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DA DESERÇÃO EM GERAL

Termo de deserção. Formalidades

Art. 451. Consumado o crime de deserção, nos


casos previsto na lei penal militar, o comandante
da unidade, ou autoridade correspondente, ou
ainda autoridade superior, fará lavrar o respectivo
termo, imediatamente, que poderá ser impresso
ou diditado, sendo por ele assinado e por duas
testemunhas idôneas, além do militar incumbido
da lavratura. (Redação dada pela Lei nº 8.236, de
20.9.1991)

§ 1º A contagem dos dias de ausência, para efeito


da lavratura do termo de deserção, iniciar-se-á a
zero hora do dia seguinte àquele em que for
verificada a falta injustificada do militar.
(Redação dada pela Lei nº 8.236, de 20.9.1991)

§ 2º No caso de deserção especial, prevista no art.


190 do Código Penal Militar, a lavratura do termo
será, também, imediata. (Redação dada pela Lei
nº 8.236, de 20.9.1991)

Art. 190(CPM). Deixar o militar de apresentar-se


no momento da partida do navio ou aeronave, de
que é tripulante, ou do deslocamento da unidade
ou força em que serve:

Efeitos do termo de deserção

Art. 452. O termo de deserção tem o caráter de


instrução provisória e destina-se a fornecer os
elementos necessários à propositura da ação
penal, sujeitando, desde logo, o desertor à prisão.
(Redação dada pela Lei nº 8.236, de 20.9.1991)

Art. 453. O desertor que não for julgado dentro de


sessenta dias, a contar do dia de sua apresentação
voluntária ou captura, será posto em liberdade,
salvo se tiver dado causa ao retardamento do
processo. (Redação dada pela Lei nº 8.236, de
20.9.1991)
CAPÍTULO II

DO PROCESSO DE DESERÇÃO DE
OFICIAL

Lavratura do termo de deserção e sua


publicação em boletim

Art. 454. Transcorrido o prazo para consumar-se


o crime de deserção, o comandante da unidade,
ou autoridade correspondente ou ainda a
autoridade superior, fará lavrar o termo de
deserção circunstanciadamente, inclusive com a
qualificação do desertor, assinando-o
com duas testemunhas
idôneas,publicando-se em boletim ou
documento equivalente, o termo de deserção,
acompanhado da parte de ausência. (Redação
dada pela Lei nº 8.236, de 20.9.1991)

Remessa do termo de deserção e documentos à


Auditoria
§ 1º O oficial desertor será agregado,
permanecendo nessa situação ao apresentar-se ou
ser capturado, até decisão transitada em julgado.
(Redação dada pela Lei nº 8.236, de 20.9.1991)

Autuação e vista ao Ministério Público

§ 2º Feita a publicação, a autoridade militar


remeterá, em seguida, o termo de deserção à
auditoria competente, juntamente com a parte de
ausência, o inventário do material permanente da
Fazenda Nacional e as cópias do boletim ou
documento equivalente e dos assentamentos do
desertor. (Redação dada pela Lei nº 8.236, de
20.9.1991)

§ 3º Recebido o termo de deserção e demais


peças, o Juiz-Auditor mandará autuá-los e dar
vista do processo por cinco dias, ao Procurador,
podendo este requerer o arquivamento, ou que
for de direito, ou oferecer denúncia, se nenhuma
formalidade tiver sido omitida, ou após o
cumprimento das diligências requeridas. (Incluído
pela Lei nº 8.236, de 20.9.1991)

§ 4º Recebida a denúncia, o Juiz-Auditor


determinará seja aguardada a captura ou
apresentação voluntária do desertor. (Incluído
pela Lei nº 8.236, de 20.9.1991)

Apresentação ou captura do desertor. Sorteio


do Conselho

Art. 455. Apresentando-se ou sendo capturado o


desertor, a autoridade militar fará a comunicação
ao Juiz-Auditor, com a informação sobre a data e
o lugar onde o mesmo se apresentou ou foi
capturado, além de quaisquer outras
circunstâncias concernentes ao fato. Em seguida,
procederá o Juiz-Auditor ao sorteio e à
convocação do Conselho Especial de Justiça,
expedindo o mandado de citação do acusado,
para ser processado e julgado. Nesse mandado,
será transcrita a denúncia. (Redação dada pela
Lei nº 8.236, de 20.9.1991)
APRESENTAÇÃO

A Deserção não é um crime que ocorra com


freqüência na nossa

Corporação, porém é um crime previsto no


Código Penal Militar, cujo processo requer
providência preliminar na esfera administrativa e
por isso todo oficial, principalmente aquele que
se encontre em Comando de tropa, precisa saber
como proceder em caso de deserção.

Por serem raros os casos de deserção na nossa


PM os que ocorreram deixaram os nossos
oficiais em dúvidas de como agir, inclusive
alguns adotaram medidas erradas a respeito; disso
sou testemunha. Considero a dúvida natural, pois
a legislação que rege o assunto é federal, não
tendo a Corporação procurado adquiri-la e
difundi-la na tropa.
Recentemente a legislação pertinente ao assunto
foi modificada, mudando completamente o
processo de deserção de praça e alterando alguma
coisa no de oficial.

Por tudo isso, este Manual, como uma


despretensiosa

colaboração, não só aos nossos alunos, mas


também à Corporação.
INTRODUÇÃO

Deserção vem do latim DESERTIO, que se


deriva de

DESERERE, significando abandonar, desamparar.

É um delito militar. Já era previsto no direito


romano, porém sem estabelecer limite de tempo
entre a ausência ilícita e a deserção,
caracterizando-se esta pelo afastamento
prolongado. O que diferenciava a ausência da
deserção era o regresso: Se voluntário,
considerava-se ausência; se forçado, deserção.

Nas leis modernas, a regra para se considerar


deserção é o estabelecimento de um prazo. A
simples ausência constitui transgressão
disciplinar, porém o prolongamento dessa, além
do prazo estabelecido, passa a constituir o crime
de deserção. O prazo é variável nas diversas
legislações.
No nosso Direito Penal Militar, através do
Código Penal Militar-CPM (Dec. Lei nº 1.001,
de 21 Out 69) são previstas três espécies de
deserção:

 Deserção propriamente dita, assim definida,


no Art.

187: “Ausentar-se o militar, sem licença, da


Unidade em que serve, ou do lugar em que deve
permanecer, por mais de oito dias”.

 Deserção imprópria, definida no Art. 188:

I. Não se apresentar no lugar designado,


dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito
ou férias.
II.
II. Deixa de se apresentar à autoridade
competente, dentro do prazo de oito dias,
contados daquele em que determina ou é

cassada a licença ou agregação ou em que é


declarado o estado

de sítio ou de guerra.

 Deserção instantânea, definida no Art. 190 e


configura-se quando o militar deixa de apresentar-
se no momento da partida do navio ou aeronave,
de que é tripulante, ou da partida ou
deslocamento da Unidade ou força em que serve.

A Deserção propriamente dita, a mais comum no


nosso meio, tem

uma pena cominada de detenção de seis meses a


dois anos; essa pena é agravada se o desertor é
oficial.
DO PROCESSO DE DESERÇÃO

As disposições referentes ao Processo de


Deserção se encontram no Código de Processo
Penal Militar-CPPM (Dec. Lei nº 1.002, de 21
Out 69), bem como na Lei da Organização
Judiciária Militar (Dec. Lei nº 1.003, de 21 Out
69), no que se refere à organização e
competência dos Conselhos de Justiça.

O CPPM trata do Processo de Deserção,


dispondo sobre a Deserção em geral; sobre a
Deserção de oficial e sobre a Deserção de praça.
É nessa ordem que também apresentaremos nosso
trabalho.

1. DA DESERÇÃO EM GERAL
a. Sabemos já que a deserção (propriamente
dita) se consuma em oito dias. O primeiro
problema que temos é de saber como
estabelecer o início da contagem desse prazo.

A contagem dos dias de ausência necessários


para consumar a

deserção e naturalmente para a lavratura do


respectivo termo iniciar-se-á a zero

hora do dia seguinte àquele que for verificada a


falta injustificada do militar (Art. 451, § 1º).

Exemplo: Se o militar se ausenta dia 20 de


outubro, não importando a hora, o prazo começa
a contar a zero hora do dia 21 e o crime de
deserção estará consumado nos primeiros minutos
do dia 29.
b. Consumada a deserção, após os oito dias no
caso do Art. 187 do CPM ou logo após a partida
do navio ou aeronave no caso do Art. 190,

deve ser lavrado imediatamente o respectivo


termo. Este será providenciado pelo Cmt da
Unidade onde serve o desertor, ou autoridade
correspondente ou ainda a autoridade superior
(Cmt do CPC, CPI, ou até o Cmt Geral). O
Termo de Deserção pode ser impresso ou
datilografado. Será assinado pelo Cmt que
determinou sua lavratura, por duas testemunhas
idôneas e pelo militar incumbido de lavrá-lo.
Ver modelo adiante.

O termo de deserção é peça fundamental no


processo. Sua falta ou irregularidade importa em
nulidade de todo o processo.
c. O Termo de Deserção tem o caráter de
instrução provisória. Para sua lavratura é
precedido de algumas providências, como parte
de ausência, inventário, diligências, etc. Tem o
termo o efeito de fornecer os elementos
necessários à propositura da ação penal,
sujeitando o desertor, desde logo, à prisão, ou
seja, ele dá ao Procurador Militar os elementos
que o mesmo precisa para oferecer a
denúncia, instaurando o processo propriamente.
Com o caráter de instrução provisória (pois a
definitiva só se e quando o desertor se
apresentar ou for capturado) e sendo a deserção
um crime permanente, pode o desertor ser
preso a qualquer momento, independentemente
de “mandado”.

d. Finalmente determina a Lei que se o desertor


não for julgado dentro de sessenta dias,
contados do dia de sua apresentação voluntária
ou captura será posto em liberdade, salvo se tiver
dado causa ao retardamento do processo.
Quando o desertor se apresenta ou é capturado,
deve ser preso e a partir daí começa o processo,
que deve ser concluído, com o julgamento, no

máximo em sessenta dias, prazo suficiente, já


que dito processo é especial, sumário, etc. Não
sendo concluído nesse prazo e desde que o
retardamento não tenha sido causado pelo
desertor, o mesmo deve ser posto em liberdade,
podendo entrar com “habeas-corpus” para
continuar no processo em liberdade.

2. DA DESERÇÃO DE OFICIAL

Transcorrido o prazo para consumar-se o crime


de deserção, o Cmt da Unidade, ou autoridade
correspondente, ou ainda a autoridade superior,
fará lavrar o termo de deserção
circunstanciadamente, inclusive com a
qualificação do desertor, assinando-o com duas
testemunhas idôneas, publicando-se, em boletim
ou documento equivalente, o termo de deserção,
acompanhado da parte de ausência (Art. 454).

Vê-se que, consumada a deserção de oficial,


deve ser lavrado imediatamente o Termo de
Deserção. Mas se vê também que o termo deve ser
publicado, juntamente com a Parte de Ausência.
Deduz-se, portanto, que antes da lavratura do
termo algumas providências devem ser adotadas:

a. PARTE DE AUSÊNCIA- Vinte e quatro


horas depois de

iniciada a contagem dos dias de ausência de um


oficial, o seu chefe imediato encaminhará Parte
de ausência ao Cmt ou Chefe da respectiva
organização.
O início da contagem já sabemos que se dá a
zero hora do dia seguinte ao da falta.

Chefe imediato, podemos dar os seguintes


esclarecimentos a

respeito: Se o ausente é um Cmt de Pel, seu chefe


imediato é o Cmt da Cia; se um Cmt de Cia, o
chefe imediato é o Sub Cmt do Btl; se Sub Cmt de
Btl, o Cmt do Btl; se o ausente é um Cmt de Btl,
o seu chefe imediato é o Cmt (CPC ou CPI), etc.
Esse Chefe imediato é que tem a incumbência de
encaminhar a parte de ausência.

O Cmt ou chefe da respectiva organização, segue


a mesma linha

de raciocínio: Se o ausente é Cmt de Pel, o Cmt


da organização é o Cmt da Unidade; se é um Cmt
de Btl, o Cmt da organização é o Cmt do CPC ou
CPI; se é um chefe de seção de diretoria (DAL,
DP, DF), o chefe da organização é o respectivo
diretor, e assim por diante.
A parte de ausência é conforme modelo adiante.

b. INVENTÁRIO - Recebida a parte de ausência


o Cmt ou chefe

mandará inventariar o material permanente


pertencente à Fazenda Estadual

deixado ou extraviado pelo ausente.

O inventário pode ser feito pelo próprio oficial


que encaminhou a

parte de ausência ou por outro, se o Cmt ou


Chefe assim entender. Será feito com a
assistência de duas testemunhas idôneas, que
também assinarão o respectivo documento. A
determinação para o inventário, inclusive a
indicação das testemunhas, deve ser publicada em
boletim.
O modelo de inventário se encontra adiante.

c. PARTE ACUSATÓRIA - Completados os


dias para consumar-

se a deserção, o mesmo oficial que


encaminhou a parte de ausência

encaminhará outra parte (conforme modelo


adiante), nesta informando da consumação da
deserção, bem como encaminhando o
inventário, acrescentando alguma providência
que tenha adotado com vistas a localizar e

trazer ao quartel o ausente. É chamada esta parte


de acusatória, porque ela é

que enseja a lavratura do termo de deserção.


d. TERMO DE DESERÇÃO - Recebida a
parte acusatória,

juntamente com o inventário e outros


esclarecimentos, o Cmt da Unidade do oficial
desertor, ou autoridade equivalente, ou ainda a
autoridade superior, dependendo do caso,
mandará lavrar imediatamente

o Termo de Deserção (Ver modelo adiante). Este,


que pode ou ser impresso ou datilografado, terá
todas as circunstâncias do fato, inclusive a
qualificação do desertor Será assinado pelo Cmt
que determinar sua lavratura (esta deve ser feita
por um oficial), por duas testemunhas idôneas
(como se trata de crime militar praticado por
oficial, é conveniente que essas testemunhas
sejam também oficiais), bem como pelo oficial
encarregado da lavratura.
e. PUBLICAÇÃO DO TERMO - Lavrado o
termo, o Cmt que

mandou lavrá-lo determinará sua publicação em


boletim, juntamente com a parte de ausência.
Esse boletim nada impede que seja o da própria
Unidade ou o boletim do comando Geral, no caso
de oficial do QCG ou de Unidade que não tenha
boletim.

f. AGREGAÇÃO DO DESERTOR - Publicado


o termo - e já se

sabendo que o mesmo tem caráter de instrução


provisória - temos então um desertor. Este deve
ser agregado, situação em que permanecerá ao
apresentar-se ou ser capturado, até decisão
transitada em julgado, isso é o que dispõe o
CPPM. No entanto a Lei nº 5346, de 26 Mai
92 (Estatuto dos Policiais Militares do Estado de
Alagoas), no seu Art. 42 dispõe um pouco
diferente, ou seja, que o desertor, sendo oficial,
deve ser agregado, porém só ficará nessa situação
até seis meses. Caso não se apresente ou seja
capturado nesse prazo,

será demitido. Apresentando-se ou sendo


capturado depois de haver sido demitido, será
reincluido novamente agregado, para se ver
processar, sendo sua situação definitiva resolvida
somente após o processo.

g. ASSENTAMENTOS - Deve também o Cmt


que providenciou o

termo de deserção providenciar cópias dos


assentamentos do oficial desertor.
h. REMESSA DO TERMO À AUDITORIA -
Após publicado o

termo de deserção, o Cmt que determinou sua


lavratura providenciará cópia do

boletim da publicação e juntando essa cópia ao


Termo de Deserção, mais as partes de ausência e
acusatória, o inventário, a cópia dos
assentamentos, remete tudo à Auditoria da Justiça
Militar. Essa remessa o Cmt fará pelas vias
regulamentares, ou seja, segundo a cadeia de
comando; encaminhará tudo ao juiz-auditor por
intermédio da DP ou do Cmt do CPC (se for um
Cmt de Btl da capital e nos moldes como se
procede na atualidade).

NA AUDITORIA DA JUSTIÇA MILITAR:

1) Chegando à Auditoria o Termo de Deserção e


demais peças, o
juiz-auditor mandará autuá-los, ou seja,
transformar aqueles documentos em autos, com
uma capa e o termo de autuação.

2) Mandará em seguida dar vistas dos autos ao


Procurador

Militar pelo prazo de cinco dias. O Procurador,


com os autos, poderá requerer o

arquivamento, se constatar a não existência de


crime ou outra circunstância

que assim o recomende. Porém, poderá requerer o


que for de direito, ou seja, diligências para sanar
alguma irregularidade. Ou então poderá oferecer
a denúncia. Esta ocorrerá se, verificando os
autos, não tiver sido omitida
nenhuma formalidade ou então se tiver sido
requerida alguma diligência esta já tiver sido
cumprida.

3) Oferecida a denúncia e sendo a mesma


recebida o juiz-auditor

determinará seja aguardada a captura ou


apresentação voluntária do desertor. Naturalmente
que o processo não é arquivado, mas fica parado,
no aguardo do aparecimento do desertor. Não é o
caso de se proceder à revelia, pois se trata de um
crime permanente; o processo só prosseguirá
com a presença do desertor.

j. APRESENTANDO-SE OU SENDO
CAPTURADO O DESERTOR:
1) Se o desertor se apresentar voluntariamente ou
for capturado,

a autoridade militar fará comunicação ao juiz-


auditor. Essa autoridade é o Cmt

Geral. Naturalmente que para o Cmt Geral


comunicar ao juiz-auditor ele receberá a
informação do Cmt do oficial desertor ou daquele
que capturou ou recebeu a apresentação do
mesmo. Na comunicação ao juiz auditor devem
ser informados o lugar (cidade) e a data da
captura ou apresentação, bem como quaisquer
outras circunstâncias concernentes ao fato.

2) Com a informação supra, o juiz-auditor


procede ao sorteio e à

convocação do Conselho Especial de Justiça, bem


como expede mandado de citação ao acusado,
para ser processado e julgado, transcrevendo
nesse mandado a Denúncia.

3) Reunido o Conselho Especial de Justiça, com


a presença do

Procurador Militar, do acusado e do seu advogado


de defesa, será procedido o

interrogatório do acusado, podendo nessa


ocasião serem também ouvidas as

testemunhas de acusação, ou seja, aquelas


arroladas pelo Procurador. O advogado poderá
apresentar prova documental e requerer a
audição de testemunhas, no máximo três. Ouvidas
as testemunhas de defesa e realizadas as
diligências requeridas se for o caso, haverá o
julgamento. Na sessão de julgamento, após lidas
as peças principais do processo, é dada a palavra
por trinta minutos ao Procurador Militar e em
seguida por igual tempo ao advogado de defesa,
podendo haver réplica e tréplica, ambas de
quinze minutos. Em seguida, o Conselho
Especial, na sala secreta ou na mesma sala, porém
com a ausência das demais pessoas, procederá ao
julgamento, onde o juiz-auditor faz um relatório
do processo e dar o seu voto, seguindo-se do
oficial mais moderno e assim sucessivamente, até
o voto do presidente do Conselho.

3. DA DESERÇÃO DE PRAÇA

A deserção de praça não difere da de oficial. O


procedimento administrativo e o processo é que
apresentam alguns detalhes a mais, que veremos
a seguir:

a. A AUSÊNCIA - Vinte e quatro horas depois


de iniciada a
contagem dos dias de ausência de uma praça o
respectivo Comandante da Subunidade, ou
autoridade correspondente, encaminhará Parte de
Ausência ao Comandante da Unidade ou Chefe da
Organização.

O início da contagem é a zero hora do dia


seguinte ao da falta, conforme já sabemos. Ex.: se
a praça falta ou se ausenta do expediente dia 05
(cinco) de outubro, não interessando a hora, a
contagem dos dias de ausência começa a zero
hora do dia seis, completando as vinte e quatro
horas nos primeiros minutos do dia 07 (sete).

Autoridade correspondente ao Comandante de


Subunidade será, por exemplo, o Chefe da
S/Moto; o Comandante da CCSv; o Cmt do
CSM; o Regente da Banda de Música/Aj Geral.
Chefe da Organização, considerando o visto
no parágrafo anterior, seria o Diretor da DAL; o
Ajudante Geral, etc.

b. INVENTÁRIO - Recebida a parte de


ausência o Comandante

da Unidade ou o Chefe da Organização


determinará - fazendo publicar em

boletim - que seja feito o inventário do material


permanente da Fazenda Estadual deixado ou
extraviado pelo ausente, indicando nessa
determinação quem deve fazer o inventário
(normalmente o próprio Comandante da
Subunidade), bem como duas testemunhas idôneas
para assisti-lo e assiná-lo.
Se a ausência se verificar em Subunidade
Isolada ou destacamento, o respectivo
Comandante, oficial ou não, providenciará o
inventário, assinando-o com duas testemunhas
idôneas.

c. DILIGÊNCIAS - Após a parte de ausência


e antes que a

deserção se consume, deverão ser realizadas


diligências, com o fim de localizar o ausente e
fazê-lo voltar (retornar) ao quartel, evitando com
isso a deserção. Essas diligências devem ser
providenciadas por determinação do Comandante
da Subunidade ou de autoridade superior
(Comandante da Unidade, do CPC, CPI, etc).
São imprescindíveis essas diligências, podendo
sua omissão anular o processo de deserção,
confirmando-se depois que o desertor se achava
em lugar ou local de fácil localização.
d. PARTE ACUSATÓRIA - Completados os
dias para consumar-

se a deserção, o Comandante da Subunidade


ou autoridade

correspondente encaminhará ao Comandante da


Unidade ou Chefe da Organização, uma Parte
acompanhada do inventário e do termo de
diligência.

Essa parte informará ao Comandante da


Unidade que se

consumou o crime de deserção, ou seja, que se


completaram os dias para consumação do referido
crime.

Nessa parte, mesmo juntando a ela o inventário,


dirá em síntese, quais os materiais deixados ou
extraviados pelo ausente, como ainda dirá as
diligências que realizou. É chamada de parte
acusatória porque, a partir dela, o Comandante da
Unidade mandará lavrar o Termo de Deserção.

e. TERMO DE DESERÇÃO - Recebida a


parte acusatória, o

Comandante da Unidade fará lavrar,


imediatamente, o termo de deserção. Neste
deverão ser mencionadas todas as
circunstâncias do fato. A sua lavratura pode ser
por intermédio de uma praça, especial ou
graduada (normalmente um sargento). Será
assinado pelo Comandante da Unidade (que
determinou sua lavratura), por duas testemunhas
idôneas, de preferência oficiais, bem como pela
praça encarregada da lavratura.

f. PUBLICAÇÃO DO TERMO DE
DESERÇÃO - Feita a lavratura
do termo de deserção, o Comandante da Unidade
determinará sua publicação em boletim. É essa
publicação que formaliza a deserção. O boletim
pode ser o da própria Unidade. No caso de o
Comandante optar pelo BGO, deve envidar
providências para que não retarde a publicação do
termo, portanto não precisa publicar a parte de
ausência.

g. AGREGAÇÃO / LICENCIAMENTO
DO DESERTOR -

Paralelamente à publicação do termo, o


Comandante da Unidade deve encaminhar
expediente à autoridade superior, por
intermédio da DP,

solicitando a agregação do desertor nos termos


do Estatuto dos Policiais Militares do Estado de
Alagoas (Lei nº 5346 de 26 Mai 92), se o mesmo
for praça com estabilidade (mais de dez anos de
serviço) ou solicitando seu licenciamento, nos
termos da mesma Lei, se for praça sem
estabilidade.

h. ASSENTAMENTOS - Providenciará também


o Cmt da Unidade

cópia dos assentamentos do desertor, para


encaminhá-los juntamente com as outras peças à
Auditoria.

i. REMESSA DO TERMO À AUDITORIA -


Publicado o termo, o

Comandante da Unidade providenciará cópia do


Boletim que o publicou. Em seguida, reunirá o
termo de deserção, com a cópia do boletim que o
publicou, com as partes de ausência e
acusatória, o inventário e a cópia dos
assentamentos, remetendo tudo à Auditoria,
seguindo a cadeia de comando.

j. NA AUDITORIA - Recebidos os referidos


documentos, o juiz-

auditor mandará autuá-los e dará vista ao


Procurador Militar por cinco dias.

Este requererá o que for de direito, como alguma


diligência para sanar alguma irregularidade, etc.
Se nenhuma formalidade tiver sido omitida ou se
tiver sido, as diligências requeridas pelo
procurador já tiverem sido cumpridas, os autos
voltam ao juiz-auditor, que mandará se aguarde a
apresentação voluntária ou captura do desertor. É
claro que neste ínterim o processo ficará parado.

l. APRESENTAÇÃO OU CAPTURA DO
DESERTOR - Se o
desertor se apresentar ou for capturado, serão
adotadas as seguintes providências;

1) SE INSTÁVEL, ou seja, sem


estabilidade, deverá ser imediatamente
submetido à inspeção de saúde. Se julgado
APTO, será reincluido. O Comandante da
Unidade deverá pela cadeia de comando,
remeter à Auditoria, com urgência, cópia do ato
de reinclusão (pode ser a cópia do boletim), sob
pena de responsabilidade.

Chegando à Auditoria a confirmação da


reinclusão da praça desertora, o juiz-auditor
determinará que o ato de reinclusão (o
documento) seja juntado aos autos. Em seguida o
juiz dará vista de todos os autos ao procurador
militar por um prazo de cinco dias. Este requererá
o arquivamento dos autos ou então o que for de
direito, como alguma diligência. Caso nada tenha
a requerer ou após cumpridas as diligências
requeridas, o procurador oferecerá denúncia.

Recebida a denúncia, o juiz-auditor determinará


a citação do acusado, para em dia e hora que
forem designados, ser feito o seu interrogatório
perante o Conselho Permanente de Justiça.
Nessa mesma ocasião serão ouvidas as
testemunhas de acusação, ou seja, aquelas
arroladas pelo procurador militar. Nessa ocasião
também a defesa poderá oferecer prova
documental e requerer a inquirição de no
máximo três testemunhas que serão arroladas no
prazo de três dias e ouvidas no prazo de cinco
dias, este prorrogável pelo dobro pelo Conselho,
ouvido o Ministério Público (procurador).

Ouvidas as testemunhas, será feito o julgamento


nos mesmos

moldes do julgamento do oficial, ou seja,


mandando o presidente do Conselho fazer a
leitura do processo, depois dando a palavra às
partes, primeiro ao procurador militar para, no
prazo máximo de trinta minutos, fazer
sustentação oral da denúncia e depois ao
advogado do acusado para, em igual prazo fazer a
defesa, podendo haver réplica e tréplica, por um
prazo de quinze minutos.

Se o desertor instável é julgado INAPTO, ou


seja, apresentando-

se ou sendo capturado e submetido à inspeção de


saúde deverá ser remetida com urgência à
Auditoria. Na Auditoria, com a ata, os autos vão
ao procurador militar, para que este dê parecer e
o processo seja definitivamente arquivado,
ficando a praça desertora isenta do processo e
também da reinclusão.

2) SE ESTÁVEL, ou seja, com estabilidade,


deverá também ser a

praça submetida imediatamente à inspeção de


saúde. Se julgada incapaz definitivamente,
também estará isenta do processo e se já tiver
sido excluída, isenta também da reinclusão.
Caso não tenha razão, mesmo que na
inatividade, já que foi julgado incapaz
definitivamente, decidida à Luz do Estatuto dos
Policiais Militares de Alagoas (Lei 5346/92).

Se o desertor estável é julgado APTO e já tinha


sido excluído será

reincluido. Se apenas estava agregado, será


revertido e a partir do recebimento na Auditoria
do ato de reinclusão ou reversão, o processo
correrá identicamente ao da praça INSTÁVEL
julgada apta.

Sendo a praça condenada o juiz-auditor


comunicará à autoridade militar competente
(Comandante Geral), para as providências
cabíveis de recolher presa a praça para
cumprimento da pena.
Se absolvida, ou sendo condenada já tiver
cumprido a pena imposta na sentença, o juiz-
auditor expedirá o competente alvará de soltura,
se por outro motivo não tiver preso.

CONCLUSÃO

É este, em síntese, o Processo de Deserção na


Polícia Militar, quer de Oficial, quer de Praça,
complementados com os MODELOS das
páginas seguintes, bem como com um
APÊNDICE, onde estão os dispositivos legais
norteadores do referido processo.

Esperamos sua acolhida e que possa contribuir de


alguma forma para a doutrina policial-militar
necessária à Corporação.

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