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4. AÇÃO MONITÓRIA (art.

700 a 702 do CPC):

- Conceito: a ação monitória é um procedimento especial que


possibilita ao credor, que possua prova literal escrita sem força
executiva de uma obrigação, receba o crédito ou um bem de
forma mais célere, sem que precise aguardar todo o trâmite
processual mais longo do procedimento comum do processo
de conhecimento;
 Veja o que diz o CPC:

Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele


que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de
título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:

I - o pagamento de quantia em dinheiro;

II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem


móvel ou imóvel;

III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não


fazer.

Atenção: A legislação brasileira adotou o procedimento


monitório documental (diferente do procedimento monitório
puro), cuja deflagração, no seu início, depende não apenas da
afirmação de o credor ser titular de uma relação jurídica de
crédito (obrigacional), mas da apresentação de algum
documento que reforce essa afirmação do direito à uma
prestação (dar, fazer ou não fazer).
- finalidade: A finalidade do procedimento monitório é abreviar
a formação do título executivo judicial. É procedimento mais
célere do que comum, no qual a citação é para se defender e
não para cumprir eventual obrigação alegada na petição inicial.
- objeto: obrigação de dar (dinheiro e qualquer coisa – bem
móvel ou imóvel); de não fazer e de fazer;
- requisito processual: existência de prova documental da
obrigação sem eficácia de título executivo;
- Atenção: A prova escrita necessita fornecer ao juiz certo grau
de probabilidade acerca do direito alegado em juízo (e não
certeza plena do direito), o que possibilitará a expedição do
mandado de cumprimento da obrigação.
- E se o autor tiver um título executivo extrajudicial contendo
uma obrigação dar, fazer ou não fazer, ele poderá optar pela
ação monitória ou é obrigado a utilizar a ação de execução de
título extrajudicial? Ele pode sim optar pela ação monitória (que
é processo de conhecimento); Quem pode mais, pode o
menos;
- O que se entende por prova escrita da obrigação: qualquer
documento que descreva a prestação (dar, fazer ou não fazer),
inclusive eletrônico (e-mail). Exemplo: contrato não assinados
por duas testemunhas; cheque prescrito; duplicata sem aceite
acompanhada da nota fiscal; recibo; e-mail com a descrição da
obrigação; depoimento testemunhal documentado, etc...;
 Veja o entendimento da jurisprudência do STJ sobre a
possibilidade do uso de e-mail como prova escrita da
obrigação para embasar ação monitória:
Informativo nº 0593. Período: 9 a 24 de novembro de 2016.
QUARTA TURMA.
Ação Monitória. Prova escrita. Juízo de Probabilidade.
Correspondência eletrônica. E-mail. Documento hábil a
comprovar a relação contratual e existência de dívida.O correio
eletrônico (e-mail) pode fundamentar a pretensão monitória,
desde que o juízo se convença da verossimilhança das
alegações e da idoneidade das declarações. Cingiu-se a
controvérsia em definir se a correspondência eletrônica – e-
mail – constitui documento hábil a embasar a propositura de
ação monitória. Extrai-se do art. 1.102 do CPC/1973 os
requisitos para a propositura da ação monitória: comprovação
da relação jurídica por meio de prova escrita; ausência de força
executiva do título e dívida referente a pagamento de soma em
dinheiro ou de entrega de coisa fungível ou bem móvel (vide
também o art. 700 e incisos do CPC/2.015). Nesse passo, o
legislador não definiu o termo "prova escrita", tratando-se,
portanto, de conceito eminentemente doutrinário-
jurisprudencial. Com efeito, a prova hábil a instruir a ação
monitória (...) não precisa, necessariamente, ter sido emitida
pelo devedor ou nela constar sua assinatura ou de um
representante. Basta que tenha forma escrita e seja suficiente
para, efetivamente, influir na convicção do magistrado acerca
do direito alegado. Ademais, para a admissibilidade da ação
monitória, não é imprescindível que o autor instrua a ação com
prova robusta, estreme de dúvida, podendo ser aparelhada por
documento idôneo, ainda que emitido pelo próprio credor,
contanto que, por meio do prudente exame do juiz, exsurja
juízo de probabilidade acerca do direito afirmado. Nesse
contexto, nota-se que a legislação brasileira (...) não proíbe a
utilização de provas oriundas de meio eletrônico. Imbuído
desse mesmo espírito da "era digital", o novo Código de
Processo Civil, ao tratar sobre as provas admitidas no
processo, possibilita expressamente o uso de documentos
eletrônicos, condicionando, via de regra, a sua conversão na
forma impressa. Especificamente sobre a questão
controvertida, o maior questionamento quanto à força probante
do correio eletrônico está adstrito ao campo da veracidade e da
autenticidade das informações, principalmente sobre a
propriedade de determinado endereço de e-mail. Em outras
palavras, consiste em saber se uma "conta de e-mail" pertence
às partes da demanda monitória, bem como se o seu conteúdo
não foi alterado durante o tráfego das informações. Entretanto,
há mecanismos capazes de garantir a segurança e a
confiabilidade da correspondência eletrônica e a identidade do
emissor, permitindo a trocas de mensagens criptografadas
entre os usuários. É o caso do e-mail assinado digitalmente,
com o uso de certificação digital. Nesse caminho, esse exame
sobre a validade, ou não, da correspondência eletrônica deverá
ser aferida no caso concreto, juntamente com os demais
elementos de prova trazidos pela parte autora. De fato, se a
legislação brasileira não veda a utilização de documentos
eletrônicos como meio de prova, soaria irrazoável dizer que
uma relação negocial não possa ser comprovada por trocas de
mensagens via e-mail.
(STJ, REsp 1.381.603-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por
unanimidade, julgado em 6/10/2016, DJe 11/11/2016).
Mais recentemente o Poder Judiciário aceitou a prova escrita
eletrônica obtida pelo uso do whatsaap:

Um credor em Cachoeira do Sul (RS) formulou pedido de ação


monitória com base em prova escrita sem eficácia de título
executivo obtida através de conversa via aplicativo
WhatsApp, onde decorreu toda a negociação entre ele e o
devedor e a confessada dívida deste para com aquele. A prova
escrita na plataforma virtual do aplicativo veio fortalecida com a
Nota Fiscal de Produtor Rural lavrada quando da realização do
negócio inadimplido, o que comprovou a efetiva entrega da
mercadoria.

A juíza da 2ª Vara Cível da Comarca de Cachoeira do Sul


acolheu o pedido monitório, considerando que o documento
acostado na petição inicial configura prova escrita sem eficácia
de título executivo e que a prova documental produzida
evidencia o direito afirmado pelo credor, estando presentes os
requisitos legais, deferindo a expedição de mandado de
pagamento nos moldes do artigo 701 do CPC
(Processo 0008055-33.2018.8.21.0006). Informação divulgada
no seguinte link https://www.conjur.com.br/2019-jan-
25/eugenio-dias-acao-monitoria-baseada-prova-escrita-
whatsapp

- Procedimento:
- Petição inicial instruída com prova escrita idônea da
obrigação (dar dinheiro ou coisa, fazer ou não fazer);
- Sendo evidente (juízo de probabilidade) o direito do autor, o
juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de
entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou
de não fazer. (decisão fundamentada)
- O réu será citado para o cumprimento da obrigação, no prazo
de 15 dias. Em caso de cumprimento, o réu ficará isento das
custas e deverá pagar os honorários advocatícios reduzidos
para cinco por cento do valor atribuído à causa (valor da
obrigação).
-Atenção: o legislador isenta o réu do pagamento das custas
processuais e reduz os honorários advocatícios para 5% do
valor da causa no intuito de incentivar o cumprimento da
obrigação.
- O réu citado poderá, no prazo de 15 dias, assumir uma das
seguintes posturas:

a) cumprir a obrigação – processo será extinto;

b) não pagar nem se defender – consequência


automática é a constituição de pleno direito do título executivo
judicial, independentemente de qualquer formalidade;
Atenção: Mantendo-se inerte o devedor, é como se ele
concordasse com a formação do título executivo contra ele;
Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, se o
devedor se manteve inerte quando foi citado, a conversão do
mandado monitório em título executivo judicial se opera
automaticamente, ou seja, por força de lei (ope legis).

c) defender-se – a defesa tem o nome de “embargos à


monitória” – procedimento converte-se em comum;

- embargos à ação monitória: defesa apresentada nos próprios


autos da ação monitoria; suspendem automaticamente o
mandado de cumprimento da obrigação; abrange qualquer
matéria de defesa em favor do devedor (possuem na essência
as mesmas características da contestação)
OBS: é possível a utilização da reconvenção (contra-ataque
pelo réu junto dos embargos à monitória);
- procedimento converte-se no comum com possibilidade de
ampla produção de provas para a confirmação ou não da
existência da obrigação;
- julgamento na 1ª instância;
 Teste seu conhecimento:
A ação monitória é proposta por aquele que afirma, com base em
prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz o pagamento de quantia em dinheiro, a entrega de
coisa ou de bem, ou o adimplemento de obrigação de fazer ou de não
fazer. Nesse sentido, conforme dispõe o CPC/15, analise as
assertivas a seguir e assinale a alternativa INCORRETA sobre a
ação monitória:

a) Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de


mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de
obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15
(quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários
advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa.
b) O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir
o mandado no prazo.
c) Na ação monitória, admite-se a reconvenção, sendo vedado o
oferecimento de reconvenção à reconvenção;
d) O juiz condenará o autor de ação monitória proposta
indevidamente e de má-fé ao pagamento, em favor do réu, de multa
de até dez por cento sobre o valor da causa.
e) Não cabe ação monitória em face da Fazenda Pública.

Acerca da ação monitória, segundo preceitua o Código de Processo


Civil, assinale a alternativa CORRETA:

a) A ação monitória somente pode ser proposta por aquele que


afirmar, com base em prova escrita com eficácia de título executivo,
ter direito de exigir do devedor capaz o pagamento de quantia em
dinheiro.
b) Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de
mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de
obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15
(quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários
advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa.
c) Somente mediante prévia segurança do juízo, o réu poderá opor,
nos próprios autos, embargos à ação monitória.
d) Na ação monitória não se admite a reconvenção do réu.

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