Você está na página 1de 26

INTENSIVO II

Alexandre Gialluca
Direito Empresarial
Aula 10

ROTEIRO DE AULA

Continuação: Recuperação Judicial

7.4) Despacho de Processamento (art. 52):


● Nomeação do Administrador Judicial.
● Determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas
atividades, observado o disposto no § 3º do art. 195 da Constituição Federal e no art. 69 desta Lei;
● Ordenará a intimação eletrônica do Ministério Público e das Fazendas Públicas federal, estaduais,
distrital e municipais em que o devedor tiver estabelecimento, a fim de que tomem conhecimento da
recuperação judicial e informem eventuais créditos perante o devedor, para divulgação aos demais
interessados.
● Ordenará a suspensão de todas as execuções contra o devedor.

Na falência, o administrador judicial é nomeado na sentença declaratória de falência (o


empresário/soc. empreária é afastada de suas atividades). Na recuperação judicial, o administrador
judicial é nomeado no despacho de processamento (fiscaliza a atuação da empresa, os atos de gestão
e o cumprimento do plano de recuperação).

1
www.g7juridico.com.br
7.4) Despacho de Processamento:
7.4.1 - Nomeação do administrador judicial

Lei 11.101/2005, art. 22, II: “na recuperação judicial:


a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial;
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação;
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor;
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput
do art. 63 desta Lei;”

Lei 11.101/2005, art. Art. 52. “Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz
deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:
I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei;”

- O administrador judicial pode requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida


no plano de recuperação judicial.

Lei 11.101/2005, art. 22, II: “na recuperação judicial: (NOVIDADE)


j) estimular, sempre que possível, a conciliação, a mediação e outros métodos alternativos de solução
de conflitos relacionados à recuperação judicial e à falência, respeitados os direitos de terceiros, na
forma do § 3º do art. 3º da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil);
k) manter endereço eletrônico na rede mundial de computadores, com informações atualizadas sobre
os processos de falência e de recuperação judicial, com a opção de consulta às peças principais do
processo, salvo decisão judicial em sentido contrário;
l) manter endereço eletrônico específico, para o recebimento de pedidos de habilitação ou a
apresentação de divergências, ambos em âmbito administrativo, com modelos que poderão ser
utilizados pelos credores, salvo decisão judicial em sentido contrário;
m) providenciar, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, as respostas aos ofícios e às solicitações
enviadas por outros juízos e órgãos públicos, sem necessidade de prévia deliberação do juízo;”

MP/PE – 2022 – FCC - Na recuperação judicial, compete ao administrador judicial:


A) Arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação.
B) Fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial.
C) Avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposição os

2
www.g7juridico.com.br
livros e documentos do devedor.
D) Examinar a escrituração do devedor.
E) Assumir a representação judicial e extrajudicial do devedor.
Gabarito: B.

7.4.2- Determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça
suas atividades, observado o disposto no § 3º do art. 195 da Constituição Federal e no art. 69 desta
Lei.

A empresa em recuperação judicial fica dispensada de apresentar certidão negativa de débito (CND)
no exercício de suas atividades.

7.4.3 Intimação Eletrônica


Art. 52, V - ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas
Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.
Art. 52, V: “ordenará a intimação eletrônica do Ministério Público e das Fazendas Públicas federal,
estaduais, distrital e municipais em que o devedor tiver estabelecimento, a fim de que tomem
conhecimento da recuperação judicial e informem eventuais créditos perante o devedor, para
divulgação aos demais interessados.”

O MP pode atuar na Recuperação Judicial?


Sim, o MP pode atuar na recuperação judicial - ele toma conhecimento da recuperação judicial por
meio do despacho de processamento.

Art. 4º. O representante do Ministério Público intervirá nos processos de recuperação judicial e de
falência.
Parágrafo único. Além das disposições previstas nesta Lei, o representante do Ministério Público
intervirá em toda ação proposta pela massa falida ou contra esta. (VETADO)

REsp 1884860/RJ
RECURSO ESPECIAL
2020/0177163-8
Relator(a): Ministra NANCY ANDRIGHI (1118)
Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA

3
www.g7juridico.com.br
Data do Julgamento: 20/10/2020
Data da Publicação/Fonte: DJe 29/10/2020
Ementa
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. NEGATIVA E PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
INOCORRÊNCIA. ADMINISTRADOR. HONORÁRIOS. FIXAÇÃO EM PATAMAR DE 5% SOBRE OS CRÉDITOS
CONCURSAIS. IRRESIGNAÇÃO MANIFESTADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE RECURSAL
CONFIGURADA. Ação ajuizada em 23/4/2018. Recurso especial interposto em 14/6/2019. Autos
conclusos à Relatora em 25/8/2020.
2. O propósito recursal é definir (i) se houve negativa de prestação jurisdicional e (ii) se o Ministério
Público é parte legítima para recorrer da decisão declaratória do pedido de processamento da
recuperação judicial, fixa os honorários do administrador judicial no patamar máximo.
3. O acórdão recorrido adotou fundamentação suficiente à solução da controvérsia, não se
vislumbrando, nele, qualquer dos vícios elencados no art. 1.022 do CPC/15.
4. O texto normativo que resultou na atual Lei de Falência e Recuperação de Empresas saiu do
Congresso Nacional com uma roupagem que exigia do Ministério Público atuação em todas as fases
dos processos de recuperação judicial e de falência. Essas amplas e genéricas hipóteses de intervenção
originalmente previstas foram restringidas pela Presidência da República, mas nem por isso reduziu-
se a importância do papel da instituição na tramitação dessas ações, haja vista ter-se franqueado ao
MP a possibilidade de "requerer o que entender de direito".
5. A interpretação conjunta da regra do art. 52, V, da LFRE – que determina a intimação do Ministério
Público acerca da decisão que defere o processamento da recuperação judicial - e daquela constante
no art. 179, II, do CPC/15 - que autoriza, expressamente, a interposição de recurso pelo órgão
ministerial quando a este incumbir intervir como fiscal da ordem jurídica - evidencia a legitimidade
recursal do Parquet na hipótese concreta.
6. Ademais, verifica-se estar plenamente justificada a interposição do recurso pelo MP como
decorrência de sua atuação como fiscal da ordem jurídica, pois é seu papel institucional zelar, em
nome do interesse público (função social da empresa), para que não sejam constituídos créditos
capazes de inviabilizar a consecução do plano de soerguimento.

RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO, SEM MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS.


Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas constantes dos autos Após
parecer oral do Subprocurador-Geral da República, Dr. Rogério de Paiva Navarro, por unanimidade,
negar provimento ao recurso especial nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros

4
www.g7juridico.com.br
Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco Aurélio Bellizze e Moura Ribeiro
votaram com a Sra. Ministra Relatora.

7.4.4 – Suspensão (Stay Period):


Petição Inicial → Constatação Prévia → Despacho de processamento:
↓ ↓
(Relação de Credores) - Nomeação do administrador judicial;
- Dispensa de CND;
- Intimação do MP;
- Suspensão das execuções - art. 6º, II (stay period).

a) Conceito - Nos dizeres de Sérgio CAMPINHO, “terá o devedor um período de tranquilidade no qual
buscará recompor sua atividade e recuperar a sua empresa”. Buscou o legislador falimentar, portanto,
conferir ao devedor um período de verdadeira oxigenação, resguardando-o para que tenha condições
mínimas de formular um plano de recuperação judicial que atenda ao anseio dos seus credores, sem
que tenha que se preocupar com execuções.

b) Quais ações serão suspensas?


As execuções contra o devedor e não “todas as ações e execuções”.

Lei 11.101/05, art. 6º: “A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação


judicial implica:
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende
o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos
credores particulares do sócio solidário.
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores particulares
do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência.”

c) Qual prazo de suspensão?


O prazo de suspensão é de 180 dias, contado do deferimento do processamento da recuperação
judicial.

d) Pode ser prorrogado?


É possível a prorrogação excepcional do prazo por igual período, uma única vez, desde que o devedor

5
www.g7juridico.com.br
não concorra com a superação do lapso temporal.

e) Quais execuções não serão suspensas?


Art. 6º: “A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica:
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei;
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores particulares
do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e
constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais ou
extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência.
§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia
ilíquida.
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de
créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as
impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas.”

I) Quantias ilíquidas
Art. 6, § 1º “Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar
quantia ilíquida.”

II) Créditos art. 49, §3ª: arrendamento mercantil, contratos de alienação fiduciária, compra e venda
de imóvel com cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, compra e venda com reserva de
domínio.

III) Execução fiscal: é possível a substituição dos atos de constrição.

Art. 49. “Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda
que não vencidos.
§1º Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os
coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.
§2º As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente
contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso
ficar estabelecido no plano de recuperação judicial.
§ 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de

6
www.g7juridico.com.br
arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos
contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias,
ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos
efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições
contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de
suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do
devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.”

- Ainda que seja possível o prosseguimento da execução, os atos de constrição podem ser suspensos
pelo juízo da recuperação judicial, especificamente sobre os atos de constrição que recaiam sobre
bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial:

Art. 6, § 7º-A “O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica aos créditos referidos
nos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei, admitida, todavia, a competência do juízo da recuperação judicial
para determinar a suspensão dos atos de constrição que recaiam sobre bens de capital essenciais à
manutenção da atividade empresarial durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º deste
artigo, a qual será implementada mediante a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o disposto no art. 805 do
referido Código.”

- Na execução fiscal, o juízo da recuperação judicial pode substituir os atos de constrição que recaiam
sobre bens essenciais à manutenção da atividade empresarial até o encerramento da recuperação
judicial:

§ 7º-B “O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica às execuções fiscais,
admitida, todavia, a competência do juízo da recuperação judicial para determinar a substituição dos
atos de constrição que recaiam sobre bens essenciais à manutenção da atividade empresarial até o
encerramento da recuperação judicial, a qual será implementada mediante a cooperação jurisdicional,
na forma do art. 69 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o
disposto no art. 805 do referido Código.”

Obs.: O prosseguimento das execuções fiscais não significa absoluta liberdade para a realização de
medidas de constrição.

7
www.g7juridico.com.br
Enunciado 74 da II Jornada de Direito Comercial: “Embora a execução fiscal não se suspenda em
virtude do deferimento do processamento da recuperação judicial, os atos que importem em
constrição do patrimônio do devedor devem ser analisados pelo Juízo recuperacional, a fim de garantir
o princípio da preservação da empresa.”

O juízo da Recuperação Judicial pode determinar a suspensão de atos de constrição?


É possível a suspensão dos atos de constrição nas hipóteses do art. 49, §3º. Contudo, nas execuções
fiscais se admite a substituição de tais atos.

Art. 6º “A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica:


I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei;
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores particulares
do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência.”

INFORMATIVO 0762 STJ – DEZ/22


CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL EM RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. SOCIEDADE EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA EXECUÇÃO FISCAL: ADOÇÃO DE ATOS
CONSTRITIVOS DE BENS DE CAPITAL DA RECUPERANDA, SEM ALIENAÇÃO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO
DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL: SUBSTITUIÇÃO DO OBJETO DA CONSTRIÇÃO OU DA FORMA
SATISFATIVA. DEVER DE COOPERAÇÃO (CPC, ART. 67). CONFLITO DE COMPETÊNCIA CONHECIDO.

1. À luz da Lei 11.101/2005, art. 6º, § 7º-B, do CPC, arts. 67 a 69, e da jurisprudência desta Corte (CC
181.190/AC, Relator Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE), compete: 1.1) ao Juízo da Execução Fiscal,
determinar os atos de constrição judicial sobre bens e direitos de sociedade empresária em
recuperação judicial, sem proceder à alienação ou levantamento de quantia penhorada, comunicando
aquela medida ao juízo da recuperação, como dever de cooperação; e 1.2) ao Juízo da Recuperação
Judicial, tomando ciência daquela constrição, exercer juízo de controle e deliberar sobre a substituição
do ato constritivo que recaia sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial
até o encerramento do procedimento de soerguimento, podendo formular proposta alternativa de
satisfação do crédito, em procedimento de cooperação recíproca.
2. A caracterização do conflito de competência depende da inobservância do dever de recíproca
cooperação (CPC, arts. 67 a 69), com a divergência ou oposição entre os Juízos acerca do objeto da
constrição ou sobre a forma de satisfação do crédito tributário.
3. Na espécie, está caracterizada a ocorrência de conflito de competência, porquanto o Juízo da

8
www.g7juridico.com.br
Recuperação Judicial, ao deixar de substituir o bem constrito ou de propor forma alternativa de
satisfação da execução fiscal, opta por requerer o levantamento da penhora, sem cogitar de medida
substitutiva, desbordando dos contornos legais de sua competência.
4. Conflito de competência conhecido, para declarar a competência do Juízo da Execução Fiscal.
(CC n. 187.255/GO, relator Ministro Raul Araújo, Segunda Seção, julgado em 14/12/2022, DJe de
20/12/2022.)

III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e
constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais ou
extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência.
§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia
ilíquida.
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de
créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as
impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até
a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor
determinado em sentença.
§ 3º O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º deste artigo poderá determinar a reserva
da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido
líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria.
§ 4º Na recuperação judicial, as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput
deste artigo perdurarão por 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da
recuperação, prorrogável por igual período, uma única vez, em caráter excepcional, desde que o
devedor não haja concorrido com a superação do lapso temporal.
§ 4º-A O decurso dos prazos previstos no § 4º deste artigo, sem a deliberação a respeito do plano de
recuperação judicial proposto pelo devedor, faculta aos credores a propositura de plano alternativo,
na forma dos §§ 4º, 5º, 6º e 7º do art. 56 desta Lei, observado o seguinte:
I - as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo não serão
aplicáveis caso os credores não apresentem plano alternativo no prazo de 30 (trinta) dias, contado do
final do prazo referido no § 4º deste artigo ou no § 4º do art. 56 desta Lei;
II - as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo perdurarão por
180 (cento e oitenta) dias contados do final do prazo referido no § 4º deste artigo, ou da realização da
assembleia geral de credores referida no § 4º do art. 56 desta Lei, caso os credores apresentem plano
alternativo no prazo referido no inciso I deste parágrafo ou no prazo referido no § 4º do art. 56 desta

9
www.g7juridico.com.br
Lei.
§ 5º O disposto no § 2º deste artigo aplica-se à recuperação judicial durante o período de suspensão
de que trata o § 4º deste artigo.
§ 7º-A O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica aos créditos referidos nos §§
3º e 4º do art. 49 desta Lei, admitida, todavia, a competência do juízo da recuperação judicial para
determinar a suspensão dos atos de constrição que recaiam sobre bens de capital essenciais à
manutenção da atividade empresarial durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º deste
artigo, a qual será implementada mediante a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o disposto no art. 805 do
referido Código.
§ 7º-B O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica às execuções fiscais, admitida,
todavia, a competência do juízo da recuperação judicial para determinar a substituição dos atos de
constrição que recaiam sobre bens essenciais à manutenção da atividade empresarial até o
encerramento da recuperação judicial, a qual será implementada mediante a cooperação jurisdicional,
na forma do art. 69 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o
disposto no art. 805 do referido Código.

7.4.5 - Cabe recurso do deferimento do despacho de processamento?


A Lei 11.101/05 não possui previsão de interposição de recurso em face do despacho de
processamento, mas o STJ admite a interposição de agravo de instrumento nos termos do parágrafo
único art. 1.015 do CPC (Inf. nº 0635 - interpretação extensiva).

CPC, art. 1.015: “Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º

10
www.g7juridico.com.br
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas
na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no
processo de inventário.

Informativo nº 0635
Publicação: 9 de novembro de 2018.
QUARTA TURMA
Processo: REsp 1.722.866-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em
25/09/2018, DJe 19/10/2018
Ramo do Direito: DIREITO PROCESSUAL CIVIL, DIREITO FALIMENTAR
Tema: Falência e recuperação judicial. Sistema recursal. Decisão interlocutória. Ausência de previsão
específica na Lei n. 11.101/2005 (LREF). Agravo de instrumento. Cabimento. Art. 1.015, parágrafo
único, do CPC/2015. Interpretação extensiva.
Destaque: É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões interlocutórias em
processo falimentar e recuperacional, ainda que não haja previsão específica de recurso na Lei n.
11.101/2005 (LREF).

Informações de Inteiro Teor


Inicialmente, a Lei de Recuperação Judicial e Falência - LREF estabeleceu, em seu art. 189, que, "no
que couber", haverá aplicação supletiva da lei adjetiva geral, incidindo tão somente de forma
subsidiária e desde que se constate evidente compatibilidade com a natureza e o espírito do
procedimento especial. No que se refere à definição do regime jurídico do agravo de instrumento
diante do microssistema da Lei n. 11.101/2005, sabe-se que ao contrário do Código de Processo Civil
de 1973, que possibilitava a interposição do agravo de instrumento contra toda e qualquer
interlocutória, o novo diploma processual definiu que tal recurso só se mostra cabível contra as
decisões expressamente apontadas pelo legislador. Contudo, o rol taxativo do art. 1.015 do CPC de
2015, por si só, não afasta a incidência das hipóteses previstas na LREF, pois o próprio inciso XIII
estabelece o cabimento do agravo de instrumento nos "outros casos expressamente referidos em lei".
No entanto, há determinadas decisões judiciais tomadas no curso da recuperação judicial e da falência
que, apesar de não haver previsão de impugnação pela lei de regência nem enquadramento no rol
taxativo do NCPC, ainda assim, serão passíveis de irresignação por intermédio do agravo. Apesar da
taxatividade, o STJ vem reconhecendo a possibilidade de interpretação extensiva ou analógica das

11
www.g7juridico.com.br
hipóteses dispostas no rol do agravo de instrumento. Deveras, nas interlocutórias sem previsão
específica de recurso incidirá o parágrafo único do art. 1.015 do CPC/2015, justamente porque, em
razão das características próprias do processo falimentar e recuperacional, haverá tipificação com a
ratio do dispositivo - qual seja, falta de interesse/utilidade de revisão da decisão apenas no momento
do julgamento da apelação -, permitindo a impugnação imediata dos provimentos judiciais.
De fato, a recuperação judicial não é procedimento linearmente disposto, importa um somatório de
decisões com o objetivo de viabilizar a reestruturação da empresa - tendo como norte a superação do
estado de crise -, que, por consectário lógico, devem ser de rápida solução, inclusive por sua influência
no conteúdo de atos subsequentes e na conclusão do plano. Realmente, não parece haver lógica em
se aguardar a sentença no processo de recuperação judicial, somente prolatada depois do
cumprimento de todas as obrigações previstas no plano de recuperação judicial aprovado (LREF, art.
63), momento em que já teria havido, por outro lado, todas as definições a respeito do deferimento e
processamento da recuperação, dos critérios da assembleia de credores, das habilitações, da
homologação do plano, entre outras medidas que restariam implementadas de maneira irremediável
no momento da apelação.
Assim, há clara incompatibilidade do novo regime de preclusão previsto no novel diploma processual
com o sistema recursal da recuperação judicial, haja vista que a incidência do regime de impugnação
diferida das interlocutórias, apenas em apelação, tornaria sem utilidade o recurso, pois seu cabimento
ocorreria apenas quando do exaurimento do procedimento. Inclusive, essa foi a conclusão adotada
pela 1ª Jornada de Direito Processual Civil do CJF, nos termos do Enunciado n. 69, segundo o qual "a
hipótese do art. 1.015, parágrafo único, do CPC abrange os processos concursais, de falência e
recuperação".

“Cabimento do agravo. Decisão que defere o processamento da recuperação judicial. Procedimento


especial da lei 11.101/05 que não prevê recurso de apelação contra deferimento de recuperação
judicial ou aprovação do plano. Questão que não seria devolvida à apreciação do Tribunal por meio
de apelação. Cabimento do agravo de instrumento, sob pena de negativa de tutela jurisdicional e do
duplo grau de jurisdição. (TJSP; AI 2054226-28.2017.8.26.0000; Ac. 10545346; Jaboticabal; Primeira
Câmara Reservada de Direito Empresarial; Rel. Des. Carlos Dias Motta; Julg. 21/6/2017; DJESP
28/06/2017; Pág. 1909). No mesmo sentido, TJSP; AI 2048349-10.2017.8.26.0000; Ac. 10933980; São
José do Rio Preto; Segunda Câmara Reservada de Direito Empresarial; Rel. Des. Araldo Telles; Julg.
30/10/2017; DJESP 9/11/2017; Pág. 1970; TJSP, AI 2084028-08.2016.8.26.0000, 2ª Câmara Reservada
de Direito Empresarial, Rel. Des. Fabio Tabosa, julg. 25/5/2016.”

12
www.g7juridico.com.br
Enunciado 52 da 1ª Jornada de Direito Comercial: A decisão que defere o processamento da
recuperação judicial desafia agravo de instrumento.

7.4.6 - Após o despacho de processamento, o devedor pode desistir da ação de recuperação judicial?
O devedor não pode desistir do pedido de recuperação judicial após o despacho de processamento,
salvo se possuir autorização da assembleia geral de credores.

Lei 11.101/05, art. 52 §4º: “O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o
deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na assembleia-geral de
credores.”

7.5) Edital
Após o despacho de processamento é publicado um edital contendo o despacho de processamento e
a relação de credores.

7.6) Plano
a) Prazo: 60 dias corridos e improrrogável, contado da publicação da decisão que deferiu o
processamento e sob pena de convolação em falência.

Lei 11.101/05. art. 53: “O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo
improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da
recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter:
I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art. 50
desta Lei, e seu resumo;
II – demonstração de sua viabilidade econômica; e
III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional
legalmente habilitado ou empresa especializada.”

Lei 11.101/05, art. 189: “O disposto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil), aplica-se, no que couber, e desde que não seja incompatível com os princípios desta Lei, aos
procedimentos previstos nesta Lei.
§ 1º Para os fins do disposto nesta Lei:
I - todos os prazos nela previstos ou que dela decorram serão contados em dias corridos;”

13
www.g7juridico.com.br
b) Documentos que deve conter:
Lei 11.101/05, art. 53: “O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo
improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da
recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter:
I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art. 50
desta Lei, e seu resumo;
II – demonstração de sua viabilidade econômica; e
III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional
legalmente habilitado ou empresa especializada.”

c) Meios (novidade)
O rol do art. 50 é exemplificativo.

Lei 11.101/05, art. 50: “Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente
a cada caso, dentre outros:
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou
cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente;
III – alteração do controle societário;
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos
administrativos;
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto
em relação às matérias que o plano especificar;
VI – aumento de capital social;
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios
empregados;
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva;
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia
própria ou de terceiro;
X – constituição de sociedade de credores;
XI - venda parcial dos bens;
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo
inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos

14
www.g7juridico.com.br
de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;
XIII – usufruto da empresa;
XIV – administração compartilhada;
XV – emissão de valores mobiliários;
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos,
os ativos do devedor.
XVII - conversão de dívida em capital social;
XVIII - venda integral da devedora, desde que garantidas aos credores não submetidos ou não
aderentes condições, no mínimo, equivalentes àquelas que teriam na falência, hipótese em que será,
para todos os fins, considerada unidade produtiva isolada.”

Exemplo - art. 50, II: fusão de imobiliária que realizada apenas a administração de condomínios com
outra que apenas realizava a compra e venda com locação de imóveis.

Caso haja conversão da dívida em capital social (inciso XVII), os credores terão sucessão ou
responsabilidade por dívidas da recuperanda?
Nesse caso não há sucessão ou responsabilidade (art. 50, §3º).

Lei 11.101/05, art. 50, §3º: “Não haverá sucessão ou responsabilidade por dívidas de qualquer
natureza a terceiro credor, investidor ou novo administrador em decorrência, respectivamente, da
mera conversão de dívida em capital, de aporte de novos recursos na devedora ou de substituição dos
administradores desta.”

Obs.1: ALIENAÇÃO DE BENS DE EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL E A SUCESSÃO:


De acordo com o art. 60, parágrafo único, da Lei 11.101/05, não há sucessão do arrematante de
estabelecimento que esteja em recuperação judicial.

Art. 60. “Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de
unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o disposto no
art. 142 desta Lei.
Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do
arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no
§ 1o do art. 141 desta Lei.
Parágrafo-único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do

15
www.g7juridico.com.br
arrematante nas obrigações do devedor de qualquer natureza, incluídas, mas não exclusivamente, as
de natureza ambiental, regulatória, administrativa, penal, anticorrupção, tributária e trabalhista,
observado o disposto no § 1º do art. 141 desta Lei.” (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
(Vigência)

d) Tem alguma limitação para o Plano de Recuperação Judicial? (novidade)


A empresa possui liberdade para elaboração do plano de recuperação judicial. Contudo, existe
limitação legal de um ano para pagamento de créditos trabalhistas ou decorrentes de acidentes de
trabalho.

Lei 11.101/05, art. 54. “O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um)
ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de
trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial.
§ 1º O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite
de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial vencidos
nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial.
§ 2º O prazo estabelecido no caput deste artigo poderá ser estendido em até 2 (dois) anos, se o plano
de recuperação judicial atender aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I – apresentação de garantias julgadas suficientes pelo juiz;
II - aprovação pelos credores titulares de créditos derivados da legislação trabalhista ou decorrentes
de acidentes de trabalho, na forma do § 2º do art. 45 desta Lei; e
III - garantia da integralidade do pagamento dos créditos trabalhistas.”

e) Qual é o termo inicial do prazo de pagamento dos credores trabalhistas?


De acordo com o STJ, o termo inicial para pagamento dos credores trabalhistas é a data da concessão
da recuperação judicial.

INFORMATIVO 0701 DE 21 DE JUNHO DE 2021 – STJ


REsp 1.924.164-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
15/06/2021, DJe 17/06/2021.

Recuperação judicial. Data da concessão. Termo inicial. Prazo para pagamento dos credores
trabalhistas. Art. 54 da Lei n. 11.101/2005.
“A liberdade de negociar prazos de pagamentos é diretriz que serve de referência à elaboração do

16
www.g7juridico.com.br
plano de recuperação judicial. Todavia, a fim de evitar abusos que possam inviabilizar a concretização
dos princípios que regem o processo de soerguimento, a própria Lei n. 11.101/2005 cuidou de impor
limites à deliberação dos envolvidos na negociação. Dentre esses limites, vislumbra-se aquele
estampado em seu art. 54, que garante o pagamento privilegiado de créditos trabalhistas. Tal
privilégio encontra justificativa por incidir sobre verba de natureza alimentar, titularizada por quem
goza de proteção jurídica especial em virtude de sua maior vulnerabilidade.
A par de garantir pagamento especial aos credores trabalhistas no prazo de um ano, o art. 54 da LFRE
não fixou o marco inicial para cumprimento dessa obrigação.
Todavia, decorre da interpretação sistemática desse diploma legal que o início do cumprimento de
quaisquer obrigações previstas no plano de soerguimento está condicionado à concessão da
recuperação judicial (art. 61, caput, c/c o art. 58, caput, da LFRE).
Isso porque é apenas a partir da concessão do benefício legal que o devedor poderá satisfazer seus
credores, conforme assentado no plano, sem que isso implique tratamento preferencial a alguns em
detrimento de outros.
Vale observar que, quando a lei pretendeu que determinada obrigação fosse cumprida a partir de
outro marco inicial, ela o declarou de modo expresso, como ocorreu, a título ilustrativo, na hipótese
do inciso III do art. 71 da LFRE (plano especial de recuperação judicial).
Acresça-se a isso que a novação dos créditos existentes à época do pedido (art. 59 da LFRE) apenas se
perfectibiliza, para todos os efeitos, com a prolação da decisão que homologa o plano e concede a
recuperação, haja vista que, antes disso, verificada uma das situações previstas no art. 73 da LFRE, o
juiz deverá convolar o procedimento recuperacional em falência.
Nesse norte, não se poderia cogitar que o devedor adimplisse obrigações antes de ser definido que o
procedimento concursal será, de fato, a recuperação judicial e não a falência. Somente depois de
aprovado o plano e estabelecidas as condições específicas dos pagamentos é que estes podem ter
início.
No caso, o fundamento que serviu de suporte à conclusão - no sentido de que o pagamento dos
créditos trabalhistas deveria ter início imediatamente após o decurso do prazo suspensivo de 180 dias
- decorre da compreensão de que, findo tal período, estaria autorizada a retomada da busca individual
dos créditos detidos contra a recuperanda.
Essa compreensão, contudo, não encontra respaldo na jurisprudência deste Tribunal Superior, que
possui entendimento consolidado no sentido de que o decurso do prazo acima indicado não pode
conduzir, automaticamente, à retomada da cobrança dos créditos sujeitos ao processo de
soerguimento, uma vez que o objetivo da recuperação judicial é garantir a preservação da empresa e
a manutenção dos bens de capital essenciais à atividade na posse da devedora.”

17
www.g7juridico.com.br
f) Momento da constituição do crédito trabalhista:
Os créditos posteriores à data do pedido de recuperação judicial não integram o pedido de
recuperação judicial.

Art. 49. “Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda
que não vencidos.
§ 1º Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os
coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.
§ 2º As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente
contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso
ficar estabelecido no plano de recuperação judicial.
§ 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de
arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos
contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias,
ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos
efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições
contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de
suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do
devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.
§ 4o Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o inciso II do
art. 86 desta Lei.
§ 5º Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios,
aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantias
liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e, enquanto não renovadas ou substituídas, o
valor eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante
o período de suspensão de que trata o § 4o do art. 6o desta Lei.”

Se a reclamação trabalhista é ajuizada antes do pedido de recuperação judicial e o trânsito em


julgado ocorre após o pedido, essa ação pode ser habilitada no plano de recuperação judicial?
A questão foi decidida no julgamento do REsp 1.686.168: deve ser observado o momento da prestação
de serviço (quando gera a existência do crédito).

RECURSO ESPECIAL Nº 1.686.168 - RS (2016/0324238-9)


RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. HABILITAÇÃO DE CRÉDITO. MOMENTO EM QUE SE

18
www.g7juridico.com.br
CONSIDERA EXISTENTE O CRÉDITO TRABALHISTA. EXEGESE ART. 49 DA LRF. PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
1. Ação de habilitação de crédito da qual foi extraído o recurso especial, interposto em 09/06/2016 e
concluso ao gabinete em 14/12/2016. Julgamento: CPC/15.
2. O propósito recursal é decidir em que momento se considera existente o crédito trabalhista para
efeitos de sua habilitação em processo de recuperação judicial (art. 49, da Lei 11.101/05).
3. Considera-se existente o crédito no momento da prestação do serviço do trabalhador,
independente do trânsito em julgado da reclamação trabalhista, que apenas o declara em título
executivo judicial. Precedente Terceira Turma.
4. Recurso especial provido.

7.7) Habilitação de Crédito (novidade)


- Habilitação eletrônica de crédito – links e formulários eletrônicos

Art. 22, I:
l) “manter endereço eletrônico específico, para o recebimento de pedidos de habilitação ou a
apresentação de divergências, ambos em âmbito administrativo, com modelos que poderão ser
utilizados pelos credores, salvo decisão judicial em sentido contrário;”

Se o credor observa que não foi arrolado na relação de credores, que é publicada via Edital, ele precisa
realizar habilitação de crédito no prazo de 15 dias, contado da publicação do Edital - art. 7º, §1º. O
crédito é habilitado perante o administrador judicial (via website).

Posteriormente, o administrador judicial possui prazo de 45 dias para apresentar a nova relação de
credores (credores previstos no edital e aqueles que se habilitaram) - art. 7º, § 2º.

Obs.: Contra a nova relação de credores apresentada pelo administrador judicial é possível a
interposição de ação de impugnação - art. 8º.

Lei 11.101/05, art. 7º. “A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base
nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem
apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas
especializadas.
§ 1º Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º, ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores
terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas

19
www.g7juridico.com.br
divergências quanto aos créditos relacionados.
§ 2º O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na forma do caput e
do § 1º deste artigo, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e
cinco) dias, contado do fim do prazo do § 1º deste artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo
comum em que as pessoas indicadas no art. 8º desta Lei terão acesso aos documentos que
fundamentaram a elaboração dessa relação. “

7.8) Impugnação.
A impugnação pode ser apresentada no prazo de dez dias, contado da apresentação da nova relação
de credores.

Lei 11.101/05, art. 8º. “No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art.
7º, § 2º, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem
apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer
crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado.
Parágrafo único. Autuada em separado, a impugnação será processada nos termos dos arts. 13 a 15
desta Lei.”

Atenção: A impugnação discute a relação de credores, ao passo que a objeção é o instrumento


processual que visa a reprovação do plano de recuperação judicial – ela deve ser apresentada no prazo
de 30 dias, contado da publicação da relação do art. 7º, §2º (vide art. 55 da Lei 11.101/05).

7.9) Habilitação de Crédito Retardatária


A habilitação de crédito retardatária é aquela realizada fora do prazo.

Obs.: Com exceção do crédito trabalhista, o credor retardatário não possui direito de voto nas
deliberações da assembleia geral de credores.

Lei 11.101/05, art. 10. “Não observado o prazo estipulado no art. 7º, § 1º, desta Lei, as habilitações
de crédito serão recebidas como retardatárias.
§ 1º Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares de créditos
derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembleia-geral de
credores.
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo ao processo de falência, salvo se, na data da realização

20
www.g7juridico.com.br
da assembleia-geral, já houver sido homologado o quadro- geral 10 de credores contendo o crédito
retardatário.
§ 3º Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios eventualmente realizados e
ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se computando os acessórios compreendidos entre o
término do prazo e a data do pedido de habilitação.
§ 4º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o credor poderá requerer a reserva de valor para
satisfação de seu crédito.
§ 5º As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação do quadro-geral
de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 desta Lei.
§ 6º Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito
poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil,
requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do
respectivo crédito.
§ 7º O quadro-geral de credores será formado com o julgamento das impugnações tempestivas e com
as habilitações e as impugnações retardatárias decididas até o momento da sua formação.
§ 8º As habilitações e as impugnações retardatárias acarretarão a reserva do valor para a satisfação
do crédito discutido.
§ 9º A recuperação judicial poderá ser encerrada ainda que não tenha havido a consolidação definitiva
do quadro-geral de credores, hipótese em que as ações incidentais de habilitação e de impugnação
retardatárias serão redistribuídas ao juízo da recuperação judicial como ações autônomas e
observarão o rito comum.
§ 10. O credor deverá apresentar pedido de habilitação ou de reserva de crédito em, no máximo, 3
(três) anos, contados da data de publicação da sentença que decretar a falência, sob pena de
decadência.”

Qual é o prazo final para Habilitação de Crédito Retardatária?


O prazo final para apresentar a habilitação de crédito retardatária é a sentença de encerramento do
processo de recuperação judicial.

REsp 1.840.166-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
10/12/2019, DJe 13/12/2019
DIREITO EMPRESARIAL, DIREITO FALIMENTAR
Recuperação judicial. Habilitação retardatária de crédito. Prazo final. Sentença de encerramento do
processo de soerguimento.

21
www.g7juridico.com.br
“De acordo com o art. 7º, parágrafo único, da Lei de Falência e Recuperação de empresas, os credores
da recuperanda têm o prazo de 15 dias para apresentar, perante o administrador judicial, a habilitação
de seus créditos, a contar da publicação do edital previsto no art. 52, § 1º, da LFRE. Uma vez publicada
a nova relação de credores, prevista no § 2º do artigo 7º da lei mencionada, qualquer interessado
poderá impugná-la em juízo, no prazo de 10 dias contados da data daquela publicação (art. 8º da
LFRE). Ultrapassados esses prazos, o credor não incluído na relação elaborada pelo administrador
judicial poderá apresentar pedido de habilitação retardatária. Se o requerimento for protocolado
antes da homologação do quadro-geral, será processado na forma dos arts. 13 a 15 da LFRE; caso
contrário, o procedimento a ser seguido será o ordinário, previsto no Código de Processo Civil (arts.
10, §§ 5º e 6º, da LFRE). Isso significa que, uma vez homologado o quadro-geral de credores, a única
via para o credor pleitear a habilitação de seu crédito é a judicial, mediante a propositura de ação que
tramitará pelo rito ordinário e que deve ser ajuizada até a prolação da decisão de encerramento do
processo recuperacional. De fato, a doutrina esclarece que, "a rigor, a Lei não estabelece limite
temporal para a habilitação retardatária, de tal forma que, em tese, até o momento da extinção da
recuperação (art. 63) ou da extinção das obrigações na falência (art. 159), é possível receber
habilitações (como habilitação ou como resultado de julgamento em ação de rito ordinário), as quais
serão normalmente processadas, para fins de inclusão no quadro-geral de credores, na categoria que
a lei reserva para aquele crédito". Releva destacar que o art. 19, caput, da LFRE estabelece que os
pedidos de exclusão, de reclassificação ou de retificação de qualquer crédito – nos casos de
descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou, ainda, de documentos ignorados
na época do julgamento do crédito ou da inclusão no quadro-geral de credores – podem ser deduzidos
em juízo até o encerramento da recuperação judicial ou da falência. Assim, de todo o exposto, o que
se conclui é que, uma vez encerrada a recuperação judicial, não se pode mais autorizar a habilitação
ou a retificação de créditos. Além de tal inferência constituir imperativo lógico, a inércia da parte não
pode prejudicar a coletividade de credores e o soerguimento da recuperanda, sob risco de violação
aos princípios da razoável duração do processo e da eficiência, além de malferimento à segurança
jurídica.

7.10) Quadro Geral de Credores


Se o plano de recuperação é aprovado, o juiz profere a decisão concessiva e, posteriormente, é
proferida uma sentença de encerramento. Entretanto, não significa que o plano de recuperação se
finda porque ele perdura até integral cumprimento. Por esse motivo, é possível que o quadro geral de
credores não seja definido quando da sentença de encerramento (tendo em vista a possibilidade de
interposição de diversas impugnações).

22
www.g7juridico.com.br
7.11) Objeção
É o instrumento processual que o credor utiliza da reprovar o plano de recuperação judicial - prazo de
30 dias, contado da publicação da relação do art. 7º, §2º.

Lei 11.101/05, art. 55. “Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de
recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da relação de credores de que
trata o § 2o do art. 7o desta Lei.
Parágrafo único. Caso, na data da publicação da relação de que trata o caput deste artigo, não tenha
sido publicado o aviso previsto no art. 53, parágrafo único, desta Lei, contar-se-á da publicação deste
o prazo para as objeções.”

A ausência de objeção no prazo de 30 dias gera a aprovação do plano de recuperação judicial. Por
outro lado, a apresentação de objeção gera a necessidade de convocação da assembleia geral de
credores - conforme art. 56.

Lei 11.101/05, art. 56. “Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz
convocará a assembleia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação.
§ 1º A data designada para a realização da assembleia-geral não excederá 150 (cento e cinqüenta) dias
contados do deferimento do processamento da recuperação judicial.
§ 2º A assembleia-geral que aprovar o plano de recuperação judicial poderá indicar os membros do
Comitê de Credores, na forma do art. 26 desta Lei, se já não estiver constituído.

7.12) Assembleia Geral de Credores


a) Prazo: 150 dias contado do deferimento do processamento da recuperação judicial - art. 56, § 1º.

b) Composição:
Lei 11.101/05, art. 41: “A assembleia-geral será composta pelas seguintes classes de credores:
I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho;
II – titulares de créditos com garantia real;
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados.
IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte.”

c) Quórum de aprovação do Plano:


Lei 11.101/05, art. 45. “Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de

23
www.g7juridico.com.br
credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.
§ 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser
aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à
assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes.
§ 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada pela
maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito. (Redação dada
pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
§ 3o O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quórum de
deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de
pagamento de seu crédito.”

O plano é aprovado desde que exista a concordância de todas as classes listadas no art. 41 da Lei
11.101/05.

● Quórum de aprovação:
- Classe II e III: maioria dos credores presentes (voto por cabeça) + maioria dos créditos presentes;

- Classe I e IV: maioria dos credores presentes

d) A assembleia pode alterar o plano de Recuperação Judicial?


A assembleia pode propor alterações ao plano de recuperação desde que o devedor concorde de
forma expressa.

Lei 11.101/05, art. 56, §3º. “O plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembleia-
geral, desde que haja expressa concordância do devedor e em termos que não impliquem diminuição
dos direitos exclusivamente dos credores ausentes.”

e) TERMO DE ADESÃO
Lei 11.101/05, art. 56-A. “Até 5 (cinco) dias antes da data de realização da assembleia geral de
credores convocada para deliberar sobre o plano, o devedor poderá comprovar a aprovação dos
credores por meio de termo de adesão, observado o quórum previsto no art. 45 desta Lei, e requerer
a sua homologação judicial.”

24
www.g7juridico.com.br
TJ/PE – 2022 - Juiz Substituto – FGV Após a publicação do aviso aos credores quanto ao recebimento
do plano de recuperação judicial de Olinda Cereais Veganos Ltda., em recuperação judicial, o credor
quirografário Tamandaré Adubos Ltda. ofereceu no prazo legal objeção ao plano. Em consequência, o
juiz da vara única da Comarca de Afrânio determinou a convocação de assembleia geral de credores,
marcada para o dia 30 de junho de 2022. Na véspera da realização da assembleia, o advogado da
recuperanda protocolou no juízo termo de adesão ao plano assinado por credores das classes I e III do
Art. 41 da Lei nº 11.101/2005. Em relação aos credores da classe I, o termo de adesão está assinado
por 129, dentre os 200 credores, cujos créditos perfazem 40% do passivo da classe; em relação aos
credores da classe III, o plano está assinado por 75% dos credores que representam 88% do passivo
da classe, tudo com base na segunda relação de credores publicada. Não há credores das classes II e
IV do referido Art. 41.
Considerados esses dados, é correto afirmar que o juiz:
a) poderá homologar o plano, tendo em vista a tempestividade da apresentação do termo de adesão
e do cumprimento do quórum legal para aprovação do plano, ainda que sem a realização da
assembleia e apreciação da objeção do credor quirografário;
b) não poderá homologar o plano, tendo em vista a intempestividade da apresentação do termo de
adesão, ainda que o quórum legal para aprovação do plano tenha sido observado;
c) poderá homologar o plano, tendo em vista a dispensa da realização da assembleia quando o
devedor apresentar, até o momento de sua instalação, termo de adesão subscrito pelo número de
credores suficiente para a aprovação do plano;
d) não poderá homologar o plano, pois não foi atingido o quórum legal para sua aprovação, ainda que
tenha sido tempestiva a apresentação do termo de adesão pela recuperanda;
e) não poderá homologar o plano, pois houve apresentação de objeção tempestiva, devendo ser
convocada assembleia de credores, salvo se apresentado, até quinze dias antes, termo de adesão
assinado por credores representando mais da metade do valor dos créditos em cada classe.
Gabarito: B.

f) É possível assembleia eletrônica?


A assembleia pode ser realizada de forma eletrônica.

Lei 11.101/05, art. 39, §4º. “Qualquer deliberação prevista nesta Lei a ser realizada por meio de
assembleia geral de credores poderá ser substituída, com idênticos efeitos, por:
I - termo de adesão firmado por tantos credores quantos satisfaçam o quórum de aprovação
específico, nos termos estabelecidos no art. 45-A desta Lei;

25
www.g7juridico.com.br
II - votação realizada por meio de sistema eletrônico que reproduza as condições de tomada de voto
da assembleia geral de credores; ou
III - outro mecanismo reputado suficientemente seguro pelo juiz.”

26
www.g7juridico.com.br

Você também pode gostar