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Os títulos executivos judiciais, sujeitos, portanto, ao cumprimento da

sentença, encontram-se tipificados no art. 515 do novo CPC. São os seguintes:

Decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de


obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa (art.
515, inciso I, CPC/2015):

Desde que a sentença, acórdão ou decisão interlocutória reconheça a


exigibilidade de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia,
constituirá título executivo judicial. O reconhecimento acerca da exigibilidade
da obrigação pode estar contido em decisão de cunho declaratório ou
condenatório. A sentença declaratória, por exemplo, desde que contenha a
certificação de todos os elementos relativos à obrigação violada, constituirá
título executivo judicial. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça
(“STJ”), no julgamento do Recurso Especial nº 1.324.152/SP, sob o regime
dos recursos repetitivos, firmou o entendimento de que a sentença que
estabelece obrigação de pagar quantia, de fazer, não fazer ou entregar coisa,
tanto de procedência quanto de improcedência, constitui título executivo
judicial, admitindo-se sua prévia liquidação e execução nos próprios autos.
Trata-se, pois, de matéria pacificada.
Para tanto, ela deverá não apenas reconhecer a existência da obrigação, mas
também a sua exigibilidade. Além disso, mesmo as sentenças constitutivas
contêm uma parte condenatória (no que tange aos ônus da sucumbência) e,
nessa parte, constituem título executivo judicial, o qual pode ser executado
segundo o procedimento do cumprimento da sentença.

No processo contemporâneo, o que efetivamente importa é o conteúdo. Se a


sentença estabelece uma obrigação para o devedor, seja por meio de
declaração ou de imposição (condenação), não há dúvida de que constituirá
título executivo judicial, e a isso é que os operadores do direito devem se ater.
Acrescentem-se, a esse respeito, os argumentos expostos pelo ministro Teori
Albino Zavascki, no julgamento do REsp 588.202/PR:

“Imagine-se sentença que, em ação declaratória, defina, com força de


coisa julgada, que a entrega de certa quantia de Pedro para Paulo foi a
título de mútuo, e não de doação, e que o prazo para devolvê-la deve
ocorrer (ou já ocorreu) em determinada data; ou que a ocupação do
imóvel de Joana por Maria não é a título de comodato, mas de locação,
e que o valor mensal do aluguel é de R$ 300,00, pagáveis no dia 30 de
cada mês. Há, em tal sentença, como se percebe, definição de norma
jurídica individualizada, contendo obrigação de pagar quantia certa. Se
a definição dessa mesma norma estivesse representada em documento
particular assinado pelas partes e por duas testemunhas, ela constituiria
título executivo, nos termos do inciso II, do art. 585 do CPC.
[2]
 Igualmente, se a definição decorresse de documento firmado perante
tabelião. Também teria força executiva se tivesse sido definida por
autocomposição (transação) referendada pelo Ministério Público, ou
pela Defensória Pública ou, ainda, pelos advogados dos transatores.
Ora, nos exemplos dados, a norma individualizada e a relação jurídica
correspondente têm grau de certeza muito mais elevado: elas foram
definidas em processo de que participaram não apenas as partes, mas
também os seus advogados, e, sobretudo, o próprio Estado-juiz, dando
ao ato certeza oficial. Nessas circunstâncias, negar força de título
executivo a esta espécie de sentença seria atentar contra o sistema
processual, sua lógica e os valores nele consagrados. Não parece
procedente, portanto, a afirmação de que as sentenças
declaratórias jamais podem servir de base à execução forçada”.

As decisões interlocutórias também podem constituir título executivo judicial,


bastando, para tanto, que nelas sejam reconhecidas, ainda que
provisoriamente, a existência de um dever de prestar.

Por expressa previsão no novo art. 519, as decisões judiciais que concedem a
tutela provisória também podem ser executadas por meio do procedimento
previsto para o cumprimento de sentença provisório ou definitivo. Será
definitivo quanto a tutela for concedida na sentença e já tiver ocorrido o
trânsito em julgado; será provisório se a decisão que concedeu a tutela for
proferida no curso do processo e contra ela for interposto agravo de
instrumento sem efeito suspensivo.

Assim, pouco importa que a decisão tenha, ou não, sido impugnada por meio
de agravo de instrumento. Em outras palavras, se decorrido o prazo de quinze
dias, contados da intimação da decisão que concedeu a antecipação de tutela,
sem que tenha sido interposto recurso pela parte contrária, o cumprimento da
decisão far-se-á da forma definitiva; caso contrário, se pendente agravo de
instrumento ao qual não tenha sido atribuído efeito suspensivo, o
cumprimento far-se-á da forma provisória.
Decisão homologatória de autocomposição judicial (art. 515, inciso II) e a
decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer
natureza (art. 515, inciso III, CPC/2015):

Quando as partes transigirem, haverá resolução do mérito, nos termos do art.


487, III, “b”, do novo CPC. A transação judicial pode ocorrer durante a
audiência de conciliação ou no decorrer do processo, e se dar com a ajuda de
conciliadores ou mediadores. Se a autocomposição envolver apenas parte do
objeto do processo, a homologação se dará por decisão interlocutória, contra a
qual será cabível o agravo de instrumento; caso envolva todo o objeto, haverá
extinção da fase cognitiva, com julgamento do mérito.

O § 2º do art. 515, CPC/2015, prevê ampliação objetiva e subjetiva na


autocomposição, ou seja, o acordo pode se estender a outras questões jurídicas
havidas entre as partes,[3] ultrapassando os limites originários da demanda,
bem como a sujeitos que não tenham participado do processo. Exemplos. O
taxista Moisés adquiriu dois veículos para integrar a sua frota. Depois de
muitas idas e vindas à concessionária, pleiteou em juízo a substituição do
veículo defeituoso. No acordo judicial, as partes acharam por bem incluir a
substituição do motor do outro veículo, embora ainda não houvesse
apresentado defeito (ampliação objetiva). O locador ingressou em juízo contra
o fiador “A”, exigindo dele os reparos no imóvel locado. Ao acordo judicial
compareceu também o fiador “B”, que assumiu a metade dos valores
referentes aos reparos. No caso de ampliação subjetiva, obviamente o sujeito
até então estranho à relação processual se submeterá aos termos do acordo por
ele subscrito e da sentença homologatória, passando a integrar a relação
processual para todos os efeitos. Isso quer dizer que o terceiro (agora parte)
também poderá, se for o caso, pleitear a anulação da decisão judicial (art. 966,
§ 4º, CPC/2015), vez que fará coisa julgada entre todos aqueles que
participaram da autocomposição.

Quanto ao inciso III do art. 515, CPC/2015 (decisão homologatória de


autocomposição extrajudicial de qualquer natureza), não há necessidade de
prévia controvérsia judicial. As partes levam à homologação o acordo firmado
fora do juízo, cabendo ao magistrado aferir apenas a ilicitude do objeto e os
seus aspectos formais.

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