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Auditoria x Perícia

Enquanto a auditoria é feita de forma mais ampla ao redor de toda a


contabilidade de um empreendimento, a perícia costuma focar em uma
determinada área que já apresenta “sintomas” de alguma regularidade, muitas
vezes de natureza jurídica.
Por isso em casos como o tema de recuperação judicial e falimentar a perícia é o
profissional contatado, vamos explicar melhor sobre este tema jurídico.

Diferença entre falência e recuperação judicial


A recuperação judicial, se ganha tempo para recuperar a capacidade de gerar
resultados na empresa. Dessa forma, são tomadas medidas para a reorganização
econômica, administrativa e financeira da empresa, feitas com a intermediação
da Justiça.
Por outro lado, na falência, não existe a reestruturação do negócio e ele acaba
fechando as portas. Nesse processo, são liquidados e vendidos os ativos da
empresa, e passa-se a pagar as dívidas com os credores, conforme a ordem
prevista em lei. Se houver sociedade, todos os membros têm obrigações com
relação às dívidas, conforme sua participação na empresa.

O que o perito faz? E o que ele pode fazer nos casos de recuperação
judicial e falimentar?
O Perito Contábil é o profissional responsável por analisar e validar laudos
técnicos periciais.
Na área de falências e recuperação judicial cabe ao perito apresentar
informações como balanço patrimonial, demonstração dos resultados
acumulados e o relatório de fluxo de caixa.
O relatório é importante para saber se o valor que entra no caixa da empresa é
suficiente para pagar as contas correntes, e mais os valores que estão sujeitos à
recuperação judicial.
Todas estas informações são importantes para que o juiz possa avaliar se a
empresa tem como enfrentar a situação e pagar os credores ou decretar falência.
Nomeação do perito judicial
O perito é nomeado pelo juiz através de despacho no próprio processo, com
prazo para a entrega do laudo. Após a nomeação o perito é intimado, por oficial
de justiça, geralmente no endereço que foi indicado na vara.
Além da nomeação do perito pelo juiz, a Lei nº 13.105/2015 passou a permitir
que as partes, de comum acordo, escolham o perito que deverá atuar no caso
(art. 471). Essa escolha poderá ser feita através de requerimento das partes, se
plenamente capazes, e desde que a causa admita autocomposição.

Legislação aplicável de 2005


A Lei nº 11.101/2005, chamada de Nova Lei de Falências e de Recuperação
Judicial, que disciplina e regulamenta a recuperação judicial, a extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade empresária, veio substituir a antiga Lei de
Falências (Decreto-Lei nº 7.661/45).
Antes da entrada em vigor da Lei nº 11.101/2005, o devedor empresário, para
recuperar judicialmente suas ações, dependia de um acordo.

Planos de recuperação judicial


O plano de recuperação deve discriminar, de maneira detalhada, a sua
disponibilidade econômica e financeira. De forma clara e direta, precisa indicar
quais serão as medidas adotadas para a superação da dificuldade enfrentada pela
empresa e qual será o projeto financeiro para a satisfação dos créditos.
A partir do momento em que o juiz deferiu o pedido de recuperação judicial, a
empresa devedora tem o prazo de 60 dias para apresentar a formalização de um
plano para reorganização financeira e pagamento de credores.
Dentre as providências que podem ser previstas na recuperação judicial estão o
parcelamento de dívidas, a negociação com sindicatos, mudanças estruturais na
empresa para entrada de novos sócios, a contratação de empréstimos especiais,
entre outras medidas.

Caso o plano não seja apresentado no prazo de 60 dias, o juiz poderá proceder a
decretação de falência da empresa.

Aprovação do plano de recuperação


A apresentação do plano de recuperação ao juiz não significa que a proposta já
pode ser colocada em prática. É preciso, primeiro, que os credores não
apresentem objeção a ela.

Possíveis objeções e contestações por parte dos credores devem ser


manifestadas no prazo de 30 dias, de acordo com o Art. 55 da Lei 11.101/05.
Havendo qualquer objeção caberá ao juiz convocar uma Assembleia Geral de
Credores.

Modificações no plano serão consideradas apenas se o devedor as aceitar no


momento da assembleia.
Se o resultado da votação for a rejeição, de acordo com a nova redação dada
pela Lei 14.112/20, o administrador judicial poderá abrir votação para que os
credores apresentem um plano próprio de recuperação, no prazo de até 30 dias.

Para que a hipótese de apresentação de novo plano em 30 dias seja aceita,


precisará ser aprovada por credores que representem mais de 50% dos créditos
presentes na assembleia.

E, por fim, se aprovado o plano, deverá a assembleia definir um comitê de


credores, com membros titulares e substitutos.

Crimes falimentares
Pode ser considerado crimes falimentares:
Fraude a credores; violação de sigilo empresarial; divulgação de informações
falsas; indução a erro; favorecimento de credores; desvio, ocultação ou
apropriação de bens; aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens; habilitação
ilegal de crédito; exercício ilegal de atividade; violação de impedimento; e
omissão dos documentos contábeis obrigatórios.

Inconstâncias na recuperação judicial e falimentar


Se o plano de recuperação não for aprovado, ou se a empresa não conseguir
cumprir as condições acordadas, o juiz decretará a sua falência. Nesse caso,
deverá fechar as portas e vender os ativos para pagar as suas dívidas.

Etapas de uma falência:

Exemplos de empresas falidas e em recuperação judicial


A Livraria Cultura teve sua falência decretada pela Justiça em fevereiro por não
cumprimento do plano de recuperação judicial (ela está em recuperação desde
2018). A livraria conseguiu suspender a decisão da falência e trabalha para
mostrar que ainda é viável.
A fabricante de chocolates Pan, famosa pelos cigarrinhos de chocolate, entrou
com um pedido de autofalência na Justiça de São Paulo, admitindo não ter mais
condições de pagar suas dívidas. A falência foi decretada no dia 27 de fevereiro.
A loja de roupas Marisa trocou de comando no início de fevereiro e iniciou
negociações para conseguir pagar suas dívidas, que chegam a R$ 566 milhões.
A companhia de telefonia Oi fez um novo pedido de recuperação judicial nesta
quinta-feira (2). Antes de apresentar o pedido, o segundo em sua história, a
operadora de telefonia havia solicitado proteção contra credores. A empresa mal
finalizou sua primeira reestruturação, iniciada em 2016, mas declarou à Justiça
ter uma dívida de R$ 35 bilhões.
O caso mais emblemático é o da varejista Americanas, que entrou em
recuperação judicial em janeiro. Isso ocorreu após a empresa revelar um rombo
bilionário em seus balanços.
Ordem de pagamento dos credores
São quatro etapas de pagamento, na seguinte ordem:

1. Créditos trabalhistas; valor que o empregador deve ao empregado


2. Créditos oriundos dos pedidos de restituição; requerimento ao juízo da
falência, para que sejam restituídos os bens que se encontram em posse
da empresa em falência.
3. Créditos extraconcursais; são aqueles que surgem após o decreto de
falência.
4. Créditos concursais. créditos provenientes da atividade do empresário
devedor enquanto esse ainda estava na condução de sua atividade
empresarial.

Encerramento da falência
O objetivo de uma falência é pagar os credores da falida. Então, vejamos o
seguinte: se todos os valores possíveis foram arrecadados (realização do ativo),
todos os credores foram relacionados (realização do passivo) e houve a
distribuição do que foi apurado, podemos concluir que a falência atingiu sua
finalidade e não há mais razões para sua continuidade. Portanto, podemos dar
encerramento na falência .

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