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CONTEÚDO PARA O SIMULADO DO DIA 26-05.

❣Restauração de autos;

A Ação de Restauração dos Autos segundo o Art. 1063 do Código de Processo Civil
vigente (Art. 714, Novo CPC), é a ação cabível quando verificado o desaparecimento
dos autos qualquer das partes poderá solicitar que estes sejam restaurados.

Ela será cabível sempre que o processo tiver sido extraviado, independente de quem seja
a culpa.

A utilização desta ação é pouco questionada, tendo em vista a simplicidade e clareza


que o artigo da restauração possui. A discussão sobre o assunto, gira em torno do Art.
1064 e seus incisos, que trata dos requisitos necessários para ingressar com a
restauração dos autos.

Para melhor entendimento, cita-se o artigo na íntegra:

"Art. 1064. Na petição inicial declarará a parte o estado da causa ao tempo do


desaparecimento dos autos, oferecendo:

I - certidões dos autos constantes do protocolo de audiências do cartório por onde haja
corrido o processo;

II - cópia dos requerimentos que dirigiu ao juiz;

III - quaisquer outros documentos que facilitem a restauração."

Como se percebe o artigo possui rol taxativo, ele faz a enumeração do que é necessário
para ingressar com a ação. Porém, demonstrando grande sabedoria do legislador, o
inciso III permite a juntada de "quaisquer outros documentos que facilitem a
restauração".

O Direito não é uma ciência estática, ele deve estar sempre evoluindo e se adaptando às
situações que carecem de apreciação. Jamais um caso pode ser levado ao Judiciário e
deixar de ser apreciado por falta de lei ou norma que se aplique ao caso, de igual modo,
um documento importante que facilitaria a restauração dos autos mas não consta no rol,
não pode deixar de ser aceito no processo sob pena de prejudicar a análise do caso como
um todo, é ai que se percebe a importância do inciso III.
O inciso I determina que a juntada dos documentos fornecidos pelo cartório ou sistema
eletrônico do cartório que demonstrem: o que já foi deferido ou indeferido no processo,
quais foram os posicionamentos do Juiz em relação ao caso, etc.

O inciso II mostra a necessidade de juntar os "requerimentos que dirigiu ao juiz" ou


seja, são as petições com os respectivos pedidos feitos ao juiz.

A discussão sobre o assunto gira justamente em torno da necessidade de aplicação


cumulativa ou subsidiaria dos incisos I e II do Art. 1064.

Para solucionar a questão, faz-se necessário uma reflexão sobre o intuito do legislador
no momento da criação do artigo de lei. Criou-se três incisos que demonstram o que é
necessário para ingressar com a restauração dos autos, os dois primeiros determinam
expressamente o que deve ser juntado e o terceiro, como já explicado, deixa em aberto a
juntada de outros documentos que podem ajudar na restauração.

Os dois primeiros incisos mostram o que é essencial para que se proceda à restauração,
pois como se restaura autos de um processo apenas com petições que foram endereçadas
ao juiz? Ou como restaurar autos perdidos apenas com as certidões e andamentos que
são vistos nos sites dos tribunais? Realizar a restauração apenas com os documentos
exigidos no inciso I ou no inciso II não garante a segurança jurídica do processo.

Nesse sentido, o voto da Dr. Des. Relatora Ana Cantarino, no Acórdão nº 753.419 da 6ª
Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal que negou provimento a
Apelação nº 20060110646855APC:

Inicialmente, releva notar que a Ação de Restauração de Autos é um procedimento


processual autônomo, o que torna indispensável o atendimento de TODOS os requisitos
como determina a legislação processual.

Com efeito, analisando o que consta do processado, verifico que ausentes se encontram
os pressupostos necessários para que se dê início ao procedimento de restauração dos
autos extraviados, mormente a petição inicial, declarando o estado da causa ao tempo do
desaparecimento, conforme preconiza o artigo 1.064 do CPC.

É certo que o feito extraviado somente poderá ter continuidade, com o exame do que lá
foi requerido, após a decisão final proferida na ação de restauração dos autos, que
sequer foi promovida, nos termos do artigo 1.064 do CPC. Ressalta-se que, ao longo do
trâmite do processado, não houve qualquer requerimento para instauração do
supracitado incidente ou para que fosse declarado restaurados os autos, o que impede o
seu prosseguimento.

Dessa forma, ausentes os pressupostos necessários para que se inicie o procedimento de


restauração de autos extraviados, escorreita a sentença que extinguiu o instrumento.”

(Acórdão nº 753419 da 6ª Turma Cível do TJDFT)

Também nessa linha de entendimento, a 1ª Turma Cível no julgamento da Agrado de


Instrumento nº 20140020321756AGI, Relator Des. Romulo de Araujo Mendes:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESTAURAÇÃO DE AUTOS. DIREITO CIVIL.


DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EFEITO SUSPENSIVO. DIREITO
CONSTITUCIONAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO. EXECUÇÃO HIPOTECÁRIA.
RECURSO CONHECIDO. NÃO PROVIDO.

1. O pedido de restauração de autos, em autos suplementares, deve observar o disposto


nos artigos 1.063 e seguintes do Código de Processo Civil, bem como o artigo 260 e
261 do Regimento Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça.

2. A simples juntada de petição direcionada ao juízo a quo, nos autos da execução


hipotecária, não atende às determinações legais.

(Acórdão nº 862823 da 1ª Turma Cível do TJDFT)

Como se percebe, a jurisprudência tem decido no sentido da obrigação de


preenchimento de todos os requisitos impostos pelos incisos I e II do Art. 1064, ficando
o inciso III como uma "brecha" para juntar algo a mais que contribua para o processo.

Vale lembrar, que o Novo Código de Processo Civil não mudou em nada os requisitos
necessários para a ação de restauração dos autos, ficando a mudança apenas para a
numeração, Art. 714 e seguintes.

Dado o exposto, pode-se chegar a conclusão de que é de suma importância a aplicação


cumulativa dos incisos I e II do Artigo 1064, CPC, pois com a soma dos dois, chega-se
o mais próximo possível do processo extraviado e pode-se restaurar os autos garantindo
a segurança jurídica para as partes.
❣Monitoria;

A ação monitória é um procedimento especial de cobrança, previsto nos artigos 700 a


702 do Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15), que possibilita ao autor de
uma ação um caminho menos moroso para a obtenção de um crédito ou de um bem
daquele que o deve.

Qual é o objetivo da ação monitória? A ação monitória tem como objetivo possibilitar
que uma pessoa consiga cobrar um valor monetário, um bem ou uma obrigação de uma
pessoa sem ter que entrar em um litígio formal contra ela.

Quando é cabível a ação monitória? Para entrar com uma ação monitória, o autor
precisa comprovar que pode cobrar o devedor. Essa comprovação é feita a partir de uma
prova escrita sem eficácia de título executivo (como uma nota promissória ou um
cheque), conforme o artigo 700 do Novo CPC.

Quais são os requisitos da ação monitória? Para ingressar com a ação monitória, os
requisitos a serem cumpridos são: Existência de prova escrita (ou oral, produzida
antecipadamente) sem eficácia de título executivo; A prova escrita deve afirmar a
existência de um o pagamento de quantia em dinheiro, ou de entrega de coisa fungível
ou infungível ou de bem móvel ou imóvel, ou do adimplemento de obrigação de fazer
ou de não fazer.

O devedor deve ser capaz.

 Apresentar a a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo.


 Informar o valor atual da coisa reclamada.
 Informar o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico
perseguido.

A ação monitória é uma espécie de atalho dentro do âmbito judicial, fazendo com
que um credor de um bem ou uma quantia de dinheiro possa cobrar essa dívida
sem ter que passar por todo o trâmite de uma ação de execução judicial. A ação
monitória é um procedimento especial de cobrança.

Ações de cobrança e de execução judicial são muito comuns no cotidiano de advogados


que lidam com o Direito Civil. Afinal, as relações econômicas são um dos principais
fundamentos da sociedade. E, entre as possibilidades de cobrança no sistema judiciário
brasileiro, a ação monitória se apresenta como uma das mais dinâmicas.

Embora o nome seja incomum, a ação monitória é um procedimento especial muito


utilizado para que o direito do autor de cobrar certa dívida seja reconhecido, pois se
baseia em prova escrita que não tenha função de título executivo, possibilitando uma
averiguação rápida do direito do autor.

Abordaremos, neste artigo, o que é uma ação monitória, como ela funciona e quais são
as vantagens dela, explorando, no decorrer do texto, algumas mudanças que
o CPC/15 trouxe para esse procedimento, tornando-o não só mais aplicável, mas
também mais seguro para o julgador. Leia mais abaixo!

Dessa forma, a ação monitória é uma espécie de atalho dentro do âmbito judicial,
fazendo com que um credor de um bem ou uma quantia de dinheiro possa cobrar essa
dívida sem ter que passar por todo o trâmite de uma ação de execução judicial.

Trata-se de um mecanismo já existente no Código de Processo Civil antes de sua


modificação, em 2015. Entretanto, o Novo CPC trouxe novas características para a ação
monitória, além de deixa-la mais robusta, firmando o compromisso do Novo CPC com
o descongestionamento do sistema judiciário e com a possibilidade de resolver litígios
por outros meios.

Qual é o objetivo da ação monitória?


A ação monitória tem como objetivo possibilitar que uma pessoa consiga cobrar um
valor monetário, um bem ou uma obrigação de uma pessoa sem ter que entrar em um
litígio formal contra ela.

Assim, a ação monitória tem a característica de ser resolvida de forma mais dinâmica
que um processo comum, cortando alguns caminhos e possibilitando que o devedor não
precise arcar com custas processuais, caso decida acatar ao pedido.

A partir da ação monitória, o autor pede para que a outra parte pague a quantia de
dinheiro devida, entregue o bem devido ou cumpra uma ação específica a qual tenha se
comprometido (por meio de contrato, por exemplo). E esse pedido passa por um trâmite
jurídico diferenciado, mais ágil.

Quando é cabível a ação monitória?


Para entrar com uma ação monitória, o autor precisa comprovar que pode cobrar o
devedor. Essa comprovação é feita a partir de uma prova escrita sem eficácia de título
executivo (como uma nota promissória ou um cheque), conforme o artigo 700 do Novo
CPC.

“Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em
prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:

I – o pagamento de quantia em dinheiro;

II – a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;

III – o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer”.

Dessa forma, o Novo CPC aponta três pré-requisitos para que uma ação monitória possa
ser ajuizada: a capacidade do devedor; a existência de uma prova escrita e que a mesma
não tenha eficácia de título executivo.

Caso o autor tenha uma prova escrita com eficácia de título executivo, como um
contrato devidamente assinado ou uma sentença judicial, cabe a execução judicial.
Assim, a ação monitória é reconhecidamente um processo de conhecimento, não
propriamente de execução.

Além desses pré-requisitos, o parágrafo 2º do artigo 700 determina que o autor deve
mostrar, na petição inicial, o valor devido e corrigido no tempo atual e/ou o conteúdo
patrimonial ou o proveito econômico procurado.

“Art. 700. § 2º Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso:

I – a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo;

II – o valor atual da coisa reclamada;


III – o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido”.

Quais são as vantagens da ação monitória


Como podemos ver até então, pode-se dizer que a principal vantagem da ação monitória
sobre um litígio comum para pagamento de dívida, transferência de bem ou realização
de uma ação específica é a sua agilidade.

A ação monitória é recebida como uma forma de acelerar a realização do direito do


autor, uma vez que é fundada sobre uma prova escrita que, na visão do julgador, seja
válida.

Assim, a matéria de existência do direito do autor já é averiguada. Reconhecendo a


existência da dívida.

Para acelerar o processo, que é baseado na prova escrita, sem eficiência de título
judicial, apresentada pelo autor, o mandado monitório (documento expedido pelo
magistrado confirmando a justeza da causa) é expedido antes que o réu seja citado.

Essa agilidade no trâmite e no abreviamento de certas etapas do processo, possível pela


prova escrita, também diminuem as custas processuais no geral, gerando menos
despesas para todas as partes.

A ação monitória no Novo CPC


O Novo CPC trouxe mudanças importantes na forma com que a ação monitória
funciona, além de regulamentar algumas súmulas e categorizar melhor como ela
funciona, como veremos a seguir.

No Código de Processo Civil de 1973, a ação monitória era regida pelos artigos 1.102-a,
1.102-b e 1.102-c, que foram acrescentados ao CPC da época apenas em 1995, através
da Lei nº 9.079.

Embora atualmente o Novo CPC só possua três artigos para regulamentar e definir
como funciona a ação monitória, os mesmos são completados por diversos parágrafos e
incisos, que trazem novidades em relação a como o procedimento funciona.
Entre as principais mudanças que o Novo CPC trouxe para a ação monitória, pode-se
destacar a flexibilização da prova escrita, que, de acordo com o parágrafo 1º do artigo
700, pode ser, também, uma prova oral documentada.

“§ 1º A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida


antecipadamente nos termos do art. 381”.

O artigo 381 do Novo Código de Processo Civil, por sua vez, regula a produção
antecipada de provas, versando sobre o assunto da seguinte forma:

“Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:

I – haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a


verificação de certos fatos na pendência da ação;

II – a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro


meio adequado de solução de conflito;

III – o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação”.

Algumas súmulas do Supremo Tribunal Federal (STF) também foram inclusas no texto
do Novo CPC que versa sobre a ação monitória, garantindo mais segurando jurídica aos
magistrados.

Temos como exemplos de inclusões do tipo: a possibilidade de ação monitória contra a


Fazenda Pública (parágrafo 6º do artigo 700) e a transformação automática da ação
monitória em título executivo judicial, caso o devedor não aplique embargos monitórios
na ação (parágrafo 2º do artigo 701), ambas expostas integralmente abaixo:

“Art. 700. § 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública”.

“Art. 701. § 2º Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial,


independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não
apresentados os embargos previstos no art. 702 , observando-se, no que couber, o
Título II do Livro I da Parte Especial”.
Quais são os prazos dentro de uma ação monitória
Embora a resolução de uma ação monitória seja relativamente simples, com poucos
passos, alguns prazos ainda se aplicam a ela.

Em primeiro lugar, o STF definiu que o prazo para que o autor entre com uma ação
monitória tendo como prova escrita da dívida um cheque ou uma nota promissória é de
cinco anos, aplicando o parágrafo 5º, inciso I do artigo 206 do Novo CPC.

Dentro da ação monitória, aplica-se o prazo de 15 dias úteis, conforme o artigo 701 do
Novo CPC, para que o devedor entre com embargos monitórios contra mandado
monitório, que é emitido pelo juiz após a constatação da veracidade da prova escrita
entregue pelo autor, assim citando o réu.

“Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de
pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não
fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento
de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa”.

O autor, então, também terá o prazo de 15 dias para responder aos embargos do réu,
conforme determina o parágrafo 5º do artigo 702 do Novo CPC:

“§ 5º O autor será intimado para responder aos embargos no prazo de 15 (quinze)


dias”.

Embargos à ação monitória


Como já foi abordado neste artigo, cabem embargos à ação monitória caso o réu, após
ser citado, não concordar com o pedido.

Os embargos podem ser tanto sobre o valor cobrado/o bem pedido/a ação requerida
quanto pela total negação da existência do direito em si.

Dentro da ação monitória, caso o réu reconheça a dívida e não entre com os embargos
monitórios, ele não arcará com as custas processuais da ação ao realizar o pagamento.
Isso é uma espécie de incentivo, para que a ação se resolva da forma mais pacífica e
dinâmica possível.
Caso o réu não se manifeste de nenhuma forma, o mandado monitório se converte,
automaticamente, em um título executivo judicial, legitimando o direito do autor sobre a
dívida.

O parágrafo 11º do artigo 702 do Novo CPC estabelece uma multa de até 10% do valor
da causa caso o réu entre com um embargo meramente protelatório, tem que como
único objetivo desacelerar o trâmite judicial.

Qual a diferença entre ação monitória, ação de cobrança e ação de execução


Uma vez que esses três tipos de ação tem como objetivo principal a declaração de
algum tipo de crédito entre um credor e um devedor, com o objetivo de que o mesmo
seja pago, é comum que essa dúvida exista.

A ação de cobrança é uma ação de conhecimento, que tem como propósito reconhecer a
existência de algum tipo de dívida ou compromisso entre o réu e o autor da ação. Ela
passa por todos os trâmites jurídicos comuns, com audiências, obtenção de provas,
permitindo o contraditório.

A ação monitória, como vimos anteriormente, também é uma ação de conhecimento,


mas ela trata exclusivamente do reconhecimento de que existe uma dívida do réu com o
autor. Esse reconhecimento é realizado através da prova escrita (cheque, nota
promissória) entregue na petição inicial.

Uma vez que o objetivo é atestar que o crédito existe, ela possibilita que certos trâmites
sejam encurtados, já que a prova escrita já existe e já pode ser verificada pelo juiz, no
que diz a autenticidade da mesma.

Por último, a ação de execução é o processo de cobrança devidamente dito. Não se


discute, em uma ação de execução, o direito do autor de cobrar o réu, pois o mesmo já é
compreendido como justo (o réu possui um título de execução judicial ou extrajudicial).

Assim, na ação de execução se é discutido o valor a ser pago ou o bem a ser entregue, e
como essa transferência será realizada.

❣homologação do penhor legal;


PENHOR

2.1. CONCEITO

Consoante o ensinamento de Maria Helena Diniz, penhor é o “direito real que consiste
na tradição de uma coisa móvel ou mobilizável, suscetível de alienação, realizada pelo
devedor ou por terceiro ao credor, a fim de garantir o pagamento do débito”.

A propriedade das coisas móveis é adquirida com a tradição. A tradição é a entrega ou a


transferência da coisa, bastando, para tanto, não a declaração de vontade, mas a intenção
da transferência do domínio do que opera a tradição e daquele que recebe a coisa móvel.

O penhor consiste em um direito real de garantia. Por restringir os direitos do


proprietário, segue os princípios da taxatividade e o da tipicidade.

2.2. FORMAS DE CONSTITUIÇÃO

O penhor pode ser constituído pela vontade das partes ou pela imposição da lei. O
penhor convencional é o derivado da vontade das partes, elaborado por escrito e
registrado em cartório. O penhor legal, por sua vez, é o expressamente determinado em
lei.

3. DIFERENÇA ENTRE PENHOR E PENHORA

Penhor é o direito real de garantia que recai sobre coisas móveis, quando os bens são
empenhados. A penhora, por sua vez, é um ato processual do processo de execução, de
constrição de bens do devedor. Na penhora, os bens são penhorados.

A bagagem é retida. Em seguida, o hospedeiro terá que adotar uma providência. No


plano consensual há o contrato. No plano legal, não há contrato: é preciso adotar uma
providência judicial.

4. ARTIGO 176 DO CÓDIGO PENAL

Consubstancia crime tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de


meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento. O Código Penal o
tipifica no artigo 176, cominando a pena de detenção, de quinze dias a dois meses, ou
multa.
Se o consumidor do serviço deixar de pagar a conta, mas dispuser de recursos
suficientes, não configurará o crime, uma vez que não preenchidos os requisitos
necessários para a caracterização da infração penal.

Dessa forma, apenas a falta de pagamento não caracteriza o crime. O restaurante ou


hotel pode cobrar o recebimento da dívida no juízo cível. Havendo ou não recursos para
o pagamento, pode valer-se do penhor legal, independente de convenção.

5. AUTOTUTELA

Os credores que a lei distingue com o direito do penhor legal têm um tratamento
diferenciado, especial. Antes de entrar com a ação em juízo, podem, antecipadamente,
reter bens em garantia do pagamento.

Se podem, com as próprias mãos, reter bens em garantia de uma dívida, fazem uso da
autotutela. É um caso de exceção, expressamente prevista em lei.

6. LEI DE LOCAÇÃO

Para a garantia do recebimento do valor contratado, a lei de locação prevê três garantias
possíveis:

a) o seguro-fiança;

b) o depósito de três meses, devolvido ao final do contrato, acrescido de juros e


correção monetária;

c) fiador.

Se o locador tiver uma das três garantias, não poderá valer-se do penhor legal, uma vez
que configuraria o bis in idem. Dessa forma, deve optar entre as três possibilidades
convencionais ou, em sua falta, fazer uso do penhor legal.

7. PENHOR LEGAL

7.1. CONCEITO

O penhor legal é um direito real de garantia concedido por lei a alguns credores, sobre
coisas móveis, em situações especiais.
Temos a previsão do penhor legal no Código civil, nos artigos nºs 1.467 a 1.472, ao
credor de hospedagem e ao locador ou arrendador de prédio rústico ou urbano.

7.2. PRINCÍPIOS

O penhor legal, uma vez que restringe os direitos do proprietário, deve seguir os
princípios da taxatividade e da tipicidade. Dessa forma apenas é possível utilizar-se do
recurso nas hipóteses expressamente previstas na lei. Temos hipóteses legais de penhor
legal elencadas no Código Civil e também na Lei nº 6.533/78, que regulamenta a
profissão de artista e técnico de espetáculos.

7.3. POSSE DIRETA

Quando um imóvel é hipotecado, o bem permanece com o devedor. No caso do penhor,


a posse direta do bem passa ao credor. O tratamento especial concedido por lei ao
credor de hospedagem e o locador ou arrendador de prédio rústico ou urbano concede-
lhes o direito de reter a bagagem do hóspede ou os móveis e utensílios do locatário ou
arrendatário.

O direito de retenção é restrito a situações especiais, determinadas em lei. O artigo


1.469 do Código Civil confere ao credor o direito de tomar em garantia um ou mais
objetos do devedor, até o valor da dívida, nas hipóteses previstas no artigo 1.467.

7.3.1. ARTISTAS E TÉCNICOS

O artigo 31 do diploma legal acima citado confere o direito aos artistas e aos técnicos de
reter o equipamento do espetáculo até que recebam o crédito a que tenham direito. A
retenção dos equipamentos constitui garantia legal para o recebimento de seus créditos.

7.3.2. HOTÉIS, HOSPEDARIAS E RESTAURANTES

Os hotéis e hospedarias têm o direito de reter a bagagem do hóspede, se este não efetuar
o pagamento. É comum nos hotéis a bagagem ser retida até que o pagamento da conta
seja efetuado, quando então as malas e objetos são apresentados.

Dispõe o Código Civil, no inciso I do artigo 1.467, que são credores pignoratícios,
independentemente de convenção os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou
alimento, sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou
fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou
consumo que aí tiverem feito.

7.3.3. LOCADORES E ARRENDATÁRIOS

Está previsto no inciso II do artigo 1.467 do código civilista o direito de penhorar os


imóveis do inquilino ou rendeiro ao dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens
móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis
ou rendas.

É difícil ao locador reter as coisas do inquilino, porque o credor não pode ingressar no
imóvel. Seria caso de invasão de domicílio. Poderia, no entanto, fazê-lo quando o
inquilino estivesse mudando, ainda que durante a noite. No momento em que este se
retirasse do imóvel.

7.4. GARANTIA

No momento da retenção, deve ser elaborado o rol de objetos retidos. O mesmo rol será
oferecido como recibo da retenção para o devedor. O credor tem o direito de reter os
objetos, mas, igualmente, tem a obrigação de emitir um recibo dos objetos que foram
retidos.

A finalidade da retenção é a garantia do pagamento. Os bens não passarão à propriedade


do credor, uma vez que se trata apenas de meio lícito de garantir a dívida, que será
cobrada em juízo, se não for paga voluntariamente.

O recibo do penhor, que discrimina o que o credor está retendo, é uma segurança para as
duas partes. Porque o penhor se verifica com a retenção, no momento da retenção.

7.5. ATO CONTÍNUO

Tomado o penhor legal, em ato contínuo, o credor deve requerer a sua homologação em
juízo.

O termo ato contínuo vem expresso tanto no Código Civil, no artigo 1.471, como no
Código de Processo Civil, no artigo 874, e enseja o entendimento de que deverá o
credor ingressar com o pedido de homologação no primeiro dia útil após a efetivação do
penhor legal.
Por conseqüência, o primeiro passo do credor deve ser contratar um advogado. O
sindicato hoteleiro conta com um departamento jurídico bastante forte, que presta
assessoria nessa área.

7.6. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Como se verá adiante, a petição inicial, no caso de homologação do penhor relativo a


dívidas de hospedagem e refeições, deve ser instruída com a conta extraída de tabela
impressa, prévia e ostensivamente exposta, dos preços de hospedagem, da pensão ou
dos gêneros fornecidos, sob pena de nulidade do penhor. É o que preceitua o artigo
1.468 do Código Civil.

No caso de hotéis e hospedarias, aplica-se também o Código de Direito do Consumidor


(CDC). Disciplina o inciso III do artigo 6º do CDC que é direito básico do consumidor
“a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço,
bem como sobre os riscos que apresentem” (grifei). Dessa forma, é imprescindível que a
tabela esteja exposta.

7.7. BEM OBJETO DO PENHOR

Como nem todo bem do devedor pode ser penhorado, nem todo bem do devedor pode
ser retido. O que não pode ser objeto de penhora também não pode ser objeto de penhor
legal. É o que também ocorre no arresto.

Por conclusão, não poderão ser objeto do penhor legal os bens absolutamente
impenhoráveis, como disposto no artigo 649 do Código de Processo Civil.

8. HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL

8.1. PREVISÃO LEGAL

A homologação do penhor legal tem previsão nos artigos 1.467 a 1.472 do Código de
Processo Civil.

8.2. CONCEITO
Segundo a professora Rosa Benites Pelicani, “É a ratificação do ato do penhor legal, que
visa o reconhecimento de uma situação jurídica preestabelecida de forma a atestar-lhe a
regularidade.”

É uma ação de procedimento cautelar específico, que tem por objetivo a homologação
do penhor legal.

No entanto, não tem natureza cautelar. É a ratificação do ato do penhor legal, que visa o
reconhecimento de uma situação preestabelecida de forma a atestar-lhe a regularidade.

Vai-se a juízo para ratificar a homologação. O penhor legal pertence ao ramo do direito
material. A homologação é um procedimento de direito processual.

8.3. NATUREZA JURÍDICA

A homologação do penhor legal, conquanto se submeta a procedimento cautelar


específico, tem a natureza de jurisdição voluntária.

O requerente, em juízo, não pleiteia, mas requer a homologação do penhor legal. Dessa
forma, a homologação não tem a natureza cautelar, porque não objetiva o resultado útil
de um processo, mas a natureza meramente satisfativa.

O objetivo é constituir uma garantia: homologado o penhor legal, estará satisfeita a


pretensão do credor.

8.4. PROCEDIMENTO

8.4.1. Competência

Rege-se pelas regras gerais de competência. No entanto, deve-se observar as normas da


Lei do Inquilinato, que são específicas, quanto ao penhor legal relativo aos bens
arrecadados por dívida impaga pelo locatário.

8.4.2. PETIÇÃO INICIAL

O procedimento da homologação do penhor legal obedece aos requisitos da petição


inicial, exigidos nos artigos 282 e também os elencados no artigo 874, ambos do Código
de Processo Civil.
Dessa forma, além do juiz ou tribunal a quem dirigida, nomes e qualificação do
requerente e requerido, do fato e dos fundamentos jurídicos, do pedido, do valor da
causa, das provas com que o requerente pretenda demonstrar a verdade do que alega e
do requerimento para a citação do réu, deverá conter ainda, obrigatoriamente:

a) a conta pormenorizada das despesas;

b) a tabela de preços ;

c) a relação dos objetos retidos; e

d) a requisição da citação do devedor para que este pague a dívida, no prazo de vinte e
quatro horas ou ofereça defesa.

8.4.3. DA TUTELA INAUDITA ALTERA PARTE

Por disposição expressa do parágrafo único do supra citado artigo 874, é admissível que
o juiz homologue o penhor legal, de plano, sem a oitiva do requerido, uma vez que
apresentadas provas suficientes, que convençam o juiz da veracidade do alegado.

Para que seja concedida a tutela, deve a liminar estar requerida na petição inicial.

8.4.4. MATÉRIA DE DEFESA

A matéria de defesa está limitada, podendo o requerido abarcar apenas o disposto no


artigo 875 do CPC:

– a nulidade do processo;

– a extinção da obrigação;

– não ser a dívida prevista em lei ou não estarem os bens sujeitos ao penhor legal.

NULIDADE DO PROCESSO

As preliminares da contestação são matérias de ordem pública. Dessa forma, admite o


procedimento as defesas indiretas.

EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO

Pode o requerido em sede de contestação argüir a extinção da obrigação, seja pela


transação, novação ou pagamento, por exemplo.
NÃO SER A DÍVIDA PREVISTA EM LEI OU NÃO ESTAREM OS BENS
SUJEITOS AO PENHOR LEGAL

Se o caso não encerra uma das hipóteses expressamente previstas em lei, temos a
impossibilidade da homologação do penhor legal, pela aplicação do princípio da
tipicidade, o que resulta na impossibilidade do próprio penhor. Isso pode ser estendido
também quanto à apresentação da tabela, que deve estar exposta.

8.4.5. CAUÇÃO

O código civilista, no artigo 1.472, prevê a hipótese de caução idônea para o locatário,
para impedir a constituição do penhor, e não para o hóspede. Lembremos, a esta altura,
as espécies de caução, que pode ser real ou fidejussória.

Ainda que não exista uma justificativa para impedir o oferecimento da caução pelo
hóspede, não está ela abarcada na hipótese legal. Dessa forma, seria temerária a defesa
que se apoiasse apenas nesta hipótese.

8.4.6. REVELIA

Silenciando-se, o devedor incorrerá nos efeitos da revelia.

8.4.7. TÍTULO EXECUTIVO

Há divergência na doutrina se o penhor legal, homologado, constitui-se em título


executivo.

Humberto Theodoro Júnior entende que em qualquer circunstância deve-se promover a


ação de conhecimento, e não a ação de execução. Isto porque esta sentença não seria
uma sentença condenatória a pagar, mas somente homologatória da garantia. Dessa
forma, não consubstanciaria a sentença em título executivo.

O artigo 876 do Código de Processo Civil preceitua: Em seguida, o juiz decidirá;


homologando o penhor, serão os autos entregues ao requerente 48 (quarenta e oito)
horas depois, independentemente de traslado, salvo se, dentro desse prazo, a parte
houver pedido certidão; não sendo homologado, o objeto será entregue ao réu,
ressalvado ao autor o direito de cobrar a conta por ação ordinária.
Da interpretação do dispositivo fundamentam-se os professores Antonio Cláudio da
Costa Machado e Vicente Greco Filho, com os quais corrobora o entendimento Rosa
Benites Pelicani. Dessa forma, concebem que, uma vez homologado o penhor legal,
estaria formado o título executivo.

A leitura a contrário sensu, firma o entendimento de que, se julgado procedente, não


existe a necessidade de ação ordinária, mas de simples ação de execução. Dessa forma,
o desiderato do legislador estaria expresso na norma. Se antes quisesse que a sentença
homologatória não produzisse os efeitos de título executivo, obrigando ao ingresso de
ação de conhecimento, o teria dito, como o fez expressamente, no caso de
improcedência do pedido.

A explicação dos dois lados guarda coerência.

Cabe a citação expressa do ensinamento do professor Antonio Cláudio: A norma


disciplina especificamente os conteúdos da sentença de procedência e de improcedência
do pedido de homologação do penhor legal, bem como explicita o principal efeito da
decisão de rejeição. Quanto à procedência do pedido, é importante que se consigne que
a interposição de apelação contra tal sentença impede, por razões óbvias, a entrega dos
autos ao requerente, de sorte que o prazo previsto no texto é contado do trânsito em
julgado da decisão nesse caso e não do seu proferimento. Questão polêmica que existe
na hipótese de procedência do pedido de homologação é a de se saber se a constituição
judicial e formal da garantia faz nascer ou não título executivo em favor do credor.
Pensamos que sim por dois motivos: primeiro, se fosse da vontade da lei submeter o
requerente a processo de conhecimento após obtida a homologação, este art. 876 o teria
dito expressamente, porque quando quis (no caso de improcedência, v. parte final do
texto sob comentário) ele assim o fez; segundo, a liquidez exigida genericamente pelo
art. 586 é resguardada pelo requisito da conta pormenorizada prevista pelo art. 874,
caput (concordamos nesse sentido com Ernane Fidélis dos Santos).

Já quanto à sentença de improcedência, duas observações merecem realce: primeira, que


a devolução dos bens ao devedor é efeito gerado imediatamente pela sentença, haja vista
o disposto no art. 520, inc. IV (embora, ontologicamente, procedimento de jurisdição
voluntária, a homologação de penhor legal se submete ao regime do processo cautelar,
porque no Livro III do CPC se encontra disciplinada); segunda, a ressalva da parte final
do texto é meramente explicativa, mas é argumento importante para a defesa da idéia de
que o penhor homologado é título executivo (v. parte inicial deste comentário).

Por outro lado, se tivermos um penhor convencional, assinado pelas partes e duas
testemunhas, será tido como título executivo. O penhor legal, homologado em juízo,
porque não o seria?

8.4.8. DESTINO DOS BENS

Os bens apenhados (ou empenhados) não passam ao domínio do credor. Prestam-se


apenas a garantir a expropriação no bojo de futuro processo de execução.

8.4.9. APELAÇÃO

Cabe o recurso de apelação da sentença, sem efeito suspensivo. Se esta julgar


procedente o pedido, os autos serão entregues ao requerente, no prazo de 48 horas. Por
outro lado, se julgado improcedente, serão devolvidos os objetos ao devedor, de
imediato, e o processo será arquivado.

Também o indeferimento da petição inicial comporta recurso de apelação.

9. SE A DÍVIDA NÃO FOR PAGA EM JUÍZO

Se a dívida não for paga em juízo, haverá a penhora de bens, e estes serão então
leiloados em hasta pública. Aqueles bens que foram empenhados, extrajudicialmente, na
execução serão penhorados.

❣Habilitação.

A habilitação de sucessores encontra-se prevista no art. 687 do NCPC. Vejamos:

Art. 687. A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer das partes, os
interessados houverem de suceder-lhe no processo.

■ Da sucessão das partes

São partes no processo “aquelas pessoas que figuram como tais na demanda”75.. Em
atenção ao princípio da estabilização subjetiva da demanda, tanto o juiz como as partes,
de rigor, estão impedidos de modificar os sujeitos processuais.
No entanto, havendo alienação da coisa ou do direito litigioso, admite-se, em princípio,
a alteração subjetiva da demanda, desde que o credor concorde – sucessão por ato entre
vivos. E, assim agindo, haverá a sucessão da parte, excluindo-se o alienante do polo
passivo. A finalidade da norma, ao exigir a expressa concordância do credor, é protegê-
lo de fraudes. (v. Comentários aos arts. 108 a 112).

A sucessão pode ainda ocorrer com a morte de qualquer das partes. E, é através do
procedimento especial da habilitação que os herdeiros do falecido sucedem o de cujus
na demanda. Não se admite, no entanto, a habilitação em ações intransmissíveis, como o
mandado de segurança, que possui caráter mandamental e natureza personalíssima da
ação.

Art. 688. A habilitação pode ser requerida:

I – pela parte, em relação aos sucessores do falecido;

II – pelos sucessores do falecido, em relação à parte.

■ Legitimidade

O dispositivo repete o art. 1.056 previsto no CPC/73, estabelecendo que a habilitação


possa ser requerida tanto pela parte em relação aos sucessores do falecido, como pelos
sucessores do falecido em relação à parte.

Os parentes consanguíneos de 2º grau têm legitimidade para se habilitarem como


sucessores, quando não houver descendentes, ascendentes ou cônjuge do falecido79..

Art. 689. Proceder-se-á à habilitação nos autos do processo principal, na instância em


que estiver, suspendendo-se, a partir de então, o processo.

■ Da finalidade da norma

A habilitação será feita nos autos principais e na instância em que se encontrar a fase
processual. Com a morte da parte, o processo é suspenso80. e, não existindo previsão
legal de prazo para a suspensão do processo, não ocorre prescrição intercorrente81..

O dispositivo corresponde aos anteriores arts. 1.059 e 1.060 do CPC/7382.. No NCPC, o


legislador decidiu por excluir os incisos I ao IV do art. 1.060 do CPC/73.
Art. 690. Recebida a petição, o juiz ordenará a citação dos requeridos para se
pronunciarem no prazo de 5 (cinco) dias.

Parágrafo único. A citação será pessoal, se a parte não tiver procurador constituído nos
autos.

■ Da citação dos requeridos

Recebido o pedido de habilitação, o juiz ordenará a citação dos requeridos para se


manifestarem nos autos, no prazo de 05 (cinco) dias.

Não existindo, ainda, procurador constituído nos autos, a citação será pessoal. É o que
ocorre quando a habilitação é requerida pela parte em relação aos sucessores do falecido
(art. 688, I do NCPC).

Art. 691. O juiz decidirá o pedido de habilitação imediatamente, salvo se este for
impugnado e houver necessidade de dilação probatória diversa da documental, caso em
que determinará que o pedido seja autuado em apartado e disporá sobre a instrução.

■ Da Instrução probatória

O art. 1.058 do CPC/73 estabelecia que “findo o prazo da contestação, observar-se-á o


disposto nos arts. 802 e 803”. A remissão ao art. 802, no entender da doutrina, era
supérflua e desnecessária, porque a norma ali contida encontrava previsão no art. 1.057
do CPC/73.

Corrigindo os equívocos da redação anterior, o legislador de 2015 prevê no art. 691 que,
existindo controvérsia quanto à habilitação e havendo necessidade de dilação
probatória, a habilitação será autuada em apenso e o juiz decidirá sobre a instrução
probatória. Se o requerido não impugnar a habilitação, o juiz decidirá imediatamente.

Tanto a petição de requerimento de habilitação, como a manifestação da outra parte,


deverão restringir-se à matéria da sucessão.

O recurso cabível contra a decisão que decide a habilitação é o agravo de instrumento,


embora o Código utilize o termo sentença no art. 692. O STJ, por sua vez, já decidiu
que: “A parte que requerer seu ingresso em feito em andamento, se indeferido o
requerimento, pode interpor agravo; mas se o requereu em processo incidental
autônomo, ainda que se conclua ser este desnecessário, a sua inutilidade é declarada por
sentença terminativa, desafiando apelação”.

Art. 692. Transitada em julgado a sentença de habilitação, o processo principal retomará


o seu curso, e cópia da sentença será juntada aos autos respectivos.

■ Da suspensão do processo

Transitada em julgado a decisão que julgar a habilitação, ocorrerá a sucessão na causa


principal. No entanto, a jurisprudência entende não ser necessário o trânsito em julgado,
para que o processo principal retome o seu curso, desde que o recurso pendente de
julgamento não apresente efeito suspensivo.

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