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PROGRAMA DE

APERFEIÇOAMENTO EM
ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL
MÓDULO I

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SUMÁRIO

AULA 10- PROF. SIMONE GANTOIS ................................................................... 4


AULA 11- PROF. SIMONE GANTOIS ................................................................... 7
AULA 12- PROF. MAURO FARIA ...................................................................... 16
AULA 13 – PROF. LEONARDO SANT’ANNA ...................................................... 32
AULA 14 – PROF. SIMONE GANTOIS ................................................................ 34
AULA 15- PROF. GUSTAVO LICKS .................................................................... 38
AULA 16. PROF. MAURÍCIO MENEZES ............................................................. 66
AULA 17- PROF. MAURO TEIXEIRA DE FARIA ................................................. 102
AULA 18 – PROF. SIMONE GANTOIS ............................................................. 111
AULA 19 – PROF. THALITA ALMEIDA ............................................................. 115
AULA 20- PROF. RODRIGO GARCIA.............................................................131

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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AULA 10

PROF. SIMONE GANTOIS

As novas concepções da Lei no 11.101/05 em substituição


ao Decreto-lei no 7661/45. O Conceito de recuperação
judicial. Princípios da recuperação judicial. O Princípio da
preservação da empresa. Princípio da paridade de
tratamento dos credores. Princípio da transparência.
Princípio da boa-fé objetiva. Análise da estrutura do
procedimento recuperacional. O procedimento
diferenciado destinado às microempresas e empresas de
pequeno porte.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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AULA 10- PROF. SIMONE GANTOIS

As novas concepções da Lei no 11.101/05 em substituição ao Decreto-lei no


7661/45.

Decreto Lei nº 7.661/45


Concordata Suspensiva
Concordata Preventiva
Lei nº 11.101/05
Recuperação Judicial
Recuperação Judicial Especial
Recuperação Extrajudicial

Conceito
Recuperação Judicial

É um instituto híbrido com regras de direito material e processual


dirigida a organizar as providências de ordem econômico-financeiras,
econômico-produtivas, organizacionais e jurídicas com o fim de permitir a
restituição da capacidade produtiva e lucrativa, para recuperar a situação de
crise, com vistas ao cumprimento de sua função social.

Princípios da Recuperação Judicial

Princípios da Preservação da Empresa


Princípio da Função Social da Empresa
Princípio da Paridade de Tratamento dos Credores ( par conditio
creditorum)
Princípio da Transparência
Princípio da Boa-fé objetiva

Estrutura Básica do Procedimento de Recuperação Judicial

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• Petição Inicial
• Incidente de Constatação Prévia
-Deferimento -Indeferimento -Emenda
• Recorribilidade
• Suspensão das execuções e da prescrição
• Apresentação do Plano
-Deliberação do Plano -Termo de Adesão -Plano substitutivo
-Concessão -Rejeição: convolação em Falência
• Recorribilidade

O procedimento diferenciado destinado as microempresas e empresas de


pequeno porte (Recuperação Judicial Especial)

Art. 70/72
Sujeitos
Limites ao plano
Não sujeição à AGC

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AULA 11

PROF. SIMONE GANTOIS

As alterações trazidas pela Lei nº 14.112/20.

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AULA 11- PROF. SIMONE GANTOIS

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Professora: Simone Menezes Gantois

@sigantois
Pitadas de Direito Empresarial (Spotify, Itunes, Deezer, Google Podcast)

Simone Gantois

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Slide 4

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VEDAÇÃO À DISTRIBUIÇÃO DE
RESULTADO
Foi introduzido o art. 6º-A.

Até a aprovação do plano de recuperação judicial,


fica vedado ao devedor (recuperando) distribuir
lucros ou dividendos.

Consequência: art. 168 (delito de fraude a credores).

S/A ABERTA - ART. 48-A

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INTRODUZIU A MEDIAÇÃO
NA RECUPERAÇÃO
Seção II-A (art. 20-A)

Autorizada Conciliação
Mediação

Pode ser Antecedente


Incidental

Deve ser incentivada em qualquer grau de jurisdição.

Vedação à utilização da mediação ou conciliação para


definição de natureza e/ou classificação do crédito, ou ainda
critérios de votação em AGC.

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A SITUAÇÃO DO RURALISTA
Para aquele que exerce atividade rural via PJ, o prazo do exercício regular
pode ser comprovado de forma alternativa. (§2º do art. 48).
Atende a decisões que o STJ já vinha proferindo no seguinte sentido:
“1. O produtor rural, por não ser empresário sujeito a registro, está em
situação regular, mesmo ao exercer atividade econômica agrícola antes de sua
inscrição, por ser esta para ele facultativa.
(...)
4. Ficou decidido no julgamento do REsp n. 1.800.032/MT que, após obter o
registro e passar ao regime empresarial, fazendo jus a tratamento
diferenciado, simplificado e favorecido quanto à inscrição e aos efeitos desta
decorrentes (CC, arts. 970 e 971), adquire o produtor rural a condição de
procedibilidade para requerer recuperação judicial, com base no art. 48 da Lei
11.101/2005 (LRF), bastando que comprove, no momento do pedido, que
explora regularmente a atividade rural há mais de 2 (dois) anos. Pode,
portanto, para perfazer o tempo exigido por lei, computar aquele período
anterior ao registro, pois tratava-se, mesmo então, de exercício regular da
atividade empresarial." (AgInt no Resp 1834452/MT, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 23/2/2021, DJe 2/3/2021)
(AgInt no REsp 1905572-MT, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, 4ª Turma,
j. 29/11/2021, DJe 01/12/2021)
Estendeu-se expressamente a Recuperação Judicial Especial ao ruralista,
desde que o valor da causa não exceda 4,8 milhões (art. 70-A).

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AMPLIOU ATRIBUIÇÕES DO
ADMINISTRADOR JUDICIAL
- estimular, sempre que possível, a conciliação, a mediação e outros métodos alternativos de solução de conflitos
relacionados à recuperação judicial;

- manter endereço eletrônico na internet, com informações atualizadas sobre o processo de recuperação judicial,
com a opção de consulta às peças principais do processo, salvo decisão judicial em sentido contrário;

- manter endereço eletrônico específico para o recebimento de pedidos de habilitação ou a apresentação de


divergências, ambos em âmbito administrativo, com modelos que poderão ser utilizados pelos credores, salvo
decisão judicial em sentido contrário;

- providenciar, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, as respostas aos ofícios e às solicitações enviadas por outros
juízos e órgãos públicos, sem necessidade de prévia deliberação do juízo

- apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor, fiscalizando a veracidade
e a conformidade das informações prestadas pelo devedor;

- fiscalizar o decurso das tratativas e a regularidade das negociações entre devedor e credores;

- assegurar que devedor e credores não adotem expedientes dilatórios, inúteis ou, em geral, prejudiciais ao regular
andamento das negociações;

- assegurar que as negociações realizadas entre devedor e credores sejam regidas pelos termos convencionados
entre os interessados ou, na falta de acordo, pelas regras propostas pelo administrador judicial e homologadas pelo
juiz, observado o princípio da boa-fé para solução construtiva de consensos que acarretem maior efetividade
econômico-financeira e proveito social para os agentes econômicos envolvidos;

- apresentar, para juntada aos autos, e publicar no endereço eletrônico específico relatório mensal das atividades do
devedor e relatório sobre o plano de recuperação judicial, no prazo de até 15 (quinze) dias contado da apresentação
do plano, fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo devedor, além de
informar eventual ocorrência das condutas previstas no art. 64 desta Lei;

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INCIDENTE DE CONSTATAÇÃO
PRÉVIA (ART. 51-A)
O juiz, quando reputar necessário, nomeará profissional de sua confiança, com capacidade
técnica e idoneidade, para promover a constatação exclusivamente das reais condições de
funcionamento da requerente e da regularidade e da completude da documentação
apresentada com a petição inicial.
A remuneração do profissional será arbitrada posteriormente à apresentação do laudo, levando
em conta a complexidade do trabalho.
Prazo máximo de 5 dias para apresentação do laudo de constatação.
A constatação prévia é determinada sem que seja ouvida a outra parte e sem apresentação de
quesitos por qualquer das partes, com a possibilidade de o juiz determinar a realização da
diligência sem a prévia ciência do devedor, quando entender que esta poderá frustrar os seus
objetivos.
O devedor é intimado do resultado da constatação prévia concomitantemente à sua intimação
da decisão que deferir ou indeferir o processamento da recuperação judicial, ou que determinar
a emenda da petição inicial, e poderá impugná-la mediante interposição do recurso cabível
(essa previsão normativa resolveu uma dúvida doutrinária antiga).
Limitação do conteúdo cognitivo: consiste, objetivamente, na verificação das reais condições de
funcionamento da empresa e da regularidade documental. É vedado o indeferimento do
processamento da recuperação judicial baseado na análise de viabilidade econômica do devedor.
Caso a constatação prévia detecte indícios contundentes de utilização fraudulenta da ação de
recuperação judicial, o juiz poderá indeferir a petição inicial, sem prejuízo de oficiar ao
Ministério Público para tomada das providências criminais eventualmente cabíveis.
Caso a constatação prévia demonstre que o principal estabelecimento do devedor não se situa
na área de competência do juízo, o juiz deverá determinar a remessa dos autos, com urgência,
ao juízo competente.

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POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO
DE AGC POR TERMO DE ADESÃO

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Foram introduzidas hipóteses no art. 73:

V - por descumprimento dos parcelamentos referidos no art. 68


desta Lei ou da transação prevista no art. 10-C da Lei nº
10.522, de 19 de julho de 2002;

VI - quando identificado o esvaziamento patrimonial da


devedora que implique liquidação substancial da empresa, em
prejuízo de credores não sujeitos à recuperação judicial,
inclusive as Fazendas Públicas.

Atenção à hipótese do art. 72, parágrafo único. (Hipótese de


convolação aplicável apenas a Recuperação Judicial Especial).

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DIP-FININCING

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Regulado pela Seção IV-B (art. 69-G a 69-I):

Os devedores que integrem grupo sob controle societário comum poderão requerer
recuperação judicial sob consolidação processual.

Documentação apresentada individualmente por cada devedor.

Competência: local do principal estabelecimento entre os dos devedores .

Nomeação de apenas um administrador judicial.

Coordenação de atos processuais, garantida a independência dos devedores, dos seus


ativos e dos seus passivos.

Proposta de meios de recuperação independentes e específicos para a composição de


seus passivos, mas é possível apresentação em plano único.

Os credores de cada devedor deliberarão em assembleias-gerais de credores


independentes, quantificados para fins de quóruns de instalação e de deliberação
independentes e serão elaboradas atas para cada um dos devedores.

Um integrante do grupo pode obter a recuperação e outro falir (são independentes dos
resultados). Se isso acontecer, o processo será desmembrado em tantos processos
quantos forem necessários.

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CONSOLIDAÇÃO SUBSTANCIAL

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Os créditos tributários, independentemente da sua natureza e do


tempo de constituição, exceto os créditos extraconcursais e as multas
tributárias;

Créditos com privilégio especial (revogado);


Crédito com privilégio geral (revogado);

Classe nova: os juros vencidos após a decretação da falência, conforme


previsto no art. 124 desta Lei.

Revogado o §4º que tornava o crédito trabalhista cedido crédito


quirografário.

Novidade: todos os créditos cedidos a qualquer título, mesmo os


trabalhistas, manterão sua natureza e classificação.

E o crédito que era classificado como crédito com privilégio especial ou


geral em outras normas integrará a classe dos créditos quirografários.

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ALTERAÇÃO DA ORDEM DE CREDORES


EXTRACONCURSAIS (ART. 84)

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AULA 12

PROF. MAURO TEIXEIRA DE FARIA

Os requisitos para o deferimento do processamento


recuperacional e seus efeitos. O papel dos sujeitos do
procedimento recuperacional: requerente (recuperanda),
credores, administrador judicial, comitê de credores.
Atuação do Ministério Público e do Poder Judiciário.

AULA 12- PROF. MAURO FARIA

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Os requisitos para o deferimento do processamento recuperacional e seus
efeitos.

Análise dos requisitos da petição inicial do pedido de recuperação judicial (art.


51 da Lei 11.101/2005).

Análise dos requisitos para deferimento do processamento da recuperação


judicial (art. 52 da Lei 11.101/2005).

Efeitos do deferimento do processamento da recuperação judicial do devedor


(§2º, §3º e §4º do art. 52 e art. 6º da Lei 11.101/2005)

O papel dos sujeitos do procedimento recuperacional:

Administrador Judicial:
Requisitos para nomeação do Administrador Judicial (art. 21 e art. 33 da
Lei 11.101/2005);
Funções e deveres do Administrador Judicial no processo de
recuperação judicial (art. 22 e art. 23 da Lei 11.101/2005);

Comitê de Credores:
Características do órgão e forma de atuação;
Organização dos representantes por classe e da presidência (art. 26 da
Lei 11.101/2005);
Deliberações e funções do comitê (art. 27 da Lei 11.101/2005);
Impedimentos, causas de destituição, responsabilidade e
remuneração.

Atuação do Ministério Público e do Poder Judiciário.

Ministério Público:
Funções pautadas pela defesa dos interesses público-sociais;
Fiscalização;
Aplicação supletiva do CPC: Artigos 176, 177 e 178.

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Poder Judiciário:
Responsável pela devida condução do processo, atuando também como
fiscalizador do cumprimento da Lei 11.101/2005;
Controle de legalidade no âmbito formal, zelando pela correta aplicação
das normas.

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CURSO ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL


Prof.: Mauro Teixeira de Faria
maurotfaria@gmail.com

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Requisitos objetivos da petição inicial:

Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:


I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das
razões da crise econômico-financeira;
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e
as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita
observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
e) descrição das sociedades de grupo societário, de fato ou de direito;

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Requisitos objetivos da petição inicial:


III – a relação nominal completa dos credores, sujeitos ou não à
recuperação judicial, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar,
com a indicação do endereço físico e eletrônico de cada um, a natureza,
conforme estabelecido nos arts. 83 e 84 desta Lei, e o valor atualizado do
crédito, com a discriminação de sua origem, e o regime dos vencimentos;
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas
funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o
correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores
pendentes de pagamento;
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de
Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais
administradores;
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos
administradores do devedor;

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Requisitos objetivos da petição inicial:

VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas


eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em
fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas
respectivas instituições financeiras;
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do
domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial;
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais e
procedimentos arbitrais em que este figure como parte, inclusive as de
natureza trabalhista, coma estimativa dos respectivos valores
demandados; X - o relatório detalhado do passivo fiscal; e
XI - a relação de bens e direitos integrantes do ativo não circulante,
incluídos aqueles não sujeitos à recuperação judicial, acompanhada dos
negócios jurídicos celebrados com os credores de que trata o § 3º do art.
49 desta Lei.

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§ 1o Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares,


na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do
juízo, do administrador judicial e, mediante autorização judicial, de
qualquer interessado.
§ 2o Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as
microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e
escrituração contábil simplificados nos termos da legislação específica.
§ 3o O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a
que se referem os §§ 1o e 2o deste artigo ou de cópia destes.
§ 4º Na hipótese de o ajuizamento da recuperação judicial ocorrer antes da
data final de entrega do balanço correspondente ao exercício anterior, o
devedor apresentará balanço prévio e juntará o balanço definitivo no prazo
da lei societária aplicável.
§ 5º O valor da causa corresponderá ao montante total dos créditos sujeitos
à recuperação judicial.
§ 6º Em relação ao período de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei:

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Art. 51-A. Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, poderá
o juiz, quando reputar necessário, nomear profissional de sua confiança,
com capacidade técnica e idoneidade, para promover a constatação
exclusivamente das reais condições de funcionamento da requerente e
da regularidade e da completude da documentação apresentada com a
petição inicial.
§ 2º O juiz deverá conceder o prazo máximo de 5 (cinco) dias para que o
profissional nomeado apresente laudo de constatação das reais
condições de funcionamento do devedor e da regularidade documental.
§ 5º A constatação prévia consistirá, objetivamente, na verificação das
reais condições de funcionamento da empresa e da regularidade
documental, vedado o indeferimento do processamento da recuperação
judicial baseado na análise de viabilidade econômica do devedor.
§ 6º Caso a constatação prévia detecte indícios contundentes de
utilização fraudulenta da ação de recuperação judicial, o juiz poderá
indeferir a petição inicial, sem prejuízo de oficiar ao Ministério Público
para tomada das providências criminais eventualmente cabíveis.

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Requisitos objetivos da petição inicial:

Qual seria, portanto, o objetivo comum?

Dar sempre muita publicidade e


transparência acerca da situação
econômico-financeira do devedor.

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Requisitos para o deferimento:
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o
processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:
(... – edital falaremos depois)
I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei;
II – determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor
exerça suas atividades, observado o disposto no § 3º do art. 195 da Constituição Federal e
no art. 69 desta Lei;
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do
art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam,
ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7odo art. 6o desta Lei e as relativas a créditos
excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei;
IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto
perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores;
V – ordenará a intimação eletrônica do Ministério Público e das Fazendas Públicas federal e
de todos os Estados, Distrito Federal e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento,
a fim de que tomem conhecimento da recuperação judicial e informem eventuais créditos
perante o devedor, para divulgação aos demais interessados

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Efeitos do processamento:

§ 2o Deferido o processamento da recuperação judicial, os credores


poderão, a qualquer tempo, requerer a convocação de assembléia-
geral para a constituição do Comitê de Credores ou substituição de
seus membros, observado o disposto no § 2o do art. 36 desta Lei.
§ 3o No caso do inciso III do caput deste artigo, caberá ao devedor
comunicar a suspensão aos juízos competentes.
§ 4o O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação
judicial após o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver
aprovação da desistência na assembleia-geral de credores.

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Efeitos do processamento:
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento
da recuperação judicial implica:
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor
sujeitas ao regime desta Lei;
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive
daquelas dos credores particulares do sócio solidário, relativas a
créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência;
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora,
sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial
sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais ou
extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação
judicial ou à falência.

Automatic stay period ou apenas stay period?

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§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar


quantia ilíquida.
§ 4º Na recuperação judicial, as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III
do caput deste artigo perdurarão pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado do
deferimento do processamento da recuperação, prorrogável por igual período, uma única
vez, em caráter excepcional, desde que o devedor não haja concorrido com a superação do
lapso temporal.
§ 4º-A. O decurso do prazo previsto no § 4º deste artigo sem a deliberação a respeito do
plano de recuperação judicial proposto pelo devedor faculta aos credores a propositura de
plano alternativo, na forma dos §§ 4º, 5º, 6º e 7º do art. 56 desta Lei, observado o seguinte:
I - as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo não
serão aplicáveis caso os credores não apresentem plano alternativo no prazo de 30 (trinta)
dias, contado do final do prazo referido no § 4º deste artigo ou no § 4º do art. 56 desta Lei;
II - as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo
perdurarão por 180 (cento e oitenta) dias contados do final do prazo referido no § 4º deste
artigo, ou da realização da assembleia-geral de credores referida no § 4º do art. 56 desta Lei,
caso os credores apresentem plano alternativo no prazo referido no inciso I deste parágrafo
ou no prazo referido no § 4º do art. 56 desta Lei.

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§ 7º-A. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica aos
créditos referidos nos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei, admitida, todavia, a
competência do juízo da recuperação judicial para determinar a suspensão
dos atos de constrição que recaiam sobre bens de capital essenciais à
manutenção da atividade empresarial durante o prazo de suspensão a que se
refere o § 4º deste artigo, a qual será implementada mediante a cooperação
jurisdicional, na forma do art. 69 do Código de Processo Civil, observado o
disposto n.o art. 805 do referido Código.
§ 7º-B. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica às
execuções fiscais, admitida, todavia, a competência do juízo da recuperação
judicial para determinar a substituição dos atos de constrição que recaiam
sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial até o
encerramento da recuperação judicial, a qual será implementada mediante a
cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 do Código de Processo Civil,
observado o disposto no art. 805 do referido Código.
§ 12. Observado o disposto no art. 300 da Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015 (Código de Processo Civil), o juiz poderá antecipar total ou parcialmente
os efeitos do deferimento do processamento da recuperação judicial.

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Administrador Judicial:
Nomeação de confiança do Juízo, função auxiliar.

• pessoa natural — pessoa idônea, preferencialmente advogado,


economista, administrador de empresas, contador (art. 21)
• pessoa jurídica especializada — haverá um representante nos autos do
processo, de acordo com a lei, contrato social ou estatutos (nome do
representante no termo - art. 33)
• Intimação para assinar termo de compromisso (art. 33) do “bom e fiel
desempenho do cargo”, bem como assumir todas as responsabilidades
e deveres a ele inerente, em 48 (quarenta e oito) horas na sede do
Juízo. Se não assinar... Nomeação de outro AJ (art. 34)

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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Administrador Judicial:
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê,
além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
I – na recuperação judicial e na falência:
a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o
inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput
do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou
da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito;
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores
interessados;
c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de
servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos;
d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer
informações;

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Administrador Judicial:
e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei;
f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei;
g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos
casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para
a tomada de decisões;
h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas
especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas
funções;
i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei;

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j) estimular, sempre que possível, a conciliação, a mediação e outros


métodos alternativos de solução de conflitos relacionados à recuperação
judicial e à falência, respeitados os direitos de terceiros, na forma do § 3º
do art. 3º da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil);
k) manter endereço eletrônico na internet, com informações atualizadas
sobre os processos de falência e de recuperação judicial, com a opção de
consulta às peças principais do processo, salvo decisão judicial em
sentido contrário;
l) manter endereço eletrônico específico para o recebimento de pedidos
de habilitação ou a apresentação de divergências, ambos em âmbito
administrativo, com modelos que poderão ser utilizados pelos credores,
salvo decisão judicial em sentido contrário;
m) providenciar, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, as respostas aos
ofícios e às solicitações enviadas por outros juízos e órgãos públicos, sem
necessidade de prévia deliberação do juízo;

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Administrador Judicial:
II – na recuperação judicial:
a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de
recuperação judicial;
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida
no plano de recuperação;
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das
atividades do devedor, fiscalizando a veracidade e a conformidade das
informações prestadas pelo devedor;
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de
que trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei;

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e) fiscalizar o decurso das tratativas e a regularidade das negociações entre


devedor e credores;
f) assegurar que devedor e credores não adotem expedientes dilatórios,
inúteis ou, em geral, prejudiciais ao regular andamento das negociações;
g) assegurar que as negociações realizadas entre devedor e credores sejam
regidas pelos termos convencionados entre os interessados ou, na falta de
acordo, pelas regras propostas pelo administrador judicial e homologadas
pelo juiz, observado o princípio da boa-fé para solução construtiva de
consensos, que acarretem maior efetividade econômico-financeira e
proveito social para os agentes econômicos envolvidos;
h) apresentar, para juntada aos autos, e publicar no endereço eletrônico
específico relatório mensal das atividades do devedor e relatório sobre o
plano de recuperação judicial, no prazo de até 15 (quinze) dias contado da
apresentação do plano, fiscalizando a veracidade e a conformidade das
informações prestadas pelo devedor, além de informar eventual ocorrência
das condutas previstas no art. 64 desta Lei;

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Comitê de credores:
Órgão facultativo e permanente, pois uma vez constituído atuará de
forma permanente até o final do processo de recuperação judicial
Constituído por deliberação das classes (art. 26):
I – 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas,
com 2 (dois) suplentes;
II – 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos
reais de garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes;
III – 1 (um) representante indicado pela classe de credores
quirografários e com privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes.
IV - 1 (um) representante indicado pela classe de credores
representantes de microempresas e empresas de pequeno porte, com 2
(dois) suplentes.

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Comitê de credores:
E se uma das classes não indicar representante?

Não prejudica a formação do comitê (§ 1º, art. 26), funcionará


com número inferior de membros.

Os credores que representem a maioria dos créditos de cada


classe poderão requerer ao juiz, independentemente de
realização de AGC, a nomeação ou substituição de seus
representantes e/ou suplentes (art. 26, § 2º)

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Comitê de credores:
• A presidência do comitê de credores será escolhida pelos próprios membros (§
3º do art. 26).

• Quando nomeados os membros deverão assinar termo de compromisso (art.


33)

• As deliberações do comitê de credores serão tomadas por maioria dos votos.

• Tais deliberações deverão ser consignadas em livro de atas, que será rubricado
pelo juiz, e ficará à disposição para consulta do administrador judicial, devedor
ou credores (§ 1º do art. 27)

• Caso não seja possível obter a maioria dos votos cabe ao administrador judicial
dar a solução, e ao juiz se aquele for impedido (§ 2º do art. 27)

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Comitê de credores:
• Remuneração:
Enquanto o AJ pode receber até 5% da dívida, a remuneração do CC será
paga pelos credores ou ocorrerá de forma gratuita.
Não há previsão de remuneração na LFR (art. 29)

• Impedimentos, causas de destituição e responsabilidade: mesmos


previstos para o administrador judicial.

• E se não houver CC? O AJ assume as funções (art. 28) ou, no


impedimento dele, pelo Juízo.

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Ministério Público

As funções do Ministério Público são pautadas pelo defesa dos


interesses públicos social.
Aplicação supletiva do CPC: Artigos 176, 177 e 178 respaldam a
atuação ministerial nos processos em que há interesse público.
A função social exercida pelas sociedades empresárias impõe a
presença do MP nos processos decorrentes da LRF, resguardando
os interesses da sociedade.
Dever de requerer o que for necessário aos interesses da justiça em
qualquer fase do processo.

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Poder Judiciário

O juiz é o responsável pela devida condução do processo, atuando


também como fiscalizador do cumprimento da Lei 11.101/2005.

As funções são exercidas pelo magistrado através do controle de


legalidade no âmbito formal, zelando pela correta aplicação das
normas.

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Contato:

Em caso de dúvidas:
maurotfaria@gmail.com

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AULA 13

PROF. LEONARDO SANT’ANNA

O Administrador Judicial e suas funções e


responsabilidades na recuperação judicial (arts. 22 e
seguintes da Lei no 11.101/05. A equipe interdisciplinar e a
contratação de profissionais.

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AULA 13 – PROF. LEONARDO SANT’ANNA

ADMINISTRADOR JUDICIAL NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

• Critérios de nomeação
• Administrador Judicial pessoa jurídica
• Aceitação
• Termo de compromisso
• Fixação de honorários
• ME/EPP
• Recebimento

ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR JUDICIAL NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

• Comuns da Recuperação Judicial e na Falência


• Na Recuperação Judicial

IMPEDIMENTOS E RESPONSABILIDADES

• Hipóteses
• Impugnação a nomeação
• Destituição
• Responsabilidade subjetiva
• Prestação de Contas

A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

 Advogados
 Contadores
 Administradores de Empresas
 Economistas
 Profissionais em outras áreas que possam contribuir para o bom
desempenho do encargo

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CONTRATAÇÃO DE PROFISIONAIS

Quando a contratação é custo operacional do próprio administrador judicial.


Quando a contratação é custo da Recuperação Judicial e recai sobre o
recuperando.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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AULA 14

PROF. SIMONE GANTOIS

Os critérios para a nomeação do Administrador Judicial.


Fixação do valor da remuneração e a forma de
pagamento. Substituição e destituição do Administrador
Judicial efeitos e consequências.

AULA 14 – PROF. SIMONE GANTOIS

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Administrador Judicial na
Recuperação Judicial

Professora: Simone Menezes Gantois

@sigantois
Pitadas de Direito Empresarial (Spotify, Itunes, Deezer, Google Podcast)

Simone Gantois

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ADMINISTRADOR JUDICIAL
NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Nomeação
Administrador Judicial pessoa jurídica
Aceitação
Termo de compromisso

Fixação de honorários
ME/EPP
Recebimento

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ATRIBUIÇÕES
DO ADMINISTRADOR

Comuns da Recuperação Judicial


e na Falência

Na Recuperação Judicial

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IMPEDIMENTOS E
RESPONSABILIDADES

Hipóteses

Impugnação à nomeação

Destituição

Responsabilidade subjetiva

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AULA 15

PROF. GUSTAVO LICKS

A assinatura do termo de compromisso e as primeiras


providências. Elaboração dos relatórios – inicial e mensal.
(visão ampla de toda a atividade negocial da empresa –
patrimonial, econômica, financeira, pessoal, estrutural etc.
Confirmação de veracidade das informações fornecidas
pela recuperanda).

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AULA 15- PROF. GUSTAVO LICKS

Apesar de o Módulo II do curso ser exclusivo para Recuperação Judicial,


e o Módulo III estar restrito a falências, a assinatura do termo de compromisso
é tema comum aos dois módulos.
Como não haverá oportunidade de reexaminar o tema no Módulo II, o
abordaremos em ambas as
perspectivas.
Com relação às “Primeiras

Compromisso
Recuperação

Termo de
Providências”, segundo tópico da Falência
aula, também será necessário Judicial
adentrar em temas compartilhados (Módulo III)
(Módulo II)
pelos dois módulos.
Dificilmente conseguiremos
explicar a importância das
Primeiras Providências, sem passar
pela “lista de credores” e pela “assembleia”.

ASSINATURA DO TERMO DE COMPROMISSO

A petição inicial do processo de recuperação judicial deve ser instruída


com os documentos relacionados no artigo 51 da Lei nº 11.101/2005:

I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do


devedor e das razões da crise econômico-financeira;
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios
sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido,
confeccionadas com estrita observância da legislação societária
aplicável e compostas obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por
obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada
um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito,
discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a
indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas
funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito,
com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos
valores pendentes de pagamento;
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de
Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos
atuais administradores;
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos
administradores do devedor;
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas
eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em
fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas
respectivas instituições financeiras;

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do
domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial;
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em
que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com
a estimativa dos respectivos valores demandados.
X - o relatório detalhado do passivo fiscal; e
XI - a relação de bens e direitos integrantes do ativo não circulante,
incluídos aqueles não sujeitos à recuperação judicial, acompanhada
dos negócios jurídicos celebrados com os credores de que trata o § 3º
do art. 49 desta Lei.
§ 1º Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios
auxiliares, na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão à
disposição do juízo, do administrador judicial e, mediante autorização
judicial, de qualquer interessado.
§ 2º Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo,
as microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar
livros e escrituração contábil simplificados nos termos da legislação
específica.
§ 3º O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos
a que se referem os §§ 1º e 2º deste artigo ou de cópia destes.
§ 4º Na hipótese de o ajuizamento da recuperação judicial ocorrer antes
da data final de entrega do balanço correspondente ao exercício
anterior, o devedor apresentará balanço prévio e juntará o balanço
definitivo no prazo da lei societária aplicável.
§ 5º O valor da causa corresponderá ao montante total dos créditos
sujeitos à recuperação judicial.
§ 6º Em relação ao período de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei:
I - a exposição referida no inciso I do caput deste artigo deverá
comprovar a crise de insolvência, caracterizada pela insuficiência de
recursos financeiros ou patrimoniais com liquidez suficiente para saldar
suas dívidas;
II - os requisitos do inciso II do caput deste artigo serão substituídos
pelos documentos mencionados no § 3º do art. 48 desta Lei relativos
aos últimos 2 (dois) anos.

Importante dizer que, entre as alterações trazidas pela Lei nº 14.112 de


2020, está a possibilidade do juiz, quando reputar necessário, nomear
profissional para promover a constatação das reais condições de
funcionamento da requerente e da regularidade e da completude da
documentação apresentada com a petição inicial.

Art. 51-A. Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, poderá


o juiz, quando reputar necessário, nomear profissional de sua
confiança, com capacidade técnica e idoneidade, para promover a
constatação exclusivamente das reais condições de funcionamento da
requerente e da regularidade e da completude da documentação
apresentada com a petição inicial.
§ 1º A remuneração do profissional de que trata o caput deste artigo
deverá ser arbitrada posteriormente à apresentação do laudo e deverá
considerar a complexidade do trabalho desenvolvido.
§ 2º O juiz deverá conceder o prazo máximo de 5 (cinco) dias para que
o profissional nomeado apresente laudo de constatação das reais
condições de funcionamento do devedor e da regularidade
documental.
§ 3º A constatação prévia será determinada sem que seja ouvida a
outra parte e sem apresentação de quesitos por qualquer das partes,
com a possibilidade de o juiz determinar a realização da diligência sem
a prévia ciência do devedor, quando entender que esta poderá frustrar
os seus objetivos.

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§ 4º O devedor será intimado do resultado da constatação prévia
concomitantemente à sua intimação da decisão que deferir ou indeferir
o processamento da recuperação judicial, ou que determinar a emenda
da petição inicial, e poderá impugná-la mediante interposição do
recurso cabível.
§ 5º A constatação prévia consistirá, objetivamente, na verificação das
reais condições de funcionamento da empresa e da regularidade
documental, vedado o indeferimento do processamento da
recuperação judicial baseado na análise de viabilidade econômica do
devedor.
§ 6º Caso a constatação prévia detecte indícios contundentes de
utilização fraudulenta da ação de recuperação judicial, o juiz poderá
indeferir a petição inicial, sem prejuízo de oficiar ao Ministério Público
para tomada das providências criminais eventualmente cabíveis.
§ 7º Caso a constatação prévia demonstre que o principal
estabelecimento do devedor não se situa na área de competência do
juízo, o juiz deverá determinar a remessa dos autos, com urgência, ao
juízo competente.

Caso a documentação exigida esteja em termos, o Juízo defere o


processamento, nomeia o administrador judicial (ou “AJ”), ordena a suspensão
de todas as ações e execuções em face do devedor, determina a intimação do
MP e a comunicação por carta das Fazendas Federal, Estaduais e Municipais
onde tiver estabelecimento, além da publicação de edital, conforme previsto
no art. 52 da LRF.

Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta


Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no
mesmo ato:
I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21
desta Lei;
II – determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas
para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação
com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, observando o disposto no art. 69 desta Lei;
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o
devedor, na forma do art. 6º desta Lei, permanecendo os respectivos
autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos
§§ 1º , 2º e 7º do art. 6º desta Lei e as relativas a créditos excetuados
na forma dos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei;
IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas
mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de
destituição de seus administradores;
V – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por
carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios
em que o devedor tiver estabelecimento.
§ 1º O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão
oficial, que conterá:
I – o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o
processamento da recuperação judicial;
II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor
atualizado e a classificação de cada crédito;
III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na
forma do art. 7º, § 1º, desta Lei, e para que os credores apresentem
objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor nos
termos do art. 55 desta Lei.
§ 2º Deferido o processamento da recuperação judicial, os credores
poderão, a qualquer tempo, requerer a convocação de assembléia-

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geral para a constituição do Comitê de Credores ou substituição de
seus membros, observado o disposto no § 2º do art. 36 desta Lei.
§ 3º No caso do inciso III do caput deste artigo, caberá ao devedor
comunicar a suspensão aos juízos competentes.
§ 4º O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial
após o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação
da desistência na assembleia-geral de credores.

Ao receber a intimação da nomeação, o administrador judicial deve


assinar em 48 horas (quarenta e oito horas) na sede do juízo, como previsto
no art. 33 da Lei 11.101/2005.
Assim, o termo de compromisso é o documento no qual o administrador
judicial declara que exercerá bem e fielmente o cargo e assumirá todas as
responsabilidades inerentes a ele.
Há tempos, os peritos judiciais do Estado do Rio de Janeiro também
assinavam o termo de compromisso. Dizem os anciões, com razão, que esse
termo deixou de ser assinado porque não fazia qualquer diferença no que se
refere à responsabilidade civil. Todo cidadão deve cumprir a lei,
independentemente de qualquer declaração e, caso contrário, deve responder
com as sanções legais previstas.
Seguindo o raciocínio da “velha guarda”, o termo de compromisso não
faz diferença para o administrador judicial no que se refere à responsabilidade
civil e criminal dos atos praticados, pois ele não deixará de responder por sua
conduta pela ausência do termo.
Nesse sentido é o esclarecimento prestado pelos professores Paulo
Salles de Toledo e Carlos Henrique Abrão quanto à necessidade do termo, in
verbis:

Exige a LRE, no art. 33, que o administrador judicial e o membro do


comitê de credores prestem compromisso de “bem e fielmente
desempenhar o cargo e assumir todas as responsabilidades a ele
inerentes”. Trata-se de exigência tradicionalmente feita a todos
aqueles que, sem serem exercentes de função públicas, sejam
nomeados para cargos de confiança, especialmente do juízo, em
processos judiciais. (SALLES DE TOLEDO, Paulo F. C. e ABRÃO, Carlos
Henrique. Comentários à Lei de Recuperação de Empresa e Falência .
4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.p. 139)

OS RISCOS DA MOROSIDADE DO ADMINISTRADOR JUDICIAL

O artigo 34 da Lei 11.101/2005 prevê que o administrador judicial


poderá ser substituído no caso de desrespeitar o prazo legal de 48 (quarenta
e oito) horas para assinar o termo de compromisso.
Desconhece-se qualquer administrador judicial que tenha sido
substituído com a fundamentação do artigo 34 da LRF.
Na essência, porém, a sanção objetiva orientar o administrador judicial
a iniciar imediatamente seus trabalhos. O processo não pode ficar parado em
prejuízo dos credores e da devedora por inércia do profissional nomeado pelo
juízo.

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Embora a sanção esteja prevista como de aplicação imediata, o prazo
não deve ser entendido como peremptório, conforme esclarece o professor
Sergio Campinho em sua obra:

Não sendo o termo de compromisso assinado no respectivo prazo,


caberá ao juiz nomear outro administrador judicial, conforme
estabelece o artigo 34. Pensamos, no entanto, possa a regra, avaliadas
as circunstâncias especiais que envolvam o caso concreto ser
temperada. Ocorrendo justo impedimento, noticiado tempestivamente
ao juízo, pode ele relevar o atraso, desde que o nomeado possa, ainda
que fora do prazo de quarenta e oito horas, prontamente atender a
nomeação, sem que isto cause, portanto, embaraço ao curso
processual. Deve ser outorgado ao juiz prudente margem de
discricionariedade, não se tornando irracionalmente peremptório o
prazo da lei. (CAMPINHO, Sergio. Falência e Recuperação de Empresa.
4.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2009. p. 60)

Desse modo, o art. 34 deve ser interpretado como uma indicação do


legislador de que o rito processual da Recuperação Judicial deve ser célere.

A IMPORTÂNCIA DE UM ADMINISTRADOR JUDICIAL DILIGENTE

Não são raros os casos em que, além do pedido do processamento da


recuperação judicial, o autor também realiza outros pedidos, como a penhora
on-line na conta corrente de algum cliente, a liberação de recebíveis dados
em garantia que não se subordinam à Lei 11.101/2005 ou a autorização para
participar de concorrências públicas sem a apresentação da CND etc.
Normalmente são pedidos essenciais para a sobrevivência da devedora
e devem sofrer imediata análise pelo administrador judicial, sob pena de
causar prejuízos à sociedade.
Desse modo, é comum haver uma preocupação dos profissionais
nomeados para conhecer o quanto antes os autos do processo.

O ADMINISTRADOR JUDICIAL E OS ADVOGADOS

As petições de recuperação judicial costumam ser despachadas


rapidamente; caso contrário, os credores podem ter conhecimento da ação
antes da decisão de suspensão da exigibilidade das obrigações em face da
devedora. A partir de então, os credores tentarão imprimir esforços para
executar as garantias e sangrar ainda mais a deficitária devedora.
O primeiro contato entre os patronos da devedora e o administrador
judicial deve ocorrer tão logo seja nomeado, devendo este se disponibilizar a
prestar informações, a fornecer cópia integral dos autos do processo e a

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propor uma diligência na sede e nas filiais da devedora. Todas essas iniciativas
contribuem para o bom andamento processual.
Os patronos dos credores também
podem municiar o administrador judicial
de informações para aumentar o poder
de fiscalização e, assim, proteger seus Dica1
legítimos interesses.
Quanto maiores forem os atos de O administrador judicial não
fiscalização do administrador judicial, deve esperar que Termo de
mais protegidos estarão o fluxo de caixa Compromisso seja impresso
da devedora e o seu patrimônio, que são
pelo Responsável pelo
essenciais para o soerguimento da
sociedade em crise, e maior a Expediente (RE).
probabilidade de os créditos serem
Pelo Contrário, deve apresentar
pagos.
ao Cartório uma minuta.
O GOL DO ADMINISTRADOR JUDICIAL O espírito de equipe entre o
administrador judicial e cartório
Quanto mais intimidade o é essencial para o andamento
administrador judicial tiver com o do processo.
processo e com as atividades da
devedora, melhor será avaliado pelo Juiz
e pelo Promotor.
Neste cenário, independente do
termo de compromisso, o administrador
judicial deve iniciar suas atividades o quanto antes. Devedoras e credores não
contestam a competência do profissional, uma vez que a nomeação é
publicada em diário oficial.

NA FALÊNCIA

Nos processos falimentares, o termo de compromisso é útil para


demonstrar a terceiros que o profissional representa a massa falida.
Ao contrário do que ocorre nos processos de recuperação judicial, em
que a atividade do administrador judicial possui a natureza fiscalizatória, nos
processos falimentares o AJ gere a massa falida e pratica, por exemplo, os
seguintes atos:

 Lacre do estabelecimento em que há necessidade de oficiais de justiça


para proteger os documentos e os ativos.

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 Encerramento de contas correntes e
transferência dos valores para a conta judicial. AJ
 Rescisão de contratos de trabalho.
 Contratação de fornecedores para a
transferência de ativos e desocupação de natureza
imóveis.
A sentença de falência, na qual deve constar
o nome do administrador judicial, deveria ser o Recuperação
suficiente para comprovar os poderes do Falência
Judicial
administrador judicial.
Porém, os casos pretéritos têm
demostrado que o termo de compromisso Fiscal Gestor
também contribui para que o administrador
Organograma 1 - natureza da
judicial comprove a representação da massa atividade
falida.
Nos processos falimentares, caso o Termo de Compromisso também
seja assinado pelo Juiz, o documento se torna ainda mais eficaz.
Alguns poderiam questionar por que o Juiz deveria assinar o Termo de
Compromisso, uma vez que cabe ao administrador judicial prestar tal
formalidade.
Como explicado, a resposta seria para tão
somente auxiliar o administrador judicial a
Dica2 demonstrar que efetivamente representa a
massa falida.
Desse modo, há juízos que preferem ser
A presença de dois Oficiais de
mais técnicos e não se imiscuem no Termo de
Justiça é de grande auxílio Compromisso, enquanto outros flexibilizam
para o cumprimento do lacre. para auxiliar o AJ.
Não são raros os casos em
que um dos sócios da falida EXEMPLOS DE TERMOS DE COMPROMISSO
tenta descumprir a ordem
judicial.

Nesse cenário, enquanto um A seguir, apresentamos três exemplos de


Oficial de Justiça conduz o Termo de Compromisso.
rebelde à delegacia, o outro
permanece cumprindo a
determinação do juízo.

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Figura 1 - Modelo de Termo de Compromisso 1

Figura 2 - Modelo de Termo de Compromisso 2

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Figura 3 - Modelo de Termo de Compromisso 3

AS PRIMEIRAS PROVIDÊNCIAS

Dificilmente se conseguirá explicar a importância das primeiras


providências sem ter uma compreensão dos principais eventos de um
processo de recuperação judicial.
O item “Marco Zero” consolida os principais lances entre o protocolo da
petição inicial e o pedido de encerramento do estado de recuperação judicial.

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O Marco Zero

O processo de recuperação judicial pode ser


dividido em duas etapas. Uma delas seria a Recuperação
consolidação da relação de credores e a outra está Judicial
relacionada com a forma de pagamento, ou seja, a
apresentação do Plano de Recuperação Judicial Credores PRJ
(PRJ), a aprovação pelos credores e o cumprimento
dele durante dois anos.
A primeira lista de credores é apresentada
1a Lista Apresentação
pela devedora1 em anexo à petição inicial. Durante
quinze dias, os credores podem apresentar suas
divergências em relação aos seus créditos ao
2a Lista Aprovação
administrador judicial2.
Findo o prazo, o AJ deve apresentar a segunda
lista de credores no prazo máximo de quarenta e
QGC Cumprimento
cinco dias3.
Publicada esta, inicia-se o prazo de 10 dias
Organograma 2 - Estrutura da RJ
para as partes impugnarem a relação de credores4.
Para cada discordância, será necessária uma
sentença. Julgada a última, o administrador judicial consolida o Quadro Geral
de Credores que será homologado pelo juiz5.

1
Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: (...) III – a relação nominal completa dos
credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a
classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a
indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;
2
Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e
documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo
contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas. (...)
§ 1º Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º, ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo
de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos
créditos relacionados
3
§ 2º O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na forma do caput e do § 1º deste
artigo, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do
prazo do § 1º deste artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8º
desta Lei terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação.
4
Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7, § 2º, desta Lei, o Comitê,
qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a
relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância
ou classificação de crédito relacionado.
5
Art. 18. O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro-geral de credores, a ser homologado
pelo juiz, com base na relação dos credores a que se refere o art. 7º, § 2º, desta Lei e nas decisões proferidas nas
impugnações oferecidas.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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Art. 52 §1º Art. 7 §2º Art. 18
15 dias 45 dias 10 dias Última sentença

Linha do tempo

1ª lista 2ª lista QGC

Figura 4- Cronograma das listas de credores

Na outra etapa, o Plano de Recuperação Judicial deve ser apresentado


em juízo no prazo de sessenta dias da publicação da decisão do deferimento
do processamento do processo de recuperação judicial (Lei nº 11.101, art. 53).
Caso sofra objeção, a devedora deve promover a assembleia para
aprovar o PRJ6.
Tão logo o juízo homologue a decisão da assembleia, a devedora
submete-se a uma fiscalização do Poder Judiciário durante dois anos7.
Nesse período, todas as obrigações assumidas no plano devem ser
cumpridas, sob pena de decretação da falência8.

Art. 56 § 1º
Art. 58
Art. 52
60 dias
Art. 53
...2 anosArt. 61
processamento
Publicação da

Linha do tempo
Decisão do

da RJ

Ap r e s e n t a ç ã o 150 dias Assembleia/


PRJ homologção

Figura 5 - Fases do PRJ

6
Art. 56. Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz convocará a assembléia-geral
de credores para deliberar sobre o plano de recuperação
7
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o devedor permanecerá em recuperação judicial até que se
cumpram todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até 2 (dois) anos depois da concessão da
recuperação judicial.
8
Art. 61, § 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qualquer obrigação
prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência, nos termos do art. 73 desta Lei.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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O envio das cartas

Uma das primeiras providências é o envio de cartas a cada credor, o que


está previsto no art. 22 da Lei 11.101/2005 como atribuição do administrador
judicial.
A técnica, denominada Carta de Circularização, já era utilizada pelos
auditores independentes para confirmar os saldos das contas de passivo.
Além de aferir o valor dos créditos
informados pela devedora à época do
ajuizamento da ação (art. 51 da LRF), a carta
também objetiva informar aos credores a Dica3
existência do processo.
Não se pode pretender que os A carta também deve conter
fornecedores verifiquem diariamente no Diário outras informações, por
Oficial a existência de pedido de recuperação exemplo, determinar um
judicial de todos os seus clientes. horário e local para os credores
Após ter conhecimento do processo, os
dirimirem as dúvidas, informar
credores podem contribuir, oferecendo
objeção ao Plano de Recuperação Judicial ou um endereço de e-mail para
sugerindo aperfeiçoamento em assembleia de contato com o AJ etc.
credores.
Conforme a legislação (Lei nº
11.101/2005 art. 22, I, a), a carta deve conter:
a data do pedido de recuperação judicial ou da
decretação de falência, a natureza, o valor e a
classificação dada aos créditos.
Aconselha-se que a carta também oriente os credores sobre como
apresentar as divergências, bem como informe o endereço do administrador
judicial para envio dos documentos, horário em que poderá dirimir suas
dúvidas e a relação de documentos.
Da mesma forma, ensinam os professores Paulo Salles de Toledo e
Carlos Henrique Abrão, conforme transcrito:

Cabe ao administrador judicial encaminhar aos credores relacionados


pelo devedor correspondência inteirando-o da data da falência ou da
recuperação judicial, e da natureza, valor e classificação atribuído a
seu crédito. Com base nisso, o credor, se discordar, poderá endereçar
ao administrador suas divergências, as quais, juntamente com as dos
outros credores, serão por ele examinadas, vindo a integrar, após, a
relação prevista no art. 7°, §2°, da LRE. Note-se que a Lei prevê, ainda,
para ciência dos credores, a publicação de edital de convocação. Não
a considera, no entanto, suficiente, determinando, por isso, que todos
sejam comunicados por meio de correspondência. (SALLES DE
TOLEDO, Paulo F. C. e ABRÃO, Carlos Henrique. Comentários à Lei de
Recuperação de Empresa e Falência. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p.
107).

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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Os inúmeros problemas que a ausência do envio das cartas pode causar

O administrador judicial tem o prazo de quinze dias para receber as


divergências dos credores (Lei nº 11.101/ 2005, artigo 7, § 1º). Findo esse
prazo, ele precisa apresentar em quarenta e cinco dias a sua relação de
credores revisada e depurada (artigo 7º, §. 2º da Lei 11.101/2005).
Sem o envio das correspondências, os credores não terão oportunidade
de apresentar suas análises sobre a classificação e sobre o valor do crédito.
Assim, os credores podem argumentar que perderam o prazo de quinze
dias para apresentar as divergências por omissão das cartas.
Ainda que o AJ decida conceder mais prazo para não prejudicar os
credores, dificilmente conseguirá cumprir com o prazo de quarenta e cinco dias
para apresentar a segunda relação de credores concursais. Nesse caso,
novamente será objeto de críticas9.
Considerando que a terceira relação de credores (Quadro Geral de
Credores) somente pode ser apresentada após a publicação da segunda
relação, o processo se arrastará por um período superior ao previsto pela
legislação, causando uma maior demanda ao cartório, ao Juízo e aos
Promotores.
Em relação ao Plano de Recuperação Judicial (PRJ), o envio das cartas é
essencial para dar conhecimento aos credores do processo. Dessa forma, eles
podem acompanhar os andamentos processuais. Quando houver a juntado do
PRJ pela devedora, os credores podem estudá-lo e, eventualmente, objetá-lo.
Se não houver objeções ao PRJ, o MM Juízo pode homologá-lo sem a
necessidade de realização de assembleia (Lei nº 11.101, art. 58).
Um credor pode entender que foi prejudicado pelo administrador judicial
que não enviou as correspondências, o que teria dificultado o acesso aos autos
do processo, causando a perda do prazo para objetar, Lei nº 11.101, art. 53.

dificuldade de submissão a um
ausência da perda do prazo
acessar o PRJ injustificável
correspondência para objetar
processo para o credor

Figura 6 - Sequência dos problemas

Os problemas que podem ser causados pela ausência, ou pelo envio


extemporâneo da correspondência, ainda podem ser maiores.
Conforme determina a Lei 11.101, art. 39,

(...)terão direito a voto na assembleia geral as pessoas arroladas no


quadro-geral de credores ou, na sua falta, na relação de credores
apresentada pelo administrador judicial na forma do art. 7º, §2º, desta
Lei, ou, ainda, na falta desta, na relação apresentada pelo próprio
devedor nos termos dos arts. 51(...)

9E m m arç o d e 2 01 7, o M M J u í zo d a 7ª V ara E m pr esar ial d a C om arca d o E s tad o d o R i o d e


Jane ir o e nte nd e u que d e v e r ia su bs ti tu ir o Ad m i ni s trad or Jud icia l d o pr oce s s o d a Tele mar N ort e
L est e ( Oi ), nº 0 20 371 1 -6 5.2 01 6. 8.1 9. 00 01 , em fac e d e pr o b lema s na a prese nt açã o d a se gu nd a
li sta d e cred or e s.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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Normalmente, a primeira relação de credores contém um alto
percentual de vícios e o envio das correspondências é um dos principais
métodos para auditar a relação de credores.
Desse modo, os eventuais vícios contidos na primeira relação de credores
poderão ser “carregados” para o quórum com o qual serão apurados os votos
dos credores em assembleia. Logo, a inobservância do envio das
correspondências pode causar manipulação do resultado da assembleia.

Figura 7 - Manipulação do resultado da assembleia

erros de
1a 2a base de
classificação e erros
valor dos permanecem corrum calculo com
relação relação erros
créditos

Dica4

Caixa de e-mail exclusivo. Assim, toda a equipe do administrador judicial pode acompanhar a
comunicação com os credores e com as devedoras.

As dificuldades do envio das correspondências

O envio das cartas não é uma tarefa tão simples como alguns imaginam.
Por exemplo, escrever duas mil cartas só seria factível se o administrador
judicial dispusesse de uma extensa equipe de digitadores.
Assim, o administrador judicial deve ser orientado por profissional de
informática a utilizar as “macros”, que buscam as informações em uma
planilha de Excel para preencher lacunas em um texto padrão do Word e gerar
automaticamente todas as correspondências.
O próprio custo de impressão e de envio também é uma dificuldade, eis
que há uma grande quantidade de documentos a serem expedidos.
Embora tais custos de envio e de impressão devessem ser custeados
pela devedora, os administradores judiciais costumam evitar o reembolso.
A necessidade de comprovação do envio e do recebimento das
correspondências também é objeto de discussão.
Se possível, o administrador judicial deve optar pelo envio das Cartas
Registradas (“AR”).

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Exemplo de correspondência

Figura 8 - Modelo de carta

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO INICIAL

Em paralelo à revisão dos créditos, o administrador judicial inicia suas


atividades de fiscalização, bem como começa a dirimir as dúvidas dos
credores, do Juiz, do Promotor e da devedora.
Nos
100 0
Estresse/ tempo primeiros três meses, a própria
900

devedora, cujos gestores jamais


800

vivenciaram um período de
700

recuperação judicial, procura o


600

administrador judicial com dúvidas


500

sobre os limites e os poderes


400

relacionados à condução da atividade


300

empresarial.
Para o administrador judicial ter
estresse

200

100
meses capacidade de orientar de forma
0
0 5 10 15
apropriada todos os envolvidos no
20 25

processo de recuperação judicial, faz-


Gráfico: 1 - Dúvidas ao longo do tempo
se necessário elaborar uma
“radiografia” da atividade
empresarial sob crise. Não há uma fórmula definida para o estudo. Mas,
normalmente, são temas frequentemente abordados durante o processo:


Descrição da atividade empresarial por sociedade.

Descrição das causas da crise por sociedade.

Demonstração do fluxo de caixa no período de 12 meses.

Análise de partes relacionadas.

Evidenciação de garantias que as sociedades tenham prestado para
outras sociedades do grupo.
 Relação de credores por sociedade, caso não tenha sido apresentada.
Em diligência às sociedades, eventualmente constata-se a necessidade
de analisar outros temas, como a relação de ativos permanentes.
Por exemplo, caso haja uma sociedade que concentre imóveis da
devedora, ainda que não esteja submetida ao processo de recuperação
judicial, relacionar os ativos seria de bom alvitre.
Apresenta-se em anexo uma sugestão de questionário, que deve ser
respondido pela devedora.
A relação não é padrão, pode ser bastante flexível dependendo das
atividades, por exemplo, após examinar as demonstrações contábeis da
Associação Sociedade Brasileira de Instrução–ASBI (mantenedora da
Universidade Cândido Mendes –UCAM), que instruiu a petição inicial da
recuperação judicial que tramita na Quinta Vara Empresarial do Rio de Janeiro,
processo nº0093754-90.2020.8.19.0001, poderia ser objeto de estudo:

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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a. Os Créditos Diversos que
totalizam R$ 283 realmente existem?
Poderiam ser utilizados para o
pagamento dos credores ou para a
revitalização das atividades?

b. Se os Créditos Subordinados à
recuperação judicial somam R$ 308
milhões, pode-se concluir que há ativos
suficientes para 90% dos créditos
(283/308)?

c. Qual a composição do Ativo


Realizável a Longo Prazo de R$ 70
milhões?

d. O que seriam os ativos Pendente


e Compensado que totalizam Figura 9. P.I. fls 178
aproximadamente R$ 880 milhões?

O Instituto Cândido Mendes é


detentor de valioso ativo, conforme
parecer de Sérgio Campinho. O
relatório contábil evidencia receitas
de R$ 874 mil, porém o mesmo
relatório informa que não houve
custos e despesas operacionais.
Desse modo, poder-se-ia
questionar:
a) Quem prestou os
serviços?
b) Esses colaborados
foram remunerados por outra
pessoa jurídica?

Tais respostas não estão


descritas nos autos do processo e
podem ser importantes para a tomada de decisão dos credores que
normalmente buscam o administrador judicial para dirimir as dúvidas.
Assim, o administrador judicial deve ser preparado e pode se adiantar
para ter as respostas e documentos que os suportam.

ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO MENSAL

A Lei nº 11.101/2005, art. 22, II, “c” e “d” determina que o administrador
judicial elabore um relatório mensal das atividades da devedora, bem como
que apresente um relatório sobre o cumprimento das obrigações do Plano de
Recuperação Judicial vencidas entre a homologação e o prazo de dois anos.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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Objetivando padronizar as informações contidas nesses relatórios
elaborados pelo administrador judicial, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ
emitiu a Recomendação nº 72 de 19/08/2020.
A Lei nº 11.101/2005, art. 22, II, “b” impõe que o administrador judicial
requeira a falência da devedora em caso de descumprimento do Plano de
Recuperação Judicial.
Assim, o administrador judicial possui o dever de alertar o Juízo e os
credores no caso de a devedora aumentar o seu endividamento, também
denominado pela doutrina por deep insolvency.
Entende o ordenamento jurídico brasileiro que a teoria deep insolvency
surge com o fundamento no dever de o administrador judicial confessar a
falência nas hipóteses que o prolongamento da atividade empresarial
aumentará a crise financeira.

VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE VARIG, RIO SUL LINHAS AÉREAS S/A. E


NORDESTE LINHAS AÉREAS S/A. R. Sentença decretando a falência das
Recuperandas. I - Recuperação Judicial. R. Sentença de encerramento,
seguindo quatro Apelações. Recebimento no duplo efeito. Suspensão
ensejando a continuidade do procedimento de recuperação.
Descumprimento de qualquer obrigação que importará em convolação
em falência. Possibilidade de análise da situação econômico-financeira
das Empresas Recorridas, com o escopo de apurar a viabilidade, ou não,
da sua manutenção. II - Lei nº 11.101 /2005. Princípio da Viabilidade
Econômico-Financeira. Devedoras que não lograram êxito em
demonstrar condições de cumprir os objetivos da Recuperação. Exegese
do artigo 47 do mencionado diploma legal. Somente as empresas viáveis
devem ser objeto de recuperação judicial. Imperioso evidenciar se a
Empresa reúne condições de observar o plano de reorganização.
Existência de um contingente econômico mínimo e a presença dos
pressupostos legais, o que não restou demonstrado no caso em
comento. III - Discussão de matéria já decidida. Impossibilidade.
Inconformismo da Embargante que deve ser demonstrado em sede
própria. Inexistência de obscuridade ou contradições. Aclaratórios que
se apresentam manifestamente improcedentes. Aplicação do caput do
art. 557 do C.P.C. c.c. art. 31, inciso VIII do Regimento Interno deste E.
Sodalício. Negado Seguimento. E M E N T A: Embargos de Declaração. R.
Sentença decretando a falência da VARIG S/A. E OUTRAS. Aludido R.
Julgado mantido por R.

Da mesma forma, a Lei nº 11.101/2005, art. 66 institui restrições à


devedora para venda de bens e direitos classificados no ativo permanente.
Logo, mais um item a ser fiscalizado e, portanto, mais um objeto do relatório
mensal.
Complementando a lista de restrições à devedora, a Lei nº 11.101/2005,
art. 64, IV, ordena a destituição dos gestores da devedora em caso de:

a) Efetuar gastos pessoais manifestamente excessivos em relação a sua


situação patrimonial;
b) Efetuar despesas injustificáveis por sua natureza ou vulto, em relação
ao capital ou gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras
circunstâncias análogas;
c) Descapitalizar injustificadamente a empresa ou realizar operações
prejudiciais ao seu funcionamento regular;

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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d) Simular ou omitir créditos ao Dica5
apresentar a relação de que trata o inciso III
do caput do art. 51 desta Lei, sem relevante Os gestores da devedora que
razão de direito ou amparo de decisão cometeram alguma ilegalidade
judicial
por inexperiência não devem
esconder o problema do AJ.
Assim, as atividades mensais do
administrador judicial que devem ser Sendo o primeiro a saber dos
relatadas
problemas, evita-se o risco de que
ao MM Juízo Relatório
o AJ, ao se sentir traído caso venha
devem
considerar: a descobrir por conta própria,
mesal classifique a conduta como
fraude.
ativos operações
atividades PRJ
permanentes injustificadas

art. 22, II, c art. 22, II, b art. 66 art. 64, IV

Organograma 3 - Relatório Mensal

O conteúdo e a forma

O relatório mensal é extraído da fiscalização, mas o seu conteúdo e sua


a forma não têm definição prevista em lei. Por essa razão, a Recomendação
nº 72 do CNJ trouxe no ANEXO II o conteúdo mínimo que o relatório mensal
deve ter, como: informar sobre a atividade, a estrutura societária e órgãos de
administração, os estabelecimentos, quadro de funcionários, análise contábil
e financeira, informações dos eventos do processo, entre outras
Além dos itens já examinados acima, com os quais o administrador
judicial deve se preocupar, o relatório mensal é uma oportunidade para que o
AJ relate suas atividades ao Juiz e aos demais interessados.
Dessa forma, os relatórios mensais costumam relacionar (i) os
atendimentos aos credores; (ii) as diligências realizadas na sede da devedora
e suas filiais; (iii) as intimações recebidas de outros juízos; (iv) as decisões nos
processos de habilitação e impugnação para posterior consolidação do QGC;
(v) eventuais estudos mercadológicos; (vi) os pagamentos aos credores
concursais etc.
A riqueza de detalhes dos relatórios é uma demonstração de
comprometimento do administrador judicial com o processo, o que contribui
para sua boa avaliação.

Os papéis de trabalho

Como esclarecido, não há um padrão de relatório ou de atividades


relacionadas à fiscalização, mas algumas técnicas e cuidados podem ser
utilizados indistintamente.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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A conciliação bancária é uma das técnicas contábeis de fiscalização que
parte dos extratos da conta corrente, linha por linha, e coteja com as
informações da contabilidade, com o objetivo de identificar fraudes contra
credores.
As despesas escrituradas com consultoria é outro ponto de constante
fiscalização. O administrador judicial requer a apresentação do contrato e o
trabalho executado para análise.
Essas preocupações advêm do fato de os desvios ocorrerem devido a
pagamentos de despesas e de passivos fictícios, ou seja, constam da
contabilidade, mas nunca ocorreram.
Da mesma forma, os deveres também se originam pelo desvio de receita
e de ativos, isto é, eles deveriam ser escriturados, pois efetivamente ocorreram,
mas não há registro na escrituração.
Revisar as despesas e o passivo tem um grau de facilidade maior, pois
há registro para rastrear, o que não ocorre com as receitas que não passam
pela conta corrente da devedora, mais difíceis de serem detectadas.
Por outro lado, nem todos os problemas identificados durante a
fiscalização devem ser tratados como fraude, simulação etc. Na maioria dos
casos, não passa de um equívoco por inexperiência dos gestores. Nesses
casos, o próprio gestor descreve o evento e fornece os documentos sem
malícia. Por exemplo, a venda de uma máquina classificada no ativo
permanente.
Eventualmente, pode não ter ocorrido qualquer consequência, pelo
contrário. Seguindo o exemplo, o maquinário vendido poderia não ser mais
utilizado pela devedora, sendo realizada a venda pelo preço de mercado e os
recursos investidos na atividade empresarial.
Assim, o administrador judicial deve relatar o ocorrido de forma
circunstanciada e sem viés.

O período de análise

Dificilmente o relatório do administrador judicial analisa o mês


subsequente. Em geral, há gap de um mês. Após o mês ser encerrado, os
documentos são enviados ao contador, que os escritura e elabora os
balancetes.

Mês do exercício Escrituração/ revisão/ balancetes Elaboração do relatório

Linha do tempo

janeiro f e ve r e i r o março abril

Figura 10 - Gap temporal

Assim, deve-se esperar uma razoabilidade temporal entre o mês


corrente e a entrega das informações ao administrador judicial, bem como
deste para o Poder Judiciário.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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Os riscos da ausência dos relatórios

A ausência do relatório do administrador judicial, no qual expõe suas


opiniões sobre a atividade empresarial da devedora, é fundamento objetivo
de destituição do profissional (art. 23 da Lei 11.101/2005).
As consequências da destituição transcendem o processo. Durante cinco
anos, o destituído não poderá exercer o cargo de administrador judicial nem
participar do Comitê de Credores (art. 30 da LRF).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL.


ADMINISTRADOR JUDICIAL. DESTITUIÇÃO. POSSIBILIDADE. ART. 30 DA
LEI 11.101/2005.
1. A parte agravante se insurgiu contra a decisão que o destituiu do
encargo de Administrador Judicial em processo de Recuperação Judicial,
cuja função é de auxiliar do Juízo tanto no procedimento de Recuperação
Judicial, onde atua como fiscal, quanto no processo falimentar, onde
exerce papel fundamental na arrecadação dos bens, com a finalidade de
realização do ativo.
2. O art. 30 da Lei 11.101/2005, estabelece regra clara e precisa
para afastar de suas funções o administrador judicial que nos últimos
cinco anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de
membro do comitê em falência ou recuperação judicial anterior foi
destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos ou teve a
prestação de contas desaprovadas.
3. O ponto primordial para escolha do administrador judicial pelo
Magistrado é que aquele goze da confiança deste, portanto, havendo a
quebra da confiança a consequência desta é o afastamento do
administrador das funções para a qual foi nomeado.
4. No caso em exame o agravante foi nomeado Administrador
Judicial em processo de recuperação judicial após ter sido destituído do
encargo de Síndico, de sorte que o referido ato judicial encontra óbice
no disposto no artigo 30 da Lei 11.101/2005, motivo pelo qual a
manutenção da decisão agravada é a medida que se impõe.
Negado provimento ao agravo de instrumento.
TJRS, AI 70045459880, Quinta Câmara Cível, Relator: Jorge Luiz Lopes
do Canto, Julgado em 14/12/2011

Da mesma forma, os diretores da devedora que sonegarem informações


ao administrador judicial serão intimados a comparecer à sede do juízo para
prestar esclarecimentos, sob pena de desobediência, conforme LRF, art. 22,
§2º, bem como sob pena da perda da condução da atividade empresarial,
como previsto na Lei nº 11.101, art. 64, V.

Exemplo de relatório mensal

No anexo, apresentamos o relatório mensal da sociedade OSX Brasil S/A


de outubro de 2016. Entretanto, no site “licksassociados.com.br” podem ser
estudados mais de uma centena de planos de recuperação judicial, relatórios
de diversos administradores judiciais, bem como petições iniciais.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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QUESTÕES DE MONITORAMENTO

Após ler a apostila, você deverá ser capaz de dissertar sobre:

a) A importância da celeridade do administrador judicial em iniciar os


trabalhos.
b) As consequências que a ausência do envio das correspondências aos
credores pode causar.
c) A relevância do relatório inicial para dirimir as eventuais dúvidas do
Juízo, dos credores e da devedora
d) As análises que devem conter os relatórios mensais. As consequências
para o administrador judicial de sua inobservância.

REFERÊNCIAS

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Ativos na Lei n. 11.101/05 . In: ENCONTRO NACIONAL DO CONPEDI,
XXIII, 2014. Florianópolis. Disponível em: <www.conpedi.org.br>.
Acesso em 15 de maio de 2015.

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2013.

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Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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______. Manual de Direito Comercial . 24. ed., São Paulo: Saraiva,
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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 12. ed. São Paulo:
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EPIFÂNIO, Maria do Rosário. O Processo Especial de Revitalização .


Coimbra: Almedina, 2015.

FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito Civil Teoria


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FAZZIO, Waldo Junior. Manual de Direito Comercial . 13. ed., São


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Página 61 de 138
RIO DE JANEIRO. 2ª Vara Cível da Comarca de Barra Mansa. Plano de
Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0010209-51.2013.8.19.0007. Autor: RAA Agência de Automóveis LTDA.
2013.

RIO DE JANEIRO. 3ª Vara Cível de Campos dos Goytacazes. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0024230-16.2010.8.19.0014. Autor: Usina Sapucaia S/A. 2010.

RIO DE JANEIRO. 4ª Vara Cível de Comarca de Campos dos Goytacazes. Plano


de Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial
processo n.º 0000991-41.2014.8.19.0014. Autor: Companhia Açucareira
Paraíso S.A e outras. 2014.
RIO DE JANEIRO. 5ª Vara Cível da Comarca de Duque de Caxias. Plano de
Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0055067-91.2014.8.19.0021. Autor: Alutech Alumínio Tecnologia Ltda.
2014.

RIO DE JANEIRO. 5ª Vara Cível da Comarca de Duque de Caxias. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0019590-75.2012.8.19.0021. Autor: Newpet Indústria e Comércio de
Plástico Ltda. 2012.

RIO DE JANEIRO. 1ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0053441-63.2015.8.19.0001. Autor: J.J. Martins Participações S/A. 2015.

RIO DE JANEIRO. 1ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0169713-14.2013.8.19.0001. Autor: Proen Projetos Engenharia Comércio
e Montagens LTDA. 2013.

RIO DE JANEIRO. 1ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0183349-47.2013.8.19.0001. Autor: Pronto Socorro Clínico Prontocor
LTDA. 2013.

RIO DE JANEIRO. 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0392571-55.2013.8.19.0001. Autor: OSX Brasil S/A e outros. 2013.

RIO DE JANEIRO. 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0377620-56.2013.8.19.0001. Autor: OGX Petróleo e Gás Participações S/A.
2013.

RIO DE JANEIRO. 5ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0214515-34.2012.8.19.0001. Autor: Delta Construções S/A. 2012.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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RIO DE JANEIRO. 5ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de
Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0032148-47.2009.8.19.0001. Autor: Mobilita Comercio Industria e
Representações LTDA. 2009.

RIO DE JANEIRO. 5ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0220184-63.2015.8.19.0001. Autor: Refinaria de Petróleo de Manguinhos
S/A. 2015.
RIO DE JANEIRO. 6ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de
Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0080634-7.2014.8.19.0001. Autor: Amir Engenharia e Automação LTDA.
2004.

RIO DE JANEIRO. 6ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0143203-27.2014.8.19.0001. Autor: Excellence RH Serviços Eireli. 2014.

RIO DE JANEIRO. 6ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0117979-68.2006.8.19.0001. Autor: Veplan Hotéis e Turismo S/A. 2006.

RIO DE JANEIRO. 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0094644-73.2013.8.19.0001. Autor: DBA Engenharia de Sistemas Ltda.
2013.

RIO DE JANEIRO. 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0116330-24.2013.8.19.0001. Autor: GPC Participações S/A. 2013.

RIO DE JANEIRO. 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0398439-14.2013.8.19.0001. Autor: Sociedade Comercial e Importadora
Hermes S/A. 2013.

RIO DE JANEIRO. 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital. Plano de


Recuperação Judicial e relatórios mensais do administrador judicial processo
n.º 0314091-97.2012.8.19.0001. Autor: Tecnosolo Engenharia S/A. 2012.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00


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ANEXO – QUESTIONÁRIO PARA RELATÓRIO INCIAL

1. Qual a razão social e o CNPJ da devedora?


2. Qual endereço da sede da devedora?
3. A devedora possui filial?
4. Qual o objeto social da empresa?
5. Qual o tipo de sociedade empresarial em que a devedora é classificada?
6. Qual a composição do quadro social da devedora? Qual a porcentagem
de participação de cada participante?
7. Quais os bens dos sócios ou acionistas da devedora?
8. Quem são os responsáveis legais pela empresa?
9. A empresa possui conselho fiscal ou administrativo e qual sua
composição?
10. Quais são os setores da empresa? Quem são os seus responsáveis?
11. Quantos funcionários a empresa possui por setores?
12. Há existência de auditoria interna ou externa? Quem são os responsáveis
pelo serviço?
13. Quem é responsável pelo setor de contabilidade?
14. Qual sistema de escrituração contábil é utilizado?
15. Quem são os principais fornecedores da devedora?
16. Quem são os principais clientes da devedora?
17. Quais são as contas bancárias da empresa?
18. Quem possuiu acesso às contas bancárias da empresa?
19. Quais são os Ativos Imobilizados?
20. Quais são os Ativos de Investimentos?
21. Quais as obrigações que não se submetem ao processo de recuperação
judicial?
22. De que forma a devedora pretende quitar o passivo que não se submete
ao processo de recuperação judicial?
23. Há inadimplência de contribuições previdenciárias patronal ou de
terceiros?

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AULA 16

PROF. MAURÍCIO MENEZES

Verificação administrativa dos créditos. Natureza dos


créditos e classes. Análise das divergências e habilitações.
Elaboração da relação de credores. Parecer nas
impugnações e habilitações retardatárias (fase de
verificação judicial dos créditos). Formação e consolidação
do quadro geral de credores.

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AULA 16. PROF. MAURÍCIO MENEZES

1. INTRODUÇÃO

Preliminarmente, esclarece-se que o presente material está sendo


apresentado como resumo balizador do estudo do tema que nos foi confiado
e, portanto, não tem a pretensão de esgotar a matéria, que será desenvolvida
e aprofundada nas aulas a serem ministradas no “Curso de Aperfeiçoamento
em Administração Judicial”, que contará com exemplos práticos, exposição
das tendências de alteração legislativa e apresentação de slides.
Pode-se dizer que a RELAÇÃO DE CREDORES no bojo de uma
Recuperação Judicial se mostra como a “espinha dorsal” desse procedimento,
pois viabiliza a real compreensão da situação econômico-financeira da
empresa e, decerto, dita os rumos do processo recuperacional no sentido lato,
sendo um elemento fundamental para a tomada de decisão dos credores, que,
em uma visão simplista, avaliarão se apostam no plano de soerguimento ou
se optam pela liquidação judicial da sociedade.
Em complemento, afirma-se que a VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS é um dos
encargos de maior relevância na atuação do administrador judicial que,
durante o procedimento, deve adotar um esperado standart de conduta
diligente e cautelosa, mais ainda, deve estar habilitado a dirimir as questões
postas com percuciência jurídico-contábil, a fim de que entregue um trabalho
com efetividade e precisão, não somente para garantir que o
processo/credores possuam o entendimento do real cenário de passivos da
devedora, mas, também, para contribuir para o escorreito e célere
desenvolvimento do processo para o seu fim maior de deliberação acerca do
plano de recuperação judicial.
Como se sabe, o procedimento de verificação de créditos é considerado
“BIFÁSICO”, de modo que a primeira fase é chamada de “ADMINISTRATIVA”,
realizada pelo administrador judicial mediante a análise de habilitações e
divergências (conforme o art. 7º da Lei nº11.101/2005- LRF); sendo a segunda

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fase JUDICIAL, consistente no julgamento pelo Poder Judiciário das habilitações
retardatárias e impugnações (conforme art. 8º e seguintes da citada Lei)10.

2. VERIFICAÇAO ADMINISTRATIVA DE CRÉDITOS

Inaugurada com a publicação do edital previsto no art.52, §1º da LRF


(conforme 7º, §1º da LRF), e como corolário do envio da carta aos credores
com informações acerca da recuperação judicial (medida que, na prática, se
mostra efetiva para a real ciência de submissão à existência da recuperação
judicial, pois é cediço que o referido edital somente produz ciência ficta11), a
FASE ADMINISTRATIVA de verificação de créditos processa-se no âmbito
extrajudicial, e se afigura como o momento onde o administrador judicial
deverá analisar e resolver as divergências e habilitações quanto aos créditos
sujeitos à recuperação judicial 12
.
Trata-se de procedimento de grande relevância, cujo uso deve ser
sempre estimulado pelo administrador judicial, ante a grande celeridade,
eficiência e efetividade que traz ao andamento do processo e ao exercício do
direito de crédito e voto do credor, pois confere uma rápida análise do crédito
impugnado/reivindicado (a fase tem um prazo total de 60 dias – art. 7º,§1º e
§2º), garantindo ao credor o exercício do seu direito de voto em assembleia
compatível com aquele crédito reconhecido na fase administrativa (art. 39),
já que, muitas vezes, as impugnações judiciais não se findam ao tempo da
realização da AGC. Além disso, por ser um procedimento administrativo que

10
Acerca do tema, lecionam os ilustres LUIZ ROBERTO AYOUB, e CÁSSIO CAVALLI: “À semelhança do regime
do Decreto-Lei 7.661/1945, que cuidava, em seus arts. 80 a 101, do procedimento da verificação de créditos,
distribuído em uma fase administrativa e uma fase contenciosa, a Lei 11.101/2005 estrutura o procedimento de
verificação em uma fase administrativa (§1º, art. 7º da LRF) e uma fase judicial (§2º, art.7º da LRF). (AYOUB, Luiz
Roberto e CAVALLI, Cássio – A construção Jurisprudencial da Recuperação Judicial de Empresas, 2013, p. 167)
11
Nesse sentido, ensina PAULO SALLES: “O termo inicial do prazo será, como regra, o da publicação do edital de
convocação de credores. Pode acontecer, no entanto, que o credor, nesses 15 dias, não tenha recebido a circular,
emitida pelo Administrador Judicial, comunicando o pedido de recuperação ou o decreto da falência. Fará ele jus,
nesta hipótese, à prorrogação do prazo, sob pena de ser prejudicado em seu direito de apresentar habilitação ou
divergência. Não se pode esquecer que a ciência propiciada pelo edital é ficta, impondo-se, por isso, que os credores
sejam igualmente comunicados por correspondência. (...)”. (TOLEDO, Paulo, F.C. Salles e ABRÃO, Carlos
Henrique – Comentários à Lei de Recuperação e Empresas e falência, 2014, p. 78)
12
Segundo bem lecionam LUIZ ROBERTO AYOUB e CÁSSIO CAVALLI: “(...) Por ser realizada pelo
administrador judicial, nessa fase da verificação de créditos não há prestação jurisdicional, bem como não há
contenciosos processual, e o seu resultado não faz coisa julgada”. (AYOUB, Luiz Roberto e CAVALLI, Cássio – A
construção Jurisprudencial da Recuperação Judicial de Empresas, 2013, p. 168)

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pode ser realizado por carta ou e-mail ao administrador judicial, a
habilitação/divergência administrativa pode ser manejada pelo próprio credor,
não sendo sujeita a fixação de verbas sucumbenciais.
Deve o administrador judicial possuir abalizado conhecimento para
dirimir as questões referentes à verificação dos créditos e, também, o perfeito
entendimento da correta forma de aplicá-lo. Importante, assim, se delimitar,
na FASE ADMINISTRATIVA, qual o ALCANCE DA ATUAÇÃO DO ADMINISTRADOR
JUDICIAL para que, de um lado, se possa evitar excessos e violação de direitos
e, de outro lado, se possibilite agir com a maior efetividade possível a fim de
se evitar a judicialização desnecessária de créditos.
O Superior Tribunal de Justiça já se posicionou acerca DA NATUREZA
JURÍDICA ADMINISTRATIVA da verificação de créditos desempenhada
exclusivamente pelo administrador judicial, não havendo, pois, função de
índole jurisdicional13 e, assim, a incidência dos consectários e requisitos da
ação judicial, litteris:

PROCESSUAL CIVIL E COMERCIAL. RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO


JUDICIAL. VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS. EDITAL. PUBLICAÇÃO. ART. 7º, §§ 1º E 2º,
DA LEI N. 11.101/2005. CARÁTER PRELIMINAR E ADMINISTRATIVO. INTIMAÇÃO
DOS PATRONOS DOS CREDORES. DESNECESSIDADE. IMPUGNAÇÕES. FASE
CONTENCIOSA. ART. 8º DA LEI N. 11.101/2005. REPRESENTAÇÃO POR
ADVOGADO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. São de natureza administrativa os atos procedimentais a cargo do
administrador judicial que, compreendidos na elaboração da relação de
credores e publicação de edital (art. 52, § 1º, ou 99, parágrafo único, da Lei n.
11.101/2005), desenvolvem-se de acordo com as regras do art. 7º, §§ 1º e 2º,
da referida lei e objetivam consolidar a verificação de créditos a ser homologada
pelo juízo da recuperação judicial ou falência.
2. O termo inicial do prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador
judicial habilitações ou divergências é a data de publicação do edital (art. 7º, §
1º, da Lei n. 11.101/2005).
3. Na fase de verificação de créditos e de apresentação de habilitações e
divergências, dispensa-se a intimação dos patronos dos credores, mesmo já
constituídos nos autos, ato processual que será indispensável a partir das
impugnações (art. 8º da Lei n.11.101/2005), quando se inicia a fase
contenciosa, que requer a representação por advogado.
4. Se o legislador não exigiu certa rotina processual na condução da
recuperação judicial ou da falência, seja a divulgação da relação de credores
em órgão oficial somente após a publicação da decisão que a determinou, seja
a necessidade de intimação de advogado simultânea com a intimação por

13
Traz-se novamente as valiosas lições de LUIZ ROBERTO AYOUB e CÁSSIO CAVALLI, de grande contribuição
prática: “Não há, nessa fase, prestação jurisdicional, nem sequer formação da lide. Por essa razão, não são devidas
custas processuais na verificação administrativa de créditos, apenas na verificação judicial. Do mesmo modo, não há
falar-se em condenação ao ônus da sucumbência na verificação administrativa de créditos, seja em divergência, seja
em habilitação”. (AYOUB, Luiz Roberto e CAVALLI, Cássio – A construção Jurisprudencial da Recuperação
Judicial de Empresas, 2013, p. 169)

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edital, ao intérprete da lei não cabe fazê-lo nem acrescentar requisitos por ela
não previstos.
5. Recurso especial conhecido e desprovido. (REsp 1163143/SP, Rel. Ministro
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/02/2014, DJe
17/02/2014)”.

Como regra geral e legal, o administrador judicial, no desempenho de


suas funções, deverá analisar as habilitações e divergências com base nos
livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor, e nos
documentos que lhe forem apresentados pelos credores, concluindo pela
inclusão, exclusão, modificação ou reclassificação do crédito. Para tanto,
poderá o administrador judicial contratar o serviço de auxiliares (art. 7º da
LRF), mediante prévia autorização do juízo recuperacional, e desde que
demonstrada a sua necessidade (art. 22, inc. I, “h”, da LRF).
A remuneração desses auxiliares também será fixada pelo juiz,
conforme se depreende do artigo 22, § 1º, da LRF- não podendo deixar de
explicitar nossa posição pessoal de que atualmente, pela complexidade e
volume de trabalho envolvido no processo recuperacional, deve o agente
procurar a especialização/profissionalização e ser dotado de um corpo e
estrutura técnica que abarque todo o trabalho a ser desenvolvido, seja pela
economicidade, efetividade prática e pessoalidade, seja pela responsabilidade
envolvida no desempenho do múnus.
O PROCEDIMENTO DA FASE ADMINISTRATIVA DE VERIFICAÇÃO DE
CRÉDITOS, com seus requisitos legais, principais prazos, e eventos pode ser
resumido no seguinte esquema gráfico:

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Com a entrada em vigor do CPC de 2015 (art. 219), iniciou-se grande
debate sobre a natureza e a forma de contagem dos prazos na recuperação
judicial (se em dias úteis ou corridos), incluindo-se aí os prazos inerentes à
fase administrativa de verificação de crédito. Porém, com a consolidação da
jurisprudência do STJ (Recurso Especial nº 1.699.528/MG – Min. Relator Luis
Felipe Salomão e Recurso Especial nº 1.698.283/GO – Min. Relator Marco
Aurélio Bellizze), no sentido de que os prazos ligados à unidade lógica e
temporal da recuperação judicial são materiais e com a entrada em vigor da
Lei nº 14.112/2020 (que incluiu o §1º, inciso I no art. 189 da LRF), não restam
mais dúvidas de que os prazos da verificação administrativa de crédito (tanto
de apresentação de divergência quanto de análise) devem ser contados em
dias corridos.
Apesar de a Lei não dispor expressamente, recomenda-se que o
administrador judicial, após receber a habilitação/divergência administrativa,
remeta-a ao devedor para que o mesmo possa contraditar e exercer seu
direito de defesa em relação aos fatos nela alegados, nos termos do artigo 5º,
LV, da CRFB, buscando-se, assim, conferir maior segurança à análise do
crédito. O mesmo se diga caso a insurgência à relação de credores parta da
própria empresa devedora, ouvindo-se previamente o credor impugnado.
A habilitação/divergência administrativa deve observar as disposições
do artigo 9º, da LRF, apresentando sua qualificação completa (nome,
endereço, etc.); o valor do crédito que entende devido, atualizado até a data
do pedido de recuperação judicial; a origem e classificação do seu crédito,
juntando-se os documentos pertinentes (decisão judicial, contratos, faturas,
duplicatas e notas fiscais com o respectivo aceite, certidão de crédito, etc.); a
indicação da garantia prestada pelo devedor e a especificação do objeto da
garantia que estiver na posse do devedor.
Outra questão que merece relevo é quanto à LEGITIMIDADE para
APRESENTAÇÃO DE HABILITAÇÕES E DIVERGÊNCIAS na fase ADMINISTRATIVA
a qual segundo abalizada doutrina e o art. 7º,§1º da LRF, cabe exclusivamente
ao credor - o que, no nosso entender, carece de debate, principalmente ao se
considerar processos de grande vulto e com elevada quantidade de credores,
para se refletir quanto ao fato de que conferir legitimidade à devedora para

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manuseio de medidas de adequação da relação de credores na fase
administrativa (logicamente no caso de incongruências não dolosas) pode vir
a ser efetivo, tanto pela sua praticidade, quanto em prol da celeridade e da
menor onerosidade para os envolvidos, ao se evitar os ônus de um processo
judicial.
Ainda quanto à legitimidade do credor, doutrina e jurisprudência já se
debruçaram que esta pode ser tanto do credor originário ou “daqueles que a
título originário ou derivado adquiriram posteriormente o crédito, como, por
exemplo, o cessionário, endossatário ou aquele que se sub-roga nos direitos
do credor por ter adimplido a dívida”14. Nesse sentido, litteris:

“Agravo de Instrumento. Recuperação Judicial. Impugnação/habilitação de


crédito formulada por cessionária de créditos que foram relacionados em nome
do Banco-cedente. Impugnação rejeitada. Recurso interposto pelo
Administrador Judicial. Preliminar de ilegitimidade e falta de interesse recursal
rejeitada. Cessão notificada à devedora, a teor do artigo 290 do Código Civil.
Inaplicabilidade à espécie do artigo 926 do Código Civil. Concordância expressa
da devedora com a inclusão da cessionária no Quadro- Geral de Credores, em
substituição ao cedente. Valor do crédito atualizado até a data do pedido de
recuperação judicial. Agravo desprovido”. (TJSP AI 480.422-4/2-00, Des. Rel.
Pereira Calças, julgado em 30/01/2008.)

A jurisprudência – e o estudo de casos concretos que serão abordados


em sala de aula- mostram a efetividade/necessidade de uma atuação diligente
do administrador judicial, litteris:

IMPUGNAÇÃO. HABILITAÇÃO DE CRÉDITO. SERVIÇOS PRESTADOS POR


REPRESENTANTE COMERCIAL. APRESENTAÇÃO DE NOTAS FISCAIS SEM
ACEITE. Agravo de instrumento contra a decisão que acolheu a
retificação apresentada pelo Administrador para reduzir o crédito do
agravante ao valor de R$ 24.419,42, considerando-se a falta de aceites
nas notas fiscais apresentadas. Conquanto a recuperanda, inicialmente,
tenha apontado crédito em favor da agravante, de natureza
quirografária, no valor de R$ 141.651,64, por ocasião da fase
administrativa de verificação de créditos, certo é que o Administrador
Judicial, quando tomou conhecimento dos documentos fiscais da
recuperanda, fez retificação para publicar a relação de credores, no
edital previsto no art. 7º, § 2º, da Lei nº 11.101/2005, com registro de
crédito do agravante no valor de R$ 24.419,42. Isto decorreu da
apresentação pela agravante de notas fiscais dos serviços prestados,
sendo certo que, em nenhuma delas, constou aceite da recuperanda.
Deixou o agravante de comprovar os aceites. Tampouco requereu a

14
AYOUB, Luiz Roberto e CAVALLI, Cássio – A construção Jurisprudencial da Recuperação Judicial de Empresas,
2013, p. 172.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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produção de provas e, por isso, a decisão agravada, neste ponto, decidiu
corretamente a lide ao confirmar o crédito do agravante no valor de R$
24.419,42. Decisão agravada mantida. Recurso não provido. (TJ-SP -
Agravo de Instrumento AI 20044777620168260000 SP - Data de
publicação: 25/08/2016)

Existem questões relevantes, abordadas com precisão pela abalizada


doutrina capitaneada pelos insignes LUIZ ROBERTO AYOUB e CASSIO
CAVALLI, que devem ser observadas pontualmente pelo administrador judicial
a seguir resumidas: questão do crédito em relação ao valor contratado e
dedução de impostos devidos na fonte; questão das multas, juros e correção
monetária; questão dos créditos não vencidos; questão do crédito
controvertidos; questão do créditos em moeda estrangeira; e, finalmente,
questão da identificação da origem dos créditos, incluindo-se a questão
referente aos títulos de crédito.

3. FASE JUDICIAL DE VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS

A verificação judicial do crédito pode ser realizada em dois momentos


distintos, que têm como marco divisor a consolidação/homologação do quadro
geral de credores. No primeiro momento, a verificação judicial é realizada na
forma do artigo 8º e 10 da LRF, como será visto adiante até a homologação
do quadro geral de credores - QGC. Uma vez homologado o QGC, a verificação
judicial será realizada por meio das ações ordinárias de que tratam os artigos
10, §6º e 19 da LRF.
Concluída a fase administrativa, é publicado o do edital do art. 7º, § 2º,
da LRF, iniciando-se a partir daí a FASE JUDICIAL DE VERIFICAÇÃO DE
CRÉDITOS composta pelo conhecimento e julgamento das HABILITAÇÕES
RETARDATÁRIAS e IMPUGNAÇÕES, sendo ambas ações incidentais ao
processo de recuperação judicial e falência e que tem como objetivo,
respectivamente, fazer habilitar crédito após o decurso do prazo previsto para
habilitação administrativa ou questionar a legitimidade, importância ou a
classificação de crédito que esteja inserido na primeira relação de credores
publicada (artigo 8º LRF). Sendo assim, a impugnação, como ação que permite

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“aprofundamento da cognição, poderá ter por mérito todas as matérias e
questões de direito que conduzam a modificação ou extinção do crédito”1516.
O seguinte esquema gráfico resume o PROCEDIMENTO DA FASE
JUDICIAL DE VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS disposto entre os artigos 13 a 17 da
LRF, com seus principais prazos e eventos, destacando-se que as habilitações
retardatárias apresentadas antes da homologação do quadro-geral de
credores, serão recebidas e processadas na forma de impugnação, por força
do artigo 10, §5º da LRF:

O artigo 8º dispõe que, uma vez publicada a relação de credores do


artigo 7º, §2º, instaura-se o prazo de 10 (dez) dias para o Comitê, qualquer
credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público apresentarem ao juízo
“impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer
crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação
de crédito relacionado”. Já o caput do artigo 10 estabelece que as habilitações
de crédito apresentadas fora do prazo previsto no artigo 7º, §1º serão
recebidas como retardatárias, prevendo, em seguida no seu § 5º, que as
habilitações retardatárias serão recebidas como impugnação e processadas
na forma dos artigos 13 a 15.

15
Nesse sentido, ver AYOUB e CAVALLI: “São duas as espécies de verificação judicial de créditos: a habilitação
retardatária e a impugnação. Ambas as espécies constituem ações incidentais ao processo de recuperação judicial, que
podem ser propostas independentemente de o credor ter apresentado pedido de verificação administrativa de crédito.
Noutras palavras, a não formulação tempestiva de pedido de verificação administrativa de créditos não conduz à
preclusão para a verificação judicial de créditos”. (AYOUB, Luiz Roberto e CAVALLI, Cássio – A construção
Jurisprudencial da Recuperação Judicial de Empresas, 2013, p. 183.
16
Ob.cit, p.197.

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A habilitação de crédito destina-se ao credor que não foi arrolado na
relação de credores do devedor (art. 51, III) nem do administrador judicial (art.
7º,§2º)17, tratando-se de medida hábil para fazer incluir seu crédito no quadro
geral de credores a ser homologado após o julgamento das impugnações e
habilitações. Já a impugnação destina-se aos legitimados indicados no artigo
8º (Comitê de Credores, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o
Ministério Público) que pretendem corrigir qualquer imprecisão (valor,
classificação, legitimidade) contida na relação de credores do administrador
judicial, podendo, inclusive, fazer incluir crédito não listado ou excluir crédito
não sujeito à recuperação judicial18.
Havia grande dissenso na doutrina e jurisprudência em relação à
natureza do prazo de apresentação da impugnação judicial (de 10 dias),
havendo defensores do seu caráter dilatório, admitindo-se, assim, a figura da
impugnação retardatária, por entenderem, basicamente, não haver sentido a
Lei admitir a habilitação de crédito até a consolidação do QGC e não admitir
que a impugnação à relação de credores também se dê até tal momento 19.
Por outro lado, o STJ20 entendeu que o artigo 8º retrata norma cogente, sendo,
assim, peremptório o prazo destacando-se que “eventual superação de regra
legal deve ser feita de forma excepcional, observadas determinadas
condições específicas, tais como elevado grau de imprevisibilidade,
ineficiência ou desigualdade.
Acredita-se, entretanto, que tal discussão pode ter se exaurido com as
alterações implementadas pela Lei nº 14.112/2020, tendo em vista as

17
ALTEMANI, Renato Lisboa e SILVA, Ricardo Alexandre da. Manual da verificação e habilitação de cre´ditos na
Lei de Falências e Recuperação de Empreas. p. 122. São Paulo: Quartier Latin, 2006.
18
SCALZILLI, João Pedro; SPINELLI, Luis Felipe e TELLECHEA, Rodrigo. Ob. Cit. P. 230.
19
SCALZILLI, João Pedro; SPINELLI, Luis Felipe e TELLECHEA, Rodrigo. Ob. Cit. P. 236.
20
(...)O propósito recursal é definir se, no curso do processo de recuperação judicial, a impugnação de crédito
apresentada fora do prazo de 10 dias previsto no caput do art. 8º da Lei 11.101/05 pode ter seu mérito apreciado pelo
juízo. 3. A norma do artigo retro citado contém regra de aplicação cogente, que revela, sem margem para
dúvida acerca de seu alcance, a opção legislativa a incidir na hipótese concreta. Trata-se de prazo peremptório
específico, estipulado expressamente pela lei de regência. 4. Eventual superação de regra legal deve ser feita de
forma excepcional, observadas determinadas condições específicas, tais como elevado grau de
imprevisibilidade, ineficiência ou desigualdade, circunstâncias não verificadas na espécie. RECURSO
ESPECIAL NÃO PROVIDO. (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1704201/RS. Relator:
Ministra P/ Acórdão Nancy Andrighi. Órgão Julgador: Terceira Turma. Data do julgamento: 07/05/2019. Data de
publicação: 24/05/2019)

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disposições do artigo 10,§§ 7º, 8º e 10º da LRF21 que fazem referência expressa
à impugnação retardatária e os efeitos da mesma para fins de formação do
quadro geral de credores, de reserva de valor para satisfação do crédito em
debate e para encerramento de recuperação judicial. Com base na atual
redação da LRF, a jurisprudência vem se manifestando pela possibilidade da
impugnação retardatária, devendo-se ficar atento ao que será decidido pelo
STJ sob esta nova perspectiva22.
Apesar da admissão de impugnação retardatária, a Lei 14.112/2020
trouxe importante inovação com o estabelecimento de um prazo decadencial
de 03 anos, contado da publicação da sentença de decretação da falência,
para que o credor apresente seu pedido de habilitação ou reserva de valor
(art. 10, §10).
A verificação judicial de créditos, seja na modalidade impugnação ou
habilitação retardatária, apesar de limitada às matérias previstas nos artigos
8º e 10, da LRF, é um procedimento de cognição exauriente, ficando
possibilitada ampla instrução probatória (art. 15 da LRF) para o exercício da
ampla defesa, conforme sua necessidade e conveniência, conforme já
decidido pelo STJ, litteris:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.


INCIDENTE DE IMPUGNAÇÃO DE CRÉDITO APRESENTADO PELO CREDOR.
DISCUSSÃO ACERCA DA IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO RELACIONADO.
ACRÉSCIMO DE ENCARGOS MORATÓRIOS PREVISTOS EM CONTRATOS
DE FINANCIAMENTO. ALEGAÇÃO DE ABUSIVIDADES EM CLÁUSULAS
DESSES CONTRATOS. MATÉRIA DE DEFESA. POSSIBILIDADE. COGNIÇÃO
EXAURIENTE. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE SE

21
§ 7º O quadro-geral de credores será formado com o julgamento das impugnações tempestivas e com as habilitações
e as impugnações retardatárias decididas até o momento da sua formação.
§ 8º As habilitações e as impugnações retardatárias acarretarão a reserva do valor para a satisfação do crédito discutido.
§ 9º A recuperação judicial poderá ser encerrada ainda que não tenha havido a consolidação definitiva do quadro-geral
de credores, hipótese em que as ações incidentais de habilitação e de impugnação retardatárias serão redistribuídas ao
juízo da recuperação judicial como ações autônomas e observarão o rito comum.
22
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. IMPUGNAÇÃO RETARDATÁRIA.
APLICAÇÃO DA LEI NOVA AOS PROCESSOS PENDENTES. 1.Agravo contra sentença terminativa proferida
em sede de impugnação retardatária (art. 8º da Lei 11.101 de 2005 - LRF). 2.Com o advento da Lei 14.112/2020,
que modificou a LRF, passou a ser possível impugnação retardatária (Art. 10, § 8º da LRF), sendo certo que
nos termos do art. 5º da referida lei nova as modificações devem ser aplicadas aos processos pendentes. 3.No
presente caso, quando a sentença foi proferida, já na vigência das modificações da lei nova, deveria ter sido
apreciado o mérito vez que já era possível a impugnação retardatária; por isso deve ser reformada a sentença
terminativa. 4.No mérito, impugnante, recuperandas e AJ, todos estão de comum acordo com o valor retificado.
5.DADO PROVIMENTO AO RECURSO. (TJ-RJ - AI: 00453792720218190000, Relator: Des(a). ANTONIO
ILOIZIO BARROS BASTOS, Data de Julgamento: 04/11/2021, QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
09/11/2021)

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RESTRINGIR O EXERCÍCIO DA AMPLA DEFESA. 1. Controvérsia em torno
da possibilidade de exame, em sede de impugnação de crédito incidente
à recuperação judicial, acerca da existência de abusividade em
cláusulas dos contratos de que se originou o crédito impugnado, alegada
pela recuperanda como matéria de defesa. 2, O incidente de impugnação
de crédito configura procedimento de cognição exauriente, possibilitando
o pleno contraditório e a ampla instrução probatória, em rito semelhante
ao ordinário. Inteligência dos arts. 13 e 15 da Lei n. 11.101/05. 3. Apesar
de, no incidente de impugnação de crédito, apenas poderem ser arguidas
as matérias elencadas no art. 8º da Lei n. 11.101/05, não há restrição ao
exercício do amplo direito de defesa, que apenas se verifica em exceções
expressamente previstas no ordenamento jurídico. 4. Tendo sido
apresentada impugnação de crédito acerca de matéria passível de
discussão no incidente, a defesa não encontra restrições, estando
autorizada inclusive a defesa material indireta, sendo despiciendo o
ajuizamento de ação autônoma. 5. Possibilidade de se alegar, como
defesa à pretensão do credor de serem acrescidos encargos moratórios
ao crédito relacionado, a abusividade das cláusulas dos contratos de
financiamento. 6. Doutrina e jurisprudência do STJ acerca do tema. 7.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (STJ - REsp: 1799932 PR 2019/0046056-
2, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de
Julgamento: 01/09/2020, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
09/09/2020)

Possuem legitimidade para propor IMPUGNAÇÃO – conforme o previsto


no art. 8º da LRF o comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o
Ministério Público. Este rol extenso de legitimados se explica precisamente
pelo fato de que “na impugnação o interesse a ser satisfeito não é
exclusivamente individual, mas sim, concursal, ou seja, diz respeito à
formação do passivo do devedor como um todo, pressupondo um interesse
comum”23.
Outra questão tormentosa, deixada propositadamente para esta parte
deste resumo, é a relacionada ao óbice de COMPETÊNCIA ABSOLUTA que
reside na análise da VERIFICAÇÃO DO CRÉDITO TRABALHISTA. Sabe-se que o
crédito trabalhista pode ser verificado pelo administrador judicial na fase
administrativa. Contudo, segundo a regra do art. 6º, §2º da LRF deverão ser
processadas na Justiça do Trabalho as impugnações do art. 8º da LRF, litteris:

“Os créditos trabalhistas serão apurados em ações e impugnações


‘processadas perante a justiça especializada’, e serão inscritos no
‘quadro geral de credores pelo valor determinado em sentença’. O
processamento é, pois, bifronte. A apuração se faz por meio das

23
GUERREIRO, José Alexandre Tavares – Seção II “Da verificação e habilitação dos créditos”- In: SATIRO
Francisco e PITOMBO, Sergio (coord.)- Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falências, p.149.

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reclamações ajuizadas na Justiça do Trabalho, mas o crédito sujeita-se
aos efeitos concursais, tanto que deve ser inserido no quadro geral de
credores. Cumpre notar que, mesmo as impugnações de crédito não
serão julgadas, como as demais, pelo juízo da falência ou da
recuperação judicial, mas sim também pela justiça especializada. A
disposição é nova, e coerente com a competência da Justiça do Trabalho
para o julgamento de controvérsias decorrentes da relação de
trabalho”.24

Nessa esteira, deve ser considerado se esta norma deve ser aplicada de
forma irrestrita, ou se comporta adequação e/ou mitigação. Hipótese que se
lança aqui, também para consideração e debate, é a possibilidade de ajuste
da relação de credores pelo juízo recuperacional quando a impugnação judicial
não tiver por objeto revolver as questões referentes à relação de
emprego/trabalho, mas sim, por exemplo, cumprir o que restou definido na
própria Justiça do Trabalho, que teria ensejado a alteração de valor do crédito,
como no caso de pagamento de parte do crédito, ou outra causa extintiva e
modificativa do valor25. Confira-se os julgados sobre o tema26.
As HABILITAÇÕES RETARDATÁRIAS serão processadas da mesma forma
dispensada às impugnações, ex vi artigo 10, §5º da LRF. Entretanto, sabe-se
que os credores que tiverem seus CRÉDITOS HABILITADOS DE FORMA

24
TOLEDO, Paulo, F.C. Salles e ABRÃO, Carlos Henrique – Comentários à Lei de Recuperação e Empresas e
falência, 2014, p. 72/73.
25
Nesse sentido, colaciona-se o entendimento de PAULO SALLES: “Fica, no entanto, expressamente permitido ao
interessado ‘pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da
relação de trabalho’. Isto não afeta a competência da Justiça do Trabalho. Apenas se estabelece, de um lado, que, para
melhor formalização processual, poderá o credor habilitar seu crédito, sem que se possa, no entanto, discutir seu valor.
Por outro lado, sem que isso implique questionamento relativo à relação de trabalho entre credor e o devedor, pode-
se submeter ao juízo da falência ou recuperação judicial qualquer fato que leve à exclusão ou modificação do crédito
trabalhista. Assim, por exemplo, se houve pagamento em parte ou no todo, ou se o valor não confere com o
reconhecido na jurisdição própria”. (TOLEDO, Paulo, F.C. Salles e ABRÃO, Carlos Henrique – Comentários à Lei
de Recuperação e Empresas e falência, 2014, p. 73)
26
(...)Insurgência relativa à possibilidade de acrescer, ao crédito já constante do QGC, as multas previstas nos arts.
467 e 477, § 8º da CLT. Impossibilidade de rediscussão da matéria no juízo cível. Ausência de competência para
modificar o título executivo proveniente da Justiça do Trabalho. Possibilidade, no entanto, de excluir tais multas tanto
dos créditos dos trabalhadores quanto da base de cálculo da verba sucumbencial, visto que as multas não estão sujeitas
à recuperação judicial, pois decorrentes de fatos geradores posteriores ao pedido de recuperação judicial. Inteligência
do art. 49 da LRF. RECURSO PROVIDO. (TJ-SP - AI: 21705859020198260000 SP 2170585-90.2019.8.26.0000,
Relator: AZUMA NISHI, Data de Julgamento: 19/02/2020, 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, Data de
Publicação: 20/02/2020)
(...) Crédito apurado na justiça laboral, que foi obrigado a ser atualizado até a data do pedido de recuperação judicial,
nos termos dispostos no inciso III do art. 9º do referido diploma legal. Desnecessidade de que tal ajuste seja procedido
perante a justiça do trabalho, por se tratar de mero acertamento de quantia já liquidada. Crédito que foi
equivocadamente atualizado pelo contador judicial até a data do deferimento da recuperação. Recálculo para que a
atualização retroaja até a data da formalização, que corresponde à data do pedido. Provimento parcial do
recurso.(Apelação Cível nº 0070179-34.2012.8.19.0001-DÉCIMA QUINTA CAMARA CIVEL- TJRJ DES.
JACQUELINE LIMA MONTENEGRO- 15/04/2014.)

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RETARDATÁRIA, EXCETUANDO-SE OS TRABALHISTAS, PERDERÃO DIREITO AO
VOTO na assembleia geral de credores (art. 10, §1º LRF), possuindo somente
direito de manifestação oral - consequência que se mostra, por razões
evidentes, com efeitos substanciosos na vida dos credores, que terão suas
relações materiais sujeitas ao que restar deliberado pela maioria em
assembleia.
Por essa razão, importante se fazer uma diferenciação, ainda pouco
explorada pela doutrina e jurisprudência, entre o crédito retardatário, ou seja,
aquele apresentado intempestivamente, e o crédito objeto de habilitação
tempestiva, que restou inacolhido pelo administrador judicial, já que neste
último caso não se pode imputar uma desídia ao credor pelo reconhecimento
do seu crédito.
Ainda neste contexto, carece de aprofundamento e análise sistemática
a questão referente à harmonização de interpretação de aplicação do art.10,
§1º vis a vis o art. 39, ambos da “LFR”, para se concluir se a LRF autoriza o
juiz a conferir direito de voto ao habilitante retardatário que tenha o seu
crédito reconhecido ao tempo da AGC27, questão relevante ao presente
estudo, pois apesar de se tratar de matéria de Direito, é passível de ser objeto
de parecer do administrador judicial (ex vi, art.12, §único da LRF).
Contra a decisão que julga a habilitação e impugnação cabe agravo de
instrumento, conforme artigo 17 da LRF.

4. INCIDENTE DE CLASSIFICAÇÃO DE CRÉDITO PÚBLICO NA FALÊNCIA

Buscando conferir uma maior eficiência na apuração dos créditos


detidos pelas Fazendas Públicas, a Lei 14.112/2020 incluiu o artigo 7º-A na
LRF que regula o incidente de classificação de crédito público - ICCP, através

27
(...) Inconformismo de três credoras quirografárias (...), que apontam a incompetência do juízo falimentar para
homologar o acordo e a perda do direito de voto do credor retardatário. (...) Rigor do artigo 10 da Lei 11.101 que foi
temperado pelo artigo 39, caput, daquele mesmo microssistema, e pelo qual se assegura direito de voto aos
titulares de créditos admitidos por decisão judicial, desde que, por óbvio, esta admissão ocorra antes da data
da AGC, o que ocorreu aqui. (...). Recurso de Lazar e Hexa não conhecido e desprovimento do agravo da Cedae,
mantida a decisão agravada por seus próprios fundamentos. (TJ-RJ - AI: 00784733420198190000, Relator: Des(a).
EDUARDO GUSMAO ALVES DE BRITO NETO, Data de Julgamento: 09/07/2020, DÉCIMA SEXTA CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 2020-07-17)

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do qual serão realizadas as análises de valor e classificação dos referidos
créditos, procedimento este direcionado ao processo de falência, que se
aplica, no que couber, à apuração dos créditos de FGTS (§7º).
Após a identificação das fazendas públicas credoras, por meio da
intimação prevista no inciso XIII do art. 99 e da publicação do edital do § 1º
daquele artigo, o juiz falimentar instaurará, de ofício, o incidente (ICCP) para
cada uma das fazendas públicas identificadas, intimando-as para apresentar,
no prazo de 30 dias, a relação completa dos seus créditos inscritos em dívida
ativa, acompanhada dos cálculos, da classificação e informações sobre a
situação atual dos créditos.
A instauração do incidente tem como efeito a suspensão das execuções
fiscais manejadas contra o falido até o encerramento da falência, podendo a
fazenda pública prosseguir na execução em face dos coobrigados, nos termos
do art. 6º-C e 7º-A, §4º, V, LRF28.
Para se garantir uma maior eficiência ao procedimento, mostra-se de
bom tom que a fazenda pública já seja orientada, em sua intimação, a
observar os regramentos próprios do crédito sujeito à falência, ao apresentar
a relação dos seus créditos, atentando-se, pois, para a limitação dos juros até
a data da quebra em relação ao crédito tributário principal (art. 9º, II), e para
a necessária segregação e classificação em classe própria dos créditos
advindos de multas tributárias/administrativas (art. 83, VII), dos honorários
sucumbenciais (art. 83, I), encargos do Decreto-Lei 1.025/69 (art. 83, III,
segundo REsp 1.110.924/SP e REsp 1234893 / SP) e dos juros posteriores à
quebra (83, IX)29.
O ICCP também possui caráter bifásico, na medida em que a
apresentação da relação dos créditos inscritos em dívida ativa pode ser feita
diretamente ao administrador judicial ou ao juízo, a depender do momento
processual.

28
“(...) Em vista do art. 6º-C, estes coobrigados são apenas aqueles sujeitos de direito que já tinham responsabilidade
pelo crédito exequendo antes da decretação da falência, na forma da legislação tributária (COELHO, Fabio Ulhoa.
Comentários À Lei de Falências e Recuperação de Empresas. 15 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,p. 82)
29
COSTA, Daniel Carnio. MELO, Alexandre Nasser de. Comentários à lei de recuperação de empresas e falência.
Curitiba: Juruá, 2021.p.81

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Contudo, a análise do caput do art. 7º-A evidencia uma dificuldade
prática em se concatenar o curso de tal procedimento com a fase
administrativa de verificação de créditos, na medida em que esta se inicia
com a publicação do edital do art. 99, §1º, quando é conferido o prazo de 15
dias corridos para o credor apresentar sua habilitação/divergência ao credor
(art. 7º, §1º). Ocorre que o ICCP é instaurado de ofício pelo juiz, após a mesma
publicação, sendo a fazenda pública intimada eletronicamente para
apresentar, no prazo de 30 dias, a relação dos seus créditos inscritos.
Assim, considerando as tramitações inerentes à efetivação de intimação
eletrônica, movimentação cartorária e as apurações internas promovidas
pelas fazendas públicas para identificação de seus créditos, mostra-se de
difícil concretização a verificação administrativa do ICCP. Em todo caso,
acredita-se que o procedimento precisa ser melhor debatido, para se conferir
um maior aproveitamento ao mesmo, de modo a permitir que o administrador
judicial possa colaborar de maneira efetiva para a conclusão célere do mesmo.
Encerrado o prazo de 30 dias conferido à fazenda pública, o falido,
demais credores e o administrador judicial terão o prazo de 15 dias para
manifestarem suas objeções à relação de créditos inscritos apresentada pela
fazenda pública, ficando as insurgências restritas aos cálculos e à classificação
dos créditos indicados pela fazenda pública credora, sendo esta intimada,
posteriormente, para prestar, em 10 dias, eventuais esclarecimentos sobre os
pontos suscitados nas objeções (art. 7º-A, §3º I e II).
Os créditos informados pela fazenda pública serão integralmente
reservados até o julgamento definitivo do incidente, podendo os créditos
incontroversos serem incluídos de imediato no quadro geral de credores,
conforme sua classificação e desde que exigíveis (§3º, III e IV). Antes da
homologação do quadro geral de credores, o juiz concederá prazo comum de
10 dias para o administrador judicial e a fazenda pública manifestarem-se
sobre a situação dos créditos reservados, decidindo após o prazo sobre a
necessidade de mantê-la. (§3º, V). Não haverá condenação em honorários de
sucumbência, no ICCP (§8º).

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O §4º do art. 7º-A restringiu a competência do juízo falimentar, no
âmbito do ICCP, aos cálculos (observância do limite de atualização – art. 9º, II)
e à classificação dos créditos apresentados, reiterando a competência para os
atos de arrecadação de bens, realização do ativo e pagamento dos credores,
ficando para o juízo da execução fiscal a competência para decidir sobre a
existência, exigibilidade e o valor do crédito
Na hipótese de a fazenda pública não apresentar a relação de créditos
inscritos em dívida ativa no prazo indicado, o incidente será arquivado,
podendo a fazenda pública desarquivá-lo a qualquer tempo, submetendo-se,
porém, aos regramentos dos créditos retardatários previsto no art. 10, naquilo
que for compatível (art. 7º-A, §5), ficando resguardado à fazenda pública a
possibilidade de apresentar, em momento posterior ao prazo de 30 dias, os
créditos não definitivamente constituídos, não inscritos em dívida ativa ou
com exigibilidade suspensa (art.7º-A, §2º).

5. NATUREZA DOS CRÉDITOS E CLASSES - CRÉDITOS SUJEITOS E NÃO


SUJEITOS AO PROCESSO

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Superados esses apontamentos, mais uma vez aqui se abre um
parêntese para sustentar que o EMARANHADO DE COMPLEXAS RELAÇÕES
JURÍDICAS que permeiam a empresa devedora e que são necessariamente
TRANSPORTADAS PARA O PROCESSO RECUPERACIONAL GERAM SITUAÇÕES
DE INCERTEZA JURÍDICA quanto aos créditos sujeitos e não sujeitos ao
processo, bem como o enquadramento e tratamento de sua natureza e classes
no âmbito da recuperação judicial - matérias que fatalmente deverão ser
enfrentadas pelo administrador judicial quando da verificação de créditos e
que demandam uma análise muito mais profunda que a simples verificação
com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais da devedora.

5.1. Da classificação dos créditos

No tocante a classificação dos créditos na recuperação judicial, utiliza-


se a regra prevista no art. 41 da LRF para organização e tratamento dos
créditos no plano de recuperação judicial e na formação da relação de
credores.
Art. 41. A assembleia-geral será composta pelas seguintes classes de
credores:
I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou
decorrentes de acidentes de trabalho;
II – titulares de créditos com garantia real;
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com
privilégio geral ou subordinados.
IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa
de pequeno porte.

Já na falência, a organização da relação de credores deve observar a


ordem de preferência de pagamento prevista no artigo 83 da LRF, que foi
simplificada pela Lei 14.112/20, devendo o administrador judicial estar atento
também para a necessidade de observar as verbas extraconcursais e objeto
de pedido de restituição, nos termos dos artigos 84 e 86:
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte
ordem:
I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento
e cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de
acidentes de trabalho;

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II - os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do valor
do bem gravado;
III - os créditos tributários, independentemente da sua natureza e do
tempo de constituição, exceto os créditos extraconcursais e as multas
tributárias;
IV – Revogado
V - Revogado
VI - os créditos quirografários, a saber:
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos
bens vinculados ao seu pagamento; e
c) os saldos dos créditos derivados da legislação trabalhista que
excederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;
VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis
penais ou administrativas, incluídas as multas tributárias;
VIII - os créditos subordinados, a saber:
a) os previstos em lei ou em contrato;
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo
empregatício cuja contratação não tenha observado as condições
estritamente comutativas e as práticas de mercado
IX - os juros vencidos após a decretação da falência, conforme previsto
no art. 124 desta Lei.

A importância de uma adequada classificação dos créditos na relação


de credores e no QGC decorre do fato de que os procedimentos concursais,
na falência e na recuperação judicial30, são guiados pelo princípio da par
conditio creditorum, pelo qual os credores inseridos dentro de uma mesma
classe devem receber tratamento paritário.
Na recuperação judicial, a adequada classificação dos créditos possui
reflexo também na deliberação sobre o plano de recuperação judicial tendo
em vista os quóruns específicos de aprovação de cada classe, como se vê do
artigo 45, §§1º e 2º da LRF que estabelece a votação apenas por cabeça nas
classes I e IV (maioria dos credores presentes na AGC) e por cabeça e crédito
nas classes II e III (maioria dos credores e créditos presentes na AGC)31.

5.2. Créditos sujeitos à recuperação judicial

30
Enunciado 81 da II Jornada de Direito Comercial do CJF - Aplica-se à recuperação judicial, no que couber, o
princípio da par condicio creditorum.
31 Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores referidas no art. 41
desta Lei deverão aprovar a proposta.
§ 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada por
credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia e, cumulativamente, pela
maioria simples dos credores presentes.
§ 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples
dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito.

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Pela REGRA GERAL do art. 49 da LRF, se sujeitam à recuperação judicial
todos os créditos existentes ao tempo do pedido de recuperação judicial, ainda
que não vencidos, sejam eles líquidos ou ilíquidos. Conforme bem lecionam
LUIZ ROBERTO AYOUB e CASSIO CAVALLI, litteris:

“A importância da determinação do valor pecuniário do crédito reside,


na fase de processamento da recuperação judicial, na determinação do
valor pelo qual o credor poderá participar desta etapa do processo, como
por exemplo, ocorre com o cômputo do quórum de deliberação em
assembleia-geral de credores. Ademais, para sujeitar-se à recuperação
judicial, não importa que o crédito seja líquido ou que ainda esteja por
ser liquidado, contanto que exista no tempo do pedido. A liquidação será
realizada, para fins de participação na fase de processamento da
recuperação em sede de verificação administrativa e judicial de
créditos”.32

No que tange a LINHA DE CORTE de sujeição do crédito, sob o ASPECTO


TEMPORAL e na esteira do entendimento adotado pela Segunda Seção do
Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo (Tema Repetitivo
1051), sujeitam-se ao processo de recuperação judicial todos os créditos,
ainda que ilíquidos, desde que decorrentes de fato gerador preexistentes ao
momento da recuperação judicial, litteris:

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO


JUDICIAL. CRÉDITO. EXISTÊNCIA. SUJEIÇÃO AOS EFEITOS DA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ART. 49, CAPUT, DA LEI Nº 11.101/2005. DATA
DO FATO GERADOR. 1. Recurso especial interposto contra acórdão
publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados
Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Ação e obrigação de fazer, cumulada
com reparação de danos em virtude de inscrição indevida em cadastro
de restrição de crédito. Discussão acerca da sujeição do crédito aos
efeitos da recuperação judicial. 3. Diante da opção do legislador de
excluir determinados credores da recuperação judicial, mostra-se
imprescindível definir o que deve ser considerado como crédito
existente na data do pedido, ainda que não vencido, para identificar em
quais casos estará ou não submetido aos efeitos da recuperação judicial.
4. A existência do crédito está diretamente ligada à relação jurídica que
se estabelece entre o devedor e o credor, o liame entre as partes, pois
é com base nela que, ocorrido o fato gerador, surge o direito de exigir a
prestação (direito de crédito). 5. Os créditos submetidos aos efeitos da
recuperação judicial são aqueles decorrentes da atividade do empresário
antes do pedido de soerguimento, isto é, de fatos praticados ou de
negócios celebrados pelo devedor em momento anterior ao pedido de

32
AYOUB, Luiz Roberto; CAVALLI, Cássio – A construção jurisprudencial da recuperação judicial de empresas.
Ed. Forense, p.54.

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recuperação judicial, excetuados aqueles expressamente apontados na
lei de regência. 6. Em atenção ao disposto no art. 1.040 do CPC/2015,
fixa-se a seguinte tese: Para o fim de submissão aos efeitos da
recuperação judicial, considera-se que a existência do crédito é
determinada pela data em que ocorreu o seu fato gerador. 7. Recurso
especial provido. (REsp 1840812/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 09/12/2020, DJe
17/12/2020).

Um cuidado que deve ser tomado na análise de sujeição do crédito à


recuperação judicial diz respeito às obrigações de trato sucessivo, uma vez
que estas se renovam a cada mês (p.ex. energia elétrica, água, aluguel),
ficando excluída da recuperação judicial as obrigações constituídas/nascidas
após a data do pedido de recuperação judicial (p.ex. a contraprestação pelo
fornecimento de água/energia e locação de bens realizados no mês seguinte
ao pedido de recuperação judicial). Nessas circunstâncias, os credores de
obrigações de trato sucessivo podem assumir uma posição dúplice de
credores sujeitos e não sujeitos à recuperação33.
Diferentemente da situação acima, as obrigações parceladas,
assumidas antes do pedido, mas com prestações que se vencem após o
mesmo estão integralmente sujeitas à recuperação judicial, já que o fato
originador da mesma ocorreu antes do pedido.
Na linha do Tema Repetitivo 1051, a análise de sujeição dos créditos
constituídos ou reconhecidos por decisões judiciais deve levar em conta a data
do fato gerador do crédito e não a data da sentença ou de sua liquidação.
Logo, em se tratando de verba indenizatória, considera-se a data do evento
danoso e, em se tratando de verbas trabalhistas, considera-se o período
trabalhado.
Nesse ponto, merece ser destacada a atual posição da Segunda Seção
do STJ em relação aos honorários sucumbenciais, entendendo que, para fins
de aferição da sujeição ou não à recuperação judicial, deve ser considerada a

33
"(...) Habilitação de crédito – Alegação de concursalidade do crédito em razão de contrato de prestação de serviços
ter sido celebrado anteriormente ao pedido de recuperação - Obrigação de trato sucessivo ou de prestação
continuada - Caso em que os pagamentos correspondentes a serviços e fornecimentos prestados após o
ajuizamento da recuperação judicial são considerados créditos extraconcursais – Precedentes – Sentença
mantida – Recurso improvido." (TJ-SP - AI: 20745024120218260000 SP 2074502-41.2021.8.26.0000, Relator: J. B.
Franco de Godoi, Data de Julgamento: 08/10/2021, 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, Data de Publicação:
08/10/2021)

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data da sentença que fixou tal verba, por ser a mesma o nascedouro do direito
ao recebimento de tal verba. Assim, se a sentença for posterior à data do
pedido, os honorários sucumbenciais serão extraconcursais.

DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. SENTENÇA POSTERIOR AO PEDIDO
RECUPERACIONAL. NATUREZA EXTRACONCURSAL. NÃO SUJEIÇÃO AO
PLANO DE RECUPERAÇÃO E A SEUS EFEITOS.
1. Os créditos constituídos depois de ter o devedor ingressado com o
pedido de recuperação judicial estão excluídos do plano e de seus
efeitos (art. 49, caput, da Lei n. 11.101/2005).
2. A Corte Especial do STJ, no julgamento do EAREsp 1255986/PR,
decidiu que a sentença (ou o ato jurisdicional equivalente, na
competência originária dos tribunais) é o ato processual que qualifica o
nascedouro do direito à percepção dos honorários advocatícios
sucumbenciais.
3. Em exegese lógica e sistemática, se a sentença que arbitrou os
honorários sucumbenciais se deu posteriormente ao pedido de
recuperação judicial, o crédito que dali emana, necessariamente,
nascerá com natureza extraconcursal, já que, nos termos do art. 49,
caput da Lei 11.101/05, sujeitam-se ao plano de soerguimento os
créditos existentes na data do pedido de recuperação judicial, ainda que
não vencidos, e não os posteriores. Por outro lado, se a sentença que
arbitrou os honorários advocatícios for anterior ao pedido
recuperacional, o crédito dali decorrente deverá ser tido como
concursal, devendo ser habilitado e pago nos termos do plano de
recuperação judicial (...)5. Recurso especial provido. (REsp 1841960/SP,
Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/02/2020, DJe 13/04/2020)

Continuando na disciplina dos créditos sujeitos à recuperação judicial,


os CREDORES POR OBRIGAÇÃO DE DAR, FAZER E DE NÃO FAZER participarão
da recuperação pelo valor pecuniário de seu crédito, que deve ser declarado
pela empresa devedora na relação nominal de credores que instrui a petição
inicial (Art. 51, III, da LRF).

Agravo. Impugnação. Recuperação judicial. Crédito relativo à obrigação


de entregar 12.216 sacas de açúcar. Exclusão do quadro-geral de
credores. Não cabimento. Situação que não se subsume a qualquer das
hipóteses previstas em lei para a exclusão de créditos. Obrigação líquida
e atualizada de acordo com o valor do produto na data do pedido de
recuperação judicial. Sujeição aos efeitos da recuperação judicial.
Pedido de alteração da classificação do crédito para que figure entre
aqueles dotados de garantia real. Pretensão não submetida à análise
pelo juízo a quo. Inoportunidade de exame nesta sede. Agravo a que se
nega provimento, na parte em que conhecido. (Desembargador Pereira
Calças; registro: 27/03/2012- A.I. nº 0261903-72.2011.8.26.0000)

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Quanto aos CREDORES TRABALHISTAS – trataremos da definição do
crédito “derivados da legislação do trabalho ou decorrente de acidente de
trabalho” e equiparados; sua sujeição à recuperação judicial podendo
inclusive, por inteligência do art. 6º, § 2º da LRF, ser este objeto de verificação
administrativa de créditos; e, competência da Justiça do Trabalho para realizar
a verificação judicial de créditos, incluindo-se as impugnações e habilitações
retardatárias, na forma da legislação trabalhista.34
Quanto aos CREDORES COM GARANTIA REAL deve ser observada a
especificidade do artigo 41, §2º da LRF que diz que os credores votarão nesta
classe até o limite do valor do bem gravado e com a classe dos quirografários
no restante do valor, o que deve ser considerado durante a verificação dos
créditos, observando-se os casos de garantia real prestada terceiro:

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Crédito garantido por propriedade fiduciária


prestada por terceiro. Privilégio existente apenas em relação ao
prestador da garantia real. Devedora recuperanda que não ofertou
qualquer garantia real, razão pela qual, em relação a ela, o crédito é de
natureza quirografária. Crédito de natureza comum, pois não ocorre a
vinculação de um bem específico da devedora à satisfação do crédito.
Inaplicável a exceção constante do art. 49, § 3º, da Lei nº 11.101/2005.
Recurso improvido (TJ/SP. Agravo de Instrumento nº 0216714-
71.2011.8.26.0000, 05/06/2012)

Ainda quanto ao tema – mas agora se tratando de POSSIBILIDADE DE


SUPRESSÃO DAS GARANTIAS REAIS E FIDEJUSSÓRIAS – deve ser observada a
atual posição da Segunda Seção do STJ que considera legítima a cláusula do
plano que prevê a supressão de garantias, mas confere eficácia e
oponibilidade apenas aos credores que aprovaram o plano sem qualquer
ressalva, consentindo, assim, com a mesma, litteris:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
PLANO DE RECUPERAÇÃO. NOVAÇÃO. EXTENSÃO. COOBRIGADOS.
IMPOSSIBILIDADE. GARANTIAS. SUPRESSÃO OU SUBSTITUIÇÃO.
CONSENTIMENTO. CREDOR TITULAR.

34
AYOUB, Luiz Roberto; CAVALLI, Cássio – A construção jurisprudencial da recuperação judicial de empresas.
Ed. Forense, p.191.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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NECESSIDADE. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado
na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados
Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Cinge-se a controvérsia a definir se a
cláusula do plano de recuperação judicial que prevê a supressão das
garantias reais e fidejussórias pode atingir os credores que não
manifestaram sua expressa concordância com a aprovação do plano. 3.
A cláusula que estende a novação aos coobrigados é legítima e oponível
apenas aos credores que aprovaram o plano de recuperação sem
nenhuma ressalva, não sendo eficaz em relação aos credores ausentes
da assembleia geral, aos que abstiveram-se de votar ou se posicionaram
contra tal disposição. 4. A anuência do titular da garantia real é
indispensável na hipótese em que o plano de recuperação judicial prevê
a sua supressão ou substituição. (...) (REsp 1794209/SP, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
12/05/2021, DJe 29/06/2021)

5.3. Créditos não sujeitos à recuperação judicial (extraconcursais)

Além de estabelecer a regra de sujeição e o marco definidor dos créditos


submetidos à recuperação judicial, o artigo 49 da LRF também trata, em seus
§§ 3º, 4º, 7º e 9º, das exceções a tal regra, o que deve ser observado com
muita atenção pelo administrador judicial durante a verificação dos créditos,
valendo destacar que, além das exceções insculpidas nos referidos
dispositivos, também estão excluídos da recuperação judicial os créditos
fiscais tributários, nos termos do art. 6º, §7º-B combinado com o art. 187 do
CTN.
No que tange ao andamento das execuções de créditos excluídos da
recuperação judicial, os §§ 7º-A e 7º-B do art. 6º da LRF, introduzidos pela Lei
14.112/20 atribuem competência ao Juízo Recuperatório para determinar a
suspensão dos atos de constrição que recaiam sobre bens de capital
essenciais à manutenção da atividade empresarial durante o prazo do stay
period, valendo dizer que a jurisprudência consolidada do STJ também confere
ao Juízo Recuperatório a competência para analisar o caráter extraconcursal
do crédito e a essencialidade do bem.

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PROCESSUAL CIVIL E EMPRESARIAL. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE
COMPETÊNCIA. JUÍZO DA RECUPERAÇÃO. CRÉDITO EXTRACONCURSAL.
ATO CONSTRITIVO. MANIFESTAÇÃO DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. DECISÃO MANTIDA.
1. Ao juízo universal compete a análise do caráter extraconcursal de
créditos constantes do plano de recuperação judicial, bem como da
essencialidade dos bens pretendidos pelo exequente. (...) 3. Ademais, os
"atos de constrição do patrimônio afetado à consecução do plano de
soerguimento empresarial, mesmo no caso da execução de créditos que
não se submetem aos efeitos da recuperação judicial, são submetidos
ao crivo do Juízo 'universal'" (EDcl nos EDcl no AgInt no CC 165.963/AM,
Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/9/2021, DJe
1º/10/2021). 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no CC
178.547/MT, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 19/10/2021, DJe 03/11/2021)

O §3º do artigo 49, da LRF exclui dos efeitos da recuperação judicial os


credores titulares da posição de proprietário fiduciário (inclusive a alienação
fiduciária de direitos fungíveis e a cessão fiduciária de crédito ), o arrendador
mercantil (leasing), o proprietário ou promitente vendedor de imóvel com
contratos que possuam cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, o
proprietário de contrato de venda com reserva de domínio (tendo o STJ
entendido que fica excluído da recuperação judicial o proprietário com a
reserva de domínio, mesmo o contrato não tendo sido registrado ).
Aspecto comum entre tais credores é o fato de os mesmos, respeitadas
as particularidades dos contratos que os regem, possuírem direito de
propriedade sobre determinado bem/direito/crédito que se encontra em poder
do devedor, não fazendo sentido submeter credores em tais situações aos
termos da recuperação judicial, já que o crédito dos mesmos poderá, em tese,
restar satisfeito com o mero recebimento dos bens/direitos dos quais são
titulares.
No que tange à TRAVA DE DOMICÍLIO BANCÁRIO; dos créditos garantidos
por CESSÃO FIDUCIÁRIA DE RECEBÍVEIS/DIREITOS CREDITÓRIOS, e quanto à
PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA – trataremos da análise da jurisprudência sobre o
tema, bem como a implicação do Enunciado 51 da I Jornada de Direito
Comercial – CJF nas fases administrativa e judicial de verificação de créditos:
STJ:

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AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO
ESPECIAL. PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. OBSERVÂNCIA.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CESSÃO FIDUCIÁRIA. RECEBÍVEIS. TRAVA
BANCÁRIA. MANUTENÇÃO. 1. Recurso especial interposto contra
acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015
(Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. O relator está autorizado
a decidir singularmente o recurso (arts. 932 do CPC/2015 e 557 do
CPC/1973). Eventual nulidade da decisão singular fica superada com a
apreciação do tema pelo órgão colegiado competente, em agravo
interno. 3. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
bem de capital a que se refere a parte final do artigo 49, § 3º, da Lei nº
11.101/2005 é o bem corpóreo (móvel ou imóvel) utilizado no processo
produtivo da empresa e que se encontra em sua posse. 4. Os recebíveis
cedidos fiduciariamente não se enquadram na qualificação de bem de
capital, sendo que sua utilização significa o esvaziamento da garantia
fiduciária, não sendo possível a intervenção judicial para a sua liberação.
5. Agravo interno não provido. (AgInt nos EDcl no REsp 1680456/SE, Rel.
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
30/08/2021, DJe 03/09/2021)

DIREITO CIVIL E COMERCIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CESSÃO


FIDUCIÁRIA DE DIREITO DE CRÉDITO. REGISTRO EM CARTÓRIO DE
TÍTULOS E DOCUMENTOS. DESNECESSIDADE DE REGISTRO PARA A
CONSTITUIÇÃO DA GARANTIA. CREDOR NÃO SUJEITO Á RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE.
1. A cessão fiduciária de título de crédito, nos termos da disciplina
específica da Lei 4.728/95, com a redação dada pela Lei 10.931/2004, não
depende de registro em cartório de títulos e documentos para ser
constituída, não se lhe aplicando a regra do art. §1º do art. 1.361 do
Código Civil, regente da cessão fiduciária de coisa móvel infungível.
2. O registro da cessão fiduciária do título de crédito pode ser necessário
para salvaguardar eventual direito de terceiro a quem o título de crédito
seja oponível, a saber, o devedor do título de crédito cedido pela
recuperanda. Não há repercussão na esfera de direitos dos demais
credores, donde a irrelevância da existência do registro para o processo
de recuperação. 3. De acordo com a pacífica jurisprudência do STJ, por
força do art. 49, §3º, da Lei 11.101/2005, não se submetem à
recuperação judicial os créditos garantidos por cessão fiduciária.
Precedentes. 4. Impossibilidade "de se impor restrições à propriedade
fiduciária de crédito, por não se tratar de bem de capital, segundo
entendimento desta Corte Superior." (AgInt no REsp. 1.475.258-MS, rel
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 20.2.2017). 5. Recurso especial
conhecido e provido. (REsp 1629470/MS, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 30/11/2021, DJe 17/12/2021)

AGRAVO INTERNO. DECISÃO DE PROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL.


CONTRATO DE CESSÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA DE RECEBÍVEIS.
AUSÊNCIA DE DIFERENÇA ENTRE CRÉDITOS A SEREM PERFORMADOS
APÓS A DECISÃO DE PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL E
AQUELES JÁ PERFORMADOS ATÉ AQUELE MARCO TEMPORAL.
CONSTITUIÇÃO DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA COM A CONTRATAÇÃO.
ENTENDIMENTO DESTA CORTE NESSE SENTIDO. 1. A constituição da
propriedade fiduciária, oriunda de cessão fiduciária de direitos sobre
coisas móveis e de títulos de crédito, dá-se a partir da própria

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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contratação. 2. O crédito garantido fiduciariamente, como na espécie,
não se submete à recuperação judicial, por força do art. 49, § 3º, da Lei
n. 11.101/2005, pois é de propriedade (resolúvel) do credor, e não da
empresa recuperanda. 3. É desinfluente, portanto, o momento em que
é performado, se antes ou depois do processamento da recuperação.
Julgados desta Corte nesse sentido. 4. Agravo interno desprovido.
(AgInt no REsp 1932780/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
TERCEIRA TURMA, julgado em 29/11/2021, DJe 02/12/2021)

TJSP:

Agravo de instrumento – Recuperação judicial – Decisão recorrida que


entendeu que a cédula de crédito bancário não individualizou os títulos
que seriam objeto da alienação fiduciária, considerou inexistente a
garantia e determinou ao agravante que se abstivesse de se apropriar
dos valores depositados na referida conta vinculada - Crédito originário
de cédula de crédito bancário garantida por cessão fiduciária de direitos
creditórios – Jurisprudência do STJ – Créditos constituídos até o pleito
recuperacional (performados) que são de propriedade do credor fiduciário
e, portanto, passíveis de apropriação – Natureza extraconcursal –
Inteligência do artigo 49, § 3º da Lei nº 11.101/05 – Créditos futuros não
constituídos até o ajuizamento da recuperação judicial (não performados)
– Natureza concursal, haja vista que a garantia é ineficaz – Propriedade
fiduciária, em garantia de obrigação anterior ao pedido de recuperação
judicial, não pode ser constituída em momento posterior ao ajuizamento
da recuperação judicial, nos termos do artigo 49 da Lei nº 11.101/05 –
Propriedade fiduciária, cuja existência deve ser aferida na data do
pedido recuperacional – Decisão reformada para determinar a
possibilidade de apropriação pelo agravante dos créditos performados,
isto é, apenas aqueles constituídos até o ajuizamento do pedido de
recuperação judicial – Recurso parcialmente provido. (TJ-SP - AI:
20989611020218260000 SP 2098961-10.2021.8.26.0000, Relator:
Maurício Pessoa, Data de Julgamento: 26/11/2021, 2ª Câmara Reservada
de Direito Empresarial, Data de Publicação: 26/11/2021)

TJRJ:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. TRAVA BANCÁRIA.


CESSÃO FIDUCIÁRIA DE DIREITOS CREDITÓRIOS. CRÉDITO FIDUCIÁRIO
QUE, EM REGRA, ESTÁ EXCLUÍDO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (ART. 49,
§3º DA LEI 11.101/05). DECISÃO IMPONDO A DESCONSTITUIÇÃO
PARCIAL DA TRAVA BANCÁRIA, AUTORIZADO O LEVANTAMENTO DE 60%
DOS RECEBÍVEIS POR PARTE DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.
CORREÇÃO DO DECISUM. POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO À LUZ DO
PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA. PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DO SUPERIOR TRIBUNAL
DE JUSTIÇA. COBRANÇA DE CRÉDITOS RESULTANTES DE CONTRATOS DE
ARRENDAMENTO MERCANTIL. DECISÃO JUDICIAL OBSTANDO O
RESSARCIMENTO DO ARRENDANTE. REFORMA PARCIAL DO DECISUM.
OS CRÉDITOS DECORRENTES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL E
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA NÃO ESTÃO SUJEITOS À
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, MAS PODE SER LIMITADO, NO INTUITO DE
PRESERVAR A EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, O PERCENTUAL DE
DESCONTOS EFETIVADOS DIRETAMENTE EM SUA CONTA BANCÁRIA.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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PROVIMENTO PARCIAL DO AGRAVO DE INSTRUMENTO. (DES. SERGIO
RICARDO A FERNANDES - Julgamento: 02/08/2016 - PRIMEIRA CAMARA
CIVEL019115-46.2016.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO).

Enunciado 51 da I Jornada de Direito Comercial- CJF: “O saldo do crédito


não coberto pelo valor do bem e/ou da garantia dos contratos previstos
no § 3º do art. 49 da Lei n. 11.101/2005 é crédito quirografário, sujeito
à recuperação judicial”.

O §4º do artigo 49 exclui dos efeitos da recuperação judicial os créditos


oriundos de ADIANTAMENTO DE CONTRATO DE CÂMBIO - ACC, entendendo a
jurisprudência do STJ que o credor deve postular a restituição dos seus valores
com base no artigo 75, §3º da Lei 4.728/65 e do artigo 86, II da LRF35 e que os
encargos incidentes sobre os montantes adiantados ao exportador não se
enquadram na exceção do artigo 49, §4º, ficando assim sujeitos à recuperação
judicial36.
Os §§6º a 9º do artigo 49 da LRF foram introduzidos pela Lei
14.112/2020, em razão da regulação da recuperação judicial da pessoa física
ou jurídica que exerça atividade rural, excluindo-se da recuperação judicial (a)

35
AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO.
ADIANTAMENTO DE CONTRATO DE CÂMBIO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO. BENS.
DESTINO. COMPETÊNCIA. JUÍZO DA FALÊNCIA. CONFLITO. SUCEDÂNEO RECURSAL.
IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Consoante jurisprudência consolidada nesta
Corte Superior, é cabível o pedido de restituição baseado no adiantamento de contrato de câmbio, pois os
valores dele decorrentes não integram o patrimônio da massa falida ou da empresa concordatária (art. 75, §
3º, da Lei 4.728/65 - Lei do Mercado de Capitais). Porém, isso não significa, entretanto, que as execuções possam
prosseguir em outro juízo que não o da recuperação judicial, pois cabe a este apurar, mediante pedido de restituição
formulado pela instituição financeira, se o crédito reclamado é extraconcursal e, portanto, excepcionado dos efeitos
da falência, sendo certo que o conflito de competência não é a seara adequada à indigitada discussão, que depende de
dilação probatória. 2. Assim, a fim de impedir que as execuções individualmente manejadas possam inviabilizar a
recuperação judicial das empresas, tem-se por imprescindível as suspensões daquelas, devendo os credores procurar
no juízo universal a satisfação de seus créditos. 3. O deferimento da recuperação judicial acarreta ao Juízo que a defere
a competência para distribuir o patrimônio da massa aos credores conforme as regras concursais da lei falimentar. 4.
Impossibilidade do conflito de competência ser utilizado como sucedâneo recursal, bem como não se presta a resolver
questões que devem ser dirimidas nas instâncias ordinárias. 5. Agravo regimental improvido. Agravo Regimental no
Conflito de Competência nº113.861/GO. Rel. Ministro Luís Felipe Salomão. Segunda Seção. 11/10/2011)
36
.(...) Muito embora os arts. 49, § 4º, e 86, II, da Lei 11.101/05 estabeleçam a extraconcursalidade dos créditos
referentes a adiantamento de contratos de câmbio, há de se notar que tais normas não dispõem, especificamente,
quanto à destinação que deva ser conferida aos encargos incidentes sobre o montante adiantado ao exportador pela
instituição financeira. 4. Inexistindo regra expressa a tratar da questão, a hermenêutica aconselha ao julgador que
resolva a controvérsia de modo a garantir efetividade aos valores que o legislador privilegiou ao editar o diploma
normativo. 5. Como é cediço, o objetivo primordial da recuperação judicial, estampado no art. 47 da Lei 11.101/05, é
viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores. 6. A sujeição dos valores impugnados aos
efeitos do procedimento recuperacional é a medida que mais se coaduna à finalidade retro mencionada, pois
permite que a empresa e seus credores, ao negociar as condições de pagamento, alcancem a melhor saída para
a crise enfrentada. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (Recurso
Especial nº 1810447/SP. Relator: Ministra Nancy Andrighi. Terceira Turma. Publicação: 22/11/2019)

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qualquer crédito não decorrente de tal atividade (§6º); (b) decorrente de
operações de crédito rural, na forma dos arts. 14 e 21 da Lei 4.829/65, em
caso de recursos objeto de renegociação realizada antes do pedido de
recuperação judicial (§7º e 8º); (c) crédito relativo à dívida constituída nos 3
(três) últimos anos anteriores ao pedido de recuperação judicial, com a
finalidade de aquisição de propriedades rurais, bem como as respectivas
garantias.
A LRF ainda prevê outras circunstâncias que devem ser analisadas pelo
administrador judicial, como, por exemplo, os artigos 5º, 67, 193 e 199.
Quanto à QUESTÃO DOS CONTRATOS DE LOCAÇÃO COMERCIAL- AÇÃO
DE DESPEJO E CRÉDITO, analisaremos o seu tratamento pela jurisprudência:
STJ:
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - CONTRATO DE LOCAÇÃO -
EMPRESA LOCATÁRIA SUBMETIDA AO REGIME DE RECUPERAÇÃO
JUDICIAL - NÃO SUBMISSÃO AO JUÍZO UNIVERSAL DA RECUPERAÇÃO
- ESCÓLIO JURISPRUDENCIAL DA SEGUNDA SEÇÃO - COMPETÊNCIA
DO JUÍZO SUSCITADO. Hipótese: consiste na declaração de
competência para processar e julgar ação de despejo c/c cobrança
de alugueis formulada contra sociedade empresária em regime de
recuperação judicial. (...) 2. A jurisprudência da Segunda Seção
caminha no sentido de que a ação de despejo movida pelo proprietário
locador contra sociedade empresária em regime de recuperação
judicial não se submete à competência do juízo universal da
recuperação. Precedentes. 3. Conflito negativo conhecido para
declarar a competência do r. juízo suscitado. (STJ - CC: 170421 PR
2020/0011826-0, Relator: Ministro MARCO BUZZI, Data de
Julgamento: 09/09/2020, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação:
DJe 14/10/2020)
TJRJ:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. AÇÃO DE DESPEJO. SUSPENSÃO. POSSIBILIDADE. 1- O
ordenamento jurídico determina que com o deferimento do pedido
de recuperação judicial, o juízo em que tramita a referida ação
passará a exercer a vis attractiva, com a finalidade precípua de evitar
decisões oriundas de outros juízos que comprometam o sucesso do
plano de recuperação judicial. 2- Proferida decisão no sentido de que
sejam suspensas todas as ações e execuções que tramitam em face
do devedor, tal decisão deve ser observada pelos demais juízos, a
fim de que seja viabilizada a superação da situação de crise
econômico-financeira do devedor. 3- Nesse âmbito, apenas as
demandas relativas a quantias ilíquidas continuam tramitando no
juízo em que estiverem sendo processadas, excluídas aquelas
relativas à coisa certa, prestação ou abstenção de fato, e, no caso,
busca-se a restituição de coisa certa - despejo - e a cobrança de
quantia líquida aluguéis - cujo aferimento depende de simples cálculo

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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aritmético. (A.I - DES. MILTON FERNANDES DE SOUZA - Julgamento:
11/06/2013 - QUINTA CAMARA CIVEL - 0008232-45.2013.8.19.0000).
TJRJ - Agravo de Instrumento. Empresa em processo de recuperação
judicial. Decisão do Juízo de primeiro grau que, nos autos de ação
cautelar preparatória à recuperação judicial deferiu, liminarmente,
que "os requeridos se abstenham de executar as ordens de despejo
e retomar as lojas, até que o juízo da recuperação decida sobre o
deferimento do seu processamento" (...). A recuperação da empresa
tem por objetivo principal viabilizar que a empresa tenha condições
de se reerguer, mediante a elaboração de um plano de recuperação,
para a organização financeira e o prosseguimento das atividades.
Nessa linha de raciocínio, o caso posto a julgamento encontra-se
delimitado no art. 6º da lei acima em referência, abaixo transcrito, in
verbis: "Art. 6º - A decretação da falência ou o deferimento do
processamento da recuperação judicial suspende o curso da
prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor,
inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário”. O
despejo da empresa que está em processo de recuperação judicial
extinguirá as suas possibilidades de se reerguer, o que vai de
encontro com o princípio da preservação da empresa. No entanto, a
Ação em apreço deve ficar suspensa até que se conclua o
processamento da recuperação judicial, desde que comprovado,
efetivamente, que os alugueres, a partir da decisão de recuperação
judicial, estão sendo pagos em dia, caso contrário deverá ser
cumprido a ordem de despejo. Recurso provido parcialmente. (DES.
CARLOS EDUARDO MOREIRA SILVA - Julgamento: 30/08/2016 -
VIGESIMA SEGUNDA CAMARA CIVEL- A.I nº 0071679-
36.2015.8.19.0000)
TJ-SP:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOCAÇÃO DE IMÓVEL. AÇÃO DE
DESPEJO. DETERMINAÇÃO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO.
DEFERIMENTO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA LOCATÁRIA.
INADMISSIBILIDADE. De acordo com o art. 6.º, §1.º, da Lei n.º
11.101/05, a recuperação judicial afeta tão somente a exigibilidade
de créditos (valores líquidos) devidos pela empresa. A sujeição dos
créditos locativos aos efeitos da recuperação judicial, nos termos do
art. 49, da Lei n.º 11.101/05 toca apenas à execução de aluguéis e
encargos da locação, mas não o direito de retomada do imóvel
locado, medida garantida pela Lei nº 8.245/91. Recurso provido. (São
Paulo; 27ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento:
29/04/2014)

Quanto à QUESTÃO DOS CRÉDITOS SUBORDINADOS - Abordaremos a


questão da aplicação do art. 43 da LRF e seus efeitos práticos em relação ao
quórum de deliberação em Assembleia Geral de Credores e na consolidação
do passivo da devedora.

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6. ANÁLISE DO ADMINISTRADOR JUDICIAL NA VERIFICAÇÃO DE CRÉDITO
ADMINISTRATIVA E JUDICIAL E ELABORAÇÃO DA RELAÇÃO DE CREDORES E QGC

6.1. Verificação da liquidez, certeza e exigibilidade do crédito

Pressuposto da verificação dos créditos, tanto na fase administrativa


quanto na judicial da recuperação judicial e da falência, é que o crédito esteja
revestido de liquidez, certeza e exigibilidade, nos termos dos artigos 6º, §1º e
9º, da LRF37, devendo o procedimento (administrativo ou judicial) estar
devidamente instruído com os documentos que demonstrem tais atributos.
A verificação de crédito realizada no âmbito da recuperação judicial e
falência não pressupõe a existência de ação/execução judicial, podendo ser
manejada com a cópia dos documentos que demonstrem a certeza e liquidez
do crédito, tais como notas fiscais, contratos, termos de rescisão de contrato
de trabalho (em caso de verificação administrativa de crédito trabalhista,
etc.).
Caso o crédito esteja fundado em decisão judicial, deverá estar
demonstrado trânsito em julgado da decisão ou, ao menos, que contra a
mesma não é mais cabível recurso com efeito suspensivo. A decisão judicial
deve ser líquida ou liquidável por meros cálculos aritméticos (sem a
necessidade de procedimento de liquidação de sentença).

6.2. Limite de atualização dos créditos

O art. 9º II, da LRF impõe um limite temporal de atualização dos créditos


que constarão na relação de credores ou no quadro geral de credores que é a
data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, valendo
destacar que o parágrafo único do art. 12 da LRF impõe que o administrador
judicial instrua sua manifestação na verificação judicial de créditos com laudo

37
Agravo de instrumento – Recuperação judicial – Habilitação de crédito - Ausência de elementos que comprovem o
crédito que se pretende habilitar – Incidente que exige a certeza e liquidez do valor do crédito (artigo 9º, III, da Lei nº
11.101/05)– Precedentes jurisprudenciais – Decisão mantida - Recurso desprovido. (TJ-SP - AI:
22590841620208260000 SP 2259084-16.2020.8.26.0000, Relator: Maurício Pessoa, Data de Julgamento: 31/05/2021,
2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, Data de Publicação: 31/05/2021)

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elaborado por equipe especializada, que deverá apurar o crédito, observando-
se o marco temporal acima indicado de atualização, bem como os critérios
contratuais ou legais de atualização, o que é recomendável também para a
fase administrativa.

6.3. Relatório de análise da verificação administrativa

O art. 7º, §2º da LRF não possui uma previsão de RESPOSTA FORMAL do
administrador judicial em relação à análise das divergências e habilitações
administrativas que lhe são apresentadas, restringindo-se a estabelecer que
o resultado deverá ser apresentado em 45 dias após o fim dos prazos de
divergência/habilitação, através de relação de credores a ser publicada. Tal
dinâmica de consolidação da relação de credores do art. 7º, §2º faz surgir
dúvidas nos credores em relação aos critérios adotados na apuração do
administrador judicial.
Por essa razão e a fim de se conferir celeridade e transparência à
recuperação judicial, o Conselho Nacional de Justiça editou a Recomendação
nº 72/2020, adotada pelo TJERJ através do Aviso 74/2020, que orienta os juízes
a determinarem aos administradores judiciais que apresentem, ao final da
fase administrativa de verificação de créditos, o RELATÓRIO DA FASE
ADMINISTRATIVA, contendo o resumo das análises feitas para a elaboração da
relação de credores e as seguintes informações mínimas:
I – relação dos credores que apresentaram divergências ou
habilitações de créditos na forma art. 7o, § 1o , da Lei no
11.101/2005, indicando seus nomes completos ou razões sociais e
números de inscrição no CPF/MF ou CNPJ/MF;
II – valores dos créditos indicados pela recuperanda, na forma do art.
52, § 1º, da Lei n o 11.101/2005; valores apontados pelos credores
em suas respectivas divergências ou habilitações; e valores finais
encontrados pelo AJ que constarão do edital;
III – indicação do resultado de cada divergência e habilitação após a
análise do administrador judicial, com a exposição sucinta dos
fundamentos para a rejeição ou acolhimento de cada pedido; e

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IV – explicação sucinta para a manutenção no edital do
Administrador Judicial daqueles credores que foram relacionados
pela recuperanda na relação nominal de credores de que trata o art.
51, II, da Lei no 11.101/2005.

O RELATÓRIO DA FASE ADMINISTRATIVA deve ser protocolado nos autos


da recuperação judicial e disponibilizado no site do administrador judicial,
onde também deverá estar disponível para acesso a relação de credores (§3º
e §4º, do art. 1º da Recomendação 72/2020).
A relação de credores a ser elaborada pelo administrador judicial deve
conter o nome do credor, sua respectiva classificação e o valor do seu crédito,
devendo ser conferida ampla divulgação à mesma, não só através da
publicação do edital no DJE, como através de sua disponibilização no site do
administrador judicial (art. 191, LRF), observando-se ainda as normas
regimentais e organizacionais quanto à necessidade de disponibilização da
relação no site dos tribunais38.
Em que pese o artigo 99, III, da LRF dispor que a sentença que decretar
a falência determinará que o falido apresente sua relação nominal de
credores, a atuação prática demonstra que tal disposição dificilmente é
cumprida, o que faz gerar um cenário de dúvida em relação à fase
administrativa de verificação de créditos na falência, já que o início da mesma
pressupõe a publicação do edital do artigo 99, parágrafo único (atual §1º39) da
LRF e este edital pressupõe que a relação de credores tenha sido apresentada
pelo falido. Na prática, muitos administradores judiciais acabam elaborando a
relação de credores do falido, a partir da documentação constante nos autos
e arrecadadas na sede do falido, bem como o resultado das certidões de
protesto requeridas pelo juízo falimentar. A partir de tal relação se publica o
edital do art. 99, §1º da LRF, instaurando-se a fase administrativa de
verificação de créditos da falência.

6.4. Manifestação na verificação judicial

38
http://www.tjrj.jus.br/web/guest/consultas/relacao-nominal-de-credores
39
Apesar de a Lei 14.112/20 ter incluído dois novos parágrafos ao art. 99, a redação do art. 7º, §1º foi mantida fazendo-
se referência ao parágrafo único do artigo 99, quando, em verdade, deverão referir-se ao §1º.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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Nos termos do art. 12, da LRF, o administrador judicial terá o prazo de
05 dias, após a oitiva do devedor e do Comitê de Credores (se houver), para
apresentar sua manifestação em relação à impugnação/habilitação judicial de
crédito, “devendo juntar à sua manifestação o laudo elaborado pelo
profissional ou empresa especializada, se for o caso, e todas as informações
existentes nos livros fiscais e demais documentos do devedor acerca do
crédito, constante ou não da relação de credores, objeto da impugnação”.
Assim como na análise administrativa, a manifestação do administrador
judicial na fase judicial deve expor com clareza os fundamentos do seu
convencimento e o enfrentamento dos pontos abordados pelas partes. Após a
manifestação do administrador judicial, o processo seguirá para a conclusão
do juiz, que o decidirá nos termos do art. 15 da LRF.

6.5. Consolidação do quadro geral de credores – QGC

De acordo com o art. 10, §7º, da LRF, o QGC será formado com o
julgamento das impugnações tempestivas e com as habilitações e
impugnações retardatárias decididas até o momento da sua formação, sendo
o administrador judicial o responsável pela consolidação do QGC (art. 18).
A base de formação do QGC é a relação de credores do art. 7º,§2º, que
será alterada conforme o resultado das habilitações/impugnações julgados
(art. 16). Caso não haja impugnação, aquela relação de credores será
homologada como QGC, observando-se as disposições do ICCP (art. 14).
O QGC será assinado pelo administrador judicial e pelo juiz e conterá o
nome dos credores, a classe dos créditos e seu valor atualizado até a data do
pedido de recuperação judicial ou decretação da falência, sendo juntado aos
autos e publicado no DJE.
De acordo com o art. 10, §9º “a recuperação judicial poderá ser
encerrada ainda que não tenha havido a consolidação definitiva do quadro-
geral de credores, hipótese em que as ações incidentais de habilitação e de
impugnação retardatárias serão redistribuídas ao juízo da recuperação judicial
como ações autônomas e observarão o rito comum”. Um ponto de debate é

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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saber se, para o encerramento da recuperação judicial ou como decorrência
de tal ato e do relatório do art. 63, III, LRF, deve o administrador realizar uma
consolidação “não definitiva” ou “parcial” do QGC, observando-se as
premissas do §7º do art. 10.
Para fins de rateio na falência, o artigo 16 estabelece a necessidade de
formação do QGC, regulando as circunstâncias de reserva de valor
controvertido.
Registre-se que a homologação do quadro geral pelo juiz não impede
sua posterior alteração até o fim da recuperação judicial, através de
retificação, exclusão ou inclusão de algum crédito, estando legitimados para
tal requerimento o administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o
representante do Ministério Público, conforme artigo 19 da LRF. Segundo a
doutrina, litteris:

“Trata-se de ação de finalidade rescisória, tendo por objeto créditos


admitidos ao concurso, vale dizer, incluídos no quadro geral de credores,
homologado pelo juiz. Os motivos que podem ensejar a ação são
necessariamente contemporâneos ou anteriores à formação do Quadro-
Geral de Credores, muito embora sua revelação somente se dê a
posteriori, com a descoberta de vícios (falsidade, dolo, simulação,
fraude, erro essencial) ou de documentos ignorados à época do
julgamento do crédito ou da impugnação, ou de sua inclusão no Quadro-
Geral de Credores. Não são admitidas outras bases para a ação de que
trata este artigo, como, por exemplo, possíveis irregularidades ocorridas
após a homologação do Quadro-Geral de Credores ou documentos
gerados após esse momento – para essas hipóteses podem caber outros
procedimentos corretivos, inclusive recursais, mas certamente não a
ação de rescisão40.

7. CONCLUSÃO

A LRF não pôde prever, como realmente não o fez, todas as situações
que permeiam os procedimentos de verificação de créditos. Assim, coube à

40
GUERREIRO, José Alexandre Tavares – Seção II “Da verificação e habilitação dos créditos”- In: SATIRO
Francisco e PITOMBO, Sergio (coord.)- Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falências, p.160 e 161.

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abalizada doutrina, e a atuante jurisprudência preencher as lacunas e dirimir
as incertezas.
Nesta toada, o administrador judicial não deve ser tão somente um
conhecedor da letra fria da lei, mas sim, um agente capacitado e atualizado
com os hodiernos entendimentos jurisprudenciais e suas constantes
modificações e modulações e, mais ainda, deve possuir conhecimento
multidisciplinar, ou equipe habilitada para tanto, na matéria do Direito
Insolvencial e correlatos (ex vi, Direito Societário, Direito Civil dentre outros)
e, também, na seara Contábil e de Economia.
Em conclusão, a aula a ser ministrada terá como objetivo trazer uma
elucidação sob o aspecto eminentemente prático da matéria com aplicação
concreta e testada da LRF frente a uma gama enorme de casos com suas
especificidades, e a forma encontrada para a sua solução, razão pela qual foi
dado ênfase no presente resumo à compilação da doutrina sobre o tema e
para servir de ajuda no aprofundamento e debate conjunto do tema que,
decerto, trará bons frutos a todos.

8. REFERÊNCIAS

ALTEMANI, Renato Lisboa e SILVA, Ricardo Alexandre da. Manual da verificação


e habilitação de créditos na Lei de Falências e Recuperação de Empreas. São
Paulo: Quartier Latin, 2006.

AYOUB, Luiz Roberto e CAVALLI, Cássio. A construção jurisprudencial da


recuperação judicial de empresas. 3ªed. ver. atual. e ampl. p. 218/219. Rio de
Janeiro: Forense, 2017.

BEZERRA FILHO, Manoel Justino. SANTOS. Eronides A. Rodrigues (coautoria


especial). Lei de Recuperação de Empresas e Falência – Lei 11.101/2005
Comentada artigo por artigo. 15 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2021.

CAMPINHO, Sergio. Curso de direito comercial: falência e recuperação de


empresa. 10.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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COELHO, Fabio Ulhoa. Comentários à Lei de Falências e Recuperação de
Empresas. 15.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais.

COSTA, Daniel Carnio. MELO, Alexandre Nasser de. Comentários à lei de


recuperação de empresas e falência. Curitiba: Juruá, 2021.

FONSECA, Geraldo. Reforma da lei de recuperação judicial e falência –


Comentada e comparada. Rio de Janeiro: Forense, 2021.

SACRAMONE, Marcelo Barbosa. Comentários à lei de recuperação de empresas


e falência. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

SALOMÃO, Luis Felipe; SANTOS, Paulo Penalva. Recuperação Judicial,


Extrajudicial e Falência – Teoria e Prática. 6.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021.

SCALZILLI, João Pedro. SPINELLI, Luis Felipe. TELLECHEA, Rodrigo.


Recuperação de Empresas e falência: teoria e prática na Lei 11.101/205. 3 ed.
rev., atual. e ampl. São Paulo: Almedina, 2018.

AULA 17
Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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PROF. MAURO TEIXEIRA DE FARIA

Fiscalização do cumprimento do plano recuperacional.


Relatórios mensais após a aprovação do plano. Parecer
final da execução do plano. Extinção da recuperação
judicial e seus efeitos. Descumprimento do plano
recuperacional e suas consequências. A conversão da
recuperação judicial em falência. A natureza dos créditos
contraídos durante a recuperação judicial para os efeitos
da falência.

AULA 17- PROF. MAURO TEIXEIRA DE FARIA

Fiscalização do Cumprimento do Plano de Recuperação Judicial.

Fiscalização feita pelo Administrador Judicial (art. 61 da Lei


11.101/2005).
Biênio de fiscalização iniciado logo após a concessão da Recuperação
Judicial, não dependendo mais do período de carência.
Possibilidade de execuções individuais após o período.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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Relatórios Mensais após a Aprovação do Plano.

Relatório Específico sobre o Plano de Recuperação Judicial (alínea h,


inciso II do art. 22 da Lei 11.101/2005).
Fiscalização da veracidade e a conformidade das informações prestadas
pelo devedor, além de informação sobre eventual ocorrência das condutas
previstas no art. 64 da Lei 11.101/2005.

Parecer Final da Execução do Plano.

Relatório circunstanciado do Administrador Judicial sobre a execução do


plano de recuperação pelo devedor.
Consequência do encerramento da Recuperação Judicial.

Encerramento da Recuperação Judicial e seus efeitos.

Determinado após o período de fiscalização do art. 61.


Efeitos legais (art. 63 da Lei 11.101/2005).
O encerramento da Recuperação Judicial não dependerá da
consolidação do quadro geral de credores.

Descumprimento do Plano Recuperacional e seus efeitos.

O descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará


a convolação da recuperação em falência (§ 1º, art. 61 da Lei 11.101/2005).
Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e
garantias nas condições originalmente contratadas (§ 2º, art. 61 da Lei
11.101/2005).
Convolação da Recuperação Judicial em falência. Demais causas legais.

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A Natureza dos Créditos Contraídos durante a Recuperação Judicial para os
Efeitos da Falência.

As obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a


recuperação judicial serão consideradas créditos extraconcursais e serão
pagos com precedência (art. 84 e 67 da Lei 11.101/2005).

Slide 1

CURSO ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL


Prof.: Mauro Teixeira de Faria
maurotfaria@gmail.com

Slide 2

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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Fiscalização do Cumprimento do
Plano de Recuperação Judicial.

Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar
a manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas
todas as obrigações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois)
anos depois da concessão da recuperação judicial, independentemente do
eventual período de carência.

• Biênio de fiscalização pelo Administrador Judicial iniciado logo


após a concessão da RJ, não dependendo mais do período de
carência.

Slide 3

Possibilidade de execução pelos


credores após 2 anos

Art. 62. Após o período previsto no art. 61 desta Lei, no caso


de descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano
de recuperação judicial, qualquer credor poderá requerer a
execução específica ou a falência com base no art. 94 desta
Lei.

Slide 4

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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Relatórios Mensais do AJ após a
Aprovação do Plano
Art. 22, Inciso II (Funções do Administrador Judicial na RJ):
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das
atividades do devedor, fiscalizando a veracidade e a conformidade das
informações prestadas pelo devedor;
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de
que trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei;
h) apresentar, para juntada aos autos, e publicar no endereço eletrônico
específico relatório mensal das atividades do devedor e relatório sobre o
plano de recuperação judicial, no prazo de até 15 (quinze) dias contado da
apresentação do plano, fiscalizando a veracidade e a conformidade das
informações prestadas pelo devedor, além de informar eventual
ocorrência das condutas previstas no art. 64 desta Lei;

Slide 5

Parecer Final da Execução do


Plano.

Art. 63. Cumpridas as obrigações vencidas no prazo previsto no


caput do art. 61 desta Lei, o juiz decretará por sentença o
encerramento da recuperação judicial e determinará:

III – a apresentação de relatório circunstanciado do administrador


judicial, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, versando sobre a
execução do plano de recuperação pelo devedor;

Slide 6

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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Encerramento da Recuperação
Judicial e seus efeitos
Art. 63. Cumpridas as obrigações vencidas no prazo previsto no caput do art. 61 desta Lei,
o juiz decretará por sentença o encerramento da recuperação judicial e determinará:
I – o pagamento do saldo de honorários ao administrador judicial, somente podendo
efetuar a quitação dessas obrigações mediante prestação de contas, no prazo de 30
(trinta) dias, e aprovação do relatório previsto no inciso III do caput deste artigo;
II – a apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas;
III – a apresentação de relatório circunstanciado do administrador judicial, no prazo
máximo de 15 (quinze) dias, versando sobre a execução do plano de recuperação pelo
devedor;
IV – a dissolução do Comitê de Credores e a exoneração do administrador judicial;
V - a comunicação ao Registro Público de Empresas e à Secretaria Especial da Receita
Federal do Brasil do Ministério da Economia para as providências cabíveis. Parágrafo único.
O encerramento da recuperação judicial não dependerá da consolidação do quadro-geral
de credores
Parágrafo único. O encerramento da recuperação judicial não dependerá da consolidação
do quadro-geral de credores

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Encerramento da Recuperação
Judicial e seus efeitos

• O encerramento do procedimento recuperacional afasta a necessidade de inclusão do


termo “em recuperação judicial” no nome empresarial das empresas, o que gera
repercussões para os devedores e para o mercado em si, de uma maneira geral. Afasta a
dificuldade dos devedores para obter novos créditos junto às instituições financeiras,
para aportar novos investimentos e para negociar com fornecedores e clientes. Também
lhe será permitido alienar e onerar bens sem autorização judicial.

• O encerramento não afetará o cumprimento do plano: com as alterações da Lei


14.112/2020, o recebimento dos créditos está vinculado à execução do plano e não à
existência do processo de recuperação judicial (parágrafo único, art. 63 da Lei
11.101/2005).

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Descumprimento do Plano
Recuperacional e seus efeitos

Art. 61
§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o
descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano
acarretará a convolação da recuperação em falência, nos termos do
art. 73 desta Lei.
§ 2º Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus
direitos e garantias nas condições originalmente contratadas,
deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos
validamente praticados no âmbito da recuperação judicial

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Convolação da Recuperação
Judicial em Falência
• Quando a Recuperanda não apresenta o plano de recuperação judicial no
prazo estabelecido (art. 53)
• Por deliberação da assembleia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei
(Inciso I, art. 73)
• Pela rejeição do plano de recuperação judicial pelos credores em assembleia
(§§ 4º, 5º, 6º e 8º do art. 55 e § 2º, do art. 69-L);
• Por descumprimento das obrigações assumidas no plano (§ 1º, art. 61).
• Por descumprimento dos parcelamentos referidos no art. 68 desta Lei ou da
transação prevista no art. 10-C da Lei nº 10.522, (Inciso V, art. 73)
• Quando identificado o esvaziamento patrimonial da devedora que implique
liquidação substancial da empresa, em prejuízo de credores não sujeitos à
recuperação judicial, inclusive as Fazendas Públicas (Inciso VI, art. 73)
• Por inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos
termos dos incisos I ou II do caput do art. 94 desta Lei, ou por prática de ato
previsto no inciso III do caput do art. 94 desta Lei (§ 1º, art. 73).

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A Natureza dos Créditos Contraídos


durante a Recuperação Judicial para
os Efeitos da Falência
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com
precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir,
aqueles relativos:
I-E - às obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a
recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da
falência;
Art. 67. Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante
a recuperação judicial, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores
de bens ou serviços e contratos de mútuo, serão considerados extraconcursais,
em caso de decretação de falência, respeitada, no que couber, a ordem
estabelecida no art. 83 desta Lei.

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Contato:

Em caso de dúvidas:
maurotfaria@gmail.com

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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AULA 18

PROF. SIMONE GANTOIS

Preparação e condução da assembleia geral de credores.


Aprovação e rejeição do plano e suas consequências. O
controle de legalidade do plano pelo Administrador Judicial
e pelo Juízo.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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AULA 18 – PROF. SIMONE GANTOIS

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Assembleia Geral de Credores


na Recuperação Judicial

Professora: Simone Menezes Gantois

@sigantois
Pitadas de Direito Empresarial (Spotify, Itunes, Deezer, Google Podcast)

Simone Gantois

Slide 2

ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES


NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Preparação e condução da Assembleia Geral


de Credores.

Objeções ao Plano de Recuperação


Judicial.
Convocação de Assembleia Geral de
Credores (art. 56 da Lei nº 11.101/05).
Procedimentos para convocação da
Assembleia (art. 36 da Lei nº 11.101/05).

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Slide 3

Representação de credores §4º, 5º e


6º, art. 37 da Lei nº 11.101/05).

Possível substituição por termos de


adesão (§4º, art. 39 da Lei nº
11.101/05).

Slide 4

APROVAÇÃO E REJEIÇÃO DO
PLANO E SUAS CONSEQUÊNCIAS.

Quórum para aprovação de propostas (art.


42 da Lei nº 11.101/2005).

Quórum para aprovação do Plano de


Recuperação Judicial (art. 45 da Lei nº
11.101/2005).

Consequências da rejeição do Plano de


Recuperação Judicial (art. 73, III; art. 56, § 4º
da Lei nº 11.101/2005).

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Slide 5

Possibilidade de Apresentação de
Plano Alternativo pelos Credores.

Cram down (art. 58, §1º da Lei nº


11.101/20).

Slide 6

CONTROLE DE
LEGALIDADE DO PLANO

Análise de legalidade x Análise


de viabilidade econômica

Juízo

Administrador Judicial

Ministério Público

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AULA 19

PROF. THALITA ALMEIDA

Casos concretos I: Possibilidade do litisconsórcio ativo na


recuperação judicial. A apresentação de plano de
recuperação único ou individualizado por empresas
(consolidação substancial e consolidação processual).
Recuperação judicial de empresas transnacionais. Casos:
OGX, OSX, 7 Brasil e OI.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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AULA 19 – PROF. THALITA ALMEIDA

1. POSSIBILIDADE DO LITISCONSÓRCIO ATIVO NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

Antes da promulgação da Lei n. 14.112/2020, que se prestou a sanar


significativas omissões quanto aos processos de recuperação judicial
requeridos em litisconsórcio, o ordenamento jurídico brasileiro já admitia o
processamento de pedidos de recuperação judicial em litisconsórcio
(consolidação processual i). Permitia, ainda, em determinados casos, que as
Recuperandas promovessem a unificação de ativos e passivos das
sociedades integrantes do mesmo grupo econômico de fato ou de direito
(consolidação substancial) como medida de enfrentamento da crise do grupo.
A omissão restou resolvida com a inserção da seção IV-B na Lei nº
11.101/2005, com a inserção do arts. 69-G a 69-L no capítulo da Consolidação
Processual e da Consolidação Substancial.
Referido expediente, no entanto, sempre levantou arguições e
recursos manejados pelos credores envolvidos na recuperação judicial,
sobretudo pela falta de uniformização dos critérios para aplicação da
consolidação substancial e pela indefinição quanto a quem competia decidir
pela consolidação, isto é: a decisão acerca da consolidação substancial cabia
ao juízo recuperacional ou aos credores?
A jurisprudência resolveu pontualmente a questão criando critérios
para autorizar ou rejeitar a consolidação processual e substancial.
A admissão de pedidos de recuperação judicial em litisconsórcio com a
consolidação de passivos e ativos, por meio da qual se permite ao devedor
reestruturar a empresa unindo patrimônios entre integrantes de um mesmo
grupo endereça, sem dúvida, a solução que viabiliza a recuperação
perseguida.

1.1. Necessários esclarecimentos terminológicos: Grupo societário X Grupo


empresarial
Os grupos societários ou de direito são aqueles formalmente
constituídos, isto é, aqueles que se constituem por meio da celebração de uma
convenção na qual são disciplinadas as relações entre as sociedades que o

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compõem, conforme previsto na Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades
Anônimas – “LSA”), especificamente nos artigos 265 ii e 266iii.
O grupo econômico se configura na ocasião em que duas ou mais
sociedades empresárias atuam de forma coordenada, ou seja, perseguem
objetivos comuns; possuem controle comum; ou quando uma se subordina
aos interesses da outra.

1.2 Consolidação processual

As inovações trazidas pela Lei nº 14.112/2020 para integrantes de grupo


societário podem ser lidas no art. 69-G:
“Art. 69-G. Os devedores que atendam aos requisitos previstos nesta Lei
e que integrem grupo sob controle societário comum poderão requerer
recuperação judicial sob consolidação processual”.

1.3 O posicionamento inicial dos tribunais

Interessa analisar o posicionamento da jurisprudência que antes de


começar a ceder apresentou certa resistência aos pedidos:

Agravo de instrumento. Recuperação judicial requerida em


litisconsórcio por duas sociedades empresárias distintas, cada uma
delas com sede social em comarcas diversas. Alegação de serem
integrantes do mesmo grupo econômico. Decisão que determina a
emenda da inicial em razão da inviabilidade do litisconsórcio ativo.
Natureza contratual da recuperação judicial que impõe se facilite a
presença dos credores na assembleia geral para examinar o plano da
devedora. A distância entre os estabelecimentos principais das
empresas requerentes causa dificuldades incontornáveis à
participação dos credores, notadamente os trabalhadores, nos
conclaves assembleares realizados em comarcas distinta. Princípio da
preservação da empresa e da proteção aos trabalhadores, ambos de
estatura constitucional que, se em conflito, elevem ser objeto de
ponderação para a prevalência do mais importante. Tutela dos
trabalhadores em razão da hipossuficiência. Manutenção da decisão
que repeliu a possibilidade do litisconsórcio ativo no caso vertente,
mantida a possibilidade da emenda da inicial para que cada uma das
empresas requeira a medida recuperatória individualmente, observada
a regra da competência absoluta do art. 3º, da LRF. Precedente da
Câmara." (AI n. 0346981-05.2009.8.26.0000, Rel. Des. Pereira Calças,
j. em 15.9.2009)

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Superada a resistência inicial, passou-se a observar uma fase de maior
consolidação e dos pedidos de recuperação judicial em litisconsórcio:

Recuperação judicial. Litisconsórcio ativo. Duas empresas que


constituem um grupo econômico de fato e familiar, instaladas no
mesmo local, e com Plano de Recuperação Judicial já apresentado e
que considerou as empresas como constituindo o Grupo Delta, com
unificação de quadros e de todos os processos administrativos e
industriais, prevendo-se, expressamente, na cláusula 10.3,que, nos
termos do inciso II do art. 50 da Lei 11.101/05, no curso da recuperação
judicial, sofrerão as empresas processo de fusão, com a possibilidade
da cessão de cotas do capital social da empresa resultante do
processo. Ademais, processamento em litisconsórcio ativo já deferido
a mais de um ano. Agravo de instrumento provido. (TJ-SP - AI:
990101887550 SP, Relator: Romeu Ricupero, Data de Julgamento:
19/10/2010, Câmara Reservada à Falência e Recuperação, Data de
Publicação: 28/10/2010)

Por fim, pode-se considerar que a questão restou relativamente bem


superada com a pacificação da jurisprudência em relação aos pedidos de
litisconsórcio:

Recuperação judicial - Decisão que indeferiu o aditamento da inicial,


para inclusão de pessoa jurídica do mesmo grupo econômico, para o
processamento da recuperação, [...] Viabilidade processual do
litisconsórcio ativo, para os casos de recuperação judicial pleiteada por
sociedades que integram mesmo grupo econômico - A pretensão de
liberação dos valores constritos deverá ser submetida à apreciação do
Juízo a quo, para que não haja supressão de instância - Decisão
reformada - Recurso provido em parte, com observação. (TJ-SP - AI:
21978215120188260000 SP 2197821-51.2018.8.26.0000, Relator:
Grava Brazil, Data de Julgamento: 04/02/2019, 2ª Câmara Reservada
de Direito Empresarial, Data de Publicação: 13/02/2019)

1.4 Litisconsórcio ativo facultativo X Litisconsórcio necessário para o devedor

Há que se analisar e reconhecer o que caracteriza o litisconsórcio


facultativo cuja iniciativa do pedido parte do próprio devedor e é admissível
mesmo quando não há configurada confusão patrimonial entre as requentes:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESPACHO QUE


DEFERIU O PROCESSAMENTO DO PEDIDO DE RECUPERAÇÃO DA
AGRAVADA. [...]. ALEGAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. LITISCONSÓRCIO
ATIVO FACULTATIVO. 2. No caso de grupo de sociedades, não há na Lei
previsão que obrigue a presença de todas as sociedades empresárias
integrantes do grupo no processo de recuperação judicial, que pode
abranger uma ou algumas delas; ou seja, o litisconsórcio ativo da
recuperação judicial será facultativo, constituindo-se de acordo com a
vontade das partes. [...] AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E

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DESPROVIDO. (TJ-GO - AI: 04909461220188090000, Relator:
GUILHERME GUTEMBERG ISAC PINTO, Data de Julgamento: 26/04/2019,
5ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 26/04/2019)

De outro lado, a medida se torna necessária quando for constatada a


existência de confusão patrimonial entre as sociedades empresárias, podendo
ensejar, inclusive, a inclusão de uma sociedade empresária no polo ativo da
medida:

Recuperação judicial. Decisão determinando a inclusão de empresa do


mesmo grupo econômico no polo ativo da demanda. Agravo de
instrumento da recuperanda cuja inclusão se determinou. Hipótese dos
autos em que a consolidação substancial, efetivamente, se justifica,
dada a demonstração de confusão patrimonial e da existência de
movimentação de recursos entre as empresas. Com efeito, a
consolidação substancial é obrigatória, e deve ser determinada pelo
juiz, "após a apuração de dados que indiquem disfunção societária na
condução dos negócios das sociedades grupadas, normalmente
identificada em período anterior ao pedido de recuperação judicial."
(SHEILA C. NEDER CEREZETTI). Decisão agravada confirmada. Agravo
de instrumento desprovido. (TJ-SP - AI: 20506627020198260000 SP
2050662-70.2019.8.26.0000, Relator: Cesar Ciampolini, Data de
Julgamento: 07/08/2019, 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial,
Data de Publicação: 08/08/2019)

2. A APRESENTAÇÃO DE PLANO DE RECUPERAÇÃO ÚNICO OU INDIVIDUALIZADO


POR EMPRESÁRIO (CONSOLIDAÇÃO SUBSTANCIAL E CONSOLIDAÇÃO
PROCESSUAL)

Em determinadas hipóteses, a mera consolidação processual se mostrou


insuficiente para viabilizar a efetiva recuperação e soerguimento da atividade,
marcadamente quando diferentes sociedades empresárias possuem garantias
cruzadas, isto é, as sociedades se obrigam como devedoras solidárias da
mesma dívida.
Nessas hipóteses, apresenta-se como solução ideal a reunião de ativos
e passivos de todas as sociedades empresárias do grupo, com a apresentação
de um único plano de recuperação judicial. iv

Além da possibilidade de se apresentar plano único v, o que ocorre em


benefício da exequibilidade e cumprimento do plano por parte dos devedores
em recuperação judicial, também há a possibilidade de se apresentar plano
individualizadovi, quando a pretensão é apenas de se promover consolidação

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processual do pedido de recuperação judicial em litisconsórcio, respeitando a
autonomia patrimonial de cada sociedade empresária. Além disso, é
necessário considerar a preservação dos interesses dos credores que, no
momento de contratar com determinada sociedade empresária, analisam os
riscos envolvidos e podem reclamar – justificadamente – estar havendo o
esvaziamento dos ativos de uma sociedade empresária em benefício de outra
(“cobertor curto”)vii.

2.1 A Consolidação processual e substancial após a reforma da Lei nº


14.112/2020

• Legitimidadeviii;
• Documentação: necessário atendimento por cada um dos
requerentesix;
• Competênciax
• Administrador Judicial únicoxi;
• Concentração de atos processuais: Efeitos da consolidação
processual;xii
• Plano único (69-I, §1ºxiii) x Plano Unitário (69-Lxiv);
• Assembleia-geral de credores realizadas de forma independente e
Quórum individualxv.
• Resultados independentesxvi, sendo possível determinar a convolação
da RJ em falência de alguns dos devedores em consolidação processual;
• Consolidação determinada pelo juízo recuperacional sem deliberação
de credoresxvii;
• Efeitos patrimoniais da consolidação substancial para devedores e
credoresxviii;
• Plano único para todas as recuperandas e deliberação única pelos
credoresxix.

3. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE SOCIEDADES EMPRESÁRIAS TRANSNACIONAIS.


CASOS: OGX, OSX, 7 Brasil e OI.

Atualização: 21/06/2022 Revisão: 00

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Conforme se verifica das decisões proferidas no ano de 2013 (OGX) e
2017 (7 Brasil), o juízo singular indeferiu a formação de litisconsórcio entre
sociedades nacionais e estrangeiras, ao passo que no processamento do
pedido de recuperação judicial da OI S.A. (2016), fundamentando sua decisão
com base no julgado criado na recuperação OGX Petróleo e Gás Participações
S.A e outras e apoiado pelo Ministério Público, deferiu de plano o
processamento da recuperação judicial formulado pela OI S.A., em
litisconsórcio com as companhias estrangeiras integrantes do autodeclarado
grupo econômico.
Nesta seção será verificada a evolução do tratamento que se conferiu
ao pedido de recuperação judicial formado por litisconsórcio entre sociedades
nacionais e estrangeiras, antes da entrada em vigor do capítulo que rege a
insolvência transnacional e introduzido na reforma da Lei nº 14.112/2020. Os
pedidos de recuperação judicial em consolidação processual eleitos para
análise seguem adiante detalhados:

3.1 Recuperação Judicial OGX Petróleo e Gás Participações S.A e outras. xx

Teve seu processamento deferido em 21 de novembro de 2013 e


indeferido o pedido de formação de litisconsórcio entre sociedades nacionais
e estrangeirasxxi. Referida decisão restou reformada em 03 de dezembro de
2013 pela Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do estado do Rio de
Janeiroxxii.

3.2 Recuperação Judicial da OSX Brasil S.A.xxiii

Teve seu processamento deferido em 25 de novembro de 2013 xxiv,


ocasião em que foi deferido o pedido de processamento do pedido em
litisconsórcio de sociedades nacionais com apresentação de planos de
recuperação judiciais individualizados.

3.3 Recuperação Judicial Sete Brasil Participações S.A e outrasxxv

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Teve seu processamento deferido em 13 de junho de 2016, ocasião em
que foi indeferido o pedido de formação do litisconsórcio entre sociedades
nacionais e estrangeirasxxvi. Referida decisão restou reformada em 7 de
fevereiro de 2017 pela Vigésima Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça
do estado do Rio de Janeiroxxvii.

3.4 Recuperação Judicial OI S.A. e outras xxviii

Teve seu processamento deferido em 29 de junho de 2016 xxix, ocasião


em que foi deferida a formação do litisconsórcio entre sociedades nacionais e
estrangeiras

i
Sobre o tema é pertinente o comentário do Professor Marcelo Barbosa Sacramone quanto a consolidação
processual (2021, p. 378):
O litisconsórcio ativo entre os integrantes de grupos empresariais preenche os requisitos legais e assegura que os
empresários possam litigar em conjunto. Entre os integrantes do grupo poderá haver comunhão de direitos ou
obrigações, a recuperação judicial pretendida poderia ser necessária para estruturar todo o grupo e a causa da crise
econômico-financeira que acomete cada um dos devedores poderá ser, inclusive, comum. A possibilidade de litigar
conjuntamente no mesmo processo permite aos litisconsortes a economia processual, o impedimento de decisões
contraditórias e a tentativa de reestruturar todo o grupo econômico de forma harmônica.

ii
Art. 265. A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos termos deste Capítulo, grupo de
sociedades, mediante convenção pela qual se obriguem a combinar recursos ou esforços para a realização dos
respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimento comuns.
§ 1º A sociedade controladora, ou de comando do grupo, deve ser brasileira, e exercer, direta ou indiretamente, e
de modo permanente, o controle das sociedades filiadas, como titular de direitos de sócio ou acionista, ou mediante
acordo com outros sócios ou acionistas.
§ 2º A participação recíproca das sociedades do grupo obedecerá ao disposto no artigo 244.
iii
Art. 266. As relações entre as sociedades, a estrutura administrativa do grupo e a coordenação ou subordinação
dos administradores das sociedades filiadas serão estabelecidas na convenção do grupo, mas cada sociedade
conservará personalidade e patrimônios distintos.
iv
[...] A consolidação substancial consiste na utilização do patrimônio de todas as empresas pertencentes ao grupo
econômico para o pagamento de todos os credores do grupo econômico, desconsiderando-se a personalidade
jurídica ou a autonomia existencial de cada uma das empresas componentes do grupo econômico. [...] No direito
brasileiro, dá-se a consolidação substancial quando as empresas do grupo econômico se apresentam como um bloco
único de atuação e são vistas pelo mercado como uma unidade para fins de responsabilidade patrimonial,
observando-se confusão patrimonial e utilização abusiva da separação de personalidades jurídicas em prejuízo dos
credores. [...]SÃO PAULO. 1. Vara Empresarial. Recuperação judicial nº 1041383-05.2018.8.26.0100, Urbplan
Desenvolvimento Urbano S.a. e outras, Distribuição: 16 abr. 2018. Disponível em https://esaj.tjsp.jus.br/. Acesso em
13. Fev. 2022
v
Agravo de Instrumento. Direito Empresarial. Recuperação Judicial. Apresentação de plano de recuperação judicial
em separado. Não evidenciada a possibilidade de impor prejuízos aos credores. Manifestação dos 02 (dois) maiores
credores que estão de acordo com a apresentação de Plano conjunto. Agravantes que são empresas autônomas,

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com personalidade jurídica própria, no entanto, pertencem ao mesmo grupo econômico. Plano de recuperação
único que melhor viabiliza a alcance dos objetivos do instituto e atender à finalidade de evitar a falência. Provimento
do recurso. (TJRJ - AI: 0003950-90.2015.8.19.0000 , Relator: CARLOS EDUARDO MOREIRA DA SILVA, Data de
Julgamento: 17/03/2015, 22ª Câmara Cível
vi
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO. GRUPO
ECONÔMICO. LITISCONSÓRCIO ATIVO. APRESENTAÇÃO DE PLANO INDIVIDUALIZADO. [...]. 1. Necessida de de
apresentação de plano individualizado para cada uma das recuperandas, sobretudo diante da observância ao
princípio da pars conditio creditorum, a fim de preservar a votação somente pelos credores de cada empresa. [...]
(TJ-RS - AI: 70066202466 RS, Relator: Isabel Dias Almeida, Data de Julgamento: 11/11/2015, Quinta Câmara Cível,
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 13/11/2015)
vii
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LITISCONSÓRCIO ATIVO DEFERIDO. PLANO CONJUNTO.
INDEFERIMENTO. NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE PLANO INDIVIDUALIZADO A FIM DE EVITAR PREJUIZOS
AOS CREDORES DA RECUPERANDA. 1. A ação de recuperação judicial objetiva a criação de condições e
negociações entre o devedor e o conjunto de seus credores. Com isso se percebe que a fina lidade do Plano de
Recuperação judicial é restabelecer o equilíbrio financeiro da recuperanda, bem como para criar um ambiente de
negociação entre os credores. 2. O plano de Recuperação Judicial conjunto gera prejuízo aos credores, podendo
ocasionar confusão patrimonial entre as empresas recuperandas. Já o plano individualizado prioriza a igualdade
entre os credores da mesma classe, bem como mantém os votos em Assembléia somente dos credores de cada
empresa, indo ao encontro do princípio da pars conditio creditorum. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO.
[...] (TJ-RS - AI: 70076250448 RS, Relator: Lusmary Fatima Turelly da Silva, Data de Julgamento: 25/04/2018,
Quinta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 02/05/2018)
viii
Art. 69-G. Os devedores que atendam aos requisitos previstos nesta Lei e que integrem grupo sob controle
societário comum poderão requerer recuperação judicial sob consolidação processual.
ix
Art. 69-G [...] § 1º Cada devedor apresentará individualmente a documentação exigida no art. 51 desta Lei.
x
Art. 69-G [...] § 2º O juízo do local do principal estabelecimento entre os dos devedores é competente para deferir
a recuperação judicial sob consolidação processual, em observância ao disposto no art. 3º desta Lei.
xi
Art. 69-H. Na hipótese de a documentação de cada devedor ser considerada adequada, apenas um administrador
judicial será nomeado, observado o disposto na Seção III do Capítulo II desta Lei.
xii
Art. 69-I. A consolidação processual, prevista no art. 69-G desta Lei, acarreta a coordenação de atos processuais,
garantida a independência dos devedores, dos seus ativos e dos seus passivos.
xiii
Art. 69-I [...] § 1º Os devedores proporão meios de recuperação independentes e específicos para a composição
de seus passivos, admitida a sua apresentação em plano único.
xiv
Art. 69-L. Admitida a consolidação substancial, os devedores apresentarão plano unitário, que discriminará os
meios de recuperação a serem empregados e será submetido a uma assembleia-geral de credores para a qual serão
convocados os credores dos devedores.
xv
Art. 69-I [...] § 2º Os credores de cada devedor deliberarão em assembleias-gerais de credores independentes. [...]
§ 3º Os quóruns de instalação e de deliberação das assembleias-gerais de que trata o § 2º deste artigo serão
verificados, exclusivamente, em referência aos credores de cada devedor, e serão elaboradas atas para cada um dos
devedores.
xvi
Art. 69-I. (...) § 4º A consolidação processual não impede que alguns devedores obtenham a concessão da
recuperação judicial e outros tenham a falência decretada. § 5º Na hipótese prevista no § 4º deste artigo, o processo
será desmembrado em tantos processos quantos forem necessários.
xvii
Art. 69-J. O juiz poderá, de forma excepcional, independentemente da realização de assembleia-geral, autorizar
a consolidação substancial de ativos e passivos dos devedores integrantes do mesmo grupo econômico que estejam
em recuperação judicial sob consolidação processual, apenas quando constatar a interconexão e a confusão entre
ativos ou passivos dos devedores, de modo que não seja possível identificar a sua titularidade sem excessivo
dispêndio de tempo ou de recursos, cumulativamente com a ocorrência de, no mínimo, 2 (duas) das seguintes
hipóteses: I - existência de garantias cruzadas; II - relação de controle ou de dependência; III - identidade total ou
parcial do quadro societário; e IV - atuação conjunta no mercado entre os postulantes.

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xviii
Art. 69-K. Em decorrência da consolidação substancial, ativos e passivos de devedores serão tratados como se
pertencessem a um único devedor. § 1º A consolidação substancial acarretará a extinção imediata de garantias
fidejussórias e de créditos detidos por um devedor em face de outro. § 2º A consolidação substancial não impactará
a garantia real de nenhum credor, exceto mediante aprovação expressa do titular.
xix
Art. 69-L. Admitida a consolidação substancial, os devedores apresentarão plano unitário, que discriminará os
meios de recuperação a serem empregados e será submetido a uma assembleia-geral de credores para a qual serão
convocados os credores dos devedores. § 1º As regras sobre deliberação e homologação previstas nesta Lei serão
aplicadas à assembleia-geral de credores a que se refere o caput deste artigo. § 2º A rejeição do plano unitário de
que trata o caput deste artigo implicará a convolação da recuperação judicial em falência dos devedores sob
consolidação substancial.
xx
RIO DE JANEIRO. 4. Vara Empresarial. Recuperação judicial nº 0377620-56.2013.8.19.0001, OGX Petróleo e Gás
Participações S.A.e outras, Distribuição: 30 out. 2013. Disponível em http://www4.tjrj. jus.br. Acesso em 13. Fev.
2022
xxi
Decisão que deferiu o processamento da recuperação judicial: Trata-se de pedido de Recuperação Judicial
formulado por [1] OGX Petróleo e Gás Participações S.A., [2] OGX Petróleo e Gás S.A. [3] OGX Internacional GMBH
e [4] OGX Áustria GMBH, sociedades empresárias integrantes do mesmo grupo econômico que atuam de forma
interligada no mercado petrolífero, em 30/10/2013. Conforme se depreende dos fatos expostos, a OGX
Participações se trata de holding não operacional e é controladora da OGX Petróleo e Gás, empresa exploradora e
produtora; enquanto que a empresa OGX Participações é controladora da OGX Internacional que controla a empresa
OGX Áustria, sendo certo que as duas últimas foram criadas com o único objetivo de servirem de veículo para
obtenção de recursos junto a credores internacionais a fim de viabilizar as operações desenvolvidas no Brasil pela
OGX Petróleo e Gás. Conforme destacado no percuciente parecer elaborado pelo Ministério Público, a empresa
OGX Participações funciona como garantidora e devedora solidária das empresas controladas, bem como toda a
atividade operacional se desenvolve no Brasil em nome da OGX Petróleo e Gás, de modo que postularam os
requerentes que a cidade do Rio de Janeiro deva ser considerada como o ´local do principal estabelecimento do
devedor´, para fins de processamento da recuperação judicial das quatro sociedades empresárias requerentes, nos
termos do artigo 3.o da Lei de Falências e de Recuperação de Empresas. [...] Os princípios constitucionais são mais
do que normas, pois funcionam como verdadeiros vetores para soluções interpretativas. O caso vertente deve ser
analisado também sob o enfoque constitucional, a partir da ordem econômica com a observação da função social
da propriedade. Trata-se de questão fundamental, o enfoque da personalidade jurídica, sobre o qual mantém
suporte o direito empresarial, no processamento de um pedido de recuperação judicial das empresas requerentes.
A desconsideração da personalidade jurídica das empresas somente seria admissível em uma hipótese de
caracterização de abuso de poder, o que não se cogita na hipótese trazida a lume, nesta fase processual. Nesse
diapasão, vislumbra-se que somente sob esse fundamento se poderia acolher uma hipótese que pudesse atrair
uma empresa estrangeira para um litisconsórcio ativo de pedido de recuperação judicial em nosso país. Pelo que
se verifica da negociação engendrada no contexto das empresas requerentes, trata-se de um fato econômico
inquestionável que as operações financeiras das empresas estrangeiras se entrelaçam com as das empresas
nacionais, tal como se as empresas OGX Internacional GMBH e OGX Áustria GMBH fossem uma extensão das
empresas OGX Petróleo e Gás Participações S.A. e OGX Petróleo e Gás S.A., de molde inexorável. Entretanto, tal
negociação econômica carece de fundamento jurídico para se admitir a recuperação judicial em território nacional
de empresas sediadas na Áustria e na Holanda, por absoluta ausência de jurisdição. Para reforçar de forma
contundente a necessidade de observar a competência do Juízo do local do principal estabelecimento do devedor,
desde que haja jurisdição, verifica-se que as empresas OGX Internacional GMBH e OGX Áustria GMBH ganhariam
um contorno jurídico próprio, um verdadeiro limbo, na medida em que se faria um estudo individualizado do
patrimônio, capital de giro, créditos e débitos para a confecção do plano de pagamento a seus credores, com a
blindagem legal inerente, mas não haveria possibilidade jurídica de decretação da falência na hipótese de
descumprimento do plano de recuperação judicial, o que se configuraria um privilégio jurídico inaceitável. Deve
haver uma assunção do risco do negócio. Sem olvidar a possibilidade de submeter os credores às condições de
pagamento propostas em outro país, alterando substancialmente a relação jurídica, sob o enfoque de uma legislação
absolutamente diversa da qual foram contraídas as obrigações, impondo inequívoca insegurança jurídica. Nesse
sentido, existe precedente jurisprudencial do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em caráter de empresas
nacionais, a seguir colacionada: ´... Assinala-se, ainda, que a formação de grupos econômicos, prevista na Lei de
Sociedades Anônimas, dá-se mediante combinação de recursos ou esforços das sociedades envolvidas, tendo por
desiderato viabilizar a realização dos respectivos objetos, ou a participação em atividades ou empreendimentos
comuns. Em qualquer circunstância, entretanto, cada empresa conservará autonomamente sua personalidade e seu
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patrimônio, nos termos do artigo 266, do referido diploma legal. Tal autonomia, como assinalado, ganha relevância
no bojo de uma recuperação judicial. Nessa ordem de ideias, a responsabilização do grupo econômico por débito
assumido por um de seus integrantes demanda previsão legal específica, tal como na legislação trabalhista e
tributária, ou, mesmo, na civil, no caso de fraude, hipótese, inequivocamente, diversa da tratada nos autos. ...
(Agravo Regimental em REsp - GO - Relator Ministro Marco Buzzi, 22/03/2013)´ Quando se pretende dar um
tratamento para as empresas OGX Internacional GMBH e OGX Áustria GMBH como sendo um ativo das empresas
OGX Petróleo e Gás Participações S.A. e OGX Petróleo e Gás S.A., nada mais se estaria fazendo, por via oblíqua, do
que aplicar a teoria da desconsideração da personalidade jurídica naquelas empresas. Por conseguinte, estaria se
descaracterizando direitos e obrigações de empresas estrangeiras dotadas de personalidade jurídica própria,
contraídos sob a égide de um ordenamento jurídico estrangeiro e afrontando-se a teoria da personificação. O direito
pátrio não pode ser aplicado e muito menos a sua proteção jurídica pode ser concedida para uma empresa
chinesa, coreana, tailandesa, austríaca ou holandesa, sob pena de violação da soberania da legislação pátria
daqueles países ou absoluta inaplicabilidade sem o amparo legal. Tratar-se-ia de criar uma insegurança jurídica
perante credores internacionais que não poderiam ter um julgamento de seus créditos apreciados por nossa
legislação, ainda mais sem o amparo do nosso direito. Não se pode confundir a harmonização de processos de
falências de empresas que possuem ativos em diferentes jurisdições, o que encontra respaldo no chapter fifteen da
legislação americana de falência, com o processamento e julgamento de recuperação judicial de empresas
estrangeiras sem qualquer previsão legal. Na ausência de uma legislação nacional com essa previsão de
harmonização para falência de grandes empresas com ativos em diversos países, essa lacuna deverá ser suprida pela
atuação dos operadores do direito. Não atentar para esse aspecto, significa atentar contra a soberania das nações
e de suas legislações, o que ensejaria insegurança jurídica de contratos pactuados alhures, formando-se um cenário
negativo para os investimentos externos em nosso país. Sem embargo da decisão proferida, nada impede o
ajuizamento do Pedido de Chapter 15, de acordo com o Código de Falências Norte-Americano na Corte Distrital de
Nova York, por se tratar do foro de eleição nos negócios jurídicos pactuados com os credores das empresas OGX
Internacional GMBH e OGX Áustria GMBH, a partir do deferimento do processamento da recuperação judicial das
empresas OGX Petróleo e Gás Participações S.A. e OGX Petróleo e Gás S.A., demonstrando-se o risco de ação por
parte dos credores mencionados. Esse pedido de Chapter 15 do Bankrupty Code terá por objetivo conferir efeitos
ao plano de recuperação em território norte-americano, o que provavelmente ensejará sua admissão e
reconhecimento da ação proposta neste Juízo como principal processo de insolvência para fins da lei norte-
americana e concessão de assistência e cooperação da corte norte-americana ao Juízo da Recuperação Judicial. Essa
é a integração de legislação, harmonização de cooperação e respeito da soberania que se pode pretender para
salvaguardar a recuperação judicial das empresas OGX Petróleo e Gás Participações S.A. e OGX Petróleo e Gás S.A.
e o interesse na solução do adimplemento dos credores que investiram seu capital nas empresas OGX Internacional
GMBH e OGX Áustria GMBH, com a concessão eventual de suspensão de ações e execuções para a proteção
temporária dos ativos nos Estados Unidos, tudo com o fim precípuo de criar um ambiente propício aos investimentos
para implementar a produção de petróleo e gás das empresas em epígrafe. Com efeito, os sistemas recuperacionais
mundiais utilizam modelos que estendem à autoridade de uma decisão havida num país, a tantos outros,
objetivando garantir eficácia aos projetos de reorganização empresarial que, repita-se, encontram empresas
espalhadas por todo o mundo. Na hipótese, as empresas OGX Petróleo e Gás Participações S.A. e OGX Petróleo e
Gás S.A. abrangem um nicho de mercado com pesados investimentos de credores internacionais, centenas de
empregos, fornecedores de produtos e prestadores de serviços que desempenham importante função na
economia que são de enorme relevância para a sociedade. Ante o exposto, na forma do artigo 52 da Lei n.o
11.101/05, defere-se o processamento da recuperação judicial somente das empresas OGX Petróleo e Gás
Participações S.A. e OGX Petróleo e Gás S.A., sendo a primeira uma holding controladora e co-devedora da
segunda em relação a praticamente todo o passivo, devendo cada uma das recuperandas apresentar seu próprio
plano de recuperação judicial, mesmo que sejam idênticos ou interdependentes, e deverão ser analisados
separadamente por seus respectivos credores, com absoluto respeito à autonomia patrimonial de cada sociedade,
de tal sorte que deverão ser publicados quadros gerais de credores distintos para cada empresa. [...] Determina-
se, ainda, que as empresas OGX Petróleo e Gás Participações S.A. e OGX Petróleo e Gás S.A. acrescentem a expressão
´em recuperação judicial´ em sua denominação. Intimem-se.
xxii
Acórdão que reformou a decisão do juízo singular, deferimento o processamento em litisconsórcio das
sociedades empresárias austríacas e determinando determino o processamento conjunto da recuperação judicial
das agravantes em 02/12/2013:[...] 28. Destaque-se que a Lei de Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falência do
Empresário e da Sociedade Empresária é, atualmente, alvo de acirrado debate, no que concerne à necessidade de
reforma, a fim de que, dentre as alterações, passe a tratar da denominada “insolvência transnacional”, seguindo o
rumo das tendências legislativas internacionais, calcadas na cooperação e no diálogo entre os Juízes e Tribunais de

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diferentes Estados. 29. Assim, ponderando as alegações produzidas, bem como o fato de que a empresa não
interessa apenas ao seu titular (empresário), mas a diversos outros atores do palco econômico -trabalhadores,
investidores, fornecedores, instituições de crédito, Estado, e, em suma, agentes econômicos em geral-, restauro a
eficácia da decisão de fls. 100 a 102, pelos fundamentos aqui expostos, deferido o efeito suspensivo ativo, revogo a
interlocutória que rejeitou o pedido de recuperação judicial das sociedades empresárias austríacas e determino o
processamento conjunto da recuperação judicial das agravantes. 30. Oficie-se, de ordem, com o teor da presente,
dispensadas, neste caso, as informações. TJ-RJ- AI: 70076250448 RS, Relator: Gilberto Campista Guarino, Data de
Julgamento: 03/12/2013, Quarta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 05/12/2013
xxiii
RIO DE JANEIRO. 3. Vara Empresarial. Recuperação judicial nº 0392571-55.2013.8.19.0001, OSX Brasil S.A. e
outras, Distribuição: 12 nov. 2013. Disponível em http://www4.tjrj. jus.br. Acesso em 13. Fev. 2022
xxiv
Trata-se de pedido de Recuperação Judicial nos termos do artigo 51 da Lei 11.101/2005 formulado por OSX BRASIL
S.A., OSX CONSTRUÇÃO NAVAL S.A. e OSX SERVIÇOS OPERACIONAIS LTDA, na qual foi requerida sua distribuição por
dependência ao pedido de recuperação judicial impetrado pelas sociedades do grupo OGX Petróleo e Gás
Participações S.A., considerando sua posição creditícia extremamente relevante do Grupo OSX em face do Grupo
OGX na forma explicitada na inicial, sendo deferida a distribuição por dependência a fls.02. Documentos juntados
às fls. 34/136. As requerentes juntam documentos demonstrando bens e direitos dos sócios, que foram acautelados
em cartório e juntados por linha, conforme deferido às fls. 143, 145 e 147. O Ministério Público manifesta-se no
sentido de que todos os requisitos contábeis foram apresentados e apresentou seu parecer circunstanciado. Passa-
se a decidir. Os sistemas recuperacionais mundiais utilizam modelos que estendem à autoridade de uma decisão
havida num país a tantos outros, objetivando garantir eficácia aos projetos de reorganização empresarial que, repita-
se, encontram empresas espalhadas por todo o mundo. Na hipótese, as empresas OSX BRASIL S.A., OSX
CONSTRUÇÃO NAVAL S.A. e OSX SERVIÇOS OPERACIONAIS LTDA. abrangem um nicho de mercado com pesados
investimentos de credores internacionais, centenas de empregos, fornecedores de produtos e prestadores de
serviços que desempenham importante função na economia que são de enorme relevância para a sociedade. Ante
o exposto, na forma do artigo 52 da Lei n. 11.101/05, defere-se o processamento da recuperação judicial devendo
cada uma das recuperandas apresentar seu próprio plano de recuperação judicial, mesmo que sejam idênticos ou
interdependentes, e deverão ser analisados separadamente por seus respectivos credores, com absoluto respeito à
autonomia patrimonial de cada sociedade, de tal sorte que deverão ser publicados quadros gerais de credores
distintos para cada empresa. [...]
xxv
RIO DE JANEIRO. 3. Vara Empresarial. Recuperação judicial nº 0142307-13.2016.8.19.0001, Sete Brasil
Participações S.A e outras, Distribuição: 29 abr. 2016. Disponível em http://www4.tjrj. jus.br. Acesso em 13. Fev.
2022
xxvi
Trata-se de pedido de recuperação judicial, com base nos artigos 47 e seguintes da Lei n.º 11.101/05, formulado
pelas empresas SETE BRASIL PARTICIPAÇÕES S.A., SETE INVESTIMENTOS I S.A., SETE INVESTIMENTOS II S.A., SETE
HOLDING GMBH, SETE INTERNATIONAL ONE GMBH, SETE INTERNATIONAL TWO GMBH. Alegam, em síntese, que o
grupo Sete Brasil é um conglomerado de empresas único no Brasil. Foi criado por obra e graça da PETROBRAS para
ser a sua principal fornecedora de sondas na exploração de petróleo na camada do pré-sal. Concebida, criada,
desenvolvida e vendida a investidores pela própria PETROBRAS, com o objetivo de ser a única cliente, o grupo SETE
BRASIL enfrenta, agora, os efeitos da grave crise econômica e institucional que definha a estatal em consequência,
dentre outros fatores, dos efeitos provenientes da operação ´Lava Jato´ e da ´Crise Mundial´ que o setor de óleo e
gás atravessa atualmente. [...] O grupo SETE BRASIL, embora constituído por várias empresas, inclusive no exterior,
tem o seu principal estabelecimento no Brasil, mais especificamente na cidade do Rio de Janeiro, onde se localiza o
centro de comando de todas as empresas do grupo com o objetivo de atingir seu objeto social, à luz do comando do
art. 3o da Lei no 11.101/05. As empresas SETE HOLDING e SETE INTERNATIONAL ONE e TWO são braços do grupo
SETE no exterior, não exercendo qualquer atividade operacional autônoma. São veículos da sociedade controladora
brasileira para emissão de títulos e otimização de eventual estrutura de garantias na contratação de financiamentos.
Neste contexto é impositiva a presença de todas as empresas do grupo no polo ativo do presente procedimento
para assegurar a eficácia da recuperação judicial das requerentes, resguardando a competência e a efetividade do
juízo universal brasileiro. A jurisprudência dos Tribunais brasileiros vem admitindo, de forma pacífica, o
processamento de recuperação judicial de empresas brasileiras em conjunto com outras estrangeiras, integrantes
do mesmo grupo. Não obstante a crise momentânea em que as requerentes passam, são elas economicamente
viáveis em razão de seu ´know how´, dos ativos já constituídos (sondas) e do grande potencial das empresas perante
o mercado de óleo e gás. Que as requerentes preenchem todos os requisitos para o deferimento do processamento
da recuperação judicial pleiteada, devendo ser observado o princípio da preservação da empresa que se encontra
em dificuldades financeiras, porém viável economicamente para dar continuidade as suas atividades empresariais.
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Por todo o exposto, requerem o deferimento do processamento da recuperação judicial. Petição das requerentes
as fls. 1420/1421 juntando ato da AGE autorizando o requerimento de recuperação judicial do GRUPO SETE BRASIL.
Decisão à fl. 1427 determinando que as requerentes apresentem [...] a listagem dos credores de forma
individualizada por cada uma das empresas demonstrando a interdependência econômica-financeira entre estas.
Manifestação do parquet, as fls. 1493/1497, opinando pelo indeferimento da petição inicial de recuperação
judicial em relação às empresas estrangeiras (4ª, 5ª e 6ª requerentes) que compõem o grupo empresarial SETE
BRASIL, pois o processamento da recuperação judicial das referidas empresas transbordam o limite da jurisdição
brasileira, colidindo com o comando do art. 3º da Lei n.º 11.101/05 e os arts. 16 e 21 do N.C.P.C., sendo que estas
foram constituídas, registradas e se encontram regidas por leis de outro país, na hipótese a Áustria, atentando
quanto à Justiça e a soberania deste. É O RELATÓRIO. EXAMINADO, DECIDO. A) Pretende o Ilustre Membro do
Parquet o indeferimento do pedido de recuperação judicial em relação às empresas estrangeiras SETE HOLDING
GMBH, SETE INTERNATIONAL ONE GMBH, SETE INTERNATIONAL TWO GMBH, integrantes do GRUPO SETE BRASIL,
por entender que não estão submetidas ao Manto do Ordenamento Jurídico Brasileiro à luz da Teoria ou Sistema
Territorialista adotado no comando do art. 3º da Lei n.º 11.101/05, sendo que as empresas estrangeiras foram
constituídas, registradas e se subordinam à legislação Austríaca. Que a admissão das empresas no polo ativo do
presente procedimento recuperacional afrontaria a justiça Austríaca e a soberania deste país, sendo incompatíveis
as legislações dos dois países. Embora ciente dos precedentes jurisprudenciais apontados na petição inicial e,
ainda, não apreciados pelo S.T.J., admitindo o processamento de recuperação judicial de grupo empresarial
transnacional perante a Justiça Brasileira, este magistrado se alinha ao entendimento mais positivista acolhido
pelo Ilustre Membro do Ministério Público, defendendo a tese de que a Lei n.º 11.101/05 não regula e nem prevê
a possibilidade do processamento de recuperação judicial de grupo empresarial transnacional, bem como o
Ordenamento Jurídico Pátrio não dispõe nem mesmo de princípios balizadores da matéria para que se possa
aplicar o comando do art. 4o da Lei de Introdução ao Código Civil. O Brasil não é signatário de qualquer tratado
internacional sobre a matéria, não tendo incorporado ao seu ordenamento jurídico a Lei Modelo instituída pelas
Nações Unidas através de sua Comissão sobre o Direito Mercantil Internacional, UNCITRAL (United Nations
Commission on International Trade Law), pela qual busca regular a matéria no âmbito internacional mediante
cooperação entre países. O que existe em nosso ordenamento jurídico é um absoluto vácuo normativo, não sendo
possível o Poder Judiciário legislar sobre a matéria afrontando o Princípio Constitucional da Separação dos
Poderes. Cabe ressaltar que no procedimento recuperacional do grupo OGX citado pelas requerentes, o juízo de 1o
grau, Ilustre Magistrado Dr. Gilberto Clovis Farias Matos, hoje Desembargador desta Corte, indeferiu o pedido de
litisconsorte ativo das empresas estrangeiras do Grupo OGX acolhendo a mesma tese, ressaltando, ainda, que o
eventual deferimento do pedido afrontaria o Principio da Personalidade Jurídica atribuída a cada uma das empresas.
[...] Com fulcro nestas fundamentações, não se pode acolher o pedido de processamento da presente recuperação
judicial em relação às empresas estrangeiras do Grupo Sete Brasil no polo ativo como litisconsortes. [...] DEFIRO O
PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL das empresas: [1] SETE BRASIL PARTICIPAÇÕES S.A.[...], [2] SETE
INVESTIMENTOS I S.A., [...], [3] SETE INVESTIMENTOS II S.A., e INDEFIRO O PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO
JUDICIAL das empresas estrangeiras [1] SETE HOLDING GMBH [...], [2] SETE INTERNATIONAL ONE GMBH, e [3] SETE
INTERNATIONAL TWO GMBH, passando a determinar os seguintes comandos [...]
xxvii
Decisão reformada pelo Tribunal de justiça: Agravo de Instrumento. Direito Empresarial. Recuperação Judicial
de Empresas. Pretensão recursal à reforma da decisão que deferiu, somente, o processamento do requerimento das
sociedades empresárias com sede no Brasil e, rejeitou o pleito formulado pelas empresas sediadas na Áustria.
Indeferimento da recuperação conjunta das empresas que não atende às finalidades da Recuperação Judicial, que
são a preservação da empresa, de sua função social e, de estimulo à atividade econômica, de acordo com o artigo
47, da Lei nº 11.101/2005. As empresas SETE HOLDING, SETE INTERNATIONAL ONE e TWO constituem-se em braços
do Grupo SETE no exterior e, embora não exerçam qualquer atividade operacional autônoma, vinculam-se à
sociedade controladora brasileira para emissão de títulos e otimização de eventual estrutura de garantias na
contratação de financiamento, sendo que como as sociedades brasileiras SETE INVESTIMENTOS I e SETE
INVESTIMENTOS II foram criadas como veículos da SETE BRASIL para a implementação do "Projeto Sondas. Portanto,
constituem-se em subsidiárias que apenas integram a estrutura de financiamento de sua controladora nacional,
emitindo títulos e otimizando eventuais garantias na contratação de financiamento, o que configura a existência de
um grupo único em proveito de uma única atividade empresarial, de execução do" Projeto Sondas "que visa à
retirada de óleo armazenado na camada do pré-sal. Normas do Código de Processo Civil em vigor que se aplicam
subsidiariamente, aos processos regidos pela lei falimentar, na forma do art. 189, da LFRJ. Litisconsórcio ativo que
pode facilitar o acordo entre as recuperandas e seus credores, possibilitando a superação da crise econômica da
atividade empresarial, de forma célere e eficaz (art. 46, do CPC/1973; art. 113, do NCPC). Competência da jurisdição
brasileira que obedece às normas dos artigos 21, II e 22, III, do Novo CPC (Lei 13.105/2015), vez que o grupo

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empresarial está sediado no país e, o plano de recuperação deverá aqui ser cumprido, de modo que o
processamento conjunto tem base em nosso ordenamento jurídico, apesar da lacuna existente na legislação
específica. Inocorrência de violação à soberania da Justiça austríaca, porquanto a jurisdição brasileira se restringe
aos bens sediados em território nacional, assim como aos créditos sujeitos à recuperação judicial em território
nacional. Por sua vez, o artigo 24, do NCPC, prevê que a ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência e não obsta que o judiciário brasileiro conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas
as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. Ausência de
regulamentação por parte da Lei nº 11.101/05, quanto ao processamento da recuperação judicial de grupos
transnacionais, que não tem por consequência jurídica a impossibilidade total de ser aplicada a tais grupos que
busquem a proteção recuperacional, diante da inexistência de vedação expressa nesse sentido. Disposição contida
no art. 3º da Lei 11.101/05, segundo a qual, é competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial,
deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da
filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. Subsidiárias estrangeiras integrantes do mesmo grupo econômico
da SETE BRASIL, que possuem como principal estabelecimento, o mesmo local onde esta última se situa, nesta cidade
do Rio de Janeiro. Possibilidade de solução da controvérsia, por seu reconhecido relevante interesse social, sanando-
se a lacuna legislativa, utilizando-se a equidade como justa forma de se aplicar o direito, de modo, a suplementar-
se a lei e, preencher os vazios nela encontrados, para não prejudicar os casos específicos que ela não abrange.
Precedente jurisprudencial deste Tribunal no sentido da possibilidade de processamento da recuperação judicial de
empresas estrangeiras integrantes do mesmo grupo econômico de empresas brasileiras. Provimento do recurso. (TJ-
RJ - AI: 00341712220168190000 RIO DE JANEIRO CAPITAL 3 VARA EMPRESARIAL, Relator: CARLOS EDUARDO
MOREIRA DA SILVA, Data de Julgamento: 07/02/2017, VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
10/02/2017)
xxviii
RIO DE JANEIRO. 7. Vara Empresarial. Recuperação judicial nº 0203711-65.2016.8.19.0001, OI S.A. e outras,
Distribuição: 20 jun. 2016. Disponível em http://www4.tjrj. jus.br. Acesso em 13. Fev. 2022
xxix
RELATÓRIO Trata-se de pedido de recuperação judicial com base nos artigos 47 e seguintes da Lei 11.101/05
formulado pela [1] OI S.A. (´OI´), [...]; [2] TELEMAR NORTE LESTE S.A. (´TNL´) [...]; [3] OI MÓVEL S.A. (´OI MÓVEL´),
[...] ; [4] COPART 4 PARTICIPAÇÕES S.A. (´COPART 4´), [...]; [5] COPART 5 PARTICIPAÇÕES S.A. (´COPART 5´) [...]; [6]
PORTUGAL TELECOM INTERNATIONAL FINANCE B.V. (´PTIF´), pessoa jurídica de direito privado constituída de
acordo com as Leis da Holanda, com sede em Amsterdam, [...], e principal estabelecimento nesta cidade do Rio de
Janeiro; [7] e OI BRASIL HOLDINGS COÖPERATIEF U.A. (´OI COOP´), pessoa jurídica de direito privado constituída de
acordo com as Leis da Holanda, com sede em Schipol, [...], e principal estabelecimento nesta cidade do Rio de
Janeiro (indicadas apenas por OI, TNL, OI MÓVEL, COPART 4, COPART 5, PTIF e OI COOP), que se inserem no
conglomerado econômico denominado de ´GRUPO OI´, que se dedica às atividades na prestação de serviços de
telefonia fixa e móvel, internet e TV por assinatura dentre outros. [...] Na sua estrutura organizacional as empresas
OI MÓVEL e COPART 4 são subsidiárias integrais da TNL, que, por sua vez, junto com PTIF, OI COOP e COPARTE5
são subsidiárias integrais da controladora OI, sendo que todas as decisões gerenciais do GRUPO OI emanam de
sua controladora, a OI, no Brasil, inclusive com relação as sociedades empresárias constituídas no exterior, apenas
como veículos de captação e investimento de recursos. Afirma ser notório funcionar nesta Capital do Estado do Rio
de Janeiro, o verdadeiro centro administrativo, operacional e financeiro de todo o ´GRUPO OI´, concentrando: i) o
centro de gestão operacional da infraestrutura de telecomunicações (Centro de Gerência de Redes - CGR), ii) o
principal ponto de conexão de transmissão internacional via cabo submarino e iii) a base de captação de sinal de
satélite para transmissão do sinal de TV por assinatura. Declara que a PTIF e OI COOP criadas apenas como veículos
de investimento do GRUPO OI, e constituídos de acordo com as Leis da Holanda, por não exercem atividades
operacionais, atuam apenas como longa manus para captação de recursos no mercado internacional, recursos
esses que são revertidos para financiamento de atividades do grupo no Brasil, o que torna sua inclusão como
litisconsorte no processo de recuperação judicial necessária, uma vez que a consecução de um dos objetivos da
recuperação judicial é viabilizar a superação da crise econômico-financeira de todo o GRUPO OI, cujas atividades
operacionais se desenvolvem exclusivamente no Brasil. Expõe que, embora não haja ocorrência de um grupo
societário de direito, na forma do art. 265 da Lei 6.404/1796, o são de fato, o que é muito comum no Brasil, pois
independentemente da manutenção da personalidade jurídica de cada empresa formadora do grupo, com
patrimônio e personalidade jurídicas próprias, existe a toda evidência fortes e inseparáveis interligações
econômica e operacional que decorrem, em especial, da interdependência e complementaridade das atividades
e dos serviços que prestam, restando comprovada a necessária formação do litisconsórcio ativo. [...] Feitas essas
relevantes considerações, mas antes da análise dos requisitos objetivos para concessão do deferimento do pedido
de processamento da recuperação judicial, necessário o enfrentamento de questões processuais preliminares, que
dizem respeito à possibilidade: a) da concessão do pedido recuperacional à sociedade estrangeira e b) da formação
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do litisconsórcio ativo. II.1- Da Insolvência Transacional A inicial invoca com proficiência a questão relativa ao cross-
border insolvency, trazendo em seu bojo tema abordado a partir do processo de globalização, mediante o inevitável
crescimento das relações comerciais internacionais, haja vista a necessidade cada vez maior da criação de
sociedades empresárias, cujas relações comerciais se desenvolvem em diversos países, com evidente modificação
em suas estruturas operacionais, as quais se tornam volúveis para com o Estado de sua constituição original,
relativizando assim o conceito clássico de soberania. O problema surge a partir da falta de legislação específica
para tratar da matéria relativa à insolvência transnacional ou transfronteiriça, visto que a Lei 11.101/2005, em
seu art. 3º, dispôs apenas que, para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial
ou decretar a falência, é competente o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de
empresa que tenha sede fora do Brasil. [...]Tem-se assim uma vacância legislativa nos casos em que o pedido é
veiculado em razão de sociedade empresária estrangeira, sem filial em território nacional, que, porém, faça parte
de grupo econômico, cujo controlador tem reconhecida sede no país, e perante o qual esteja vinculado econômica
ou societariamente. A busca por novos mercados, seja para diversificação de atividades ou mesmo somente para
capitalização de investimentos, é feita por meio da criação de formas societárias complexas, tais como a criação de
holdings, subsidiárias e afiliadas. Muitas das vezes são criadas empresas que se afiliam ou mesmo são criadas para
integrarem determinado grupo econômico de ´fato´, vez que não constituído na forma prevista no art. 265 e
seguintes da Lei 6.404/76, mas que, porém, funcionam somente como braços operacionais de sua controladora,
sem desenvolverem qualquer atividade empresarial, posto que atuam, basicamente, na captação e gerenciamento
de investimentos. É exatamente essa situação apresentada pelas requerentes, no tocante às empresas PORTUGAL
TELECOM INTERNATIONAL FINANCE B.V. (´PTIF´) e OI BRASIL HOLDINGS COÖPERATIEF U.A. (´OI COOP´), pessoas
jurídicas de direito privado constituídas de acordo com as Leis da Holanda, com sede em Amsterdam [...], nos termos
da peça vestibular: ´No que tange à PTIF e à OI COOP, cumpre reiterar que não são sociedades operacionais, mas
sim veículos de investimento para captação de recursos no exterior, voltados ao financiamento das atividades do
GRUPO OI, cujo principal estabelecimento, como se sabe, está localizado nesta cidade do Rio de Janeiro.´ Nota-se,
portanto, que a questão a ser conhecida se afigura justamente na possibilidade da aceitação do pedido e do
processamento da recuperação judicial de sociedades estrangeiras -- sem filial no Brasil -- sobre o crivo da justiça
nacional, mediante falta de previsão legal neste sentido. [...] Vale dizer, busca-se uma solução de direito para uma
empresa estrangeira que, sem bens de capital no seu Estado constituinte, e criada apenas para servir de longa manus
de sua controladora com sede no Brasil, passa por dificuldades financeiras pelos mais diversos motivos, e precisa se
socorrer do instituto da recuperação judicial ou extrajudicial. Tal qual o sistema jurídico-falimentar pretérito, a atual
lei de falências silencia sobre a temática em comento, não dispondo sobre processos que envolvam casos de
insolvência transnacional, causando insegurança jurídica para a recuperação judicial de grupos societários
multinacionais. A ONU, atenta ao crescente número de questões surgidas a partir da criação de gigantes
multinacionais petrolíferas, criou no ano de 1966 a United Nations Comissionon International Trade Law (UNCITRAL),
com objetivo de pacificar questões conflituosas do direito empresarial, fixando premissas para uma lei modelo para
as questões falimentares, já tendo esta sido inserida em diversos ordenamentos jurídicos estrangeiros, com base
para uma provável competência universal para a matéria. [...]Contudo, diante da vacância legislativa, tem o julgador
que buscar outras fontes de direito para dar solução à questão, tal como suscitado nas razões de decidir em acórdão
do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, quando do enfrentamento de questão similar nos autos do agravo
de instrumento processo nº 0064568-77.2013.8.19.0000 (Relator Desembargador Gilberto Guarino), objetivando
que o julgador, diante da lacuna normativa, deve observar e decidir com base no art. 4º da Lei de Introdução das
Normas do Direito Brasileiro: [...]Nesta linha de raciocínio, levando-se em consideração que o Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro já decidiu, em hipótese análoga, que é legalmente possível o deferimento do
processamento da recuperação judicial, com a extensão dos seus efeitos, às subsidiárias estrangeiras da empresa
recuperanda, entendo que esse entendimento deve ser aplicado ao caso dos autos. [...]Por todo o exposto, com
observância na jurisprudência, na interpretação sistemática do ordenamento e na equidade - na sua dupla função
de supressão da lacuna legislativa e de auxílio na obtenção do sentido e alcance nas disposições legais para servir
à aplicação do direito -, a fim de que seja atendido assim o espírito maior da preservação da atividade empresarial
previsto na Lei 11.101/2005, atrelada a perspectiva surgida a partir da aplicação da Cooperação Jurídica
Internacional no Direito Brasileiro, DECLARO a legitimidade ativa das subsidiárias estrangeiras formadoras do
´GRUPO OI´ para formularem o pedido de recuperação judicial no Estado-sede da constituição de sua
controladora, este fixado na Capital do Estado do Rio de Janeiro. III.2- Do Litisconsórcio Ativo Ao contrário dos
grupos societários de direito, cuja formação a lei impõe características próprias para constituição, dificuldade
encontra-se para identificação dos grupos societários de fato, haja vista a possibilidade de se materializarem por
meio de diversas e intrincadas relações econômicas entre as entidades, apesar de continuarem dotadas de
personalidade e patrimônio próprios, e aparentemente independentes. [...] É necessário, quase sempre, para
verificarmos a existência desse fenômeno, apurarmos a configuração de três elementos fundamentais, quais
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sejam: contribuição individual com esforços ou recursos, atividade para lograr fins comuns e participação em
lucros e prejuízos. Nesse aspecto, as sociedades empresárias que formam o polo ativo do pedido enquadram-se
dentro da descrição acima realizada. Com efeito, ao analisarmos não só a estrutura organizacional do grupo -
essencialmente voltado para dar sustentabilidade a Holding controladora -, é evidente o entrelace de direitos e
obrigações surgidas na formação dos contratos com terceiros, tais como i) emissão de bonds pelas subsidiárias
estrangeiras, garantidos pela controladora OI; ii) emissão de CCI por parte da COPART 4 e COPART 5, com lastro
na renda de imóveis de sua propriedade locadas à própria OI e a TNL ; iii) contratos de mútuo intercompany e de
dívida firmados entre OI, TNL e OI MÓVEL. Com propriedade, a inicial destaca que apenas o processamento único
de recuperação judicial das empresas integrantes do GRUPO OI é capaz de viabilizar o reerguimento do
conglomerado. Para sustentar esta assertiva, a peça vestibular elenca uma série de características que convencem
este Juízo do necessário litisconsórcio ativo, como, por exemplo, a ligação intrínseca -- dos pontos de vista
operacional e comercial -- das concessões e autorizações referentes aos serviços de telecomunicações prestados
pelas sociedades OI, TNL e OI MÓVEL. Chama a atenção, neste sentido, o compartilhamento das infraestruturas
físicas indispensáveis para a distribuição de dados, telefonia fixa, móvel, internet e sinal de televisão, prática
comum no setor de telecomunicações, o que inviabilizaria, inclusive, eventual separação dos ativos. Este fato é
notório e pode ser constatado com o oferecimento, para os usuários, de planos comerciais que englobam diversos
serviços (´Oi Total´). Há, ademais, segundo relatado pela petição inicial, convergência organizacional corporativa
do GRUPO OI, com a unificação e o processamento conjunto da folha de pagamento e a interligação de altos
executivos do conglomerado empresarial. A comunhão de desígnios com vista objetivar o fortalecimento do grupo
é evidente quando se verifica, ainda, a outorga de inúmeras garantias reciprocas entre as suas formadoras nos
mais variados contratos, o que concretiza o indubitável entrelaçamento de fins, atividades e participação nos
lucros entre as integrantes do grupo. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro já enfrentou, em mais de
uma oportunidade, o cabimento do litisconsórcio ativo em recuperação judicial de grupo empresarial/econômico
de fato. [...]A estruturação do plano de recuperação, contudo, há de merecer cuidadosa atenção para que não haja
violação de direitos dos credores. Assim sendo, e atento ao parecer favorável do MP, conheço e defiro a formação
do litisconsórcio ativo postulado pelas recuperandas. [...] DEFIRO O PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
das empresas OI S.A. (´OI´) [...]; TELEMAR NORTE LESTE S.A. (´TNL´) [...]; OI MÓVEL S.A. (´OI MÓVEL´) [...]; COPART 4
PARTICIPAÇÕES S.A. (´COPART 4´), [...]; COPART 5 PARTICIPAÇÕES S.A. (´COPART 5´), [...]; PORTUGAL TELECOM
INTERNATIONAL FINANCE B.V. (´PTIF´), [...]; e OI BRASIL HOLDINGS COÖPERATIEF U.A. (´OI COOP´), [...].

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AULA 20

PROF. RODRIGO GARCIA

Casos Concretos II – Trava Bancária à luz do art.49 da Lei


no 11.101/05). Créditos não sujeitos a recuperação judicial.
Créditos com garantias fiduciárias. Adiantamento de
contrato de câmbio para exportação. Multas
administrativas aplicadas pelo Poder Público. Necessidade
da apresentação das certidões negativas de débitos fiscais
para a homologação do plano recuperacional. Limites do
controle de legalidade do plano. A possibilidade do Poder
Judiciário rejeitar ou anular o plano aprovado em
assembleia com base na abusividade das condições
apresentadas pela devedora – (caso SANERIO)

AULA 20- PROF. RODRIGO GARCIA


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CURSO ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL

Prof.: Rodrigo Saraiva P. Garcia


rgarcia@gc.com.br

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Créditos sujeitos e não-sujeitos


• REGRA GERAL
 Estão sujeitos à recuperação judicial (“RJ”) todos os créditos existentes na
data do pedido, ainda que não vencidos (art. 49, caput).

 Tema nº 1051: Para o fim de submissão aos efeitos da RJ, considera-se


que a existência do crédito é determinada pela data em que ocorreu o seu
fato gerador (REsp nº 1.840.531).

• EXCEÇÕES
 Créditos com garantia fiduciária (art. 49, §3º) e créditos referentes a
adiantamento sobre contratos de câmbio (art. 49, §4º);
 créditos decorrentes de arrendamento mercantil (leasing) (art. 49, §3º);
 créditos tributários e previdenciários (art. 6º, §7º-B).

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Stay period
• NOÇÕES GERAIS
 Durante o stay period, proíbe-se expressamente qualquer forma de
retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição
judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas
judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações se sujeitem RJ ou
à falência (art. 6º, inciso III).

 O stay period pode ser prorrogado uma única vez pelo período de 180
dias, desde que o devedor não tenha concorrido para a superação do
lapso inicial de 180 dias (art. 6º, §3º).

 Pergunta 1: o Poder Judiciário continuará a prorrogar o stay period


mesmo depois dos 360 dias previstos na lei?

 Pergunta 2: a limitação da nova redação se aplica aos processos


anteriores à sua vigência?

Slide 4

Stay period
• ATOS DE CONSTRIÇÃO
 Competência do juiz da RJ para determinar a suspensão de atos de
constrição promovidos por credores não-sujeitos (art. 49, §§3º e 4º)
sobre bens de capital essenciais durante o prazo do stay period (art. 6º,
§7º-A);

 competência do juiz da RJ para determinar a substituição de atos de


constrição promovidos pelo Fisco sobre bens de capital essenciais até o
encerramento da RJ (art. 6º, §7º-B);

 bem de capital essencial é o bem utilizado no processo produtivo da


empresa (bem corpóreo, não perecível nem consumível, na posse direta
do devedor) (STJ, REsp nº 1.758.746).

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Garantia fiduciária
• QUEBRA DA TRAVA BANCÁRIA
 No início da vigência da Lei nº 11.101/2005, alguns tribunais permitiam
a liberação de uma parcela (20% a 100%) dos direitos creditórios dados
em garantia fiduciária.

 O STJ consolidou o entendimento de que a garantia fiduciária permanece


hígida (STJ, REsp nº 1.478.436).

 Apesar disso, até recentemente o TJRJ tem admitido a quebra da trava


(TJRJ, AI nº 0017717-25.2020.8.19.0000). Foi instaurado um IRDR para
tentar consolidar a questão no tribunal e potencialmente seguir o
entendimento do STJ, mas o IRDR não foi admitido (TJRJ, IRDR nº
0030353-57.2019.8.19.0000).

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Garantia fiduciária
• GARANTIA FIDUCIÁRIA NÃO REGISTRADA
 A alienação fiduciária de bens móveis e imóveis exige o prévio registro
(RTD, DETRAN, RGI) para a constituição da garantia, sob pena de o
crédito ser tratado como quirografário na RJ (art. 1.361, §1º, CC; art. 23,
Lei nº 9.514/1997).

 O prévio registro à RJ não é necessário para constituir a cessão fiduciária


de direitos creditórios (STJ, REsp nº 1.559.457) (art. 66-B, Lei nº
4.728/1965).

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Garantia fiduciária
• GARANTIA FIDUCIÁRIA NÃO INDIVIDUALIZADA
 Necessidade de individualização do bem objeto da garantia tanto na
alienação fiduciária de bens móveis ou imóveis como na cessão fiduciária
de direitos creditórios (TJSP, AI nº 2185687-55.2019.8.26.0000) (art. 24,
IV, Lei nº 9.514/1997; art. 1.362, IV, CC; art. 33, Lei nº 10.931/2004).

 Há entendimento no STJ de que não é necessária a prévia


individualização dos créditos/títulos de crédito na cessão fiduciária de
recebíveis (STJ, REsp nº 1.797.196) (art. 18, IV, Lei nº 9.514/1997).

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Garantia fiduciária
• CESSÃO FIDUCIÁRIA DE RECEBÍVEIS NÃO-PERFORMADOS
 Garantia condicionada à existência dos créditos no futuro (TJSP, AI nº
2096700-82.2015.8.26.0000) e ao poder de disposição do devedor
fiduciante sobre o crédito (TJSP. AI nº 2078778-23.2018.8.26.0000), sob
pena de esvaziamento da garantia.
 Há entendimento no TJSP de que mesmo não se performando, a garantia
engloba todo o crédito (TJSP, AI nº 2220015-16.2016.8.26.0000).

 STJ entende que a constituição da garantia fiduciária ocorre na data do


contrato e não depende do poder de disposição do devedor
posteriormente (REsp nº 1.797.196).

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Garantia fiduciária
• CESSÃO FIDUCIÁRIA DE RECEBÍVEIS DE CONTRATO DE CONCESSÃO
 Os direitos emergentes do contrato de concessão podem ser objeto de
cessão fiduciária, desde que não comprometa a operacionalização e a
continuidade da prestação do serviço público (TJSP, AI nº 2198895-
43.2018.8.26.0000) (art. 28, Lei nº 8.987/1995).

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Adiantamento sobre contrato de


câmbio
• O TRATAMENTO DO ACC NA RJ
 O ACC não se sujeita à RJ e pode ser objeto de execução autônoma (art.
49, §4º e art. 86, II).

 O contrato de ACC pode ser desnaturado e equiparado a contrato de


mútuo, caso se verifique desvio de finalidade (REsp nº 1.350.525).

 Há entendimento minoritário de que a ausência de exportação dos bens


também desnatura o contrato de ACC (TJSP, AI nº 2221081-
02.2014.8.26.0000).

 As taxas, juros moratórios e variação cambial decorrentes do ACC se


sujeitam à RJ – apenas o principal e a correção monetária não se sujeitam
(REsp nº 1.810.447).

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Créditos públicos
• OS CRÉDITOS PÚBLICOS TRIBUTÁRIOS NA RJ
 Os créditos públicos tributários não se sujeitam à RJ e podem continuar a
ser cobrados via execução fiscal.

 Reconhece-se expressamente a competência do juiz da RJ para


determinar a substituição de atos de constrição promovidos pelo Fisco
sobre bens de capital essenciais até o encerramento da RJ (art. 6º, §7º-B).

 O dispositivo trata da substituição e não da suspensão dos atos


constritivos, o que vai na contramão do entendimento anterior da
jurisprudência que impedia a prática de atos constritivos e
expropriatórios envolvendo bens essenciais do devedor.

 Pergunta: O que acontece se não for possível substituir a constrição?

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Créditos públicos
• OS CRÉDITOS PÚBLICOS NÃO TRIBUTÁRIOS NA RJ
 Há discussão sobre a sujeição à RJ dos créditos públicos não tributários e
que são cobrados via execução fiscal.

 Primeira corrente: sujeição à RJ, devido à natureza não tributária (e.g.,


multa administrativa), ainda que cobrados via execução fiscal (TJRJ, AI nº
0043065-84.2016.8.19.0000, Caso Oi v. ANATEL).

 Segunda corrente: não sujeição à RJ, pois sua cobrança é via execução
fiscal, pouco importa a natureza tributária ou não tributária (STJ, REsp nº
1.931.633/GO, 3ª Turma). Ainda não há acórdão da 2ª Seção ou da Corte
Especial sobre o tema.

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Créditos públicos
• NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE CNDS NA RJ
 Antes da reforma da Lei nº 14.112/2020: os arts. 57 e 68 eram
interpretados pela jurisprudência para dispensar o requisito de
apresentação de CNDs para a homologação do PRJ.
 Ausência de programa de parcelamento para empresas em RJ.
 Mesmo depois da edição da Lei nº 13.043/2014 e inclusão do art. 10-
A na Lei nº 10.522/2002 para prever o parcelamento especial para
empresas em RJ, a jurisprudência continuou a dispensar as CNDs.

 Depois da reforma da Lei nº 14.112/2020: não houve modificação nos


arts. 57 e 68, mas a Lei nº 10.522/2002 foi novamente alterada para
prever condições melhores para o parcelamento especial (arts. 10-A e 10-
B) e para prever a transação especial (art. 10-C) para empresas em RJ.
 Alguns julgados começam a exigir a apresentação das CNDs com base
na reforma.

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Controle de Legalidade do PRJ


• LIMITES DO CONTROLE DE LEGALIDADE DO PRJ
 Análise do Poder Judiciário se limita apenas a aspectos estritamente
vinculados à legalidade do procedimento e da licitude do conteúdo do
PRJ.

 Questões econômicas devem ser decididas pelos credores em Assembleia


Geral de Credores (“AGC”).

 Eventual controle de legalidade do Poder Judiciário deve ser realizado


apenas depois da deliberação em AGC, e não antes (i.e., controle prévio).

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Contato

Em caso de dúvidas:
rgarcia@gc.com.br

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