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I- DOS FATOS
Narra o presente que o paciente foi preso em flagrante no dia 15/10/2022 pela suposta
prática do delito previsto no art. 155, caput, do Código Penal.
Como colecionado nos autos do processo 202264000922, o paciente foi preso em
flagrante delito, no dia 15/10/2022, pelo crime de roubo majorado pelo uso de arma branca,
previsto no Art. 157 §2º, VII, CP, O Auto de Prisão em Flagrante foi regularmente lavrado pela
autoridade policial.
Por conseguinte, em audiência de custódia, o juiz converteu a prisão em flagrante
delito em prisão preventiva, fundamentando sua decisão no fato de ser o paciente morador de
rua, motivo que dificultaria a execução da lei penal.
Insta salientar que, em momento oportuno, fora realizado pedido de revogação de
prisão preventiva, tendo sido negado pelo juiz de primeiro grau. Para garantir a proteção do
direito do paciente, a impetração do habeas corpus se tornou medida imperativa, haja vista
evidente lesão à direito constitucional.
(grifo nosso)
Como se pode olvidar pela análise do texto legal acima colecionado, para que seja
decretada a prisão preventiva é necessário que haja perigo a ordem pública e econômica,
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal.
Ou seja, os "indigitados fundamentos de cautelar idade devem ser apreciados sob o signo
temporal, devendo ser atuais independentemente de se tratar de novo decreto de prisão ou de
restabelecimento de prisão há muito revogada, seja em virtude da ausência dos requisitos do
artigo 312 do Código de Processo Penal, seja em virtude da ausência de fundamentação idônea"
(AgRg no REsp 1.195.873/MT, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA).
Afinal, a conversão em prisão preventiva seria cabível somente diante dos requisitos
dos Arts. 312 e 313 do CPP:
Situações que não estão mais presentes no presente quadro, uma vez que não há indícios
de que o Paciente em liberdade ponha em risco a instrução criminal, a ordem pública ou risco
à ordem econômica.
Cabendo destacar que, a constituição federal estabelece que todas as decisões judiciais
devem ser fundamentadas, assim, o magistrado não pode se valer de argumentos vagos e
genéricos, conforme ocorrera no presente caso.
Nesse sentido é art.93, IX, da CF:
Além disso, há o art. 489, parágrafo 1, II, do CPC, estabelecendo que não será
considerada fundamentada decisão que "empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso". Em que pese se trata de dispositivo do
cpc, não impede que seja considerado no processo penal. Assim, tomando como base o referido
dispositivo, a mera alegação de que o acusado põe risco a ordem pública não é suficiente para
fundamentar a decisão, uma vez que poderia ser utilizada para decretar a prisão em qualquer
situação.
Como se vê, não basta que haja o perigo abstrato do delito praticado, é
imprescindível a presença de carga probatória do perigo a ordem pública. O que não é a
realidade do caso em apreço.
III-CONDIÇÕES PESSOAIS
(grifo nosso)
Em que pese os atos supostamente praticados pelo Paciente, não há que se falar em
perigo a instrução criminal, inclusive já se encontra com audiência de instrução e julgamento
datada para o dia 05/01/2023.
Ademais, o cujo paciente nunca fora processado criminalmente, sendo réu primário,
sendo este o único criminal em curso, o que pesa sobre paciente é a questão de não obter
residência física, por se encontrar morando no lugar do delito.
Portanto, observa-se que nos termos do Art. 5º, LXVIII da CRFB/88 e Art. 647 e 648,
I, do CPP, o Habeas Corpus, remédio constitucional utilizado para combater lesão ou ameaça
à direto de Locomoção, é cabível e medida de concessão urgente.
Como fora amplamente relatado e debatido alhures, não sobrepujam razões para a
manutenção do cerceamento da liberdade do paciente, haja vista o mesmo sempre ter
contribuído para o bom andamento processual e nunca ter se esquivado das autoridades
policiais.
V- DOS PEDIDOS
Seja emitido juízo positivo de admissibilidade quanto aos termos do artigo 653 do
Código de Processo Penal, a concessão do HABEAS CORPUS, revogando-se a decisão que
decretou a prisão em desfavor de Adamastor, com a expedição do competente alvará de soltura,
e a aplicação de medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal, as
quais Vossa Excelência entender ser justa e cabível ao presente caso.
Por fim, o Paciente se prontifica a colaborar com o feito, comparecer em juízo,
apresentando-se espontaneamente, e auxiliar no desenvolvimento da Ação Penal em que se
encontra no polo passivo, segundo artigo 656 do Código de Processo Penal.
Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.