão prisional.
DEPOIMENTO
DEPOIMENTO
QR CODE
DEPOIMENTO
DEPOIMENTO
DEPOIMENTO
DEPOIMENTO
Tem muita gente aqui que tem vergonha e não gosta de se expor.
Aqui não tem problema, a gente aceita a pessoa como ela for. Pra
falar a verdade o povo até gosta quando vem uma mulher que gosta
de outra mulher. Todo mundo respeita de todo jeito. Respeita as
mulheres, as sapatão. É que aqui a gente não chama de lésbica,
a gente chama de sapatão mesmo. (BRASIL, 2020a, p. 120).
DEPOIMENTO
DEPOIMENTO
DEPOIMENTO
3
incluir o nome social da pessoa em
formulário e demais documentos
usados na unidade;
4
promover que todos(as) os(as)
agentes prisionais e demais
servidores(as) se reportem à pessoa
fazendo uso do nome social; e
5
específico, separada do convívio dos demais
presos, se tiver sido encaminhada para unidade
masculina, ou das demais presas, se tiver sido
encaminhada para a unidade feminina.
Para tanto, é preciso dizer que travestis e mulheres trans são identida-
des diferentes. Entretanto, é comum que as próprias pessoas presas se
confundam ao escolher uma ou outra identidade de gênero. E é nesse
momento de porta de entrada à uma unidade prisional que é possível
dialogar sobre o assunto, com intuito de averiguar a identidade de gênero
da pessoa presa.
DECLARAÇÃO DE
IDENTIDADE DE GÊNERO
______________________________________________________________________
_______________________________, _____/_____/__________.
(Local e Data)
SAIBA MAIS
DEPOIMENTO
3
incluir o nome social da pessoa em
formulário e demais documentos
usados na unidade;
4
promover que todos(as) os(as)
agentes prisionais e demais
servidores(as) se reportem à pessoa
fazendo uso do nome social; e
5
específico, separada do convívio dos demais
presos, se tiver sido encaminhada para unidade
masculina, ou das demais presas, se tiver sido
encaminhada para a unidade feminina.
2
incluir o nome social, se o tiver, da
pessoa em formulário e demais
documentos usados na unidade;
3
solicitar laudo atestando que as
características físicas, hormonais e
genéticas não permitem a
definição do sexo da pessoa como
masculino ou feminino;
4
separada do convívio dos demais presos, se
tiver sido encaminhada para unidade
masculina, ou das demais presas, se tiver
sido encaminhada para a unidade feminina,
até que seja providenciado documento; e
5
promover que todos(as) os(as) agentes
prisionais e demais servidores(as) se
reportem à pessoa fazendo uso do
nome social, se o tiver.
DEPOIMENTO
Ainda sobre o acesso a itens materiais que fazem parte da identidade das
pessoas trans, segue o relato de outro servidor do estado de Minas Gerais.
DEPOIMENTO
Tem muita gente que olha pra eles e vê essas coisas como regalia.
Isso gera um pouco de desconforto por parte dos agentes. Eles
ficam questionando se pode tudo e não pode tudo. Mas é difícil
conscientizar que tem uma diferença. [...] É mulheres cuidando
de mulheres. Os homens, nós agentes masculinos, não dávamos
nem palpite. O máximo que a gente fazia era de vez em quando
entrar pra dar um palpite pequeno. Eram mulheres cuidando
de mulheres. Elas entendem essas peculiaridades. No caso do
público trans é homem cuidando de mulher, entende? O pensa-
mento muda. O homem cuidando de homem, ele vê o preso como
homem. O guarda cuidando do preso LGBT, ele tem a dificuldade
de ver o preso como mulher. E eles tem peculiaridades que são
muito próximo de mulher. Quando o público LGBT chegou aqui
e caiu na minha mão eu não sabia o fazer, eu chamei uma agente
que já tinha trabalhado em uma unidade feminina e disse pra
ela que eu precisava que ela me ajudasse. No começo começou
pequeno e não era superlotado, ela me falou como funcionava
no feminino e a gente tentou aproximar. A verdade é que a gente
não consegue ter esse controle. Quanto tinha o feminino, tinham
uma equipe de 3, 4 agentes mulheres que ficavam lá com elas,
hoje a gente tem no máximo 1 gaiola. Cada setor tem um centro
de comando que monitora e controla a chave e o rádio. Tem um
agente que é fixo alí e todo pavilhão tem e tem os outros agentes
de apoio que entra e sai. (BRASIL, 2020a, p. 88).
PODCAST
Assim, não se deve raspar os cabelos das mulheres trans e das travestis,
seja na triagem ou depois, seja numa unidade prisional masculina ou
numa feminina, seja cabelo natural ou não.
DEPOIMENTO
DEPOIMENTO
Nessa aqui, eu cheguei da rua. Eu fui pra uma triagem que eles
não cortaram meu cabelo, porque eles disseram que tem uma
lei agora que não pode mais cortar cabelo de travesti. (BRASIL,
2020a, p. 71).
à manutenção de seus
cabelos compridos, inclusive,
mega hair, desde que fixo;
produtos de maquiagem.
Homens trans
Pessoas intersexo
DEPOIMENTO
Do acesso às assistências
GÊNERO E SEXUALIDADE
NO SISTEMA PRISIONAL
3. DO ACESSO ÀS ASSISTÊNCIAS
Não é difícil encontrar pessoas presas que nunca tiveram acesso à edu-
cação formal/escolarização ou que nunca foram ao dentista. É nesse
universo que as assistências em ambientes prisionais se apresentam.
Diante do exposto, tudo que for de direito de acesso à saúde pelo Sis-
tema Único de Saúde (SUS) é também para as pessoas LGBTI+ presas,
incluindo os procedimentos de utilização de hormônios. O tratamento
hormonal é uma demanda comumente pleiteada por mulheres trans,
travestis e homens trans.
DEPOIMENTO
DEPOIMENTO
EJA ENCCE
JA
ENEM
Oportunidade de
inscrição em exames Oportunidade de
Vagas para Educação nacionais, como Enem leirura e, com isso,
de Jovens e Adultos. PPL e Encceja PPL. remição pela leitura.
PODCAST
A Lei nº 7.210 (Lei de Execução Penal) trata do que se espera dos profis-
sionais de assistência social que atuam com atividades ligadas às pessoas
presas. Assim, o art. 22 diz que "a assistência social tem por finalidade
amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade",
sendo incumbência do serviço de assistência social, de acordo com o art. 23:
Agora que você realizou o estudo sobre o acesso a assistências por parte
das pessoas LGBTI+ presas, veja, a seguir, uma retomada dos pontos mais
importantes do módulo.
Vimos que deve ser oferecida à pessoa LGBTI+ alocação específica, sendo
uma escolha da pessoa aceitar ou não esta oferta. Independentemente
de sua alocação, no cumprimento da pena, o tratamento deve ser de
acordo com sua identidade de gênero, inclusive no que diz respeito à
manutenção de cabelo, vestimentas e acesso a materiais e objetos.
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SÍNTESE DO MÓDULO
Por fim, pontuamos o direito à visita íntima para a população LGBTI+ nos
contextos em que esta é oportunizada às pessoas presas.