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FAEM – FACULDADE EMBU DAS ARTES

7º SEMESTRE DIREITO MATUTINO

PATRICIA KAMILLA BARBOSA PEREIRA


RA: 12201013

DIREITO EMPRESARIAL – PROFESSOR HENRIQUE

EMBU DAS ARTES – SP

2022

A recuperação extrajudicial e crimes falimentar


A recuperação extrajudicial é um procedimento previsto para
superação de crise econômico-financeira e está regulado nos artigos
161 a 167 da Lei 11.101/05 (Lei de Recuperação Judicial e Falência),
que permite a empresas em situação de crise financeira negociar um
plano de recuperação com seus credores sem a necessidade de
intervenção do Poder Judiciário.

Ao contrário da recuperação judicial, que é um processo judicial


complexo e oneroso, a recuperação extrajudicial é uma alternativa mais
simples e rápida para empresas que desejam renegociar suas dívidas e
evitar a falência.

É indicada para empresas que apresentam situação de crise


financeira, mas que ainda possuem condições de honrar os
compromissos com seus credores. Nesse caso, a empresa entra em
contato com seus credores e tenta negociar um plano de recuperação,
que pode envolver prazos para pagamento, redução de juros e multas,
entre outras medidas.

O procedimento de recuperação extrajudicial consiste em uma


negociação direta entre a empresa e seus credores, sem a necessidade
de intervenção judicial. A empresa apresenta uma proposta de plano de
recuperação aos seus credores, que podem aceitar ou rejeitar a
proposta. Caso a proposta seja aprovada, a empresa e os credores
firmam um acordo que estabelece as condições para a reestruturação
das dívidas. O fator determinante desse instituto é a concordância dos
credores ao Plano de Recuperação apresentado, que pode ser total ou
parcial. Uma vez proposto, deve ser aceito pela maioria dos credores
(3/5), vinculará a todos os credores pertencentes à mesma
classe/categoria.

Caso o plano de recuperação seja aceito pelos credores, a


empresa pode seguir adiante com sua reestruturação financeira. No
entanto, se o plano não for aprovado, a empresa pode ter que recorrer à
recuperação judicial ou até mesmo à falência.

Algumas empresas podem recorrer à recuperação extrajudicial


quando percebem que suas dívidas estão se acumulando e que o fluxo
de caixa está comprometido, o que pode levar à inadimplência e à
falência. Além disso, é importante destacar que a recuperação
extrajudicial é um procedimento mais simples e rápido do que a
recuperação judicial, mas também oferece menos garantias para os
credores. Por isso, cabe à empresa avaliar cuidadosamente suas
condições financeiras e a viabilidade da renegociação das dívidas antes
de optar por esse tipo de procedimento.

A recuperação extrajudicial oferece diversas vantagens, tais como:

 Rapidez: A recuperação extrajudicial é um procedimento mais


rápido do que a recuperação judicial, pois não depende da
intervenção do Poder Judiciário.
 Flexibilidade: A empresa tem mais flexibilidade na negociação do
plano de recuperação, pois pode negociar diretamente com seus
credores e buscar soluções que sejam mais adequadas à sua
realidade financeira.
 Menor custo: A recuperação extrajudicial é menos custosa do
que a recuperação judicial, pois não há necessidade de
contratação de advogados e outros profissionais para acompanhar
o processo.
 Maior controle: A empresa tem mais controle sobre o processo
de reestruturação financeira, pois não depende da intervenção do
Poder Judiciário.
 Preservação da imagem da empresa: Como não há a
divulgação pública do processo, a recuperação extrajudicial
preserva a imagem da empresa perante o mercado e seus
clientes, o que pode ser importante para a sua continuidade no
mercado.

Algumas empresas foram excluídas da prerrogativa da


recuperação extrajudicial, tais como as instituições financeiras,
cooperativas de crédito, consórcios, seguradoras e outras. E ainda
assim é necessário preencher, cumulativamente, os seguintes
requisitos:

1. Operar em atividade empresarial por mais de 2 anos, de forma legal ;

2. Não ser falido ou, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença
transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;

3. Não ter recuperação judicial em curso, nem ter obtido recuperação


judicial ou homologação de plano de recuperação judicial há menos de
2 anos; e

4. Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio


controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes estipulados por
lei.

Crimes falimentares
Os crimes falimentares são aqueles previstos no artigo 163
da Lei de Falências (Lei nº 11.101/05) e que podem ser cometidos por
administradores, sócios ou terceiros envolvidos em processos de
falência ou recuperação judicial de empresas. Na falência, na
recuperação judicial e na recuperação extrajudicial de sociedades, os
seus sócios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros, de fato
ou de direito, bem como o administrador judicial, equiparam-se ao
devedor ou falido para todos os efeitos penais decorrentes desta Lei, na
medida de sua culpabilidade.

As variedades de crimes falimentares estão pautados na Lei


nº 11.101/2005, em seu capítulo VII, quais sejam:

 Fraude a credores: Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença


que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou
homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que
resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de
obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem.
 Com a implantação da Lei nº 14.112/2020, haverá causa de
aumento de pena se ocorrer contabilidade paralela e distribuição
de lucros ou dividendos a sócios e acionistas até a aprovação do
plano de recuperação judicial.
 Violação de sigilo empresarial: Art. 169. Violar, explorar ou
divulgar, sem justa causa, sigilo empresarial ou dados
confidenciais sobre operações ou serviços, contribuindo para a
condução do devedor a estado de inviabilidade econômica ou
financeira.
 Divulgação de informações falsas: Art. 170. Divulgar ou propalar,
por qualquer meio, informação falsa sobre devedor em
recuperação judicial, com o fim de levá-lo à falência ou de obter
vantagem.
 Indução a erro: Art. 171. Sonegar ou omitir informações ou prestar
informações falsas no processo de falência, de recuperação
judicial ou de recuperação extrajudicial, com o fim de induzir a erro
o juiz, o Ministério Público, os credores, a assembleia-geral de
credores, o Comitê ou o administrador judicial.
 Favorecimento de credores: Art. 172. Praticar, antes ou depois da
sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial
ou homologar plano de recuperação extrajudicial, ato de
disposição ou oneração patrimonial ou gerador de obrigação,
destinado a favorecer um ou mais credores em prejuízo dos
demais.
 Desvio, ocultação ou apropriação de bens: Art. 173. Apropriar-se,
desviar ou ocultar bens pertencentes ao devedor sob recuperação
judicial ou à massa falida, inclusive por meio da aquisição por
interposta pessoa.
 Aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens: Art. 174. Adquirir,
receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer à massa falida
ou influir para que terceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou use.
 Habilitação ilegal de crédito: Art. 175. Apresentar, em falência,
recuperação judicial ou recuperação extrajudicial, relação de
créditos, habilitação de créditos ou reclamação falsas, ou juntar a
elas título falso ou simulado.
 Exercício ilegal de atividade: Art. 176. Exercer atividade para a
qual foi inabilitado ou incapacitado por decisão judicial, nos termos
desta Lei.
 Violação de impedimento: Art. 177. Adquirir o juiz, o representante
do Ministério Público, o administrador judicial, o gestor judicial, o
perito, o avaliador, o escrivão, o oficial de justiça ou o leiloeiro, por
si ou por interposta pessoa, bens de massa falida ou de devedor
em recuperação judicial, ou, em relação a estes, entrar em alguma
especulação de lucro, quando tenham atuado nos respectivos
processos.
 Omissão dos documentos contábeis obrigatórios: Art. 178. Deixar
de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença
que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou
homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos
de escrituração contábil obrigatórios.

As penas para crime falimentar via de regra, a pena é de


reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa, com exceção:

– Fraude a credores, onde a pena de reclusão é de 3 (três) a 6 (seis)


anos e multa. E também traz a possibilidade de concurso de pessoas na
medida em que pode haver a responsabilização dos contadores,
técnicos contábeis, auditores e outros profissionais que, de qualquer
modo, concorrerem pra a prática delitiva. Bem como a possibilidade de
redução ou substituição da pena se a conduta ocorrer em relação à
falência de microempresa ou de empresa de pequeno porte e houver
prática habitual de fraude.

– Favorecimento de credores, onde a pena máxima, de reclusão, é de 5


(cinco) anos, reforçando a preocupação em punir aquele que agir em
desfavor do credor, inclusive trazendo a esta conduta delitiva a punição
daquele que se beneficiar do ato ilícito.
– Exercício ilegal da atividade, onde a pena mínima é de 1 (um),
trazendo a possibilidade de aplicação do disposto na Lei dos Juizados
Especiais Criminais, no que couber.

– Omissão de documentos contábeis obrigatórios, onde a pena é de


detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa, se o fato não constitui crime
mais grave, também trazendo a possibilidade de aplicação do disposto
na Lei dos Juizados Especiais Criminais, no que couber.

A prescrição dos crimes falimentares está descrita pelo Código


Penal e se inicia no dia da decretação da falência, da concessão da
recuperação judicial ou da homologação do plano de recuperação
extrajudicial. Sendo que a decretação da falência é causa interruptiva
da prescrição nos casos em que se iniciou com a concessão da
recuperação judicial ou homologação do plano de recuperação
extrajudicial.

A reabilitação penal prevista na Lei de Recuperação Judicial e


Falência permite ao devedor pleitear a cessação dos efeitos trazidos
taxativamente pela lei, inobstante o direito da reabilitação prevista nos
artigos 93 e 94 do Código Penal, onde poderá haver a reabilitação
decorridos 2 (dois) anos da extinção da punibilidade ou do término da
execução.

BIBLIOGRAFIA

LEI Nº 11.101 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2005

Santa Cruz, André Luiz – Direito Empresarial Esquematizado 6º


Edição - 2015
https://romanholadvogados.jusbrasil.com.br/artigos/912461131/
entenda-o-que-e-recuperacao-extrajudicial-e-como-ela-funciona

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