nova constituição aceita/mantém a validade das Poder constituinte e constituição normas infraconstitucionais anteriores, ou seja, há compatibilidade material (a análise é 1. Poder Constituinte meramentematerial, não importando a forma). “Todo poder emana do povo”, é o que dispõe o paragrafo único do artigo 1° da Constituição Federal. Dessa forma, entende-se que o próprio Repristinação é o fenômeno de regresso de uma povo é o titular do poder constituinte, que se norma revogada pela não mais vigência da lei subdivide em originário, derivado, difuso ou revogadora, sendo que este instituto, em regra, não supranacional. Em curtas palavras, o poder pode ocorrer. Para uma melhor explicação, segue constituinte é o poder de titularidade do povo de um exemplo: Surge uma lei B que revoga a Lei A. elaborar ou alterar uma constituição. Posteriormente surge uma Lei C que revoga a Lei B. a) Originário: trata-se do poder inicial, inaugural, Dessa forma, a Lei A voltaria a ter vigência, pois a ilimitado juridicamente, que atualmente está em Lei B que a revogou não mais se encontra no hibernação, ou seja, não pode ser considerado ordenamento jurídico. Em regra, isso não pode precluso ou exaurido. Quando há uma atuação do ocorrer automaticamente, apenas sendo possível se a poder constituinte originário, surge uma nova lei (no caso, a Lei C) trazer expressamente que nova constituição em fase de processamento, sendo a lei inicial (no caso a Lei A) voltaria a ter vigência. este poder “limitado” apenas aos núcleos principais Apesar da figura da repristinação não ser rígidos de direitos fundamentais mínimos de uma permitida, o “efeito repristinatório” é nação (como o direito à vida, por exemplo). Esse perfeitamente viável. Este ocorre no seguinte conceito é defendido como “efeito cliquet”, também caso: a Lei B revoga a Lei A. Em controle de chamado de vedação da evolução reacionária constitucionalidade, o STF entende que a Lei B é do texto constitucional. inconstitucional. Nesse caso, a Lei A volta a b) Derivado: é um poder que, como o nome sugere, vigorar automaticamente. deriva do originário, se configurando como um Desconstitucionalização é o fenômeno pelo qual a poder constituinte de segundo grau, sendo limitado nova constituição transforma parte em relação ao poder originário. Esse poder ainda da constituição anterior em norma pode ser subdividido em: infraconstitucional. Apenas pode ocorrer se vier b.1) Decorrente – é o poder que se institui para que expressamente no novo texto constitucional. o Estado constitua sua Constituição Estadual; 3. Concepções de constituição b.2) Revisor (artigo 3º, ADCT)– após cinco anos da promulgação da CF/88, haveria uma revisão Concepção sociológica, assim definida por constitucional. Trata-se de um poder exaurido pelo Lassalle, a Constituição é uma "mera folha de lapso temporal já decorrido; papel" frente aos anseios, desejos, da sociedade. b.3) Reformador – é o poder de reformar Uma vez que o texto constitucional democrático a constituição, instrumentalizado pelas Emendas à define o povo como próprio detentor, possuidor, do Constituição. Não há limitações temporais. Há poder. Por essa perspectiva, a constituição cede, não limitações circunstanciais (a CF não pode ser resiste, as pressões populares, do povo. emendada durante estado de defesa, de sítio ou Democrático, relativo a democracia, governo intervenção federal). Há limitações formais exercido pelo povo. (iniciativa, votação, quórum e reapresentação são definidos pelos artigos 60e seguintes da CF). Há limitações materiais (devem ser observadas as Concepção política, assim definida por Schmitt, cláusulas pétreas). a Constituição é norma fundamental, principal, do c) Difuso: é a possibilidade de alteração informal Estado, podendo ela somente dispor, determinar, da constituição, de mutação constitucional, de sobre aspectos essenciais como a Estrutura do alteração do sentido interpretativo do texto Estado ou o reconhecimento dos direitos constitucional, sem alterá-lo formalmente. fundamentais. As demais normas que fujam disto d) Supranacional: o Estado abre mão da sua são classificadas por ele como meras leis soberania nacional, parcialmente, para que se crie constitucionais, outras normas que dizem a respeito uma nação, ou seja, uma constituição para mais de da Constituição, mas não a integram, fazem parte. um país. 2. Fenômenos Constitucionais As leis anteriores à CF/88 podem ser recepcionadas ou não recepcionadas, sendo necessário, de início, Concepção jurídica, assim definida por Kelsen, analisar se a lei era constitucional ao tempo de a Constituição é norma suprema, que está acima de sua constituição. Caso a lei fosse compatível com tudo, do Estado. Logo, como ilustrado na sua a constituição vigente à sua época, e fosse pirâmide, vide pirâmide de Kelsen, está acima de igualmente compatível com a CF/88, seria todas as outras regras do governo. recepcionada. Caso não fosse compatível, seria revogada por não recepção. Obs: não se pode convalidar norma que anteriormente era inconstitucional.
O princípio da autonomia privada à luz do Direito Sucessório contemporâneo: uma análise constitucional acerca da possibilidade da relativização da legítima