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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO


DE GOIÁS

Gabriel Ângelo Tavares da Costa, OAB-XXX, Calebe Henrique Santana Farias,


OAB-XXX, e Mylena Costa Leitão, OAB-XXX, advogados do paciente, vem com o devido
respeito e acatamento perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, inciso LXVIII
da Constituição Federal, artigo 647 e seguintes do Código de Processo Penal, impetrar o
presente

HABEAS CORPUS

em favor de "M”, brasileiro, natural de São Paulo, nascido em 15/07/1985,


solteiro, comerciante, endereço Rua das Palmeiras, 456, Setor Bueno, Goiânia, GO, CEP:
74605-321(Inventado), atualmente recolhido na Unidade Prisional Regional de Trindade
(inventado), contra ato ilegal do MM. Juiz de Direito da 10ª Vara Criminal da Comarca de
Goiânia-GO, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

I - DOS FATOS

O paciente está sendo processado pelo crime de roubo simples, previsto no art.
157, caput, do Código Penal, perante a 10ª Vara Criminal da Comarca de Goiânia-GO.
No curso da ação penal, o MM. Juiz decretou a prisão preventiva do paciente, sob
o fundamento de garantia da ordem pública, sem, contudo, demonstrar a necessidade concreta
da medida cautelar.
O MM. Juiz, ao proferir a decisão, não levou em conta que o paciente é réu
primário, de bons antecedentes, sem qualquer elemento que indique sua periculosidade ou
propensão à reiteração criminosa.
Ademais, o MM. Juiz não apontou nenhum fato concreto que justificasse a prisão
preventiva, limitando-se a invocar a gravidade abstrata do crime e a repercussão social do
caso.
Assim, a decisão que decretou a prisão preventiva do paciente é manifestamente
ilegal, por violar o princípio da presunção de inocência e o art. 312 do Código de Processo
Penal, que exige a demonstração da necessidade da medida para a garantia da ordem pública,
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da
lei penal.

II - DO DIREITO

O habeas corpus é a ação constitucional que visa proteger o direito de ir e vir do


cidadão, quando ameaçado ou violado por ato ilegal ou abuso de poder de autoridade pública
ou particular.

O art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal, dispõe que:

"Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer


ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder."
O art. 648 do Código de Processo Penal, por sua vez,
elenca as hipóteses de cabimento do habeas corpus,
entre as quais se destaca a seguinte:
"Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
[...]
II - quando não houver justa causa;"

No caso em tela, verifica-se que a prisão preventiva do paciente é ilegal, pois não
há justa causa para a sua decretação, uma vez que não estão presentes os requisitos do art. 312
do Código de Processo Penal, que assim dispõe:

"Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como


garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência
do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado
pelo estado de liberdade do imputado."
Como se vê, a prisão preventiva é uma medida excepcional, que só pode ser
decretada quando houver prova da materialidade e indícios de autoria do crime, bem como
perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado, que deve ser demonstrado de forma
concreta e individualizada, não bastando a mera invocação de conceitos genéricos ou
abstratos.

Nesse sentido, é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

"HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO. PRISÃO


PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO.
REPERCUSSÃO SOCIAL. RÉU PRIMÁRIO E DE
BONS ANTECEDENTES. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA.

1. A prisão preventiva, por ser medida de natureza


excepcional, somente se justifica quando demonstrada
sua real indispensabilidade para assegurar a ordem
pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal,
ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal.

2. A gravidade abstrata do delito e a repercussão social do


caso não constituem, por si sós, fundamentos idôneos para
a decretação da prisão preventiva, sob pena de violação ao
princípio constitucional da presunção de inocência.

3. O paciente é réu primário e de bons antecedentes,


sem qualquer elemento que indique sua periculosidade
ou propensão à reiteração criminosa, o que afasta a
necessidade da prisão preventiva para a garantia da
ordem pública.

4. Ordem concedida para revogar a prisão preventiva


do paciente, sem prejuízo da imposição de outras
medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código
de Processo Penal, se entender o Juízo serem elas
suficientes e adequadas ao caso concreto."

(HC 651.731/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES


DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
16/03/2021, DJe 23/03/2021)

Nesse sentido entende o Tribunal de Justiça do Amapá TJ-AP:


HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. ROUBO.
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO.
CABIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVAS DE QUE O
PRESO OFERECE RISCO CONCRETO À ORDEM
PÚBLICA. RÉU PRIMÁRIO. DESNECESSIDADE DA
PRISÃO PREVENTIVA. ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA. LIMINAR CONFIRMADA. 1) Sabe-se
que a prisão preventiva é medida excepcional, somente
cabível quando as medidas cautelares previstas no artigo
319 do CPP não se mostrarem suficientes no caso. 2) A
gravidade em abstrato da infração não justifica a
segregação cautelar, porque a garantia constitucional
da não culpabilidade (da presunção de inocência)
prevalece até o final do processo e tem de ser
assegurada pelos juízes brasileiros não apenas em
razão das normas constitucionais, mas também pelas
convencionais a que o Brasil aderiu. 3) O paciente é
primário, tem bons antecedentes, endereço fixo e ocupação
lícita, de modo que não há motivos concretos para sua
segregação processual, que, assim, deve ser substituída por
outras medidas cautelares, diversas da prisão. 4)
Inexistindo informações novas que possam interferir na
convicção ora esposada, a confirmação da decisão que
deferiu parcialmente o pedido liminar é medida que se
impõe. 5) Habeas Corpus conhecido e, no mérito,
confirmada a decisão que concedera parcialmente a ordem,
com aplicação de medidas cautelares diversas da prisão,
previstas no artigo 319 do CPP.
(TJ-AP - HC: 00016639120218030000 AP, Relator:
Desembargador ADÃO CARVALHO, Data de
Julgamento: 01/07/2021, Tribunal)

Dessa forma, a prisão preventiva do paciente é ILEGAL e deve ser revogada, sob
pena de se configurar constrangimento ilegal à sua liberdade de locomoção.

III - DO PEDIDO

Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência que se digne de conceder a presente


ordem de habeas corpus, determinando a imediata soltura do paciente, com a expedição do
competente alvará de soltura.

Nesses termos,

Pede deferimento.

Goiânia, 08 de novembro de 2023.


Gabriel Ângelo Tavares da Costa
OAB XXXX
Mylena Costa Leitão
OAB XXXX
Calebe Henrique Santana Farias
OAB XXXX

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